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EFEITO DO SISTEMA DE EXAUSTÃO NA QUALIDADE DO MILHO ARMAZENADO EM SILOS METÁLICOS

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EFEITO DO SISTEMA DE EXAUSTÃO NA QUALIDADE DO MILHO ARMAZENADO EM SILOS METÁLICOS

Renan Ullmann 1*; Osvaldo Resende 1, Tarcísio Honório Chaves 1; Kelly Aparecida de Sousa1 RESUMO: Objetivou-se no presente trabalho avaliar o efeito do sistema de exaustão natural na qualidade do milho armazenado em silos metálicos. O experimento foi realizado em dois silos metálicos com sistema de termometria semelhantes, com e sem o sistema de exaustão de ar Cycloar, onde os grãos de milho ficaram armazenados por um período de 60 dias. O siste-ma de termometria, que apresenta 61 sensores em cada silo, foi utilizado para registrar as temperaturas da massa de grãos. O manejo do sistema de aeração nos silos foi realizado, base-ando-se na temperatura média da massa de grãos superior a 30 °C. Os parâmetros ambientais foram registrados por meio de um sensor termo-higrômetro digital. Para a caracterização da qualidade do produto durante o armazenamento, foram retiradas amostras a cada 15 dias e mensuradas o teor de água, massa específica aparente, condutividade elétrica, porcentagem de germinação e grau de infestação por insetos. O silo com o sistema de exaustão proporcionou uma redução de 59,56% no acionamento do sistema de aeração, acarretando economia de e-nergia, bem como redução de 2 ºC na temperatura média da massa de grãos. Os silos mantive-ram ao longo do armazenamento a qualidade dos grãos de milho.

Palavras-chave: Zea mays L., exaustores, armazenamento.

EVALUATION OF THE SYSTEM OF NATURAL EXIT IN METALLIC SILOS STORED WITH CORN

ABSTRACT: We aimed in the present work to evaluate the effect of the system of natural exit in metallic silos stored with corn. The experiment was accomplished in two silos with system of same thermometer, with and without the system of exit of air Cycloar where the corn grains were stored by a period of 60 days. The thermometer system, that had 61 ther-mometers in each silo, was used to register the temperatures of the mass of grains. The han-dling of the aeration system in the silos was accomplished basing on the medium temperature of the mass of grains superior to 30 °C. The environmental parameters were registered through a digital term-hygrometer. For the characterization of the quality of the product dur-ing the storage, samples were removed every 15 days and measured the moisture content, bulk density, electric conductivity, germination and infestation degree of insects. The silo with the exit system provided a reduction of 59.56% in the operation of the aeration system, carting in economy of energy, as well as in a reduction of 2 ºC in the medium temperature of the mass of grains. The silos maintained the quality of the corn grains along the storage. Keywords: Zea mays L., chimney fan, storage.

____________________________________________________________________________________________________ 1

Pós-colheita. Instituto Federal Goiano – Câmpus Rio Verde. Rodovia Sul Goiana, km 01, Zona Rural, Caixa Postal 66, Rio Verde (GO). CEP 75.901-970. *Autor para correspondência: E-mail: renanullmann@hotmail.com

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R. Ullmann et al. 103

INTRODUÇÃO

Durante o armazenamento, alterações climáticas, contribuem na formação de gradi-entes de temperatura em uma massa de grãos. Temperaturas diferentes nos ambientes inter-no e exterinter-no de um silo provocam correntes de ar na massa de grãos, que podem induzir a migração de umidade das áreas de altas tem-peraturas para as de baixas temtem-peraturas. A migração de umidade pode potencializar o desenvolvimento de insetos, fungos e bacté-rias e iniciar a deterioração do produto (BROOKER et al., 1992; GONG et al., 1995).

A técnica mais empregada para dimi-nuir gradientes de temperatura na massa de grãos e, consequentemente, minimizar a mi-gração de umidade, é a aeração (SAUER, 1992; JAYAS et al., 1995). Este processo, além de inibir o desenvolvimento de insetos e da microflora, preserva a qualidade do produ-to e pode até remover odores (NAVARRO& CALDERON, 1982; HAGSTRUM et al., 1999; SILVA et al., 2000).

De acordo com Casada et al. (2002), o desenvolvimento de estratégias de controle confiáveis e a utilização de equipamentos mais apropriados no monitoramento dos grãos armazenados tornam a implantação de sistemas de aeração mais acessível aos produ-tores e mais eficaz, principalmente, em regi-ões tropicais e subtropicais.

A variação de temperatura do ar exis-tente nos silos, entre a massa de grãos e a cobertura geralmente metálica, elevada du-rante o dia e fria à noite, pode levar o vapor d’água existente em suspensão no ar, a se condensar à noite e gotejar sobre os grãos na superfície dos silos. Esse fenômeno pode acontecer com frequência, causando grande prejuízo à qualidade dos grãos e ainda, perdas financeiras para os produtores e armazenado-res.

Dessa maneira, é importante salientar que o manejo pós-colheita inadequado pode ocasionar rápida deterioração do produto, gerando grandes perdas do ponto de vista nutricional e redução do valor comercial

(MAGAN & ALDRED, 2007; RADUNZ et al., 2006; REED et al., 2007).

O movimento de umidade em massas de grãos armazenados pode ocorrer por difu-são, devido à entrada de água por meio das aberturas do silo, trocas entre o vapor d’água do ar ambiente e a superfície da massa de grãos, difusão da umidade devido a gradien-tes de vapor no ambiente, deslocamento de umidade devido as correntes convectivas e/ou por causa de condensação de água dentro do silo (ANDRADE, 2001).

Com a instalação de sistemas de e-xaustão na cobertura de silos verticais, em quantidades proporcionais às características do ambiente, renova-se o ar interno entre o telhado e a massa de grãos, o qual está quente e saturado, equilibrando a temperatura interna com a externa e eliminando, desse ambiente, o fenômeno físico da condensação. A aplica-ção desse sistema também proporciona outros benefícios ao produto armazenado, como a aeração permanente (natural), extraindo além do calor da massa de grãos, elementos como pó, gases e a umidade do ar presentes no am-biente de armazenamento. Também evita a deterioração e a germinação indesejada, ini-bindo a proliferação de pragas e insetos e aumentando a eficiência de inseticidas e fun-gicidas. Também impede a compactação da camada superior dos grãos, mantendo a uni-formidade da temperatura da massa e facili-tando a passagem do ar da aeração forçada. Economiza até 50% da energia elétrica por gerar uma equalização de temperaturas na massa de grãos, reduzindo a aeração e, con-sequentemente, a perda de massa (MALLET, 2010).

Diante o exposto, objetivou-se no pre-sente trabalho avaliar o sistema de exaustão natural Cycloar em silos metálicos armaze-nados com milho, bem como avaliar a quali-dade do produto durante dois meses de arma-zenagem.

METODOLOGIA

Este trabalho foi desenvolvido na U-nidade Armazenadora da Soagro e no

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Institu-Efeito do sistema... 104

to Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano (IFGoiano - Câmpus Rio Verde), localizados no município de Rio Verde-GO, durante a safrinha de 2012.

Foram utilizados silos com capacida-de estática capacida-de 7.200 toneladas capacida-de grãos capacida-de milho, que possuem 22m de altura por 22 m de diâmetro, com fundo plano assistido por sistema de aeração composto por ventilador centrífugo de pás curvadas para frente impul-sionado por motor trifásico de 50 cv (380 kW), e diafragma para controle da entrada do ar próximo ao ventilador. O fluxo de ar é de 0,10 m3 min-1 t-1, obtido por meio da medição da vazão de ar na saída do ventilador, utili-zando-se um termoanemômetro de pás rotati-vas.

O experimento foi realizado em dois silos com sistema de termometria iguais, com

e sem o sistema de exaustão de ar, Cycloar (Figuras1 e 2), onde os grãos de milho fica-ram armazenados por um período de 60 dias entre os meses de agosto e setembro de 2012.

Os silos foram preenchidos durante os meses de junho e julho, sendo que o monito-ramento dos mesmos iniciou-se uma semana após o total preenchimento de cada silo.

O silo com sistema de exaustão possui nove exaustores instalados na sua parte supe-rior (Figura 2). Os exaustores são construídos por dois cilindros justapostos entre si, com diâmetros e alturas diferentes com venezianas invertidas, proporcionando a aeração perma-nente (natural), extraindo além do calor da massa de grãos, elementos como pó, gases e a umidade do ar presentes no ambiente de ar-mazenamento.

Figura 1. Exaustor de ar natural Cycloar de aeração intensificada (CYCLOAR, 2012).

Figura 2. Silos com e sem o sistema de exaustão natural Cycloar, da Unidade Armazenadora da Soagro, município de Rio Verde-GO (Arquivo pessoal, 2012).

Na Figura 3, está apresentado o con-trolador do sistema de aeração que foi

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utili-R. Ullmann et al. 105

zado nos silos. Este equipamento tem como objetivo pré-determinar e registrar as tempe-raturas e a umidade relativa do ar injetado na massa de grãos, objetivando o resfriamento e, consequentemente, a conservação e manuten-ção da temperatura na massa de grãos arma-zenada. As temperaturas dos cabos termomé-tricos na massa de grãos também foram ar-mazenadas pelo controlador.

Este sistema foi interligado a um mi-crocomputador em que o processo passa a ser

gerenciado e visualizado por meio de telas de programação e sinóticos animados (Figura 4), por onde o operador tem em tempo real a posição de cada aerador, a temperatura e u-midade relativa ambiente, a indicação de chuva e defeitos elétricos no painel e na rede elétrica, possibilitando o armazenamento de todos estes dados em períodos pré-determinados.

Figura 3. Controlador e Painel de controle do sistema de aeração dos silos.

Figura 4. Telas de programação no computador. O sistema de termometria, presente nos silos, foi utilizado para registrar as tem-peraturas da massa de grãos. Este sistema de monitoramento das temperaturas da massa de grãos é informatizado, com informações transmitidas dos silos para um computador

portátil por cabo USB. As temperaturas fo-ram monitoradas nos silos por meio de senso-res pendulasenso-res, sendo 61 sensosenso-res em cada silo, dispostos em seis cabos posicionados na massa de grãos, com uma distância de três metros horizontalmente entre si. Nos cabos,

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Efeito do sistema... 106

os sensores estão posicionados a cada dois metros verticalmente. Os parâmetros ambien-tais (temperatura e umidade relativa) foram registrados por meio de um sensor termo-higrômetro digital integrado com precisão de 3%. A aquisição de dados foi realizada a cada dia e os dados armazenados em um computa-dor portátil.

O manejo do sistema de aeração nos silos com e sem os exaustores foi realizado, baseando-se na temperatura média da massa de grãos. Quando a temperatura média foi superior a 30 °C os ventiladores do sistema de aeração eram ligados.

Para o cálculo do consumo de energia elétrica do sistema de aeração em quilowatts por hora (kWh-1), tem-se a equação.

kWh (c)= kWh* HA (1)

em que,

KWh (consumido): quilowatts de energia elétrica consumido;

kWh: potência em quilowatts; HA: horas aeradas.

Na obtenção do custo (R$) do consu-mo de energia elétrica (kWh) em quilowatts por hora do sistema de aeração, tem-se a e-quação:

R$= kWh*C (2)

em que,

R$: valor monetário em reais; KWh: potência em quilowatts; C: valor monetário de um quilowatt.

Para a caracterização da qualidade do produto durante o armazenamento, foram retiradas amostras a cada 15 dias na parte superior do silo na profundidade de 1,0 m, em 4 pontos diferentes da superfície.

O produto foi classificado quanto ao: teor de água, massa específica aparente, con-dutividade elétrica, porcentagem de germina-ção e grau de infestagermina-ção por insetos.

Para determinar o teor de água foi utilizado o método da estufa a 103 ± 3°C du-rante 72 horas, com três repetições (ASAE,2000).

A massa específica aparente, expressa em kg m-3, foi determinada por meio de uma

balança de peso hectolitro, com volume de um litro.

A condutividade elétrica (CE) da so-lução, contendo os grãos de milho foi reali-zada, utilizando-se o “Sistema de Copo” ou “Condutividade de Massa”, tendo como fina-lidade avaliar a permeabifina-lidade da membra-na, à medida que o grão se deteriora. Os tes-tes foram realizados em quatro repetições, com 50 grãos para cada tratamento, ao longo do experimento. Os grãos foram pesados em balança com resolução de 0,01 grama e colo-cados em copos de plástico de 200 mL, aos quais foram adicionados 75 mL de água dei-onizada. Em seguida, os copos foram coloca-dos em uma câmara climática do tipo B.O.D., em temperatura de 25 °C, durante 24 horas. Imediatamente após este período, os copos foram retirados da câmara para medições da condutividade elétrica da solução que contém os grãos. O valor da condutividade elétrica (μS cm-1

) fornecido pelo aparelho foi dividi-do pela massa dividi-dos grãos (g), obtendividi-do-se valor expresso em μS cm-1

g-1 (VIEIRA& KRZYZANOWSKI, 1999).

A germinação foi obtida de acordo com as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). O teste é conduzido com quatro repetições de 50 grãos, em rolos de papel toalha tipo “Germitest”, em germinador tipo “Mangelsdorf” regulado para manter a temperatura constante de 25  2 ºC. O subs-trato foi umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes a massa do substrato seco. As interpretações foram efetuadas no 4° e no 7° dia após a semeadura, computando-se a porcentagem média de germinação.

O grau de infestação de insetos do produto foi determinado segundo a metodologia descrita nas Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009). Foram utilizadas duas repetições, contendo cada uma, 100 grãos. Para facilitar o corte, os grãos de milho foram imersos em água durante um período de 12 horas. O milho foi considerado infestado, quando apresentou no seu interior qualquer uma das fases do inseto-praga: ovo, larva, pupa e inseto adulto, e também pela presença do orifício de saída do inseto. O resultado foi expresso em porcentagem de

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grãos infestados.

O experimento foi montado segundo o esquema em parcela subdividida 2 x 5, tendo nas parcelas as condições de armazenamento, com e sem os exaustores, e nas subparcelas o tempo de armazenamento (0, 15, 30, 45, 60 dias), com três repetições,em delineamento inteiramente casualizado.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao longo do período de 60 dias, os dois silos, contendo os grãos de milho foram monitorados quanto ao sistema de termome-tria, aeração e qualidade do produto.

Na Figura5A, estão apresentadas as médias das temperaturas registradas nos seis cabos instalados em cada silo e a na Figura 5B, estão apresentados os dados registrados para temperatura e umidade relativa ambiente entre os dias 1º de agosto e 30 de setembro de 2012, pelo sensor instalado na área externa aos silos. A Dias de armazenamento 0 15 30 45 60 T em pe ra tu ra ( ºC ) 16 17 18 19 20 21 22 23 24

Silo sem exaustão natural Cycloar Silo com exaustão natural Cycloar

B Dias de monitoramento 0 15 30 45 60 T em pe ra tura ºC / Um ida de R el at iva % 0 20 40 60 80 100 Temperatura ºC Umidade Relativa %

Figura 5. (A) Temperaturas médias dos sensores de termometria; (B) média da temperatura e umidade relativa do ar ambiente durante 60 dias de armazenamento em silos com e sem e-xaustor.

Verifica-se que as médias das tempe-raturas dos sensores ao longo do armazena-mento no silo sem exaustores foram de 20,35 °C e no silo com exaustores 18,35 °C. Já a média da temperatura ambiente foi de 25,54°C. Assim, ao longo do armazenamento, o silo com sistema de exaustão manteve a temperatura média da massa de grãos 2 °C menor que no silo sem o sistema de exaustão, o que indica melhor conservação e, conse-quentemente, menor condensação de água no período noturno sob a massa de grãos de mi-lho.Ainda, nota-se a melhor homogeneização da temperatura dos grãos durante o período de armazenagem no silo com os exaustores.

Essa redução da temperatura da massa de grãos deve-se ao princípio de funciona-mento do sistema de exaustão que promove,

constantemente, a retirada do ar com tempe-ratura mais elevada do interior do silo pelo processo de convecção natural, e também com auxílio do sistema de aeração para o resfriamento da massa de grãos que é aciona-do automaticamente quanaciona-do necessário.

Nota-se que durante o período em que houve maior temperatura e umidade relativa do ambiente, os grãos também apresentaram temperaturas mais elevadas.

Segundo Kwiatkowski Junior (2011), as variações diárias na temperatura ambiente afetam a temperatura dos grãos localizados a até 15 cm das paredes do silo.

Observa-se na Figura 6A que durante os 60 dias de armazenamento, houve uma redução do acionamento da aeração no silo com os exaustores, sendo de 183,19 horas,

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enquanto no silo sem os exaustores a aeração foi acionada 453,03 horas, resultando em um funcionamento 2,47 vezes menor no silo com o sistema de exaustão. Desta forma, houve uma redução em 59,56% no acionamento do sistema de aeração no silo com os exaustores.

Este fato demonstra a eficiência do sistema de exaustão na redução do tempo de aeração para o produto armazenado. Na Figura 6B, estão apresentados os valores comparativos do consumo energético do sistema de aeração nos silos com e sem o sistema de exaustão. A Dias de armazenamento 0 15 30 45 60 Te m po de si st em a de a era çã o l iga do (h) 0 100 200 300 400 500 y= -2,7823x2 -0,0641x- 7,1089 R2= 97,91% y= -13,3603x2 -0,2855x- 4,6178 R2= 99,27% Silo sem exaustão natural Cycloar

Silo com exaustão natural Cycloar

B Dias de armazenamento 0 15 30 45 60 C onsum o de e ne rgi a e lé tri ca (KWh) -4000 -2000 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000

Silo sem exaustão natural Cycloar Silo com exaustão natural Cycloar

y= -13,3603x2 -0,2855x- 4,6178 R2= 99,27% y= -13,3603x2 -0,2855x- 4,6178

R2= 99,27%

Figura 6. (A) Acionamento acumulado do sistema de aeração (horas), monitorado quinzenalmente;

(B) Consumo acumulado de energia elétrica (KWh) nos silos com e sem sistema de exaustão com ar natural Cycloar na Unidade Armazenadora da Soagro, município de Rio Verde-GO.

O princípio de funcionamento dos e-xautores não requer a utilização de energia elétrica. Assim, na Figura 6B, nota-se que esse fator contribuiu para a redução do con-sumo acumulado de energia elétrica no sis-tema de aeração no silo com os exaustores. Considerando o valor do kWh em R$

0,17562 durante o período de armazenamen-to, a economia gerada foi de R$1.873,11.

Na Figura 7, estão apresentados os va-lores médios dos teores de água dos grãos de milho armazenados com e sem sistema de exaustão com ar natural Cycloar.

Figura7. Teores de água para os grãos de milho armazenado sem silos com e sem o sistema de exaustão. Dias de armazenamento 0 15 30 45 60 T eo r d e á gu a ( % b .u .) 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Silo sem exaustão natural Cycloar Silo com exaustão natural Cycloar

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Observa-se que os valores de teor de água dos grãos de milho armazenados no silo sem exaustores foram relativamente menores quanto ao silo com os exaustores, esse fato pode ser devido aos lotes armazenados serem diferentes e o maior tempo de acionamento da aeração no silo sem exaustor o que pode proporcionar a secagem dos grãos.

As condições de temperatura, umida-de relativa ambiental e o teor umida-de água inicial do produto quando associados, são fatores que caracterizam o micro clima do ambiente de armazenamento e podem ser determinan-tes na conservação da qualidade dos grãos pelos processos de ganho ou perda de água, uma vez que os grãos de milhos são materiais higroscópicos.

Esse comportamento foi observado por Corrêa et al. (1998), Palacin et al. (2006) e Rigo et al. (2012) trabalhando com milho de pipoca, milho em espiga e grãos de milho,

respectivamente. Os produtos agrícolas pos-suem a propriedade de realizar trocas de água sob a forma de vapor, com o ambiente que os envolve (BROOKER et al., 1992).

Menores teores de água nos grãos possibilitam uma melhor manutenção da qua-lidade do produto, entretanto, reduzem a massa do produto e, consequentemente, ocor-re ocor-redução na quantidade comercializada. O teor de água dos grãos e a temperatura do ar no ambiente de armazenamento podem de-terminar a intensidade de danos por fungos e insetos. Particularmente, sob condições de elevadas umidades relativas, temperatura do ar e alto teor de água, a deterioração ocorre mais rapidamente (RUPOLLO et al., 2006).

Na Figura 8, estão apresentados os re-sultados de massa específica aparente dos grãos de milho armazenados em silos com e sem exaustores. Dias de armazenamento 0 15 30 45 60 M as sa e sp ec íf ic a a pa re nte ( K m m -3 ) 760 770 780 790 800 810 820 830 840 850 860

Silo sem exaustão natural Cycloar Silo com exaustão natural Cycloar

Figura 8. Massa específica aparente dos grãos de milho armazenados em silos com e sem o sistema de exaustão.

Observse que a massa específica a-parente dos grãos de milho oscilou ao longo do armazenamento. No primeiro mês, a mas-sa específica aparente no silo sem os exausto-res foi superior ao silo com o sistema de e-xaustão. Após esse período, houve uma in-versão nos valores, sendo a massa específica aparente maior no silo com os exaustores. Ressalta-se que o teor de água e a respiração

dos grãos interferem nos valores da massa específica aparente dos grãos.

Na Figura 9, estão representados os valores da condutividade elétrica da solução dos grãos de milho durante o armazenamento. Verifica-se que os valores médios foram crescentes para a condutividade elétrica para ambos os silos, destacando grãos armazena-dos no silo sem sistema de exaustão. O teste

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Efeito do sistema... 110

consiste em analisar o grau de integridade das membranas celulares considerando-se que, quando imersas em água, sementes de menor

vigor liberam maior quantidade de eletrólitos (TORRES et al., 2009).

Período de armazenamento (dias)

0 15 30 45 60 C ondut iv idade el ét rica ( µS cm -1 g -1) 500 600 700 800 900

1000 Silo com sistema de exaustores Silo sem exaustores

Figura 9. Condutividade elétrica da solução dos grãos de milho armazenados em silos com e sem sistema de exaustão na Unidade Armazenadora da Soagro, município de Rio Verde-GO.

Nota-se na Figura 10, que a porcenta-gem de germinação sofreu redução significa-tiva durante o armazenamento para grãos de milho armazenados no silo com sistema de exaustão de ar. A qualidade fisiológica inicial do produto nesse tratamento em comparação aos grãos do silo sem sistema de exaustão era inferior, além do maior teor de água para o ambiente em questão como pode ser observa-do na Figura 7.

Lin (1988) verificou correlação entre o acrés-cimo da lixiviação eletrolítica com a perda do vigor e da germinação em sementes de milho submetidas a armazenamento sob condições de 25 °C e 79% de umidade relativa, durante o período de 92 dias. Esses dados corroboram com os resultados encontrados, nos quais a porcentagem de germinação teve um decrés-cimo assim que se aumentou a condutividade elétrica.

Período de armazenamento (dias)

0 15 30 45 60 Porc entagem de Germ inaç ão 86 88 90 92 94 96 98 100

Silo sem exaustores

Silo com sistema de exaustores Cycloar

Figura 10. Porcentagem de germinação (%) dos grãos de milho armazenados em silos com e sem sistema de exaustão na Unidade Armazenadora da Soagro, município de Rio Verde-GO. y = -0,1252x2 + 13,445x + 559,98 R² = 0,8644 y = -0,0031x2 + 0,0875x + 93,85 R² = 0,9761 y = -0,0008x2 + 0,0311x + 98,786 R² = 0,956 y = 0,0323x2 + 1,5936x + 556,73 R² = 0,9922

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Na Figura 11, estão apresentados os valores quanto ao grau de infestação de

inse-tos em grãos de milho armazenados em silos com e sem sistema de exaustão.

Período de armazenamento (dias)

0 15 30 45 60 Gr au de inf es tação -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0

Silo sem exautores

Silo com sistema de exaustores

Figura 11. Grau de infestação (%) por insetos em grãos de milho armazenados em silos com e sem sistema de exaustão na Unidade Armazenadora da Soagro, município de Rio Verde- GO.

Verifica-se que houve um aumento da incidência de insetos a partir dos 30 dias de armazenamento para os dois silos testados, sendo encontrados apenas orifícios nas se-mentes, apresentado valores aos 60 dias de armazenamento de 1,5% de infestação. Esses valores classificam o produto como do Tipo I, conforme a normativa de classificação de grãos.

CONCLUSÕES

O silo com o sistema de exaustão na-tural proporcionou uma redução de 59,56% no acionamento do sistema de aeração, acar-retando em economia de energia.

Com o sistema de exaustão houve uma redução de 2 ºC na temperatura média da massa de grãos.

Os silos mantiveram ao longo dos dois meses de armazenamento a qualidade dos grãos de milho, apresentando baixa dimi-nuição da porcentagem de germinação ao longo do tempo em comparação com a inici-al.

REFERÊNCIAS

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BROOKER, D.B.; BAKKER-ARKEMA, F.W.; HALL, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York: van Nostrand Reinhold, 1992, 450 p.

y = -0,0002x2 + 0,0377x - 0,1393 R² = 0,8678

y = -0,0005x2 + 0,0486x - 0,1143 R² = 0,9027

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