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Projeto 'América do Sol' do Instituto Ideal

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Academic year: 2021

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PROJETO “AMÉRICA DO SOL” DO INSTITUTO IDEAL: UTILIZAÇÃO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS

NO BRASIL E NO MERCOSUL

Florianópolis 2010

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PROJETO “AMÉRICA DO SOL” DO INSTITUTO IDEAL: UTILIZAÇÃO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS

NO BRASIL E NO MERCOSUL

Relatório de Estágio apresentado ao Curso de Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título bacharel em Relações Internacionais, pela Universidade do Sul de Santa Catarina

Orientador: Prof. José Baltazar. Dr.

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PROJETO “AMÉRICA DO SOL” DO INSTITUTO IDEAL: UTILIZAÇÃO DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS

NO BRASIL E NO MERCOSUL

Este Relatório de Estágio foi julgado adequado à obtenção do título de Licenciado bacharel em Relações Internacionais e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação bacharel em Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Florianópolis, 25 de junho de 2010.

______________________________________________________ Professor e orientador Prof. José Baltazar. Dr.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Kátia Macedo, Msc.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. João Batista, Msc.

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Aos meus pais que por todo incentivo, carinho, compreensão e amor, são partes fundamentais desta conquista.

A minha amiga e companheira Laura, por sua dedicação, paciência e auxílio no decorrer de toda a pesquisa.

Ao meu orientador, professor José Baltazar, por sua motivação, orientação para a realização deste trabalho.

A todos os colegas e amigos, especialmente ao Lori, Renata, Luca, Zasmin, Alessio e Miguel pelo companheirismo, compreensão e disponibilidade durante os últimos meses.

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O presente trabalho apresenta o uso de Energias Renováveis (ER) como alternativa de diversificação da matriz energética atual no Brasil e como estas podem servir como instrumento de integração no MERCOSUL. Embora o Brasil disponha de grande potencial para a aplicação da energia solar fotovoltaica (FV), devido aos elevados níveis de irradiação solar que recebe durante o ano todo, a participação dessa fonte renovável de energia (FRE) no mercado brasileiro ainda é bastante pequena e a legislação do setor elétrico em vigor não prevê incentivos para esses sistemas interligados à rede elétrica pública.

Um dos principais empecilhos para a adoção dessa energia na atualidade são os altos custos envolvidos na sua implantação; no entanto o paradigma de que essa FRE é viável econômica e, principalmente, ambientalmente nos países desenvolvidos são fatores fundamentais para justificar a exploração da energia FV no Brasil.

Nesse contexto, é de extrema importância que seja criado um mecanismo de incentivo que contemple a energia FV no Brasil. É aqui que o projeto Estádios Solares do Projeto IDEAL aparece como incentivador através o uso de painéis solares na estrutura dos estádios sede da copa do mundo de 2014, a qual será realizada no Brasil, para a geração de energia solar fotovoltaica.

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El siguiente trabajo presenta el uso de Energías Renovables (ER) como alternativa de diversificación de la actual matriz energética en el Brasil y como estas pueden servir como instrumento de integración en el MERCOSUR. A pesar del Brasil poseer un enorme potencial para la aplicación de la energía solar fotovoltaica (FV) debido a sus elevados niveles de irradiación solar que recibe durante todo el año, la participación de esa fuente renovable de energía (FRE) en el mercado brasilero aún es bastante pequeño e la legislación del sector eléctrico en vigor no previene incentivos para estos sistemas entrelazados a la red eléctrica pública.

Actualmente uno de los principales obstáculos para la adopción de esta energía, son los elevados costos envueltos en su implementación; sin embargo el paradigma de que esa FRE es viable económicamente y principalmente ambiental en los países desarrollados son factores fundamentales para justificar su uso en el Brasil y en loa países en desenvolvimiento.

Siendo así es de extrema importancia que sea creado un mecanismo de incentivo que contemple la energía FV en el Brasil, es aquí que el proyecto Estadios Solares do Proyecto IDEAL surge como incentivador a través del uso de paneles solares en la estructura de los estadios que serán sedes de la copa del mundo 2014, la cual será realizada en el Brasil, para el aprovechamiento de la energía solar fotovoltaica.

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GRÁFICO 1 - GERAÇÃO RENOVÁVEL NO MUNDO...27

GRÁFICO 2 - PROJEÇÕES IPCC/ONU SOBRE TEMPERATURA DE SUPERFÍCIE NA TERRA...31

GRÁFICO 3 – MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA: UMA DAS MATRIZES MAIS LIMPAS DO MUNDO 80% DE SUA CAPACIDADE DE GERAÇÃO DE ELETRICIDADE SÃO FONTES NÃO EMISSORAS DE GEE...35

GRÁFICO 4: PAINEL SOLAR FOTOVOLTAICO...40

GRÁFICO 5: EVOLUÇÃO DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL E NO MUNDO...43

GRÁFICO 6: EVOLUÇÃO DA INSTALAÇÃO MUNDIAL DE ENERGIA PV NO MUNDO...51

GRÁFICO 7: SISTEMA INTERLIGADO DE DISTRIBUIÇÃO DE ELETRICIDADE NO BRASIL...61

GRÁFICO 8: MERCADO FOTOVOLTAICO MUNDIAL...64

GRÁFICO 9: RADIAÇÃO SOLAR MEDIA ANUAL NO BRASIL...71

GRÁFICO 10: DISPONIBILIDADE DE PROFISSIONAIS QUALIFICADOS NO BRASIL...72

GRÁFICO 11: PROJETO ESTÁDIOS SOLARES: OPÇÃO SUSTENTÁVEL PARA A COPA 2014 NO BRASIL...75

GRÁFICO 12: TELHADOS SOLARES...76

GRÁFICO 13– VISTA AÉREA DO ESTÁDIO MARACANÃ...88

GRÁFICO 14 – NOVO PROJETO PARA O ESTÁDIO DO MARACANÃ...89

GRÁFICO 15 – VISTA AÉREA DO ESTÁDIO GOVERNADOR MAGALHÃES PINTO – MINEIRÃO...89

GRÁFICO 16 – PROPOSTA DE REMODELAÇÃO PARA O MINEIRÃO...90

GRÁFICO 17 – IMAGEM AÉREA DO ESTÁDIO BEIRA RIO...90

GRÁFICO 18 – PROJETO DA REMODELAÇÃO DO BEIRA RIO...90

GRÁFICO 19- ESTÁDIO FONTE NOVA...91

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TABELA 1 - COM AS FORMAS OU MANIFESTAÇÕES DE ER:...33 TABELA 2: USINAS HIDROELÉTRICAS BINACIONAIS NO ÂMBITO DO

MERCOSUL...60 TABELA 3: ESTIMATIVA DA EXPANSÃO DA CAPACIDADE INSTALADA NO BRASIL POR TIPO DE FONTE (MW)...66 TABELA 4: LISTA DOS ESTÁDIOS SELECIONADOS PARA SEDE DOS JOGOS DA COPA 2014...74

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LISTA DE SIGLAS

a-Si - Silício amorfo hidrogenado

ALADI - Associação Latino-Americana de Integração

ALALCA - Associação Latino-Americana de Livre Comércio AM - Amapá

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica BA - Bahia

BIPV - Building Integrated Photovoltaic

BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social c-Si - Silício Cristalino

CAN - Pacto Andino CdTe - Telureto de cádmio CC - Corrente Continua

CCEE - Câmara de Comercialização de Energia Elétrica CE - Ceará

CIS e CIGS - Disseleneto de Índio

CMSE - Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico CNPE - Conselho Nacional de Políticas Energéticas CO2 - Dióxido de Carbono

CQNUMC - Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas CDB - Convenção sobre Diversidade Biológica

CH4 - Metano

CIER - Comissão de Integração Energética Regional

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento DF – Distrito federal

EF - Energia Fotovoltaica

EPE - Empresa de Pesquisa Energética

EPIA - Associação Européia da Energia Fotovoltaica ER - Energias Renováveis

EUA - Estados Unidos da América FRE - Fontes de Energia Renováveis

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GEE - Gases de Efeito Estufa

IDEAL - Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas da América Latina IEA - International Energy Agency

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas JELARE - Joint European-Latin American Universities Renewable FIFA - Federação Internacional de Futebol

FV - Fotovoltaica

LABSolar - Laboratório de Energia Solar MERCOSUL – Mercado Comum do Sul MG – Minas Gerais

MME - Ministério de Minas e Energia MW - Mega Watt

MT - Mato Groso

MWh - Mega Watts hora N2O - Óxido Nitroso

NAFTA - Tratado de Livre Comercio da América do Norte OLADE - Organização Latino Americana de Energia ONS - Operador Nacional do Sistema Elétrico

ONU - Organização das Nações Unidas ONGs - Organizações não Governamentais

OTCA - Organização do Tratado de Cooperação Amazônica PCHs - Pequenas Hidrelétricas

PE - Pernambuco

PDE - Plano Decenal de Expansão da Energia

PNPB - Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel PNUD - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PR - Paraná

PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia UE - União Européia

UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina UNICA - União da Indústria de Cana de açúcar UNASUL - União das Nações Sul-Americanas

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UNISUL - Universidade d o Sul de Santa Catarina RJ - Rio de Janeiro

RN - Rio Grande do Norte RS - Rio Grande do Sul

SELA - Sistema Econômico Latino-Americano SIN - Sistema Interligado Nacional

SP - São Paulo

TEC - Tarifa Externa Comum

TIAR - Tratado Interamericano de Assistência Recíproca ou de Defesa WCED - Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento WCRE - Conselho Mundial de Energia Renovável

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 16 1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA ... 16 1.2 OBJETIVOS ... 20 1.2.1 Objetivo Geral ... 20 1.2.2 Objetivos específicos ... 20 1.3 Problemática ... 20 1.4 JUSTIFICATIVA ... 21 1.5 Procedimento Metodológico ... 23 1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 25 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 26 2.1 Sustentabilidade ... 27 2.2 Efeito Estufa ... 29 2.3 ENERGIAS RENOVAVEIS ... 31 2.3.1 Energia Solar ... 35

2.4 Sistema Solar Fotovoltaico ... 39

2.4.1 Tecnologias fotovoltaicas comercialmente disponíveis: ... 40

2.5 Mercado de energia no brasil ... 42

2.6 Mercado Internacional de energia solar ... 49

2.7 Integração Regional ... 51

2.7.1 Principais Blocos Econômicos da Atualidade no Mundo e suas respectivas características: ... 54

2.8 MERCADO COMUM DO SUL (Mercosul) ... 57

2.8.1 Histórico do MERCOSUL ... 57

2.8.2 A integração energética no MERCOSUL: ... 59

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ... 62

3.1 Mercado de Energias Renováveis no Brasil ... 62

3.2 CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ... 67

3.2.1 Consórcio de Universidades Européias e Latino-Americanas em Energias Renováveis-JELARE (Joint European-Latin American Universities Renewable Energies Project): ... 68

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3.2.2 Objetivos do JELARE ... 69

3.2.3 Resultados do Projeto ... 70

3.3 O Projeto AmÉrica do Sol e a Integração Regional ... 70

4 CONCLUSÃO ... 78

REFERÊNCIAS...81

ANEXOS A...88

ESTÁDIOS SOLARES OPÇÃO SUSTENTÁVEL PARA A COPA 2014 NO BRASIL...88 Maracanã - RJ ... 88 Mineirão - MG ... 89 Beira Rio - RS ... 90 Fonte Nova - BA ... 91 ANEXO B ...92

ACORDO-QUADRO SOBRE COMPLEMENTAÇÃO ENERGÉTICA REGIONAL ENTRE OS ESTADOS PARTES DO MERCOSUL E ESTADOS ASSOCIADOS....92

1 INTRODUÇÃO

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA

Atualmente encontramo-nos perante uma nova era, onde os padrões atuais de produção e o consumo de energia são ambientalmente impactantes e podem trazer efeitos irreversíveis para a vida do planeta; portanto, devemos estimular o uso mais eficiente de energia e uma rápida transição de fontes de energia fósseis para fontes renováveis.

O planeta está sofrendo constantes mudanças climáticas causadas principalmente pelas Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes da queima dos combustíveis fósseis. Não é de hoje que cientistas e alguns governantes discutem sobre as mudanças climáticas e como atenuar este problema global. Já a partir da segunda metade do século XX, os problemas ambientais se tornam efetivamente globais, e passam a

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suscitar medidas governamentais e não governamentais (políticas, jurídicas, econômicas e educacionais) em escala mundial, exigindo uma cooperação internacional mais orgânica1.

A atenção se volta a questões como: os recursos globais comuns (os oceanos, a atmosfera, o espaço exterior e, para alguns, os recursos genéticos); assim como, também, aos problemas locais ou regionais que ultrapassam fronteiras, tornando-se, dessa forma, transnacionais, como a chuva ácida ou o depósito de certos materiais tóxicos em locais que sofrem a ação de forças naturais (rios e ventos) os quais são de interesses comuns; por fim, o estreito laço entre o meio ambiente e as questões sócio-econômicas. Tudo isto em seu conjunto pode ser uma explicação plausível para a rápida assimilação dos temas ambientais na agenda internacional, especialmente, durante as décadas de 80 e 902.

Se a exploração dos recursos e a industrialização continuarem em ritmo acelerado, em pouco tempo as fontes mundiais estarão esgotadas. Em vista a essa problemática, foram elaborados vários relatórios a esse respeito, mas dois tiveram maior influência na formulação de políticas: Limites ao Crescimento e Relatório do Clube de Roma3. Posteriormente foi realizada em Paris, em 1968, a Conferência da Biosfera4. De

caráter cientifico, esta teve como resultado um prognóstico pessimista sobre o futuro do planeta; no entanto, graças a esta conferência foi se fortalecendo a ideia de se reunir os Estados para discutir metas globais sobre o Meio ambiente.

Foi em 1972 na Suécia, com a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano em Estocolmo, que aconteceu uma maior conscientização do público para com a gravidade dos problemas ambientais. O encontro propiciou forte discussão sobre o aprofundamento das distâncias entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento e gerou questionamentos sobre os modelos de crescimento (tendo em vista que a pobreza leva à exploração excessiva dos recursos naturais, à poluição e ao uso de tecnologias ultrapassadas)5.

1 Breda, Norma. Revista Cena Internacional: a política ambiental internacional. Disponível em: < http://www.mundorama.info/Mundorama/Cena_Internacional_files/Cena_2004_1.pdf/>. Acesso em: 8 mar. 2010.

2 World Wide Fund for Nature. Disponível em: < http://www.wwf.org.br/>. Acesso em: 3 mar. 2010. 3 THE ROME CLUB. Disponível em: < http://www.clubofrome.org/eng/home />. Acesso em: 4 mar.

2010.

4 UNESCO. Disponível em: <http://www.rbma.org.br/mab/unesco_01_oprograma.asp/>. Acesso em: 5

mar. 2010

5 DECLARAÇÃO DE ESTOCOLMO. Disponível em:

<http://www.vitaecivilis.org.br/anexos/Declaracao _Estocolmo_1972.pdf/>. Acesso em: 8 mar. 2010.

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A conferência de Estocolmo deixou como legado a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. No entanto, as notícias sobre a degradação do meio ambiente e do uso indiscriminado de combustíveis fósseis aumentavam as denúncias de que a camada de ozônio havia se adelgaçado, e mesmo rompido em algumas partes, incentivaram pesquisas sobre o efeito estufa com a elevação de temperaturas conseqüentes ao aprisionamento de certos gases, sobretudo o dióxido de carbono (CO2) nas camadas inferiores da atmosfera. Descobriu-se que as altas temperaturas ocasionam alterações nos padrões da natureza, podendo gerar uma variedade de desastres. Secas, inundações, furacões, derretimento de geleiras e modificação de áreas agricultáveis e inclusive óbitos confirmavam o diagnóstico cientifico.

As Nações Unidas convocaram uma comissão de especialistas, em 1987, que produziu o relatório “Nosso Futuro Comum” (também conhecido como Relatório Brundtland6). Tal relatório fez referência para as discussões sobre a temática ecológica e

consolidou a expressão desenvolvimento sustentável, levando em consideração os direitos de gerações futuras.

Em junho de 1992, o Brasil ofereceu aos membros da Organização das Nações Unidas (ONU) o Rio de Janeiro como sede do encontro conhecido como Conferência da Terra, na qual estiveram presentes praticamente todos os chefes de Estado e de governo então em exercício. Tal evento transformou se em uma das maiores e mais bem sucedidas conferências de cúpula do mundo, apresentando: 27 princípios gerais de atuação em questões do meio ambiente e do desenvolvimento; a Convenção-Quadro sobre Mudanças Climáticas (CQNUMC); a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB); a Declaração de Princípios das Florestas; e a Agenda 217.

Desde então, os países desenvolvidos prepararam relatórios minuciosos sobre as emissões de gases-estufa e vários encontros se sucederam até a finalização do Protocolo de Kyoto8, em 1997. Segundo o Protocolo, os países industrializados (Anexo I) deveriam

reduzir suas emissões em pelo menos 5% (em relação aos níveis de 1990) entre 2008 e 2012 (Art. 3º). O Protocolo determina compromissos vinculantes para que os países industrializados reduzam as emissões de gases que produzem o efeito estufa, e os 6 BRUNTLAND REPORT. Disponível em: <http://www.re-set.it/ documenti/1000/1800/1850/1856/

brundtland_reportpdf.pdf />. Acesso em: 8 mar. 2010.

7 AGENDA 21. Disponível em: <http://www.agenda21local.com.br/con3a.htm/>. Acesso em: 10 mar.

2010.

8 PROTOCOLO DE KYOTO. Disponível em: <http://www.greenpeace.org.br/ clima/pdf/protocolo_kyoto

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interesses conflitantes entre países do Norte e do Sul ficam patentes na condução do processo de ratificação, que tem como ausência marcante os Estados Unidos de América. O processo se completou com a assinatura da Rússia no final de 2004.

O futuro renovável vai depender principalmente da vontade política, de um novo modo de pensar da população e pela geração de profissionais que estejam aptos a encarar este desafio. A última grande reunião realizada entre os líderes de governo aconteceu em Copenhague -Dinamarca- no ano passado, em dezembro de 20099.

Considerada por muitos como um ponto de partida crucial para o futuro do planeta, não teve, no entanto, resultados muito animadores no que se refere às questões climáticas já que não se chegou a nenhum acordo regulatório sobre as emissões de CO2 e teve sim um avanço no que se refere às questões comerciais.

Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente10 (PNUMA)

revelam que o setor de Energias Renováveis (ER) já emprega 2,3 milhões de pessoas: número maior que o do setor de refino de gás e de petróleo (o qual emprega 2 milhões no mundo). Porém, o grande desafio é encontrar pessoal qualificado.

Atualmente as Energias renováveis são mais caras que as fósseis. No entanto, à medida que as fontes fósseis forem se esgotando a tendência é que estas vão ficar cada vez mais caras gerando um problema econômico maior pelo qual se requer um investimento imediato na preparação dos profissionais do mercado de Energia renováveis. No momento existe uma urgência de pessoal qualificado para este ramo de serviço e pouco investimento na formação e qualificação desses profissionais.

9 COP 15. Disponível em: <en.cop15.dk/>. Acesso em: 8 mar. 2010.

10 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE Disponível em:

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1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar o projeto America do Sol e as Energias Renováveis como promotor da integração regional no âmbito do MERCOSUL.

1.2.2 Objetivos específicos

• Descrever o mercado das energias renováveis no Brasil, com enfoque na energia solar;

• Analisar o local de estágio: o Projeto Jelare;

• Analisar o projeto América do Sol como promotor da integração regional no âmbito do MERCOSUL.

1.3 PROBLEMÁTICA

Devido à crescente escassez das fontes de combustíveis fósseis, o grande desafio deste século é o de descobrirmos quais as fontes de energia que irão mover a humanidade no futuro. Com a aproximação do fim da era do petróleo e do gás, em função do esgotamento das reservas mundiais, países mais desenvolvidos estão investindo vultosos recursos no desenvolvimento de pesquisas sobre as fontes alternativas de energia.

No entanto, as iniciativas políticas dos governos neste setor são ainda tímidas, contrastando seriamente com os padrões atuais de produção e o consumo de energia os

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quais são ambientalmente impactantes e podem trazer efeitos irreversíveis para a vida do planeta. Hoje, ao não existir um perfeito e integrado comprometimento das nações sobre o futuro energético do planeta, a busca por fontes de energias renováveis torna-se um desafio para a humanidade e representa uma corrida contra o tempo.

Este cenário de decadência facilita um dialogo aberto entre as nações sobre o assunto, e por conseqüência é uma grande oportunidade para o desenvolvimento efetivo de uma política de integração energética.

De que forma pode-se promover o uso de novas fontes de energia de maneira mais eficiente, contribuindo para a integração regional no MERCOSUL, e assim diminuir o impacto ambiental já causado pelo homem?

1.4 JUSTIFICATIVA

Atualmente, a busca por fontes de energias renováveis é um desafio para a humanidade. Apesar do conflito existente entre o consenso geral e a velocidade de tomada de iniciativas, é unicamente através da cooperação internacional entre os países em desenvolvimento e os desenvolvidos que realmente podemos encontrar soluções concretas sobre o uso das energias renováveis.

O Brasil é o país detentor de um dos maiores volumes de biomassa e é um exemplo, no mundo, na utilização de fontes renováveis: a matriz energética do Brasil proveniente de energias renováveis alcança 45% ao invés do resto do mundo que é de 14%. Outra contribuição importante do Brasil para o mundo é a técnica adquirida, durante os últimos 30 anos, de estudo sobre o suprimento do etanol. Além do mais, o Brasil possui uma das maiores frotas de automóveis no mundo que usam o etanol.

O enfoque e a dinâmica do seguinte trabalho parte da premissa de que ao não existir um perfeito e integrado comprometimento das grandes nações sobre o futuro energético do planeta, todos os habitantes do planeta estarão perdendo esta corrida contra o tempo. A busca por fontes de energias renováveis é um grande desafio e requer de investimentos em pesquisa e desenvolvimento. No entanto, devemos encarar este fato como uma oportunidade econômica positiva e quanto mais cedo façamos uso delas mais cedo sairemos da dependência energética que temos pelos combustíveis fósseis.

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A integração regional é importante sob o olhar das Relações Internacionais devido a que esta representa uma importante forma de inserção internacional; implica também a queda das barreiras alfandegárias para viabilizar assim a livre competição das economias; e possibilita, assim, o crescimento e o desenvolvimento das nações. Segundo o autor Rogério Santos da Costa11, há uma forte tendência no mundo para a unificação ou

integração que se intensificou especificamente com o fim da Guerra Fria.

Ao mesmo tempo em que se processa um movimento de integração global, também se observa um movimento de integração regional. [...] Desta forma, as principais potências globais ou regionais estão aglutinando suas forças regionais em processos de integração como forma principal de inserção internacional. 12 Na América do Sul as condições de obter a auto-suficiência energética são enormes graças à abundância e disponibilidade dos recursos naturais. No entanto, as possibilidades de alcançar este objetivo dependem fundamentalmente das políticas energéticas que vão ser adotadas pelos governos. Atualmente, a busca pela auto-suficiência energética das nações facilita um dialogo aberto sobre o assunto, contribuindo para o desenvolvimento de uma política de integração energética.

O Instituto para o Desenvolvimento de Energias Alternativas da América Latina (IDEAL) em parceria com o Projeto Jelare, ambas com sede em Florianópolis, nasceram com o propósito de fomentar as energias renováveis em parceria com os governos, parlamentos, no meio acadêmico e empresarial, possibilitando que se estabeleça uma política de integração e desenvolvimento regional que contemple as energias alternativas na matriz energética de seus países13.

O Projeto America do Sol é resultado de um convênio de cinco anos firmado em 2007 entre o Instituto IDEAL e o Conselho Mundial de Energia Renovável (WCRE) e tem como seu principal objetivo transformar a América Latina no continente da energia solar. A América Latina tem uma capacidade de insolação quatro vezes maior que a Europa. É um potencial inexplorado, o que motiva as discussões para a criação de legislações que contemplem a energia solar e a torne competitiva em poucos anos.

Estudos recentes mostram que o custo da energia solar no mundo está caindo enquanto as energias convencionais registram considerável aumento. A energia Solar é

11 CEPIK, Marco A. (Org.). América do Sul: economia & política da integração regional. 12 CEPIK, Marco A. (Org.). América do Sul: economia & política da integração regional.

13 INSTITUTO PARA O DESENVOLVIMENTO DE ENERGIAS ALTERNATIVAS DA AMÉRICA

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uma energia preciosa, limpa, que precisa ser aproveitada; soma-se a isso a possibilidade de geração de mão-de-obra especializada, uma necessidade crescente e que leva universidades e centros de ensino a investir nesta área.

Temos certeza que o projeto América do Sol irá transformar nosso continente num grande referencial mundial no aproveitamento de energia solar e servirá como promotor da integração energética regional no âmbito do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Neste sentido, já estão em andamento os estudos de viabilidade para três grandes projetos: Os Estádios Solares, Aeroportos Solares e os Telhados Solares.

No caso dos Estádios Solares, a proposta é contemplar com geração própria os estádios brasileiros que irão sediar a Copa do Mundo de 2014. O segundo prevê que os aeroportos sejam sustentáveis, e tenham na energia solar uma forma de compensar o impacto ambiental que causam. Já o projeto de Telhados Solares pretende implantar uma política pública de integração no continente que incorpore em programas habitacionais, a energia solar como fonte de aquecimento de água e geração de energia elétrica14.

A importância de desenvolver este projeto para a sociedade reside no desafio de descobrirmos quais as fontes de energia que irão mover a humanidade no futuro. Com a aproximação do fim da era do petróleo e do gás, em função do esgotamento das reservas mundiais, surge a necessidade de incentivar políticas de governo efetivas neste setor e assim impulsionar uma política de integração energética regional.

Para o local de estágio a sua importância está centrada na necessidade de fomentar o uso das energias renováveis junto aos governos e aos parlamentos através da academia possibilitando a cooperação entre as instituições de Ensino Superior Européias e Latino Americanas, a fim de fomentar novas abordagens na educação e pesquisa contribuindo para uma política de integração e desenvolvimento regional.

1.5 Procedimento Metodológico

O presente estudo possui como métodos adotados para coleta e análise de dados os tipos de pesquisa bibliográfica, exploratória, qualitativa e descritiva. Nesta parte

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do trabalho serão apresentados os aspectos metodológicos utilizados no desenvolvimento desta pesquisa.

Em primeira instância precisa-se buscar e entender o que de fato é uma pesquisa, a qual segundo Cervo e Bervian15 é conceituada como: “A pesquisa é uma

atividade voltada para a solução de problemas, através do emprego de processos científicos”. O autor ainda afirma que através do método científico se busca uma solução de um problema ou dúvida. A pesquisa é composta de inúmeras fases até sua parte final, onde a apresentação dos resultados resulta no fim desta.

A pesquisa bibliográfica possui grande importância ao pesquisador, pois é através dela que diversas informações são depositadas em um só livro, basta então, organizar os dados pesquisados. Mas é preciso prestar atenção para que essas fontes sejam seguras e não distorçam a idéia do trabalho16.

Os objetivos do trabalho foram tratados de forma exploratória, bibliográfica e descritiva. “A pesquisa bibliográfica é, por excelência, uma fonte inesgotável de informações, pois auxilia na atividade intelectual e contribui para o conhecimento cultural em todas as formas do saber”.17

Em se tratando de pesquisa descritiva, segundo Cervo e Bervian18, o

pesquisador observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos sem manipulá-los para assim apresentá-los a comunidade acadêmica.

Como procedimentos de coleta de dados, foram utilizados tanto a pesquisa bibliográfica quanto a documental. Bibliográfica, pois é produzida a partir de material já publicado, principalmente em livros e artigos científicos. A principal vantagem da utilização deste material, segundo Cervo e Bervian19, é que: “Praticamente todo o

conhecimento humano pode ser encontrado nos livros ou em outros impressos que se encontram nas bibliotecas”. Não esquecendo, é claro, dos materiais encontrados na internet.

15CERVO, Amado Luiz, BERVIAN Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4. ed. Markon Boks, São Paulo, 1996, p. 44.

16 GIL, Antonio Carlos, Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 17FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 119

18 CERVO, Amado Luiz, BERVIAN Pedro Alcino. Metodologia Científica. 4. ed. Markon Boks, São

Paulo, 1996, p. 45.

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Já a pesquisa documental, segundo Gil20, vale-se de materiais que não

receberam ainda tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa, procedimento este adotado pela necessidade da utilização de documentos da empresa em questão no decorrer do trabalho.

1.6 ESTRUTURA DA PESQUISA

Este trabalho contemplará quatro capítulos, além das referências e da lista de tabelas. O primeiro capítulo trata exclusivamente da exposição do tema, onde está incluso a pergunta de pesquisa; logo após a justificativa; os objetivos, geral e específicos; e os processos metodológicos utilizados para elaboração deste trabalho.

O segundo capítulo, onde é feita a revisão bibliográfica, trata da contextualização teórica do tema, abordando assuntos que servem como conhecimento geral na leitura do trabalho. Os tópicos abordados, primeiramente, são a sustentabilidade, seguindo com as energias renováveis e suas diferentes classes. Continuando o capitulo será feita uma breve resenha sobre o que é integração regional, quais os seus tipos? Finalmente, falaremos especificamente do MERCOSUL

Já o terceiro capítulo apresenta o objeto de estudo, o projeto JELARE, explicaremos como e porque surgiu este projeto e quais são seus objetivos.

O quarto capítulo tratará das considerações finais e recomendações para futuras pesquisas acadêmicas.

E por fim, as referências que serviram de base para este estudo e o anexo, com a lei brasileira que rege a comercialização de energia no Brasil.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Através da história, vemos que, conforme a evolução tecnológica e o desenvolvimento das sociedades, vão surgindo novas fontes de energia e novas formas da sua exploração devido a que o homem é um ser dependente da energia.

Muito antes da Revolução Industrial, séc. XVIII, as energias usadas pelo homem eram todas renováveis e exploradas com tecnologias rudimentares as quais não agrediam ao meio ambiente. É com a Primeira Revolução Industrial que ocorreu a descoberta do carvão, primeiro combustível fóssil associado diretamente à máquina a vapor21.

Com o desenvolvimento da atividade industrial em distintas áreas (como a química, a elétrica, a termodinâmica) e a evolução dos transportes no mundo surge a Segunda Revolução Industrial na metade do século XIX. Período fundamental porque além do desenvolvimento industrial surge o motor de combustão interna e é graças a ele que a humanidade inicia sua dependência com o petróleo e o mundo nunca mais foi o mesmo. Tempo depois, com a Segunda Grande Guerra, surge a energia atômica e logo com o avanço da robótica e da genética surge a Terceira Revolução Industrial22.

Neste exato momento estamos frente a uma corrida contra o tempo devido a que os atuais padrões de emissão de energia e de produção industrial baseiam-se, principalmente, na queima de combustíveis fósseis os quais desperdiçam enormes quantidades de energia primária e poluem o mundo. Efeitos como o aquecimento global com as conseqüentes mudanças climáticas, poluição do ar das grandes metrópoles, chuva ácida, a luta cada vez mais acirrada para garantir acesso ao petróleo e gás, que tem levado a instabilidade política e até guerras e, acima de tudo, a certeza de que os combustíveis fósseis estão em rota de exaustão e substitutos terão que ser encontrados para eles são o que nos dá a certeza de que o futuro energético para a humanidade está nas energias renováveis23.

21 UNIVERSIDADE FEDERAL DE VISOÇA. a primeira revolução industrial. Disponível em: <

http://www.ufv.br/dee/evonir/46103.htm>. Acesso em: 19 mar. 2010

22 ENERGIA BRASIL. Disponível em: <http://www.energiabrasil.gov.br>. Acesso em: 15 mar. 2010 23 [r]evolução energética: PERSPECTIVA PARA UMA ENERGIA GLOBAL SUSTENTÁVEL.

(27)

Gráfico 1 - Geração Renovável no Mundo

Fonte: World Energy Outlook

2.1 SUSTENTABILIDADE

Antes de falar sobre o que o termo Sustentabilidade significa, devemos contextualizar a sua origem e definir o que é desenvolvimento sustentável. O que conhecemos hoje como desenvolvimento sustentável foi adotado formalmente pela ONU em 1972 com a criação da Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento (WCED), que posteriormente em 1987 publicou o documento “Our Common Future” 24, conhecido também como o Relatório Brundtland o qual foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nesse relatório foi apontada a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo, trazendo à tona mais uma vez a necessidade de uma nova relação “ser humano-meio ambiente”.

O documento expressou, já naquela época, grande preocupação da comunidade internacional em relação à velocidade das mudanças do mundo e à alguns problemas ambientais, como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio. Entre as medidas apontadas pelo relatório consta o desenvolvimento de tecnologias para 24 COMISSÃO MUNDIAL SOBRE OMEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO. Nosso Futuro

(28)

1991-uso de fontes energéticas renováveis como solução, visando a diminuição do consumo de energias fósseis e o aumento da produção industrial nos países não-industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas.

Ao referirmo-nos em desenvolvimento sustentável estamos pensando no desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações, através do uso de tecnologias ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente aceitas. Aqui podemos citar a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) denominado como ECO-92 ou Rio 92 como instrumento para reforçar este objetivo25.

A importância da Conferência do Rio reside não só porque serviu de instrumento para consagrar o conceito de desenvolvimento sustentável, mas acima de tudo porque contribuiu para a mais ampla conscientização de que os danos ao meio ambiente eram majoritariamente de responsabilidade dos países desenvolvidos. Com isto a posição dos países em desenvolvimento tornou-se mais bem estruturada e o ambiente político internacional favoreceu a aceitação, pelos países desenvolvidos, de alguns princípios como o das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e agenciou o recebimento de apoio financeiro e tecnológico para avançarem na direção do desenvolvimento sustentável.

A palavra sustentabilidade, hoje em dia, é usada como um termo amplo para todas as atividades humanas. Para o físico e escritor o Austríaco Fritjof Capra, a sustentabilidade, assim como o desenvolvimento sustentável, é a conseqüência de um complexo padrão de organização que apresenta cinco características básicas: interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade e diversidade. Nesse contexto, afirma Capra:

Uma comunidade sustentável é geralmente definida como aquela capaz de satisfazer suas necessidades e aspirações sem reduzir as probabilidades afins para as próximas gerações. [...] lembra a responsabilidade de transmitirmos aos nossos filhos e netos um mundo com oportunidades iguais as que herdamos26. Pode se dizer, portanto, que o desenvolvimento sustentável propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e as atividades humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades no presente, e

25 AGENDA 21. Disponível em: <http://www.agenda21local.com.br>. Acesso em: 20 mar. 2010

26 CAPRA, Fritjof. AS CONEXÕES OCULTAS. Disponível em: <

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ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir a pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais.

A sustentabilidade é prover o melhor para as pessoas e para o ambiente; pensar em sustentabilidade reside no agir pensando globalmente, tanto agora como para um futuro indefinido ou segundo a Carta a Terra:

A essência do conceito está contido em apenas quatro palavras Enough for everyone, forever (O suficiente para todos e para sempre). Estas palavras encerram as idéias de recursos limitados, consumo responsável, igualdade e equidade e perspectiva de longo prazo, todas elas correspondentes a conceitos importantes do domínio do desenvolvimento sustentável.. Segundo o Relatório de Brundtland (1987), sustentabilidade é: "suprir as necessidades da geração presente sem afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas27.

A Sustentabilidade não depende unicamente no uso racional dos recursos naturais se não que ela se apóia em três pilares principais: no ambiental, no econômico e no social. Ambiental porque deve zelar pela preservação da biodiversidade e dos ecossistemas naturais, econômico porque a viabilidade econômica para sua implantação e manutenção é fundamental para que projetos aconteçam e a garantia que de as ações atinjam a todos os grupos humanos sem distinção social e sem agredir valores culturais é de suma importância para que esta ideia sobreviva e não seja simplesmente um modismo.

Desta maneira, podemos dizer que o núcleo do que conhecemos como sustentável representa um grande desafio e jaz em satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade de as gerações futuras poderem também satisfazer as suas. Em vistas da sustentabilidade, o seguinte tópico pretende explanar sobre as energias renováveis e seu papel na diminuição do impacto ambiental e como esta pode servir de instrumento de integração.

2.2 EFEITO ESTUFA

O efeito estufa é o processo pelo qual a atmosfera retém parte da energia irradiada pelo Sol e a transforma em calor, aquecendo a Terra e impedindo uma oscilação muito grande das temperaturas. Através do efeito estufa a terra mantêm sua temperatura constante e garante a manutenção da vida terrestre, porém cerca do 35% da radiação que 27 MINISTÉRIO DE EDUCAÇÃO. Educação para a Cidadania Guião de Educação para a

(30)

recebemos vai ser refletida de novo para o espaço, ficando os outros 65% retidos na Terra devido ao aumento da concentração de gases na atmosfera28.

Com o aumento dos “gases de efeito estufa” e o efeito aerossol, produto da atividade humana, está-se acentuando esse efeito artificialmente, elevando a temperatura global e alterando o clima do planeta. Entre os gases de efeito estufa estão o CO2, que é produzido pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento; o metano (CH4), que

é liberado por práticas agrícolas, animais e aterros de lixo; e o óxido nitroso (N2O), o qual

é resultante da produção agrícola e de uma série de substâncias químicas industriais29.

A pesar de o CO2 sempre ter tido um papel fundamental na regulação da

temperatura do planeta, todos os dias o meio ambiente é prejudicado pelo uso de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás) para energia e transporte, que nos últimos cem anos tem duplicado a quantidade deste gás.

Devemos concordar com o relatório emitido no ano de 2007 pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estabelecido em 1988 pela organização Meteorológica Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que diz o seguinte:

A maioria dos aumentos das temperaturas médias globais observadas desde a metade do século 20 é provavelmente devido à concentração de gás estufa [...] a maior parte do aquecimento observado durante os últimos 50 anos provavelmente ocorreu devido ao aumento da concentração do gás estufa. As influências humanas perceptíveis agora se estendem a outros aspectos do clima, incluindo o aquecimento dos oceanos, as temperaturas médias continentais, as temperaturas extremas e os padrões de vento30.

Como conseqüência, as mudanças climáticas já estão afetando a vida de bilhões de pessoas. Neste ritmo e com o abatimento desenfreado de florestas, a previsão é que essas alterações no clima destruirão o modo de vida de muitas pessoas, principalmente nos países em desenvolvimento, além de acarretar a perda de ecossistemas e espécies nas próximas décadas. É necessário reduzir significativamente as emissões de gases de efeito estufa, tanto por razões ambientais como econômicas.

28 RELATÓRIO DO IPCC/ONU – Novos Cenários Climáticos – Versão em português: iniciativa da

Ecolatina 1

29 MUNDO QUENTE SITE DISPONÍVEL. Efeito Estufa. Disponível em:

<http://www.mundoquente.com.br/efeitoestufa.html> Acesso em: 3 maio 2010.

(31)

Gráfico 2 - Projeções IPCC/ONU sobre Temperatura de Superfície na terra

Fonte: IPCC/ONU

2.3 ENERGIAS RENOVAVEIS

Desde o início do século XX, a humanidade desloca-se em ritmo descontrolado rumo à novas catástrofes ambientais, problemas ecológicos e ao aquecimento global; o mundo tem sofrido com a exploração de seus recursos naturais, com a poluição da atmosfera e com a degradação do solo. O aproveitamento dos recursos naturais de maneira correta é o mais importante passo para que possamos reverter este quadro31.

O uso das fontes tradicionais de energia leva ao desastre, não só pela sua característica efêmera, mas porque é uma ameaça concreta ao meio ambiente e ao equilíbrio natural do planeta. O relatório publicado no ano de 2007 pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) nos mostra que existe um esmagador consenso científico de que as mudanças climáticas são uma realidade e sua principal causa são as atividades humanas, principalmente a queima de combustíveis fósseis:

... grande parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos é causado por atividades humanas (uma certeza maior do que 90%) e conclui – a partir das

31 PORTAL BRASILEIRO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS. Energias Renováveis. Disponível em :

(32)

observações de aumento na média global das temperaturas do ar e dos oceanos, derretimento das calotas polares e aumento na média global do nível do mar – de que o aquecimento do sistema climático é claro e patente.32

As projeções sobre as mudanças climáticas para o fim do século 21 dependem unicamente de futuras emissões, se não fizermos nada para reduzir as emissões, o aquecimento do planeta será duas vezes maior nos próximos 20 anos do que se tivéssemos estabilizado a emissão de gases nos níveis do ano 2000. Entre os impactos observados descritos no relatório do IPPCC temos33:

• Onze dos últimos 12 anos estiveram entre os 12 mais quentes já registrados. • O aumento global do nível do mar se acelerou.

• Geleiras montanhosas e cobertura de neve diminuíram em média tanto no hemisfério norte quanto no hemisfério sul.

• Secas mais intensas e mais longas foram observadas em áreas mais extensas desde 1970, particularmente nos trópicos e sub-trópicos.

O principal recurso fóssil utilizado pelo homem, o petróleo, considerado como fonte tradicional de energia, continua sendo explorado a tal ponto que os poços no mundo todo já começarão a se esgotar em pouco menos de 100 anos após o início de sua utilização efetiva. Tudo isto põe em xeque a questão da dependência de energia atual. E seus métodos de exploração são impulsionados pelo aumento excessivo do preço do petróleo, fazendo com que seja prioridade da atual agenda política internacional34.

Na contramão surge como “nova alternativa” energética o uso das Energias Renováveis (oriundas de ciclos naturais ou de fontes primárias). Estas possuem a capacidade de regeneração, são consideradas praticamente inesgotáveis e, o mais importante, é que não alteram o balanço térmico do planeta nos permitindo ter um maior controle do aquecimento global, e enfrentar de forma mais eficiente a demanda mundial de energia (que cresce num ritmo alarmante)35.

Com a implementação de soluções renováveis conseguiremos respeitar os limites naturais do meio ambiente, eliminar gradualmente fontes de energia sujas e não sustentáveis. Além disso, promoveremos a eqüidade na utilização dos recursos e, 32 PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. 4° Relatório de Avaliação

de Mudanças Climáticas. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/> Acesso em: 18 março 2010.

33 PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. 4° Relatório de Avaliação de

Mudanças Climáticas. Disponível em: <http://www.ipcc.ch/> Acesso em: 18 março 2010.

34 [r]evolução energética: PERSPECTIVA PARA UMA ENERGIA GLOBAL SUSTENTÁVEL.

Conselho Europeu de Energia Renovável. Greenpeace. Abril 2007

35 PORTAL DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS. Energias Renováveis. Disponível em:

(33)

conseqüentemente, desvincularemos o crescimento econômico do consumo de combustíveis fósseis.

Para a América do Sul, a mudança climática é um paradoxo devido a que esta é uma área que, apesar de ter uma baixa participação na produção de Gases de Efeito Estufa (GEE), enfrenta elevados riscos de sofrer os efeitos esta questão, dada a fragilidade e vulnerabilidade de sua população e dos ecossistemas.

Podemos dizer que o Brasil é privilegiado no que concerne à disponibilidade de ER, pois dispõe da maior bacia hidrográfica do mundo, com enorme potencial para transformação em força motriz e em energia elétrica. Além disso, o país é detentor de grandes florestas tropicais, áreas cultiváveis e que, se exploradas sustentavelmente, poderão ser inesgotáveis produtoras de energia. Possuímos ainda um potencial eólico promissor e além do que a energia solar destaca-se como grande fonte primária ainda a ser explorada em escala mais significativa.

Dentro das formas ou manifestações de Energias Renováveis (ER) podemos mencionar36:

• Energia Solar: é um tipo de energia proveniente da radiação solar;

• Energia Eólica: energia que provêem dos ventos;

• Energia Hidráulica: energia que é extraída do fluxo das águas dos rios;

• A biomassa: provêem da degradação da matéria orgânica;

• Energia Geotérmica: energia disponível do calor interno da terra;

• Energia Mareomotriz: provêem das ondas de mares ou dos oceanos. Tabela 1 - Com as formas ou manifestações de ER:

36 PORTAL DAS ENERGIAS RENOVÁVEIS. Energias Renováveis. Disponível em:

(34)

Fonte: www.eletrosul.gob.br

Quando se fala em fontes alternativas de energia ou ER, podemos dizer que o Brasil é privilegiado, pois dispõe da maior bacia hidrográfica do mundo, com grande potencial para transformação em força motriz e em energia elétrica37. O país possui

grandes florestas tropicai, com áreas cultiváveis e que exploradas sustentavelmente poderão ser inesgotáveis produtoras de energia; possui ainda um potencial eólico promissor, além do que a energia solar destaca-se como grande fonte primária ainda a ser explorada em escala mais significativa.

37 PORTAL DO MINISTERIO DE MINAS E ENERGIA. Energia Eletrica. Disponível em

(35)

Gráfico 3 – Matriz Energética Brasileira: uma das matrizes mais limpas do Mundo 80% de sua capacidade de geração de eletricidade são fontes não emissoras de GEE.

Fonte: ANEEL (maio 2009)

2.3.1 Energia Solar

A energia solar é a mesma que recebemos do sol. O Sol é uma estrela em combustão; há mais de 4,5 bilhões de anos é composta de uma grande quantidade de gás, principalmente hidrogênio e hélio. O sol sempre foi fonte de energia de mais fácil acesso para o homem. Através da energia solar é possível realizar a captação de energia luminosa, de energia térmica e da Energia Fotovoltaica (EF)38.

Neste trabalho o foco de estudo é a energia fotovoltaica. No entanto, faremos uma breve descrição de ambas para assim não ter confusão. A energia térmica como o seu nome diz é o calor que recebemos naturalmente do sol, energia que se for corretamente utilizada poderemos economizar no aquecimento da água ou mesmo em sistemas de aquecimento em prédios e domicílios; entretanto, este sistema só pode utilizar luz solar direta sendo, portanto, dependente de locações com alta incidência solar.

Por outro lado a Energia Solar Fotovoltaica é a energia proveniente da conversão direta da luz em eletricidade (Efeito Fotovoltaico) através da célula fotovoltaica, que é a unidade fundamental do processo de conversão. Atualmente o custo das células solares é o principal empecilho para a difusão dos sistemas fotovoltaicos em larga escala. 38 CENTRO DE REFERENCIAS PARA ENERGIA SOLAR E EÓLICA. Energia Solar. Disponível em:

(36)

No entanto, com a popularização do uso desta tecnologia a mesma está se tornando cada vez mais competitiva, tanto que seus custos estão decrescendo.

No Brasil a geração de energia elétrica por conversão fotovoltaica teve um impulso notável, através de projetos privados e governamentais, atraindo interesse de fabricantes pelo mercado brasileiro. A quantidade de radiação incidente no Brasil é outro fator muito significativo para o aproveitamento da energia solar.

Conforme o Atlas Brasileiro de Energia Solar, publicado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em 200639, o país recebe mais de 2.200 horas de

insolação por ano, um potencial equivalente a 15 trilhões de Mega Watts hora (MWh) o que corresponde a 50 mil vezes o consumo nacional de eletricidade. Apesar do imenso potencial do Brasil para a energia solar, é a energia eólica que vem recebendo maior volume de investimentos por conta do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica40, coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. O Atlas ainda salienta

que:

... o Brasil, por ser um país localizado na sua maior parte na região inter-tropical, possui grande potencial para aproveitamento de energia solar durante todo ano. A utilização da energia solar traz benefícios a longo prazo para o país, viabilizando o desenvolvimento de regiões remotas onde o custo da eletrificação pela rede convencional é demasiadamente alto com relação ao retorno financeiro do investimento, regulando a oferta de energia em períodos de estiagem, diminuindo a dependência do mercado de petróleo e reduzindo as emissões de gases poluentes à atmosfera como estabelece a Conferência de Kyoto41.

O mercado mundial de energia solar fotovoltaica continua mantendo um elevado crescimento anual. No Hemisfério Norte a energia solar está na pauta permanente dos governos desde a sua descoberta na década de 1970. Aliada à preocupação mundial pelo desenvolvimento sustentável, diversas nações, sobretudo a Alemanha, começaram a investir tempo e dinheiro na sua produção. A Alemanha serve como exemplo, este país estabeleceu políticas de investimentos e incentivos à indústria de equipamentos: bancos como o WCRE (banco de fomento alemão) disponibilizaram créditos permitindo um maior desenvolvimento e, por conseqüência, o seu barateamento42.

39 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Atlas Brasileiro de Energia Solar.

Disponível em: <http://mtc-m17.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m17@80/2007/05.04.14.11/doc/atlas_solar-reduced.pdf> > Acesso em: 5 abril. 2010.

40 PROGRAMA DE INCENTIVO ÀS FONTES ALTERNATIVAS DE ENERGIA ELÉTRICA.

PROINFA. Disponível em: < http://www.mme.gov.br/> Acesso em: 7 abril. 2010.

41 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Atlas Brasileiro de Energia Solar.

Disponível em: <http://mtc-m17.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/mtc-m17@80/2007/05.04.14.11/doc/atlas_solar-reduced.pdf> > Acesso em: 5 abril. 2010

(37)

Conforme dados disponibilizados pela EPIA, Associação Européia da Energia Fotovoltaica, no fim do ano 2007, a capacidade instalada em todo o mundo superou a incrível cifra de 9.200 MW desta energia limpa e as instalações de células e módulos fotovoltaicos em todo o mundo tem aumentado em uma taxa media anual que supera o 35% desde 199843. A indústria fotovoltaica mundial na Europa e em países como os

Estados Unidos da América (EUA), China e Japão, está em constante evolução graças ao constante investimento de novas instalações tecnológicas como de produção e, sobretudo, ao apoio político destas nações.

Por outro lado, de acordo com a Associação de Pesquisa para a Energia Solar, em média, a energia solar que atinge a Terra é de cerca de um quilowatt por metro quadrado e a energia disponibilizada pelas fontes de energias renováveis é 2.850 vezes maior do que a demanda atual do planeta. Conclui-se que em apenas um dia, a luz do Sol que chega à Terra produz energia suficiente para satisfazer as atuais exigências mundiais de energia por oito anos. Por outro lado, apenas um pequeno percentual desse potencial está tecnicamente acessível e mesmo assim, ainda é suficiente para fornecer seis vezes mais energia do que o mundo precisa atualmente44.

A energia solar tem um potencial precioso que precisa ser mais explorado. Estudos revelam que o custo da energia solar está caindo e que a América Latina tem uma capacidade de insolação quatro vezes maior que toda Europa. Apesar desse enorme potencial de energia limpa e preciosa, pouco tem sido feito na promoção do uso da energia solar fotovoltaica. A falta de políticas e de regulamentação são as principais barreiras para o seu desenvolvimento.

Com objetivo de promover o uso de energias renováveis foi criado no Brasil o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia (PROINFA). O PROINFA é um importante instrumento para a diversificação da matriz energética nacional e é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia (MME). O PROINFA conta com o suporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que criou um programa de apoio a investimentos em fontes alternativas renováveis de energia elétrica em cumprimento à Lei nº 10.438/02, alterada pela Lei nº 10.762/03, respectivamente de 26 de

43 EUROPEAN PHOTOVOLTAIC INDUSTRY ASSOCIATION. EPIA. Disponível em:

<http://www.epia.org/ > Acesso em: 17 abril. 2010.

44 [r]evolução energética: PERSPECTIVA PARA UMA ENERGIA GLOBAL SUSTENTÁVEL. Conselho Europeu de Energia Renovável. Greenpeace. Abril 2007

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abril de 2002 e de 11 de novembro de 2003. Tal programa disponibiliza uma linha de crédito que prevê o financiamento de até 70% do investimento45.

Outra importante ferramenta para auxiliar o desenvolvimento das energias renováveis é o programa Luz Para Todos46 que tem a meta de levar energia elétrica para

mais de 10 milhões de pessoas do meio rural até o ano de 2008. Este programa tem como objetivo utilizar a energia como vetor de desenvolvimento social e econômico destas comunidades, contribuindo para a redução da pobreza e o aumento da renda familiar. Segundo o mapa da exclusão elétrica no país, as famílias sem acesso à energia estão majoritariamente localidades nas regiões de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Por isso, o objetivo do governo com este Projeto é facilitar o acesso à serviços de saúde, educação, abastecimento de água e saneamento.

O Brasil conta também com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que assumiu o compromisso de disponibilizar recursos adequados para a promoção da qualidade ambiental e de atividades ambientalmente sustentáveis, e entende que investimentos na melhoria do desempenho ambiental de atividades produtivas e de infra-estrutura são indutores do desenvolvimento econômico e social. Seguindo este caminho o BNDES aprovou, em 1996, uma resolução interna que dá apoio financeiro a programas ou projetos que atendam a legislação ambiental, e a do trabalhador, bem como ao equacionamento adequado do suprimento e do uso eficiente de energia47.

Apesar deste potencial estar bastante difundido em cidades do interior e na zona rural como forma de inclusão, a participação do sol na matriz energética nacional ainda é bastante reduzida, oferecendo maior prioridade as fontes fósseis e, ultimamente, a energia proveniente do vento. Tanto que a energia solar não chega a ser citada na relação de fontes que integram o Balanço Energético Nacional48 (edição atualizada do ano 2010); e

no Banco de Informações de Geração49 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)

45 MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA. Programa de Apoio Financeiro do BNDES. Disponível em:

<http://www.mme.gov.br/programas/proinfa/menu/programa/programa_apoio_financeiro_bndes.html> Acesso em: 9 maio. 2010.

46 LUZ PARA TODOS. O Programa. Disponível em: <http://luzparatodos.mme.gov.br/luzparatodos/asp/>

Acesso em: 1 maio. 2010.

47 BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL. BNDES. Disponível

em : <http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200210438.pdf> Acesso em: 1 maio. 2010.

48 BALANÇO ENERGÉTICO NACIONAL. Resultados Preliminares: ano base 2009. Disponível em:

<https://www.ben.epe.gov.br/downloads/Resultados_Pre_BEN_2010.pdf> Acesso em: 3 maio. 2010.

49 BANCO DE INFORMAÇÕES DE GERAÇÃO. Capacidade de Geração do Brasil. Disponível em: <

(39)

constam 44 usinas eólicas e apenas uma usina fotovoltaica em operação (em Araras no Estado de Rondônia). “Apesar de essa usina ser a única registrada na Aneel, existem cerca de 50 em operação no restante do país, quase todas em universidades, centros de pesquisa e empresas do setor elétrico”, comenta Ricardo Rüther, professor do Laboratório de Energia Solar da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

2.4 SISTEMA SOLAR FOTOVOLTAICO

‘Fotovoltaico’ é o resultado da junção de duas palavras, ‘foto’ que quer dizer luz e ‘voltaico’ que significa eletricidade. O ‘Sistema fotovoltaico’ é o termo que se emprega para descrever o sistema físico integrado de módulos fotovoltaicos e outros componentes projetados para converter a energia solar em eletricidade que transforma a energia que vem do sol em energia elétrica, ou seja, que gera eletricidade a partir da luz. O coração da tecnologia fotovoltaica (FV) reside num material semicondutor que pode adaptar-se para liberar elétrons das partículas com carga negativa (que constituem a base da eletricidade). Esse material semicondutor empregado na fabricação das células fotovoltaicas é o silício, elemento que se encontra habitualmente na areia. Sua disponibilidade como matéria prima não tem limites; o silício é o segundo material mais abundante na massa terrestre50.

Painéis solares fotovoltaicos são projetados e fabricados para serem utilizados em ambiente externo, sob sol, chuva e outros agentes climáticos, pois todas as células FV possuem duas capas de semicondutores, uma com carga positiva e outra com carga negativa. No instante quando a luz incide no semicondutor, o campo elétrico presente na união entre estas duas capas faz com que a eletricidade flua, gerando uma corrente continua (CC). Quanto maior é a intensidade da luz, maior será o fluxo da eletricidade. Por tanto, um sistema fotovoltaico não necessariamente precisa de luz solar brilhante para funcionar, ou seja, também podem gerar eletricidade em dias com nuvens. Devido à reflexão da luz solar, os dias ligeiramente nublados podem inclusive fazer que se gere mais energia que nos dias com o céu totalmente ensolarado.

50 Solar Generation V – 2008 Electricidad solar para más de mil millones de personas y dos millones de

(40)

Gráfico 4: Painel solar fotovoltaico

Fonte: http://www.bcp-energia.it/immagini/schema_celle_solari.jpg

2.4.1 Tecnologias fotovoltaicas comercialmente disponíveis51:

Silício Cristalino (c-Si): o silício cristalino é a mais tradicional das tecnologias fotovoltaicas e continua sendo a base da maioria dos módulos FV nos principais mercados mundiais (Japão e Alemanha). Apesar de ter um custo elevado, o êxito deste módulo deve-se a sua robustez e confiabilidade já que com estes módulos é possível transformar em eletricidade até 20% da radiação solar recebida.

Silício amorfo hidrogenado (a-Si): conhecido como célula fotovoltaica de filme fino, surgiu em meados dos anos 70 aplicado em calculadoras, relógios e outros produtos de consumo elétrico quase mínimo. Diferentemente do c-Si, este painel apresenta um melhor desempenho devido a que consegue funcionar eficientemente em luz artificial da mesma forma que em céus encobertos.

51 RUTHER, Ricardo. Edifícios Solares Fotovoltaicos: o potencial da geração solar fotovoltaica integrada

a edificações urbanas e interligadas à rede elétrica pública no Brasil. 1. ed. Florianópolis: Labsolar 2004. p. 20.

(41)

Atualmente esta tecnologia está conquistando rapidamente um espaço significativo no mercado FV e no arquitetônico devido a sua aparência estética e devido a que apresenta um custo inferior ao c-Si.

Telureto de cádmio (CdTe): esta é outra tecnologia que se apresenta ao mercado fotovoltaico na forma de filmes finos para competir com o a-Si. Estes módulos possuem as mesmas características e o atrativo estético do c-Si. No entanto, a escassez e toxicidade dos seus elementos são fatores limitantes que devem ser levados em conta.

Disseleneto de cobre (gálio) e Índio (CIS e CIGS): aparece como outro promissor competidor no mercado fotovoltaico mundial de filmes finos. Estes módulos possuem as mesmas características e o atrativo estético do c-Si e do CIS e CIGS. No entanto, igual ao CdTe, a escassez e toxicidade dos seus elementos são fatores limitantes que devem ser levados em consideração.

O potencial de energia solar no Brasil é superior ao consumo total de energia elétrica do país. O professor Ricardo Ruther utiliza como exemplo a comparação da usina hidrelétrica de Itaipu, a qual distribui 25% da energia elétrica consumida no Brasil; se esta mesma área for coberta por painéis fotovoltaicos de filmes finos, seria possível gerar o dobro da energia gerada por Itaipu; ou em outros termos, estes painéis seriam capazes de produzir o 50% da eletricidade que o Brasil consome52.

Dessa forma, a inserção da energia solar FV na matriz energética nacional, complementarmente poderia trazer grandes benefícios, tanto ao setor energético, quanto aos setores econômicos e sociais do país. A seguir elencamos algumas situações em que se considera a utilização da energia FV atrativa53:

• Áreas metropolitanas onde o sistema de rede local tem uma capacidade pequena para suportar o crescimento da demanda;

• Setores comerciais ou industriais, que apresentam grande consumo energético e um pico de demanda diurno.

52 RUTHER, Ricardo. Edifícios Solares Fotovoltaicos: o potencial da geração solar fotovoltaica integrada

a edificações urbanas e interligadas à rede elétrica pública no Brasil. 1. ed. Florianópolis: Labsolar 2004. p. 76.

53 TOURINHO, Isabel Salamoni. Uma oportunidade para o desenvolvimento da indústria fotovoltaica

no Brasil: eletricidade solar para os telhados, do Curso de Engenharia Civil da UFSC – Campus da Trindade. 2009. 200 f. Monografia (Pós-Graduação em Engenharia Civil)-Universidade Federal de Santa

(42)

• Áreas rurais ou remotas, onde os custos envolvidos para a expansão da rede são elevados;

• Localidades onde, devido a diversos fatores, o custo da energia de rede é mais elevado.

• Consumidores que necessitam criar uma “imagem verde” como estratégia de marketing para seus produtos.

2.5 MERCADO DE ENERGIA NO BRASIL

Ao referirmo-nos sobre questões energéticas devemos lembrar que estas estão, cada vez mais, inseridas no contexto político não só de uma nação se não de um contexto econômico mundial, principalmente, no que se refere às questões relacionadas à qualidade de vida do homem e à sustentabilidade do planeta.

Com o aumento gradativo da população, principalmente nos países emergentes, devemos considerar por conseqüência um aumento da demanda energética. Por isso devemos nos preocupar com as questões ambientais, e para suprir esta demanda devemos buscar uma maior eficiência energética. Surge então a necessidade da busca por novas fontes de energia. Portanto, deve-se começar por diversificar a matriz energética nacional e, desta forma, auxiliar no suprimento da crescente demanda, com o menor impacto ambiental possível.

Segundo o Boletim de Monitoramento do Sistema Elétrico Brasileiro, a geração de energia incorporada ao Sistema Interligado Nacional (SIN) tem aumentado significativamente. No entanto a energia elétrica no Brasil é distribuída de forma muito desigual; na sua maioria é destinada para as grandes indústrias e para os consumidores residenciais que podem pagar54. Isto demonstra que ainda é significativo o número de

famílias que não possui energia elétrica seja por não possuírem os recursos suficientes para poder pagar por ela ou por morarem em lugares onde não existe infra-estrutura para a sua distribuição.

54 OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO. Boletim de Monitoramento do Sistema

Elétrico Brasileiro. Disponível em: < http://www.ons.org.br/institucional_linguas/relacionamentos.aspx>

Referências

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