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Análise Espacial da Ocorrência de Esquistossomose em Lagarto-SE utilizando o Geoprocessamento

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA. Análise Espacial da Ocorrência de Esquistossomose em Lagarto-SE utilizando o Geoprocessamento. Linha de Pesquisa: Dinâmica Ambiental. Adelson de Santana Borges Prof. Orientador: Prof. Dr. José Antônio Pacheco de Almeida. SÃO CRISTOVÃO-SE 2009.

(2) FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE. Borges, Adelson de Santana B732a. Análise espacial da ocorrência de esquistossomose em Lagarto-SE utilizando o geoprocessamento / Adelson de Santana Borges. – São Cristóvão, 2009. 167 f. : il.. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Núcleo de PósGraduação em Geografia, Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, Universidade Federal de Sergipe, 2009.. Orientador: Prof. Dr. José Antônio Pacheco de Almeida. 1. Lagarto (SE) – Aspectos geográficos. 2. Lagarto (SE) – Aspectos sócio - ambientais. 3. Esquistossomose – Lagarto (SE). 4. Saneamento básico – Lagarto (SE). I. Título.. CDU 911:616.993.122 (813.7Lagarto). 1.

(3) ADELSON DE SANTANA BORGES. ANÁLISE ESPACIAL DA OCORRÊNCIA DE ESQUISTOSSOMOSE EM LAGARTO-SE UTILIZANDO O GEOPROCESSAMENTO. Dissertação apresentada a Coordenação de Ensino Superior da Universidade Federal de Sergipe como exigência para obtenção do título de Mestre em Geografia.. Prof. Orientador: Prof. Dr. José Antônio Pacheco de Almeida. SÃO CRISTOVÃO-SE 2009 2.

(4) RESUMO O presente estudo analisa o quadro atual da ocorrência de esquistossomose no município de Lagarto-SE, mediante a modelagem dos dados epidemiológicos de 1999 a 2008 combinados com dados atuais fisiográficos, sociais, culturais e de cobertura do saneamento básico em 41 localidades. O principal objetivo deste é fazer um zoneamento dos principais focos de esquistossomose no município de Lagarto com base em critério de vulnerabilidade construído a partir da análise de dados epidemiológicos, ambientais e socioculturais. Inicialmente foi realizado um levantamento e espacialização dos dados operacionais das atividades de vigilância do Programa de controle da Esquistossomose (PCE), obtidos na Secretaria Municipal da Saúde do município, a qual permitiu a geração dos mapas representativos das áreas de ocorrência da doença no período de 1999 a 2008, Dados obtidos em pesquisa de campo obtidos através de questionários foram tabulados e distribuídos de acordo com 8 unidades de planejamento estabelecidas no município pela SRH. O artifício utilizado permitiu a redução do conjunto, homogeneizando os resultados de forma a facilitar o tratamento estatístico dos dados. Em seguida foram procedidas as manipulações e análises das variáveis que permitiram a determinação das vulnerabilidades das unidades de planejamento do município de Lagarto/Se. Para tanto, foi utilizado o Sistema de Informações Geográficas ―SPRING‖, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em conjunto com o soft de análise estatística Statistical Package for the Social Sciences - SPSS. Na comparação dos resultados representados nos mapas temáticos entre as unidades de planejamento foi possível identificar os fatores (similares ou não) que concorrem para tornarlas endêmicas, que combinados resultou no mapa síntese das áreas mais vulneráveis à ocorrência da doença, fato este confirmado principalmente nas localidades pertencentes a Unidade de Planejamento Jacaré que apresenta historicamente um dos maiores registros de casos de esquistossomose em Lagarto no período estudado (43,47%). Admitindo-se satisfatório o enquadramento alcançado e a metodologia aplicada, concluiu-se que o zoneamento proposto a partir do modelo matemático gerado comportou-se de forma satisfatória na análise de fatores considerados de risco para a aquisição da doença, constituindo-se de uma ferramenta adequada para o auxilio das estratégias de controle da doença no município de Lagarto/SE. Palavras-chave: dinâmica ambiental, geoprocessamento, esquistossomose. 3.

(5) ABSTRACT. The present study analysed the modeling of occurrence of the human Shistosomosis in Lagarto City, State of Sergipe from 1999 to 2008 in combination with physiographic, social, cultural and sanitation data from 41 municipalities. The main objective of this study is to develop a map with the main potential areas of the risk for the occurrence of Shistosomosis in Lagarto,SE. Bassing a anterior of vulnerability built with epidemiological environmental and sociocultural data. Firstly, we perfomed a spacelation of the operational data of activities of vigilance of the Schistosomiasis Control. Program obtained at the secretariat of. municipalities health and permited the generation of maps containg the areas of occurrence of the disease in the period from 1999 to 2008. The methodology followed first analysis of epidemiological official data from the Shistosomosis Control Program (PCE) from the State of Sergipe. Secondly, an epidemiological survey was performed using a questionnaire to evaluate several social, cultural and sanitation data in 1893 houses. These data were tabulated and distributed in 8 Health Units from the City of Lagarto. The analysis of these combined data in SPRING, developed by National Institute of Space Research (NISP) and Statistical Package for Social Science - SPSS identified some more specific measurements that can be used as risk factors for the occurrence of Shistosomosis in Lagarto. The analyses of these combinated data using Geographic information system in a Synthesis map made possible to identify the health unit of Jacaré as the area with higher levels of occurrence of Shistosomosis in Lagarto (43,47% of the studied sample). In conclusion, the applied methodoly was able to create a mathematical modeling for mapping risk areas of occurrence of Shistosomosis that will be important to guide the epidemiological control measures in Shistosomiasis.. Key-words: dynamic environment, geoprocessing, schistosomiasis.. 4.

(6) ADELSON DE SANTANA BORGES. ANÁLISE ESPACIAL DA OCORRÊNCIA DE ESQUISTOSSOMOSE EM LAGARTO-SE UTILIZANDO O GEOPROCESSAMENTO. Dissertação apresentada a Coordenação de Ensino Superior da Universidade Federal de Sergipe como exigência para obtenção do título de Mestre em Geografia. .. BANCA EXAMINADORA. ________________________________________________________________ 1°Examinador. ________________________________________________________________ 2°Examinador. ________________________________________________________________ 3°Examinador 5.

(7) AGRADECIMENTOS. Ao Amigo Prof. Dr. José Antônio Pacheco de Almeida que orientou o trabalho com paciência e simpatia. Por meio dos seus ensinamentos, entusiasmo e simplicidade que incentivou-me no aprofundamento dos conhecimentos em geotecnologias, culminando com o meu ingresso no mestrado em Geografia/UFS. A Estimada Profa. Dra. Vera França que contribuiu, em especial, no meu amadurecimento no pensamento geográfico, durante as aulas por ela ministradas e que foi imprescindível para a conclusão do estudo.. Ao Amigo Aroldo de Melo Santos, Coordenador do Setor de Auditoria/ Programa de Convênios da Secretaria Municipal de Saúde de Lagarto pela viabilização da aplicação dos questionários, mobilizando todo o efetivo de agentes de saúde do município, sem os quais seria impossível continuar a pesquisa.. Ao Sr Luis Jorge Pinheiro de Araujo, Divisão Técnica da Esquistossomose / Secretaria Municipal de Saúde do Município de Lagarto, um profundo conhecedor da esquistossomose no campo da malacologia, com reconhecimento dos pesquisadores da Fiocruz.. A minha esposa Cristiani, Enfermeira Sanitarista, pela sua colaboração e motivação.. Enfim, a todo corpo docente do Curso de Pós-Graduação em Geografia pela dedicação e competência com que me transmitiu os conhecimentos necessários ao desenvolvimento da pesquisa.. 6.

(8) LISTA DE TABELAS. Tabela 1: População por Situação de Domicílio de Lagarto-SE, em 1991 e 2000. 42. Tabela 2: População Total do Município de Lagarto-SE, em 1996 e 2007. 43. Tabela 3: Habitação - Acesso a Serviços Básicos de Lagarto-SE, em 1991 e 2000. 43. Tabela 4: Nível Educacional da População de Lagarto-SE, em 1991 e 2000. 43. Tabela 5: Distribuição Amostral das Localidades Estudadas. 55. Tabela 6: Dados de Temperatura em Lagarto. 62. Tabela 7: Dados de Precipitação em Lagarto. 63. Tabela 9: Unidade de Planejamento - Hidrografia. 67. Tabela 10: Infraestrutura Local nas Unidades de Planejamento – Abastecimento de Água. 78. Tabela 11: Infraestrutura Local nas Unidades de Planejamento – Esgotamento Sanitário. 80. Tabela 12: Perfil Sócioeconômica e Cultural nas Unidades de Planejamento – Membro(s) da Família que Trabalha com Lavoura Irrigada. 82. Tabela 13: Perfil Sócioeconômica e Cultural nas Unidades de Planejamento – Distância do Domicílio ao Manancial. 84. 7.

(9) Tabela 14: Perfil Sócioeconômica e Cultural nas Unidades de Planejamento – Nível de Escolaridade dos Pais. 86. Tabela 15: Perfil Sócioeconômica e Cultural nas Unidades de Planejamento – Existência de Membro da Família Trabalhando. 87. Tabela 16: Perfil Sócioeconômica e Cultural nas Unidades de Planejamento – Formas de Contato com os Mananciais. 89. Tabela 17: Perfil Sócioeconômica e Cultural nas Unidades de Planejamento – Distância do Domicílio ao Manancial. 92. 8.

(10) LISTA DE QUADROS. Quadro 1: Unidade de Planejamento – Meso-Clima no Município de Lagarto. 60. Quadro 2: Casos de Esquistossomose por Unidade de Planejamento. 70. Quadro 3: Escala de Valoração / Potencialidade das Características Fisiográficas. 92. Quadro 4: Escala de Valoração / Potencialidade das Características da Infraestrutura. 93. Quadro 5: Escala de Valoração / Potencialidade das Características Sócioeconômicas. 94. Quadro 6: Índice de Vulnerabilidade do Município de Lagarto. 97. 9.

(11) LISTA DE FIGURAS. Figura 1: Áreas de Vulnerabilidade Municipal em Sergipe. 18. Figura 2: Esquematização da Pesquisa. 25. Figura 3: Localização da Área de Estudo. 40. Figura 4: Biomphalária Glabata. 44. Figura 5: Corpo d‘água infestado de caramujos B. Glabata no Bairro Estação – Sede do Município. 45. Figura 6: Capacitação dos agentes de saúde. 48. Figura 7: Coleta de dados para o georreferenciamento da imagem de satélite. 49. Figura 8: GPS (GEOTREX e JUNO ST -TRIMBLE) utilizados no georreferenciamento e coleta de dados. 50. Figura 9: Fluxograma para determinação das áreas de vulnerabilidade. 54. Figura 10: Carta – Imagem das Localidades Estudadas. 58. Figura 11: Unidade de Planejamento – Meso-Clima. 61. Figura 12: Curvas Ombrotérmicas do Município de Lagarto - Período:1999 a 2008. 65. Figura 13: Hidrogeologia no Município de Lagarto. 66. 10.

(12) Figura 14: Unidade de Planejamento – Hidrografia. 68. Figura 15: Dinâmica dos Casos de Esquistossomoses - Período:1999 a 2008. 76. Figura 16: Ausência de saneamento básico no Bairro Ademar de Carvalho - Sede do Município de Lagarto-SE. 79. Figura 17: Lagoa nas proximidades da periferia - Sede do Município de Lagarto-SE. 83. Figura 18: Lavadeiras no povoado Brejo pertencente à UP Jacaré. 90. Figura 19: Local de recreação da população do Assentamento Nossa Senhora da Piedade pertencente à UP Jacaré. Figura 20: Áreas de Vulnerabilidade no Município de Lagarto. 90. 98. 11.

(13) LISTA DE GRÁFICOS. Gráfico 1: Forma de abastecimento de água nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 78. Gráfico 2: Forma de destinação do esgoto sanitário nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 80. Gráfico 3: Membros da família que trabalha com lavoura irrigada nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 82. Gráfico 4: Distância do domicílio ao manancial nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 84. Gráfico 5: Nível de escolaridade dos pais nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 86. Gráfico 6: Local de trabalho do membro(s) da família nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 87. Gráfico 7: Formas de contato com os mananciais nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 88. Gráfico 8: Frequência de contato com os mananciais nas unidades de planejamento do município de Lagarto-SE. 91. 12.

(14) “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” Art. 225 Constituição Federal. 13.

(15) SUMÁRIO. 1.. INTRODUÇÃO. 16. 1.1. Justificativa. 20. 1.2. Objetivo Geral. 21. 1.3. Objetivos Específicos. 21. 2.. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 22. 2.1. Dimensão Física. 26. 2.1.1 Aspectos Fisiográficos. 28. 2.1.2 Infraestrutura. 31. 2.2. Dimensão Saúde. 32. 2.3. Dimensão Socioeconômica e Cultural. 34. 2.4. Geoprocessamento em Saúde. 36. 2.5. Tratamento Estatístico. 38. 3.. METODOLOGIA. 39. 3.1. Diagnóstico Sócio-Ambiental do Município de Lagarto. 39. 3.1.1 Localização. 39. 3.1.2 Clima. 39. 3.1.3 Geomorfologia e Pedologia. 39. 3.1.4 Vegetação. 41. 3.1.5 Hidrologia. 41. 3.1.6 Perfil Populacional do Município de Lagarto. 41. 3.1.7 Fauna de Interesse Epidemiológico. 44. 3.2. 45. Descrição do Desenho do Estudo. 3.2.1 Metodologia do Objetivo 1. 46 14.

(16) 3.2.2 Metodologia do Objetivo 2. 46. 3.2.3 Metodologia do Objetivo 3. 47. 3.2.4 Metodologia do Objetivo 4. 50. 3.2.5 Metodologia do Objetivo 5. 52. 4.. RESULTADOS. 55. 4.1. Dimensão Física. 59. 4.1.1 Condicionantes Climáticos. 60. 4.1.2 Condicionantes Hidrográficos. 66. 4.2. 69. Dimensão Saúde. 4.2.1 Epidemiologia. 69. 4.3. Infraestrurura. 77. 4.4. Dimensão Sócioeconômica e Cultural. 81. 5.. DISCUSSÃO. 99. 6.. CONCLUSÃO. 104. 7.. BIBLIOGRAFIA. 105. APÊNDICES. 113. 15.

(17) 1. INTRODUÇÃO. O Shistossoma mansoni é o parasita causador da esquistossomose, uma das doenças de maior ocorrência no mundo. Segundo Amaral e Porto (1994), estima-se que o total de casos da doença esteja entre dez e doze milhões no Brasil. De acordo com a World Health Organization (WHO, 1985), a esquistossomose ocorre em 76 países, atingindo 200 milhões de pessoas, ocupando o segundo lugar em ocorrência no mundo, sendo superada apenas pela malária. É uma das doenças de maior prevalência entre aquelas veiculadas pela água e, nos países em desenvolvimento, representa um dos principais riscos para as populações rurais. Embora a maioria dos pacientes infectados apresentam formas clínicas menos graves da doença, formas intestinal e hepatoinstestinal, cerca de 5% a 10% dos infectados apresentam formas mais graves da doença, forma hepatoesplênica, com formação de granulomas hepáticos e oclusão dos vasos periportais e hipertensão portal a qual resulta em formação de varizes potencialmente sangrantes no esôfago e fundo gástrico. Em fases mais avançadas da forma hepatoesplênica pode haver acumulo de líquido peritoneal, sendo a doença conhecida popularmente como ―barriga d‘água‖1. O Shistosoma Mansoni, para ser transmitido, necessita, obrigatoriamente, sair do hospedeiro definitivo (homem), passar por ciclo complementar no interior de um hospedeiro intermediário (algumas espécies de caramujos que habitam ambientes aquáticos), para que então se torne novamente infectante para o homem. Quanto se tem como meta o controle da transmissão da doença, o estudo do “habitat” natural desses planorbídeos, bem como seu comportamento frente às alterações climáticas, reveste-se de especial importância, visto que ambientes que abrigam populações de caramujos de importância epidemiológica ou suscetíveis ao Shistosoma mansoni constituem áreas receptivas ao processo de transmissão de esquistossomose (FUNASA, 1998).. 1. A gravidade da doença depende de diversos fatores, a exemplo da carga de infecção, da resposta imunológica ao ovo do parasita depositado nos tecidos, assim como da genética do hospedeiro.. 16.

(18) A esquistossomose mansônica se estabeleceu na antiguidade e o seu crescimento está associado com o desenvolvimento da agricultura irrigada sendo que as transformações ambientais determinaram as condições para tornar essas áreas endêmicas.. O conhecimento sobre a doença e seus mecanismos de transmissão avançou significativamente desde a sua descoberta pelo médico e cientista Pirajá da Silva2, possibilitando reconhecer que as variações espaciais e ou temporais observadas no padrão de transmissão da endemia são também condicionadas por modificações ambientais, climáticas, sócio-econômicas, culturais, individuais e outras. O presente trabalho visa analisar a evolução nos últimos dez anos da ocorrência de esquistossomose no Município de Lagarto-SE, mediante a modelagem dos dados epidemiológicos, fisiográficos, socioeconômicos e culturais e de infraestrutura no Município, de forma a possibilitar o zoneamento, segundo o critério de vulnerabilidade para a ocorrência da doença. Consiste também no aprofundamento de um estudo realizado pelo autor e que permitiu identificar áreas no Estado Sergipe com registros elevados de casos de esquistossomose e enquadrar segundo o índice de vulnerabilidade3 construído para o Estado o município de Lagarto, dentre outros 23 municípios numa área de alta vulnerabilidade (Figura 01). Outro ponto levado em consideração na escolha do município é o grande volume de dados disponíveis no Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde o que permitiu uma análise temporal e espacial da evolução da doença, mediante a comparação dos dados obtidos nas localidades, trabalhados e distribuídos de acordo com as 8 Unidades de Planejamento.. 2. Médico e cientista pioneiro no estudo da esquistossomose no Brasil, sendo responsável no ano de 1908 pela publicação de trabalhos que mostravam a existência da doença no Brasil, suas manifestações clínicas e seu diagnóstico (ANDRADE, 2002). 3. Índice de vulnerabilidade obtido pela média aritmética: IV = [1.00 x Clima + 1.00 x Hidrografia (Potencialidade dos Aspectos Fisiográficos) + 1.50 x IDH-M + 1.50 x Taxa de Alfabetização + 1.50 x Taxa bruta de Freqüência Escolar (Potencialidade dos Dados SócioEconômicos) + 2.50 x Cobertura do SAA + 2.50 x Cobertura do SES (Potencialidade do Saneamento)] / 11.50.. 17.

(19) L EGEN DA Alta Média Ba ixa. Simão Dias Lagarto Riachão do Dantas. Campo do Brito Itaporanga D‘Ajuda Boquim. Figura 08: Índice de Vulnerabilidade Municipal no Spring.. Figura 1: Áreas de Vulnerabilidade Municipal em Sergipe Fonte: Autor, 2007. Para simplificar a metodologia, 41 localidades estudadas do município passaram a ser representadas por 8 Unidades de Planejamento delimitadas pela Secretaria de Recursos Hídricos – SRH, de acordo com as bacias hidrográficas do município, assim nomeadas: Vaza Barris, Eixo Vaza Barris, Jacaré, Lomba, Belém, Médio Superior Piauí, Piauitinga e Alto Piauí. Desta forma, para o estudo que pretende explicar a ocorrência de uma endemia, teve que amparar-se nas análises conjuntas, escolhendo indicadores e parâmetros que eliminem ao máximo a subjetividade, e que permitam estabelecer associações entre os indicadores e as condições sócioeconômicas da população. A atividade profissional e o comportamento da população em relação às coleções hídricas, que as utiliza como áreas de lazer mesmo quando contaminadas, devem ser investigadas. A exemplo dos indicadores: tomar banho nos córregos que segundo Lima e Costa (1994) ―implica em exposição de grande área do corpo à penetração de cercárias e, por ser uma necessidade, em maior intensidade na exposição4. Esse contato resultaria, portanto, em maior intensidade da infecção‖, somando-se 4. Kiet e Col demonstraram uma relação entre o tempo de contato com a água e a intensidade da infecção, medida pelo aumento de ovos/g de fezes pelo método parasitológico de Kato-Katz.. 18.

(20) ao estilo de vida. ―Fatores de exposição podem depender dos modos que os indivíduos interagem com o ambiente como eles movimentam-se pelo espaço, que propriamente depende do alcance diário das atividades, tipo e local de residência, local de trabalho, viagens e padrões de migração, hábitos, comportamentos‖ (ELLIOTT & WARTENBERG, 2004).. Para tanto, a pesquisa foi estruturada objetivando primeiramente fazer o diagnóstico sócio-ambiental do Município de Lagarto, considerando os aspectos socioeconômicos, fisiográficos e geológicos. A fundamentação teórico-metodológica trata de uma revisão histórica do pensamento filosófico que norteou os estudos na epidemiologia e dos aportes dos conceitos geográficos para explicar a ocorrência e distribuição da esquistossomose no município, trabalhados sob três dimensões (física, saúde, sócioeconômico e cultural) e os mecanismos de controles estabelecidos. Para o trabalho da coleta das informações principalmente junto à vigilância epidemiológica do Município de Lagarto, foi realizado trabalho de campo, através da realização de inquérito sanitário devidamente georreferenciado, englobando a aplicação de questionários, tratamento dos dados mediante a utilização dos procedimentos estatísticos de análise no Statistical Package for the Social Sciences – SPSS e posterior modelagem no Sistema de Informações Geográficas (SPRING). Tal procedimento possibilitará a associação dos casos da doença levantados no município às informações de cobertura do saneamento básico e comportamentais da população de 41 povoados de Lagarto, nas quais estão inseridos bairros da sede do município.. As. comparações entre as unidades de planejamento serão realizadas mediante o tratamento dos dados por métodos estatísticos de análise uni e multivariada dos dados e a realização da análise por regressão linear, na tentativa de compreender o fenômeno no município; nos últimos capítulos são apresentados os resultados alcançados por essa pesquisa para, em seguida, serem expostas as conclusões.. Ao final, o estudo será capaz de responder quais os fatores que concorrem para tornar o município historicamente endêmico e se são reproduzidos de forma homogênea entre as Unidades de Planejamento, estabelecendo zonas de ocorrência da doença que indicam as áreas mais vulneráveis para promover medidas de controle epidemiológico.. 19.

(21) 1.1 Justificativa. Em pesquisa desenvolvida a nível de Estado foi possível identificar segundo o enquadramento obtido, 24 dos municípios de Sergipe, dentre os quais Lagarto encontra-se inserido, em nível de vulnerabilidade alto e 18 municípios em nível médio o que coloca em risco um elevado contingente de habitantes. Tais índices no referido estudo foram atribuídos às questões relacionadas principalmente a baixa cobertura do sistema de esgotamento sanitário. Contudo, as satisfatórias taxas brutas de freqüência escolar nos municípios propiciam um ambiente favorável à realização de ações educativas que contribuam para o aumento da conscientização da população sobre riscos da doença e da necessidade de modificar hábitos e costumes.. Os registros epidemiológicos no Estado de Sergipe demonstram um quadro crônico de ocorrência da esquistossomose no município de Lagarto, com 3.239 notificações no período de 1999 a 2008, cuja maior prevalência no ano de 2002 foi 13,56%, permanecendo na faixa entre 5% e 25%. Fato que demonstra controle dos níveis de prevalência, entendidos como aceitáveis pelo Ministério da Saúde, nos últimos anos.. Do ponto de vista da Saúde Pública que necessita conter o avanço da doença é importante a adequada destinação dos recursos financeiros para manter a sua prevalência em níveis aceitáveis.. Para a ciência geográfica representa uma contribuição para o entendimento dos fenômenos naturais e sociais que tornam o município historicamente endêmico e que poderão orientar as estratégias das políticas públicas direcionadas a vigilância e controle da doença, beneficiando especialmente as populações carentes do meio rural. Assim como, identificar quais os fatores que concorrem para tornar o município de Lagarto historicamente endêmico em esquistossomose e se são reproduzidos de forma homogênea entre as localidades (Povoados) agrupadas em Unidades de Planejamento. A possibilidade de zoneamento de áreas com maior risco de ocorrência de doença poderá ser utilizada inclusive para outras áreas potencialmente endêmicas no estado, tornando-se mais efetivas as estratégicas de prevenção, 20.

(22) as quais atualmente são dispendiosas por serem baseadas principalmente em diagnóstico e tratamento de casos.. 1.2 Objetivo Geral. Realizar um zoneamento dos principais focos de esquistossomose no município de Lagarto-SE com base em um critério de vulnerabilidade construído a partir da análise da evolução da ocorrência da esquistossomose no período de 1999 a 2008 e de fatores geoambientais e sócioculturais.. 1.3 Objetivos Específicos. 1.. Pesquisar dados históricos dos casos de esquistosomose notificados no município de Lagarto;. 2.. Realizar a caracterização geoambiental (clima, temperatura e hidrografia) do município de Lagarto;. 3.. Efetuar inquérito epidemiológico e sanitário georreferenciado das comunidades utilizando-se um receptor de navegação GPS (Global Positioning System), analisar e correlacionar dados sociais (hábitos e costumes associadas à doença), educacionais (nível de escolaridade), de acesso aos serviços básicos de saneamento (cobertura do abastecimento de água e esgoto) e fisiográficos (clima e hidrografia) com a ocorrência da doença;. 4.. Determinar áreas de risco de ocorrência da doença a partir das localidades estudadas que compõem o município de Lagarto;. 5. Estabelecer um índice de vulnerabilidade com a finalidade de determinar um zoneamento de áreas de riscos da ocorrência de esquistossomose no município de Lagarto.. 21.

(23) 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. O processo de análise da ocorrência das endemias, em especial das doenças negligenciadas, deve partir da reconstrução do sistema de relações que gira entorno do objeto em estudo. A doença sob essa perspectiva apresenta-se mais apropriada, pois analisa como a totalidade cria condições para a ocorrência das mesmas.. Dentro da perspectiva oferecida pela geografia, inverte-se o processo usual de análise em epidemiologia: ao invés de partir da doença e analisar como esta se insere no contexto, parte-se da totalidade, analisando como esta criou as condições de ocorrência da doença. (SILVA, 1997). Nesse sentido vem a importância do pensamento hipocrático e a necessidade de seu resgate no estudo das doenças de interesse coletivo, diante de um mundo complexo.. A postura racional, presente no comportamento filosófico na antiga Grécia, tratava a doença como fenômeno da própria natureza, concebendo-a como pontos de desequilíbrios, de forma a representar a característica mais marcante da medicina hipocrática. Na concepção hipocrática, o corpo humano e tudo aquilo que o circunda — que, em conjunto, constituem a physis — eram pensados por meio da composição dos elementos ar, terra, água e fogo, e pelas qualidades de frio, quente, seco e úmido. Corpo e espaço eram compreendidos a partir desses elementos e qualidades. A constituição do corpo se alteraria de modo integrado às mudanças que ocorrem na constituição da natureza (CZERESNIA, 2001).. Para Czeresnia (op. cit):. a idéia de constituição epidêmica concebida como fenômeno de desequilíbrio da harmonia da natureza, perante a complexidade das relações na atualidade, impõe a necessidade de uma proposta que adote a pluralidade disciplinar e metodológica, de forma a potencializar a capacidade de resolver as questões.. Assim sendo, ―os conceitos geográficos propostos por Milton Santos, por exemplo, constituíram importante referência para compreender a complexidade das relações entre espaço e produção de doenças (CZERESNIA et al., 2000)‖ e que conforme Costa (1999, apud. Santos, 1992) ―o processo de ocupação do espaço desde seu início (passado) até o 22.

(24) momento (presente) se refletirá no futuro e é parte inerente dos determinantes da condição de vida‖. Essa idéia de constituição epidêmica, inicialmente proposta como conjunto de circunstâncias (geográficas, históricas, antropológicas, sociológicas) que condicionam o surgimento das epidemias foi resgatado frente a incapacidade de encontrar respostas diante das complexas interações estabelecidas no mundo moderno, passando a existir uma revalorização do saber contemplativo, que não se baseia na separação e na fragmentação do conhecimento.. Nesse contexto, surgem novos conceitos que podem ser interpretados como análogos não só à idéia de ‗constituição‘ como à também antiga noção de ‗predisposição‘. Conceitos como vulnerabilidade e empowerment orientam-se na procura de definir as tramas de uma rede complexa, constituída por aspectos que compõem diferentes níveis de integração da realidade e que favorecem, ou não, predispõem, ou não, a emergência do processo do adoecer (CZERESNIA, 2001).. É importante salientar que:. A medicina, em especial, o ramo que procura entender os fenômenos das doenças (coletivas) sempre recorreu ao conceito de espaço da geografia, e que em um determinado momento (com o desenvolvimento da microbiologia) houve um afastamento, colocando em segundo plano o espaço. (COSTA, 1999). A aproximação e o resgate da lógica do pensamento Hipocrático, conforme Czeresina et al (2000) ―está presente também nas sucessivas formulações teóricas — especialmente as da vertente chamada geografia médica — que preservaram a intenção de atingir uma abordagem integrada e globalizante‖. Contudo, tal abordagem tem exigido a utilização cada vez mais de técnicas modernas no tratamento (manipulação) dos dados, no sentido de obter maior precisão nos resultados.. 23.

(25) Para possibilitar o alcance do objetivo geral, estruturou-se e procedeu-se o início das fases das análises da pesquisa sob a visão das dimensões: física, saúde e sócioeconônmica e cultural (Figura 2), finalizando com a construção do mapa síntese que representa o zoneamento, segundo o critério de vulnerabilidade para a ocorrência da doença.. 24.

(26) 25.

(27) 2.1. Dimensão Física. A antiga civilização grega já apresentava conceitos para explicar a sua visão de mundo considerando as relações consistentes e explicativas entre o clima e a sociedade, ou entre climas e comportamento humano. O reconhecimento de que tais elementos exerciam e passavam a determinar as condições de vida do homem e sua organização no espaço influenciou correntes do pensamento e diversas áreas do conhecimento humano. Essa visão holística esta presente na teoria do geossistemas ―também designados como sistemas ambientais físicos, representam a organização espacial resultante da interação dos elementos físicos e biológicos da natureza (clima, topografia, geologia, águas, vegetação, animais, solos)‖ (CHRISTOFOLETTI, 1999). Nessa linha ―a geografia física, é capaz de analisar a dinâmica natural, possibilitando a compreensão dos fenômenos naturais e seu rebatimento sobre o sistema antrópico‖ (ALMEIDA, 2002).. É importante entender o espaço não só como conjunto de determinantes naturais que favorecem o surgimento da doença. Mas sim, como local onde há interações entre a sociedade e a natureza. Diferentemente, segundo o entendimento de Silva (1997), da conceituação clássica da epidemiologia em que ―o espaço é apenas o substrato que exerce sua influência através de fenômenos naturais, como o clima‖.. Para Silva (1997), o espaço é o cenário onde se desenvolvem as interações entre os diferentes segmentos das sociedades humanas e entre estas e a natureza. As doenças surgem ou, pelo menos, são modificadas por estas interações. Afirmando ainda que ―para a epidemiologia, a compreensão do processo de organização do espaço permite entender o papel do natural na gênese e distribuição das doenças‖. Daí a contribuição da geografia como ciência capaz de explicar tal processo, através da identificação dos fatores que isoladamente ou em conjunto potencializam a manifestação doença.. Na base desse processo de investigação, a identificação dos aspectos fisiográficos que influenciam diretamente os reservatórios do agente infeccioso (S. Mansoni) da esquistossomose: o homem (hospedeiro principal) e o caramujo (hospedeiro intermediário).. 26.

(28) Conforme Mcmichael e Githeko (2001) apud. Appleton e Stiles, (1976); Appleton, 1977), ― as condições precisas dentro dos corpos da água que determinam a transmissão dependem de um conjunto de fatores ambientais, incluindo a geologia e topografia local, a hidrologia geral da região, a presença ou a ausência da vegetação aquática, e a agricultura local‖. Acrescido o componente ―Clima‖ que segundo Crsitofoletti (1999), embora não ser um componente materializável, ―é fator fundamental para o geossistema pois constitui o fornecedor de energia, cuja incidência repercute na quantidade disponível de calor e água. O clima surge como o controlador dos processos e da dinâmica do geossistema‖.. As epidemias são muitas vezes dependentes do clima, tanto em termos de condições climáticas locais favoráveis a seu crescimento e desenvolvimento como em termos de ventos predominantes, que ajudam a transportar os germes ou os esporos para outras áreas. Também outros vírus causadores de doenças são transmitidos ou difundidos pelos insetos, de modo que as condições climáticas favoráveis a propagação desses vetores são as que facilitam a transmissão de tais doenças (AYOADE, 1998).. Um exemplo de aumento de transmissão de Shistosomas mansoni foi verificado por Barbosa (2001) na praia de Porto Galinhas-Pe, o surto de esquistossomose aguda decorreu da enchente do rio Ipojuca que invadiu as residências depositando caramujos infectados nas áreas peridomicíliares da localidade fazendo com que as tivesse exposição diária até que as águas baixassem. Todas as três espécies de caramujos (Bulinus, Biomphalaria, e Oncomelania) podem tolerar uma escala de temperatura larga. Em temperaturas baixas, os caramujos são latentes e a fecundidade é virtualmente zero, mas a sobrevivência é boa. Em altas temperaturas, os nascimentos (produção do ovo) aumentam, bem como a mortalidade. Entretanto, os caramujos são móveis e podem mover-se para evitar temperaturas extremas dentro de seus habitats; a água pode agir como um isolador eficiente. (MCMICHAEL; GITHEKO (2001) apud HAIRSTON, 1973; GILLETT, 1974; SCHIFF ET AL., 1979). O fenômeno descrito é também observado em outras espécies, haja vista afetarem suas funções físicas normais. Segundo Ayoade:. 27.

(29) Para os animais sobreviverem em determinada zona climática, eles devem estar fisiologicamente ajustados àquele ambiente climático. Todos os animais e em particular todas as raças animais, têm suas exigências climáticas ótimas para assegurar um crescimento e um desenvolvimento máximo. Quando os animais são transportados para ambientes climáticos aos quais não estejam acostumados, geralmente seus níveis de produção econômica caem abaixo do mínimo, embora possam não morrer, como acontece com as plantas (AYOADE, 1998 apud.. CRITCHFIELD, 1974).. 2.1.1. Aspectos Fisiográficos. Conforme Ayoade (op. cit.) descreve:. A temperatura pode ser definida em termos do movimento de moléculas, de modo que quanto mais rápido o deslocamento mais elevado será a temperatura. Mais comumente, ela é definida em termos relativos tomando-se por base o grau de calor que um corpo possui.. Sofrendo influência do relevo que tem o efeito atenuador, diminuindo com o aumento da altitude, nos trópicos representam importante fator devido à uniformidade térmica existente. A presença de corpos hídricos também provoca variações na temperatura. Fato explicado pela diferença nas características térmicas das superfícies continentais e hídricas.. Por sua vez:. A altura é importante fator que influencia a temperatura nos trópicos. A relativa uniformidade térmica que predomina nos trópicos é distorcida principalmente pelos efeitos da altura. As grandes diferenças de temperatura entre as distâncias curtas nos trópicos são usualmente devidas aos efeitos da variação da altitude. (AYOADE ibid.). ―A temperatura experimentada por um organismo vivo, incluindo o homem, depende da temperatura do ar bem como da taxa de perda de calor proveniente daquele organismo. Esta temperatura é denominada temperatura fisiológica e varia com os indivíduos‖ (AYOADE ibid.), estudos indicam que as espécies de caramujos que transmitem a esquistossomose, adaptam-se melhor quando a temperatura está entre 20º e 25º C).. 28.

(30) O vapor d‘água presente na atmosfera corresponde a baixos percentuais (2% da massa total) é a origem de todas as formas de condensação e precipitação, sua ocorrência exerce influencia direta sobre os seres vivos. Outro ponto importante: ―Pelo fato das temperaturas mostrarem muita uniformidade nos trópicos, as subdivisões dos climas tropicais são usualmente baseadas no volume e na distribuição da precipitação‖ (AYOADE, 1998), acrescentando ainda que ―a quantidade de vapor d‘água no ar é importante fator que influencia a taxa de evapotranspiração‖.. ―A atmosfera recebe umidade da superfície terrestre, através da evaporação da água do solo nu, das superfícies aquáticas e através da transpiração das plantas‖ (AYOADE, 1998). O processo combinado é definido como evapotranspiração, resultando na disponibilidade de umidade da atmosfera, tendo como importante fator a quantidade de vapor d‘água no ar, dentre outros fatores: como radiação solar, temperatura e velocidade do vento. Considerando que o hospedeiro intermediário (B. glabrata) vive somente em valas, canais de irrigação, tanques, represas, água estagnada com vegetação, margens de rios e lagoas, evitando as correntezas, é possível afirmar que o processo de evapotranspiração interfere diretamente no ―habitat‖ do caramujo.. As coleções hídricas representam aspectos fisiográficos importantes na determinação do potencial de transmissão da doença, constituindo-se possíveis criadouros dos moluscos. Regiões que apresentam disponibilidade de canais de escoamento de água atraem a atenção das equipes de vigilância epidemiológica.. Os moluscos hospedeiros podem colonizar uma grande variedade de habitats tanto lóticos (desde rios até pequenas valas) quanto lênticos (de lagoas a pequenas poças). Já os focos de transmissão propriamente ditos geralmente têm características ecológicas semelhantes, sendo localizados no peridomicílio de comunidades urbanas ou rurais desprovidas de água encanada ou saneamento. Mesmo nas áreas sujeitas a secas sazonais, esses criadouros podem albergar populações permanentes de moluscos hospedeiros, alimentados por nascedouros ou água doméstica servida‖ (BRASIL,2008).. 29.

(31) Neste contexto, se insere as variáveis, densidade de drenagem e densidade hidrográfica, revelando-se bastante apropriadas no estudo da doença em uma unidade de análise.. A densidade de drenagem, nas análises morfométricas de bacias de drenagem, tem o objetivo de expressar o comprimento total dos canais fluviais pela área da bacia em estudo e que segundo Cristofoletti (ibid.), ―valores baixos de densidade de drenagem estão, quase sempre, associados a regiões de rochas permeáveis e de regime fluviométrico caracterizado por chuvas de baixa intensidade‖.. A densidade hidrográfica: expressa a relação existente entre o número de rios e a área da bacia hidrográfica, sendo ―importantes por representarem o comportamento hidrológico de determinada área, fundamentalmente em relação à capacidade de gerar novos cursos d‘água‖ (ibid. apud. CHRISTOFOLETTI, 1983).. A compreensão dos mecanismos de disseminação de muitas enfermidades e como os aspectos físicos descritos potencializam ou não a manifestação da doença, possibilita a adoção de medidas capazes de contê-las. A exemplo das doenças de veiculação hídrica, como a esquistossomose, acrescentam-se as obras de engenharia que tanto podem criar um ambiente favorável a infecção (implantação de barragens, canais de irrigação), como proteção das populações, à medida que se implementem obras de saneamento.. Pesquisa realizada por Martins (2003) demonstra que em áreas onde há implantação de projetos de irrigação em grande extensão não houve aumento de esquistossomose, enquanto em pequenas áreas ou com técnicas mais rudimentares houve aumento da prevalência da doença.. 30.

(32) 2.1.2. Infraestrutura. Conforme Cristofoletti (op. cit.):. Por meio da ocupação e estabelecimento das suas atividades, os seres humanos vão usufruindo desse potencial e modificando os aspectos do meio ambiente, inserindose como agente que influencia nas características visuais e nos fluxos de matéria e energia, modificando o ‗equilíbrio natural‘ dos ecossistemas e geossistemas.. Assim sendo, ações de saneamento ambiental: abastecimento de água e destinação adequada dos dejetos, presentes desde a antiguidade atestam o reconhecimento da interrelação entre o controle de endemias e a implantação de infra-estrutura básica. Constituem-se medidas eficientes no controle das mesmas e indiscutivelmente exercem enorme impacto sobre a qualidade de vida das populações urbanas e rurais em especial as ações que têm como meta o fornecimento de água para atender as necessidades básicas de sobrevivência, de proteção da saúde e de promoção do desenvolvimento econômico de uma região.. Por definição um sistema de abastecimento público de água:. [...] constitui-se no conjunto de obras, instalações e serviços, destinados a produzir e distribuir água a uma comunidade, em quantidade e qualidade compatíveis com as necessidades da população, para fins de consumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos. (FUNASA, 2004). Por outro lado, após atendida essas demandas, a água deve retornar ao meio dentro de padrões que não comprometam o ambiente e a saúde da população. Assim sendo, passa ser necessário a implementação de sistemas de destinação adequada dos esgotos produzidos nos domicílios, as quais incluem-se as Melhorias Sanitárias Domiciliares: soluções individuais nos domicílios pertencentes à zona rural, cujo principal objetivos é dotar os mesmos de instalações hidrossanitárias, principalmente a destinação adequada dos dejetos, utilizando para tanto a solução de fossa séptica e sumidouro e as redes coletivas de esgotamento sanitário: soluções de engenharias mais complexas, as quais são constituídas de ligações domiciliares para a coleta, o transporte em tubulações, tratamento em estações, antes. 31.

(33) do lançamento no meio ambiente e representam as soluções mais adequadas (técnica e econômica) para as áreas de concentração de população.. 2.2. Dimensão da Saúde. A epidemiologia sempre lançou mão do conceito de espaço da geografia, inicialmente como palco para a circulação do agente infeccioso que em condições específicas (a exemplo da temperatura) deflagra uma doença. Na atualidade este passa a ser considerado fruto da dinâmica de uma complexa organização e de interações, onde se incluem todos os elementos, inclusive o físico, conforme defendido pela geografia crítica.. Para Costa (1999), sob a luz do pensamento positivista define-se como objeto da geografia a relação homem-natureza, entendendo o primeiro como um ser ativo que sofre a influência e ao mesmo tempo atua sobre o meio, de forma a apresentar uma ―inter-relação existente entre o homem, o agente biológico, seus vetores e o ambiente‖, conceituada de habitat‖ (ibid op.cit. Sorre, 1955).. Conforme dito, para se entender os fenômenos da saúde coletiva em um mundo complexo de interações entre o homem e a natureza, é necessária uma visão sistêmica para que se possa explicar o estabelecimento de uma endemia, tão associada ao processo continuo de reorganização do espaço. Assim sendo, é possível afirmar que a disseminação das doenças nas escalas ―local‖ e ―mundial‖ possui uma forte correlação com os fluxos populacionais e que nas regiões subdesenvolvidas estas são potencializadas por determinantes ambientais, bem como por aspectos sociais que possibilitaram o estabelecimento de áreas historicamente endêmicas.. O espaço, objeto da geografia, como uma categoria de estudo privilegiada para a investigação do processo saúde-doença nas populações (XAVIER, 2005), no qual:. As diversas formas de organização social em uma sociedade (biótopos associados ao modo de vida, lazer, cultura, trabalho, etc.) interagem numa rede de influências que. 32.

(34) definem o perfil epidemiológico da esquistossomose. (COURA-FILHO et. al., 1995, apud. BARBOSA, 1968; WHO, 1985).. A condição sócioeconômica desfavorecida, a falta de outras oportunidades de trabalho e lazer, bem como, o aspecto cultural constituem fatores determinantes para a exposição ao Shistossoma mansoni, que acabam interferindo principalmente no nível de saúde das populações das margens das coleções hídricas.. O desafio de tentar conter o estabelecimento de quadro endêmico da esquistossomose, cuja complexidade envolve principalmente aspectos comportamentais e de infra-estrutura básica, ressalta a importância de implementação de ações de educação em saúde e saneamento básico como medidas eficazes no combate da doença, levantando questionamentos sobre as medidas de controle que utiliza das práticas de aplicação de moluscicida. Para Coura-Filho (op. cit.), ―devem ser considerados também os altos custos desses produtos, os danos provocados por freqüentes aplicações à biota aquática, além da questionável eficácia para reduzir de forma duradoura o número de molusco‖.. O Ministério da Saúde / Fundação Nacional de Saúde (MS/FUNASA) em 1998. produziu um manual contendo as diretrizes técnicas necessárias ao planejamento, operacionalização, controle e avaliação das ações do programa de controle da esquistossomose, de forma a oferecer um balizamento mínimo que garantisse a homogeneidade das ações de controle, suficiente para o acompanhamento, a análise e avaliação dos resultados em bases seguras e que até hoje constitui a referência de trabalho no estado de Sergipe. Segundo este documento, para a implementação de um programa, faz-se necessário um conjunto de providências anteriores à deflagração das operações de controle propriamente ditas: reconhecimento geográfico e inquérito coproscópico mediante a realização de exames laboratoriais amostrais, ressaltando, que variações espaciais e ou temporais observadas no padrão de transmissão da endemia são também condicionadas por modificações ambientais, climáticas, sócio-econômicas, culturais e outras. Araújo et al (2007) acrescenta que o padrão de distribuição espacial desses focos indica que a dinâmica de transmissão não pode ser analisada apenas a partir da distribuição dos vetores ressaltando a importância da produção social do espaço onde a transmissão se materializa.. 33.

(35) Os objetivos gerais do programa de controle da esquistossomose, (op.cit. MS/FUNASA, 1998) segundo a área de trabalho, podem ser assim resumidos:. Em áreas endêmicas: 1- Prevenir a ocorrência de formas graves de esquistossomose, reduzindo nas localidades da área, a morbimortalidade a ela associada; 2 – Reduzir à níveis inferiores a 25%, a positividade nas localidades abrangidas pelo programa; 3 – Evitar a dispersão da endemia; Em áreas de foco: Conter a expansão do foco inicial e interromper a transmissão da doença; Em áreas vulneráveis: Mediante as ações de Vigilância Epidemiológica, monitorar as modificações ambientais ou sócio-econômicas, acompanhando os movimentos populacionais a elas associados, de modo a inviabilizar a o estabelecimento da transmissão; Em áreas indenes: Manter a integração com os serviços locais de saúde para tornar a vigilância epidemiológica (notificação, investigação e tratamento de casos), eficientes e eficazes, impedindo o estabelecimento da transmissão da esquistossomose.. 2.3. Dimensão Socioeconômica e Cultural. O espaço humano é necessariamente produto de uma série de decisões que orientam sua organização, segundo os critérios hegemônicos em uma dada formação econômica e social, seja pela movimentação do capital, seja pela ação organizada e planejada da sociedade pelo Estado, sendo um processo cheio de densidade histórica. (COSTA. 1999). As raízes do estabelecimento da esquistossomose no Brasil remontam o processo de internacionalização iniciado a partir do século XVI, período dos grandes descobrimentos. Esse fenômeno inicialmente discreto, pelas limitações tecnológicas de transporte e comunicação, se intensificou estabelecendo grandes fluxos populacionais. No Brasil, com o início do ―Ciclo da Cana de Açucar‖, grandes levas de escravos originados da áfrica para as lavouras de cana de açúcar na região nordeste, possibilitaram a disseminação da doença a partir dos Estados da Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco, cujos efeitos ainda se manifestam na atualidade.. De acordo com Dolfus:. É fundamental reconhecer sempre que, paralelamente aos circuitos que vinculam local e global num ―sistema-mundo‖ há toda uma massa de excluídos, a qual denominamos ‗aglomerados humanos de exclusão‘ que sem condições mínimas de saneamento favorecem a disseminação de doenças, a ponto de conferir. 34.

(36) desigualdades no padrão de vida das populações‖ (HAESBAERT 1997 apud. DOLFUS1993). E que segundo a Organização Mundial da Saúde são ditas como doenças negligenciadas (a exemplo da esquistossomose, doença de chagas e leishimaniose).. Nas diversas partes do mundo, em especial em países subdesenvolvidos, os efeitos dessas externalidades são capazes de promover mudanças rápidas nos meios físicos e antrópicos. Decisões para a destruição de ambientes naturais e implantação de ambientes artificiais, a exemplo de lagos e canais para irrigações, criam ambientes favoráveis à proliferação dos vetores biológicos de transmissão de doenças de veiculação hídrica, muitas vezes estão fora do local. Nos centros de políticas ou seguindo a ordem mundial do mercado globalizado, as decisões são tomadas sem, no entanto considerar as danosas conseqüências e os ―desdobramentos‖ que possam advir ao meio ambiente. Frente a estes fluxos, a compreensão das respostas para as questões epidemiológicas, decisivas em uma pesquisa, extrapola quase sempre os limites das unidades de análise (área de estudo).. Para Costa op. cit. apud. Breilh (1991):. O perfil epidemiológico dos diferentes espaços é criado pela interação das relações sociais que caracterizam a sua organização, e modifica-se através do tempo conforme o momento histórico em que se encontre o estágio de desenvolvimento das forças produtivas e das relações sociais, as quais são fatores definidores da organização do espaço.. E segundo Haesbaert (ibid.) deve ser ―considerada como determinante da variabilidade espacial da saúde-doença‖. Conforme o entendimento de Paim (1997), descrito por Costa (1999):. A produção, a distribuição da doença e a constituição do espaço têm os mesmos determinantes, este último, enquanto expressão das condições de vida dos segmentos que o ocupam, representa a mediação passível de informar certas relações entre a sociedade e a saúde.. Admitindo que as discussões acerca dos conceitos de territoriedade e de espaço nas investigações epidemiológicas sejam limitadas, o pensamento geográfico é capaz de. 35.

(37) contribuir de forma significativa nos estudos que têm como objetivo compreender os fenômenos de manifestação das doenças que acometem as populações de um determinado local, dando destaque a geografia crítica, cujo ―espaço passa então a ser considerado fruto da dinâmica de sua complexa organização e interações, incluindo todos os elementos, inclusive o físico (COSTA op. cit. apud. Santos, 1980; Carmo et al., 1995). Nesta perspectiva ―os conceitos geográficos propostos por Milton Santos, por exemplo, constituíram importante referência para compreender a complexidade das relações entre espaço e produção de doenças.‖ (CZERESNIA et al., 2000).. 2.4. Geoprocessamento em Saúde. Tradicionalmente a epidemiologia procura associar as ocorrências das doenças às condições fisiográficas do local. Na atualidade devido aos avanços tecnológicos foi possível o desenvolvimento de ferramentas (soft´s), capazes de trabalhar um grande volume de informações, podendo as mesmas ser precisamente localizadas tornando-as imprescindíveis nas análises das endemias.. Divididas em três áreas principais: mapeamento de doenças, estudo de correlação geográfica, aglomerados de doença e vigilância, as investigações epidemiológicas podem obter resultados diferentes, cabendo ao pesquisador escolher o tipo a depender dos propósitos do estudo. (ELLIOTT & WARTENBERG, 2004).. As ferramentas computacionais para Geoprocessamento, chamadas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG), permitem realizar análises complexas, ao integrar dados do mundo real, obtidos de diversas fontes em diferentes formatos, criando bancos de dados georreferenciados (bancos de dados geográficos). Tornam ainda possível automatizar a produção de documentos cartográficos. (MEDEIROS, 1999). Um SIG agrupa, unifica e integra a informação. Tornando-a disponível sob uma forma que ninguém teve acesso anteriormente, e coloca informação antiga num novo contexto. Muitas vezes, permite unificar informações que estavam dispersas ou organizadas de forma incompatível. (MEDEIROS, 1999 apud DANGERMOND, 1988).. Para as investigações da manifestação epidêmicas, a utilização das ferramentas SIG‘s associada aos aperfeiçoados métodos estatísticos possibilitam realizar análises complexas de um volume cada vez maior, de dados. Contudo para que se tenha um resultado. 36.

(38) confiável é importante a escolha correta das metodologias, o correto manuseio dos dados e da ferramenta para que não incorra em erros significativos. Tomando-se como exemplo a produção de mapas de doenças que embora:. Tenham tanto atração visual e intuitiva, a precaução é exigida na interpretação, como padrões aparentes podem ser criados ou perdidos artificialmente que depende de como a variável mapeada é pintada (por exemplo, o número e limites das categorias) e a escala ou resolução geográfica. (ELLIOTT & WARTENBERG op. cit.).. Ou seja, é importante entender que nos estudos com mapeamento de doenças a mudança de escala contribui para resultados diferentes, especialmente visuais. Outro ponto interessante é o nível de detalhamento e de precisão em nível individual possível de se obter. Fato que tem levantado o questionamento sobre as medidas de proteção dos dados, de forma a assegurar a confidência das informações dos cidadãos. Contrapondo a todas essas vantagens, demonstra-se que os avanços nos SIG‘s, nos métodos estatísticos e a grande disponibilidade de informações, que têm possibilitado a realização de análises epidemiológicas complexas, trazem novos desafios no tratamento dos dados, em particular, nas análises em pequenas comunidades. A alta resolução dos dados geograficamente referenciados em saúde, por meio de avanços nos SIG‘s e na metodologia estatística, mediante a realização de análises uni e multivariádas proveu sem precedentes novas oportunidades para investigar o meio ambiente, os fatores sociais, e fatores de contágios sob variações geográficas subjacentes nos índices de doença em escalas de pequenas áreas, o que possibilitará estudos da epidemiologia espacial mais difundidos, criando novos horizontes. Conforme afirma Elliott & Wartenberg (op. cit.) ―no futuro, desenvolvimentos em modelagem de exposição e mapeamento, projetos de estudo realçado, e novos métodos de vigilância de bancos de dados de saúde prometem grandes melhoras em nossa habilidade de entender as relações complexas entre o ambiente e a saúde.‖. 37.

(39) 2.5. Tratamento Estatístico. De um modo geral os métodos estatísticos envolvem a análise e a interpretação dos dados observados em um fenômeno. No referido estudo, inicialmente lançou-se mão da estática descritiva, no sentido de organizar e apresentar um resumo dos dados coletados e tabulados, para em seguida proceder à análise e interpretação numéricas e gráficas das localidades contidas nas unidades de planejamento, permitindo realizar comparações entre o perfil da população e estrutura existente nas localidades.. 38.

(40) 3. METODOLOGIA. 3.1. Diagnóstico Sócio-Ambiental do Município de Lagarto 3.1.1. Localização. O município de Lagarto está localizado na região sudoeste do Estado de Sergipe, limitando-se ao norte com os municípios de Simão Dias e Macambira, ao leste com Itaporanga da D‘Ajuda e Campo do Brito, ao sul com Riachão do Dantas e Boquim e ao oeste com Simão Dias, ocupando uma área de 962,5 km2.. A sede municipal tem uma altitude média de 160 metros e coordenadas geográficas de 10°55‘00‖ de latitude sul e 37°40'15" de longitude oeste (Figura 3). O acesso a partir de Aracaju,capital do Estado é feito através das rodovias BR-235, BR-101 e SE-216, num percurso de aproximadamente 75km.. 3.1.2. Clima. O município está inserido no Polígono das Secas, com um mesoclima do tipo megatérmico seco e sub-úmido, temperatura média anual de 24,5. o. C, precipitação. pluviométrica média no ano de 1.032,1 mm e período chuvoso de março a julho.. 3.1.3 Geomorfologia e Pedologia. O relevo modelado e dissecado é parte integrante do pediplano sertanejo, com aprofundamento de drenagem muito fraca a mediana (SERGIPE.SEPLANTEC/SUPES; CPRM,1997/2002).. 39.

(41) LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Equador. Trop. Capricórnio. SERGIPE. LAGARTO. Figura 3: Localização da Área de Estudo Fonte: SRH, 2003. 40.

(42) A geologia do município abrange predominantemente, o domínio Neo a Mesoproterozóico da Faixa de Dobramentos Sergipana, além dos sedimentos cenozóicos das Formações Superficiais Continentais e dos terrenos arqueanos a paleoproterozóicos do Embasamento Gnáissico. Na porção centro-norte, predominam metassiltitos, metarenitos, metargilitos, metarritimitos, filitos, metarenitos, conglomerados, calcários, dolomitos, metapelitos e metacherts das Formações Jacaré e Frei Paulo (Grupo Vaza-Barris) e Acauã (Grupo Estância). Na região centro-sul ocorrem extensas zonas de grauvacas, arenitos feldspáticos e conglomerados da Formação Palmares e argilitos, siltitos, arenitos e conglomerados da Formação Lagarto. No extremo sul, afloram litologias dos Complexos Granulítico e Gnáissico Migmatítico, representados por ortognaisses, kinzigitos, rochas calcossilicáticas, metanoritos, anfibolitos, migmatitos e gnaisses bandados. A leste e sudeste observam-se as areias finas e grossas, com níveis argilosos e conglomeráticos, representativas do Grupo Barreiras. Os solos são Planosol, Litólicos eutróficos, Podzólico Vermelho Amarelo e Latosol (SERGIPE.SEPLANTEC/SUPES; CPRM, ibid.). 3.1.4. Vegetação No município são encontradas as vegetações: Campos Limpos, Campos Sujos, Capoeira e Caatinga (SERGIPE.SEPLANTEC/SUPES; CPRM, ibid.).. 3.1.5. Hidrologia O município está inserido em duas bacias hidrográficas, a do rio Vaza-Barris e a do rio Piauí. Constituem a drenagem principal, além do rio Vaza-Barris e do Piauí, os rios, Jacaré, Piauitinga, Caboclo, do Machado (SERGIPE.SEPLANTEC/SUPES; CPRM, ibid).. 3.1.6. Perfil populacional do Município de Lagarto. No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM)5 de Lagarto cresceu 13,28%, passando de 0,542 em 1991 para 0,614 em 2000. Quanto ao 5. Obtido pela média aritmética de três subíndices referentes às dimensões longevidade (IDHM – Logenvidade), educação (IDHM – Educação) e renda (IDHM – Renda) (IPEA, 2000).. 41.

(43) Índice Gini (coeficiente que mede a desigualdade na distribuição de renda) demonstrou que a desigualdade cresceu: o Índice de Gini passou de 0,51 em 1991 para 0,56 em 2000.. No período 1991-2000, a população de Lagarto teve uma taxa média de crescimento anual de 1.68%, passando de 72.144 em 1991 para 83.334 em 2000. A taxa de urbanização cresceu 7.83%, passando de 45.10% em 1991 para 48.63% em 2000 (Tabela 1) representando 0.05% da população do País e 4,67% da população do Estado. Na última contagem total da população realizada pelo IBGE, a população total do município atingiu 88.989 habitantes, representando um acréscimo de 13.673 habitantes em relação à população de 1996 (Tabela 2). A taxa de analfabetismo da População Jovem apresentou redução em todas as faixas etárias, sendo mais expressiva entre 10 e 14 anos atingindo 14.10% (Tabela 4) contra 12,20% observados no Estado, para a população adulta a redução foi 15.0% com média de 3,40 anos de estudo (Tabela 4), número inferior quando comparados com a média do Estado de 4,70 anos (IPEA, 2003), houve também aumento na acessibilidade aos serviços básicos de abastecimento de água, energia elétrica e coleta de lixo no período de 1991 a 2000 (Tabela 3) que por sua vez reproduz a mesma tendência em relação ao Estado, onde observouse percentuais de 71,50% de água encanada, 89,70% de coleta de lixo e 91,80% de energiaelétrica (IPEA ibid.), neste caso, uma cobertura superior ao do estado.. Tabela 1: População por Situação de Domicílio de Lagarto-SE, em 1991 e 2000. População Total Urbana Rural Taxa de Urbanização. 1991. 2000. 72.144 32.538 39.606 45,10%. 83.334 40.527 42.807 48,63%. Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano (IPEA, 2003).. 42.

(44) Tabela 2: População Total do Município de Lagarto-SE, em 1996 e 2007 1991 População Total Variação da população. 2000. 75.316 --. 88.989 13.673 (18,14%). Fonte: IBGE, 2007.. Tabela 3: Habitação - Acesso a Serviços Básicos de Lagarto-SE, em 1991 e 2000 Acesso a Serviços Básicos. 1991. 2000. Água Encanada Energia Elétrica Coleta de Lixo*. 44,6 77,9 77,0. 61,4 93,0 88,5. Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano (IPEA, 2003). * Somente domicílios urbanos. Tabela 4: Nível Educacional da População de Lagarto-SE, em 1991 e 2000. Faixa etária (anos) 1991 7 a 14 10 a 14 15 a 17 18 a 24 > 25. 51,8 40,6 28,4 30,0 52,0. Taxa de analfabetismo. % com menos de 4 % com menos de 8 % frequentando anos de estudo anos de estudo a escola. 2000. 1991. 2000. 1991. 2000. 24,8 14,1 15,0 16,1 37,0. 87,9 55,8 47,8 70,1. 69,0 39,5 35,0 59,9. 93,6 81,7 89,0. 84,8 73,9 83,6. 1991 71,1 71,4 44,1 -. 2000 92,1 92,4 64,6 -. Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano – Adaptado (IPEA, 2003). - = Não se aplica. 43.

(45) 3.1.7. Fauna de Interesse Epidemiológico. A presença do hospedeiro intermediário constitui condição necessária e indispensável para que se desenvolva o ciclo do parasita. Atualmente, existem dez espécies e uma subespécie do gênero Biomphalaria (Figura 4) e, destas, três são hospedeiras intermediárias naturais (B. glabrata, B. tenagophila e B. straminea) e duas (B. amazonica e B. peregrina) são hospedeiras intermediárias potenciais, uma vez que só se infectam. Jorge-. Foto: Say, 1818 – trat.digital por Luiss. experimentalmente (BRASIL, 2008).. Figura 4: Biomphalaria glabata. Segundo informações do Programa de Controle da Esquistossomose, as pesquisas de campo que incluem levantamento malacológico realizadas nos últimos 10 anos revelaram que a espécie B. Glabata predomina no Município de lagarto (Figura 5), sendo o hospedeiro intermediário responsável pela transmissão do Schistosoma mansoni.. 44.

Referências

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