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ANÁLISE COMPARATIVA DA MANUTENÇÃO POSTURAL ESTÁTICA E DINÂMICA ENTRE IDOSOS CAIDORES E NÃO CAIDORES

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ANÁLISE COMPARATIVA DA MANUTENÇÃO

POSTURAL ESTÁTICA E DINÂMICA ENTRE IDOSOS

CAIDORES E NÃO CAIDORES

COMPARATIVE ANALYSIS OF STATIC AND DYNAMIC POSTURAL STABILITY BETWEEN ELDERLY FALLERS

AND NON-FALLERS ANÁLISIS COMPARATIVO DE LA ESTABILIDAD POSTURAL ESTÁTICA Y DINÁMICA ENTRE ANCIANOS QUE CAEN Y LOS QUE NO CAEN Jefferson Carlos Araujo Silva 1 Thalita Cristinny Araujo Silva 2 Luan Nascimento da Silva 3 Mara Dayanne Alves Ribeiro 4 Sabrynna Brito Oliveira 5 Gaussianne de Oliveira Campelo 6

RESUMO

O

objetivo deste estudo foi analisar a manutenção postural estática e dinâmica entre idosos com e sem histórico de quedas, por meio de: Teste de Alcance Funcional (TAF), teste Timed Up and Go (TUG) e teste Short Physical Performance Battery (SPPB), com foco no equilíbrio estático, na mobilidade funcional e na força muscular dos membros inferiores, respectivamente. Os participantes foram divididos em dois grupos: Grupo A – sem histórico de quedas (47 indivíduos); e Grupo B – com histórico de quedas (40 indivíduos). Utilizou-se o teste t de Student não pareado para comparação entre grupos (p < 0,05). Dos 163 idosos elegíveis, 87 atenderam aos critérios de inclusão. A análise estatística revelou que a comparação entre os grupos A e B não foi estatisticamente significativa para o TAF (p = 0,3877). Já os testes SPPB e TUG apresentaram p = 0,0094 e p = 0,0254, respectivamente. O histórico de queda repercutiu de modo negativo nos idosos avaliados, com maior evidência no TAF. O índice de risco de queda foi mais acentuado entre os indvíduos que já lidaram com tal evento.

Palavras-chave: Idoso; Queda; Equilíbrio Postural.

1. Fisioterapeuta. Residente no Hospital Universitário Presidente Dutra da Universidade Federal do Maranhão (HUPD/UFMA). São Luís (MA), Brasil. 2. Aluna de graduação em Enfermagem na Faculdade Maurício de Nassau. Parnaíba (PI), Brasil.

3. Fisioterapeuta no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Pelotas (RS), Brasil.

4. Fisioterapeuta no Hospital Regional Norte (HRN). Aluna de mestrado em Saúde da Família na Universidade Federal do Ceará (UFC). Sobral (CE), Brasil. 5. Biomédica. Aluna de doutorado em Microbiologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte (MG), Brasil.

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ABSTRACT

This study aimed to analyze the static and dynamic postural stability between elderly fallers and non-fallers, by means of: Functional Reach Test (FRT), Timed Up and Go (TUG) test, and Short Physical Performance Battery (SPPB) test, focusing on static balance, functional mobility, and muscular strength of the lower limbs, respectively. Participants were divided into two groups: Group A – no history of falls (47 individuals); and Group B – a history of falls (40 individuals). Unpaired Student’s t-test was used for comparison between groups (p < 0.05). Out of the 163 eligible elderly people, 87 met the inclusion criteria. Statistical analysis revealed that the comparison between groups A and B has not been statistically significant for the FRT test (p = 0.3877). In turn, the SPPB and TUG tests showed p = 0.0094 and p = 0.0254, respectively. The history of falls had negative repercussions in the elderly people evaluated, with more evidence in the FRT. The fall risk index was more pronounced among those who have already dealt with such an event.

Keywords: Elderly; Fall; Postural Balance. RESUMEN

El objetivo de este estudio fue analizar la estabilidad postural estática y dinámica entre ancianos con historia y sin historia de caídas, mediante: Prueba de Alcance Funcional (PAF), Prueba Timed Up and Go (TUG) y Prueba Short Physical Performance Battery (SPPB), con foco en el equilibrio estático, la movilidad funcional y la fuerza muscular de los miembros inferiores, respectivamente. Los participantes se dividieron en dos grupos: Grupo A – sin historia de caídas (47 individuos); y Grupo B – con historia de caídas (40 individuos). Se utilizó la prueba t de Student no pareada para comparar los grupos (p < 0,05). De los 163 ancianos elegibles, 87 cumplieron con los criterios de inclusión. El análisis estadístico reveló que la comparación entre los grupos A y B no ha sido estadísticamente significativa para la PAF (p = 0,3877). A su vez, las pruebas SPPB y TUG mostraron p = 0,0094 y p = 0,0254, respectivamente. La historia de caídas tuvo repercusiones negativas en los ancianos evaluados, con más evidencia en la PAF. El índice de riesgo de caída fue más pronunciado entre aquellos que ya han lidiado con tal evento.

Palabras clave: Anciano; Caída; Equilibrio Postural.

INTRODUÇÃO

A queda é definida como evento acidental que culmina na mudança de posição do sujeito para um nível mais baixo em relação à posição em que se encontrava inicialmente, sendo associada à incapacidade de correção em tempo hábil e apoio no solo1,2. Em especial na população idosa, a queda

é considerada um problema de saúde pública, por ocasionar alta mortalidade e morbidade, além de aumentar o nível de dependência do idoso e interferir diretamente em sua qualidade de vida3-5.

Em pessoas idosas, as quedas são consideradas precursoras de desfechos desfavoráveis, implicando aumento da fragilidade e piora do quadro geral de saúde, podendo causar até a morte6,7. A consequência mais temida da queda

de idosos é a fratura de fêmur, uma vez que piora sua qualidade de vida e reduz sua capacidade funcional, além de gerar considerável ônus ao sistema de saúde, devido ao número de institucionalizações e hospitalizações que dela decorrem2,8.

Estima-se que 1/3 dos idosos com mais de 65 anos já sofreram uma queda e 20% destes evoluem com fratura ou

necessitam de internação9. Quando se observam idosos com

80 anos ou mais no Brasil, 40% caem a cada ano, sendo essa o principal motivo de hospitalização por lesão em decorrência de causas externas nessa população10. Esse fato

permite inferir que o avançar da idade repercute no aumento do índice de quedas.

O risco de queda aumenta entre os idosos que já enfrentaram essa situação. Por medo de cair novamente, os indivíduos passam a ficar mais restritos ao seu espaço, o que contribui com a diminuição da sua mobilidade e sociabilidade11-13.

A queda decorre de fatores intrínsecos na população idosa, ou seja, envolve características próprias do envelhecimento. Destacam-se alterações fisiológicas, patologias crônicas, efeitos adversos ou uso concomitante de fármacos14. Fatores

extrínsecos, como perigos ambientais e uso de calçados inadequados, também tendem a contribuir com o evento. Uma interação entre esses fatores torna o indivíduo idoso vulnerável9,12.

No processo de envelhecimento, os sistemas musculoesquelético e nervoso envolvem alterações musculoesqueléticas, como diminuição da massa muscular e

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da flexibilidade, provocam redução da velocidade da marcha e declínio funcional, além de diminuírem as respostas adaptativas diante de eventos adversos, como o desequilíbrio, culminando diretamente na queda1,6,13. Observa-se no sistema

nervoso redução da velocidade de condução nervosa, responsável pela resposta motora que proporciona o controle postural14. A combinação do déficit funcional de ambos os

sistemas, na ausência de estratégias preventivas, implica consequências danosas ao equilíbrio, podendo culminar na queda.

Várias são as estratégias que visam a prevenir e/ ou reduzir o índice queda na população idosa, tais como incentivo à participação em grupos de atividade física, informações sobre a senescência e orientação para a prática regular de atividade física6,15,16, que pode minimizar os

efeitos deletérios do processo de desmineralização óssea e da perda do volume e força muscular, sendo responsável por incremento do equilíbrio e da flexibilidade3,14. Assim,

recomenda-se a prática regular de atividade física para os idosos, em programa de duas ou três vezes por semana6,10.

As evidências mostram que programas baseados no ganho de força e equilíbrio ajudam a prevenir e reduzir não somente o risco de queda e fratura, mas também doenças crônicas não transmissíveis, dentre elas a sarcopenia14,15. Assim, este

estudo teve por objetivo analisar a manutenção postural estática e dinâmica entre idosos com e sem histórico de quedas.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de estudo descritivo, transversal, de caráter exploratório, desenvolvido em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na zona urbana de Cocal-PI, município com 10,4% de habitantes com 60 anos ou mais17.

A pesquisa foi norteada pela Resolução n. 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS), que dispõe sobre estudos e pesquisas com seres humanos. A coleta de dados ocorreu no período de novembro de 2014 a janeiro de 2015, após aprovação da Comissão de Ética em Pesquisa do Centro de Ensino Unificado de Teresina (CEUT), sob o Protocolo n. 6.597/2014.

A UBS foi selecionada aleatoriamente e apresentava 163 idosos em sua área de adscrição17. Os critérios de inclusão

no estudo foram: idosos (idade ≥ 60 anos), indivíduos com autonomia física e mental, ausência de comprometimento cognitivo e neurológico e marcha independente. A participação foi confirmada por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os critérios de exclusão foram: presença de agravo sensório-motor, auditivo e/ou visual que incapacitasse os indivíduos de executar as manobras.

Os idosos foram convidados a participar do estudo pelo Agente Comunitário de Saúde (ACS) durante visita domiciliar de rotina. Inicialmente, os indivíduos responderam um questionário de identificação com características antropométricas, histórico de saúde e histórico de quedas. A manutenção postural estática e dinâmica foi mensurada por meio de: Teste de Alcance Funcional (TAF), teste Timed Up and Go (TUG) e teste Short Physical Performance Battery (SPPB), com foco no equilíbrio estático, na mobilidade funcional e na força muscular dos membros inferiores, respectivamente.

A manutenção postural estática foi mensurada com o TAF, onde o risco de queda é avaliado pelo deslocamento do Membro Superior Direito (MSD) anteriormente. Um deslocamento inferior a 15 cm indica fragilidade e déficit do equilíbrio estático18. O TUG foi utilizado com o intuito

de avaliar o desempenho do idoso diante de uma atividade dinâmica que simula o ato corriqueiro de caminhar. A execução do teste em tempo inferior a 20s indica baixo risco de queda; tempo superior a 20s indica moderado risco de queda; e tempo superior a 30s indica grande risco de queda19.

O SPPB é realizado com o comando “sentar-se e levantar-se” da cadeira 5 vezes consecutivamente. O tempo para realização dessa manobra é cronometrado e avaliado em uma escala, com valor máximo de 4 pontos atribuídos ao tempo de 11,19s ou menos; 3 pontos são atribuídos ao tempo de 11,20 a 13,69s; 2 pontos são atribuídos ao tempo de 13,70 a 16,69s de tempo de teste; e 1 ponto é atribuído ao tempo de 16,70s ou mais. Caso o sujeito não consiga levantar-se as 5 vezes da cadeira ou se completar o teste em tempo superior a 60 s, não é atribuída qualquer pontuação20.

Após as avaliações, os idosos foram alocados, para fins de comparação, em dois grupos: Grupo A – idosos sem histórico de quedas; e Grupo B – idosos que haviam sofrido ao menos uma queda no último ano.

Os dados foram tabulados no programa Microsoft Excel, versão 2013, para o cálculo da média e do desvio padrão. O teste t de Student não pareado foi aplicado para identificar diferenças entre os grupos experimentais em cada variável analisada. O nível de significância adotado foi de 5% (p < 0,05). Todos os dados foram analisados com o programa Graph Pad Prism, versão 6.

Várias são as

estratégias que

visam a prevenir e/

ou reduzir o índice

queda na população

idosa.

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RESULTADOS

No período de coleta de dados, 93 idosos compareceram à UBS para avaliação, mas somente 87 atenderam aos critérios de inclusão. Desses 87 participantes, 47 (45,9%) não relataram queda no último ano e compuseram o Grupo A (não caidores); os 40 (54,1%) idosos que apresentaram ao menos uma queda no último ano integraram o Grupo B (caidores). As características antropométricas e sociodemográficas dos dois grupos são ilustradas na Tabela 1.

Tabela 1. Características antropométricas e sociodemográficas

Grupo A (não caidores) (n = 47/45,9%) Grupo B (caidores) (n = 40/54,1%) Sexo M F M F 23 (48,93%) 24 (51,06%) 14 (35%) 26 (65%) Idade (anos) 68 (6,65) 70 (5,95) Peso (kg) 59,5 (11,3) 54 (11,51) Altura (m) 1,53 (0,09) 1,47 (0,07) IMC (kg/cm2) 24,74 (3,79) 25,36 (4,18) Situação conjugal Casado 32 (68,08%) 24 (60%) Divorciado 6 (12,76%) 3 (7,5%) Viúvo 9 (19,14%) 11 (27,5%) Solteiro 0 2 (5%) Escolaridade Analfabeto 27 (57,44%) 31 (77,5%)

Ens. Fund. incomp. 19 (40,42%) 9 (22,5%)

Ens. Fund. comp. 1 (2,12%) 0

Renda familiar < 1 salário-mínimo 1 (2,12%) 1 (2,5%) 1 salário-mínimo 44 (93,61%) 38 (95%) 2 salários-mínimos 2 (4,25%) 1 (2,5%) Reside Sozinho 5 (10,63%) 7 (17,5%) Cônjuge 31 (65,95%) 23 (57,5%) Familiar 11 (23,4%) 10 (25%)

Elaborada pelos autores.

Constatou-se a ocorrência de hipertensão arterial sistêmica em 42 participantes (48,2%) e de sedentarismo (prática não regular ou ausência de atividade física durante 30 minutos ao menos 3 vezes por semana) em 53 (60,9%). A proporção entre os grupos é ilustrada na Tabela 2. A proporção de quedas no último ano no Grupo B foi: 33 indivíduos com 1 queda (82,5%), 5 indivíduos com 2 quedas (12,5%) e 2 indivíduos com 3 quedas (5%).

Tabela 2. Histórico de saúde por grupo Grupo A (não caidores) Grupo B (caidores) Diabetes mellitus 4 (8,51%) 8 (20%) Hipertensão arterial sistêmica 22 (46,8%) 20 (50%) Sedentarismo 28 (59,57%) 25 (62,5%) Etilismo 4 (8,51%) 3 (7,5%)

Elaborada pelos autores.

Na comparação entre os grupos A e B, não foram observados resultados estatisticamente significativos para o

TAF (p = 0,3877). Entretanto, os resultados dos testes SPPB e TUG apresentaram p = 0,0094 e p = 0,0254, respectivamente – estatisticamente significativos.

A Tabela 3 apresenta as médias de desempenho dos grupos A e B na execução dos testes.

Tabela 3. Média dos grupos para os testes TAF, TUG e SPPB Grupo A (não caidores) Grupo B (caidores) TAF (cm) 16 (±6,33) 15,25 (±5,30) TUG (s) 12,49 (±3,5) 14,315 (±3,33) SPPB (s) 16,42 (±3,39) 18,42 (±6,64)

Elaborada pelos autores.

DISCUSSÃO

Diversos contextos sobre o risco de queda foram investigados na literatura, comparando idosos caidores com não caidores, avaliando a força muscular, aspectos da estabilidade corporal e a capacidade de locomoção na

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da queda na manutenção postural estática e dinâmica de idosos por meio da inclusão de um grupo controle na mesma faixa etária que não tinha histórico de quedas. O conjunto amostral desta pesquisa teve a mesma fonte, ou seja, todos os voluntários eram vinculados à mesma UBS – essa informação é relevante, pois proporciona o perfil nosológico dos grupos. Identificou-se homogeneidade entre os grupos quando comparados dados antropométricos e sociodemográficos, entretanto, a maioria feminina no grupo de idosos caidores assemelha-se aos achados de outros estudos5,24, corroborando

a teoria de que as mulheres são mais propensas a queda do que os homens. Esse fato parece estar associado a características distintivas do sexo feminino, como maior longevidade, maior mobilidade e consequente maior exposição ao risco de queda, maior fragilidade, utilização de maior quantidade de drogas e alta prevalência de doenças crônicas, as quais, de modo isolado ou em associação, contribuem com maior risco de queda no sexo feminino. Entretanto, não há explicação conclusiva desse fato5,25,26.

As causas das quedas em idosos podem ser variadas e estar associadas. Dentre os fatores intrínsecos, observa-se o surgimento de doenças que levam à redução da capacidade física e predispõem à queda, destacando-se: doenças cardiovasculares, neurológicas, endocrinológicas, osteomusculares, geniturinária, psiquiátricas e sensoriais5,24.

Neste estudo, ambos os grupos apresentaram prevalência semelhante de doenças como Hipertensão Arterial Sistêmica e Diabetes Mellitus, o que permite inferir que essas patologias não contribuíram para o índice de queda observado no grupo B.

A literatura relaciona o declínio do equilíbrio e agilidade à terceira década de vida, fazendo parte do processo de envelhecimento27. Apesar disso, o TAF, selecionado para

avaliar o equilíbrio estático, não demonstrou diferenças significativas entre os grupos A e B. Os valores obtidos por meio das médias do deslocamento anterior do MSD foram superiores a 15cm, acima do ponto de corte para inferir fragilidade e déficit de equilíbrio.

Um estudo realizado em Porto Alegre-RS avaliou 267 idosos participantes de um estudo multidimensional, objetivando comparar índices obtidos por meio de TAF e TUG com variáveis, como idade, acuidade visual, autopercepção de saúde e renda, para tentar enumerar os fatores intrínsecos e extrínsecos que predispõem ao risco de queda em idosos. Em todas as variáveis se observaram valores que indicavam significativo risco de queda com idade avançada, baixa acuidade visual, baixa autopercepção de saúde e baixa renda28.

Neste estudo, o histórico prévio de queda contribuiu para que os idosos tivessem menor manutenção da mobilidade funcional e da força muscular dos membros inferiores.

As tarefas envolvidas no TUG são rotineiras: levantar de posição sentada para posição em pé, caminhar por três m, mudar de direção e virar-se para sentar. Entretanto, essas atividades exigem, dos idosos força e incluem aceleração e desaceleração, habilidade de equilíbrio e coordenação de movimentos29. No geral, todos os idosos que participaram

deste estudo demonstraram leve risco de queda nos resultados do TUG (tempo de execução menor que 20s), apontando boa mobilidade funcional. Entretanto, ao comparar os dois grupos, os idosos caidores (Grupo B) obtiveram uma média de tempo maior no TUG do que o grupo não caidor (Grupo A), o que reflete menor equilíbrio dinâmico desse grupo, que pode associar-se a ocorrência prévia de queda. Achado que diverge de Thrane21, que comparou o desempenho do TUG de idosas

com idades entre 74 e 89 anos e não encontrou diferenças significativas entre mulheres caidoras e não caidoras. Um expressivo número de idosos com valores elevados de tempo no teste sugere que os indivíduos estão mais propensos a quedas e a limitação nas atividades da vida diária30.

Os idosos caidores precisaram de mais tempo para concluir o teste SPPB, proposto para inferir a força muscular de membros inferiores, na comparação dos grupos A (não caidores) e B (caidores) se observou resultados estatisticamente significativos, demonstrando que o histórico de queda interferiu na força muscular dos membros inferiores. Trata-se de achado semelhante ao de Gomes et al.23: esses autores verificaram que os idosos com histórico

de quedas apresentaram pontuação 1, ou seja, executaram o teste em tempo igual ou superior a 16,70 s, dessa forma, evidencia-se a consequência danosa que a queda prévia proporciona no idoso. Neste estudo, a média de tempo gasto pelo grupo de idosos caidores (Grupo B) para executar o teste de sentar-se e levantar-se foi de 18,42 s.

A relação entre a queda e uma repercussão funcional comumente é indireta e deve-se principalmente ao medo de cair novamente31. O idoso que já caiu tende a restringir

suas atividades da vida diária e profissionais, o que acaba resultando em descondicionamento físico e consequente atrofia muscular32,33. Além disso, o medo de cair pode

interferir no recrutamento muscular em atividades dinâmicas que demandam equilíbrio33. Segundo Delbaere34, o idoso

A relação entre a queda

e uma repercussão

funcional comumente

é indireta e deve-se

principalmente ao medo

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que tem medo de cair adota involuntariamente um padrão simultâneo de recrutamento dos músculos agonistas e antagonistas; isso gera, estratégias posturais inadequadas, insegurança e dependência de dispositivos que garantem estabilidade. Todos esses fatores podem ter contribuído para pior desempenho no teste de força muscular dos idosos caidores, tendência que também afeta diretamente o padrão da marcha e pode ter repercutido no desempenho no TUG.

Idosos que têm medo de cair ao realizar a deambulação adotam estratégias diferentes para manter o equilíbrio, com menor cadência de passos, o que pode resultar em aumento da fase de duplo apoio, e diminuem o tempo na fase de oscilação, para evitar exposição a instabilidade postural mais evidenciada no apoio unipodal. Além da diminuição do impulso, extensão de joelhos, alargamento da base de suporte, diminuição do comprimento e altura do passo e, consequentemente, redução da velocidade – estratégias empre gadas para diminuir o risco de queda35.

É consenso na literatura que a prática de atividade física entre idosos deve ser implementada como meio de prevenção dos efeitos deletérios que o processo de envelhecimento ocasiona nesses indivíduos3,10,15. Uma revisão

integrativa36 analisou o nível de atividade física em idosos

e seus benefícios, considerando a atividade física qualquer movimento corporal que gere gasto energético maior que o nível de repouso; os autores concluíram que a prática regular de atividade física promove significativo impacto em algumas variáveis fisiológicas e funcionais, como prevenção de doenças crônicas e melhora do equilíbrio. Os autores ressaltam que a capacidade funcional dos idosos melhora substancialmente com a prática regular de atividade física e o declínio funcional e muscular advindo do envelhecimento diminui. Deve-se atentar aos aspectos socioeconômicos, culturais e familiares na implementação da prática de atividade física em idosos, para que não surjam barreiras à prática de atividade física regular.

Deve-se considerar que este estudo apresenta limitações. A hipótese inferida foi que os idosos com histórico de quedas passaram a ter medo de cair novamente; a repercussão dessa característica foi a adoção involuntária de estratégias locomotoras para suprir a insegurança postural em atividades funcionais. Todavia, não foram utilizados instrumentos metodológicos capazes de mensurar o medo de cair entre os participantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O histórico de quedas repercutiu negativamente na manutenção postural dinâmica dos idosos avaliados, entretanto, parece não interferir no equilíbrio estático. O estudo sugere que há diferenças na manutenção postural

estática e dinâmica de idosos com e sem histórico prévio de quedas, contudo, não determina as causas que podem levar a modificações motoras ou funcionais. Há necessidade de novos estudos para analisar as implicações subjetivas do medo de cair ou as repercussões da queda nos padrões da marcha, cadência ou comprimento dos passos, além de pesquisas que avaliem protocolos para otimizar a capacidade funcional e a força muscular dos idosos, atuando tanto na prevenção do risco de queda, quanto nos idosos com histórico prévio de queda. Programas voltados à prevenção de quedas devem ser implementados para promover a manutenção funcional das atividades básicas e instrumentais da vida diária da população geriátrica.

CONTRIBUIÇÃO DOS AUTORES

Jefferson Carlos Araujo Silva colaborou com a redação

do manuscrito e a coleta e análise de dados. Thalita Cristinny Araujo Silva colaborou com a coleta de dados. Luan Nascimento da Silva colaborou com a redação do manuscrito

e a análise de dados. Mara Dayanne Alves Ribeiro colaborou com a análise de dados e a revisão crítica do manuscrito.

Sabrynna Brito Oliveira colaborou com a análise de dados e a revisão crítica do manuscrito. Gaussianne de Oliveira Campelo colaborou com a elaboração e a revisão crítica do manuscrito.

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Idosos que têm medo

de cair ao realizar a

deambulação adotam

estratégias diferentes

para manter o

equilíbrio.

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Tabela 1. Características antropométricas e sociodemográficas

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