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Perfil sociodemográfico, clínico e comportamental dos indivíduos participantes do programa de profilaxia pré-exposição do município de Florianópolis-SC

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Academic year: 2021

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1 JÚLIA GHISLANDI FRETTA

PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO, CLÍNICO E COMPORTAMENTAL DOS INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE PROFILAXIA

PRÉ-EXPOSIÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC.

Trabalho de Conclusão de Curso julgado adequado como requisito parcial ao grau de médico e aprovado em sua forma final pelo Curso de Medicina, da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Palhoça, 21 de novembro de 2019.

Prof. e Orientador, Gustavo de Araujo Pinto, Dr. Universidade do Sul de Santa Catarina

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2 PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO, CLÍNICO E COMPORTAMENTAL DOS INDIVÍDUOS PARTICIPANTES DO PROGRAMA DE PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO DO MUNICÍPIO DE FLORIANÓPOLIS-SC.

SOCIODEMOGRAPHICAL, CLINICAL AND BEHAVIORAL PROFILE OF THE PARTICIPATS OF THE PRE-EXPOSURE PROPHILAXY PROGRAM IN

FLORIANÓPOLIS-SC. Autores:

Júlia Ghislandi Fretta Gustavo De Araujo Pinto Instituição vinculada:

Universidade do Sul de Santa Catarina

Av. Pedra Branca, 25 - Pedra Branca, Palhoça - SC, 88137-270 Local onde o estudo foi realizado:

Policlínica Municipal

Av. Rio Branco, 90 - Centro, Florianópolis - SC, 88015-200 Fonte de auxílio à pesquisa: Financiamento próprio Conflitos de interesse: Nenhum

Aprovação no comitê de ética em pesquisa: Estudo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa envolvendo seres humanos, sob o número CAAE 04447118.6.0000.5369 Telefones: (48) 984149060 (48) 996178683 E-mails: jgfretta8@gmail.com gustavo_ap@rocketmail.com Participação dos autores: Júlia Ghislandi Fretta1,

Gustavo De Araujo Pinto - MD2.

1. Estudante do curso de medicina, Universidade do Sul de Santa Catarina. 2. Serviço de Infectologia, Hospital Regional Homero De Miranda Gomes.

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3 Resumo

Introdução: A profilaxia pré-exposição (PrEP) consiste no uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas soronegativas para evitar que as mesmas sejam infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV).

A população-chave para uso desta estratégia de prevenção é composta por homens que fazem sexo com homens, transexuais, profissionais do sexo e parceiros sorodiscordantes para o HIV, sendo que essas populações e seus contatos sexuais representam 54% das novas infecções no mundo. Objetivo: Conhecer o perfil sociodemográfico, clínico e comportamental dos indivíduos participantes do Programa de PrEP do município de Florianópolis – SC. Material e métodos: Estudo transversal descritivo, realizado na Policlínica Municipal do centro de Florianópolis com amostra de 221 participantes de ambos os sexos e maiores de 18 anos do programa de PrEP. A coleta de dados foi feita a partir das fichas de cadastro no primeiro atendimento, de retorno após um mês de uso de PrEP e de monitoramento (após três meses). Os dados foram tabulados no software Excel em frequências simples e relativas, bem como média e desvio padrão foram analisados no SPSS 18.0. Resultados: Entre os 221 indivíduos, houve um predomínio do sexo masculino (85,1%), homossexual (76%) e com escolaridade superior a 12 anos (56%). Observou-se uso de preservativo em mais da metade das relações sexuais (65,6%) após três meses do uso de PrEP. Observou-se uma prevalência de sífilis em 10,1% dos participantes em um mês do uso de PrEP, e 2,7% após 3 meses. Não houve soroconversão para o HIV durante o estudo. Discussão/conclusão: Os participantes do programa PrEP SUS Florianópolis apresentam elevada escolaridade, menor nível de exposição à doenças sexualmente transmissíveis e alta adesão ao uso de preservativo. Desta forma, conclui-se que o programa de PrEP deve manter como um dos seus objetivos a inclusão de populações-chave além dos homens que fazem sexo com homens (HSH) de alto grau de escolaridade.

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4 Abstract

Introduction: Pre-exposure prophylaxis (PrEP) consists in the use of antiretroviral drugs by seronegative people to prevent them from becoming infected with the human immunodeficiency virus (HIV). The key population for PrEP use is composed by men who have sex with men, transgender people, sex workers, and HIV-serodiscordant partners. These populations and their sexual contacts represent 54% of new infections worldwide. Objective: To know the sociodemographic, clinical and behavioral profile of individuals participating in the PrEP Program in Florianópolis – SC. Material and methods: This is a descriptive cross-sectional study conducted in the Florianópolis Municipal Polyclinic with a sample of 221 participants in the PrEP program. Data was collected from the registration forms filled in the first appointment, from patients’ return after one month of PrEP use and during monitoring phase (after three months). The data was tabulated in Excel software in simple and relative frequencies. Mean and standard deviation were analyzed in SPSS 18.0. Results: Among the 221 individuals, there was a predominance of males (85.1%), homosexual (76%) and with education over 12 years (56%). Condom use was observed in more than half of sexual intercourses (65.6%) after three months of PrEP use. Syphilis prevalence was observed in 10.1% of participants after one month of PrEP use, and 2.7% after 3 months. There was no seroconversion to HIV during the study. Discusion/conclusion: PrEP SUS Florianópolis program participants have a high level of education, lower exposure to sexually transmitted diseases and high adherence to condom use. Thus, it can be concluded that the PrEP program should maintain as one of its objectives the inclusion of key populations in addition to high schooling MSM.

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5 Introdução

A profilaxia pré-exposição (PrEP) consiste no uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas soronegativas para evitar que as mesmas sejam infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV). O medicamento acrescenta uma opção adicional de prevenção àquelas já estabelecidas, tais como o uso de preservativos, aconselhamento comportamental, profilaxia pós-exposição e tratamento de infecções transmitidas sexualmente. A medicação para PrEP consiste na combinação dos antirretrovirais (ARVs) tenofovir (TDF) e emtricitabina (FTC). A utilização correta desses fármacos reduz o risco de contaminação, sendo uma estratégia eficaz e segura.¹

No Brasil, conforme o protocolo do Ministério da Saúde, a população-chave para uso desta estratégia de prevenção é composto pelos grupos sabidamente com maior taxa de prevalência de infecção pelo HIV: gays e outros homens que fazem sexo com homens, pessoas trans, profissionais do sexo e casais sorodiscordantes para o HIV.²

Estudos realizados em homens gays e mulheres trans demonstraram que a disponibilidade de PrEP reduziu a taxa de infecção em 86%. Isso equivale à maior eficácia já observada para a PrEP e é superior à maioria das outras intervenções de prevenção do HIV.³

No Brasil, o total de locais que ofertavam PrEP até junho de 2019 era de 192 serviços em 26 estados. Naquele momento, 10.350 pessoas encontravam-se em uso de PrEP, encontravam-sendo que a maioria dos usuários são gays e outros homens que fazem sexo com homens (77%), com idade entre 18 e 29 anos (43%) e com escolaridade superior a 12 anos (72%).4

Em Santa Catarina, a PrEP começou a ser disponibilizada em fevereiro de 2018 em Florianópoilis, com previsão de iniciar a oferta em mais 14 municípios até novembro de 2018.5 Os pré-requisitos necessários para participar

incluem fazer parte das populações-chave e ter tido relação sexual anal ou vaginal (receptiva ou insertiva), sem uso de preservativo, nos últimos seis meses; episódios recorrentes de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e/ou uso repetido de Profilaxia Pós-Exposição (PEP).6 O município apresenta cenário

negativo nas avaliações do Ministério da Saúde no que se refere à epidemia de infecção pelo HIV. Para tal análise o Ministério da Saúde considerou a taxa de detecção de AIDS, a taxa de mortalidade, a taxa de detecção em crianças

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6 menores de 5 anos e a média da primeira contagem de linfócitos CD4+. Em vista disso, estudar os usuários da PrEP neste cenário torna-se ainda mais relevante.7

De acordo com a UNAIDS, 37,9 milhões de pessoas em todo o mundo estão infectadas com o vírus HIV em 2019, com 1,7 milhões de novas infecções até então. Sendo assim, torna-se relevante a disponibilidade do uso da profilaxia pré-exposição do HIV. As populações-chave e seus parceiros sexuais representam 54% das novas infecções no mundo. O risco de infecção pelo HIV é 22 vezes maior entre homens que fazem sexo com homens; 22 vezes maior entre pessoas que usam drogas injetáveis; 21 vezes maior entre profissionais do sexo e 12 vezes maior entre pessoas transexuais.8 Tendo em vista estes fatos,

o conhecimento dessas populações-chave e do perfil sociodemográfico, clínico e comportamental das pessoas recebendo a PrEP torna-se importante para evitar a propagação da epidemia e estimular discussões sobre a realização de campanhas para divulgar a profilaxia pré-exposição.

Desta maneira, o artigo busca conhecer e descrever o perfil sociodemográfico, clínico e comportamental dos indivíduos participantes do Programa de PrEP de Florianópolis.

Material e Métodos

Trata-se de um estudo transversal descritivo. O Programa de PrEP é desenvolvido no centro de testagem e aconselhamento (CTA) da Policlínica Municipal do centro do município de Florianópolis-SC. Fizeram parte do estudo as fichas dos indivíduos maiores de 18 anos e de ambos os sexos participantes do Programa de PrEP a partir de janeiro de 2018. Foram estimados 221 pacientes.

Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Unisul e liberação de acesso dos dados pelo guardião das fichas, no período de março a junho de 2019 foi realizada a coleta de informações a partir das fichas do Programa de PrEP de Florianópolis. Foi criada uma planilha Excel para organização e armazenamento das informações coletadas.

Foram coletadas como variáveis de interesse as características sociodemográficas: sexo, idade, raça, escolaridade, identidade do gênero, orientação sexual; Clínicas: Presença de sintomas ou diagnostico de infecção sexualmente transmissível nos últimos 6 meses, qual sintoma ou diagnostico de

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7 doença de infecção sexualmente transmissível nos últimos 6 meses, desconforto relacionado ao uso de PrEP desde a última consulta, qual desconforto relacionado ao uso de PrEP desde a última consulta, comprimidos de PrEP que deixou de tomar nos últimos 30 dias, se deixou de tomar a PrEP (perda de pelo menos uma dose em 30 dias consecutivos), motivo por deixar de tomar a PrEP, sorologia para sífilis (VDLR), para hepatite B (HBsAg), para hepatite C (Anti-HCV) e para HIV (Anti-HIV); Comportamentais: Risco de exposição ao HIV nas últimas 72h, número de pessoas que teve relação sexual nos últimos 3 meses, frequência que usou preservativo em relações sexuais nos últimos 3 meses, beber mais de 5 doses de álcool durante aproximadamente 2h nos últimos 3 meses, substâncias ilícitas usadas nos últimos 3 meses, uso de drogas injetáveis.

As informações foram tabulados no software Windows Excel. Os dados qualitativos foram apresentados na forma de frequências simples e relativa e os quantitativos em média, desvio padrão e valores mínimos e máximos.

O estudo foi aprovado no CEP Unisul sob o número CAAE 04447118.6.0000.5369.

Resultados

Entre março a junho de 2019 foram coletadas as informações de interesse a partir das fichas dos participantes do programa PrEP SUS Florianópolis.

As características sociodemográficas dos pacientes do estudo encontram-se na Tabela 1. Verificou-encontram-se a predominância de uma população do encontram-sexo masculino (85,1%), homossexual (76%), de etnia branca (75,6%) e com escolaridade superior a 12 anos (56,6%). A idade média da população correspondeu a 32,2 ± 8,2, variando entre 19 a 56 anos.

Sobre as características clínicas (Tabela 2), devido a fichas ainda não respondidas, obteve-se um número diferente para cada variável coletada. Constatou-se que a maior parte dos participantes não foi exposta ao risco de infecção pelo HIV nas últimas 72 horas (91,4%), e que a maioria (84%) não apresentou diagnóstico ou sintomas de outras infecções sexualmente transmissíveis.

Observou-se que 59,9% dos participantes manifestaram algum desconforto em relação ao uso de PrEP, tais como náusea (22,6%), flatulências

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8 (19%), dor abdominal (10,4%), diarreia (8,1%), vômito (1,4%) e outros (11,3%). Em contrapartida, a maioria (60%) não apresentou perda de pelo menos uma dose do medicamento durante um mês consecutivo. Naqueles em que houve perda, os principais motivos foram esquecimento (20,4%), fim da medicação (4,5%), viagem (3,6%), efeitos adversos (1,8%) e outros (2,7%).

Sobre as características comportamentais, foi observado que 100% dos participantes do programa não fizeram uso de drogas injetáveis nos últimos 3 meses. Entre os que usaram substâncias ilícitas, o uso de maconha foi predominante (21,8%), seguido pelo uso de club drugs (ecstasy, metanfetamina, cetamina, LSD, gama-hidroxibutirato e seus derivados) (7,3%), cocaína (3,6%), poppers (nitrito de amila) (1,8%), estimulantes para ereção (1,4%), e crack (0,5%). Foi observado que 64,3% dos participantes ingeriram mais de 5 doses de álcool durante aproximadamente duas horas nos últimos 3 meses.

A Tabela 3 mostra as sorologias das ISTs 30 e 90 dias após iniciar a PrEP. Foi observado uma redução do diagnóstico confirmado de sífilis entre o primeiro mês do uso de PrEP (10,1% de soropositivos) e após três meses do uso da medicação (2,7% de soropositivos). Além disso, não houve soroconversão para o HIV entre os participantes do estudo. Não observou-se sorologias positivas para hepatite B e hepatite C durante este período.

A Tabela 4 mostra a frequência do uso de preservativo em relações sexuais no início e 90 dias após o uso de PrEP. Notou-se que 80,5% dos participantes usaram preservativo na maior parte ou em todas as relações sexuais no início da PrEP e 65,6% após 90 dias. O uso de preservativo manteve-se estável neste período de tempo.

Discussão

O presente estudo foi desenvolvido para caracterizar o perfil sociodemográfico, clínico e comportamental dos participantes do programa PrEP SUS Florianópolis. Foram encontrados como principais resultados a predominante participação de HSH (81,4%), de escolaridade maior que 12 anos (56,6%), com alta adesão ao uso de preservativo antes de iniciar a PrEP (80,5%

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9 em mais da metade das relações) e uma prevalência de sífilis de 10,1% no exame realizado ao entrar no programa.

No que se refere às características sociodemográficas, foi identificada uma população predominantemente composta de homens que fazem sexo com homens (85%), brancos (75,6%) e com escolaridade superior a 12 anos (56,6%). Tais resultados estão em conformidade com os descritos pelo Ministério da Saúde9 ao analisar o perfil de usuários da PrEP no Brasil. Segundo estes dados,

77% dos usuários de PrEP são HSH e 72% tem escolaridade superior a 12 anos. Esta característica não se restringe apenas ao Brasil, sendo evidenciando em um estudo conduzido em Montreal, Canadá, entre janeiro de 2013 e junho de 2018 com a participação de 2156 indivíduos. Nele encontrou-se que 96% dos participantes eram HSH com alta escolaridade10. Isto nos alerta sobre o fato de

que a PrEP continua concentrada em um grupo populacional, devendo sua oferta ser ampliada e incorporada nas demais populações-chave. No que se refere à etnia, a pouca participação de não-brancos está de acordo com a distribuição geral do estado de Santa Catarina11. Nele, 83,9% de sua população é de etnia

branca.

Sobre a exposição de risco de infecção pelo HIV nas últimas 72 horas, encontrou-se que a maior parte dos participantes não se expôs neste período (91,4%), e que a maioria (84%) não apresentou diagnóstico ou sintomas de doenças sexualmente transmissíveis nos últimos 6 meses.

Embora fosse esperado um aumento do predomínio de infecções sexualmente transmissíveis, o estudo demonstrou uma prevalência de sífilis de 10,1% no início do uso de PrEP, e de 2,7% após 3 meses do uso da medicação. Tais resultados diferenciam-se dos encontrados por Serpa et al onde a implementação da PrEP foi associada a um aumento de 25% nas taxas de infecção por sífilis.12 Estes fatos sugerem que a população do presente estudo

possui elevada adesão ao sexo seguro, juntamente com um maior grau de escolaridade. Não houve soroconversão para o HIV durante este período, indicando a eficácia deste método de prevenção adicional, fato já observado anteriormente em estudos internacionais relevantes como o PROUD (redução da taxa de infecção em 86%).13 A prevalência de hepatite B e outras ISTs neste

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10 social e econômica das suas famílias de origem e possivelmente à maior cobertura vacinal que tiveram na infância.

Também observou-se que a maioria dos participantes usou preservativo em mais da metade das relações sexuais. Este fato possivelmente relaciona-se ao maior nível educacional dos usuários de PrEP com consequente menor nível de exposição a infecções sexualmente transmissíveis. Por outro lado, expõem a necessidade dos programas de PrEP expandirem a sua capacidade de atingir populações mais vulneráveis para aquisição do HIV. Tais resultados podem ser comparados aos encontrados em um estudo de implementação da PrEP realizado em São Francisco, Miami e Washington, Estados Unidos, entre 2012 a 2015, onde foi observado que o risco de infecção por algumas ISTs permaneceu estável durante o período do estudo, todavia com diminuição do uso de preservativo entre HSH.14

No presente trabalho, observou-se que 59,9% dos participantes manifestaram algum efeito adverso em relação ao uso da medicação, sendo a maioria de origem gastrointestinal. Estes fatos concordam com o estudo de Molina et al onde participantes foram aleatoriamente designados a tomar PrEP ou placebo antes e após a relação sexual. Foi observado maior associação de efeitos adversos como náusea, vômitos, diarreia e dor abdominal entre os usuários de PrEP do que os que estavam em uso de placebo.15 Apesar dos

efeitos adversos relatados, a maioria (60%) não deixou de tomar PrEP durante o período de 30 dias, mostrando desta forma uma alta adesão ao uso da medicação. Diante disto, percebe-se boa adesão medicamentosa dos participantes do programa PrEP SUS Florianópolis. Esta aderência ocorreu provavelmente pela segurança dos fármacos e pelo perfil das pessoas que procuram este tipo de profilaxia estarem motivadas a dar continuidade a este tipo de prevenção. Alta aderência ao uso de PrEP já foi observada anteriormente em estudos internacionais, onde 74% dos usuários relataram excelente adesão à medicação.16

Este estudo teve como principais atributos positivos o fato de o banco de dados ter uma boa sistematização, com um suporte de organização eficiente. Uma potencial limitação do estudo foi o eventual preenchimento inadequado das informações obtidas junto aos pacientes.

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11 Conclusão

 O grupo de participantes do programa PrEP SUS Florianópolis caracterizou-se pelo predomínio de homens que fazem sexo com homens com elevada escolaridade.

 Não foi evidenciando aumento da prevalência de sífilis ou outras ISTs durante o período de uso da PrEP.

 Observou-se alta taxa de adesão ao uso de preservativo no início e após três meses de entrada no programa.

 Pelo que foi acima exposto, conclui-se que o programa de PrEP deve manter como um dos seus objetivos a inclusão de populações-chave além dos HSH de alto grau de escolaridade.

Referências

1. Grinsztejn B, Hoagland B, Moreira RI, Kallas EG, Madruga JV, Goulart S, et al. Retention, engagement, andadherence to pre-exposure prophylaxis for men who have sex with men and transgender women in PrEP Brasil: 48 week results of a demonstration study. Lancet HIV. 2018; 5(3): 136-45.

2. Ministério da Saúde (Brasil). Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas para profilaxia pré-exposição (PrEP) de risco à infecção pelo HIV. Brasília: Ministério da Saúde; 2017

3. McCormack S, Dunn D, Desai M,Dolling D, Gafos M, Gilson R, et al. Pre-exposure prophylaxis to prevent the acquisition of HIV-1 infection (PROUD): effectiveness results from the pilot phase of a pragmatic open-label randomized trial. Lancet. 2016; 387: 53-60.

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(12)

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7. Ministério da Saúde (Brasil). Boletim epidemiológico HIV/AIDS 2018. Brasília: Ministério da Saúde; 2018.

8. UNAIDS. Estatísticas globais sobre HIV 2019. Brasília: UNAIDS; 2019.

9. Ministério da saúde (Brasil). Painel PrEP. Brasília; 2019. [acesso em 2019 outubro 20]. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/painel-prep

10 . Greenwald Z, Maheu-Giroux M, Szabo J, Robin J, Boissonnault M, Nguyen V, et al. Cohort profile: l’Actuel Pre-Exposure Prophylaxis (PrEP) Cohort study in Montreal, Canada. BMJ Open. 2018; 9:e028768.

11. IBGE. Tabela 2094 – População residente por cor ou raça e religião. Brasília; 2019. Acesso em 2019 outubro 20. Disponível em:

https://sidra.ibge.gov.br/tabela/2094#/n1/all/n2/all/n3/all/v/1000093/p/last%201/c 86/allxt/c133/0/d/v1000093%201/l/v,p+c86,t+c133/resultado.

12. Serpa J, Huynh G, Nickell J, Miao H. HIV Pre-Exposure Prophylaxis and Increased Incidence of Sexually Transmitted Infections in the United States.

(13)

13 Clin Infect Dis. 2019 jul [acesso em 2019 outubro 20]. Disponível em:

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/31284300

13. McCormack S, Dunn D, Desai M,Dolling D, Gafos M, Gilson R, et al. Pre-exposure prophylaxis to prevent the acquisition of HIV-1 infection (PROUD): effectiveness results from the pilot phase of a pragmatic open-label randomized trial. Lancet. 2016; 387: 53-60.

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15. Molina J, Capitant C, Spire B, Pialoux G, Cotte L, Charreau I, et al. On-Demand Preexposure Prophylaxis in Men at High Risk for HIV-1 Infection. N Engl J Med. 2015; 373(26): 2237-2246.

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14 Tabela 1 – Características sociodemográficas dos participantes do

programa de PrEP de Florianópolis no período de março a junho de 2019.

Variável (n=221) n % Sexo Masculino 188 85,1 Feminino 33 14,9 Raça Branca 167 75,6 Não branca 54 24,4 Escolaridade

Mais que 12 anos 125 56,6

Menos que 12 anos 96 43,4

Identidade de gênero Homem 189 85,5 Mulher Mulher transexual Travesti/mulher travesti Homem transexual Orientação sexual Heterossexual Homossexual Bissexual 26 4 1 0,5 41 168 12 11,8 1,8 0,5 0,5 18,6 76 5,4

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15 Tabela 2 – Características clínicas e comportamentais dos participantes do programa de PrEP de Florianópolis.

Variável n %

Risco de infecção pelo HIV nas últimas 72h (n=221) Não Sim 202 19 91,4 8,6 Diagnóstico/sintomas de infecção sexualmente transmissível (n=219) Não Sim 184 35 84 16 Desconforto relacionado ao uso de PrEP (n=197) Não Sim 79 118 40,1 59,9 Comprimidos que deixou de

tomar (n=170)

Perda de pelo menos 1 dose de PrEP Não Sim 102 68 60 40 Motivo para não tomar PrEP

(n=68) Esquecimento Viagem Falta de medicação Efeitos adversos Outros 45 8 10 4 6 20,4 3,6 4,5 1,8 2,7

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16 Tabela 3 – Sorologias das ISTs após 30 e 90 dias do uso de PrEP dos pacientes participantes do programa de PrEP de Florianópolis.

Variável 30 dias

n (%) 90 dias n (%) Sorologia para sífilis

Negativo 150 (75,4) 128 (85,9)

Positiva 20 (10,1) 4 (2,7)

Não realizado 29 (14,6) 17 (11,4)

Sorologia para hepatite B

Negativo 178 (92,7) 83 (58,9)

Positivo - -

Não Realizado 14 (7,3) 58 (41,1)

Sorologia para hepatite C

Negativo 195 (98) 143 (97,9)

Positivo - -

Não Realizado Sorologia para HIV Negativo Positivo Não Realizado 4 (2) 198 (100) - - 3 (2,1) 198 (100) - -

(17)

17 Tabela 4 – Frequência do uso de preservativo em relações sexuais no início e 90 dias após de uso de PrEP entre os participantes do estudo.

Variável Início da PrEP

n (%)

90 dias n (%) Nenhuma vez

Menos da metade das vezes

10 (4,5)

17 (7,7) 15 (10,1) 14 (9,5)

Metade das vezes 16 (7,2) 22 (14,9)

Mais da metade das vezes 103 (46,6) 42 (28,4)

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