Z A Q U E U V I E I R A O L I V E I R A
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA E
IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA AO
LONGO DA HISTÓRIA
• Ciência das quantidades
• Platão: diferencia as grandezas percebidas pelos sentidos das ideais
• Aristóteles: mundo sensível e mundo inteligível
• Kant: na matemática, a construção de conceitos só é
possível por meio da intuição a priori do espaço, ou seja, o conhecimento das quantidades
“... o matemático estuda noções obtidas por abstração (de fato, estuda suprimindo todos os aspectos sensíveis, como o peso e a leveza, a dureza e seu contrário, o calor
e o frio, e as demais contrariedades sensíveis. Enquanto que deixa somente o quantitativo e o contínuo, seja em uma ou em duas ou em três dimensões, assim como as propriedades que possuem enquanto são quantidades e magnitudes continuas, e não as estuda segundo nenhum
outro aspecto. Em alguns casos estuda as posições recíprocas e as propriedades que lhes correspondem, e
em outros casos estuda as comensurabilidades e as incomensurabilidades, e em outros as proporções...)”
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA AO
LONGO DA HISTÓRIA
• Ciência das relações
• Matemática ligada à lógica
• Raízes dessa concepção em Renè Descartes
• Essa concepção se propaga quando a lógica utiliza-se do cálculo numérico
• Henri Poincarè afirma que a ciência é um sistema de relações e que seria vão buscar a objetividade nas ciências isoladas
• Logicismo: Deve-se construir uma lógica exata, para em seguida extrair a matemática. Primeiro, defini-se todos os conceitos da matemática (aritmética, álgebra e da
análise) em termos de conceitos de lógica e, em seguida, deduz-se todos os teoremas da matemática a partir dessas definições e por meio dos princípios da própria lógica
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA AO
LONGO DA HISTÓRIA
“Todas essas ciências particulares chamadas comumente matemáticas; ... embora seus objetos
sejam diferentes todas coincidem em só
considerarem as diversas relações e proporções que neles se encontram”.
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA AO
LONGO DA HISTÓRIA
“A matemática é um método lógico....A proposição matemática não exprime pensamento algum. De fato, nunca precisamos de proposições matemáticas
na vida, mas as empregamos apenas com o fim de, a partir de proposições que não pertencem á
matemática tirar conclusões que se expressam em proposições que tampouco lhe pertencem”.
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA AO
LONGO DA HISTÓRIA
• Ciência do possível
• Possível: buscar aquilo que não é contraditório
• Essa concepção não relaciona a matemática à lógica • David Hilbert e a axiomatização da matemática
• Kurt Gödel pôs em dúvida a não-contradição da
matemática, afirmando que só conseguimos fazer isso em partes
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA AO
LONGO DA HISTÓRIA
“A matemática pode ser construída como simples cálculo, sem exigir interpretação alguma. Torna-se,
então, um sistema axiomático no qual: 1º todos os
conceitos básicos e todas as relações básicas devem ser completamente enumerados, integrando-se neles, por meio de definição, quaisquer conceitos ulteriores; 2º os axiomas devem ser completamente enumerados e destes
deduzidos todos os outros enunciados em conformidade com as relações básicas... A matemática constitui, então,
um sistema perfeitamente autônomo... e desenvolve-se em todas as direções possíveis... e que não levem a
contradições”.
A matemática é somente uma linguagem para
descrever a realidade ou a ela está associado a algum
conteúdo intrínseco?
Toda a realidade é “matematizável” ou
haverá partes da realidade que a
matemática não atinge? A matemática
“supera” o real?
As abstrações
matemáticas são “mais ricas” que a realidade?
O que uma distinção entre matemática pura e
matemática aplicada implica?
Seria possível à atividade teórica desvincular-se intencionalmente da atividade prática na matemática? O que é o concreto na matemática?
ABSTRATO X CONCRETO
TEORIA X PRÁTICA
COMO RESPONDER A ESSAS QUESTÕES?
Respostas do tipo sim ou não podem levar a respostas triviais
Respostas “definitivas” implica num modo de pensar “que se fundamenta numa estreita lógica
formal”. Isso pode conduzir a nada ou, dependendo do modo como se argumenta,
“A MATEMÁTICA É INDEPENDENTE DO
EMPÍRICO”
• Final do século XIX – matemática vista com
independente do empírico
“Como pode a matemática, sendo acima de tudo um produto do pensamento humano, independente
da experiência, se adaptar tão admiravelmente à realidade objetiva?”
“A MATEMÁTICA É INDEPENDENTE DO
EMPÍRICO”
“Somos de raça divina e possuímos o poder de criar”
Richard Dedekind
“Deus fez os inteiros, todo o resto é trabalho do homem”
Leopold Kronecker
• O matemático é o criador do próprio universo
DEPENDÊNCIA X INDEPENDÊNCIA
DO MUNDO EMPÍRICO
• Exemplos históricos de “descobertas de teoremas”
sugeridos anteriormente pelo empírico:
• Teorema de Pitágoras
• Newton, Kepler, Tycho Brahe e Galileu
• Limite estabelecidos para as raízes empíricas e a
esforço de novidade
Física de Newton
O ESFORÇO DE NOVIDADE DE BACHELARD E
A CONCEPÇÃO IDEALISTA DE MATEMÁTICA
• O esforço de novidade surge colocando-se em
dúvida e rompendo com o significado inicial dos conceitos
• Idealismo: a razão determina o real, ou seja, o real
passa a ser um caso particular do possível
"Denomina-se idealista quem admite que os corpos têm somente existência ideal em nosso espírito, negando
assim a existência real dos próprios corpos e do mundo”
O ESFORÇO DE NOVIDADE DE BACHELARD E
A CONCEPÇÃO IDEALISTA DE MATEMÁTICA
“Aquele que admite neste mundo somente espíritos é um idealista”
Alexander Gottlieb Baumgarten
“Idealismo é a teoria que declara que os objetos existem fora do espaço ou simplesmente que sua existência é duvidosa e indemonstrável, ou falsa e
impossível” Immanuel Kant
Platão
Mundo real e
mundo ideal
Kant
Matemática como
“construção de
conceitos”
Aristóteles
Coisas sensíveis e
coisas inteligíveis
Bachelard
Matemática, história
e obstáculos
epistemológicos
“A MATEMÁTICA É OU NÃO É
INDEPENDENTE DO EMPÍRICO?”
PENSAMENTO MATEMÁTICO E
EXPERIÊNCIA
• As abstrações matemáticas possuem uma raiz
empírica , mesmo que aqueles que as manipulam não tenham total consciência
• “Vulgarização” da geometria e as “tentativas” de se
afastar do empírico
• Real como subproduto da imaginação e o
distanciamento do concreto
• A atividade do matemático é “livre e
desinteressada”
“Em toda construção abstrata há um resíduo intuitivo (da experiência concreta) que é impossível eliminar”
“A MATEMÁTICA É O ESTUDO DAS
ESTRUTURAS ABSTRATAS”
• A abstração constitui-se matéria-prima para a
matemática pura
• O maior equívoco, segundo Machado (2013), é a
desvinculação entre abstrato e concreto
Empírico Teórico
• O pensamento, através do sensório-material, busca
o racional
• O conhecimento proveniente das coisas sensíveis
gera o senso comum
• O conhecimento científico provém do sensível, mas
também da interpretação e da análise do que se observa
≠
Sensorial Racional ≠
• No empírico, o objeto é representado somente
através de suas manifestações mais significativas
• O conhecimento teórico se origina à partir de uma
elaboração racional dos dados do empírico
• Existem situações em que o teórico é que passa a
originar o empírico
≠
Sensorial Racional ≠
Empírico Teórico
Real
Sincrético
Teórico
Real
O real sincrético não pode ser confundido com o real produzido pelo teórico
• Pensar que o concreto conduz ao abstrato leva a
“um beco sem saída”: as abstrações são cada vez mais distantes do real
• Há o caminho de ida e de volta do abstrato ao
concreto, porém é preciso discernir o ponto de partida (multifacetado) do concreto-ponto de chegada (reduzido a uma
representação do real)
• O pensamento se afasta do concreto para que,
em seguida, aproxime-se dele novamente
Pensamento Teórico
Experiência Sensorial
“Grande parte das dificuldades especiais que são atribuídas ao conhecimento matemático decorre justamente do fato de a matemática ser
considerada o lugar das abstrações, é
consequência disso. Entretanto, não são suas características intrínsecas que a empurram para
o terreno das abstrações, mas sim as
características, digamos, impostas, ou que nos acostumamos a associar-lhes. Quando
considerada de um ponto de vista
epistemológico mais consistente, a matemática é o lugar das abstrações tanto quanto o são a
Música, ou a Literatura, por exemplo”. (MACHADO, 2013, p. 93-94)
“A MATEMÁTICA ENSINA A PENSAR”
• Pensar (v. trans. e intrans.): “pensa-se em algumacoisa ou alguma coisa, e de alguma forma”
Pensamento Latu
Sensu
•Processo autônomo
em relação á
linguagem
•Relações entre
conceitos decorrem
de suas identidades
Pensamento
Matemático-Formal
•Linguagem como
condição de
legitimidade
•Relações
determinam os
conceitos
"Do mesmo modo que todo mundo há de aprender a linguagem e a escrita antes de
poder servir-se livremente delas para a expressão de seus sentimentos, aqui só há urna maneira de eludir o peso das fórmulas. E
esta consiste em adquirir tal domínio do instrumento [...] que, sem trava alguma da
técnica formal, possamos encarar os verdadeiros problemas...”
PENSAMENTO E LINGUAGEM
• O pensamento se processa através de operações
que podem ser inexprimíveis
• Mas, o pensamento não pode estar desligado da
linguagem, de modo que, um pensamento mal comunicado acaba sendo perdido
• O pensamento matemático caracteriza-se pelas
relações; o todo dá significado às partes
“Concluindo, podemos dizer que a matemática ajuda a pensar assim como a física, a história, a
biologia, assim como pensar ensina a pensar” (MACHADO, 2013, p. 99).
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA E
IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO
• “A matemática é independente do empírico”
• “A matemática é o estudo das estruturas abstratas” • “A matemática ensina a pensar”
• “A matemática é estática, a-histórica e
dogmática”
• “O professor de matemática é o portador do
verdadeiro matemático”
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA E
IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO
Particular
Geral
Conhecido
Desconhecido
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA E
IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO
A resolução de problemas enfatiza a manipulação de material concreto ou
manipulativo como precedentes às operações formais da matemática, buscando a significação
do conteúdo
A matemática sendo concebida como um sistema de conceitos/ideias inter-relacionadas
deve ser organizada de modo que os alunos sempre tenham conhecimento dos conteúdos
CONCEPÇÕES DE MATEMÁTICA E
IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO
Há uma estreita relação entre a concepção de matemática do professor e a prática pedagógica
Contudo, não é frutífero limitar a concepção de matemática do
professor, mas deve-se permitir que ele possa atuar em práticas diferentes, de
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• ABBAGNANNO, Nicolá. Dicionário de Filosofia. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
• BARALDI, Ivete Maria. Refletindo sobre as
Concepções de Matemática e suas Implicações para o Ensino diante do ponto de vista dos alunos. Mimesis. v. 20, n. 1, p. 7-18, 1999.
• MACHADO, Nilson José. Alguns lugares-comuns:
crítica. In: Matemática e Realidade: das
concepções às ações docentes. 8ª ed. São Paulo: Cortez, 2013.