• Nenhum resultado encontrado

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO DE SEMENTES FORRAGEIRAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO DE SEMENTES FORRAGEIRAS"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

O COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO DE SEMENTES FORRAGEIRAS

Tomás Lérisson da Silva Augusto Hauber Gameiro

1. INTRODUÇÃO

A semente forrageira tem amparo legal conforme a Lei no 10.711, de 05 de agosto de 2003 e seu regulamento aprovado pelo Decreto no 5.153, de 23 de julho de 2004. Entende-se por forrageiras o grupo de espécies destinadas à formação de pastagens, produção de forragens ou de adubação verde; ou seja, são sementes destinadas aos produtores de gado leiteiro e/ou de corte, e são cultivadas de acordo com as suas características, como por exemplo, o clima, o solo de cada região, o tipo de gado, para a posterior alimentação desses animais ou para a preparação do solo para o plantio.

Existem diversos tipos de sementes forrageiras, para vários tipos de animais (avestruz, bubalinos, bovinos, caprinos, ovinos, eqüinos), em consonância ao clima, solo (sombreamento, solos pouco drenados) e temperaturas (baixas temperaturas, altas). Este mercado é relevante, pois está relacionado com vários setores da economia brasileira. Um deles é o da pecuária bovina brasileira.

Segundo Barbosa (2003), desde o final da década de 1980, o crescimento da produtividade da carcaça bovina foi a responsável pela oferta de carne no mercado interno e externo. Vários fatores contribuíram para isso, tais como: i) maior profissionalização do negócio no ramo da pecuária; e ii) política governamental de erradicação das principais doenças que afetavam o rebanho, como a aftosa que está restrita a áreas isoladas de menor representatividade na produção nacional.

De acordo com o mesmo autor, um fator teve importância fundamental. A disponibilização por parte da pesquisa agropecuária de novas tecnologias, que abrangeram todo o sistema de produção pecuária bovina: melhoramento genético, sanidade, manejo, instalações, rações melhor balanceadas, e, particularmente, o lançamento de novas forrageiras que permitiram o suporte de mais animais em uma mesma área. Também foram responsáveis pela diminuição do tempo de entressafra, dando ganhos aos pecuaristas. Com o planejamento entre governo e produtores, o Brasil se desenvolveu na área de forrageiras contribuindo para a

(2)

exportação tanto de carne quanto de sementes. Aspectos importantes, como a engorda de animais no pasto, começaram a fazer diferença no mercado externo, sendo, também, de suma importância para as exportações.

Conforme a EMBRAPA (2005) a produção de sementes tornou-se uma atividade agrícola tão importante quanto qualquer outra, exigindo tecnologia, eficiência, bom gerenciamento e ótima qualidade. Da mesma maneira, o pecuarista também deve ser um bom agricultor, pois precisa formar suas pastagens de maneira altamente tecnificada e eficiente. Devido às modernas tecnologias adotadas pela pecuária brasileira nos últimos anos, entre elas o uso de sementes de forrageiras, a média de idade de abate do gado de corte foi reduzida de cinco para três anos. Isto levou à redução de custos e aumento de rentabilidade para o pecuarista, além de propiciar carne com melhor qualidade ao consumidor. Os empresários do setor têm se deparado com um mercado cada vez mais sofisticado e consciente da importância da qualidade. Com isto, a demanda por sementes sadias, de alta qualidade fisiológica, de baixo custo e livre de pragas tem sido crescente. Para atender uma demanda com estas características, os sistemas de produção têm aumentado seu grau de tecnificação.

O mercado brasileiro de sementes de forrageiras envolve produtos pouco diferenciados do ponto de vista mercadológico, ou seja, são comercializados como commodities. Em conseqüência, verifica-se entre empresas e produtores de sementes, tendência em direcionar grandes esforços na profissionalização de seus negócios e na busca sistemática de alternativas para a redução de custos de produção, como formas de manterem-se competitivos, pois os produtores de sementes enfrentam uma concorrência acirrada: nem todas possuem tecnologia para obter um preço baixo e o prazo de pagamento adequado para os seus clientes.

Assim, o Brasil além de ter se tornado um grande consumidor é, também o maior exportador de sementes forrageiras, por ser um país rico em terras férteis e de clima extremamente favorável para o plantio é necessária produção de sementes forrageiras que siga recomendações técnicas. Atualmente o Brasil é um dos maiores exportadores de carne in natura e sementes forrageiras no mundo. Um exemplo do que ocorre está relacionado ao fato de os Estados Unidos levantarem as barreiras sanitárias que impedem que a carne brasileira entre naquele mercado. Portanto se houver elevação das vendas de carnes, conseqüentemente as vendas de sementes forrageiras seguirão tendência semelhante.

(3)

2. METODOLOGIA

Através de pesquisas nos sites oficiais do governo federal, foram obtidos dados sobre as quantidades, os valores e os principais países exportadores e importadores de sementes forrageiras. Analisa-se o comportamento desse mercado nos períodos de 1996 à 2004, de modo a verificar como e por quê o Brasil se tornou uma potência neste setor e as razões da importância deste produto no mercado interno e externo, procurando, ainda, identificar quais são os desafios enfrentados.

Os dados estão disponíveis no sistema denominado ALICE WEB (Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet), da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Tal sistema foi desenvolvido com vistas a modernizar as formas de acesso e a sistemática de disseminação dos dados estatísticos das exportações e importações brasileiras (Alice Web, 2005).

Os dados são organizados por ano, durante o período compreendido entre 1996 e 2004. Tabelas e figuras são utilizadas para facilitar o entendimento da dinâmica do comércio exterior brasileiro de sementes forrageiras.

Para o produto eleito – no caso as sementes forrageiras – o código NCM atual é 1209.29.00, recebendo a denominação oficial de “outras sementes forrageiras, para semeadura”.

Artigos disponíveis no site da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (ABRASEM) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) também foram consultados para permitir melhor conhecimento sobre o tema.

3. O SETOR DE SEMENTES FORRAGEIRAS NO BRASIL

O Sistema ABRASEM vem se fortalecendo a cada ano. Através de melhoramento de seu sistema, passou a congregar não mais apenas as associações estaduais de produtores, mas também, associações representativas de todo o setor de sementes, passando pelos setores de pesquisa, produção, multiplicação, beneficiamento, armazenamento e comercialização; objetivando uma representação mais forte e atuante.

Atualmente, fazem parte do Sistema ABRASEM as seguintes Associações:

(4)

• Associação dos Produtores de Sementes do Estado de Santa Catarina (APROSESC); • Associação Paranaense dos Produtores de Sementes e Mudas (APASEM);

• Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas (APPS);

• Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Estado de Minas Gerais (APSEMG);

• Associação dos Produtores de Sementes e Mudas do Estado do Mato Grosso do Sul (APROSSUL);

• Associação dos Produtores de Sementes do Mato Grosso (APROSMAT); • Associação Goiana dos Produtores de Sementes (AGROSEM);

• Associação Brasileira dos Obtentores Vegetais (BRASPOV);

• Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM); e • Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes (ABRATES)

Além dos órgãos nacionais, a ABRASEM está associada a organismos internacionais de grande representatividade no setor de sementes, como por exemplo, a Federation Internationale Du Commerce des Semences (ISF) e a Federación Latinoamericana de Asociaciones de Semillas (FELAS).

Tabela 1. Estrutura Sementeira do Sistema ABRASEM.

Associados 554 Cooperantes 37.850 Unidades Armazenadoras 1.120 Unidades de Beneficiamento 770 Técnicos Envolvidos 3.980 Vendedores 14.700 Laboratórios 276 Laboratórios OGM 52 Empregos Indiretos 220.000

Fonte dos dados: ABRASEM (2005).

Além da ABRASEM, ainda existe a EMBRAPA que atua por intermédio de 37 centros de pesquisa, três serviços e 11 unidades centrais, estando presente em quase todos os Estados da Federação, nas mais diferentes condições ecológicas. Para chegar a ser uma das maiores instituições de pesquisa do mundo tropical, a Empresa investiu, sobretudo, no

(5)

treinamento de recursos humanos, possuindo, hoje, 8.619 empregados, dos quais 2.221 são pesquisadores, 45% com mestrado e 53% com doutorado, operando um orçamento da ordem de R$ 877 milhões anuais (EMBRAPA, 2005).

Sob a coordenação da EMBRAPA há o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), constituído por instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas e fundações, que, de forma cooperada, executam pesquisas nas diferentes áreas geográficas e campos do conhecimento científico.

Segundo a EMBRAPA (2005) as tecnologias geradas pelo SNPA mudaram a agricultura brasileira, um conjunto de tecnologias para incorporação dos cerrados no sistema produtivo tornou a região responsável por 40% (46) da produção brasileira de grãos, uma das maiores fronteiras agrícolas do mundo. A oferta de carne bovina e suína foram multiplicadas por 3 vezes enquanto que a de frango aumentou 10 vezes. A produção de leite aumentou de 7,9 bilhões em 1975 para 21 bilhões de litros, em 2002, em uma área de 700 mil hectares, em 1980, para 15,7 milhões de toneladas, em 806,8 mil hectares, em 2002. Além disso, programas de pesquisa específicos conseguiram organizar tecnologias e sistemas de produção para aumentar a eficiência da agricultura familiar e incorporar pequenos produtores no agronegócio, garantindo melhoria na sua renda e bem-estar.

Na área de cooperação internacional, a Empresa mantém 275 acordos de cooperação técnica com 56 países e 155 instituições de pesquisa internacionais, envolvendo principalmente a pesquisa em parceria. Para ajudar neste esforço, a Embrapa instalou nos Estados Unidos e na França, com apoio do Banco Mundial, laboratórios para o desenvolvimento de pesquisa em tecnologia de ponta. Esses laboratórios contam com as bases físicas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, em Washington, e da Agrópolis, na Universidade de Montpellier, na França, permitindo o acesso dos pesquisadores à mais alta tecnologia em áreas como recursos naturais, biotecnologia, informática e agricultura de precisão.

Todas essas associações e cooperativas tem como objetivo viabilizar soluções para o desenvolvimento do espaço rural, com foco no agronegócio, através da geração, adaptação e troca de informações(conhecimento e tecnologia), assim com toda essa estrutura, o setor sementeiro vem crescendo e fortalecendo-se em todo Brasil, desenvolvendo novas forrageiras, através das pesquisas para melhor atender seu mercado que tem muito espaço para crescer.

(6)

De acordo com a ABRASEM (2005), o Brasil tem área de mais de 90 milhões de hectares de pastagens cultivadas na sua região tropical e um rebanho bovino de, aproximadamente, 180 milhões de cabeças. As cadeias de carne e leite, que apresentam expressiva participação no PIB nacional e na pauta de exportações brasileiras, têm nas pastagens a principal fonte de alimento para o rebanho. Assim, os sistemas de produção à pasto garantem o abastecimento do mercado interno com carne e leite com preços acessíveis e propiciam ao Brasil uma importante vantagem competitiva no mercado internacional desses produtos.

Segundo a EMBRAPA (2005), no que se refere às pastagens, a modernização tem demandado sementes mais produtivas, de melhor qualidade e mais adaptadas a ofertas ambientais específicas e melhor adequadas aos sistemas de produção mais especializados, como é o caso da integração pecuária-lavoura. A preocupação em reduzir a pressão sobre os recursos naturais gerou a necessidade de se formar pastagens mais produtivas, melhorar o manejo e o aproveitamento das pastagens existentes e recuperar extensões de pastagens degradadas.

Conforme a ABRASEM (2005), com a integração de esforços entre a pesquisa oficial e o setor privado de produção de sementes de forrageiras, EMBRAPA e a UNIPASTO, cria condições para dinamizar o lançamento de novas cultivares de forrageiras, oferecendo alternativas para o atendimento das necessidades do setor. A UNIPASTO é uma associação composta por firmas e produtores de sementes de forrageiras, distribuídos pelos Estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Ao longo dos anos foram trazidas sementes forrageiras que se adaptaram muito bem às condições climáticas das regiões do Cerrado e Amazônia.

Inicialmente, a produção era baseada em colheitas manuais, à beira de estradas ou em áreas de pastagens, por meio do corte de inflorescências ou varredura de sementes caídas ao solo. Num período de 30 anos, esse setor experimentou forte profissionalização e, hoje, tem como característica, produtores especializados, áreas estabelecidas exclusivamente para produção de sementes e uso intensivo de tecnologia. A colheita por varredura é mecanizada, representando o método mais utilizado para as principais cultivares do mercado. As áreas e as firmas de produção de sementes, inicialmente concentradas no Estado de São Paulo, hoje estão distribuídas pelo Centro-Oeste, onde as condições climáticas, econômico-sociais, e de infra-estrutura tornam essa exploração mais competitiva.

(7)

De acordo com a ABRASEM (2005), a quantidade de sementes de forrageiras tropicais comercializada anualmente no Brasil está ao redor de 100.000 toneladas, com um valor bruto estimado em US$ 100 milhões, o que qualifica o país como o maior produtor de sementes de forrageiras tropicais do mundo. Da mesma forma, é também o maior exportador de sementes de forrageiras tropicais, com um volume aproximado de 5 mil toneladas de sementes exportadas por ano, principalmente para suprir os mercados da América do Sul e Central. Assim, em três décadas o Brasil passou da condição de maior importador à condição de maior exportador de sementes de forrageiras no mundo. Possivelmente, nas cadeias produtivas de carne e leite, o segmento de sementes de forrageiras tropicais foi um dos que alcançou maior eficiência técnica e, conseqüentemente, maior sucesso.

Com os programas de incentivos, aprimoramento e desenvolvimento dessas forrageiras, foram estruturados programas de seleção de gramíneas e leguminosas para a liberação comercial de novas cultivares. Esses programas seguem um esquema de avaliação sistemático e organizado e a seleção de materiais a serem liberados tem como principais objetivos: adaptação a condições de solo e clima, resistência a pragas e doenças, e alta produtividade de forragem de boa qualidade. O sucesso do programa de avaliação e seleção de forrageiras da Embrapa, que resultou em uma maior disponibilidade de cultivares no mercado, pode ser atribuído ao massivo investimento em treinamento de pessoas, disponibilidade de material genético de diversos gêneros e espécies, incluindo material nativo; eficiência dos trabalhos de melhoramento e seleção que, realizados regionalmente, puderam avaliar validar esses materiais em diferentes ecossistemas e à organização do processo de liberação e de estratégias eficientes de produção de sementes das novas cultivares.

O grande número de liberações foi resultante de investimentos em pesquisa e desenvolvimento realizados desde a década de 1970. No final dos anos de 1990, no entanto, esse esforço em P&D foi reduzido, principalmente devido a cortes orçamentários na EMBRAPA e às limitadas chances de obtenção de recursos de outras fontes oficiais de financiamento de pesquisa e desenvolvimento que não contemplavam projetos visando liberação de novas cultivares de forrageiras.

A UNIPASTO foi então criada, sendo uma associação composta por firmas e produtores de sementes de forrageiras. Tem como objetivo apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de novas cultivares de forrageiras tropicais, oferecendo suporte financeiro e logístico ao programa de melhoramento e avaliação de forrageiras da EBRAPA Cerrados, Gado de Corte, Gado de Leite e Pecuária Sudeste. Ao estabelecer a possibilidade de retornos financeiros aos investimentos feitos em programas de melhoramento, criou-se o ambiente

(8)

favorável para que as empresas de sementes investissem em programas de melhoramento e seleção de forrageiras.

Considerando o grande número de empresas de sementes, a UNIPASTO como fórum de discussões, tem propiciado uma participação muito mais efetiva do setor na definição e na implementação de leis e normas pelas entidades oficiais reguladoras do mercado de sementes. Ademais, como associação, as empresas brasileiras de sementes de forrageiras têm atuado estrategicamente estimulando uma competição mais justa e construtiva no mercado interno. Não menos importante e, considerando os aspectos de globalização, a UNIPASTO está proporcionando um fortalecimento da indústria nacional de sementes de forrageiras para competir nos mercados internacionais com as cultivares liberadas pela Embrapa. Nesse aspecto, houve também um fortalecimento das empresas nacionais na competição com as multinacionais que cada vez mais se interessam pelo rentável mercado interno de sementes de forrageiras visando a liberação de seus próprios cultivares.

Com a parceria EMBRAPA/UNIPASTO houve vários resultados positivos, tais como: i) maior sustentabilidade das cadeias de carne e leite para a pecuária brasileira; ii) liberação de novas cultivares, mais produtivas e com melhor adaptação e resistência a pragas e doenças, que aumentaram a sua eficiência e produtividade resultando em estabilidade da oferta de carne e leite a preços acessíveis no mercado interno e mais competitivos no mercado externo; iii) além disso, deve ser considerado que a diversificação de cultivares nas pastagens brasileiras reduzirá a vulnerabilidade ao ataque de doenças e pragas.

Certamente ocorrerá um aprimoramento do processo de obtenção de cultivares pelo aumento da capacidade de teste e pelas facilidades que a parceria com as empresas trará para as fases de validação dos novos materiais. Esses fatores resultarão em maior rapidez na difusão e adoção desses materiais.

Na agricultura brasileira do século XXI, quando sistemas de plantio direto e integração lavoura-pecuária são cada vez mais comuns, as pastagens vêm assumindo grande importância ambiental. Cobertura do solo, reposição de matéria orgânica, reciclagem de nutrientes no solo, fornecimento de nitrogênio biológico por meio de leguminosas forrageiras e a capacidade de interromper ciclos de ervas daninhas, pragas e doenças são algumas características que tornarão as pastagens componentes essenciais num modelo de exploração agrícola e pecuário visando menores impactos ambientais.

Além de sua evidente importância para a pecuária, dentro do modelo praticado na agricultura empresarial, pastagens são também importantes para o segmento da agricultura familiar. Nesse segmento, a exploração pecuária tem importante papel na sustentabilidade

(9)

econômica das propriedades e na segurança alimentar dessas famílias. Assim, é previsto que as novas cultivares de forrageiras, oriundas da aliança EMBRAPA/UNIPASTO, trarão importantes impactos econômicos, ambientais e sociais para os segmentos da agricultura empresarial e familiar do agronegócio brasileiro.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para um país como o Brasil, as sementes forrageiras são importantes pela grande e vasta quantidade de terras férteis existentes, que devem ser utilizadas anteriormente à produção de alimentos, ou mesmo como pasto para o gado.

Os dados anuais das exportações brasileiras de Sementes Forrageiras são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Exportações brasileiras de Sementes Forrageiras, 1996 a 2004.

Ano Quantidade Valor Preço médio

(peso liquido Kg) (US$ FOB) (US$/KgL)

1996 2.285.755 7.991.879 3,50 1997 2.505.399 10.176.212 4,06 1998 3.567.561 14.243.566 3,99 1999 3.155.340 9.937.316 3,15 2000 3.886.921 11.187.260 2,87 2001 5.094.511 14.340.295 2,81 2002 5.823.567 21.232.597 3,64 2003 6.645.020 22.791.195 3,43 2004 7.929.279 25.732.292 3,24 Total 40.893.353 137.632.612 Média 4.543.705,88 15.292.512

Fonte dos dados: Aliceweb (2005).

As exportações brasileiras, durante o período analisado, atingiram a quantidade máxima de quase US$ 26 milhões durante o ano de 2004. Observa-se que há um crescimento nas vendas em todos os anos, exceto o período de 1999 houve uma queda mais significativa

(10)

no preço médio e uma pequena queda na quantidade e valor das exportações devido à desvalorização do real que encareceu o valor das sementes.

Devido à constante desvalorização do real durante os anos de 2000 em diante, as sementes ficaram com um preço acessível e competitivo no exterior aumentando as exportações de sementes forrageiras.

No período completo de nove anos, o Brasil exportou praticamente 41 mil toneladas de sementes forrageiras, com uma média anual de 18 mil toneladas enviadas ao exterior. Como resultado dessas operações, o país faturou quase US$ 138 milhões no período, resultado em uma receita média anual pouco maior de US$ 15 milhões.

As importações, por sua vez, constam da Tabela 3.

Tabela 3. Importações brasileiras de Sementes Forrageiras, 1996 a 2004.

Ano Quantidade Valor Preço médio

(peso liquido Kg) (US$ FOB) (US$/KgL)

1996 106.468 225.098 2,11 1997 83.782 316.247 3,77 1998 146.323 415.344 2,83 1999 70.440 156.303 2,21 2000 88.255 250.382 2,83 2001 369.645 362.027 0,98 2002 258.795 225.076 0,87 2003 92.180 137.115 1,48 2004 22.238 87.946 3,95 Total 1.238.126 2.175.538 Média 137.569,55 241.726,44 Fonte dos dados: Sistema Aliceweb (2005).

Já as importações brasileiras de sementes forrageiras não são tão relevantes. Entre 1996 e 2004 o país importou pouco mais de mil toneladas, com média anual de 137 toneladas de sementes. Logo, observa-se que o Brasil é um grande produtor e exportador desse tipo de semente. As importações ocorrem por motivos variados, tais como: i) necessidade de algumas sementes pouco utilizadas na pastagem brasileira, pelas características específicas de

(11)

algumas regiões produtoras; e ii) preço das sementes no exterior abaixo do preço praticado no mercado interno.

Na Tabela 4 apresentam-se os resultados da diferença entre as exportações e as importações brasileiras de sementes forrageiras, tanto em termos de quantidade, quanto em termos de valor. Essa diferença passa a ser designada “balança”, para facilitar o entendimento.

Tabela 4. Balança (exportações menos importações) brasileira de sementes forrageiras, em termos de quantidade e valor, 1996 a 2004.

Ano Quantidade Valor

(peso liquido Kg) (US$ FOB)

1996 2.179.287 7.766.781 1997 2.421.617 9.859.965 1998 3.421.238 13.828.222 1999 3.084.900 9.781.013 2000 3.798.666 10.936.878 2001 4.724.866 13.978.268 2002 5.564.772 21.007.521 2003 6.552.840 22.654.080 2004 7.907.041 25.644.346 Total 39.655.227 135.457.074 Fonte dos dados: Sistema Aliceweb (2005).

No período considerado, o Brasil apresentou uma exportação líquida de 39 mil toneladas sementes forrageiras, o equivalente a um superávit de US$ 135 milhões, contribuindo significativamente para o superávit brasileiro.

(12)

0 1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000 8.000.000 9.000.000 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Q u a n ti d a d e ( P e s o L iq . K g ) Exportações Importações

Figura 1. Evolução das exportações e das importações brasileiras de sementes forrageiras, 1996 a 2004 (Fonte: Aliceweb, 2005). 0 5.000.000 10.000.000 15.000.000 20.000.000 25.000.000 30.000.000 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Q u a n ti d a d e Balança

Figura 2. Evolução da balança entre exportações e importações brasileiras de Sementes Forrageiras, 1996 a 2004 (Fonte: Aliceweb, 2005).

Os três principais exportadores de sementes forrageiras do mundo são apresentados na Tabela 5.

(13)

Tabela 5. Principais países exportadores de sementes forrageiras (1996-2004).

País US$ FOB Peso Líquido(Kg)

Brasil 137.632.612,00 40.893.353

México 37.325.423,00 8.917.518

Colômbia 35.207.444,00 9.898.231

Fonte: Aliceweb (2005).

5. CONCLUSÕES

De acordo com a pesquisa, a exportação de sementes forrageiras vem crescendo e o setor se modernizando a cada ano, por causa de sua qualidade e preço competitivo para oferecer aos seus compradores, tanto no mercado interno quanto no externo. Um ponto importante é o crescimento de consumo de carne no mundo, pois se esse consumo aumenta, como conseqüência para alimentar a população bovina é necessário aumentar as vendas de sementes forrageiras.

As sementes forrageiras também são importantes na preparação, melhoramento e recuperação do solo, ainda mais atualmente quando se discute muito sobre impactos ambientais e desgaste/degradação dos solos. Através das pastagens de sementes forrageiras diminuem-se esses impactos pela cobertura do solo, reposição de matéria orgânica, reciclagem de nutrientes, fornecimento de nitrogênio biológico e capacidade de interromper ciclos de ervas daninhas, pragas e doenças. Essas são algumas características que tornarão as pastagens componentes essenciais em um modelo de exploração agrícola e pecuário, o que pode aumentar o uso dessas sementes em todo mundo.

Como o Brasil se tornou o maior produtor e exportador de sementes forrageiras do mundo? Através da profissionalização do negócio no ramo da pecuária, exigindo, dos produtores, qualidade no seu produto. No contexto foi fundamental a participação do governo no esforço de erradicação das principais doenças que afetavam o rebanho. Outro ponto relevante foi a disponibilização, por parte de pesquisa agropecuária, de novas tecnologias que abrangem desde melhoramento genético até rações melhor balanceadas. O lançamento de novas forrageiras permitiu o suporte de mais animais em uma mesma e também diminuiu a entressafra. Aspecto importante como a engorda de animais no pasto começou a fazer a diferença para o mercado externo, importantíssimo para as exportações de sementes forrageiras.

(14)

Assim, por meio dos dados analisados verifica-se que o Brasil é o maior produtor e maior exportador de sementes forrageiras, com uma grande diferença de exportação entre o segundo maior exportador que é o México. Além disso, o país tem potencial para aumentar suas exportações, especialmente se forem reduzidas as barreiras ao mercado internacional de carnes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRASEM - Associação Brasileira de Sementes e Mudas. Disponível em:

http://www.abrasem.com.br/. Acesso em: 29 março 2005.

ALICE WEB - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Secretaria de Comércio Exterior. Sistema Aliceweb. Disponível em: http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br. Acesso em: 4 abril 2005.

BARBOSA, M. M. T. L. A importância das forrageiras no desenvolvimento da pecuária bovina brasileira, 18/11/2003. Disponível em: http://www.embrapa.br/. Acesso em: 29 março 2005

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Disponível em: http://www.embrapa.br/. Acesso em: 29 março 2005

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Secretaria de Comércio Exterior. Analise de Mercados e Produtos. Disponível em:

http://www.radarcomercial.desenvolvimento.gov.br. Acesso em 4 Abril 2005.

Referências

Documentos relacionados

No Brasil e no mundo, é elevado o número de turistas interessados nesse tipo de atividade, em busca de conhecimentos e aventuras em cavernas e demais paisagens

Disseminação: restos culturais, sementes, hospedeiros alternativos, vento,

Promovido pelo Sindifisco Nacio- nal em parceria com o Mosap (Mo- vimento Nacional de Aposentados e Pensionistas), o Encontro ocorreu no dia 20 de março, data em que também

2. Identifica as personagens do texto.. Indica o tempo da história. Indica o espaço da história. Classifica as palavras quanto ao número de sílabas. Copia do texto três

Em janeiro, o hemisfério sul recebe a radiação solar com menor inclinação e tem dias maiores que as noites, encontrando-se, assim, mais aquecido do que o hemisfério norte.. Em julho,

a) O polícia disse um palavrão, após ter saído da casa de Adrian. Corrige as falsas.. A mãe também está com gripe. “Quase que não consegui ficar calado quando vi que não

Classifica os verbos sublinhados na frase como transitivos ou intransitivos, transcrevendo- os para a coluna respetiva do quadro.. Frase: Escondi três livros na estante

a) As sementes armazenadas em laboratório provido de aparelho de ar condicionado, mantive- ram-se por cerca de onze-doze meses nessas condi- ções sem perda significativa de poder