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Poder Judiciário do Estado da Paraíba Tribunal de Justiça

Gabinete da Desa. Maria das Neves do Egito de A. D. Ferreira

ACÓRDÃO

INCIDENTE DE INCONSITTUCIONALIDADE

APELAÇÃO : N o 200.2005.019587-0/001 — Comarca de João Pessoa

RELATORA : Juiz Carlos Eduardo Leite Lisboa, em substituição da Desa. Maria das Neves do Egito A.D. Ferreira

APELANTE : Banco do Brasil S/A

ADVOGADO : Leônidas José de Farias Maribondo e Outros II

APELADO : Município de João Pessoa

ADVOGADO : Representado pelo seu Procurador Gilberto C. da Gama

APELAÇÃO CÍVEL — EMBARGOS À EXECUÇÃO

FISCAL — ARGÜIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE — INCISO V, ART. 47 DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL 02/91— MULTA COM EFEITO CONFISCATÓRIO — VIOLAÇÃO AOS PRINCÍPIOS CONS I 1 i UCIONAIS DA VEDAÇÃO AO CONFISCO, PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE — INCONSTITUCIONALIDADE.

- Constituição é a Lei Fundamental de um Estado

Soberano. Nela se estabelecem as premissas básicas de todo o sistema normativo vigente no ordenamento jurídico

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interno, de modo que as normas infraconstitucionais apenas serão válidas se compatíveis com a Carta Magna. - Estabelece a Magna Carta de 1988, que é vedada a União, os Estados e Municípios, utilizar tributo com efeito confiscatório, ou seja, estabelece a constituição o princípio da vedação ao confisco.

- Embora, a multa não se enquadre no conceito teleológico de tributo, com justiça a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal vem estendendo o uso do princípio da vedação ao confisco em relação às multas aplicadas pelos entes tributantes.

-No caso em tela, de acordo com o documento de fl.52, a multa aplicada pelo Fisco Municipal em relação à infração a legislação tributária realizada pelo apelante, é de 100% ( cem por cento) sobre o crédito devido. Tal penalidade é fundamentada pelo artigo 47, inciso V da Lei Complementar Municipal 02/1991, sendo tal dispositivo inconstitucional por violar o princípio da vedação ao confisco.

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. AC N o 200.2005.019.587-0/001

VISTOS, relatados e discutidos estes autos.

ACORDAM os Desembargadores da Segunda Câmara Cível do

Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, à unanimidade, suscitar o

Incidente de Inconstitucionalidade do artigo 47 7 inciso V da Lei Complementar Municipal 02/1991 do Município de João Pessoa.

Banco do Brasil S/A interpôs Apelação Cível contra decisão da 8° Vara da fazenda Pública da Capital que julgou improcedente os Embargos à Execução, oposto em face do Município de João Pessoa.

Em suas razões recursais ( fls. 125/180), alegou preliminarmente a inconstitucionalidade da Lei Complementar 56/87. No mérito aduziu ser indevida a cobrança do ISS nos serviços tributados diante da inexistência destes no rol taxativo da lista da lei municipal 02/91.

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Afirmou que os serviços tributados não eram onerosos e não constituíam atividades fins do apelante.

Por fim, alegou o efeito confiscatório da multa aplicada, em razão da infração tributária, por ele cometida.

Em sede contra-razões de fls. 200/208, o município apelado refutou as razões do apelo, bem como pugnou pela manutenção da decisão de primeiro grau.

O Parquet, instado a se manifestar, às fls.217/219, não apresentou parecer opinativo de mérito, ante a falta de interesse público que enseje a intervenção obrigatória ministerial.

É o relatório.

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VOTO: Juiz Carlos Eduardo Leite Lisboa

Relator

Constituição é a Lei Fundamental de um Estado Soberano. Nela se estabelecem as premissas básicas de todo o sistema normativo vigente no ordenamento jurídico interno, de modo que as normas infraconstitucionais apenas serão válidas se compatíveis com a Carta Magna.

O fundamento de validade de todas as normas produzidas no nosso ordenamento jurídico é a Constituição Federal de 1988.

Pois bem, artigo 47, inciso V da Lei Complementar Municipal 02/1991 infringe vários princípios previstos na Carta Magna de 1988, quais sejam, o da vedação ao confisco, razoabilidade e da proporcionalidade.

Ainda, de acordo com os doutrinadores Robert Alexy e Ronald Dworkin, extrai-se do âmago da Constituição normas com natureza de regras e outras,

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, AC No 200.2005.019.587-0/001

As regras são comandos normativos prescritivos, seguem a lógica do tudo ou nada, ou se aplicam ou não, já os princípios são postulados de otimização, seguem a lógica da ponderação.

A respeito desta diferenciação entre regras e princípios, colaciono o eminente magistério de André Ramos Tavares:

"(...) Como conseqüência da distinção operada,

tem-se que os princípios permitem o balanceamento de valores e interesses (não obedecem, como as regras, à lógica do tudo ou nada), consoante seu peso e a ponderação de outros princípios eventualmente conflitantes (...). Em outras palavras, os princípios são responsáveis pela incorporação de valores fundamentais no sistema jurídico. Assim, acabam conferindo unidade ao sistema, porque "(...) são o fundamento de regras jurídicas e têm uma idoneidade irradiante que lhes permite ligar ou cimentar objetivamente todo o sistema constitucional."

Assim, as normas principiológicas possuem o papel de sedimentarem valores essenciais da nossa sociedade, no sistema jurídico, é o que acontece com os princípios acima citados.

Estabelece a Magna Carta de 1988, que é vedada a União, os Estados e Municípios, utilizar tributo com efeito confiscatório, ou seja, estabelece a constituição, o princípio da vedação ao confisco.

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

IV - utilizar tributo com efeito de confisco.

Embora, a multa não se enquadre no conceito teleológico de tributo, com justiça, a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal vem estendendo o uso do princípio da vedação ao confisco em relação às multas aplicadas pelos entes tributantes, no caso, o Município de João Pessoa.

Neste sentido, transcrevo o posicionamento do Supremo Tribunal Federal, no julgado a seguir:

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. §§ 2.° E 3.° DO ART. 57 DO ATO DAS DOSPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. FIXAÇÃO DE VALORES MÍNIMOS PARA MULTAS PELO NÃO-RECOLHIMENTO E SONEGAÇÃO DE TRIBUTOS ESTADUAIS. VIOLAÇÃO AO INCISO IV DO ART. 150 DA CARTA DA REPÚBLICA.

- A desproporção entre o desrespeito à norma tributária e sua conseqüência jurídica, a multa, evidencia o caráter confiscatório desta, atentando contra o patrimônio do contribuinte, em contrariedade ao mencionado

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1

. AC No 200.2005.019.587-0/001

dispositivo do texto constitucional federal. Ação julgada procedente.2

É lógico tal entendimento, pois quando são aplicados multas em valores exorbitantes pelo fisco, perece em nossos olhos o direito de propriedade, previsto expressamente no artigo 5° da CF/88, in verbis:

Art. 5° Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.

No caso em tela, de acordo com o documento de fi.52, a multa aplicada pelo Fisco Municipal em relação à infração a legislação tributária realizada pelo apelante, é de 100% ( cem por cento) sobre o crédito devido.

Tal penalidade pecuniária foi aplicada com base no artigo 47, inciso 6

v da Lei Complementar Municipal 02/1991, que expressamente dispõe:

Art. 47. São infrações as situações a seguir indicadas, passíveis de aplicação das seguintes penalidades:

V - No valor de 100% (cem por cento) do tributo corrigido, a falta de declaração após o primeiro dia do mês seguinte ao do vencimento do imposto;

Dessa forma, entendo que o dispositivo supracitado, inciso V, art. 47 da lei complementar municipal 02/91, é dotado de inconstitucionalidade material, pois além de violar a razoabilidade e a proporcionalidade, viola o princípio da vedação ao confisco, ao estabelecer multa no valor de 100% ( cem por cento) sobre o total do crédito tributário que deveria ter sido pago pelo o contribuinte.

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A meu ver, a função da multa tributária é exercer primeiramente o

seu caráter punitivo, e posteriormente desempenhar a sua função educativa para que os cidadãos cumpram com suas obrigações de contribuintes. Dessa forma, entendo que as multas não poderão ser utilizadas como mero instrumento de arrecadação de receitas, pois esta função é pertinente às espécies tributárias existentes.

Por fim, diante das argumentações expendidas, submeto a

presente questão ao Egrégio Tribunal Pleno, para que seja instaurado o Incidente de Inconstitucionalidade do inciso V, art. 47, da Lei

Complementar no 02/91, do Município de João Pessoa.

É como voto.

Presidiu a Sessão o Excelentíssimo Desembargador MARCOS

CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE. Participaram do Julgamento com ESTE

RELATOR (Juiz de Direito Convocado, em substituição à eminente

Desembargadora MARIA DAS NEVES DO EGITO DE A. D. FERREIRA), a Excelentíssima Dra . MARIA DAS GRAÇAS MORAIS GUEDES (Juíza de Direito Convocada, em substituição à eminente Desembargadora MARIA DE FÁTIMA

C, 2 RE 361829, Relator(a): Min. CARLOS VELLOSO, Julgamento: 13/12/2005, Segunda Turma, Dl 24-02-2006 / ,,/

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. • • . , i. , AC No 200.2005.019.587-0/001

MORAES BEZERRA CAVALCANTI) e o Excelentíssimo Desembargador MARCOS

CAVALCANTI DE ALBUQUERQUE.

Presente à Sessão o Excelentíssimo Doutor FRANCISCO

SAGRES MACEDO VIEIRA, Procurador de Justiça.

Sala de Sessões da Segunda Câmara Cível do Egrégio Tribunal de Justiça da Paraíba, em João Pessoa/PB, 07 de abril de 2009.

JUIZ

CARLOS E ARD EITE LISBOA

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TRIBUNAL

DE JUSTIÇA

Coordena doria .J 'iriaria Registrado eirt ja.1 067. O

Referências

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