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O CLIMA URBANO E A DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA DENGUE NO BAIRRO CIDADE DE DEUS MANAUS/AM

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O CLIMA URBANO E A DISTRIBUIÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL DA DENGUE NO

BAIRRO CIDADE DE DEUS – MANAUS/AM

MARCELA BELEZA DE CASTRO

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REINALDO CORRÊA COSTA

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RESUMO: Este estudo discorre sobre o clima urbano e a distribuição espaço-temporal dos

casos de dengue no bairro Cidade de Deus – Manaus/AM, para o ano de 2013. O estudo objetiva identificar e analisar a formação do risco epidemiológico de dengue e sua correlação com as variáveis climáticas (precipitação, temperatura e umidade). Apresentando uma visão de totalidade dos fatores de ordem social, climática e biológica e os seus efeitos diretos e indiretos, de curto a longo prazo na saúde humana, ou de forma mais ampla da relação sociedade e natureza.

Palavras-chave: Clima urbano, Dengue, Risco. Manaus

ABSTRACT: This study discusses the urban climate and the spatio-temporal distribution of

dengue cases in the City of God neighborhood - Manaus / Am, from a dynamic and systemic approach to the year 2013. The study aims to identify and analyze the formation the epidemiological risk of dengue and its correlation with climatic variables (precipitation, temperature and humidity). Featuring a full view of social factors, climatic and biological and its direct and indirect effects of short and long-term human health.

Key words: Urban Climate, Dengue, Risk.

1 – Introdução

Este estudo faz uma abordagem da distribuição espaço-temporal da dengue no ano de 2013, tendo como unidade espacial de análise o bairro Cidade de Deus, localizado na cidade de Manaus-AM. O estudo objetiva identificar e analisar a formação do risco epidemiológico de dengue e sua relação com as variáveis climáticas (precipitação, temperatura e umidade). Partindo do princípio de que a análise da totalidade sobre o processo de formação de epidemias de dengue vem a conjecturar por via das vezes desigualdades e injustiças espaciais, justamente como Costa (2015, p.74) afirma onde:

1 Graduanda de Geografia na Universidade Federal do Amazonas. Bolsista de Iniciação Cientifica no

Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. E-mail: marcelabelezah@gmail.com

2 Doutorado em Geografia, Laboratório de Estudos Sociais, Instituto Nacional de Pesquisas da

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“movimentos em que relações sociais (politicas, econômicas e culturais) historicamente marcantes não são consideradas como elementos fundamentais nos processos decisórios. Decisões são tomadas em função de campanhas partidárias ou exigências do momento eleitoral”.

A necessidade de estudos referentes à geografia das doenças (ou geografia da saúde, geografia médica) dar-se-á devido às suas prováveis causas e vulnerabilidades socioambientais/climáticas do seu desenvolvimento na sociedade. Comumente o conceito de saúde vem sendo ampliado na área ambiental, principalmente no que se concerne à integração deste na saúde dos ecossistemas. Para tanto, Freitas e Porto (2006, p.27-28) exemplificam:

“Problemas de saúde e ambiente precisam ser compreendidos de forma a incorporar a pluralidade de dimensões e perspectivas que caracterizam sua complexidade. A análise dos diferentes fenômenos envolvidos pode ser realizada por várias disciplinas e abordagens que produzem recortes particulares da realidade analisada. Contudo, abordagens técnicas restritas, mono ou multidisciplinares, são ineficientes para analisar e enfrentar problemas complexos que envolvam múltiplas dimensões e relações entre dinâmicas globais e locais. A complexidade dependerá das escalas espaciais e temporais envolvidas, das incertezas associadas aos problemas ambientais, e das dinâmicas sociais que articulam os interesses e processos decisórios em torno dos problemas”.

A complexidade da relação do clima com as doenças está intrinsicamente vinculada a quatro fatores no seu desenvolvimento epidêmico: intensidade, duração, resiliência e adaptabilidade tanto do vetor e da sociedade como um todo. Assim, alguns estudos como o de Sorre (1984), que apresentou uma abordagem vinculada à interação do meio com a saúde humana, sobretudo as variáveis climáticas e seus efeitos na saúde, onde este correlacionou determinadas doenças com tipos de climas específicos, da seguinte maneira: Atributos climáticos, Limites e Efeitos na saúde. Além de introduzir um conceito de enorme relevância que é o complexo patogênico, composto por grandezas de ordem física, biológica e social.

Ayoade (1986), já comentava que, o clima pode influenciar a saúde humana diretamente e indiretamente, podendo agir de forma positiva ou negativa. Já Haines (1992) corrobora que uma das variáveis climáticas, especialmente a temperatura tem muita relação com doenças como a dengue, febre amarela e doenças diarreicas. Ferreira (2003) elenca dois critérios para abordar a complexidade da relação clima e saúde, dentre eles cabe destacar: Aspectos ambientais e socioeconômicos. Algumas doenças estão relacionadas à pobreza, estas dependem de especificidades climáticas, deficiências na infraestrutura urbana, serviços e políticas públicas inadequadas à realidade do lugar vivido.

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“A utilização do espaço geográfico com categoria de análise ressalta a função do contexto social dos componentes ambientais, atrelada a outros determinantes que atuam sobre a saúde humana. Em épocas mais recentes, a poluição ambiental vem atraindo a atenção dos gestores de saúde, que começaram a compreender a importância do processo de mapeamento das áreas de risco para a vigilância ambiental em saúde dos municípios”.

Nesta perspectiva, o risco epidemiológico é potencializado na maioria das vezes pela sua idiograficidade climática e pela vulnerabilidade dos grupos com menor poder aquisitivo em sobressair frente à ocorrência epidêmica.

2 – Material e métodos 2.1 – Área de estudo

A unidade espacial de análise deste estudo é o bairro Cidade de Deus, localizado na cidade de Manaus-Am. O bairro Cidade de Deus está situado na zona norte e, de acordo com a Lei N°1.402, de 14 de janeiro de 2010, referente à criação e delimitação de sete novos bairros, é resultado do desmembramento do bairro Cidade Nova e passa a se integrar como um dos 63 bairros oficiais de Manaus. A origem do bairro Cidade de Deus está vinculada aos inúmeros casos de ocupações irregulares e especulações imobiliárias no desenvolvimento de uma nova configuração espacial marcada por lutas de classes, onde o processo de diferenciação de áreas dar-se-á via infraestrutura urbana, fluxo de mercadorias e serviços, saneamento, migrações, assumindo concomitantemente ritmos distintos, isto é, caracterizados pelos mecanismos nos quais o processo realiza-se.

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Figura 01: Unidade espacial de análise – Bairro Cidade de Deus, Manaus/Am. Fonte: Implurb, 2015. Org. e elab: Beleza, M.C.; Costa, R.C.; - 2016.

2.2 – Fontes dos dados 2.2.1 – Técnicas de pesquisa

Este estudo utilizou algumas técnicas de pesquisa em virtude de obter dados fidedignos em relação ao que fora proposto inicialmente, a Figura 02 ilustra um diagrama esquemático sobre as técnicas e etapas realizadas. Utilizou-se o software Google Earth para a plotagem dos pontos e, concomitantemente a construção do mapa se deu por meio do software Arcgis 10.3 para ilustrar o mosaico espacial da distribuição dos casos notificados de dengue no bairro Cidade de Deus.

Figura 02: Diagrama esquemático das técnicas e etapas do estudo “O clima urbano e a distribuição espaço-temporal da dengue no bairro cidade de deus – Manaus/Am.

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2.3 – Plano de análise: Método Sistêmico

O arcabouço teórico-metodológico adotado neste estudo fundamenta-se no Sistema Clima Urbano (Monteiro, 1971) onde, o Sistema Clima Urbano estabelece elementos que caracterizam a presença urbana no desempenho do sistema, composto por canais de percepção humana, sendo estes: 1 – Termodinâmico referente a conforto térmico; 2 – Físico-Químico referente à qualidade do ar; 3 – Hidrometeórico referente a impacto meteórico. A análise atrela-se, portanto na aplicação da análise rítmica do clima correlacionando-a com as notificações dos casos de dengue para o Bairro Cidade de Deus - Manaus/Am, para o ano de 2013.

Alguns estudos utilizaram a contribuição do Sistema Clima Urbano dando ênfase principalmente no subsistema termodinâmico, no que concerne as variáveis climáticas de temperatura e umidade, há também a inclusão da chuva, direção e velocidade do vento. Compreender o conceito de vulnerabilidade socioambiental é considerar a construção social do risco epidemiológico e a exposição de fatores externos a este, temos que ter uma visão totalizante sobre os aspectos de condições de vida das classes menos favorecidas e com menor poder aquisitivo e, não levar em conta apenas aspectos da renda, quantidade da população local entre outros.

Segundo Santos (1996), o espaço socioambiental configura-se nas articulações das relações sociais com o ambiente, onde a natureza do espaço (forma e conteúdos) pode ser natural quanto produzido por meio das atividades humanas. Confalonieri (2003) discorre sobre a importância de estudos acerca da vulnerabilidade social e ambiental/climática e seus efeitos sobre a saúde, especialmente para orientações de ações preventivas.

Nesse sentido, devido à complexidade da abordagem entre o clima urbano e a distribuição dos casos de dengue, este estudo também se fundamenta conforme Aquino, J.J. (2010) quando discorre sobre os aspectos de sua multicausalidade, no seu desenvolvimento e configuração espaço-temporal da dengue.

3 – Resultados e Discussão 3.1 – Casos de dengue

De acordo com os dados fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) e Fundação de Vigilância em Saúde (Fvs), o Gráfico 01 representa a série histórica dos casos de dengue (Notificados e Confirmados) desde os anos 2000 a 2015 para a cidade de Manaus. Para tanto, enfatizaremos aqui neste estudo somente os casos relacionados à

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598 unidade espacial de análise – o bairro Cidade de Deus para o ano de 2013. Visto que o ano de 2013 é considerado como o segundo ano epidêmico após o ano de 2011.

Gráfico 01: Série Histórica dos casos de dengue para a cidade de Manaus e ênfase aos casos de dengue no ano epidêmico 2013 para a unidade espacial de análise – o bairro Cidade de Deus. Fonte:

Semsa, 2015. Org. e elab: Beleza, M.C.; Costa, R.C.; - 2016.

O Gráfico 01 elenca duas observações referente à quantidade de casos notificados para a cidade de Manaus e para a unidade espacial de análise deste estudo – o bairro Cidade de Deus. Com isso, pode-se dizer que as maiores epidemias de dengue na cidade de Manaus correspondem aos anos de 2011 (notificados: 55.879 / Confirmados: 51.437), 2001 (Notificados: 18.583 / Confirmados: 18412) e 2013 (Notificados: 16.634 / Confirmados: 13.543). Dentre os 16.634 casos notificados para a cidade de Manaus, 458 notificações corresponderam somente para o bairro Cidade de Deus, destes 411 foram confirmados e 47 casos descartados.

3.2 – Análise rítmica e a Dengue no bairro Cidade de Deus

A aplicação da análise rítmica permite identificar as especificidades climáticas detalhadas ao nível do “tempo”, revelando assim a gênese dos fenômenos climáticos pela interação dos seus elementos, sua aplicação permite correlacionar os elementos climáticos (precipitação, temperatura e umidade) com a dinamicidade dos processos naturais e sociais.

O Gráfico 02 ilustra a correlação dos elementos climáticos (Umidade, Temperatura, Precipitação) com as notificações de dengue no bairro Cidade de Deus para o respectivo ano de 2013. O intervalo das variáveis climáticas abrangem sete dias justamente devido ao fato de ser o ciclo do vetor (+ ou – 7/10 dias), o intervalo da picada do mosquito até a

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599 manifestação da doença é o que denominamos de período de incubação, após isso é que aparecem os primeiros sintomas da doença e quando a pessoa infectada procura os primeiros atendimentos nos hospitais e a configuração desta ação se dá no registro do caso no banco de Sistemas de Informação e Agravos de Notificação (Sinan).

Analisando o Gráfico 02, identificamos que a umidade durante os meses de janeiro até início da segunda semana de junho varia de 70% a 90%, e no final da segunda semana até meados da primeira semana há uma diminuição de 60% a 50% e oscilando nos meses de novembro e dezembro entre 60% a 90%. A média da umidade entre os anos fica em torno de 79%, máxima de 97% e mínima de 56%.

A temperatura mínima oscila nos meses de janeiro até a primeira semana de junho entre 24°C a 27°C, a média nesse período esta em torno de 24°C a 30°C. Na segunda semana de junho até a segunda semana do mês de julho a temperatura mínima teve pouca oscilação estando em torno de 24°C e 26°C. A partir da terceira semana de julho até dezembro a temperatura mínima e média tem oscilações frequentes estando entre 23°C e 32°C. A média da temperatura máxima foi de 36°C, mínima de 29°C e média de 31°C.

A distribuição da precipitação anual deixa explicita a configuração do período chuvoso (dezembro a janeiro) e de estiagem (junho a outubro). Onde, há uma maior distribuição das chuvas no primeiro semestre do ano (janeiro até a primeira semana de junho). Neste respectivo período também ocorre algumas especificidades como concentrações de chuvas nesta temporalidade mencionada. Essas concentrações ficam explicitas nos meses de janeiro e fevereiro com intervalos de dois a três dias até a próxima concentração de chuvas, diferente dos meses de março e abril que têm intervalos de aproximadamente uma semana para ter picos de chuvas. O mês de maio também apresenta uma distribuição de chuvas e com pouquíssimas concentrações. Ao contrário do que acontece com os meses de junho a outubro, estes se caracterizam de pelo intervalo de aproximadamente uma a duas semanas para se ter picos de chuvas. O mês de novembro é caracterizado por uma maior distribuição de chuvas (período chuvoso), porém apresenta especificidades como duas concentrações de chuvas (inicio e fim do mês). Em meados da segunda semana de dezembro temos o começo de um novo ciclo de chuvas trazendo a princípio algumas concentrações.

O Laboclima desenvolveu o boletim SACDENGUE que visa mapear as condições climáticas propícias ao grau de risco dengue, e neste identificou que temperaturas entre 22 °C e 30 °C, chuvas com 10 mm/dia são condições ideais para o desenvolvimento do vetor. Ao correlacionar os elementos climáticos com o número de notificações dengue no bairro

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600 Cidade de Deus, no mês de janeiro as chuvas corresponderam a 10 mm/dia e tivemos uma tendência gradual das notificações e a temperatura média estava entre 25 °C e 29 °C e a temperatura mínima entre 24 °C e 26 °C, o que se configura como condições propicias no desenvolvimento do vetor. No mês de fevereiro, o número de notificações foi menor se comparada a janeiro, isso devido às chuvas intensas com mais de 30 mm/dia. Os dois picos de chuvas no final de abril corresponderam a 120mm e 140 mm e, três semanas depois tivemos alta nas notificações em maio. Nos meses de janeiro a junho a umidade esteve entre 70 % e 90 % o mesmo período de registros dos casos. A temperatura média oscilou entre 26 °C e 29 °C nos dois meses. A partir de junho até outubro as temperaturas máxima, mínima e média se elevaram e houve diminuição na quantidade e intervalo da distribuição das chuvas, o que não são condições ideais. De julho a outubro a umidade diminuiu para assim como os registros de casos (uma notificação).

Visto isso, as notificações de dengue estão relacionadas à ação dos elementos climáticos (um dos potencializadores do risco à saúde): Umidade, Temperatura e Precipitação. Os picos de notificações correspondem justamente quando ocorre uma distribuição de chuvas com intervalos pequenos e chuvas de 10 mm, temperatura média oscilando de 25 °C a 29 °C e umidade de 70 % a 90%.

Gráfico 02: Análise rítmica na escala diária, com elementos climáticos: Umidade, Temperatura (Máxima, Mínima e Média) e Precipitação e as notificações de dengue no bairro Cidade de Deus,

Manaus-Am. Fonte: Inmet,2015 e Semsa, 2016. Org. e elab: Almeida, R.B.; Beleza, M.C.; Costa, R.C.; - 2016.

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3.3 – Trabalho de campo

Foram realizados trabalhos de campo em instituições como a Secretária Municipal

de Saúde (Semsa), Fundação de Vigilância em Saúde (Fvs) e no respectivo bairro Cidade de Deus, na zona norte de Manaus. O critério para a escolha deste bairro foi devido ao seu histórico de grau de risco, este é um dos bairros da zona norte de Manaus que apresenta maior número de notificações de dengue, assim como os seguintes bairros: Cidade Nova, Novo Israel e Nova Cidade.

3.4 – Potencializadores do risco à saúde

As diferenças sociais estão configuradas no espaço juntamente com o grau de resiliência diante um evento epidêmico, elementos climáticos (temperatura, precipitação e umidade) podem desencadear o desenvolvimento de uma doença. O clima não é o único potencializador responsável no desenvolvimento de uma doença, por isso há uma necessidade da visão totalizante sobre o processo do seu desenvolvimento, devendo incluir não somente o fator climático, mas também aspectos sociais, econômicos, físicos, ambientais, culturais e o modo de vida que são elementos potencializadores no risco à saúde humana. Nesse sentido, a condição de pobreza de uma população intrinsicamente vinculada ao que denominamos de vulnerabilidade socioambiental.

Figura 04: Mosaico dos potencializadores do risco à saúde humana no bairro Cidade de Deus, Manaus/Am. A) Caixa d’água descoberta. B) Acúmulo de lixo (Saneamento precário). C) Toneis,

baldes, entulhos. D) Ocupações ilegais, infraestrutura inadequada e acúmulo de lixo. Fonte: Beleza, M.C.; - 2016.

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3.5 – Distribuição espacial da dengue

Figura 5: Mapeamento realizado por endereçamento dos casos notificados de dengue no bairro Cidade de Deus, Manaus/Am. Fonte: Semsa, 2016.

Org. e elab: Beleza, M.C.; Costa, R.C.; - 2016.

O mapeamento realizado no bairro Cidade de Deus levou em consideração as notificações por endereçamento dos casos de dengue fornecidos pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Com isso, o mapeamento pontual permitiu-nos identificar a heterogeneidade da distribuição espacial dos casos de dengue, onde dez principais ruas obtiveram grande número de casos notificados de dengue, apresentando assim maior vulnerabilidade socioambiental, são estas: rua São Bernardo, rua Dom Bosco, rua 1, rua Bem te vi; rua dos Pavões; rua Nossa Senhora de Fátima; rua Vasco da Gama; rua Atlético Mineiro, Atlético Paranaense e rua Canário.

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4 – Conclusão

A compreensão da distribuição espaço-temporal dos casos de dengue pode direcionar de modo adequado às tomadas de decisões, demandas públicas específicas perante uma localidade. As relações de causa e efeito referentes à vulnerabilidade socioambiental/climática e a saúde humana são complexas, justamente por agirem direta e indiretamente e oscilarem no tempo e espaço. O desenvolvimento de uma doença vincula-se às ações de forças motrizes (potencializadores), o clima urbano, aspectos sociais, econômicos, políticos, ambientais, culturais e o modo de vida são alguns potencializadores no desenvolvimento de uma doença.

Nesse sentido, a vulnerabilidade socioambiental/climática no bairro Cidade de Deus dar-se-á diante a três elementos fundamentais: o grau de exposição, capacidade de reação (resiliência) e o grau de adaptabilidade perante a materialização do risco epidêmico. A análise da distribuição espaço-temporal da dengue permitiu-nos identificar a concentração de casos de dengue em áreas com habitações precárias no ponto de vista ambiental, com carências nos serviços de transporte, saneamento e saúde. Essa socioespacialidade no meio urbano apresenta condições propícias no desenvolvimento do vetor da dengue e o risco à saúde humana se concretiza na forma da vulnerabilidade epidemiológica, em outros termos os riscos epidemiológicos fazem parte da relação sociedade e natureza e produzem diferentes impactos.

Referências

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