• Nenhum resultado encontrado

Catarata e direção veicular: avaliação de condutores que aguardam cirurgia de catarata

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Catarata e direção veicular: avaliação de condutores que aguardam cirurgia de catarata"

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

26

Catarata e direção veicular: avaliação de

condutores que aguardam cirurgia de catarata

Cataract and vehicle driving: assessment of drivers who are waiting for

cataract surgery

leanDro henrique malta e Cunha1 FernanDa moreira De abreu e Silva2 ProF. Dr. Guilherme DurãeS rabelo3 ProF. Dra. Fabiana Caetano martinS Silva4

Resumo

Objetivo: avaliar os condutores de veículos

auto-motores que aguardam cirurgia de catarata e verificar suas condições em exercer a atividade de motorista de acordo com a legislação vigente. Métodos: avaliação

oftalmológica da população diagnosticadas com ca-tarata que compareceu à Fundação Hilton Rocha em Belo Horizonte/Minas Gerais entre outubro de 2011 e abril de 2012. Resultados e discussão: a

amos-tra foi composta por 36 indivíduos, sendo 35 do sexo masculino e um do sexo feminino, com idade entre 56 e 76 anos. A acuidade visual no melhor olho variou de 0,80 a 0,33 com média de 0,49, sendo que 33,4% dos avaliados apresentaram AV CC no melhor olho piores que 20/40. Segundo a legislação vigente, 75% dos indivíduos participantes da pesquisa não estariam aptos a conduzir veículos de acordo com a sua cate-goria de habilitação. Os portadores de catarata com CNH vencidas apresentaram em média 12,25 meses aguardando cirurgia. Conclusões: a catarata

cons-titui importante fator de impacto na função visual de condutores acima de 60 anos e na população como um todo. Com o aumento da expectativa de vida, o número de motoristas em condições inaptas pra essa função se torna crescente, elevando, também, o risco de acidentes de trânsito. O presente estudo identificou grande parcela de indivíduos portadores de catarata e em condições desfavoráveis à condução de automo-tores. Revelou, ainda, a demora e as dificuldades em acesso ao procedimento cirúrgico por esta população.

Palavras-chave:

Acuidade visual; Catarata; Prevalência; Acidentes de trânsito.

1 Residente em Oftalmologia da Fundação Hilton Rocha, Pós-Graduando em Medicina do Tráfego da Faculdade de Ciências

Médicas de Minas Gerais.

2 Residente em Oftalmologia da Fundação Hilton Rocha, Pós-Graduando em Medicina do Tráfego da Faculdade de Ciências

Médicas de Minas Gerais.

3 Especialista em Medicina de Tráfego, Conselheiro da Associação Mineira de Medicina do Tráfego, Coordenador da

Pós-Graduação Latu Sensu em Medicina do Tráfego da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.

4 Doutora em Ciências da Reabilitação, Professora da Pós-Graduação Latu Sensu em Medicina do Tráfego da Faculdade de

Ciências Médicas de Minas Gerais.

Abstract

Objective: evaluate the drivers of motorized

vehicles that are waiting for cataract surgery and check their conditions in activity of driver in accor-dance with current legislation. Methods: survey

data on the population that came to the Fundação Hilton Rocha to ophthalmologic evaluation and who were diagnosed with cataract. Data were collected between October 2011 and April 2012. Results and discussion: the sample was composed of 36

individuals, 35 male and 1 female, aged between 56 and 76 years. The visual acuity in the best eye ranged from 0.80 to 0.33 with an average of 0.49 , and 33.4 % of evaluated showed AV CC in the best eye worse than 20/40. Under current law, 75% of individuals participating in research would not able to drive vehicles according to their category. The cataract patients with CNH arrear presented on average 12.25 months awaiting surgery. Conclu-sions: the cataract is important impact factor in

visual function for drivers over 60 years and in the population as a whole. With the increase of life ex-pectancy, the number of drivers in conditions unfit for this function becomes growing, raising, also, the risk of traffic accidents. This study identified large portion of individuals suffering from cataract and in adverse conditions to driving self-propelled. Also revealed the delay and difficulties in access to the surgical procedure for this population.

Keywords:

Visual acuity; Cataract; Prevalen-ce; Accidents, traffic.

(2)

1 Introdução

Catarata é um distúrbio ocular causado pela opacificação do cristalino, independentemente do seu efeito sobre a visão1. É a principal causa de

cegueira tratável nos países em desenvolvimento, sendo responsável por 50% dos casos de baixa visual em indivíduos acima de 60 anos de idade e por quase 100% dos casos em indivíduos acima de 80 anos1,2. Segundo a Organização Mundial de

Saúde (OMS), existem 161 milhões de deficientes visuais no mundo e a catarata é responsável por 47,8% de todos os casos3,4.

Apesar de potencialmente reversível a par-tir de procedimento cirúrgico, cerca de 40% dos pacientes que necessitam de cirurgia de catarata no Brasil não estão sendo operados5,6. A OMS

re-comenda uma taxa de 3000 cirurgias por ano por milhão de habitantes e, mesmo com a realização de campanhas e mutirões para cirurgias, estima--se que a cobertura cirúrgica de catarata seja de 61%7. As dificuldades encontradas para acesso ao

sistema de saúde, aliadas ao medo e insegurança dos portadores de catarata, dificultam a realização da cirurgia e tornam esta morbidade um problema de saúde pública e sendo necessários programas de prevenção e assistência à educação em saúde para controle da doença8,9.

A catarata pode ser classificada em congênita ou adquirida e, de acordo com sua localização, é mais frequentemente subdividida em: cortical, nu-clear e subcapsular. Como fatores de risco para o desenvolvimento desta doença pode-se citar: tabagismo, medicamentos (esteróides), doenças metabólicas (diabetes mellitus, galactosemia, hipo-calcemia, hipotireoidismo, nefropatias), trauma, ra-diação ultravioleta, doenças oculares (alta miopia, uveíte), cirurgias oculares prévias, infecções neo-natais e fatores nutricionais9. O desenvolvimento

de dificuldades visuais provocados pela catarata tende a interferir nas relações do indivíduo com o ambiente externo, dando origem a dificuldades psíquicas, sociais e econômicas10. Estas

dificulda-consequentemente, ao desenvolvimento de restri-ções ocupacionais, com perda da força de trabalho e diminuição da renda familiar11,12.

Em relação à sua progressão, inicialmente não há uma diminuição significativa da visão. Entretan-to, em estágios mais avançados, apenas a cirurgia poderá propiciar ao paciente, condutor de um ve-ículo automotor, os índices mínimos necessários para renovação da sua carteira de habilitação. Além da diminuição da acuidade visual, a opacificação cristaliniana pode levar à diminuição da sensibili-dade ao contraste e redução do campo visual dos indivíduos acometidos. Estas alterações resultam em aumento do risco de acidentes mesmo quan-do presentes em apenas um olho. Estuquan-dos apon-tam que motoristas portadores de catarata têm risco aumentado de 2,5 vezes de se envolverem em acidentes de trânsito quando comparados com motoristas sem catarata13. Em acréscimo,

dificul-dades para dirigir à noite ou ao entardecer, de es-timar distâncias e de recuperação ao ofuscamento decrescem de 82% no pré-operatório para 5% no pós-operatório nos pacientes que se submetem a cirurgia de catarata13.

A resolução 267/08 do Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN) estabelece os índices mínimos exigidos de acuidade visual (AV) para motoristas e candidatos a condutores de veículos automotores de acordo com a categoria da car-teira nacional de habilitação (CNH) pretendida14.

Para as categorias ACC, A e B é exigida acuida-de visual maior ou igual a 20/40 (0,50) em cada olho ou maior ou igual a 20/30 (0,66) em um dos olhos com pelo menos percepção luminosa (PL) no outro. Para as categorias C, D e E exige-se acuidade maior ou igual a 20/30 (0,66) em cada olho ou maior ou igual a 20/30 em um olho e maior ou igual a 20/40 no outro com visão binocular de 20/25 (0,80). Para os candidatos sem percepção luminosa (SPL) em um dos olhos, para as cate-gorias ACC, A e B exige-se acuidade visual maior ou igual a 20/30 em um olho. Assim, para cada

(3)

||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

28

participar da entrevista. Para caracterização da amostra e avaliação oftalmológica foram coleta-das as variáveis sexo; idade; dados referentes à CNH como categoria, validade e expedição; acuidade visual de ambos os olhos; tipo de cata-rata; modo pelo qual foi diagnosticada a comor-bidade (exame de rotina, campanhas, renovação da CNH) e impressões individuais através de um questionário desenvolvido especificamente para este estudo.

A análise descritiva, com o objetivo de caracte-rizar a amostra, foi empregada com apresentação de medidas de tendência central, medidas de va-riabilidade e percentuais. Em todos os testes esta-tísticos foi ponderado um nível de significância de 5% utilizando o programa SPSS.

3 Resultados

A amostra foi composta por 36 indivídu-os, sendo 35 (97,2%) do sexo masculino e um (2,8%) do sexo feminino, com idade variando en-tre 56 e 76 anos (70,75 ± 6,68 anos) (Tabela 1). Em relação ao tipo de catarata, foi observado que 18 indivíduos (50%) eram portadores do tipo nuclear e 18 indivíduos (50%) portadores do tipo subcapsular. A amostra foi composta por 24 pa-cientes com CNH tipo B (66,7%), três com CNH tipo C (8,3%), seis com CNH tipo D (16,7%) e três com CNH tipo E (8,3%) (Tabela 2). Os meios pelos quais foram realizados os diagnósticos de catarata entre os participantes foram 75% pelo exame oftalmológico de rotina e 25% pela repro-vação no momento da renorepro-vação da CNH devido à redução da AV.

Tabela 1: Idade dos condutores portadores de cata-rata com indicação cirúrgica atendidos na Fundação Hilton Rocha entre outubro de 2011 e abril de 2012. Belo Horizonte, MG.

situação apresentada, há uma exigência quanto à capacidade do candidato de campo visual, visão cromática, noturna e ofuscamento. Desta forma, pacientes portadores de catarata que apresenta-rem erros de refração, com acuidade visual inferior aos limites exigidos para a categoria pretendida, deverão ser considerados inaptos temporários e apenas irão retornar após correção visual, não havendo tempo previsto e determinado para esse retorno14. A resolução do CONTRAN n° 007/98

regulamenta exames médicos para a renovação da CNH de 5 em 5 anos até os 65 anos de ida-de. A partir desta idade, os exames são exigidos a cada 3 anos e o médico perito deve ser capaz de discernir sobre a capacidade do idoso em condu-zir um veículo automotor com segurança14.

Neste contexto, o objetivo deste estudo foi avaliar oftalmologicamente os condutores de veículos automotores que aguardam cirurgia de catarata e verificar suas condições em exercer a atividade de motorista de acordo com a legisla-ção vigente.

2 Metodologia

Trata-se de um estudo observacional de corte transversal, no qual foi realizada avaliação oftal-mológica da população diagnosticadas com ca-tarata que compareceu à Fundação Hilton Rocha em Belo Horizonte/MG. Os dados foram coleta-dos entre outubro de 2011 e abril de 2012 a partir de pacientes atendidos no ambulatório ou enca-minhados para realização de cirurgia de catarata. Todos os participantes foram informados sobre os objetivos e procedimentos de coleta de dados, e aqueles que aceitarem participar voluntariamente do estudo assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

A seleção da amostra seguiu os seguintes cri-térios: indivíduos de ambos os sexos, portadores de baixa acuidade visual devido a catarata senil, portadores de CNH de qualquer categoria e que aceitassem voluntariamente ser examinados e revista aBraMet Volume 29, nº1, 2012

(4)

víduos; 75%), 18 (66,66%) estavam com suas car-teiras válidas e poderiam circular normalmente por 1 a 3 anos, com uma média de 1,5 anos (DP = 0,79). Apenas nove participantes (33,33%) estavam com suas carteiras vencidas. Os portadores de catarata com CNH vencidas apresentavam tempo de venci-mento entre 10 e 15 meses, com uma média de 12,3 meses aguardando a cirurgia de catarata (DP = 1,9).

Com relação à direção, 24 (66,7%) pacientes permaneciam dirigindo e 12 (33,3%) estavam afas-tados da condução veicular. Entre os indivíduos que estariam inaptos à condução veicular segundo a avaliação oftalmológica, 18 (75%) permaneciam conduzindo veículos e apenas 6 (25%) estavam afastados da condução. Já entre os participantes com CNH vencidas, 25% permaneciam dirigindo. O Gráfico 1 apresenta a relação entre os pacientes inaptos à direção veicular, mas que permanecem conduzindo veículos em seu cotidiano.

Tabela 2: Tipo de CNH dos condutores portado-res de catarata com indicação cirúrgica atendi-dos na Fundação Hilton Rocha entre outubro de 2011 e abril de 2012. Belo Horizonte, MG.

Tabela 3: Acuidade visual no melhor olho em condutores portadores de catarata com indi-cação cirúrgica atendidos na Fundação Hilton Rocha entre outubro de 2011 e abril de 2012. Belo Horizonte, MG.

Entre os portadores de CNH tipo B, a média de AV no melhor olho foi de 0,45 (DP = 0,11) e 50% apresentaram acuidades visuais piores a 20/40. Os condutores com carteira tipo C apresentaram AV média de 20/40, enquanto que os condutores com carteira tipo D obtiveram uma AV média de 20/30. Já os condutores com CNH tipo E obtive-ram AV média de 20/40 no exame oftalmológico. Segundo a legislação vigente14, 75% dos indivídu-os participantes desta pesquisa não estavam aptindivídu-os a conduzir veículos de acordo com a sua categoria e, apenas 25% estavam aptos à direção veicular no momento da avaliação.

Entre os inaptos para a direção veicular (27

indi-Gráfico 1: Condutores portadores de catarata, a avaliação quanto à aptidão para o ato de dirigir e atual situação em relação à condução de veículos. Fundação Hilton Rocha. Outubro de 2011 a abril de 2012. Belo Horizonte, MG.

Uma importante informação obtida durante a coleta dos dados foi em relação à percepção que estes participantes tinham sobre a sua aptidão ou habilidade em dirigir. Dentre os entrevistados, 50% consideraram estar aptos à condução de veículos e 50% consideraram-se inaptos à direção devido à dificuldade visual ocasionada pela catarata. A acuidade visual no melhor olho variou de 0,80

(20/25) a 0,33 (20/60) com média de 0,49 (20/40) (DP = 0,13) sendo que 33,4% dos avaliados apre-sentaram AV CC no melhor olho piores que 20/40 (Tabelas 3).

(5)

||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||

30

4 Discussão

Segundo dados do Departamento Nacional de trânsito (DENATRAN), o Brasil conta hoje com mais de 12 milhões motoristas acima de 61 anos de idade nas ruas. Não há um limite máximo de ida-de estabelecido por lei para se dirigir, uma vez que é impossível estabelecer as condições que uma pessoa tem, ou não, de dirigir baseando-se apenas em sua idade. É comum encontrar no dia-a-dia um indivíduo de 80 anos com plena aptidão e habilida-de para dirigir. Assim, a habilida-decisão sobre o momento e as condições de parar de dirigir deve ser baseada em um exame médico detalhado, no qual serão ava-liadas as condições físicas e mentais do condutor para identificar a ausência de riscos a outros moto-ristas, pedestres, ciclistas ou a ele próprio. A partir dos 65 anos de idade, há um aumento da prevalên-cia de doenças crônicas e diversas condições de saúde podem interferir na habilidade do idoso em conduzir veículos automotores. Com o passar dos anos, a atenção e o reflexo, caracterizado principal-mente pelo tempo de reação, diminuem e podem representar risco para o trânsito e aumento do nú-mero de acidentes. No entanto, a população ido-sa tende a ser mais calma e prudente no trânsito, fato que corrobora para que a idade avançada não seja fator isolado e determinante no ato de parar de dirigir, e sim, a avaliação geral do estado físico e psicológico de cada indivíduo15.

A catarata possui uma prevalência que se eleva progressivamente a partir dos 60 anos e suas limita-ções visuais representam fatores físicos importantes e potencialmente limitadores para a condução de automotores. Estima-se que 183.259,98 conduto-res com mais de 60 anos sejam e portadoconduto-res de catarata e estejam trafegando pelas ruas. Os riscos potenciais destes condutores para a sociedade e correto funcionamento do sistema de tráfego brasi-leiro foram objetivos do presente trabalho. Na amos-tra em estudo, 75% dos indivíduos não estão aptos à direção veicular de acordo com a acuidade visual

mínima exigida para suas respectivas categorias, e calcula-se que cerca de 137 mil motoristas estejam dirigindo com as mesmas condições15.

A catarata apresenta-se assintomática em seus estágios iniciais e não é possível prever sua veloci-dade de progressão. Formas de diagnóstico preco-ce da catarata, bem como detecção dos motoris-tas com diminuição da acuidade visual em estágios iniciais, devem ser alvo de estudos e preocupação pelas autoridades competentes. Exames oftalmoló-gicos de rotina, testes de sensibilidade ao contras-te, bem como revisão sobre o prazo de validade naqueles com piora gradativa de acuidade visual de acordo com exames anteriores e com o avan-çar da idade, podem servir de auxilio nesta questão que irá, cada vez mais, impactar a sociedade com o progressivo aumento da expectativa de vida. In-formações importantes poderiam ser obtidas caso os médicos peritos dispusessem de dados sobre as acuidades visuais anteriores dos candidatos à renovação da CNH. Mesmo com índices aceitáveis para aprovação em sua categoria, a observação de piora gradativa, constatada à partir da análise de mais de um exame anterior , poderia sugerir a pre-sença de catarata em pessoas idosas e justificar a necessidade de avaliação oftalmológica ou diminui-ção do prazo de validade da CNH.

Outro fator importante a se considerar é que, apesar de tratar-se de uma causa incapacitante passível de tratamento, os indivíduos avaliados e com CNH’s vencidas estavam, em média, 12,5 me-ses aguardando por procedimento cirúrgico. Cabe ao sistema de saúde propiciar meios para que o condutor tenha maior facilidade e acesso ao tra-tamento oftalmológico. A demora na resolução do problema gera perda de mão de obra, limitações de deslocamento do condutor, e mesmo aumento dos níveis de imprudência, conforme foi possível observar entre os resultados deste estudo que indicaram um percentual de 25% dos condutores com CNH’s vencidas e que permaneciam dirigindo. revista aBraMet Volume 29, nº1, 2012

(6)

5 Conclusões

A catarata constitui importante fator de im-pacto na função visual de condutores acima de 60 anos e na população como um todo. Com o aumen-to da expectativa de vida, o número de moaumen-toristas em condições inaptas pra essa função se torna crescente, elevando, também, o risco de acidentes de trânsito. O presente estudo identificou grande parcela de indivíduos portadores de catarata e em condições desfavoráveis à condução de automo-tores. Identificou, também, a dificuldade entre os portadores de catarata para ter acesso ao procedi-mento cirúrgico, os quais esperam, em média, 12,5 meses pelo tratamento corretivo. Mudanças na le-gislação, com maior rigor e frequência nas avalia-ções oftalmológicas, além de maiores informaavalia-ções disponíveis aos médicos peritos quanto à evolução da acuidade visual do condutor, poderiam auxiliar no diagnóstico precoce da catarata e consequente redução do índice de acidentes de trânsito em indi-víduos acima de 60 anos.

Referências

1. Javitt JC, Wang F, West SK. Blindness due to cataract:

epidemio-logy and prevention. Ann Rev Pub Health. 1996;17:159-77.

2. Thylefords B, Négrel AD, Pararajasegaram R, Dadzie KY. Global

data on blindness. Bul World Health Organ. 1995;73(1):115-21.

3. Snellingen T, Evans JR, Ravilla T, Foster A. Surgical

interven-tions for age-related cataract. Cochrane Database Syst Rev. 2002;2:CD001323.

4. Resnikoff S, Pascolini D, Etya’ale D, Kocur I, Pararajasegaram R,

Pokharel GP, Mariotti SP. Global data on visual impairment in the year 2002. Bul World Health Organ. 2004;82(11)::844-51.

5. Salomao SR, Soares FS, Berezovsky A, Araújo-Filho A, Mitsuhiro

MR, Watanabe SE, Carvalho AV, Pokharel GP, Belfort Jr R, Ellwein LB. Prevalence and outcomes of cataract surgery in Brazil: the São Paulo eye study. Am J Ophthalmol. 2009;148(2):199-206.

6. Kara-Jose N, Arieta CEL, Temporini ER, Kang KM, Ambrosio LE.

Tratamento cirúrgico de catarata senil: óbices para o paciente. Arq Bras Oftalmol. 1996;59(6):573-7.

7. Temporini ER, Kara-Jose N, Kara-Jose Júnior N. Catarata senil:

ca-racterísticas e percepções de pacientes atendidos em projeto comu-nitário de reabilitação visual. Arq Bras Oftalmol. 1997;60(1):79-83.

8. Temporini ER, Kara-Jose N. A perda da visão – estratégias de

prevenção. Arq Bras Oftlmol. 2004;67(4):597-601.

9. Congdon NG. Prevention strategies for age related

cata-ract: present limitations and future possibilities. Br J Ophthalmol. 2001;85(5):516-20.

10. Minassian DC, Mehra V. 3.8 million blinded by cataract each

year: projections from the first epidemiological study of incidence of cataract blindness in India. Br J Ophthalmol. 1990;74(6):341-3. 11. Thylefors B. Much blindness is avoidable. World Health Forum. 1991;12(1):78-86.

12. Temporini ER, Kara-Jose N. Níveis de prevenção de problemas

oftalmológicos: propostas de investigação. Arq Bras Oftalmol. 1995;58(3):189-92.

13. Kanski JJ. Técnicas de exame ocular. 6ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier;

2008. Oftalmologia clínica. Uma abordagem sistemática; p. 1-32.

14. Adura FE, Sabbag AF. Manual para o médico perito examinador

de candidatos a motorista: o exame de aptidão física e mental para condutores e candidatos a condutores de veículos automotores. 5ª ed. São Paulo: Balieiro; 2008.

15. Portal da Oftalmologia [Internet]. Goiânia: Portal de

Oftalmolo-gia [citado em 07 Abr. 2012]. Disponível em: http://www.portalda-retina.com.br/home/noticias.asp

Referências

Documentos relacionados

A temperatura máxima apresentou uma correlação positiva (p < 0,01) de alta magnitude (r = 0,77) com atividade ruminando deitado à sombra e negativa com a mesma atividade ao

Também é preciso ter capacidade técnica, para dar total transparência sobre quanto custa, quem beneficia, trazer à luz o resultado e, a partir daí, avaliar quais são os bons e

Não pode ser só capitalizado (quando é criado um fundo pago pelo próprio trabalhador, como nos fundos de previdência privada) e não pode ser só de repartição (como é o nosso

Resultados: Houve uma redução da densidade óssea, particularmente em crianças com maior comprometimento do escore motor; os marcadores de remodelação óssea diminuíram em um

Administração Bacharelado Matutino III, VIII e IX Português e Redação Ciências biológicas Bacharelado Integral I e II Biologia, Português e Redação Ciências biológicas

Sendo assim, a importância da política pública dentro da agricultura familiar mostra a relevância deste trabalho que teve como objetivo avaliar através de dados

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada da Fundação João Pinheiro (2017), o IDH da cidade de Nova Lima é de 0,813, fazendo com que seja considerada a melhor cidade

• Revisão da Recomendação da Comissão Europeia (CE) sobre mercados relevantes, com publicação de uma nova versão, em 9 de outubro de 2014 (Recomendação 2014/710/uE), que