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GRUPO DE ESTUDOS. A ética da psicanálise Seminário VII de Lacan

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Academic year: 2021

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GRUPO DE ESTUDOS

“A ética da psicanálise – Seminário VII de Lacan “

Nosso “Grupo de Estudos” iniciou suas atividades em março de 2007, como “Cartel”, cujo tema “Da lógica à topologia em psicanálise: um

percurso Possível”, e seguiu com a mesma temática em 2008.

Em 2009, as atividades passaram para “Grupo de Estudo”, com o tema “Casos Clínicos” e, em 2010 com o terma “Estudo dos seminários de Lacan e Freud”.

A partir de 2011 o grupo seguiu no estudo dos “seminários de Lacan,” acompanhando a programação da Escola de Estudos Psicanalíticos: As psicoses (2011); A Relação de Objeto (2012); As Formações do Inconsciente (2013); O Desejo e sua Interpretação (2014) e, atualmente, A ética da Psicanálise em andamento (2015)”.

Os encontros são semanais, às sextas-feiras à tarde.

Nos primeiros encontros, “Da lógica à topologia”, nosso estudo se baseou nas considerações iniciais sobre a lógica e a teoria lacaniana, com elementos de lingüística estrutural, conceito de significante. Passamos ao estudo de Ferdinand de Saussure no curso de Lingüística Geral. É um livro clássico e a base dos estudos linguísticos modernos...é na linguística que a Antropologia, a Psicanálise e outras disciplinas vão hoje buscar conceitos básicos como o de sincronia e diacronia, significante e significado, signo e sistema semiológico...

O conceito de Significante pode ser entendido quando se diz que o ser humano também se satisfaz com palavras, sem a presentificação do objeto. O significante é de natureza substitutiva em relação a si mesmo. É na medida em que o sujeito se presentifica num mundo estruturado na posição do Grande Outro que se produz a identificação. Se o significante é um vazio e, por atestar uma presença, que se manifesta pela fala, é essa passagem de um para outro que constitui o essencial do que chamamos “Cadeia Significante”.

O texto de Mário Fleig “A Fala e sua função em psicanálise”, nos diz que a descoberta freudiana do tratamento pela fala abriu um campo de investigação que ainda tem muito a ser desbravado sobre o ato da fala e suas funções e, como podem estar enlaçados os registros do Real, do Simbólico e

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do Imaginário no ato de fala. A fala requer um suporte tão ou mais enigmático que é a “voz” e constitui o cerne da experiência psicanalítica.

Nas “Formações do Inconsciente”, temas como a lógica da castração; a metáfora paterna; os três tempos do Édipo, a incidência do FALO na vida psíquica foram os temas principais de nosso ensino.

Falo na origem grega é PHALLOS. É um simulacro, uma insígnia. Trata-se de um objeto substituto, um dos objetos mais singulares por seu caráter inencontrável. Desempenha um papel central no seio dos mistérios. Nesse sentido, o papel do falo, é o representante do Desejo, em sua forma mais manifesta. O falo não se refere a um objeto qualquer, mas ele se representa na fala, na frase, no momento da articulação significante da falta. Falo também é a suposição do desejo no Outro.

Outro tema importante abordado no grupo, no seminário de Lacan das Psicoses é a “Forclusão do Nome do pai”.

Na forclusão do Nome do Pai falta alguma coisa que funda a própria significação e que é o Significante, que confere autoridade à lei. Este é o nome do pai, o pai simbólico.

Em Freud, é o mito do Édipo que faz a interdição do incesto. Essa é a origem da lei de uma forma mítica: para que haja alguma coisa que faz com que a lei seja fundada no pai, é preciso haver o assassinato do pai. O pai como aquele que promulga a lei é o pai morto, isto é, o símbolo do pai. O pai morto é o nome do pai que se constitui aí, como simbólico, e inscrito no Outro como lei, como significante, como inscrição de uma falta.

Na Psicose, a Verwerfung não se ordena por um Outro, está forcluído, diferente da Verdrangung que está recalcado. Essa Verdrangung é a cadeia significante.

No seminário do Desejo muitos temas importantes foram abordados e muitas leituras complementares. O conto de Jacques Cazotte “O diabo enamorado” nos possibilita compreender o “Che Vuoi” de Lacan, o que queres tu? O que quer nosso grande Outro?

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...” a liberdade do indivíduo não deve permitir uma fuga das responsabilidades políticas; ao contrario, justamente por ser livre, o homem é responsável e deve ser julgado através de seus próprios atos.

Para ele “Não se é homem enquanto não se encontra alguma coisa pela qual se está disposto a morrer”.

Trata de temas como o casamento, gravidez, aborto, submissão da mulher, drogas, auto-mutilações, dinheiro e dívidas e, todos esses temas recheados de sentimentos, angustias, desejo de morte e acima de tudo questionamentos.

O grafo do desejo, que é o tema principal, é também abordado por Lacan no texto dos Escritos “Subversão do sujeito e análise do desejo”.

Lacan escreveu sobre o Grafo do desejo no seminário VI - As formações do inconsciente em 1957/58. Grafo vem do grego que significa Escrita. O que se desenvolve no grafo é o entendimento do sujeito do inconsciente e sua relação com o desejo. É o sujeito do desejo ou desejo do inconsciente.

O que se busca no Grafo é saber Quem sou eu? E que posição eu ocupo? O grafo nos permite avançar com os vários elementos que se apresentam através da fala, naquilo que é o discurso, no que está em operação.

Conceitos como “Objeto a”. Os objetos são significantes, representantes da falta, que o sujeito tira de sua própria substância para sustentar esse buraco, essa ausência, na cadeia inconsciente. O Objeto pré-genital vem preencher sua função de significante no fantasma. Na experiência analítica há três espécies referidas ao objeto “a”, causa de desejo: Objeto pré-genital, oral, anal; objeto que remete ao complexo de castração, o falo e o terceiro é objeto voz, que entra no delírio.

O Fantasma é o suporte do desejo, lá onde podemos apreende-lo em sua estrutura completa para servir em seguida como uma espécie de placa giratória aquilo que somos levados a lhe trazer das diversas estruturas, isto é, a relação do desejo do sujeito, mais que uma referencia, sua essência na perspectiva analítica ou seja, o desejo do Outro.

A Formula do fantasma é ($<>a) – (Sujeito barrado punção de a), é que encobre o desejo. Nesse sentido o significante Falo introduz de novo que o sujeito confrontado ao significante falo simbólico não apenas satisfaz seu

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desejo mas poderá gozar de seu desejo, suportado na cena fantasmática que articula o sujeito dividido e o objeto que causa o desejo.

Este ano, o tema de nosso grupo é o seminário VII de Lacan- “A

Ética da Psicanálise”.

Nesse seminário, para falar sobre a Ética, Lacan buscou sua fundamentação Teórica em ARISTÓTELES, na “Ética Nicomaco”; em KANT na “Critica da Razão”; em SADE na “Filosofia da Alcova; em LUTERO “Conversas a mesa, Sermões; GALILEU, BENTHAN, JACKOBSON e, principalmente em FREUD:

- Projeto – das Ding - Recalcamento;

- O mal estar na civilização;

- Sexualidade feminina ( O que quer a mulher?); - O problema econômico do masoquismo;

- Princípio do prazer e princípio da realidade; - Mais além do princípio do prazer e,

- Moisés e o monoteísmo.

Lacan procurou diferenciar as questões da ética no sentido geral, da convivência social, dos costumes e leis que regem cada sociedade com a Ética do Inconsciente e da Ética do Psicanalista/Psicanálise. Buscou também analisar a psicanálise do ego e a do inconsciente. O conceito de “das Ding” de Freud no projeto e o Gozo e a Pulsão de Morte em Mais alem do princípio do prazer nortearam esse seminário

Outro tema importante foi o da SUBLIMAÇÃO, onde Freud no texto das “Pulsões e seus Destinos” refere a sublimação como um dos destinos da pulsão.

Lacan tinha interesse em Aristóteles para entender Freud pois ele se baseou em Aristóteles para escrever o projeto, especialmente nos conceitos de princípio do prazer e princípio da realidade, na noção de inércia. Para Lacan

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não há a formulação de um bem supremo, diferente das éticas que existem, como a ética das religiões ou dos filósofos de que haveria um Bem Supremo.

Será que o modelo de felicidade dá conta do que buscamos hoje? Diferente de Aristóteles que considerava que esses “Bestiais” estavam fora da condição humana, Lacan diz que esta é a condição humana.

Na questão de “Como é Possível um sujeito ter prazer na dor”, Lacan entra com a noção de GOZO, como satisfação prazerosa do sujeito.

KANT, Immanuel Kant nasceu em Königsberg em 1724. Considerado um dos maiores filósofos alemães e mesmo do mundo. Sofreu forte influência do Luteranismo conservador e puritano, marcado pelo misticismo e pelo pessimismo. Na idade adulta foi influenciado pelo racionalismo, em voga na época. Faleceu em 1804.

Segundo Kant, “A vida é, para um ser, o poder de agir segundo as leis da faculdade de desejar. A faculdade de desejar é, o poder de ser, por meio de suas representações, causa da realidade efetiva dos objetos dessas representações. O prazer é a representação da coincidência do objeto ou da ação com as condições subjetivas da vida”.

“É portanto a Lei Moral, da qual tomamos imediatamente consciência que por primeiro se oferece a nós, como a razão, como um fundamento da determinação que nenhuma condição sensível pode dominar e que é completamente independente dessa condição, conduzindo-nos ao conceito de liberdade. Julga que pode fazer alguma coisa porque tem consciência de dever fazê-la e reconhece em si mesmo a liberdade que, sem a lei moral, permaneceria por ele ignorada”.

“O conceito de bem só pode ser o conceito de algo cuja existência prometa prazer e determine dessa maneira a causalidade do sujeito para produzi-lo, isto é, determina a faculdade de desejar.

Outro tema importante desse seminário é o conceito de “das Ding”. No texto de Lacan, nos Escritos – Observações sobre o relatório de Daniel Lagache: Psicanálise e estrutura da personalidade ” (1960), ele nos diz que no lugar do sujeito original há uma Elisão que constitui uma ausência. Como reconheceria ele esse vazio como a coisa mais próxima, como marca de

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um grito de apelo? Assim ficam circunscritas na realidade, pelo traço do significante, as marcas onde se inscreve a onipotência da resposta. É das Ding.

Em outro texto “A psicanálise e seu ensino” (1957),

...é a morte que se trata de enganar por mil astúcias, e o outro que é o eu do sujeito entra no jogo como suporte da aposta das mil façanhas que são as únicas a assegurá-lo no triunfo de suas astúcias.

...mas o gozo de que o sujeito é assim privado transfere-se para o outro imaginário que o assume como gozo de um espetáculo...

Voltando ao seminário da Ética, no capítulo X Lacan fala no sentido da vida e faz uma citação: “O desejo do homem é o desejo do Grande Outro”. Ele faz referencia a SUBLIMAÇÃO como forma de articular a COISA entre o Real e o Significante, através da ARTE, RELIGIÃO e CIÊNCIA.

Essa Coisa, das qual todas as formas criadas pelo homem são do registro da Sublimação será sempre representada por um Vazio, por não poder ser representada por outra coisa. Em toda forma de sublimação o vazio será determinante.

A Arte é o modo de organização em torno desse vazio;

A Religião consiste em todos os modos de evitar esse vazio. Os traços obsessivos do comportamento religioso;

O Discurso da Ciência é originado no discurso da sabedoria, no discurso da filosofia. Adquire aqui seu pleno valor o termo empregado por Freud a respeito da paranóia e de sua relação com a realidade psíquica. No discurso da ciência é da forclusão que se trata. Rejeita a presença da Coisa uma vez que em sua perspectiva se delineia o “ideal do saber absoluto”.

Para finalizar vou fazer uma citação do livro de Dulce Duque Estrada “O amor nos tempos de cólera”, que nos diz o seguinte:

“No livro ECLESIASTES, vinte séculos de antecedência, parece que descreve em síntese um percurso analítico. No livro atribuído ao Rei Salomão, o narrador constata que a vida é uma ilusão e perseguir objetivos é correr atrás do vento. Então, diz a si mesmo que talvez a felicidade consista na aquisição da sabedoria, e torna-se o mais Sábio e experiente dos homens, para logo descobrir que isso não passa de vaidade, é tudo em vão...Pensa em seguida, que mais vale o acumulo de riquezas e, sendo rei,

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junta incalculáveis tesouros, mas também se desilude...Tem ainda o amor das mulheres, a realização de grandes empreendimentos, promove enormes orgias, enfim todos os prazeres possíveis para chegar sempre à mesma conclusão: tudo é vaidade, é tudo em vão... e observando a vida ao seu redor, verifica que nem sempre se dá valor a quem merece, nem mesmo os mais aptos vencem as provas e, o que é pior, a mesma MORTE chega para todos, os bons, os maus, religiosos ou pagãos, obedientes a Deus ou não e parece-lhe injusto que todos tenham o mesmo destino. Acompanhando-se o texto, chega um momento em que começamos a recear ver o autor cair em profunda depressão e cometer suicídio ou pregar sacrifícios, jejum e orações ininterruptas, enquanto se espera pela vida eterna. Mas para a surpresa do leitor, Salomão que acaba de constatar tudo isso conclui: Já que é assim, comam, bebam e se alegrem. E acrescenta: Para Deus isso não faz diferença”.

Referências

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