PE
458
MAYKE
FABRÍCIA
STEINBACH
SÍNDROME DE
CHEDIAK-HIGASHI:
RELATO
DE
CASO
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.FLORIANÓPOLIS
-
SANTA
CATARINA
SÍNDRQME DE
CHEDIAK-H1GAsH1z
RELATO
DE
CASO
Trabalho apresentado à Universidade
Federal de Santa Catarina, para a conclusão do Curso de Graduação
em
Medicina.Coordenador
do
Curso:
Prof. Dr.Edson
JoséCardoso
Orientadora:
Prof.Dra.
Maria
Marlene
de
Sousa
Pires.Co-orientadora:
Mr. Mônica
Lisboa
Chang
Wayhs.
FLORIANÓPOLIS
-
SANTA CATARINA
Steinbach, Mayke Fabrícia.
Síndrome de Chedíak-Hígashi: Relato de Caso. Florianópolis, 2001.
34p.
Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Universidade Federal de
Santa Catarina - Cuso de Graduação em Medicina.
1. Síndrome de Chediak-Higashi 2. Desnutrição proteico-energética
Estes são a Deus,
À
minha
família.Às
orientadoras professora doutoraMaria Marlene
deSouza
Pires e à mestraMônica
Chang
Wayhs.
Ao
professor Edelton Flávio Morato.Aos meus
amigos.1 . Introdução ... _.
2. Literatura ... ..
3. Objetivo ... ..
4.
Método
... _.5. Resultados: Relato
do
Caso. 6. Discussão ... .. 7. Referências ... ..Normas
Adotadas
... ..Resumo
... ..Summary
... ..Apêndice
... ..ÍNDICE
z z . . . - - . - . . . z . z « . . . . z z .- » ‹ - » z - ‹ . z - › - . z - . zz . . . . z . . . - z . . z . z . «- - . z - | . ¢ . - - ¢ - . - . z -- « . « . - « - - . - . . . - . . -z . . - z . z . - z . . . . | | « z ¢ « . « . . sz - › - - ¢ - z . - z « - . - z ¢ .- › - - ‹ » z . - Q - z - . - ¢ ¢ z « . z ¢ - « ---Síndromes
de imunodeficiências genéticas são raras, especificamente as ligadas aos fagócitostêm
geralmente suas primeiras manifestações durante ainfância; sendo de importância
médica
oconhecimento
destes distúrbios, paraque
se institua o diagnóstico e tratamento precoce.Os
estudos destas desordenstendem
a esclarecer sua etiologia, evolução etratamento, trazendo
novas
perspectivas relacionadas à conduta médica. Nestesprincípios se desenvolve este relato de
um
caso, atípico, deSíndrome de
Chediak-Higashi,
uma
desordem
rara, de herança autossômica recessiva, e ainda2.
LITERATURA
Síndrome
de Chediak-Higashi(SCH)
éuma
condição rara,que
apresentauma
desordem
celular generalizada, a qual afeta todos os leucócitos e células~
que contêm
grânulos, resultandoem
infecçoes recorrentes e manifestaçõesoculares, neurológicas e dermatológicas 12 3 4.
Apresenta herança autossômica recessiva e a consanguinidade familiar é descrita
na
literaturacomo
prevalenteem
50%
dos casos,sendo muito
rarana
raça negra 2 4 5 6 7.
De
acordocom
a recente classificação de imunodeficiências publicada pelaOrganização
Mundial
deSaúde
(OMS,
1995), aSCH
é consideradaum
defeito metabólico herdado,acompanhado
de defeitos funcionais de fagócitos 2 7.A
SCH
foi descrita pela primeira vez por Beguez-César, pediatracubano
em
1943, por
meio
do
relato de três casos, sendodenominada
como
Enfermidade
de Begues-César. Steinbrinck fezum
relato de casoem
1948, assimcomo
Higashiem
1954.Em
1952,Chediak
foio
primeiro a descrever as anormalidades hematológicas da síndrome. Sato designou oepônimo
à síndrome deChediak-
Higashi
em
19556"”.
Clinicamente, a
SCH
caracteriza-se poruma
fase crônica euma
fase acelerada.Na
fase crônicahá
o albinismo parcial óculocutâneo, cabeloscom
coloração cinzaou
prateada, fotofobia, febre, infecções piogênicas frequentes,neuropatia periférica, tendência a hemorragias e às vezes retardo mental 7 8.
A
fase acelerada,
mais
agressiva, é representada por febre, hepatoesplenomegalia,pancitopenia, icterícia, sangramentos, sinais neurológicos e linfonodopatia 4.
A
fase acelerada (ou linfohistiocíticaou síndrome
linfoproliferativa) ocorreevento,
como
uma
infecção viral,em
especial pelo vírus Epstein Barr(EBV).
As
crianças
que não
apresentam infecção por esse vírus,possuem
chances maioresde atingir a idade adulta
sem
problemas
clínicos importantes, àexceção de
gengivite 2471011.
A
idademédia
de vida relatadana
literatura é de seis a dez anos parapacientes
não
submetidos ao transplante demedula
óssea; sendoque somente
25%
desses atingemmais
de 10 anos. Entretanto,foram
descritos pacientescom
até
38
anos de idade.O
diagnóstico tardio resultaem
pior prognóstico,com
menor
probabilidade de indicação para o transplante demedula
óssea 2 4.A
SCH
afeta as célulasque contêm
grânulos,como
neutrófilos, monócitos,linfócitos, plaquetas e melanócitos. Essas células apresentam granulações
gigantes típicas,
predominantemente
azurofílicas, resultantesda
fusão de seusgrânulos citoplasmáticos primários e secundários, originários dos vacúolos
do
Complexo
de Golgi (figura 1) 2 7 10H
30.Observam-se
essas alterações àmicroscopia óptica
em
esfregaço desangue
periférico e demedula
óssea 7 12 13 14.4
Os
pacientespodem
apresentar neutropenia, entretanto as alteraçõesmais
significantes são
na
quimiotaxia. Defeitos mais leves são observadosna
atividade microbicida (mais especificamente
na
capacidade digestiva dosgranulócitos e concentrações anormais das hidrolases lisossomais) e
na
desgranulação.
As
"Natural Killer Cells" (célulasNK)
também
apresentam
função deficiente 2 7 lo 15 1°.
A
maior
susceptibilidade às infecções é decorrenteda
mielopoiese inefetiva,do
sequestro esplênico, da atividade quimiotática reduzida de macrófagos,monócitos
e neutrófilos, das anormalidades funcionais de célulasNK
(mínima
citotoxicidade),
além da
neutropenia, deficiências quantitativas de proteases granulares (atrasona
liberaçãodo
conteúdo enzimático lisossomal) e reduzida capacidade bactericida.Não
há
alteraçãona
geração de peróxido de hidrogênio,que
éum
dos principais responsáveis pelamorte
das bactérias fagocitadas 7 '7 1819
Grânulos gigantes e grosseiros de melanina,
chamados
demelanossomos
gigantes, estão presentes nos melanócitos dos fâneros, levando à diluição
da
pigmentação, clinicamente manifestada pelo albinismo parcial oculocutâneo 4 7.
A
base molecular para adoença
é desconhecida,porém
as suspeitasrecaem
sobre
um
defeito de polimerização dos microtúbulosnos
leucócitosque
alterariaa função microtubular. Microtúbulos são essenciais para vários estágios de
migração
e fagocitose dos leucócitos, a alteração de sua função agiriadiminuindo
ou
retardando a fusão dos lisossomoscom
osfagossomos nos
leucócitos, e
consequentemente
dificultando a ação bactericida celular.Dessa
forma
surgem,no
citoplasma dos leucócitos, grandes lisossomos anormais, osgrânulos gigantes 1012.
Também
se aventa a possibilidade deque
a elevadafluidez da
membrana
das células (característica nos pacientescom
SCH),
ocasione a desorganizaçãodos
grânulos e o defeito de mobilização dos leucócitos, caracterizando
uma
disfunção celular generalizada. Estas alterações justificariam a atividade quimiotática e a capacidade bactericida reduzidas,
embora
estas célulaspossuam
fagocitose
normal
emetabolismo
oxidativo exacerbado.O
comprometimento
da
fusão
do
vacúolo fagocitáriocom
os grânulos lisossomais justificaria aredução
da atividade bactericida dessas células 7 2°.
Além
da
atividade microbicida reduzida, os lisossomos nos granulócitosda
SCH
apresentam carência de elastase, glucoronidase e catepsina G. Estasenzimas
são secretadas pelos granulócitos,em
vez de transportadas para oslisossomos para atuarem
na
digestão celular 5 21.Inclusive, discute-se
que
aSCH
esteja associada à perda de proteínas necessárias à função das organelas intracelulares,como
da
tirosina hidroxilasemelanossomal
(nos melanócitos) e de constituintes de grânulos densos deplaquetas 5 22.
No
desenvolvimentoda
fase acelerada, hemofagocíticacom
infiltradoslinfohistiocíticos
há comprometimento
de quase todos órgãos, particularmentefigado, baço, linfonodos e
medula
óssea, nesta fase as infecções são graves.Na
maioria dos casos os achados histopatológicos são referentes a
um
processo reativonão
neoplásico, entretantopode
haver desenvolvimento dedoenças
malignas,
como
leucemia e linfoma. Isto tudo provavelmente decorrente demecanismos
defeituososno
reparodo
DNA
eda
deficiênciada
atividade decélulas
NK
4 6 7 23.Pode
ocorrer pancitopenia,com
neutropenia acentuada,provavelmente decorrente de destruição intramedular dos granulócitos e
do
hiperesplenismo 5 7 “_
Desordens
similares àSCH
em
humanos
ocorrem
em
muitas espécies demamíferos,
como
exemplo
importantehá
o rato beige, considerado portador derepresentação genética
homóloga
ada
SCH
humana.
A
equivalência entre a6
mapeamento
do gene da
SCH
no
rato, seguido por estudoscomplementares
deidentificação
do gene da
SCH
humana
8 9 24 25 26.Segundo
alguns autores ogene
mapeado
para aSCH
humana
seriano
cromossomo
1q42-q43
25 27.Referente a estudos recentes,
o gene
defeituosona
SCH
vem
sendo
identificado
como
"lysosomal trafficking regulator"(LYST).
O
produtodo gene
LYST,
em
humanos,
seria relacionadocom
microtúbulos,com
a organizaçãodas moléculas
do
MHC
classe II ecom
outras proteínas decompartimentos
multivesiculares secundáriosem
linfócitos B.A
função precisado
LYST
é desconhecida,mas
sugere-seque
esta proteína esteja envolvidana
regulação dos processos secretores das vesículas lisossomais 28 21.A
fase acelerada ocorre devido aum
descontrolena
ativação dos linfócitos T, principalmenteCD4
e de macrófagos, o que,segundo
alguns autores,também
seria consequente a alterações genéticas: a proteína defeituosa produzida pelogene
LYST
da
SCH
agiria prejudicando a expressão de moléculas reguladorasda ativação dos linfócitos T, alterando a
homeostase da
ativação dos linfócitosT
zs
Em
suma, enquanto estudos fenotípicossugerem que o
defeito primáriona
SCH
sejauma
mutação
em
uma
proteínaque
regule a formação, a liberaçãoou
a fusão dos lisossomoscom
asmembranas
alvo, a base molecularda
síndrome
semantém
oculta 3 5.O
aconselhamento
genéticoem
casos de história familiar positiva émuito
importante 7.
O
diagnóstico pré-natalda
SCH
é possível pela identificação decélulas de Chediak-Higashi
em
cultura de células de vilosidades coriônicas, etriagem dos pais por esfregaço de
sangue
periférico, verificando a presença degrânulos
amplos
em
linfócitos eem
neutrófilos,quando
heterozigotos para ogene
causadorda
síndrome 7.O
diagnóstico diferencial daSCH
deve
ser feitocom
outros defeitosdo
Sendo
que
osachados
histopatológicos e o descontroleda
ativaçãolinfohistiocítica
da
SCH
são similares àquelesda
linfohistiocitose eritrofagocítica familiar,síndrome
de Griscelli esíndrome
hemofagocítica vírus associada.A
síndrome
de Griscelli se diferenciada
SCH
pela ausênciade
3.
OBJETIVO
Relatar o caso
da
paciente F.F., portadora de síndrome de Chediak-Higashique esteve
intemada
por várias vezesno
Hospital InfantilJoana
deGusmão
do
ano de
1999
a 2001.Apresentar
uma
revisão bibliográfica sobre esta patologia, discutindo osEste trabalho retrospectivo clínico baseou-se
na
revisão de prontuárioda
paciente F.F.,
que
esteveintemada
várias vezesno
Hospital InfantilJoana
deGusmão
do ano
de1999
a 2001.Foram
coletadosdados
relacionados à históriaclínica,
exames
laboratoriais e conduta terapêutica instituída.Realizada revisão bibliográfica, de
1970
a 2001, pormeio
das seguintesbases de dados:
MEDLINE,
LILACS
(Literatura Latino-americana edo
Caribe5.
RESULTADOS:
RELATO
DO
CASO
F.A.F., sexo feminino, cor branca, natural e procedente
de
Caçador,mãe
16anos de idade (fumante, três
maços
de cigarros por dia emaconha
atéo
quintomês
de gestação), nasceu de parto normal, pré-termo,com
pesode
1800 g
e estatura de42 cm,
Apgar
oitono
primeirominuto
enove no segundo
minuto.1
Cl
C)
Cl
16 a
II
Figura l: Heredograma no caso relatado.
Esteve
intemada do
nascimento até 31 dias de vida por prematuridadeno
hospital de Caçador, recebeu alta,
sendo
reintemada após 15 dias.Aos
quatromeses
e 17 dias foiintemada
no
hospitalde
Caçador
porbroncopneumonia
(BPN)
erefluxo
gastresofagiano. Evoluiucom
diarréia eapós
piora
do
estado geral foi transferida ao Hospital Infantil Joanade
Gusmão
(HIJG),
onde intemou
com
os diagnósticos desíndrome
diarréicoagudo (SDA),
BPN,
anemia, desnutrição energético-protéica de terceiro grau(DEP
III grau),atraso
no
desenvolvimento neuro-psicomotor (atrasono
DNPM)
e escabiose.hepatoesplenomegalia.
Apresentou melhora
clínica, recebendo alta hospitalarapós 65 dias de intemação.
Entre o sexto e oitavo
mês
foiintemada
por duas vezesno
hospitalde
Caçador
porBPN.
Aos
oitomeses
e 15 dias,houve
suasegunda
internaçãono HIJG,
com
osdiagnósticos de
pneumonia, doença do
refluxo gastresofagiano(DRGE)
eDEP
III grau. Durante a
intemação
aindaforam
diagnosticadospneumonia
por
aspiração, distúrbio
da
deglutição e bronquiolopatia pós-viral.Em
decorrênciada
dificuldade para se alimentar (desconforto respiratório, distúrbioda
deglutição e
refluxo
gastresofagiano), foi iniciado suporte nutricional enteral porsonda
naso-jejunal, apresentandomelhora da
evolução ponderal. Alta hospitalarapós 103 dias de intemação.
Aos
12 meses, reintemouno
hospital deCaçador
porBPN.
Com
um
ano
eum
mês, foi readmitidano HIJG,
apresentandogengivoestomatite,
OMA, DEP
III grau,BPN
e bronquiolopatia pós-viral.Observado no
hemograma
de controle: granulações grosseiras nos neutrófilos eraras nos linfócitos, presença de degeneração vacuolar. Alta após
33
dias de intemação.Reintemou
no
hospital deCaçador
porBPN,
com
um
ano
e três meses.Com um
ano
e quatro meses, foiintemada
pela quartavez
no
I-IIJGcom
o
objetivo de investigar-se disfunção
em
neutrófilos (porhemogramas
com
granulações grosseiras nessas células).
Após
avaliaçãocom
hematologia foifirmado
o
diagnóstico deSíndrome
de Chediak-Higashi.Foram
realizadospunção
demedula
óssea, teste de atividade fagocitária dos neutrófilos("nitroblue tetrazolium"-NBT), teste
da
candidina e tricofltina (tabelas I e II).Em
decorrênciado
distúrbio de deglutição,do
refluxo
gastresofagiano e dasinfecções
pulmonares
de repetição (muitas por aspiração), foi optado pela realização deuma
fundoplicatura associada a gastrostomia.Após
esse12
procedimento
cirúrgicohouve
diminuiçãoda
frequência dasbroncopneumonias
e
também,
grande dificuldadeno manejo
da gastrostomia, devido às váriasinfecções
na
ferida operatória.Somaram-se
durante a internação três episódiosde
BPN,
DEP
de III grau (figura 2 apêndice) e atrasono
DNPM,
além
deapresentar
o
fígado palpável a 3cm
do
rebordo costal direito.Durante
estaintemação
F.F. foi inscrita nosprogramas
para transplante demedula
óssea(TMO)
do
Hospital das Clínicasem
Curitiba,do
RegistroBrasileiro de doadores de
Medula
Óssea
(REDOME)
edo
Instituto Nacionaldo
Câncer (INCA).
Os
pais, irmã eavó não foram
compatíveis parao
transplantede
medula
óssea,sendo
assim, a pacientepermaneceu aguardando
um
doador
compatível (tabela III).
Recebia
como
medicações de
manutenção
sulfametoxazol e trimetoprim profilático, sulfato ferroso, vitamina
C
epolivitamínico.
Com
um
ano
e dez meses,reintemou
por sete diasno
I-IIJ G, para tratamentode
BPN.
Intemou no HIJG,
com
um
ano
e 11meses
porBPN,
endocardite bacteriana(com
vegetaçãoem
válvula tricúspide vizualizada pelo ecocardiograma) eassociado broncopatia crônica.
Dos
dois anos e doismeses
aos dois anos e quatromeses
é readmitida porquatro vezes
no HIJG,
sendo diagnosticadosem
ordem
cronológica:uma
pneumonia
viral, duaspneumonias
bacterianas ena
últimaintemação
BPN,
dennatite
na
gastrostomia e infecçãodo
trato urinário.Aos
dois anos e cinco meses,reintemou no
I-IIJG porBPN
com
derrame
pleural.
Houve
punção
torácicacom
drenagem
de materialhemático
edesenvolvimento de
hemotórax
pós-punção.A
paciente apresentava icterícia,hepatoesplenomegalia
(figado
a 6cm
do
rebordo costal direito e baço a4
cm
do
rebordo costal esquerdo),
além de
episódios de hemorragia nasal, oral e pela gastrostomia.Os
exames
laboratoriaismostravam:
Pancitopeniacom
eritroblastos ao
hemograma,
TAP
diminuído,KPTT
normal, e bilirrubina total e diretaaumentadas
(tabelasIV
e V).No
vigésimo terceiro dia de internação, F.F. foi a óbito porsíndrome do
desconforto respiratório
agudo
e consequentes insuficiência respiratóriaaguda
e parada cárdio-respiratória (quadro I).Quadro
I -Resumo
das afecçõesno
caso relatado.Idades da paciente Afecções relatadas
4 meses 17 dias BPN,
DRGE,
SDA,
DEP
III grau, atraso noDNPM.
Dos 6 meses aos 8 meses 2 BPN.
8 meses 15 dias Pneumonia,
DRGE,
DEP
III grau, pneumonia por aspiração,distúrbio da deglutição, bronquiolopatia pós-viral.
1 ano BPN.
1 ano lmês
OMA, DEP
III grau, BPN, bronquiolopatia pós viral.1 ano 3 meses BPN. 1 ano 10 meses BPN.
1 ano 11 meses BPN, endocardite bacteriana, broncopatia crônica.
2 anos 2 meses 1 pneumonia viral, 2 pneumonias bacterianas.
2 anos 3 meses BPN, dennatite na gastrostomia, infecção do trato urinário. 2 anos 5 meses
BPN
com
derrame pleural, evolução ao óbito.Íâbslëtttl;Mi¢S1<>grama§§ Pacientes fêlëâtfltdfl-to tt-
l4
MIELOGRAMA
H'
ÍPunção de crista ilíaca. Normocelular. Relação M/E: 5.5: 1
Série branca: Normoplasia absoluta e hiperplasia relativa. Cone maturativo preservado
com
presença de granulações grosseirasem
todos os seus elementos.Série linfo-mono-plasmocitária: Normoplásica - normocítica.
Série megacariocítica: Hipoplasia moderada.
Série vermelha: Hipoplasia relativa.
Outros: Ausência de elementos estranhos a medula óssea. Presença de granulações
grosseiras
em
todos os elementos da série granulocítica (Chediak-Higashi?).Dados coletados do prontuário de F.F., do l-IIJG, dos aniosmdeVili99ii9ia 2i00li.i
Í Í W
Tabela
II -Exames
complementares no
caso relatado.TESTE
RESULTADOS
vALoi1E*Sii1EEEREiíÕiÂTS“i
PiPD****
ÍW
Í *<*1"iii”
NBT
5%
Candidina<
1 nãozreator Í Í*Í
3 a 10%
não reatorTricofitina 5 não reator a reator fraco
Anti
HIV
1 e 2 não reagenteTabela III -
Tipagem
HLA
no
caso relatado,da
paciente e dedoadora
E
CLASSE
Do
HLA
HLA
-PACIENTE
HLA-DOABÕRÃW
*W
ciàsseiE
"IIHILA-iÁz*i3o,31 EE
"HLA-*Az
30"
EHLA-Ez?
HLA-Bzv
HLA
_ czHLA
_ cz Classe II BW4,6: 6 BW4,6: 6DRz7
DRz7,12DQz2
Doz 1,2DR
52, 53z 53DR
52, 53z 52,53PACIENTE - F.F.
DOADORA
- Mãe da pacienteDados coletados do prontuário de F.F., do HIJG, dos anos de 1999 a 2001.
_Tapela
IV
-Exames
da
últimaintemação da
paciente relatada.5 5 _E§@m@§ ,_ , _ ,
____
__,,R¢§1_1tâ<i0§ _ __ _ , , Yêlørssíâfçtenciais, ,EÍ
TAP
53,4%
diminuídoKPTT
34%
dentro da normalidadeBilimibinas totais 3,3 1,5
Bilirrubina direta 2,3 0,5
Bilirrubina indireta 1,0 1,0
Dados coletados do prontuário de F.F., 1-IIIÕ*,iidosiaiios_die“1999iaWZIÓOIÍ
M
HJN__g_m_<
| mOBOmš3N_w DO 88 ¬O_N_8%u mag ao 5%W
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diagnósticoda
CHS
deve
ser consideradoem
qualquer criançaem
que
haja decréscimo
da pigmentação ou
susceptibilidade anormal a infecções,especialmente se
acompanhados
de anormalidades neurológicasou
sinaisda
fase aceleradacomo
hepatoesplenomegalia, icterícia e evidência de hemorragias.Pode
ser estabelecido por história clínica compatível e esfregaço desangue
periférico e/ou
em
aspirado demedula
óssea,mostrando
grânulos gigantes intracitoplasmáticos nos leucócitos.Também,
oexame
de fiosde
cabelo àmicroscopia revela
agrupamentos
de melanina, e aconfirmação
molecularpode
ser feita pela análise das
mutações do
DNA
do
paciente,mas
estenão
éum
procedimento
rotineiramente realizado 2 8 25.Por ser
uma
doença
rara e transmitida por herança autossômica recessiva, aSCH
émais
frequentequando
existe história familiar presenteou
consanguinidade,
sendo que
esta é observadaem
aproximadamente
50%
das famílias afetadas 6 7. Neste caso relatado, a paciente era filha única de paisnão
consanguíneos e
não
havia história familiar positiva.Albinismo
(em
geral parcial), caracterizado pela hipomelanose, é descritona
pele, olhos e cabelos.
Os
cabelos são claros,num
tom
acinzentadoou
prateadoquando
sob luz intensaou
depois deserem
lavados.A
pele é geralmente pálidaou muito
branca (sendo estas alteraçõesnormalmente
generalizadas),mas
mais
evidentes
na
aréolado
peito,que
ficamenos
colorida.Nos
olhos háaumento
do
reflexo
avermelhado, decorrentedo
albinismo; e, se ahipopigmentação
forimportante, geralmente é
acompanhada
de acuidade visual reduzida,nistagmo
efotofobia 2 4 8 30.
Em
pelomenos
um
dos três órgãos descritoshá
manifestaçãode lenta progressão.
Aqueles que sobrevivem
à i18
albinismo e-as infecções de repetição são geralmente as manifestações clínicas
iniciais 2 6 7.
A
paciente relatadanão
apresentava albinismo, característicacomum
na
SCH,
apesar denão
ser obrigatória (figura 3).A
ausência deste sinal dificultou e retardouo
diagnóstico clínico deste caso,sendo
importante salientá-lo para
que
esta patologia possa serlembrada
em
criançascom
infecçõesde
repetição, independente
da
presençado
albinismo.M' zfiêy
Figura 3: Foto da paciente relatada, em uma de su
de albinismo.
as intemações no HIJ G. Observada ausência
Outro
fator característico nos pacientescom
SCH,
é a disfunção neurológicanfância,
com
ou
sem
as complicaçõesda
fase ace l erada, geralmentedesenvolvem
manifestaçõesneurológicas,
que
podem
incluir deficiência mentalou
progressivo declínioprogressiva,
com
tremor, fraqueza e rigidez muscular,marcha anormal
epé
equino 8 I8. Estas alterações dos nervos cranianos
quando do
XII (paralisiada
língua),
do
IX
eX
(paralisia pálato faríngeo) pares,poderiam
ser a causada
disfagia
na
paciente relatada. Questiona-se, neste caso, se o distúrbioda
deglutíção seria decorrente
da
DRGE
ou da
neuropatia pelaSCH
31.Também
é interrogada aorigem
do
atrasono
DNPM
em
nossa pacientecom
algumas
hipóteses: manifestação neurológicada
SCH,
falta de estímulo porparte
da
família, hospitalismoou
DEP
III grau.F.F. apresentava
DRGE,
não há
correlaçãona
literatura entre estadoença
e aSCH.
Na
SCH,
dentre osproblemas
mais
importantes, estão as infecções derepetição,
que
acometem
principalmente pele, trato respiratório emucosas,
etendem
anão
responderbem
à terapia convencional.Há
relatos de lesõesintestinais semelhantes às
da doença
de Crohn, geralmente causadaspor
microrganismos
gram-positivos e gram-negativos 7.Os
quadros infecciosostêm
como
principais agentes etiológicos Staphílococcus aureus e Streptococcusbeta-haemolítícus. Outros agentes etiológicos
comuns,
são as enterobactérias, fungos e vírus (vírus Epstein Barr, citomegalovírus, herpes simplesou
varicelazoster) 2 4 7 8 25 32.
Nossa
paciente apresentou dos quatromeses
aos dois anos ecinco
meses
de idade (datado
óbito)onze broncopneumonias,
cincopneumonias
bacterianas,
uma
pneumonia
viral,um
episódio de otitemédia
aguda, infecçãode pele persistente
em
ferida operatória,uma
endocardite bacteriana,um
episódio de infecção
do
trato urinário e associação de hepatomegalia;achados
estes, compatíveis
com
osda
SCH.
No
caso de F.F., aDEP
III grau apresentada teveorigem
multifatorial: prematuridade, baixo peso ao nascer, distúrbio de deglutíção de dificilresolução; infecções
pulmonares
geralmente deorigem
aspirativa, consequentes ao distúrbioda
deglutíção e dificuldades inerentes aomanejo
epermanência
das20
sondas naso-enterais; infecções de repetição e baixo nível sócio-econômico.
A
associação destes fatores
acima
tende a justificar oquadro
apresentado pela paciente relatada, adiando outras hipóteses diagnósticas e o diagnósticoda
síndrome.
Segundo
a literatura, existem e se justificam heterogeneidades clínicas entrepacientes
com
SCH
pela heterogeneidade genéticado gene
causadorda
SCH,
o
que
se supõe ter ocorridono
caso relatado 8.A
ausência de albinismo, dehistória familiar positiva
ou
consanguinidade,além da
presença de infecções recorrentes e alterações neurológicas justificáveis por outros aspectosdo quadro
clínico de nossa paciente dificultou o diagnóstico desta sindrome.
Sendo
confirmadoo
diagnóstico deste caso atípico deSCH
pelo resultadodo
mielograma.
Com
o diagnóstico,segundo
a literatura, a avaliação imunológicana
SCH
pode
ser realizada através dos seguintes testes 2:- Para determinação
da
função dos anticorpos: anticorpos anti-poliovírus eanti-sarampo, "Schick test" para anticorpos de difteria;
-
De
função dos linfócitos:com
estimulação por mitógenos, porexemplo
afitohemaglutinina;
- Avaliação
da
função dos linfócitos T: testes de hipersensibilidade cutânea,como
oPPD,
candidina, tricofitina.-Testes quantitativos:
contagem
sanguínea, determinação deimunoglobulina
sérica, iso-hemaglutininas e subpopulação de linfócitos T;
- Teste de atividade fagocitária dos neutrófilos, o "nitrobluetetrazolium test"
(NBT)
e de capacidade bactericida pelo "acridine orange staining" 2.Outros testes laboratoriais são realizados de acordo
com
as condições clínicas específicas,como
sorologia para alguns virus, porexemplo
EBV
ecitomegalovírus, avaliação da função hepática, entre outros 2.
Na
paciente F.F.tetrazolium" -
NBT)
com
resultados dentroda
normalidade; testeda
candidina(não reator),
PPD
(não reator) e tricofitina (reator fraco)que demonstraram
diminuiçãoda
função dos linfócitos T.O
teste antiHIV
foi realizado, descartando asíndrome da imunodeficiência
adquirida.Cerca
de85%
dos pacientescom
SCH
desenvolvem
a fase acelerada,caracterizada pela
síndrome
de ativação de linfócitos emacrófagos
com
infiltração linfohistiocítica hepática, esplênica, de linfonodos e
medula
óssea;levando à febre
(nem
sempre
associada a infecções), hepatoesplenomegalia, linfadenopatia, icterícia, alterações neurológicas (sonolência,coma,
parestesia, paralisiado
nervo facial, déficit sensorial, degeneração espino-cerebelar), tendência a hemorragias gravesno
sistema nervoso central e trato gastrointestinal, testes de função hepática alterados, hiperbilirrubinemia,pancitopenia
com
neutropenia acentuada e infiltraçãodo
SNC.
A
primeira faseacelerada
pode
ocorrer logo depoisdo
nascimentoou
muitos anos após 5 7H
33.Uma
vez
que
fases aceleradastenham
acontecido, períodos de remissãocom
terapiamedicamentosa
são transitórios e geralmente a evolução é parao
óbito, consequente a infecções,fenômenos
hemorrágicos, linfomaou
leucemia, durante a primeiradécada
de vida 4 6 7 18 23 33.Há
indíciosque na
últimaintemação
F.F. tenha desenvolvido a fase acelerada, pois apresentavahepatoesplenomegalia, alteração nos testes de função hepática
(TAP
diminuído,KPTT
normal), icteríciacom
bilirrubina total e direta aumentadas, pancitopeniacom
eritroblastos, tendência a hemorragias e a evolução ao óbito.Quanto
à terapêutica,não há
conduta específica para aSCH,
entretantoo
tratamento das infecções e a
manutenção da
homeostasiatêm
grande importância 35. Procura-se desenvolveruma
ação ampla,
que
percorre desdemedidas
de suporte e cuidados profiláticos atéo
transplante demedula
óssea 6.Medidas
de suportecomo
o uso de antitérrnicos, higiene oral e cuidados22
respiratória e motora, transfusão de glóbulos
vennelhos
e plaquetas se necessário, transfusão de glóbulos brancosnão
irradiados,que
parece alteraro
curso clínico dos pacientes 7.
Nas
infecções o tratamento envolve o usoprolongado
de antibióticos e aimportância de seu uso profllático
não
é clara,porém, pode
ser utilizadana
tentativa de reduzir a freqüência de infecções,sendo
a associação sulfametoxazol-trimetoprim de uso frequente 7 25.Deve-se
tentar identificaro
agente causador das infecções, de
forma que
uma
terapêutica específica sejainstituída, através
da
utilização de antibióticos, antifúngicosou
antivirais.Sendo
que, antivirais,
como
aciclovir, são indicadosquando
a fase acelerada relaciona-se
com
infecção viral 7.O
ácido ascórbico (vitamina C),na
dose deum
grama
por dia, é provável corretordo
defeitodo
citoesqueleto, e sua função seriaaumentar
a quimiotaxia e atividade bactericida dos neutrófilosna
SCH, mas
não
está satisfatoriamentecomprovada
pelos trabalhos realizados 25 34.Alguns
autores relatamque
apesarda melhora da
funçãodo
neutrófilo, "in vitro",não há
alteraçãodo
curso clínicoe outros
não
documentaram
correçãodo
defeito celular,nem
reduçãodo
número
de infecçõesem
estudoscom
o
ácido ascórbico.Também,
administração prévia à fase linfoproliferativanão
evitou o seu aparecimento 7 35.Fármacos que atuam
nos microtúbulospodem
ser utilizados,sendo que
acolchicina parece ser eficaz
no
manejo da
fase acelerada, e vincristina eciclofosfamida impediriam o processo infiltrativo
da
fase acelerada 7 20.O
intérferon (IFN),segundo
alguns autores, restaura parcialmente "in vitro"a atividade das células
NK.
Alguns
autoresdocumentaram
que
oIFN
não
foicapaz de modificar os índices de citotoxicidade de células
NK
de quatro pacientescom
SCH
pela incubação de suas célulascom
concentrações elevadas deIFN
7 3°.Resultados
animadores
foram
observadosno
tratamento deum
paciente durante a fase aceleradacom
gamaglobulina
endovenosa (IVIG 400
miligramas por quilo, durante cinco dias consecutivos).O
bloqueiodo
receptorreticuloendotelial e
melhora da
infecção viral e a reduçãoda
esplenomegalia (produzindouma
redistribuiçãodo
sequestro de células sanguíneas) sãoalgumas
das hipóteses para explicação destes resultados.
Melhora
da
atividade "in vitro" das célulasNK
foidocumentada na
presençade
Interleucina 2 (IL-2) 7 37.Alguns
autoressugerem que
a esplenectomia seja consideradana
impossibilidade de realizar-se
um
transplante demedula
óssea,ou no
tratamentoda
fase acelerada,quando não
responsiva a outras fonnas de terapia.Em
algunspacientes, observou-se
melhora
clínica e laboratorial,com
normalizaçãoda
quimiotaxia,
da
função fagocítica eaumento
de sobrevida dos neutrófilos 7 23 38.Segundo
a literatura, altas doses de metilprednisolonapodem
ser propostascomo
um
agente terapêutico indutor de remissão transitóriada
fase aceleradada
SCH.
E
que, entretanto, a esplenectomiadeve
ser consideradano
tratamentodos casos
em
que
a fase acelerada é associada ao hiperesplenismo e/ou casosnão
responsivos a outras terapias medicinais 23 39. Outros autores citamque
aterapia
com
corticóidenão
seria efetivana
remissãoda
fase acelerada, eque
a expectativa de vidatem
sido de34
dias (a partirdo
inícioda
fase), independentedo
uso de corticóides 4.O
transplante demedula
óssea(TMO)
é a únicaopção
de cura para aSCH.
O
melhor
momento
para sua realizaçãonão
ébem
definido, a princípio seriamais
efetivoquando na
fase precoceda doença
e anterior à fase acelerada,porém
a maioria dos pacientesque
recebeu o transplante depois da remissãoda
fase acelerada sobreviveu
sem
evidênciada doença
4 7 4°.É
proposto, pelaliteratura,
que
0TMO
halogênico seja o tratamento curativo para aSCH,
e,entretanto,
que
o transplantenão
halogênico necessite denovas
pesquisas para24
óssea,
como
a obtenção deum
doador
adequado, a utilizaçãode
drogas imunossupressoras, a reação enxerto versus hospedeiro, quetomam
estetratamento acessível para
poucos
pacientes 7 .No
caso relatado a terapêutica instituída foi o tratamento específicodos
processos infecciosos, antibioticoterapia profilática e
medidas de
suporte, inclusive fundoplicaturacom
gastrostomia. E, apesar destas medidas, a paciente evoluiuprovavelmente
à fase acelerada e foi a óbito por complicações desta1 2 3 4 5 6 7.
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Haddad
E,Le
Deist F,Blanche
S,Benkerrou
M,
Rohrlich P,Vilmer
E, et alTreatment of
Chediak-Higashisyndrome
by
allogenicbone
marrow
Para a redação deste trabalho utilizou-se
da Normatização
para os Trabalhosde
Conclusão
deCurso
deGraduação
em
Medicina da
Universidade Federal deSanta Catarina, resolução n° 003/00
do Colegiado do Curso
deGraduação
em
RESUMO
Descrita pela primeira vez,
em
1943, pelo pediatracubano
Beguez-César, aSíndrome
de Chediak-Higashi(SCH)
éuma
desordem
rara, de herançaautossômica recessiva,
que
apresentauma
desordem
celular generalizadaafetando todos os leucócitos e células
que
contêm
grânulos, resultandoem
infecções recorrentes, manifestações oculares, neurológicas e derrnatológicas.A
idade
média
de vida é de seis a dez anos.Caracteristicamente
há
uma
fase agressivada
doença, a fase acelerada, clinicamente representada por febre, hepatoesplenomegalia, pancitopenia,icterícia, hemorragias, sinais neurológicos e linfonodopatia.
Nesta
fasehá
infiltração visceral
com
histiócitos e linfócitos, associada à eritrofagocitose.A
confirmaçãodo
diagnóstico se faz peloachado
de granulações grosseirasintracitoplasmáticas
em
leucócitos e/ouem
punção
demedula
óssea.A
conduta
terapêutica
não
ébem
definida,mas
o
único tratamento curativo é o transplantede
medula
óssea halogênico.A
paciente F.F. relatada esteve por vezesintemada no
Hospital InfantilJoana
deGusmão,
dentre os anos de1999
a 2001.Tendo
desenvolvidoum
casoatípico de
SCH:
Apresentava
infecções recorrentes, associadas a desnutrição energético-proteica de terceiro grau e distúrbioda
deglutição,não
figurando
o
albinismo parcial.
Seu
diagnóstico foiconfinnado
com
apunção
demedula
óssea.
Enquanto aguardava
pelo transplante demedula
óssea, a pacienteprovavelmente desenvolveu a fase acelerada
com
hepatoesplenomegalia,icterícia, hemorragias, pancitopenia e foi a óbito por complicações decorrentes
Chediak-Higashi
syndrome
(CHS) was
first Describedby
Beguez-Cesar, aCuban
pediatrician, in 1943; this is a rare disorder, autossomal recessive, inWhich
a generalized cellular disorder affects all granule-containing cells,resulting in recurrent infections
and
ocular, neurological,and
oculocutaneousalbinism.
The
average life expectation isbetween
six to ten years.An
aggressive phaseof
the disease,named
the accelerated phase, is characterized clinicallyby
fever, hepatosplenomegaly, pancytopenia, bleeding, neurological signs,and lymphadenopathy and
pathologicallyby
visceral infiltration with histiocytesand
lymphocytes
associated witherythrophagocytosis.
The
diagnosiswas
establishedby
detectionof
giant intracytoplasmic granules in leukocytes and/orbone
marrow
aspirate.The
treatmentof
choice forCHS
is I-ILA-identicalbone
marrow
transplantation.The
patient reported, F.F.,was
intemed
in Hospital InfantilJoana
deGusmão,
amongst 1999 and
2001.She developed
a different case ofCHS,
withrecurrent infections, malnutrition, deglutition alterations, but did not present albinism.
The
diagnosiswas confirmed
by bone
marrow
aspirate.The
patientdeveloped
accelerated phase, while waiting forbone
marrow
transplantation, the complicationsof
this phasewere
the cause of death.M
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