PROGRAMA
DE
Pós-GRADuAçÃo
EM
ENGENHARIA DE
PRoDuçÃo
`
D|ssERTAçÃo suBMET|DA
À
uN|vERs|DADE
FEDERAL
DE
SANTA
cATAR|NA
PARA
A DBTENÇÃD
Do
TíTu|.oDE
MESTRE
Em
ENGENHARIA
_-1 926
r¬
z-‹
O4
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA
CATARINA
O
USO DO
COMPUTADOR
EM
SALA
DE
AULA:
A
VISAO
DO ALUNO
VALÉRIA
LANNA
DE
cAsTRo sANTos
DE
PRoDuÇÃo
ORIENTADORA:
SILVANA
BERNARDES
ROSA,
DRA
FLORIANÓPOLIS
2001Valéria
Lanna
de
Castro Santos
O
Uso do
Computador
em
Sala
de
Aula: a Visão
do Aluno
Esta
dissertação
foijulgada
adequada
e
aprovada
para obtenção
do
títulode
Mestre
em
Engenharia de
Produção
no
Programa
de
Pós-
Graduação
em
Engenharia de
Produção
da
Universidade Federal
de
Santa
Catarina.
Florianópolis,
17
de
dezembro
de 2001
G
kProf.
Ric
o
Miran
›‹Barcia,
Ph.
D.
oordenador o
Curso
BANCA
EXAMINADORA
Prof”.
Silvana
Beiz
ar esRosa,
Dra.
Orientadora
'Prof. eit A areia
de Carvalho,Ph.D.
i
A
"Eu
ouço
e
esqueço.
Eu
vejo
e
recordo.
Eu
faço
e
compreendo"
Confúcio
"A aventura
de
construirconhecimento é
tipicamente
a
aventura
dos
tempos
modernos,
num
conluio
surpreendente
entre
inteligência crítica
e
criativahumana
e
meios
eletrônicos soc¡aI¡zadores".Pedro
Demo
Dedico
este trabalho
à
Rachel,
minha
sobrinha
e
afilhada,que,
apesar
do
pouco
tempo que
ficouentre
nós,deixou
como
herança
um
exemplo
de
forçae
coragem
digno
de
ser seguido,
além
de
nos
brindar
com
sua
alegriaconstante,
mesmo
nos
momentos
mais
difíceis.Uma
presença
que
nunca
será esquecida.
AAlexandre
e
Lucas,
por
estarem ao
meu
AGRADECIMENTOS
A
Silvana Bernardes Rosa,minha
orientadora,que
durante estacaminhada
foiacendendo
as velas dentrodo
túnel para orientarminha
direção e chegar até ofim.
Sua
orientação e apoio foramde
grande importância.A
Darsoni,companheira de
estrada ede
salade
aula, pelas horas e horasque
passamos
debatendo sobre este trabalho.Ao
Diretorda
Unidade Mangabeirasdo
SistemaPromove
de
Ensino, Prof. lltonde
Oliveira
Chaves
Jr., por sua atenção, ajuda e informações.Aos
alunosda
8° série A.do
Ensino Fundamental, 1° série J e 2* sérieM
do
Ensino Médio,
da
Unidade Mangabeirasdo
SistemaPromove
de
Ensino, que,com
sua disponibilidade
em
preencher os questionáriosde sondagem,
possibilitaramesta pesquisa.
Às
minhas
colegasde
trabalho Cidinha, Mabel, Jussara, Nilza, Margarida,Sandra
e Luciana, pela
amizade
e apoio.Aos
meus
irmãos,cunhados
e sobrinhos,que sempre
me
apoiaram.A
meu
pai Claret, por seu carinho e presença constanteao
meu
lado.A
minha
mãe
Marita,minha
grandeamiga
e primeira orientadora, cujoexemplo
de
garra e perseverança norteia a
minha
vida.Ao meu
filho Lucas, pelotempo que
poderíamos terpassado
juntos e lhe roubeipara
me
dedicar a este trabalho,mas
que
pretendocompensar de
agoraem
diante.
A
meu
marido Alexandre, grandeamigo
ecompanheiro de
caminhada, suportede
todas as horas, pelo carinho, dicas, apoio, paciência e pela força
que
me
deu
todas as vezes
que
desanimei.A
você,meu
amor
e agradecimento.suiviÁR|o
Dedicatória Agradecimentos Introdução Justificativa Objetivo Geral Objetivos Específicos Metodologia Estruturado
TrabalhoCapítulo l -
A
Educação
como
Ciência e seu desenvolvimento no Brasil1.1 - Introdução
1.2-
Da
Educação
Natural àEducação
Sistematizadaz Pedagogia, aCiência
da
Educação
1.3-
A
Educação
no Brasil:um
Breve Histórico 1.4- ConclusãoCapítulo ll -
As
Teoriasde Aprendizagem e
a Construçãodo Conhecimento
2.1- introdução
2.2-
As
TeoriasComportamentais
2.3-
As
Teorias Humanistasde Aprendizagem
2.4-
As
Teorias Cognitivasda
Educação
2.5- Papert e o Construcionismo
r
2.6- Conclusão
Capítulo Ill -
Ó
Uso
da
Tecnologia naEducação
3.2- Tecnologia e Educação:
Uma
Aliançaem
Prolda Educação
48
3.3-A
Informática Aplicada àEducação
503.4-
O
Computador
em
Salade
Aula: Ferramenta Efetiva paraaAprendizagem
ou Panacéia? 533.5-
Conclusão
64
Capítulo lV - Análise
das
Respostasdos
Alunos4.1- Introdução
66
4.2- Delimitação da
Amostra
e Descriçãoda
Escola66
4.3- Descrição
do
Instrumentode
Coletade
Dados
eda
Metodologiada
Análise
68
4.4- Análise
dos
Dados
69
4.5-
Conclusão
87Capítulo
V
- Considerações Finais5.1- introdução 88
5.2-
Questões
Levantadas pelos Alunosem
Relaçãoao
Uso
do
Computador
em
salade
Aula eAlgumas
Possíveis Soluções 905.3- Sugestões para
Novos
Trabalhos 995.4- Conclusão 99
Bibliografia 101
Anexo
1 105|NTRoDuçÃo
Estamos
iniciandoum
novo
século e, nele,vemos
o avanço, qualitativo e quantitativo,de novas
tecnologias, principalmenteda
informática, nos maisdiversos
segmentos da
sociedade.O
avanço
tecnológico iniciado nas últimasdécadas
atingiuum
patamar muitoelevado,
em
pouco
tempo,mas
está longede
chegarao
seu apogeu:estamos
ainda no inicio
de
uma
longa caminhada. Pode-se notar,em
todos oscampos,
como
a tecnologiavem
tomando
seu lugar e mostrandosua
importância.Na
medicina, aparelhos computadorizados
têm
sidoamplamente
utilizadosna
prevenção, diagnóstico e tratamento
de
diversas doenças,além
de
estaremsendo
feitas pesquisas,
algumas
jáem
fasede
testes finais, na buscade
aparelhosque
auxiliam deficientes físicos a
superarem
seus limites.As
tecnologiastêm
sidousadas
na indústria para torná-la mais eficiente, atravésdo
usoda
robótica nalinha
de
produção ede computadores
no design, projeto e produçãode bens de
consumo.
Podemos
ver,também,
mudanças
no setorde
sen/iços, comércio,construção civil,
e
em
tantos outroscampos
que
se torna difícil lembrar e citartodos eles.
Os
novos recursos tecnológicostêm
se disseminadode
uma
forma tãomaciça e rápida que,
segundo
Lollini (1991), torna-se difícil dedicar otempo
necessário à exploração
de cada
um
deles,sendo
competênciada educação
"criarnovos
hábitoscom
relação à tecnologia, paraque cada
um
dos seus
meios possaser considerado
como
uma
possibilidadede
ocupar otempo
livre oude
trabalharcom
mais eficiência".A
palavra maisem
voga
na sociedade atual éMUDANÇA.
Estamos
presenciando profundas transformações nos meios
de
produção e sen/iços,que
trazendo alterações
em
quase
todos ossegmentos da
sociedade, afetando a nossa maneirade
pensar ede
atuar. Elas delineiam a transição para a sociedadedo
conhecimento,onde
este, e os processosque
levam a sua aquisição, estarãoem
destaque.Segundo
Valente (1999), essa valorizaçãodo
conhecimentopede
uma
nova posturados
profissionaisem
geral e requer o repensardos
processoseducacionais, principalmente aqueles diretamente relacionados à formação
de
profissionais e
com
os processosde
aprendizagem.A
sociedadedo
conhecimentodemanda
um
novo tipode
escola,uma
escolaque
formeum
aluno critico, criativo,com
capacidadede
trabalharem
equipe,assumir responsabilidades e
compreender
oque
faz,não sendo
maisapenas
um
mero
executorde
tarefasque
lhe são impostas.O
que temos
visto éque
várias escolas, atendendo àdemanda
da sociedade atual,têm
implantado laboratóriosde
informática, introduzido disciplinasde
informáticaem
seus currículos outrabalhado conteúdos diversos através
do
computador.Mas
como
tem
sedado
ouso
da
tecnologiaem
salade
aula?O
computador
éusado
em
salade
aulaapenas
para ensinaraos
alunoscomo
lidarcom
a máquina,passando
a elesnoções
básicasde
computação
ou simplesmentecomo
coadjuvante natransmissão
da
informação,como
uma
máquina de
ensinar moderna, seguindo osparadigmas da
educação
tradicional?A
sociedade emergente,baseada
no businessda
informação,segundo
Lollini (1991), requeruma
profunda revisãodo
sistema educativo. Busca-senão só
uma
nova
proposta pedagógica,baseada
na criaçãode
ambientesde aprendizagem
nos quais o aluno realiza atividades e constrói o seu conhecimento,
como também
um
sistema educativoque
forme "as novas gerações, respeitando a sua naturezapode
ignorar isso" (Lollini, 1991).A
mudança
socialque
vem
ocorrendo implicaráem
transformações sistema educacional.A
educação não pode
mais serbaseada
em
um
fazersem
compromisso,de
realizar tarefas e chegar aum
resultado igual àresposta
que
se encontra no finaldo
livro texto,mas
do
fazerque
levaao
compreender,
segundo
a visão piagetiana (Valente, 1998),onde
oque
realmenteimporta é
que
o alunocompreenda
oque
faz enão
sejaum
mero
executorde
tarefas.
E
em
meio
a tantas discussões,mudanças
e buscas poruma
escola melhor adaptadaaos
tempos
modernos, poronde anda
aqueleque
é a figura centraldo
processo educacional: o Aluno? Ouvir o aluno possibilitaria saber o
que
ele quer e esperada
escola eda
educação, seus anseios, dúvidas e desejos. Atravésdas
opiniões
dos
alunos, poder-se-ia abrirum
novo
lequede
temas
para discussãoda
educação
eda
informática ligada a ela.A
escola e oeducador
precisam saber oque
o aluno espera deles,a
flm
de
planejar seu trabalho,adequando-o ao que
oseu cliente - o aluno - deseja.
A
escola dever ser lugarde
estudoe
aprendizagem,mas
deve
sertambém
um
local agradávelao
aluno, no qual ele se sinta acolhido erespeitado,
onde
ele tenha prazerem
ir e aprender, buscarnovos
conhecimentose experiências. Ouvir o aluno, saber o
que
ele quer ecomo
ele vê a escola e seutrabalho, nos traz
um
novo espaço
para discussões e estudos relacionadosao
ensino-aprendizagem e
ao
papelda
escola no cotidiano social.Nesta dissertação tentaremos captar as impressões
do
aluno,como
ele vê o usoda
informática na escola e a sua opinião sobre o usodo computador
como
Justificativa
O
usodo computador
como
ferramenta auxiliardo
processo ensino-aprendizagem
vem
sendo
constantemente discutida nos últimos anos.Algumas
correntes
são
plenamente favoráveisao
usodessa
ferramenta e exaltam suasqualidades
como
enriquecedorasdo
ensino e auxiliaresda
aprendizagem.Em
contraponto, outras
são
contráriasao
usodo computador
em
salade
aula,preocupadas
com
os possíveis efeitosdanosos
que
elespossam
trazer, tanto aosalunos quanto
aos
mestres.A
informática educacionaltem
sido alvode
vários estudosque
buscam
chegar aum
consenso
em
relaçãoao
tema.São
pesquisadas as relações professor xmáquina
x aluno, a adaptaçãodo
conteúdo à tecnologia, a didática a ser usada, ametodologia a ser usada, a forma
de
avaliação, entre outros temas,sempre
apartir
de
estudosde
casos, pesquisascom
especialistas, observaçãoda
rotinaescolar, etc.
O
aluno faz parte desses estudos,mas
muitas vezes relegado aum
segundo
plano,como
o serque
vai receber o produtodessas
pesquisas,mas
poucas
vezescomo
aqueleque
é o principal beneficiado pelo usoda
tecnologia.Através
desse
trabalho,pretendemos
ouvir o aluno, suas opiniões a respeitoda
tecnologia,
da
formacomo
ela afeta seu aprendizado, facilitando-o ou não.Sendo
o sujeitodo
processode
ensino-aprendizagem, o alunodeve
ter expressassuas opiniões, para
que
elaspossam
subsidiar e orientar novos trabalhos na área.Objetivo Geral
Avaliar o uso
do computador
como
ferramentade
aprendizagem, através daObjetivos Específicos
1. Definir
Educação
e traçar seu histórico no Brasil, afim
de
demonstrarcomo
o desenvolvimento
da
sociedade influencia nasmudanças
educacionais.2. Estabelecer o elo entre as diversas correntes pedagógicas e os possíveis
usos
do computador na
escola,de
forma a demonstrarque
o usoda
tecnologia
vem
atender àsdemandas
da educação
em
seus
diferentesmomentos.
3. Definir tecnologia educacional, seus
métodos
e usos,em
especial ainformática
da
educação.4. Analisar a fala
do
aluno, enquanto usuário finalda
informática na escola, afim
de
diagnosticar o usoda
ferramenta e seus reflexosno
processo ensino-aprendizagem.5. Buscar
meios
de
otimização do usodo computador
como
ferramentaeducacional, através
de
sugestões para elaboraçãode
planejamentode
aula, adaptação
da
topologia da classe e formaçãode
professores, entre outros.Metodologia
A
Pesquisa Bibliográfica,que
implica na seleção, leitura e análisede
textosrelevantes
ao
assunto, éum
momento
importanteda
elaboraçãoda
Dissertaçãopor fornecer os subsídios necessários à realização
da
pesquisa, as técnicasde
coleta
de dados
e a interpretaçãodos
resultados.Esta Dissertação se fundamenta
em
uma
Pesquisade
Campo,
feitacom
alunos
que
utilizamo computador
em
seu cotidiano escolar, seja para pesquisa,O
método
utilizado foi ode
Entrevista Indireta, atravésde
questionárioelaborado
com
a finalidadede
diagnosticar a opinião dos estudantes sobre ocomputador
e seu usoem
salade
aula. Inclui-se aqui, vasta pesquisa bibliográfica,com
o objetivode compreender
os fatos descritos e os problemas existentes.O
Instrumento utilizado para a coletade dados
foium
questionário misto,com
perguntas abertas e fechadas, objetivando obterdados
relacionados àutilização
do
computador
como
ferramentade
ensino-aprendizagem, suas vantagens e desvantagens,segundo
a visãodo
aluno.A
escolhada
Escola, Colégio Promove, Unidade Mangabeiras,de
BeloHorizonte, se
deve ao
fatode
se tratarde
uma
escolade
grande prestígio eque
utiliza a informática
em
salade
aula.Estrutura
do
Trabalho
O
presente trabalho constade
cinco capítulos,dos
quais faremosum
breveresumo
a seguir.Capítulo 1 - Situa a
educação
enquanto ciência esua
importânciano
desenvolvimentoda
civilização e traz, ainda,um
breve históricoda Educação no
Brasil,
do
tempo
colonial até os diasde
hoje, afim
de
situar a evoluçãoda
Educação
no contexto social e histórico.Capítulo 2 - Traz
um
breve relatodas
principais teoriasda aprendizagem
ecomo
se
dá
a construçãodo
conhecimentosob
o pontode
vistade cada
uma
delas,de
modo
a relaciona-lascom
osmodos
de
utilizaçãodo computador
em
salade
aula.Capítulo 3 - Especifica o conceito
de
tecnologiausado
neste trabalho, assimcomo
traçaum
breve históricoda
utilizaçãoda
tecnologiada educação
no Brasildesde
os cursos por correspondência até a informáticada
educação, objeto deste estudo.Capítulo
4
-É
composto da
análise quantitativa e qualitativadas
respostasdos
alunos
do
ColégioPromove
-Unidade
Mangabeiras -ao
questionário respondidopor eles
em
dezembro de
2000,com
o objetivode
diagnosticarcomo
os alunosvêem
o usodo computador
em
salade
aula e sua influëncia no processo ensino-aprendizagem.
Capítulo 5 - Traz as considerações finais deste trabalho,
buscando
esclarecerI ~ A
CAPITULO
I -A
EDUCAÇAO
COIIIIO
CIENCIA
E
SEU
DESENVOLVIMENTO
NO
BRASIL
1.1 -
|NTRoDuÇÃo
Da
necessidadede
deixar às gerações seguintesum
legadoda
cultura edas
crençasde
uma
sociedade, surgiu a educação,que
com
o passardo
tempo
foi se desenvolvendo até atingir o status
de
ciência. Neste capitulo, iremos definireducação
esua
ciência, a Pedagogia, afim
de
demonstrarsua
importânciano
desenvolvimento social.
Faremos
também
um
breve histórico daEducação
noBrasil,
desde
otempo
colonial, pontuando os fatos mais marcantesda
históriaeducacional brasileira,
de
modo
a demonstrarcomo
aeducação
influenciou e foiinfluenciada pelas
mudanças
que
ocorreram no paísao
longodo
tempo.1.2-
DA
EDucAçÃo
NATURAL
À
E|:›ucAçAo
s|sTEiviAT|zADAz
A
PEDAGOGIA,
c|ÊNc|A
DA EDucAçÃo.
Segundo
Luzuriaga (1973),podemos
entender aeducação
como
sendo
ainfluência intencional e sistemática sobre o jovem, a
fim
de
formá-lo e desenvolve-Io e, ainda,
como
aação
genérica eampla de
uma
sociedade sobre as geraçõesmais jovens,
com
o objetivode
conservar e transmitir a existência coletiva. Assim,temos
aeducação
como
sendo
algo essencial, parte integralda
vidahumana
eda
sociedade.
De
acordocom
Moran
(2001), "Educar é colaborar paraque
professores e alunos - nas escolas e organizações - transformem
suas
vidasem
processos
permanentes de
aprendizagem.É
ajudar os alunos na construçãoda
sua
identidade,do
seucaminho
pessoal e profissional -do
seu projetode
vida, nodesenvolvimento
das
habilidadesde
compreensão,emoção
ecomunicação que
lhes permitam encontrar seus
espaços
pessoais, sociais e profissionais e tornar-secidadãos realizados e produtivos".
Os
hominídeosda
idadedas
cavernas aprendiam, noseu
dia a dia,como
caçar, fazer instrumentos
de
pedra,se
defender e, atémesmo,
reverenciar suasdivindades. Esta era
uma
aprendizagem que
ocorriade
forma natural, na prática,através
da
experiência, a partirde
uma
necessidade realque
os fazia procuraruma
solução paraseus
problemas. Por outro lado, surgiu a necessidadede
passaradiante estas aprendizagens,
de
mostrar aos mais jovenscomo
caçar, fazerinstrumentos e se defender, e então surgiu a educação.
As
experiênciaseram
passadas aos
mais jovensde
uma
forma natural e espontânea, inconsciente,através
da
convivência entre adultos e crianças.A
aprendizagem
sedava
porimitatào, por co-participação nas atividades cotidianas: assim se aprendiam os
costumes
e usosda
tribo, seus cantos,danças
e ritos, o usode armas
e alinguagem,
que
era o maior instrumento educativo, assimcomo
a arte.A
educação
primitiva,também
conhecidacomo
educação
natural, foiuma
das
primeiras fases pelas quaispassou
aeducação
até chegaraos
nossos dias. Ela veio se desenvolvendo juntocom
a espéciehumana,
influenciando eisendo
influenciada por
cada
mudança
que
ocorria na espécie.Mas
houve
um
momento
em
que houve
a necessidadede
se sistematizar esta educação, formaliza-la e então surgiu a Pedagogia, a ciênciada
educação,onde
aação
educativa adquireunidade, reflexão metódica.
O
termo Pedagogia remontada
Grécia Antiga,onde
havia o escravo pedagogo, aqueleque
conduzia as crianças aos locaisde
estudo,onde
seriamdominação
romana, os gregos foram feitos escravos e tinhamcomo
uma
de
suasfunções, a
condução
das crianças até a escola. Entretanto os gregos, apesarde
dominados
e relegados à posiçãode
escravos,possuíam
uma
cultura superior à dosromanos
e, por isso,passaram
a ser, eles próprios, preceptores das criançasromanas.
De
acordocom
Guiraldelli Jr.1 (1991), a pedagogia era originalmente ligadaao
atode condução de
saber,sendo
que, até os dias atuais, ela se preocupacom
os meios, as formas e as maneirasde
levar o indivíduoao
conhecimento, ela está vinculada
aos
problemas metodológicos relativos acomo
ensinar, o
que
ensinar e,também, quando
ensinar e paraquem
ensinar.De
um
modo
geral, pode-se dizerque
a Pedagogia é a teoria e aEducação
é a prática:"uma
prática educativa, geradorade
uma
teoria pedagógica" (Ghiraldelli Jr., 1991).A
Educação
é algoque
existeem
tudo eem
todos,em
casa, na rua ou naescola,
em
algum
momento
da
vida nosenvolvemos
com
a educação: seja paraaprender, para ensinar ou, ainda, para aprender-e-ensinar.
Nossa
vida épermeada
pelaeducação
deste o nascimento até a morte,aprendemos
eensinamos
muitoao
longode nossa
existência, seja formalmente,como
professores
em
salade
aula, seja informalmente,como
pais, filhos, avós ouamigos.
Sendo
inerente à espéciehumana,
a educação, e a Pedagogia,têm
também
suas histórias.A
históriada
educação
nos conta asmudanças
por quais aeducação passou
atravésdo tempo
edas
diversas sociedades e povos. Já ahistória
da Pedagogia
é a históriado
"desenvolvimentodas
idéias e ideaiseducacionais, a evolução
das
teorias pedagógicas." (Luzuriaga, 1973).De
acordocom
o autor, se a históriada
primeira teve iníciocom
a vidado
homem
e dasociedade, a evolução das teorias pedagógicas se inicia
com
a reflexão filosófica,1
O
com
os pensadores helênicos, principalmente Sócrates e Platão.O
estudodo
passado
é primordial para o entendimentodo
presente e, assim sendo, o estudoda
históriada educação
eda
pedagogia é condição sinequa non
paraque
se possa entender aeducação
atual e preparar aeducação do
futuro.1.3 -
A EDucAçÃo No
BRAs||_:
ulviBREVE
H|sTóRico
A
Históriada Educação
é intimamente relacionada à Históriada Sociedade
e,
segundo
Ghiraidelli Jr. (2000), a históriada educação
carregaem
si os doissentidos
da
palavra históriaz, pois "corresponde às tramas objetivas criadas peloshomens
no
trabalho, sistemático ou assistemático,de
transmissãode
vários tiposde
conhecimento, valores, etc.Ao
mesmo
tempo
significa o estudo científioo e a exposiçãodessas
tramas (dando origem, portanto, a historiografiada
Educação)".A
históriada Educação tem
dois planos principais: odas
políticas educacionais,que
envolve a relação Estado xeducação
x sociedade, e odas
construçõespedagógico-didáticas,
que
o trabalho prático e as teorias das classes sociaisquanto
ao
fazer pedagógico nas escolas.1.3.1 -
A
co|.oN|zAçÃo
E
o
lMPÉR|o
-No
Brasil, a Históriada Educação documentada
teve inícioem
1549,quando chegaram ao
país os padresda
Companhia
de
Jesus.Os
jesuítasconstruíram a primeira escola elementar
em
solo brasileiroapenas
quinze diasapós
sua chegada,com
o objetivode
propagar a fé cristã entre os índios,porém
elesperceberam que não
poderiam atingir tal intento se os índiosnão
soubessem
ler
e
escrever.As
escolas jesuíticaseram
todas regulamentadas pelo Ratio2
Um
que se refere aos processos de existência e vida real dos homens no tempo e ao estudo cientifico, à
pesquisa e ao relato estruturado desses processos humanos e outro cujo objeto é o discurso sobre a história,
Studiorums. Durante duzentos e
dez
anos, os jesuítas foram os únicosresponsáveis pela
educação
brasileira, ate que,em
1759,sob
as ordensdo
entãoprimeiro-ministro
de
Portugal, oMarquês de
Pombal, foram expulsosda
metrópolee
de
todas as suas colônias, oque
causou, no Brasil,"uma
grande rupturahistórica
num
processo já implantado e consolidadocomo
modelo
educacional"(Bello, 2oo1).
A
principalcausa
da expulsãodos
jesuítas foi a diferença entre os seusobjetivos, servir à fé, e os objetivos
do Marquês de
Pombal,de
reerguer Portugalda
decadênciaem
que
se encontrava.A
intençãodo
primeiro-ministro eraorganizar a escola
de
forma a atender aos interessesdo
Estado.A
"Reforma
Pombalina",
de
1770, substituiu o sistema jesuítico e o ensinopassou
a serdirigido por Vice-reis
nomeados
por Portugal4.A
estagnação naeducação no
Brasil, depois
da
expulsão dos jesuítas, levou Portugal a instituir,em
1772, o"subsídio Iiterário"5 para
manutenção dos
ensinos primário e médio.A
conseqüência
das medidas do Marquês
de Pombal
foique
aeducação
no Brasil,depois
da
expulsãodos
jesuítas, ficou reduzida aum
quase
nada, situação estaque
só viria a sermudada
depoisda
chegada ao
Brasil da família realde
Portugal,em
1808.O
Período Joanino, iniciadocom
a vindada
família real para o Brasil, trouxemudanças
ao
cenáriode
desolaçäo deixado pelasReformas
Pombalinasno
ensino
do
país. Entre osanos de 1808
e 1821, foram abertas no Brasil várias3
Documento escrito por Inácio de Loyola, que, ao mesmo tempo em que era um estatuto e o nome de seu
sistema de ensino, estabelecia o currículo, a orientação e a administração.
Pombal, através do alvará de 28 de junho de 1759, o mesmo que suprimiu as escolas jesuíticas de Portugal
e de todas as colônias, criou as aulas régias de Latim, Grego e Retórica e a Diretoria de Estudos que só
passou a funcionar após o afastamento de Pombal. Cada aula régia era autónoma e isolada, com professor
único e uma não se articulava com as outras.
5
O
"subsídio l¡terário" era um imposto, que incidia sobre a came verde, o vinho, o vinagre e a aguardente e
que, além de exíguo, nunca foi cobrado regularmente fazendo com que os professores ficassem longos
escolas,
academias
e cursos.De
acordocom
Maria Luíza Santos Ribeiro (2001), "a sociedadedo
Brasil-Colônia caracterizava-se poruma
organizaçãobaseada
em
relações
predominantemente
de
submissão" e aeducação
refletia isto: apesar dacriação
de
tantos cursos e escolas, o ensino primário ensinavaapenas
a leitura eescrita e
não
era freqüentado por escravos; a escola secundária ainda eraorganizada
em
aulas régias, cursos avulsos e particulares parameninos
e oensino superior era acessivel
apenas aos
nobres,em
escola isoladasde
formaçãode
proflssionais liberais, especialmenteem
Direito.Em
1821, D.João
retornou aPortugal,
em
virtudeda
Revolução Constitucionalista, iniciada pelopovo
português, descontente
com
ademora
da
família real na colônia, deixando seufilho Pedro I
como
regente.Em
1824, doisanos
depoisda
declaraçãoda
Independênciado
Brasil porD. Pedro, foi outorgada a primeira Constituição brasileira, inspirada na constituição
francesa, onde, consta
que
a "instrução primária é gratuita para todos oscidadãos", porém, a falta
de
professores erauma
realidade no país e, na tentativade
sanar este problema, foi instituído oMétodo
Lancaster, oude
ajuda mútua,no
qual
um
aluno treinado,chamado
decurião, ensinavaum
grupode dez
alunos, adecúria,
sob
a supervisãode
um
inspetor.De
acordocom
Bello (2001), "até aProclamação da
República,em
1889, praticamentenada
se fezde
concreto pelaeducação
brasileira.O
imperador D. Pedro llquando
perguntadoque
profissãoescolheria
não
fosse imperador, respondeuque
gostariade
ser "mestre-escola".Apesar
de sua afeição profissional pela tarefa educativa, muitopouco
foi feitoem
sua
gestão paraque
se criasse no Brasilum
sistema educacional".Os
últimosanos do
império no Brasil trouxerammudanças
sociais,com
"ainstalações portuárias, ferrovias,
melhoramentos
urbanos, etc),um
inicial surtode
crescimento industrial e, principalmente,
uma
urbanização significativa acopladaao
fim
do
regimede
escravidão e aadoção do
trabalho assalariado" (GhiraldelliJr., 2000),
que
fezcom
que
o paístomasse
orumo da
modernização.1.3.2 -
AS
REPÚBLICAS
E
O
ESTADO
NOVO
-Em
1889
foi proclamada a República, divididaem
dois períodos: a Primeira(1889 a 1929) e a
Segunda
(1929 a 1936),mas
o novo regimenão
significou ofim
do
regime político elitista,porém
permitiuuma
maior participaçãodo povo
na vidapolítica
do
país.A
crescente urbanizaçãodo
pais e a reorganizaçãodo
Estado,segundo
Ghiraldelli Jr. (2000), "foram fatores decisivos para a criaçãode
novas necessidades para a população, oque
possibilitouque
a escolarizaçãoaparecesse
como
meta
almejada pelas famíliasque
viam nas carreiras burocráticas e intelectuaisum
caminho
mais promissor para seus filhos".A
educação passou
a ser a possibilidadede ascensão
social,num
paísem
que
67,2% da
população era analfabeta eapenas
12%
das pessoas
em
idade escolarestava matriculada
em
escolas.Em
1890, atravésdo
Decreto 510, artigo 62, item59, o
Governo
Provisórioda
República, dizque
"oensino
será leigo e livreem
todos
os graus
e gratuitono
primário".Durante a Primeira República, três correntes pedagógicas se
encontravam
associadas a diferentes setores da sociedade e refletiam os desejos e
expectativas
de cada
setor socialem
relaçäo à educação: aPedagogia
Tradicional, associada aos intelectuais ligados às oligarquias dirigentes e à igreja,
seguia alguns principios
do
jesuitismo,além de modernas
teorias pedagógicasamericanas e alemãs; a
Pedagogia
Nova,baseada
na Teoriade Dewey, que dava
à liberdade
da
criança e seus interesses e aPedagogia
L¡bertária6,surgidados
movimentos
sociais populares,que buscava
moldar o ensino para a construçãode
um
novohomem
euma
nova
sociedade.A
repressãoaos movimentos
sindicalistas pelo governo oligárquico da
época causou o
arrefecimentoda
pedagogia Libertária no Brasil, a partir
do
finalda
década de
1910.A
diversificaçãodo
sistemade
classes,com
as oligarqulas agrárias,o
surgimento
da
burguesia e o crescimentodas
classesmédias
e o advento dasmassas
operárias urbanas, levou aum
sistemade
ensinoque
privilegiava oensino secundário e superior,
em
detrimentodo
ensino primário, levando ogoverno federal a priorizar,
em
suas reformas, estes níveisde
ensino.São
desteperiodo as
Reformas de
Ensino Benjamin Constant,que
organizou os ensinosprimário, secundário
e
normal, e criou oPedagogium
(centrode
aperfeiçoamentodo
magistério), e o Ministérioda
Instrução; a Lei Rivadávia Correia,que deu
totalliberdade aos estabelecimentos
de
ensino , tornou a presença facultativa e tiroudo
Estado o poder
de
interferir no setor educacional; a Leido
Ministro CarlosMaximiliano,
que
reoficializou o ensino, reformou o Colégio Pedro II eregulamentou o
acesso
às escolas superiores e aReforma
Rocha
Vaz,que
introduziu a cadeira
de
Instrução Moral e Cívica,além de
permitirque
oGoverno
Federal
pudesse
estabelecerações
conjuntascom
os Estados para atendimentoao
ensino primário. Durante a Primeira República, diversos estadospromoveram
reformasde
ensino, várias delas ligadasao movimento
escolanovista,como
ade
Minas Gerais, realizada por FranciscoCampos,
ado
6
Segundo Ghiraldelli Jr., "a Pedagogia Libertária propunha diretrizes firrnadas em quatro pontos: a educação"
"de base cientifica e racional " afim de "retirar da criança interpretações místicas ou sobrenaturais"; dicotomia
entre instrução e educação, sendo que a educação deveria compreender, de um lado, a "formação da inteligência" e, de outro, a preparação de um ser "moral e fisicamente equilibrado" e a "adaptação do ensino
ao nível psicológico das crianças". (2000)
Ceará, por Lourenço Filho, e na Bahia, promovida por Anísio Teixeira, através
da
Lei 1.846.
Entre
1930
e 1937, o Brasil viveu suaSegunda
República,um
períodode
efervescência ideológica e
de
grande radicalização politica.A
Revoluçãode
30,com
aposse de
GetúlioVargas
como
chefedo
governo provisório, levou aum
rearranjo
da
sociedade política,onde
"a oligarquia agroexportadora foicedendo
opapel
de
fraçãohegemônica
no exercíciodo
poder governamentalaos
gruposcoligados
de
tecnocratas, militares e empresários industriais" (Ghiraldelli Jr. 2001)Quatro correntes defendiam projetos para a construção
do
"novo Brasil",cada
qualcom
um
pensamento
diferenteem
relação à educação. Havia os liberais-
que
defendiam idéiade
um
paíscom
bases urbano-industriais democráticas e defensoresda
Pedagogia Nova; os católicos - cujas posições seaproximavam das
teses ultraconservadoras
da
Ação
lntegralista Brasileira e defendiam aPedagogia
Tradicional; o governo -
que buscava
apresentaruma
posiçãode
neutralidade eque, na educação, executou
uma
política própria, distante dos princípiosdemocráticos e, por fim, os aliancistas - a Aliança Nacional Libertadora (ANL),
que
reuniu as classes populares, proletariado e
camadas
médias, e defendia,em
parte, os projetos educacionais dosmovimentos
operáriosda
Primeira República,principalmente a democratização
do
ensino.O
Governo
Vargas, nocampo
da
educação, buscou controlar asduas
maiores tendências pedagógicas dos
anos
20, os conservadores - ligados à IgrejaCatólica e contrários a democratização das oportunidades educacionais a toda a população - e os liberais - os "profissionais
da
educação",que
queriammudanças
tanto qualitativas quanto quantitativas na rede pública
de
ensino.No
período entrereformas educacionais e
da
Constituição.A
Reforma
FranciscoCampos
(1931)organizou o ensino secundário e as ainda inexistentes universidades brasileiras,
criou o
Conselho
Nacionalde Educação
e o Estatutodas
UniversidadesBrasileiras,
que
organizava o ensino superior brasileiro e adotava o regime universitário.A
Constituiçãode 1934
dispôsque
aeducação
é direitode
todos,devendo
ser ministrada pela família e pelosPoderes
Públicos, instituiu o ensinoprimário obrigatório e gratuito e a tendência à gratuidade para o ensino secundário
e superior e ainda regulamentou e fiscalização as instituições
de
ensino público eparticular pelo Estado e fixou
que
a União deveria reservar, pelomenos,
10%
de
seu
orçamento
anual para aeducação
e os Estados20%.
Ao
lado destasmedidas
progressistas, outras
de
caráter conservador foram inseridasno
texto,como
ainserção
do
ensino religioso na escola pública, o reconhecimentodos
estabelecimentos
de
ensino particular e o reconhecimentodo
papel educativoda
familia.
Em
1937,Vargas
institucionalizou o Estado Novo, e nanova
Constituição,outorgada no
mesmo
ano, o Estado tiroude
si a responsabilidade pela educação,tornando-a "o primeiro dever e o direito natural dos pais",
passando apenas
asubsidiá-la.Todo o progresso conseguido na Constituição anterior "foi substituído
por
um
textoque
desobrigou o Estado de manter e expandir o ensino público" (Ghiraldelli Jr., 2000).A
nova CartaMagna
passou
a enfatizar o ensino pré-vocacional e profissional,
além
de, no Art. 130,comprometer
a gratuidadedo
ensino público, deixando
aos
mais ricos o encargode
financiar aeducação dos
mais Pobres, através
de
contribuições à Caixa Escolar.7Em
1942, a"Reforma
Capanema",
relativaao
ensino secundário, criou oSENAI
- Sistema Nacionalde
7
Constituição de 1937 - Art. 130 - "O ensino-primário é obrigatório e gratuito. A gratuidade, porém, não exclui
o dever de solidariedade dos menos para os mais necessitados; assim, por ocasião da matrícula, será exigida
aos que não alegarem, ou notoriamente não puderem alegar, escassez de recursos, uma contribuição módica
e mensal para a caixa escolar”. In Ghiraldelli Jr., (2000)
Aprendizagem
Industrial e o ampliou, posteriormente, regulamentou o ensinoindustrial e o ensino secundário,
além de
obrigar os estabelecimentos industriais aempregar
um
totalde
8%
correspondenteao número de
operários e matriculá-losem
escolasdo
SENAI
e compelir asempresas
oflciaisque
tivessem maisde
cem
empregados
a manter,com
fundos próprios, escolas destinadas àformação
profissional
de
seus aprendizes.Segundo
Ghlraldelli Jr. (2000), esta foiuma
reforma elitista e conservadora, que, apesar disso,
esboçou
um
sistemaeducacional ainda inexistente no pais. Paralelo às reformas oflciais, o grupo
dos
"profissionais
da
educação", a vanguarda dos educadores brasileiros, lançou,em
1932, o "Man¡festo
dos
Pioneirosda
Educação",um
documento
dirigidoao
governo e à nação,
que
defendia a escola pública obrigatória, Ieiga e gratuita e os princípios pedagógicosdo
escolanovismo.O
EstadoNovo
durou até outubrode
1945,com
a deposiçãode
GetúlioVargas,
quando
teve início aNova
República.Em
1946, foi outorgada anova
Constituição,
onde
voltou a figurarque
"aeducação
é direitode
todos",além de
determinar a obrigatoriedade
de
se cursar o ensino primário integralmente,regulamentar os ensinos primário, normal e agrícola, criar o
SENAC
(ServiçoNacional
de
Aprendizagem
Comercial) e dar à União a competência para fixar asdiretrizes e bases
da educação
nacional.Em
1947, foi designada, pelo Ministroda
Educação
e Saúde,uma
comissão
de educadores
paraque
se elaborasse o projeto da Leide
Diretrizes eBases da
Educação
Nacional (LDBEN),formada
por educadoresde
várias tendênciaspedagógicas,
como
escolanovistas e católicos eque
concluiu e enviouao
Congresso
um
projeto, o qualnão chegou
a ser votado,sob
excusasde que
haviaCongresso passou
a elaborar outro projeto para aLDBEN.
Depoisde
sete anos,em
1958, aComissão do Congresso
recebeuum
substitutivoque
alteroude
formamarcante o texto inicial, o substitutivo Lacerda,
baseado
em
teses defendidaspelos
donos de
escolas privadas, oque
trouxe, para dentrodo
Congresso,uma
discussão
que
já se arrastava por anos, entre os defensoresdo
ensino público e osdo
ensino particular.Em
resposta a tal substitutivo, consideradocomo
uma
ameaça
à escola pública, educadoresde
diferentes correntes pedagógicas lançaram aCampanha
de
Defesada
Escola Pública.Em
1959, surgiu o "Manifestodos
Educadores
MaisUma
Vez
Convocados" que
centralizou e organizou acampanhas.
Em
1961, aLDBEN,
Leide
Diretrizes eBases da
Educação'Nacional,foi sancionada pelo Presidente
da
República e tentava conciliar as tendênciasem
disputa,
mas
não
atendeu às expectativas dos setores mais progressistasda
educação.
Segundo
Ghiraidelli Jr. (2000), aLDBEN,
"conhecidacomo
Lei n°4.024/61, (ela) garantiu igualdade
de
tratamento por partedo Poder
Público paraos estabelecimentos oficiais e os particulares, o
que
representou oasseguramento
de que
verbas públicas poderiam, inexoravelmente, ser carreadas para a redeparticular
de
ensinoem
todos os graus", contrariando o disposto no "Manifestode
59".
Além
disso, os trezeanos
em
que
a Lei ficouem
tramitação fezcom
que
ela,que
inicialmente era destinada aum
paísde
baixa urbanizawo, fosse aprovadaem
uma
nação
agora industrializada ecom
novas necessidades educacionais, àsquais ela
não
atendia.Desde
osanos
50, o Brasil havia deixadode
seruma
nação
agrícola, tendoa indústria
assumido
a condiçãode
setor mais importante.Uma
onda
O
"Manifesio de 59" baseava-se nas idéias contidas no "Manifesto de 32", e por considerar válidasas diretrizes escolanovistas deste, preocupou-se apenas em tratar das questões gerais da política
educacional, sendo favorável a duas redes de ensino, uma pública e outra particular, desde que as verbas
desenvolvimentista
tomou
contado
país,que passou
a contarcom
um
parqueindustrial
amplo
e produtivo eonde
a população urbana iniciou seu crescimento esuperação,
em
número,da
população rural. Neste período, surgiram váriosmovimentos
e organizaçõesque
defendiam a cultura e aeducação
popular, aerradicação
do
analfabetismo e a conscientizaçãodo povo
sobre a realidadenacionalg,
No
centrodessas
discussões, surgiu aPedagogia
Libertadora, alicerçada nos escritosde
Paulo Freire,onde
ohomem
era vistocomo
"sujeitoda
história" e,como
tal, ele deveria ser conscientizadodos
problemas nacionaise
engajado politicamente” eque
influenciou diversascampanhas
de
alfabetização,como
ada
Prefeiturade
Natal, no RioGrande do
Norte,chamada
"De
Pé
noChão
Também
seAprende
a Ler",com
objetivo alfabetizar adultos analfabetosem
40
horas.Em
1962, oMétodo
Paulo Freire influenciou a criaçãodo Programa
Nacional
de
Alfabetização, pelo Ministériode Educação
e Cultura.Também
nesteano
foi divulgado o Plano Nacionalde
educação,PNE, que
estabeleciametas
quantitativas e qualitativas a
serem
alcançadas pelo governoem
oito anos.Uma
das
metas
eraque
o governo teria obrigaçãode
investir nominimo
12%
dos
recursos arrecadados pela União na educação.
O
PNE
foi extintoem
1964, 14dias
após
o golpede
64.Como
pode
ser visto, o período entre aqueda do
EstadoNovo
até a Revoluçãode
64, foiuma
época de
mudanças
significativas para o sistemaeducacional brasileiro,
com
o surgimentoda
CAPES
(Coordenação do
públicas fossem destinadas apenas à rede pública e os estabelecimentos particulares fossem submetidos à
giscalização oflcial.
Os principais foram os Centros Populares de Cultura - CPCs - ligados à União Nacional dos Estudantes, que
queriam levarà população o teatro, cinema, literatura, artes plásticas e etc. ; o Movimento de Educação de
Base - MEB - ligado à Confederação Nacional dos Bispos do Brasil e ao govemo da União,e se dedicava à
alfabetização das populações rurais; e o Movimento de Cultura Popular - MCPs -iniciado da cidade de Recife
ea que visava a conscientização das massas, a alfabetização e elevação da cultura do povo.
Esta conscientização e este engajamento seriam alcançados através de uma "educação voltada paraa
Aperfeiçoamento
do
Pessoaldo
Ensino Superior)em
1951; a instalaçãodo
Conselho
Federalde
Educação,em
1961; aexpansão dos
ensinos primário esuperior; as
campanhas
emovimentos
pró-alfabetizaçãode
adultos e omovimento
em
defesada
escola pública, universal e gratuita.1.3.3 -
O
REGIME
MILITAR
-A
ditadura militar, instaurada atravésde
um
golpeem
31de março de
1964,durou vinte e
um
anos, tendo sidoum
períodode
grande repressão política e social e,no
campo
da
educação,acabou
por interromper a tendênciade
crescimento
do
sistemade
ensino, atravésda
repressãoe
privatizaçãodo
ensino,o
que
levou à exclusão das classes popularesdo
ensino elementarde
qualidade,entre outras conseqüências,.
Entre as realizações na área educativa, instituídas pelo governo militar,
consta a fundação
de
várias Universidades Federais; a criaçãodo
MOBRAL
-Movimento
Brasileirode
Alfabetização -com
o objetivode
erradicar oanalfabetismo no país
em
dezanos
e a organizaçãodo
Projeto Rondon,com
expedições
que
visavam levar professores e alunos universitários a regiõesdistantes
do
país para atender a população localem
suas necessidades médicas,educacionais e
de
infraestrutura.Duas
Leisde
ensino foram aprovadas durante este período, a 5.540/68 e a5.692/71.
A
primeira, conhecidacomo
aReforma
Universitária, introduziumudanças
significativas na universidade, pólode
resistênciaao
regimeda
ditadura, criando a departamentalizaçäo, a matrícula por disciplina, o vestibular
único e classificatório, o regime
de
créditos e o curso parcelado.As
conseqüências
de
taismedidas
foram a "fragmentaçãodo
trabalho escolar e,despolitização e a impossibilidade
de
organização estudantil a partirdo
núcleobásico
que
era a "turma"(GhiraldelIi, 2000).A
Reforma
dos 1° e 2° graus, a lei 5.692/71, ampliou a obrigatoriedadeescolar
de
quatro para oito anos,além
de
agrupar o primário e o ginásioem
um
sógrau
de
ensino,sem
o
exame
de admissão
e tornou o 2° grau totalmente profissionalizante,“Uma
das razões para a profissionalização obrigatóriado
2°grau era dar a ele
um
sentidode
terminalidade, afim
de
conter ademanda
peloensino superior.
Em
1982, a Lei 7.044, substituiuem
seu texto a "quaIificação para otrabalho" por "preparação para o trabalho" e extinguiu a profissionalizaçâo
obrigatória mas, ainda assim,
não
conseguiu impedirque
osegundo
grau ficassesem
caracteristicas próprias. Esta lei,segundo
Ghiraldelli Jr., (2000), "foi oreconhecimento público da falência
da
política educacionalda
ditadura".No
finaldos
anos
70, teve inicio o processode
"Abertura gradual, lenta e segura", acaminho de
uma
redemocratização,que
culminou noMovimento
das "Diretas Jã",em
prolde
eleições diretas para Presidenteda
República e na eleição, via ColégioEleitoral,
em
1985,de Tancredo
Neves, candidato oposicionista, para o cargo.1.3.4 -
A NovA
REPúBucA
-O
fim
da
ditadura militar Iegouao
país,em
termosde
educação,uma
herança triste,com
um
saldode
maisda metade da
população analfabeta, semi-analfabeta ou
com
o 1° grau incompleto; baixo crescimentoda
rede secundáriapública e
uma
grande desvalorização salarialdo
professor.Teve
início, então,uma
marcha rumo
à reconstruçãoda
democracia,onde
aeducação
foiqual se determina
que
"aeducação
é direitode
todos e deverdo
estado" eonde
foram introduzidos inovações e compromissos, destacando-se a universalização
do
ensino fundamental e a erradicaçãodo
analfabetismo que, entre 1992 e 1996,caiu
de 16,5%
para13,8%”,
graçasao Programa
Nacionalde
Alfabetização eCidadania, criado
em
1991.Em
1996, foi sancionada a Leide
Diretrizes eBases da
Educação, a LDB,depois
de
oitoanos
em
tramitação no Congresso.As
principais vantagens trazidaspela nova
LDB
foram,segundo Vera
Zacharias (2001), a desburocratizaçãoda
educação; o
enxugamento da
legislação educativa; a intençãode
integrar o alunona rede cultural e tecnológica
da
atualidade, atravésde
dispositivos democráticosnela contidos,
que
possibilitam a potencialização das capacidades individuais e adisponibilização
de
recursos parauma
escola mais eficaz; recursos para amelhoria
da
qualidadede
ensinoirecuperação obrigatória, aceleração dos estudospara alunos
em
defasagem
escolar, escolasem
tempo
integral, capacitaçãodos
profissionais
da educação
e a maior autonomiadas
escolasde
ensino básico edas
Universidades, entre outros).Estamos
agoraem
pleno esforço para a recuperaçãodo espaço da
educação
edo
ensino no pais. Muito setem
discutido e pesquisado sobre o assunto e tais discussões jamais serão terminadas, poissendo
aeducação
um
reflexo
das
necessidades sociais esendo
a sociedadeuma
entidade dinâmica,em
constante mutação, só nos resta dizer
que
aeducação
e a pedagogia estarão,também,
amercê de
constantesmudanças.
" A Lei 5.692/71, dizia em
seu texto que a educação deveria "proporcionar ao educando a fomiação
necessária ao desenvolvimento de suas potencialidades como elemento de auto-realização, qualificaçäo para
oz trabalho e preparo para o exercício consciente da cidadania". (Ghiraldelli Jr., 2000)
-1.4 -
CONCLUSÃO
Neste capítulo, tentamos situar a
Educação
enquanto ciência, seu desenvolvimento no Brasil e as tendências pedagógicasque
amarcaram
efizeram
com
que chegasse
aos nossos diascomo
uma
educação
democrática”.
Desde
os primórdiosda
civilizaçãohumana
até hoje, aeducação
vem
sedesenvolvendo a
mercê
das necessidades sociais, construindo, lado a ladocom
asociedade, a
sua
história.Pudemos
vercomo
diferentesmomentos
histórico-sociais
demandaram
um
tipo diferentede educação
que, atravésde novos
métodos
e meios, seadequava
a eles.A
históriada educação no
Brasil nos mostra oscaminhos
percorridos porela até aqui, as tentativas e os erros, as pedras no
caminho
e a luz nofim
do
túnel,os
avanços
e os retrocessos, tudo isto explicitadoem
cada
momento
histórico.A
educação, ou a
busca
a ela, influenciou fases marcantesde
nossa históriaenquanto sociedade.
Em
cada
um
destesmomentos, nossa educação
atendeu ainteresses específicos, ora
do
Estado, orado
povo,buscando
nas teoriaspedagógicas seu
rumo
e seu sentido.Assim
é que, no Brasil,passamos
pelaeducação
tradicional, pela escolanovista, pela tecnicista, e pela construtivista,sempre buscando
achar aquelaque
melhor seadequava
a nós, indo atrásde
teóricos estrangeiros sem, contudo,esquecermos de
nossas raizes e criandotambém
nossas próprias teorias,como
ade
Paulo Freire, criada porum
brasileiropara brasileiros, partindo
de nosso
contexto para omundo.
13 . . _ _ . .. . . ,
"Posto seja muito dificil caractenzar a educaçao do seculo XX, seu traço mais marcante sera talveza