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A importância do Plano Real no controle da inflação e seus impactos na economia, entre 1994 a 1998

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA HENRIQUE MARQUES DO SACRAMENTO PINHEIRO

A IMPORTÂNCIA DO PLANO REAL NO CONTROLE DA INFLAÇÃO E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA, ENTRE 1994 A 1998

São Paulo 2018

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A IMPORTÂNCIA DO PLANO REAL NO CONTROLE DA INFLAÇÃO E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA, ENTRE 1994 A 1998

Projeto de pesquisa apresentado ao Curso de graduação em Ciências Econômicas, da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. Jailson Coelho, D.r.

São Paulo 2018

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1 INTRODUÇÃO 4

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA 4

1.2 OBJETIVOS 6 1.2.1 Objetivo Geral 6 1.2.2 Objetivos Específicos 6 1.3 JUSTIFICATIVA 6 1.4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS 7 2 REFERENCIAL TEÓRICO 8

2.1 INFLAÇÃO ANTES DO PLANO 8

2.2 PRINCIPAIS CAUSAS DA INFLAÇÃO 8

2.3 O PLANO REAL 9

2.4 MEDIDAS TOMADAS 9

2.5 PIB 10

2.6 TAXA DE DESEMPREGO 10

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS 11

3.1 MEDIDAS TOMADAS CONTRA A INFLAÇÃO 11

3.1.1 Fase 1 – O PAI 11

3.1.2 Fase 2 – A URV 12

3.1.3 Fase 3 – A Nova Moeda 13

3.2 INFLAÇÃO 13

3.3 PIB 15

3.4 TAXA DE DESEMPREGO 18

3.5 OPLANO REAL ALCANÇOU SEUS OBJETIVOS 20

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 22

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1 INTRODUÇÃO

A inflação representa a perda de poder de compra do dinheiro, com aumento contínuo e generalizado dos preços. Isso se dá através dos muitos efeitos que o movimento inflacionário causa na economia, como inflação por demanda, custos e inércia (LOPES, 1989).

Esta pesquisa irá analisar as principais medidas adotadas pelo governo brasileiro com a implantação do Plano Real, sua correlação com a inflação, e seus impactos na economia.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

Uma característica muito marcante na economia Brasileira é uma tendência generalizada de alta nos preços, mas nem sempre foi assim. Após o período da recessão mundial gerada pela crise de 1929, o Brasil teve uma deflação persistente, até 1933. Porém, a partir de 1934 nunca mais saberíamos o que seria deflação, e após a Segunda Guerra Mundial inauguramos a fase de taxas médias de inflação anual representadas por dois dígitos. Onde entre 1940 e 1949 tivemos uma inflação acumulada de 215,6% que representa 12,2% ao ano em média.

No entanto nos anos 50 foi onde tivemos uma grande elevação do patamar inflacionário, com acumulado próximo de 460%. Os efeitos nocivos da inflação, obrigaram o governo tomar uma atitude e preparar um programa de estabilidade monetário, entretanto foram logo abandonadas devido à sua impopularidade.

A década de 60 a inflação continuo em seu ritmo crescente, porem no ano de 1964 a inflação chegou a 90% em 12 meses, levando o governo implantar políticas de estabilização baseadas em controles de preços, equilíbrio das finanças governamentais e redução dos salários reais.

Na década de 70 a economia brasileira estava apresentando altas taxas de crescimento, e queda na taxa de inflação, dando a impressão de que, o país conseguiria resolver o problema e conseguiria a sonhada estabilidade monetária.

Ao iniciar a década de 80 o Brasil tinha uma grande experiência na instabilidade monetária devido as elevadas taxas de inflação das décadas anteriores, era esperado

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que devido a essa experiência o país conseguiria encontrar o caminho da estabilidade nessa década. Porém não foi o que aconteceu, as medidas de contenção implantadas no começo da década não deram certo, e piorou ainda mais as taxas de inflação chegando a superar em 200% ao ano em 1985. Então no início de 1986 o governo montou um programa anti-inflacionário diferente de tudo que já havia sido tentado. Foi criado o plano cruzado onde a sua principal marca foi o congelamento de preços, a princípio o plano mostrou bons resultados, porem o plano não era sustentável, levando a inflação aparecer com força novamente. Em 1987 foi implantando o plano Bresser, que também tinha como sua principal marca o congelamento de preços e salários, mas agora por um período aproximado de 3 meses. Porém após esse período a inflação voltou forte novamente levando a economia ao colapso e hiperinflação anual de quatro dígitos. Em 1989 através de uma medida provisório o governo implantou o Plano Verão, esse foi o quarto plano de estabilização da inflação do governo Sarney, e consistia também num congelamento de preços e uma nova reforma monetária. Esse plano teve vida curta, pelos mesmos motivos dos outros planos.

Apenas nos anos 90, com a posse do novo presidente do Brasil foram iniciadas novas tentativas de estabilização da economia, através do plano Collor. Uma das principais medidas desse plano foi reduzir o excesso de moeda na economia, então foi retido os saldos em conta corrente e poupança, aplicações financeiras que ultrapassassem NCz$ 50 mil (Cruzado Novo). A inflação baixou significativamente, mas voltou a subir novamente no mesmo ano, então em fevereiro de 1991 foi lançado o plano Collor II. Esse plano não teve bons resultados pois utiliza medidas já utilizada em planos anteriores como congelamento de preços, que já se mostrava ineficiente. Com afastamento do presidente Collor, e a nomeação de outra equipe econômica liderada por Fernando Henrique Cardoso, o presidente em exercício Itamar Franco, implantou um novo plano de estabilização da inflação, o atual Plano Real.

O Plano Real foi muito bem desenhado pois a equipe econômica estudou e verificou a importância de cada um dos planos anteriores, podendo montar um plano realmente eficaz. Qual a correlação entre queda da inflação pós Plano Real e economia Brasileira? (MUNHOZ, 1997)

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do trabalho de conclusão de curso é verificar a importância do Plano Real no controle da inflação e correlação entre queda inflação pós Plano Real, PIB e taxa de desemprego no Brasil entre 1994 a 1998.

1.2.2 Objetivos Específicos

De forma a atingir e complementar o objetivo geral, apresentam-se alguns objetivos específicos a serem alcançados no decorrer do trabalho:

- Identificar as medidas contra a inflação tomadas com o Plano Real

- Realizar analise sobre a correlação entre queda da inflação, PIB e taxa de desemprego no Brasil entre 1994 e 1998

-Verificar se plano teve sucesso em seus objetivos até a data de 1998.

1.3 JUSTIFICATIVA

A inflação sempre é um tema atual aqui no Brasil, principalmente para quem já era nascido antes dos anos 1990, onde o as taxas de inflação eram altíssimas. Mesmo existindo vários estudos sobre o assunto, ele nunca deixou de atrair questionamentos, me levando a ter curiosidade de estudar esse assunto mais a fundo, pois eu vivenciei na alta taxa de inflação no Brasil. Me recordo como a vida era difícil para minha família na época de inflação alta, e gostaria de entender melhor sobre o que Plano Real fez para solucionar esse grande problema.

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1.4 PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS

Nas palavras de GIL (2008), as pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrição das características de uma população, fenômeno ou de uma experiência. Ao final de uma pesquisa descritiva, você terá reunido e analisado muitas informações sobre o assunto pesquisado. A diferença em relação à pesquisa exploratória é que o assunto pesquisa já é conhecido. A grande contribuição das pesquisas descritivas é proporcionar novas visões sobre uma realidade já conhecida.

Para explicar os efeitos da inflação na economia brasileira e as medidas adotadas a partir do Plano Real, foi feita uma pesquisa na literatura existente, especialmente em artigos publicados na internet, revistas e livros sobre economia e outras monografias.

Serão demonstrados os dados sobre a inflação antes do Plano Real e após a sua implantação, até o ano de 1998, com análise dos principais medidores econômicos, em especial o IPCA, a implantação do plano com suas medidas econômicas, e seu impacto na economia brasileira.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 INFLAÇÃO ANTES DO PLANO

O Brasil completou, em 1993, um longo ciclo, de 60 anos, convivendo com o fenômeno inflacionário.

Ciclo que se iniciou tão logo superado o período mais agudo da recessão mundial gerada pela crise de 1929, durante a qual o país conviveu com algo raro, que foi uma deflação persistente, até 1933, responsável por um recuo próximo de 22,5% nos preços internos medidos pelo Deflator Implícito do Produto. Já a partir de 1934, a tendência dos preços internos se reverte, e até 1939 registra-se um aumento acumulado pouco superior a 23%. (MUNHOZ, Dércio Garcia)

2.2 PRINCIPAIS CAUSAS DA INFLAÇÃO

Para interpretar o processo inflacionário brasileiro ao longo dos séculos, é necessário fazer uma análise do fenômeno em cada um dos diferentes ciclos. No entanto o professor Gudin, afirma:

Basicamente o fenômeno da inflação é o mesmo em toda parte; resulta de uma demanda excessiva em relação à oferta global dentro do sistema. A única característica “estrutural” que de fato pode contribuir para agravar a inflação nos países subdesenvolvidos é a da inelasticidade da oferta.

Então iremos verificar as causas da inflação um pouco antes da implantação do Plano Real. Em julho de 1993, a revista Conjuntura Econômica publicava, na Carta (mensal) do Ibre, que representa a opinião de consenso dos membros do Instituto Brasileiro de Economia, uma análise dos problemas da economia brasileira na época, afirmando textualmente:

A inflação é um fenômeno monetário. Não pode haver inflação em economias de escambo. Como a emissão de moeda é monopólio governamental, segue-se que os responsáveis últimos pela inflação são sempre os governantes. Os preços sobem por dois motivos: a) no curto prazo, porque os governos, gastando mais do que arrecadam, emitem moeda desequilibrando os fluxos de despesa e produção; b) no longo prazo, porque já vinham subindo antes.

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2.3 O PLANO REAL

Após o impeachment do Presidente Fernando Collor, o Presidente Itamar Franco, em maio de 1993, nomeou Fernando Henrique Cardoso para o Ministério da Fazenda, assim teve o início o programa econômico que combateria à inflação.

O Plano Real foi um dos planos mais engenhosos de combate à inflação do Brasil, conseguindo, após várias tentativas fracassadas, reduzir a inflação partiu de forma duradoura no país. O Plano Real, como o Plano Cruzado, também partiu do diagnóstico de que a inflação brasileira possuía um forte caráter inercial. (GREMAUD; VASCONCELLOS; TONETO JR., 2015).

2.4 MEDIDAS TOMADAS

Quando Fernando Henrique Cardoso, assumiu o ministério da fazenda, foi iniciado os preparativos para estabilização da economia com o novo plano, e um dos seus principais objetivos era não cair nos erros dos planos anteriores. Por isso alguns pontos importantes foram adotados.

-Substituição natural da moeda sem que houvesse congelamento dos preços; -O Plano Real seria adotado gradualmente, de acordo com o cronograma e nada seria adotado de surpresa, conforme já havia acontecido com os outros planos;

-Minimização dos desequilíbrios existentes na economia Brasileira.

Para que houvesse maior efetividade e sucesso do plano no combate à inflação, foi necessário dividir as medidas em 3 fases.

-Ajuste Fiscal com a criação do PAI – Programa de Ação Imediata;

-Indexação completa da economia com a criação da URV – Unidade Real de Valor;

-Transformação da URV em R$ - Reforma monetária e implementação da nova moeda – Real.

Para os economistas, a chave do sucesso do Real foi a URV, que entrou em vigor em 1º de março de 1994. A adoção de uma moeda virtual para fazer a transição foi a melhor solução encontrada para desindexar a economia e uma alternativa ao congelamento de preços. (BOURROUL, Marcela; FERREIRA, Michelle)

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2.5 PIB

O PIB, como avaliação do padrão de desempenho econômico, é vastamente aceito pelas agências financeiras internacionais, tais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que adaptam suas políticas com base neste indicador e, através dele, medem comparativamente o desenvolvimento econômico dos países.

O Produto Interno Bruto faz referência ―ao valor agregado, depurado das transações intermediárias e medido a preços de mercado, de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico do país sob consideração, (Rossetti, 1979, p.164)

2.6 TAXA DE DESEMPREGO

O desemprego é a estatísticas de desemprego das pessoas que fazem parte da chamada População em Idade Ativa (PIA). A PIA é formada por todos os indivíduos que estão na faixa etária considerada apta a exercer algum trabalho. Porém o desemprego é um fenômeno social, e tem causas múltiplas, interligas e interdependentes entre si.

Para Moura (1998), existem basicamente quatro formas gerais de desemprego, o tipo mais comum é o desemprego conjuntural, o qual ocorre quando um ou mais fatores concorrem para alguém perder o emprego. O que há é a perda do vínculo empregatício, mas não a extinção do posto de trabalho.

Já o desemprego cíclico corresponde a fases ou ciclos característicos. Por exemplo, no comércio varejista, períodos especiais, como o Natal, a Páscoa, são tradicionalmente empregadores (MOURA, 1998, p. 95).

Moura (1998), considera o desemprego estrutural, como sendo o mais grave. Neste caso, como indica o nome, é a própria estrutura da economia que passa a ser desempregadora e, pior ainda, sem perspectiva de voltar a ser empregadora. Trata-se não propriamente da perda, mas da extinção dos postos de trabalho.

E por fim, o desemprego induzido, que pode ser gerado pela política governamental que tem interesse estratégico em desativar certos setores, ou em desaquecer a economia, mas pode ser fruto também, da ação coordenada de certas forças de mercado. Uma política de elevação geral de preços redunda quase sempre

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na queda dos salários, e muitas vezes, no desemprego de muitas pessoas. Os juros em ascensão são outro exemplo, pois causam a suspensão de investimentos, caem as encomendas e por consequência, os empregos (MOURA, 1998, p. 105).

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

O presente trabalho irá identificar as medidas tomadas contra a inflação com o Plano Real, analisando a correlação entre inflação, PIB, taxa de desemprego entre 1994 a 1998, e verificar se essas medidas tiverem sucesso até ano de 1998.

3.1 MEDIDAS TOMADAS CONTRA A INFLAÇÃO

Como já abordado, o programa de estabilização da economia foi concebido e implantando em três etapas:

-Ajuste Fiscal com a criação do PAI – Programa de Ação Imediata;

-Indexação completa da economia com a criação da URV – Unidade Real de Valor;

-Transformação da URV em R$ - Reforma monetária e implementação da nova moeda – Real.

3.1.1 Fase 1 – O PAI

Essa fase pode ser considerada a partir do Programa de Ação Imediata (PAI), em junho de 1993, durante a gestão do presidente Itamar Franco. Porém o programa Plano Real somente foi anunciado em dezembro de 1993, e começou com uma nova fase fiscal, o Fundo Social de Emergência (FSE). O governo reconhecia que era preciso efetuar uma ampla reorganização do setor público e sua relação com setor privado. Então foi adotado as seguintes ações:

-Redução e maior eficiência dos gastos da União em 1993 (corte de US$ 6 bilhões)

-Equacionamento das dívidas dos estados e municípios com a União. Isso foi feito através de duas leis, uma que limitava as despesas com os servidores em até 60%

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da receita corrente, e a outra que definia claramente as normas de cooperação da União com estados e municípios. Essa lei também estabeleceria a obrigatoriedade dos estados e municípios de se mantarem em dia em seus débitos com a união para receber verbas federais.

-Criação do Imposto Provisório sobre Movimentação Financeiras (IPMF), para ajudar o governo a equilibrar suas contas.

-Combate à sonegação através de uma campanha massiva de conscientização contra a sonegação e aumento da fiscalização sobre as maiores empresas.

-Banco estaduais e federais, onde o Bacen deveria ter um controle mais rígido sobre esses bancos, exigindo um montante mínimo de capital e limitando concessão de empréstimos para entidades do setor público.

-Aperfeiçoamento do programa de privatização, para atingir o equilíbrio financeiro, pois entre 1982 a 1992, o Tesouro Nacional aportou recursos equivalentes a US$ 21 bilhões nas empresas incluídas no programa de privatização.

No entanto essas medidas não foram suficientes para desacelerar a inflação em 1993. Então em 7 de dezembro de 1993 foi anunciado o Plano de estabilização Econômica, e a criação do FSE, cujo objetivo era equilibrar o orçamento e atenuar a excessiva rigidez dos gastos da União, determinada pela Constituição de 1988.

O FSE deveria vigorar por dois anos e contava com os seguintes recursos: a. 20% da arrecadação do IPMF;

b. 20% dos gatos com a educação previsto na carta de 1988;

c. Adicional de 3% sobre o lucro e de 0,75% da receita operacional bruta dos bancos;

d. 100% do imposto de renda do funcionalismo do setor público.

3.1.2 Fase 2 – A URV

A URV serviu como transição para a introdução do Plano Real. Ela foi implementada em 1° março de 1994 onde seu valor foi fixado em CR$647,50 e extinta em 1° de julho do mesmo ano, e valia CR$2.750,00, e quando o Plano Real começou sua circulação.

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A URV foi utilizada para restaurar a função de unidade de conta da moeda, que havia sido destruída pela inflação, bem como para referenciar preços e salários. O Bacen emitia, diariamente, relatórios sobre a desvalorização do Cruzeiro Real e a cotação da URV. Assim, a URV serviu para o comercio determinar seus preços efetuar contratos e determinar salários, independentemente das desvalorizações monetárias provocadas pela inflação, ou análise mais criteriosa de seus custos e iniciando um processo de eliminação da memória inflacionária.

3.1.3 Fase 3 – A Nova Moeda

No dia 1° de julho de 1994, foi implantando o Plano Real, através da medida provisória. Para manter o valor da moeda, o governo alterou radicalmente os métodos empregados para definição da política monetária. Essa nova política implicava que o Congresso deveria estabelecer regulamentos e diretrizes na forma de limites quantitativos para emissão de moeda, que poderiam ser alteradas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) somente em 20% e em ocasiões extraordinárias.

Foi estabelecido também um teto máximo na taxa de cambio, porem essa taxa não era fixa, porem o CMN e o Bacen tinham instruções bem rígidas com relação à necessidade de manutenção do teto máximo. Na época o Bacen detinha US$40 bilhões em reservas e o teto máximo estabelecido foi de um Real equivalia a um Dólar.

3.2 INFLAÇÃO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1979, criou o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e hoje é considerado o indicador oficial da inflação, pois ele demonstrar os preços cobrados efetivamente ao consumidor.

Podemos verificar nos gráficos 1 e 2 a inflação através do IPCA antes e de depois do Plano Real.

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Gráfico 1

FONTE: IBGE Gráfico 2

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O principal objetivo do Plano Real era estabilização econômica considerando a taxa de inflação, e podemos afirmar que o seu objetivo foi alçando, pois, as taxas de inflação despencaram de 2.477,15% em 1993 para 22,41% em 1995.

O IPCA médio no período de 1995-1998 foi de 9,71%, com o mínimo de 1,65%, em 1998, e o máximo de 22,41%, em 1995. Foi o plano anti-inflacionário de maior sucesso desde o Programa de Ação Econômica do Governo (Paeg), ainda mais diante da magnitude da taxa de inflação enfrentada.

3.3 PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em média cresceu após a estabilização da inflação com o Plano Real. Podemos verificar isso através dos gráficos 3 e 4 abaixo:

Gráfico 3

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Gráfico 4

FONTE: IBGE

Na década de 1990 os resultados apresentados do PIB tiveram oscilações significativas. Principalmente nos anos que antecederam 1994, ano onde foi implantando o Plano Real, a variação do PIB brasileiro foi negativa decorrente da inflação e instabilidade.

Em 1994, com a implementação do Plano Real, o país livrou-se da indexação da economia, resultando na redução considerável dos exagerados níveis inflacionários.

O PIB fechou em 5,8% em 1994 e o setor industrial apresentou expansão de 7%. A agropecuária mostrou crescimento ainda maior, de 7,6% confirmado pela safra recorde de cerca de 80 milhões de toneladas de grãos. O setor de serviços cresceu 4%, menos que os outros setores, o que se explica, em parte, pelo efeito de desaparecimento do ganho inflacionário, que antes contribuía para o grande desenvolvimento de recursos no sistema financeiro. (MARQUES, 2006, p. 236)

Já no ano de 1995, o crescimento do PIB foi um pouco menor devido o reflexo principalmente da crise mexicana, que impactou no fluxo de capitais dos países emergentes, onde Brasil se enquadra. Entretanto a queda abrupta da inflação ocasionou efeitos expressivos sobre o poder de compra dos brasileiros, aliado a um acréscimo real dos salários e aumento do nível de emprego estimulando o consumo.

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No período de 1996 o PIB cresceu somente 2,2%, esse resultado foi reflexo, principalmente do déficit nas contas públicas, originado pelo saldo negativo da balança comercial, perda do dinamismo do setor terciário e pelo aumento do desemprego.

Em 1997 o país passou pela crise Asiática que teve seu início na Tailândia. E logo atingindo o grupo denominado como Tigres Asiáticos que integra a Coreia Do Sul, Cingapura, Taiwan e Hong Long. Essa crise consistia em desvalorização cambial, perda de reservas e seguidas reduções nas suas bolsas de valores. Em consequência eles passaram a sofrer com as incertezas políticas e também com problemas financeiros, o que levou a especulação das moedas locais e perda de suas reservas. Os reflexos dessa crise atingiram os países emergentes como o Brasil, que em outubro de 1997 registrou uma grande queda na Bolsa de valores de São Paulo. Como na crise do México houve uma nova tentativa de especulação com Real, entretanto o governo fez o possível para protegê-lo. Ocasionando em uma grande diminuição das reservas, e para tentar corrigir esse momento desfavorável da economia, o Brasil elevou a taxa de juros para praticamente o dobro. Mesmo com essa instabilidade mundial, o Brasil teve um PIB positivo em 3,4%.

O PIB Brasileiro, 1998 fechou em 0,3% praticamente não cresceu. E isso foi devido à crise Asiática sofrida no ano anterior que contribuiu para a eclosão da crise na Rússia. A Rússia apresentou um déficit externo muito elevado e anunciou moratória, levando a desvalorização da moeda. O governo não conseguia mais pagar os salários, o que causou grandes manifestações e aumento na taxa de desemprego, levando parte da população a miséria. Com isso houve uma diminuição dos investimentos internacionais e novamente o Brasil como país emergente sofreu com perdas das reservas cambiais. Então o governo brasileiro decidiu usar novamente o remédio amargo utilizado nas crises mexicana e asiática que foi a elevação da taxa de juros chegando a 42% para não perder as reservas cambiais. Entretanto o efeito esperando não aconteceu e as reservas cambiais do país tiveram queda acentuada, pois o Real foi novamente alvo de especulação. Comprometendo também as exportações brasileiras levando a estagnação PIB.

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3.4 TAXA DE DESEMPREGO

A dinâmica social e econômica imposta pela demanda da sociedade, seja pela inserção obrigatória no processo de globalização da economia, onde ocorreu no Brasil nos anos noventa, e continua ocorrendo, diversas mudanças culturais, sociais, políticas e econômicas que tem afetado sua economia e consequentemente o mercado de trabalho.

Podemos destacar seis importantes transições socioeconômicas, que influenciaram diretamente no mercado de trabalho.

1- A transformação de uma economia fechada para uma economia aberta nos anos noventa. Abrindo a possibilidade de importação de tecnologias do exterior onde os avanços é um grande poupador de mão de obrar.

2- O fato do Plano Real ter alcançado seu principal objetivo que foi transformar uma economia com altas taxas de inflação, fortemente indexada, para uma outra em que se convive com preços baixos, estabilidade inflacionária e sem indexação.Com o controle da inflação a sociedade teve implicações positivas com a diminuição dos índices de pobreza. Entretanto facetas até então ignoradas passaram a ter uma importância no cenário nacional, como a existência de desemprego, a ocorrência de grades bolsões de trabalho informal, e baixos níveis de salários real e produtividade do trabalho.

3- A intervenção do Estado na economia, aos poucos o Estado foi diminuindo os fortes estímulos à promoção direta da produção, amplos subsídios à iniciativa privada, e agora mais voltado para a fiscalização e regulação da economia. O processo de privatizações promoveu ajustes no estoque de mão de obra das empresas privatizadas, com implicações ainda incertas para o mercado de trabalho, verificando por uma perspectiva de médio e longo prazo. Entretendo no curto prazo, o setor privatizado tem passado por um processo de racionalização imposto pelo setor privado, vindo a representar em um aumento na taxa de desemprego.

4- Busca da redução da tutela do Estado sobre as relações entre empregador e empregado, onde existe o regime de CLT, onde cujo papel histórico não deve ser negado na construção de uma sociedade industrial, mas que cristalizou

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usos e costume difíceis de serem mudados, inclusive por que dependem de mudanças constitucionais. Na medida que esse processo ganhar força, o impacto no mercado de trabalho será muito positivo, principalmente em produtividade, estabilidade de emprego e melhores salários.

5- Implementação de novas tecnologias no Brasil, com a crescentes pressões por competitividade e produtividade, caracterizada pela globalização e pelas limitações da qualidade da mão de obrar brasileira causa uma elevação do desemprego.

6- Mesmo que o crescimento populacional venha caindo no Brasil há várias décadas, a pressão do crescimento médio é de 3% ao ano da População Economicamente Ativa (PEA) causa um problema na taxa de desemprego, pois a o mercado não tem a capacidade de absorção de mão de obra nesse nível pelo setor formal.

Podemos verificar no gráfico 5 a taxa média anual de desemprego que era o método utilizado pelo IBGE de 1980 até fevereiro de 2016. Esse método é a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) esse indicador pegava informações de seis regiões Metropolitanas (Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre).

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FONTE: IBGE

Podemos verificar que a taxa de desemprego apresenta uma tendência de alta ao logo dos anos noventa. Entretanto existe algumas estabilidades desta taxa entre 1993 e 1996 e um crescimento em 1997 e 1998.

No começo da década de noventa, devido ao processo de abertura do mercado brasileiro, houve um aumento do desemprego, mas que, no entanto, estabilizou-se até meados de 1994. Em 1995 com o Plano Real trazendo a estabilidade de preços, a economia apresentou índices de inflações 22,41% baixos se consideramos os anos anteriores, PIB em 4,2% taxas de crescimento relativamente altas, provocando uma queda na de taxa de desemprego para 4,6%.

Porém a partir de 1996 podemos notar que taxa de desemprego começa a subir novamente, isso ocorre devido alguns fatores como a crise do México onde levou o Brasil a elevar das taxas de juros e o ajuste de mercado devido a estabilidade de preços que foi alcançada com a sensível diminuição do ritmo de crescimento econômico, o que contribuiu para a diminuição do nível de emprego.

Entretanto nos anos de 1997 e 1998 podemos verificar que taxa de desemprego teve um aumento muito forte, chegando ao seu maior nível na década de 7,6%. Isso ocorreu devido a crises Asiática e Russa onde gerou uma instabilidade em vários países emergentes, onde Brasil se enquadra. A moeda brasileira foi alvo de especulação levando o governo Brasileiro a aumentar muito os juros, porém isso não foi suficiente para evitar a evasão de capital. Afetando as exportações brasileiras e consequentemente o PIB e taxa de desemprego.

3.5 O PLANO REAL ALCANÇOU SEUS OBJETIVOS

Há 24 anos atrás no governo Itamar Franco, com Fernando Henrique Cardoso à frente do Ministério da Fazenda, eram enfatizados três principais objetivos buscados com o Plano.

1- A inflação em trajetória declinante

2- O crescimento sustentável a longo prazo do PIB, dos investimentos, do emprego e da produtividade

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Analisando os três principais objetivos do plano, apenas o primeiro foi plenamente atingido, visto que uma inflação de 4 dígitos em 1993 passamos para índices anuais de inflação de apenas um digito na maioria dos anos seguintes, como podemos verificar no gráfico 2. A queda da inflação beneficiou principalmente os mais pobres, que não tinha como se defender da corrosão do poder de comprar de seu salário ocasionado pelo processo de superinflação.

Verificando o segundo objetivo, notamos que o crescimento da produtividade foi plenamente atingido, com a produtividade industrial crescendo acima das expectativas mais otimistas. Entretanto analisando o período entre 1994 a 1998 no gráfico 4 constatamos que o crescimento sustentável do PIB não foi atingido, como era o desejo do governo e da maioria da sociedade. Como a taxa de investimento ficou em média abaixo do mínimo desejado que seria 25% do PIB ao ano, o crescimento sustentável econômico, com geração de empregos não foi alcançada. E no período de 1995 a 1998 o país apresentou, em todos os anos, taxas de crescimento econômico abaixo da média mundial, além de ter adquirido o título de pais com menor taxa de crescimento do PIB entre os países emergentes.

Já o terceiro objetivo, está muito longe de ser antigo. Com uma política monetária contracionista, juros altos, arrocho fiscal, aumento da carga tributária, baixas taxas de investimento e constantes crises financeiras internacionais a economia ficou estagnada. Agravando ainda mais os desequilíbrios sociais, pois aumentou o desemprego como podemos verificar no gráfico 5.

Apesar do Plano Real ter obtido sucesso no seu principal objetivo que era controlar a inflação, o plano não conseguiu sanar, pelo menos até 1998, aquilo que diagnosticava como sendo o principal foco de pressão inflacionaria, que é o desequilíbrio das contas públicas.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa nos possibilitou identificar como era inflação antes do Plano Real, e as principais medidas utilizadas para combater esse mal na economia até o ano de 1998.

Vimos que fase de implantação do Plano Real foi divido em 3 fases, a fase 1 Programa de Ação Imediata (PAI), fase 2 Unidade Real de Valor (URV) e fase 3 a Nova Moeda o Real, e cada fase teve sua importância, pois a forma como foi implantada influenciou muito para seu sucesso.

Levando em conta todos os dados analisados podemos dizer que o principal objeto do Plano Real foi alcançado, pois o índice do IPCA que mede a inflação caiu vertiginosamente nos anos seguintes a implantação, entretanto outros objetivos como o crescimento sustentável do PIB e a queda da taxa de desemprego não foram alcançados.

Porém podemos verificar que o Plano Real foi um marco no controle da inflação no Brasil, e percebemos o beneficiou que ele trouxe para povo brasileiro, principalmente aos mais pobres.

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