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O funcionamento familiar de famílias portuguesas: a influência de variáveis sociodemográficas e os estados emocionais dos adolescentes

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Academic year: 2021

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Departamento de Educação e Psicologia

O funcionamento familiar de famílias portuguesas: A influência

de variáveis sociodemográficas e os estados emocionais dos

adolescentes

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Mário Pinto Gonçalves

Orientadora: Otília Monteiro Fernandes

Coorientadora: Inês Carvalho Relva

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

O funcionamento familiar de famílias portuguesas: A influência

de variáveis sociodemográficas e os estados emocionais dos

adolescentes

Dissertação de Mestrado em Psicologia Clínica

Mário Pinto Gonçalves

Otília Monteiro Fernandes

Inês Carvalho Relva

Composição do Júri:

Professora Doutora Catarina Pinheiro Mota

Professor Catedrático José Vasconcelos Raposo

Professora Doutora Otília Monteiro Fernandes

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“A nossa família são os que escolhem, de forma livre, estar ali, connosco. Os que não nos abandonam, nem esquecem, e que guardam a distância do respeito pela nossa liberdade.”

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Resumo

O funcionamento familiar é perspetivado como um fator que caracteriza a dinâmica familiar. Investigamos a forma como os pais e os filhos adolescentes olham para as suas famílias e se afetam mutuamente, analisando o efeito de algumas variáveis sociodemográficas, nomeadamente o sexo e a idade dos filhos, assim como o nível escolar dos pais e a posição na fratria. Investigamos igualmente a forma como os adolescentes olham para as suas famílias, analisando o efeito que essa dinâmica vivenciada na família tem nos seus estados emocionais negativos, designadamente na ansiedade, depressão e stresse. Recorremos a uma amostra de 320 adolescentes e respetivos progenitores, num total de 640 indivíduos. Utilizamos a Family

Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES-IV), a Family Communication Scale

(FCS) e a Family Satisfaction Scale (FSS) e as Depression Anxiety Stress Scales (DASS-21-C). Os resultados demonstraram que: 1) a coesão equilibrada está positivamente associada a uma boa comunicação e satisfação familiar, tanto para os pais como para os filhos; 2) os adolescentes percebem menor coesão e comunicação na família, indiciando algum desligamento familiar, embora no grupo de idades entre os 12 e os 14 anos, haja um aumento na satisfação familiar; 3) os pais com nível escolar superior percebem a família coesa e comunicante, enquanto os filhos/irmãos mais novos, comparativamente aos mais velhos, percecionam as respetivas famílias como sendo desligadas; 4) os adolescentes perspetivam as suas famílias como pouco coesas e flexíveis; 5) a prevalência de sintomatologia ansiosa entre níveis moderados e extremamente severos é de 32.8%, na depressiva 30.0 %, e na sintomatologia relacionada ao stresse 19.1%; 6) as raparigas evidenciam médias superiores de sintomatologia depressiva comparativamente aos rapazes 7) existe uma predição da coesão emaranhada e do sexo feminino na variável depressão e negativa quanto à satisfação familiar, sendo que a coesão emaranhada prediz positivamente o stresse em contraponto com a flexibilidade rígida e a satisfação familiar Concluímos que é importante conhecer as perspetivas parento-filiais e fraternas, nesta fase de mudanças do ciclo vital familiar, por forma a implementar programas de educação familiar e habilidades parentais, que visem potenciar dinâmicas familiares mais equilibradas e adaptativas. Os resultados são discutidos ao nível do funcionamento familiar e o respetivo impacto nos estados emocionais dos adolescentes. Sugere-se que é importante Sugere-sensibilizar pais, professores e técnicos de saúde primários, de forma a prevenirmos os estados emocionais negativos, ao longo da adolescência, assim como a realização de investigações longitudinais sobre esta temática.

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Palavras-chave: funcionamento familiar, variáveis sociodemográficas, adolescência,

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Abstract

The family functioning is seen as a factor that characterizes the family dynamics. In this study we investigate how parents and teens look to their families and affect each other, analyzing the effect of sociodemographic variables, including sex and age of children, as well as the educational level of parents and sibling position. We also investigated how adolescents look two their families, analyzing the effect of that dynamics experienced in the family has in their negative emotional states, including anxiety, depression and stress. We use a sample of 320 adolescents and their respective parents, in a total of 640 individuals. We used the Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES-IV), the Family Communication Scale (FCS) the Family Satisfaction Scale (FSS) and the Depression Anxiety Stress Scales (DASS-21-C). The results showed that: 1) the balanced cohesion is positively associated with good communication and family satisfaction, both for parents and their children; 2) teens perceive less cohesion and communication in the family, indicating a relative shutdown, although the age group between 12 and 14 years, there is an increase in family satisfaction; 3) parents with higher educational level perceive cohesive and communicative family while the children/younger siblings see their respective families to be disengaged, compared to the older ones; 4) adolescents see their families as little cohesive and flexible; 5) the prevalence of anxiety symptoms of modorate and very severe levels is 32.8%, 30.0% in the depression, and symptoms related to stress 19.1%; 6)girls show higher averages in depressive symptomatology compared to boys 7) there is a prediction of enmeshd cohesion and female gender in the variable depression and a negative family satisfaction, and the enmeshd cohesion positively predict stress as opposed to rigid flexibility and family satisfaction. That it is important to know both parent-subsystem and sibling-subsystem, in order to implement family education programs and parenting skills, aimed at enhancing more balanced dynamic and adaptive families. The results are discussed at the level of family functioning and their impact on the emotional states of adolescents. It is suggested that it is important to raise awareness among parents, teachers and technical primary health in order to prevent negative emotional states, through adolescence, as well as conducting longitudinal research on this subject.

Keywords: family functioning, sociodemographic variables, adolescence, different

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Agradecimentos

Neste desfolhar de construção pessoal e profissional fui sendo acompanhado por professores, orientadores (de estágio e tese), colegas, amigos e, fundamentalmente, pela minha família. Pais, irmã, sobrinho e companheira. Evidentemente, na conclusão desta etapa final do mestrado - projeto de investigação - gostaria de endereçar uma palavra de apreço e um sincero obrigado a todos vós, contudo, de forma distinta.

Aos professores pertencentes ao corpo docente do curso de Psicologia dirijo os meus respeitosos cumprimentos acompanhados de merecidos obrigados, pois sem o seu valioso contributo e ensinamentos jamais teria alcançado o patamar académico em que me encontro.

Gostaria de agradecer às Professoras Doutoras Otília Monteiro Fernandes e Inês Carvalho Relva pela orientação, compreensão, dedicação, pelo saber e conhecimentos partilhados e, claro está, por terem aceitado realizar comigo, ao longo deste ano letivo, o prazeroso trabalho em torno da linha de investigação psicológica almejada, Família e Fratria.

Às instituições escolares que deram o seu aval para a recolha de dados, aos Pais e seus Filhos adolescentes, que permitiram a realização e o florescer desta investigação com a sua participação, o meu muito obrigado.

Uma palavra de amizade com um abraço afetuoso a duas funcionárias do apoio domiciliário da Santa Casa da Misericórdia de Vila Real, Maria Gomes e Teresa Ferreira, também ao amigo e colega de curso Hugo Fernandes, que sempre prestáveis ajudaram-me a contornar algumas das dificuldades (assistenciais) com que me fui deparando no decorrer deste percurso.

O agradecimento maior, evidentemente, é endereçado aos meus pais, Maria do Carmo e Manuel Gonçalves, lutadores incansáveis na adversidade e incondicionalmente sempre a caminhar ao meu lado, nesta empreitada académica, na prossecução dos objetivos de vida traçados. À minha irmã, pela presença, incentivo e boa disposição. Ao Gonçalo, meu sobrinho e afilhado, simplesmente, porque existe.

Por último, igualmente importante, uma palavra de carinho recheada de amor à minha companheira, Maria João e filhos/irmãos, Ana Margarida e João César, pela motivação, palavras de encorajamento e suporte emocional.

Tal como iniciei finalizo com os votos de sinceros e profundos agradecimentos, a TODOS VÓS. Bem-hajam.

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Índice

Introdução ………... 17

ARTIGO 1: Influência de variáveis sociodemográficas no funcionamento familiar de famílias portuguesas………...19 Resumo ……….21 Abstract ……….. 22 Introdução ……….. 23 Método ………..………... 29 Participantes .……...……….………..….. 29 Instrumentos ...………..………..….. 30 Procedimentos ...………….………...…... 31

Estratégia de Análise de Dados ………... 32

Resultados ……….……….. 33

Discussão ………...……….. 40

Implicações práticas, limitações e propostas para estudos futuros……….…. 44

Referências Bibliográficas ……… ...………. 46

ARTIGO 2: Relação entre funcionamento familiar e os estados emocionais negativos na adolescência………..………...53 Resumo ………..………55 Abstract .………... 56 Introdução .………...………... 57 Método ….………..……….. 65 Participantes ……….………..…… 65 Instrumentos……….………..……. 65 Procedimentos……….………...……. 67

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Estratégia de Análise de Dados …...……….. 67

Resultados ……….……….. 69

Discussão ………...……….. 74

Implicações práticas, limitações e propostas para estudos futuros………. 78

Referências Bibliográficas ……… 80

Considerações Finais ..……….. 87

Referências Bibliográficas ………... 91

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Índice de Tabelas

Artigo I ...19

Tabela 1. Associação entre a coesão equilibrada e desequilibrada, comunicação e satisfação familiar, na perspetiva dos filhos e dos pais, médias e desvios padrão ……...34

Tabela 2. Análise diferencial das dimensões do funcionamento familiar, comunicação e satisfação dos filhos, em função do sexo dos adolescentes ……...35

Tabela 3. Análise diferencial das dimensões da coesão, comunicação e satisfação familiares, em função da perspetiva dos filhos e dos progenitors ………..…...36

Tabela 4. Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos pais, em função do nível escolar ………...37

Tabela 5. Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos filhos, em função da idade ………..…...38

Tabela 6. Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos filhos, em função da posição na fratria …..….……….………39

Artigo II ...53

Tabela 1. Análise descritiva dos rácios do Modelo Circumplexo ……...69

Tabela 2. Análise descritiva dos estados emocionais negativos ………...70

Tabela 3. Associação entre a EADS-C, FACES-IV, comunicação familiar e satisfação familiar, médias e desvios padrão …………...71

Tabela 4. Análise diferencial dos estados emocionais negativos, em função do sexo ...72

Tabela 5. Análises preditivas: Papel preditor do sexo, da coesão, flexibilidade, da comunicação e da satisfação familiar nos estados emocionais negativos ………73

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Introdução

A família é considerada, em quase todas as sociedades e épocas, como o primeiro sistema onde os indivíduos desenvolvem e nutrem sentimentos de pertença. Para além dos laços pelo sangue, as famílias constituem-se também através dos fortes laços de afeto, de um projeto de vida em conjunto, de história e mitos familiares.

A presente dissertação centra-se em torno da dinâmica do funcionamento familiar, na perspetiva dos pais e filhos adolescentes, e objetivou pesquisar a influência de algumas variáveis sociodemográficas, assim como a relação existente com os estados emocionais negativos na fase da adolescência. A motivação empírica prendeu-se, na realidade, no interesse de conhecer como se processam e vivenciam as interações parento-filiais no que respeita à coesão e flexibilidade, à comunicação e à satisfação familiares, e de como as dinâmicas percebidas se repercutem nos estados emocionais dos jovens.

Ao longo da adolescência são solicitados aos indivíduos e ao sistema familiar, na sua globalidade, diversos desafios. De uma família com filhos na escola passamos para a família com filhos adolescentes, o que implica permanentes reajustes no seio familiar, idealmente, mudanças de ordem qualitativa (Alarcão, 2006). Mudanças necessárias para promover e facilitar o natural desenvolvimento dos filhos, em prossecução de indivíduos autónomos e saudáveis. E às demandas de separação-individuaçao por parte dos filhos, neste processo de crescimento, os pais procuram responder com a flexibilidade necessária e a negociação de regras e limites (Fleming, 2015). Contudo, muitas vezes, algumas famílias têm um funcionamento familiar desequilibrado, pautado, por exemplo, por uma coesão e flexibilidade familiar baixa, o que parece associar-se ao despoletar de sintomatologia relacionada com estados emocionais negativos, designadamente depressão (Gouveia-Pereira, Abreu, & Martins, 2014)

Esta investigação está divida em dois artigos. O primeiro tratará das temáticas relacionadas com as associações entre a coesão, a comunicação e a satisfação familiares dos progenitores e dos filhos; as diferenças dos constructos mencionados, de acordo com as diferentes perspetivas (pais e filhos); e as várias dimensões do funcionamento familiar em função da idade, do sexo dos filhos, do nível de escolaridade dos pais, e da posição na fratria.

No segundo artigo, realizado com os adolescentes, descreve-se o funcionamento familiar em termos de coesão, de flexibilidade e do funcionamento familiar global; verificando-se a prevalência no que respeita à ansiedade, à depressão e ao stresverificando-se; abordará a influência do funcionamento familiar nos estados emocionais negativos dos adolescentes, analisando em que

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medida existem associações significativas; diferenciará ainda os referidos estados, em função do sexo; avaliando-se se o funcionamento familiar e o sexo exercem um efeito preditor na sintomatologia relacionada com a ansiedade, depressão e stresse.

Finalmente, serão tecidas as considerações finais, as limitações da investigação e apresentadas algumas propostas para estudos futuros.

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ARTIGO 1: Influência de variáveis sociodemográficas no funcionamento familiar de famílias portuguesas

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Influência de variáveis sociodemográficas no funcionamento familiar de famílias portuguesas

Influence of sociodemographic variables on family functioning of Portuguese families

Mário Pinto Gonçalves, Otília Monteiro Fernandes, & Inês Carvalho Relva

Resumo

A coesão, a comunicação e a satisfação familiares são perspetivadas como fatores que caracterizam a dinâmica familiar. Investigamos a forma como os pais e os filhos adolescentes olham para as suas famílias e se afetam mutuamente, analisando o efeito de algumas variáveis sociodemográficas, nomeadamente o sexo e a idade dos filhos, assim como o nível escolar dos pais e a posição na fratria. Recorremos a uma amostra de 320 adolescentes e respetivos progenitores, perfazendo um total de 640 indivíduos. Utilizamos, para a mensuração das variáveis, a Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES-IV), a Family

Communication Scale (FCS) e a Family Satisfaction Scale (FSS). Os resultados demonstraram

que: 1) a coesão equilibrada está positivamente associada a uma boa comunicação e satisfação familiar, tanto para os pais como para os filhos; 2) os adolescentes percebem menor coesão e comunicação na família, indiciando algum desligamento familiar, embora no grupo de idades entre os 12 e os 14 anos, haja um aumento na satisfação familiar; 3) os pais com nível escolar superior percebem a família coesa e comunicante, enquanto os filhos/irmãos mais novos, comparativamente aos mais velhos, percecionam as respetivas famílias como sendo desligadas. Concluímos que é importante conhecer as perspetivas parento-filiais e fraternas, nesta fase de mudanças do ciclo vital familiar, por forma a implementar programas de educação familiar e habilidades parentais, que visem potenciar dinâmicas familiares mais equilibradas e adaptativas.

Palavras-chave: funcionamento familiar, variáveis sociodemográficas, adolescência,

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Abstract

Cohesion, communication and family satisfaction are seen as factors that characterize the family dynamics. In this study we investigate how parents and teens look to their families and affect each other, analyzing the effect of sociodemographic variables, including sex and age of children, as well as the educational level of parents and sibling position. We use a sample of 320 adolescents and their respective parents, in a total of 640 individuals. We used the Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES-IV), the Family Communication Scale (FCS) and the Family Satisfaction Scale (FSS). The results showed that: 1) the balanced cohesion is positively associated with good communication and family satisfaction, both for parents and their children; 2) teens perceive less cohesion and communication in the family, indicating a relative shutdown, although the age group between 12 and 14 years, there is an increase in family satisfaction; 3) parents with higher educational level perceive cohesive and communicative family while the children/younger siblings see their respective families to be disengaged, compared to the older ones. We conclude that it is important to know both parent-subsystem and sibling-parent-subsystem, in order to implement family education programs and parenting skills, aimed at enhancing more balanced dynamic and adaptive families.

Keywords: family functioning, sociodemographic variables, adolescence, different

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Introdução

Usamos o termo família para designar uma complexa teia de relações humanas que se constrói de vínculos e limites, apelando à diversidade e realizados de forma independente, nas especificidades de cada indivíduo, mas igualmente vividos e sentidos em caminhos de interdependência (Singly, 2011).

O primeiro axioma, na abordagem sistémica, designa que o todo é mais que o mero somatório das suas partes, na compreensão da realidade familiar (Alarcão, 2006). Assim, de um ponto de vista sistémico, a família traduz-se e pode ser entendida holisticamente como tendo quatro subsistemas interligados uns aos outros: o subsistema individual, o conjugal, o parental e o fraternal (este último só existe quando há mais do que um filho) (Alarcão, 2006; Minuchin & Fishman, 2004; Relvas, 2004). Mas, ainda nesta perspetiva teórica, e segundo Alarcão (2015), alarga-se a definição de família para os sistemas ou elementos envolventes que partilham, para além de um desígnio comum e um caminhar individualizante, laços biológicos ou de afeto.

As famílias atuais estão alicerçadas nas transformações sociais ocorridas sobretudo no passado século (e.g., movimento feminista, a liberalização do aborto, a maior expressão das mulheres no mundo do trabalho, a diminuição do número de filhos, etc.). Das famílias ditas tradicionais ou nucleares, olhamos a sua “transformação” nas uniões de facto, nos filhos sem casamento, no divórcio/separação, nas famílias adotivas, de acolhimento, reconstruídas, recasadas, etc., em suma, nas novas formas de família (Relvas & Alarcão, 2007; ver Fernandes & Maia, 2015, sobre a diversidade das famílias portuguesas no século XXI).

Como assistimos a transformações na sociedade ao longo dos tempos, será admissível considerar uma evolução dos relacionamentos familiares entre pais e filhos (Marques & Torres, 2009), até porque as sociedades são feitas de famílias e são as famílias que fazem as sociedades (Segalen, 1999). E ao nível das interações pais-filhos considera-se que se norteiam, na atualidade, por uma base mais dialogante, mas também pelo confronto de ideias e diferenças de opinião. Será um ambiente idealmente salutar, mas se não se descurar, evidentemente, a componente educacional (a importância dos limites e da comunicação); procurando deste modo fazer evoluir os adolescentes num processo de autonomia, sem grandes percalços emocionais ou perturbações psicológicas (Sampaio, 2006).

Famílias e variáveis sociodemográficas

Existem, no entanto, fatores respeitantes às componentes sociodemográficas das famílias, que influenciam e fazem variar algumas dinâmicas psicológicas das mesmas. Por

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exemplo, Portugal e Alberto (2014) encontraram que as crianças provenientes de contextos urbanos vivenciam de forma mais positiva a comunicação, a expressão do afeto e o apoio emocional dos progenitores. Estes autores verificaram, ainda, que quando comparado o nível socioeconómico, os intervenientes das famílias com rendimentos mais elevados apresentam uma comunicação global mais satisfatória; e na variável escolaridade, as famílias cujos progenitores possuem apenas o ensino básico, a comunicação parento-filial sofre uma diminuição na sua qualidade. Ainda relativamente aos aspetos sociodemográficos, Shek, Leung, e Lu (2014) verificaram, num estudo longitudinal, que os adolescentes provindos de famílias não-intactas e em desvantagem económica percebem o funcionamento familiar como desestruturante, ao longo do tempo. Georgiades, Boyle, Jenkis, Sanford, e Lipman (2008) apuraram, também, que os rendimentos económicos influenciam, intimamente, as dinâmicas das famílias e o bem-estar dos seus membros, quer ao nível do funcionamento global, quer ao nível individual. O nível socioeconómico pode, igualmente, dificultar e impactar no relacionamento familiar, conduzir a problemas parentais, conflitualidade e desagregação no subsistema conjugal (Conger & Donnellan, 2007).

Perante o exposto, além da influência dos fatores sociodemográficos nas dinâmicas familiares, importará compreender a heterogeneidade que se desenlaça, independentemente da tipologia familiar em apreço. Dito de outra forma, perceber as dinâmicas das famílias com filhos adolescentes, no que respeita à coesão, à comunicação e à satisfação familiares. Por um lado, em virtude das implicações significativas que tem na saúde mental (positiva ou negativa) e bem-estar dos seus membros, por outro lado, no sentido de promover e potenciar, do ponto de vista psicológico, uma base segura, flexível, forte e dialogante, entre filhos e pais (Cornett & Braton, 2014). Sendo assim, uma vertente de análise que carece de compreensão empírica incide na necessidade de perceber como se constroem as dinâmicas relacionais normativas, nas famílias portuguesas, em detrimento das sugestões apresentadas na literatura, nacional e internacional, com enfoques vincados em amostras clínicas (e.g., Branco, Wagner, & Demarchi, 2008; Beurkens, Hobson, & Hobson, 2012; Carvalho, Freitas, Leuschner, & Olson, 2014; Hoste, Hewell, & le Grange, 2007).

Efetivamente, o funcionamento familiar que responde a situações problemáticas através de uma configuração flexível e cooperativa é compreendido como fulcral para o bem-estar das crianças e adolescentes (Olson & Gooral, 2003). Sugere-se que este desempenha uma componente importante no estabelecimento das relações afetivas presentes e futuras (Matos & Sampaio, 2009). Todavia, respeitante ao relacionamento entre pais e filhos (adolescentes)

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parece não existirem diferenças significativas entre a família dita “tradicional” e a “não tradicional” - a primeira diz respeito aos agregados compostos pelo casal, pai e mãe, e os filhos (biológicos) (Halpern‐Meekin & Tach, 2008; Manning, Brow, & Stykes, 2014); a segunda é composta pelos agregados monoparentais: solteiros (Golombok, Zadeh, Imrie, Smith, & Freeman, 2016), viúvos (Relvas & Alarcão, 2007) e divorciados (Lamela, Figueiredo, Bastos, & Feinberg, 2015), englobando também famílias recasadas, adotivas, ou homossexuais (Fernandes & Maia, 2015), entre outras.

Funcionamento familiar e coesão

Mencionando o constructo que primariamente abordaremos nesta revisão da literatura, a coesão (é a ligação emocional entre os membros da família, e que avalia o grau de separação ou ligação de cada membro da família, englobando conceitos como limite, tempo, coligação, espaço, ou amizades), compreendemos que quando a coesão é equilibrada exerça um efeito protetor para as adversidades, passando-se o inverso quando a coesão é desligada (é desligada quando existe um envolvimento diminuto entre os membros da família e uma grande separação pessoal, predominam interesses separados e os indivíduos não se apoiam entre si) ou emaranhada (diz-se emaranhada quando ocorre uma proximidade emocional extrema e de dependência, os indivíduos tendem a ser demasiado reativos, uns com os outros). (Olson, Gorall, & Tiesel, 2006).

Vários estudos ilustram o que acabamos de referir. Por exemplo, verificou-se que quando a coesão é equilibrada tem um efeito moderador positivo no impacto circunstancial (e negativo) que os pares podem ter junto dos adolescentes, no que diz respeito à frequência de comportamentos relacionados com o binge drinking (consumo excessivo de álcool num único dia ou momento) (Laghi, Baiocco, Lonigro, Capacchione, & Baumgartner, 2012; Soloski, Monk, & Durtschi, 2015). Num outro estudo, conduzido por Fontes, Heredia, Penaloza, Cedeno, e Rodríguez-Orozco (2012), somente com progenitores, constatou-se que a maioria das famílias estudadas posiciona-se e evidencia dois tipos de coesão equilibrada, que tem como denominador comum a clara definição de fronteiras: por um lado, demonstram união, lealdade e interdependência entre os seus membros, por outro, uma vivência familiar pautada pela lealdade e tomada de decisões conjunta. De um prisma semelhante, Hair, Moore, Garret, Ling, e Cleveland (2008) sugerem que os relacionamentos positivos entre os adolescentes e progenitores são preditores, por exemplo, de reduzidos níveis de delinquência e elevados níveis de bem-estar psicológico. Os autores confirmam, assim, que a qualidade dos relacionamentos pais/adolescentes é relevante na transição para a adultícia, salientando-se que um

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relacionamento positivo converge com a realização de atividades familiares de rotina, suporte e proximidade parental percebida pelos jovens. Neste sentido, quando os sistemas familiares são compreendidos como sendo de suporte e abertura, os adolescentes tendem a perspetivar a família de forma coesa e estável (Henry, Robinson, Neal, & Huey, 2006). Porém, em contraponto, Francisco, Loios, e Pedro (2015), num estudo com 341 adolescentes, sugerem que um funcionamento familiar empobrecido, caracterizado por uma diminuta adaptabilidade, comunicação disruptiva e envolto em dificuldades relacionais, está associado a um incremento na utilização de estratégias de coping desadaptativas por parte dos jovens (e.g., ruminação, evitamento).

A comunicação e as relações familiares

Quanto à comunicação familiar, Koerner e Fitzpatricks (2002) informam que se fundamenta, em larga medida, nos processos cognitivos que serão determinados através das aprendizagens realizadas nos contextos e relações familiares (experiências diretas na família, fatores de socialização). Aliás, concluiu-se que a todos os comportamentos de interação no sistema familiar corresponde um valor de mensagem, logo é impossível não comunicar (Watzlawick, Beavin, & Jackson, 1993). Olson (2011), por sua vez, circunscreve a comunicação como uma componente dinâmica que facilita ou dificulta o posicionamento dos membros da família, no que concerne à coesão e à flexibilidade. Diversos estudos propõem que a perceção de expressividade familiar e evitamento de conflitos encontra-se positivamente associada (poderá facilitar o funcionamento familiar) com a perceção de coesão e adaptabilidade familiares, contudo de diferentes maneiras e de forma gradativa (Perosa & Perosa, 2001; Schrodt, 2005). Como tal, a comunicação familiar entre pais e filhos pode ser percecionada em díspares sentidos. Por exemplo, comparativamente com os filhos, os progenitores tendem a perceber uma menor abertura na comunicação familiar (Xiao, Li, & Stanton, 2011), e no que respeita ao género dos filhos, as raparigas tendem a olhar a comunicação mais positiva e um melhor funcionamento no seio familiar, quando comparadas com os rapazes (Rosnati, lafrate, & Scabini, 2007). Na mesma linha de análise, Schrodt (2009) concluiu que, quando a família (essencialmente os pais) pauta as suas interações por uma comunicação aberta, no que concerne a ideias e sentimentos, tenderá a habilitar os membros da família de ferramentas psicológicas, no propósito de lidarem mais capazmente com eventos stressantes, quer externos, quer internos. Ainda no que respeita à comunicação, a exploração entre tipologias familiares intactas e não intactas conduzida por Bjarnason e Armarsson (2011) demonstrou a existência de dificuldades associadas às estruturas não intactas, nomeadamente

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no que respeita à interação familiar entre as mães e os jovens a partir dos 11 anos de idade. Além disso, constata-se que as referidas dificuldades de comunicação, num estudo realizado em 36 sociedades ocidentais, embora associadas a uma diminuição da satisfação com a vida não exercem um papel mediador face às diversas tipologias familiares, quando equacionada essa mesma satisfação (Bjarnason et al., 2012).

Relação entre coesão e satisfação familiar

Concluindo, parece tornar-se evidente que o funcionamento familiar de qualidade será um ponto basilar e reforçador do ajustamento positivo, quer a nível emocional, quer comportamental (Fowler, Henry, & Marcal, 2015). Por exemplo, sugere-se que o funcionamento familiar vivenciado de forma desestruturante encontra-se associado a uma diminuição no que concerne ao compromisso escolar das crianças (Livaditis et al., 2003; de Lange, Dronkers, & Wolbers, 2014; Park, 2008), ou à utilização e abuso de substâncias na adolescência (Hemovich & Crano, 2009; Vanassche, Sodermans, Matthijs, & Swicegood, 2014). Por conseguinte, a coesão familiar, o suporte emocional e o entendimento que os adolescentes têm da satisfação familiar diminui a probabilidade de se envolverem em comportamentos autolesivos (Cruz, Narciso, Munoz, Pereira, & Sampaio, 2013). A satisfação familiar é definida como o grau em que os membros da família se sentem realizados uns com os outros (Olson, 2004). Sendo dois constructos que estão intimamente ligados, Vandeleur, Jeanpretre, Perrez, e Schoebi (2009) concluíram, num estudo com tríades de famílias intactas, que índices de coesão elevada e de satisfação com os laços familiares contribuem para o bem-estar emocional dos seus membros. Os autores sugerem, também, que a coesão familiar prediz o bem-estar dos pais e não está associado ao experienciado pelas mães, na mesma medida (tarefas domésticas realizadas), enquanto os adolescentes sentem a coesão como potenciadora do próprio bem-estar. Finalizando a componente satisfação, Rask, Astedt-Kurki, Paavilainen, e Laippala (2003), num estudo que abrangeu 239 famílias (filhos e progenitores), das quais 174 intactas, mencionam que os filhos, nomeadamente os mais velhos, revelam menor satisfação familiar, de uma forma global, concluindo que esse sentimento de satisfação difere de forma significativa quando comparada à dos pais.

Os irmãos e a dinâmica familiar

Neste ponto da revisão da literatura resta-nos abordar a temática de uma das variáveis do nosso estudo: os irmãos. Mais precisamente, verter um olhar sobre a dinâmica familiar e a posição na fratria. Com efeito, há uma vasta literatura a documentar a centralidade na vida familiar do subsistema fraternal e respetivo relacionamento. Importará mencionar que a ligação

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entre os irmãos é, normalmente, a mais extensa ao longo do ciclo vital, em particular no decorrer da infância e adolescência (Fernandes, Alarcão, & Vasconcelos-Raposo, 2007; Stewart,

Verbrugge, & Beilfuss, 1998). Funcionando como um laboratório social, nos primeiros anos de

vida, no qual as crianças aprendem a cooperar, competir, rivalizar e a negociar, transportando essas vivências para o meio circundante (Alarcão, 2015; Minuchin, 1982; Fernandes, 2002; Relvas, 2004). Por exemplo, ao subsistema fraternal exigem-se diversos desafios: dividir a atenção e o afeto dos progenitores, partilhar os espaços da casa e os brinquedos (Fernandes, 2005). Subsistem assim distintos fatores que são tidos em consideração quando se estudam as relações entre irmãos e que gostaríamos de realçar, mais que não fosse, pela pertinência e atualidade: tamanho das fratrias, tipo de irmãos e respetiva interação (Oliveira, 2005), posição na fratria e personalidade (Bleske-Rechek & Kelley, 2014; Fernandes, 2000), ou ainda a violência existente nas relações fraternas (Relva, Fernandes, & Mota, 2013; Relva, Fernandes, Alarcão, & Martins, 2014). Não obstante, num contexto específico de pais com uma doença física, Sui, Wang, Liu, e Wang (2015), verificaram que o facto de ser filho único não diminuía a coesão familiar percebida, potenciava até as atitudes pró-sociais nos rapazes, no entanto, as raparigas com irmãos evidenciavam maiores problemas comportamentais. Anteriormente havia sido verificado, numa amostra longitudinal que acompanhou 354 indivíduos entre os 5 e os 26 anos de idade, que para além dos fatores genéticos, a composição familiar (famílias alargadas e com pais/irmãos depressivos) era uma influência negativa para os irmãos mais novos, na medida em que estes percebem o ambiente familiar como sendo disfuncional, evidenciando-se desta forma uma coesão diminuída (Reinherz, Paradis, Giaconia, Stashwic, & Fitzmaurice, 2003). Numa vertente de análise semelhante, com irmãos adolescentes, primogénitos e secundogénitos, refere-se que um incremento do tempo passado em família (e. g., refeições) convergem em relacionamentos conjugais, parento-filiais e entre irmãos mais ternos e íntimos, sendo que associações positivas entre o tempo passado em conjunto e a satisfação familiar são amplamente consistentes para os filhos mais velhos (Crouter, Head, McHale, & Tucker, 2004). Apesar de todos estes estudos, pensamos que a mensuração empírica da relação entre a coesão, a comunicação, a satisfação familiar e a fratria (ou a sua ausência - filho único), não tem sido suficientemente explorada.

Também em Portugal, os estudos científicos no âmbito da psicologia que têm sido conduzidos numa dupla perspetiva (de pais e filhos adolescentes) e fundamentados em populações normativas, é enriquecedora, embora nos pareça ainda insuficiente. Neves (2011), por exemplo, analisa a diferenciação do self, de pais e filhos, e a perceção do ambiente familiar,

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tendo concluído que existe uma diferença relativamente aos adolescentes na comparação com os adultos, na dimensão fusão com os outros. Por sua vez, numa abordagem qualitativa, Santos (2013) refere que os progenitores apresentam uma conceção social da adolescência baseada no conflito, no entanto, parece que essa conceção contrasta com as próprias vivências familiares. Ambos, pais e filhos, referem que o sexo diferencia a adolescência vivenciada pelos jovens. Embora os progenitores conduzam um discurso igualitário, tendem a incidir numa concessão de maior liberdade em relação aos rapazes e a uma sobreproteção no que respeita às raparigas.

Ou seja, para concluir: os estudos empíricos que se debruçam sobre a coesão, a comunicação e a satisfação familiares, numa dupla perspetiva de pais e filhos, são poucos ou inexistentes, sendo que deste ponto de vista julgamos trilhar um caminho pioneiro. Por outro lado, a componente sociodemográfica, em contexto nacional, revela-se igualmente pouco trabalhada. Mas dado o impacto, como referido anteriormente, que a qualidade do funcionamento familiar, nas suas várias vertentes, parece ter na vida dos membros da família, torna-se relevante perceber que variáveis sociodemográficas poderão ter influência ao nível da coesão, da comunicação e da satisfação familiares. Assim, a presente investigação tem como principal objetivo analisar e comparar, na perspetiva dos filhos e respetivos progenitores, o funcionamento familiar geral, em relação aos constructos supramencionados. Foram ainda elaborados alguns objetivos específicos, na tentativa de responder empiricamente ao espírito investigativo que nos norteia: (a) analisar as associações entre coesão, comunicação e satisfação familiar, dos progenitores e dos filhos; (b) verificar as diferenças ao nível do funcionamento familiar de acordo com as duas diferentes perspetivas (de pais e filhos); (c) analisar as várias dimensões do funcionamento familiar no que concerne às variáveis sociofamiliares, nomeadamente, a idade e o sexo dos filhos, assim como o nível de escolaridade dos pais; e por último (d) verificar se existem diferenças significativas entre o funcionamento familiar e a posição na fratria, incluindo os filhos únicos.

Método Participantes

Neste estudo participaram 320 famílias, das quais 261 são intactas e 59 monoparentais, perfazendo um total de 640 sujeitos. Os progenitores (mãe ou pai) têm idades compreendidas entre 30 e 63 anos (M=43.52; DP= 6.12); os filhos são estudantes, 221 do 3º ciclo (69.1%) e 99 do ensino secundário (30.9%), sendo 121 (37.8%) do sexo masculino e 199 (62.2%) do sexo feminino, e têm idades compreendidas entre os 12 e os 17 anos (M =14.1; DP =1.5).

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Instrumentos

Questionário sociobiográfico (QSB). Adaptado para o estudo em causa do Social

Environment Questionnaire (SEQ), desenvolvido por Toman (1993). No questionário dirigido

aos filhos pretendemos recolher dados alusivos à sua condição pessoal (idade, sexo, nacionalidade, zona de residência, ano de escolaridade e escola que frequenta), bem como do subsistema fraternal (número de irmãos, idade, deficiência e tipo de irmãos). No que respeita aos pais, pretendemos recolher dados respeitantes à condição sociofamiliar (idade, estado civil, agregado familiar, nível educacional e rendimento mensal).

Family Adaptability and Cohesion Evaluation Scale (FACES IV). Foi desenvolvida

por Olson et al. (2006), e adaptada para a língua portuguesa por Rebelo(2008). Este instrumento é composto por 42 itens que permitem avaliar as perceções dos indivíduos acerca do funcionamento familiar em seis dimensões (7 itens por dimensão): a coesão equilibrada (separação versus ligação), a flexibilidade equilibrada (qualidade e expressão da liderança e organização, regras e negociação), e 4 tipos de funcionamento familiar desequilibrado: famílias

desligadas ou emaranhadas (coesão desequilibrada), famílias rígidas ou caóticas

(flexibilidade desequilibrada). Como possibilidades de resposta, os itens/frases da FACES-IV permitem aos indivíduos assinalar o seu grau de concordância com cada uma delas, numa escala de Likert de 5 pontos, desde “discordo” a “concordo fortemente”, realizados para os filhos e respetivos progenitores (mãe ou pai), singularmente. Nesta investigação utilizámos apenas as escalas pertencentes à coesão (equilibrada e desequilibrada). Os alphas de Cronbach para a presente amostra foram: coesão equilibrada filhos = .77; coesão equilibrada pais =.78; coesão desequilibrada desligada filhos = .74; coesão desequilibrada desligada pais = .75; coesão desequilibrada emaranhada filhos =.68; coesão desequilibrada emaranhada pais = .61. As análises fatoriais confirmatórias apresentam índices de ajustamento adequados para os modelos: χ2(24)=74.309; p=.000; Ratio=3.09 filhos/χ2 (23)=61.198; p=.0001; Ratio=2.66. pais; CFI filhos/pais =.92/.95; SRMR filhos/pais =.05/.04; RMSEA filhos/pais = .08/.07.

Family Communication Scale (FCS). A Escala de Comunicação Familiar foi

desenvolvida por Olson e Barnes (2004), engloba 10 itens, e foi Rebelo (2008) que fez a adaptação para a língua portuguesa. Pretende avaliar a comunicação positiva utilizada no sistema marital ou familiar, sendo vista como uma dimensão facilitadora que pode alterar os níveis de coesão e de flexibilidade (Olson & Barnes, 2004). As possibilidades de resposta permitem aos participantes assinalar o grau de concordância com cada uma das frases numa escala de Likert de 5 pontos, desde “discordo” a “concordo fortemente”. Pontuações mais

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elevadas indicam que a família tem uma boa comunicação familiar, em termos adaptativos. O

alpha de Cronbach para a presente amostra foi .91 no que respeita aos filhos, e .86 para os pais.

Em relação à análise fatorial confirmatória confirmam-se índices de ajustamento adequados: para os filhos: χ2(31)=92.566; p=.000; Ratio=2.98; CFI= .96; SRMR= .03; RMSEA= .08, e para os pais χ2(32)=88.598; p=.000; Ratio=2.76; CFI= .95; SRMR=.04; RMSEA= .07.

Family Satisfaction Scale (FSS). A Escala de Satisfação Familiar engloba igualmente

10 itens (Olson, 2004), sendo que a adaptação portuguesa foi levada a cabo por Rebelo (2008). A satisfação familiar é definida como o grau em que os membros da família se sentem felizes e realizados uns com os outros. Este instrumento tem como objetivo avaliar a satisfação em vários aspetos do funcionamento familiar, designadamente a proximidade da família, a flexibilidade e a comunicação. As possibilidades de resposta nesta escala permitem ao participante assinalar o seu grau de satisfação, numa escala de Likert de 5 pontos, que varia entre “muito descontente” e “extremamente satisfeito”. Pontuações mais elevadas nesta escala indicam que os membros estão felizes com a sua família. Por hipótese, espera-se que os sistemas familiares equilibrados tenham uma satisfação familiar significativamente superior à das famílias desequilibradas, e que famílias com alta satisfação familiar tenham uma melhor comunicação, quando comparadas com famílias em que a satisfação é baixa (Olson, 2004). No que respeita a confiabilidade, o valor para a presente amostra revelou-se adequado: .94 para os filhos e .93 para os pais. As análises fatoriais confirmatórias apresentam índices de ajustamento adequado para os modelos: tanto para os filhos: χ2 (31)=106.177; p=.000; Ratio=3.42; CFI = .97; SRMR = .03; RMSEA = .09; como para os pais: χ2 (31)=114.059; p=.000; Ratio= 3.67; CFI = .96; SRMR = .03; RMSEA = .09.

Procedimentos

No sentido de cumprir com as exigências éticas e boas práticas científicas (Pais-Ribeiro, 2010), na realização deste estudo foi solicitado inicialmente, para a recolha da amostra, a autorização aos diretores dos Conselhos Executivos de diversas escolas no Norte de Portugal. Depois da obtenção dos compromissos institucionais, oficializados através de um documento escrito, foi feito um pedido de autorização aos encarregados de educação.

A aplicação dos questionários decorreu em sala de aula, em contexto grupal, durante sensivelmente 30 minutos, iniciando-se o processo com as devidas instruções para o preenchimento dos protocolos e com uma explicação dos objetivos gerais do estudo. Garantimos aos participantes um consentimento informado e esclarecido, sem incentivos, tanto aos pais como aos filhos, o que lhes possibilitou conscientemente decidir, de modo voluntário

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e informado, sobre a sua participação, no presente estudo. A investigação decorreu entre os meses de abril de 2014 e outubro de 2015.

Estratégia de análise de dados

Para a introdução/tratamento dos dados e posterior análise estatística utilizou-se o programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences – IBM SPSS, versão 23.0, sendo que para a realização das propriedades psicométricas dos instrumentos recorremos ao programa

Structural Equation Modeling Software – EQS for Windows, versão 6.3.

Previamente foram verificados todos os questionários, visando excluir aqueles que estavam incompletos ou percetivelmente preenchidos ao acaso. Assim, efetuamos uma limpeza da base de dados, identificando hipotéticos missings e outliers que enviesassem o estudo. Efetuamos a análise aos outliers através da determinação de Zscores e da distância de

Mahalanobis. Esta verificação, por sua vez, conduziu à exclusão de alguns sujeitos. De seguida

testamos a normalidade da amostra, tendo por base o processo de inferência estatística de distribuição normal ou de Gauss.

Sendo assim, quando os valores de Skeweness e Kurtosis se situam entre -1 e 1, a normalidade é garantida, permitindo o recurso a testes paramétricos. Contudo, o recurso a estes testes é igualmente assegurado em virtude do tamanho da amostra, pois à medida que o tamanho da amostra aumenta, a distribuição das médias amostrais tende a seguir uma distribuição normal (Marôco, 2014). Aliás, Marôco (2014) refere que em amostras grandes (superiores a 30) a distribuição da média amostral segue uma distribuição normal. Deste modo, na presente investigação, tornou-se possível a utilização de testes paramétricos.

Posteriormente procedemos à construção das dimensões que constituem cada instrumento, realizando, de seguida, as suas análises psicométricas através do alpha de

Cronbach e das análises fatoriais confirmatórias, com o objetivo de verificar se os itens dos

instrumentos correspondiam às dimensões propostas pelos autores originais. No que concerne a análise dos dados, realizamos correlações de Pearson interescalares visando determinar o grau de associação entre as diferentes perceções da coesão equilibrada e desequilibrada (dimensões desligada e emaranhada), comunicação e satisfação existentes na dinâmica familiar, determinando-se a força da relação entre as variáveis de acordo com as linhas de interpretação de Cohen (1992), onde correlações com valores entre .10 e .29 são baixas, entre .30 e .49 são médias e entre .50 e 1.0 são elevadas.; realizamos t-test para amostras independentes, no sentido de diferenciar em termos de género, e t-test para amostras emparelhadas, para analisar as perceções de pais e filhos, no que diz respeito às variáveis dependentes, onde o d de Cohen é

(34)

considerado como medida de magnitude de efeito, em que o efeito é considerado pequeno se

d.20, médio se d .50 e grande se d .80 (Cohen, 1992). Por último, fizemos análises de variância

multivariada (MANOVAS), no sentido de analisar diferenças significativas entre as variáveis dependentes referidas, o sexo e a idade dos filhos, o nível educacional dos pais e a posição na fratria, com nível de significância de 5% (p≤ .05), sendo que os valores de eta square parcial (

2p) de .01 indicam um efeito pequeno, valores de .06 indicam efeito moderado e valores de .14 indicam um efeito grande (Cohen, 1988). O seguimento de efeitos significativos, quando exigível, efetuou-se através de testes post-hoc para as múltiplas comparações, com recurso ao ajustamento de Scheffé.

Resultados

Análises inferenciais: Associação entre a coesão equilibrada e desequilibrada, comunicação e satisfação familiar, na perspetiva dos filhos e dos pais

Relativamente à coesão equilibrada dos filhos e respetivos progenitores (Tabela 1), verificamos correlações significativas positivas, médias, entre a coesão dos primeiros e a

comunicação familiar dos pais (r =.447, p < .01), assim como a satisfação familiar dos

pais (r = .347, p< .01). No que respeita à coesão equilibrada dos pais, verifica-se uma correlação significativa positiva, média, entre a comunicação familiar dos filhos (r =.410,

p< .01) e a satisfação familiar dos filhos (r=.404; p<.01). Contrariamente, encontraram-se

correlações significativas negativas, médias, entre a coesão desligada dos filhos e a

comunicação familiar (r= -.326, p <0.01) e a satisfação familiar dos pais (r= -.313, p<.01),

bem como uma correlação significativa, ainda que baixa, entre a coesão emaranhada dos filhos e a comunicação familiar (r= .120, p<0.05) e a satisfação familiar dos pais (r= -.113, p<.05). No mesmo sentido, encontra-se uma correlação significativa negativa, média, entre a coesão desligada dos pais e a comunicação familiar (r= -.325, p<.01) e a satisfação

familiar dos filhos (r= -.295, p<.01), assim como uma correlação significativa, baixa, entre

a coesão emaranhada dos pais e a comunicação familiar dos filhos (r= -.120, p<0.05), somente. Constatamos, ainda, uma correlação positiva, elevada, entre a coesão equilibrada dos pais e a comunicação (r= .603, p<0.01) e uma correlação positiva, média, em relação à

satisfação familiar (r= .483, p<0.01) dos próprios pais. Evidenciamos, também, correlações

positivas, elevadas, entre a coesão equilibrada dos filhos e comunicação (r= .723, p<.01) e a satisfação familiar (r= .541, p<.01) dos mesmos.

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Tabela 1

Correlações entre a coesão equilibrada, a coesão desligada e a emaranhada, a comunicação e a satisfação familiar dos filhos e dos pais, médias e desvios padrão

Variáveis 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. FACES IV Filhos 1.Coesão - 2.Desligada -.437 - 3.Emaranhada -.062 .470 - 4. FCS Filhos .723** -.437 -.057 - 5. FSS filhos .541** -.410 -.096 .626 - FACES IV Pais 6. Coesão .443 .-.379 -.165 .410** .404** - 7. Desligada -.326 -.380 -.221 -.325** -.295** -.622 - 8. Emaranhada -.103 .250 .451 -.120* -.088 -.265 .480 - 9. FCS Pais .447** -.326** -.120* .546 .382 .603** -.503 -.214 -10. FSS Pais .347** -.313** -.113* .379 .497 .483** -.484 -.135 .572 - M 26.73 16.34 18.19 37.92 37.83 27.51 15.50 17.78 39.01 36.98 DP 4.11 4.22 3.96 6.73 7.49 3.74 4.04 3.53 5.10 6.65

Nota: **p< .01; *p< .05 Nota: 3 dimensões da FACES = Coesão equilibrada, coesão desligada, coesão emaranhada; M = Média; DP = Desvio-padrão; FCS= Family Communication Scale; FSS = Family Satisfaction Scale.

Análise diferencial das dimensões do funcionamento familiar, comunicação e satisfação dos filhos, em função do sexo dos adolescentes

Para analisar a diferença entre a coesão equilibrada e desequilibrada, comunicação e satisfação familiar, em função do sexo dos adolescentes, realizou-se um t-test para amostras independentes. Os resultados obtidos através dessa análise estatística (Tabela 2) permitiram verificar diferenças significativas ao nível da coesão emaranhada [t(318)= -3.068; p= .002; d= -0.34], com IC 95% [-2.27, -.49], sendo que no sexo masculino (M=19.05, DP=3.83) verificam-se valores superiores no constructo referido comparativamente ao verificam-sexo feminino (M=17.67,

DP=3.96). De igual modo, confirmam-se diferenças significativas, na dimensão comunicação

familiar [t(318)= 2.010; p= .045; d= 0.22], com IC 95% [.033, 3.07], onde as raparigas

(M=38.51, DP=7.09) evidenciam níveis mais elevados de comunicação familiar comparativamente aos rapazes (M=36.95, DP=6.00).

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Tabela 2

Análise diferencial do funcionamento familiar, comunicação e satisfação dos filhos,em função do sexo dos adolescentes

Dimensões Sexo M±DP IC 95%

Direção das diferenças significativas Coesão equilibrada 1 – Feminino

2 – Masculino

26.93±4.18 26.39±3.98

[-.38, 1.47] n. s.

Coesão desligada 1 – Feminino 2 – Masculino

16.21 ±4.04 16.56 ±4.50

[-1.30, .60] n. s.

Coesão emaranhada 1 – Feminino 2 – Masculino 17.67 ±3.96 19.05 ±3.83 [-2.27, -.49] 1<2 FCS 1 – Feminino 2 – Masculino 38.51 ±7.09 36.95 ±6.00 [.033, 3.07] 1>2 FSS 1 – Feminino 2 – Masculino 37.89 ±7.89 37.72 ±6.83 [-1.53, 1.87] n. s.

Nota: 3 dimensões da FACES = Coesão equilibrada, coesão desligada, coesão emaranhada; FCS= Family

Communication Scale; FSS = Family Satisfaction Scale;M = Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de

Confiança a 95%. N = 320.

Análise diferencial das dimensões da coesão, comunicação e satisfação familiares, em função da perspetiva dos filhos e dos progenitores

Visando analisar as diferenças no que respeita às dimensões familiares, comunicação e satisfação familiar, comparando a perspetiva dos filhos e dos pais (Tabela 3), realizou-se um t-test para amostras emparelhadas. Os resultados obtidos através desta análise estatística permitiram verificar diferenças significativas entre os adolescentes e os progenitores na variável

coesão equilibrada [t(319)= -3.346; p=.001; d= -0.19], com IC 95% [-1.23, -.32], sendo que

os pais (M=27.51, DP=3.74) evidenciam valores médios superiores comparativamente aos adolescentes (M=26.73, DP=4.11). Na dimensão coesão desligada, encontramos diferenças significativas, em sentido inverso, entre filhos e pais [t(319)= 3.278; p=.001; d= 0.20], com IC 95% [.33, 1.35], onde os jovens (M=16.34, DP=4.22) apresentam uma média mais elevada comparativamente aos pais (M=15.50, DP=4.04). Ainda no que respeita à escala comunicação

familiar destacaramse diferenças significativas entre os grupos [t(319)= 3.343; p=.001; d=

-0.18], com IC 95% [-1.72, -.44], na qual a média dos pais (M=39.01, DP=5.10) é superior à dos filhos (M=37.92, DP=6.73). De igual modo, em relação à escala de satisfação familiar, constatamos a existência de diferenças significativas entre os adolescentes e os progenitores [t(319)= 2.138; p=.033; d= 0.12], com IC 95% [.068, 1.63], na qual os primeiros revelam uma média superior (M=37.83, DP=6.65) comparativamente aos segundos (M=36.98, DP=6.65).

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Tabela 3

Análise diferencial da coesão, comunicação e satisfação familiares,em função da perspetiva dos adolescentes e dos progenitores

Dimensões Filhos/Pais M±DP IC 95%

Direção das diferenças significativas Coesão equilibrada 1 – Filhos

2 – Pais

26.73±4.11 27.51±3.74

[-1.23, -.32] 1<2 Coesão desligada 1 – Filhos

2 – Pais

16.34±4.22 15.50±4.04

[.337, 1.35] 1>2 Coesão emaranhada 1 – Filhos

2 – Pais 18.19 ±3.96 17.78 ±3.53 [-.02, -.843] n. s. FCS 1 – Filhos 2 – Pais 37.92 ±6.73 39.01±5.10 [-1.72, -.44] 1<2 FSS 1 – Filhos 2 – Pais 37.83±7.49 36.98±6.65 [.068, 1.63] 1>2

Nota: 3 dimensões da FACES = Coesão equilibrada, coesão desligada, coesão emaranhada; FCS= Family

Communication Scale; FSS = Family Satisfaction Scale; M = Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de

Confiança a 95%. N = 640.

Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos pais, em função do nível escolar

No sentido de verificar em que medida a coesão equilibrada e desequilibrada, a comunicação e a satisfação familiar, dos pais, varia em função do nível escolar (Tabela 4), foram criados três grupos de escolaridade (do 1º ciclo ao 3º ciclo do ensino básico, ensino secundário e ensino universitário) e realizada uma análise de variância multivariada (MANOVA). De acordo com os resultados observados, verificou-se que existem diferenças significativas nas variáveis dependentes em função do nível escolar [F(10,626)=3.561; p=.000;

Wilks λ = .895;

2p = .054]. Destacaram-se, desta forma, diferenças entre os grupos no que respeita à coesão equilibrada [F(2,317)=9.127; p=.000,



2p =.054], com IC 95% [27.83, 28.24], onde as comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, indicaram que os pais com o ensino superior (M=29.17, DP=3.04) apresentam uma média superior de coesão equilibrada comparativamente aos pais com o ensino básico (M= 26.94, SD=3.54) e aos pais com o ensino secundário (M= 27.32, DP= 4.25), sendo ambas significativas. Em relação à

coesão desligada [F(2,317)=9.402; p=.001,

2p =.056], com IC 95% [14.67, 15.61], através das comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, indicaram que os pais com o ensino básico (M= 16.21, DP=3.72) apresentam uma média superior comparativamente aos pais

(38)

com o ensino secundário (M=15.47, DP=4.56) e superior (M=13.74, DP=3.59), sendo que observamos diferenças significativas entre os três grupos enunciados, especificamente na comparação entre o grupo ensino básico e o superior e entre os grupos ensino secundário e superior. O mesmo aconteceu com a coesão emaranhada [F(2,317)=7.498; p=.001,

2

p

=.045], com IC 95% [17.14, 17.96], em que as comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, indicaram que os pais que realizaram o ensino básico (M=18.18, DP=3.38) evidenciaram uma média superior comparativamente aos pais com o ensino secundário (M=18.15, DP=3.77) e o superior (M=16.32, DP=3.25), verificando-se diferenças significativas à semelhança da variável anterior. Encontrou-se, igualmente, uma diferença significativa entre os grupos, na variávelsatisfaçãofamiliar[F(2,317)=4.950; p= .002,

2

p =.030], com IC 95% [36.66, 38.22], onde as comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, evidenciaram que os pais com o ensino superior (M=38.59, DP=6.20) apresentam uma média mais elevada comparativamente aos pais com o ensino básico (M=35.91, DP=6.70), e ensino secundário (M=37.82, DP=6.58), apresentando-se diferenças significativas em relação ao primeiro e segundo grupos referidos.

Tabela 4

Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos pais, em função do nível escolar

Dimensões Nível escolar M±DP IC 95%

Direção das diferenças significativas Coesão equilibrada 1- básico 2- secundário 26.94±3.54 27.32±4.25 [26.38, 27.49] [26.54, 28.11] 1<2<3 3- superior 29.17±3.04 [28.30, 30.05] Coesão desligada 1- básico 2- secundário 16.21±3.72 15.47±4.56 [15.61, 16.81] [14.63, 16.31] 1>2>3 3- superior 13.74±3.59 [12.79, 14.69] Coesão emaranhada 1- básico 2- secundário 18.18±3.38 18.15±3.77 [17.65, 18.71] [17.41, 18.89] 1>2>3 3- superior 16.32±3.25 [15.49, 17.16] FCS 1- básico 2- secundário 38.70±4.90 38.76±5.46 [37.93, 39.47] [37.67, 39.85] n. s. 3- superior 40.10±5.01 [38.88, 41.32] FSS 1- básico 2- secundário 35.91±6.70 37.82±6.58 [34.89, 36.92] [37.17, 39.29] 1<2<3 3- superior 38.59±6.20 [37.01, 40.17]

Nota: 3 dimensões da FACES = Coesão equilibrada, coesão desligada, coesão emaranhada; FCS= Family

Communication Scale; FSS = Family Satisfaction Scale; M = Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de

(39)

Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos filhos, em função da idade

No sentido de verificar em que medida as dimensões familiares da coesão equilibrada e desequilibrada, comunicação e satisfação familiar varia em função da idade (Tabela 5), foram criados dois grupos etários (dos 12 aos 14 anos e dos 15 aos 17 anos) e realizada uma análise de variância multivariada (MANOVA). Os resultados revelaram que existem diferenças significativas, em função da idade dos adolescentes [F(5,314)=3.238; p= .007, Wilkis λ = .951,

2

p =.049]. Numa análise mais detalhada, destacaram-se diferenças significativas entre os grupos, no que respeita a satisfação familiar [F(1,318)=10.382; p=.001,

2

p =.032], com IC 95% [36.60, 38.29], sendo que os adolescentes com idades compreendidas entre os 12 e os 14 anos (M=38.83, DP=7.55) apresentam uma média superior de satisfação familiar comparativamente aos adolescentes com idades entre os 15 e os 17 anos (M=36.06, DP=7.10). Tabela 5

Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos filhos, em função da idade

Dimensões Grupos de idades M±DP IC 95%

Direção das diferenças significativas Coesão equilibrada 1–12 aos 14 anos

2–15 aos 17 anos 26.75±4.02 26.70±4.27 [26.18, 27.31] [25.95, 27.45] n. s. Coesão desligada 1–12 aos 14 anos

2–15 aos 17 anos 16.40±4.36 16.23±3.98 [15.82, 16.98] [15.46, 17.00] n. s. Coesão emaranhada 1–12 aos 14 anos

2–15 aos 17 anos 18.24±4.17 18.11±3.58 [17.69, 18.79] [17.38, 18.83] n. s. FCS 1–12 aos 14 anos 2–15 aos 17 anos 38.24±6.71 37.36±6.75 [37.31, 39.17] [36.13, 38.59] n. s. FSS 1–12 aos 14 anos 2–15 aos 17 anos 38.83±7.55 36.06±7.10 [37.82, 39.85] [34.71, 37.41] 1>2

Nota: 3 dimensões da FACES = Coesão equilibrada, coesão desligada, coesão emaranhada; FCS= Family

Communication Scale; FSS = Family Satisfaction Scale; M = Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de

Confiança a 95%;. N = 320.

Análises diferenciais da coesão, da comunicação e da satisfação familiares dos filhos, em função da posição na fratria

Visando averiguar as diferenças nas dimensões do funcionamento familiar, comunicação e satisfação familiar dos adolescentes, em função da posição na fratria (Tabela 6), realizaram-se análises de variância multivariada (MANOVA). Os resultados revelaram a existência de diferenças significativas nas dimensões do funcionamento familiar em função da

posição na fratria [F(15,861)1.741; p=.039,

2

(40)

diferenças entre os grupos, no que respeita às dimensões da coesão desequilibrada. Sendo que, na coesão desligada [F(3,316)=6.377; p=.001,

2

p =.057], com IC 95% [15.95, 17.07], as comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, indicaram que os irmãos mais novos (M=17.21, DP=4.21) apresentaram uma média superior comparativamente aos mais velhos (M=15.76, DP=3.92) e aos filhos únicos (M=14.93, DP=3.38), às quais correspondem diferenças significativas entre os grupos. Especificamente entre os irmãos mais novos e os irmãos mais velhos e filhos únicos. Verificaram-se, também, valores significativos na variável

coesão emaranhada [F(3,316)=4.202; p=.006,

2p =.038], com IC 95%, [17.42, 18.80], onde as comparações post-hoc, de acordo com o teste de Scheffé, mostraram que os filhos mais novos (M=18.91, DP=3.86) apresentam uma média superior comparativamente aos filhos únicos (M=17.06, DP=3.47), sendo esta significativa.

Tabela 6

Análises diferenciais das dimensões do funcionamento familiar, comunicação e satisfação familiar dos adolescentes, em função da posição na fratria

Dimensões Grupos posição na fratria M±DP IC 95% Direção das diferenças significativas Coesão equilibrada

1- irmão mais novo 2- irmão do meio

26.24±3.67 26.30±3.22

[25.51, 26.96]

[24.63, 27.98] n. s. 3- irmão mais velho 26.86±4.35 [26.10, 27.62]

4- filho único 27.66±4.67 [26.62, 28.70] Coesão desligada

1- irmão mais novo 2- irmão do meio

17.21±4.21 18.13 ±5.94

[16.49, 17.94]

[16.44, 19.82] 1<2>3>4 3- irmão mais velho 15.76 ±3.92 [15.00, 16.53]

4- filho único 14.93±3.38 [13.88, 15.98] Coesão emaranhada

1- irmão mais novo 2- irmão do meio

18.91±3.86 19.34±5.80

[18.22, 19.61]

[17.74, 20.95] 1<2>3<4 3- irmão mais velho 17.76 ±3.69 [17.04, 18.49]

4- filho único 17.06±3.47 [16.07, 18.05] Comunicação

familiar

1- irmão mais novo 2- irmão do meio

37.29 ±5.68 37.65 ±7.46

[36.11, 38.48]

[34.89, 40.41] n. s. 3- irmão mais velho 37.92±7.41 [36.67, 39.16]

4- filho único 39.33±7.06 [37.62, 41.04] Satisfação familiar

1- irmão mais novo 2- irmão do meio

37.36±6.73 36.95 ±7.76

[36.03, 38.69]

[33.87, 40.04] n. s. 3- irmão mais velho 38.32±7.91 [36.93, 39.71]

4- filho único 38.21±8.15 [36.30, 40.12]

Nota: 3 dimensões da FACES = coesão equilibrada, coesão desligada e coesão emaranhada; FCS= Family

Communication Scale; FSS= Family Satisfaction Scale; M = Média; DP = Desvio-padrão; IC 95% = Intervalo de

Imagem

Figura 2. Análise Confirmatória de 1ª Ordem da Escala de Coesão Pais
Figura 3. Análise confirmatória de 1ª ordem da Escala de Comunicação Familiar  (FCS) Filhos
Figura 4. Análise confirmatória de 1ª ordem da Escala de Comunicação Familiar  (FCS) pais
Figure X: EQS 6 base_de_dados_320 - cópia.eds Chi Sq.=106.18 P=0.00 CFI=0.97 RMSEA=0.09
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