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ÍABORDÁGEIX/I
SOBRE
A
REALIDADE BE
DOAÇÃO
E
O
ABÀNnâøN¿o
DE
CRIANÇAS
TRABALHO
BE
CONCLUSÃO
DE
CURSO
Apresentado
ao
depa1'tam.ento
de
Sewšço
Sôciâ! cia Un_š.ve1'sidz1de
Federal
de
Santa
Catarina para
G'ÍJtenç.â0da
Títulode
AssistenteSoétíal paira âcâsáêrnšczz
SILVIA
GONÇALVES
Em
especial àscrianças
emães,
aquem
espero terrespeitado
o
suficiente paranao
transforma-las
apenas
em
objetos deA
Deus.Aos meus
familiares c amigos,mesmo
aqueles
que na
distância se tizeram presentes, por vocês teremparticipado
comigo
em
tantosmomentos,
por teremcompreendido
asminhas
dificuldades e por terem, sobretuddo,em mim
acreditado. ._
A
Professora Luziele Tapajós aquem
devo
minha
orientação.A
_
* -
A
Fátima, supervisora de estágio.Ao
Dr Dimas
C. Waltrick pela pacientedigitação desse
TCC,
minha
inestimável gratidão.A
Sra. Matildesdo Nascimento
e SilviaKnabben,
membros
da banca
eëzaminadora,meu
sinceroobrigado. L
-
Aos
colegas
de
curso,em
consideração àLuciana, Rita e
Suzane
que a com-'i\'ência nostomou
amigas,os
momentos
dc
ansiedade e angustia ficarão namemória,
mas
uma
epidemiade doenças
mentais,neuroses, ódio, alcoolismo,
abuso de
drogas, violência e perturbação social
certamente ocorrerá.
O
valor pessoalnão
é algoque
os sereshumanos
podem
terou
deixarde
lado. Precisamos dele, equando
está forado
nosso alcance, todomundo
sofre”.Dedicató ria ... ._
Agradeci mentos. .. . .. ... ..
Introdução ... _. 7
CAPÍTULO
I. :Oabandono
na sociedade.1.1 -
Doação
eabandono
-Esboço
Histórico ... _. ll1.2 -
A
legislação eo
Abandono
... .. 161.3 - Violência contra crianças ... ...'24
1.3.1. -
O
izráficode
crianças ... ..27cAPíTU1,o
iiA
Realidadeda doação de
criançasna
Rede
I-Iospitalarde
Florianópolis.
H
2.1 -
O
processoda doação no
Hospital Regionalde
São
José-..31_ 2.2 -Determinantes da doação de
crianças na rede l1ospitalar...36 2.3 -Procedimentos Metodológico
... ..46AN
E
X
O
S.; ... ..54~ _
CONSIDERAÇOES
FINAIS
... ..33A
idéia desse trabalho surgiuda
reflexãoda
experiência práticadesenvolvida
como
estágiono
serviço socialdo
Hospital RegionalHomero
de
Miranda
Gomes
de
São
José.A
preocupação
em
abordar e aprofundar esse tema, ocorreuda
alta incidência
de
parturientes (mães)que querem
doar seus neonatos(filhos). .
Frente aos
problemas
apresentados e a ausênciade
pesquisasobre
o
assunto senti a necessidadede
desenvolveruma
investigaçãosobre a
doação de
crianças,no
Hospital Regional deSão
José eda
redehospitalar
de
Florianópolis.'
Esta pesquisa poderá contribuir para
uma
nova
visão frente àdoação
e seus determinantes, subsidiando o trabalho dos assistentes sociaisque
desenvolvem
seu trabalho nesta área. 'A
intenção, portanto,não
é julgarnem
mesmo
determinarcom
exatidão as atividades das
mães
doadoras,mas
simuma
reflexão sobreos determinantes
mais
comuns
nas situaçõesde
doação,que
consequentemente nos
remete auma
ligação sobre a questãodo
abandono
poisum
não
está isoladodo
outro, ao contrário,há
acorrelação
dos
fatos.Assim, não
podemos
estudar otema
doação
sem
citar
a
situaçãodo abandono
de menores, infância, leis e crianças vítimasde
violência./Diversas
são as causasque
levam asmães
a se desfazerem de seusfilhos.
E
de
salientar que, dentrodo
conjuntode
nascimentosque
sedão
neste contexto,
há
algunsque derivam de
uniões consensuaisestruturadas, outros
que
se originamem
uniõesde
precária estabilidade,bem
como,
aquelesque
seproduzem
fora deuma
familia constituídacomo
resultadode
uma
relação passageira;mães
que recém
se iniciaramna
adolescência.As
vezes a futuramãe
não
tem
relações estáveis,ou
semi estáveis
com
membros
do
sexo oposto, pelo contrário, a gravides éproduto das
situaçõesmais
Sórdidas eque
resultamda
desorganização,aglomeração da pobreza
crítica que,contribuem
àmanutenção
dessecomportamento
reprodutivo../'IA
falta de interesse por partedo
Governo
com
apopulação
desfavoreizida,tem
gerado odesemprego
eo
aumento
cada
vezmaior de
números
de pessoassem
condições de 'subsistência ede
uma
vida digna.Segundo
aAssembléia
Geralda
OEA.
(art. 5-da
Constituição Federal).
“Toda
pessoa, e especialmente toda criança,tem
direito auma
família e à estabilidadeda
instituição familiar”.Porém,
esse direito fundamental vê-se constantemente
ameaçado
na América
Latina,
por
diversas forças desintegradoras, entre as quaispodemos
salientar a pobreza
em
que vivem enormes
setoresda população
latino- americana.Calcula-se
que aproximadamente
40
milhõesde
crianças,menores
de
seisanos vivem
em
condiçõesde pobreza
absoluta.Sem
dúvida, muitas dessas crianças serão vítimas
do
descuido eou do
abandono, condenadas
apassarem
toda,ou
grande partede
sua infância ejuventude
em
lares desorganizados,na
ruaou
em
instituições deproteção. Essas condições desfavoráveis ficam
mais
acentuadascom
a
falta de
um
programa de
controlede
natalidade,que
resultano
aumento
da
população
e por conseqüência,mais
miséria.Com
o
aumento
da
população
em
ritmo acelerado, as famílias de baixa renda estãocada
vezmais
sem
condiçõesde
sobrevivência, estas famílias são asque
geralmente
possuem
omaior
número
de
filhos.Não
tendo
como
sobreviver lhes restam
como
altemativao
abandono
de
seus filhos paraa
'ix
Porém,
para a maioria, deixar
o
filho àadoção
é algomuito
dificil e doloroso.
Mesmo
sem
condições financeiras, a entrega definitivade
um
filho é muitas vezes difícil,ficando sem
saber se a atitudemais
correta de
demonstrar
amor
é ficarcom
a criança,mesmo
não
tendocondições,
ou
doar aquem
possa cria-la dignamente.Além
disso, existetambém
omedo
de
se arrependerapós
adoação do
filho, assimcomo
receio
da
discriminação e críticas, tanto pelos parentes,como
pelasociedade, pelo seu gesto. _
Por
outro lado, as pessoasque procuram
a justiçada
infância eda
juventude paraadotarem
um
filho,o fazem
pornão conseguirem
terfilhos naturais
ou
pela necessidade de “salvar” o casamento, entre outros motivos.A
vidatem
fatos incríveis.A
tristeza de alguns é alegria deCAPÍTULO
11.1
DOAÇÃO
E
ABANDONO
-BREVE
ESBOÇO
Concomitante
à percepçãodo
abandono,como
problema, tem-sea.
percepção
do abandono
como
um- fato moral e social que se manifestaà consciência por oposição à sociedade, à maternidade e à
humanidade.
A
palavraabandono
apresenta múltiplos significados.Eu
abandono
uma
idéiaou
um
carro, aband-onou-me a sorteou
a inspiração,um
terrenopode
ficarabandonado
por seu agricultor,ou
aquele velhotem
um
apartamento abandonado,
etc.Pode
seruma
renúnciaou
uma
desistência,
um
voltar as costas e partir para longeou
um
estar presente e ignorar,uma
incompetência,um
desprezo,um
desleixo,um
ato,um
sentimento.
Até
aqui oabandono
é algoque
se praticaou que
se sofre.E
algo
que
fazou
algoque
nos é feito.Tratando-se
de
criança, elapode
ter sidoabandonada
pela mãe,ou por
aquelesque
dela cuidavam.No
caso damãe
pode
serum
ato, ruptura fisicamente. Variano
tempo
eno
espaço, isto é, omesmo
abandono
toma
formas
e significados proprios nas suas diferentesdeterminações.
,-O
abandono
de
crianças é certamente tão antigo quanto a própriahumanidade.
Não
surgiu,nem
tãopouco
constituium
traço característicodas
modernas
estruturas sociais.E
um
fenômeno
comum
a
todos ostempos
e lugares.H
Por
outro lado,embora
seja certo que ofenômeno
do
abandono
de
crianças émais
intenso e acentuadoquando
eclodem
grandescatástrofes e crises sociais,
porém
temos de
concluir pela sua presença constantemesmo em
momentos
sociais demaior
estabilidade.`
As
lendas e mitos dahumanidade
estão cheias de situaçõesde
crianças
abandonadas,
por terem nascido fora deum
contextomatrimonial e por constituírem
uma
dificuldade para a vivência socialdos
pais, eque
sendo
recolhidos por outros casaisque
aseducam
eUm
exemplo
é Moisés,Rômulo
eRemo,
A
dos povos
atravésde
seus diretos escritos, atestacom
clarezao
fenômeno
do
abandono.
"Em
alguns casoscomo
no
tempo
do imperador
romano
Justiniano,
foram
criadas leis de proteção direta às criançasabandonadas
e criadas instituições para
o
acolhimento e proteção dosmembros
sem
amparo.No
séculoXIX,
com
o
advento das idéias liberaisque
trouxeramconsigo
uma
concepção
de Estado,imprimindo
uma
maior
responsabilização destes
nos problemas da
assistência, observa-se acriação»
de
instituições e organizaçõesde
sistema de proteção aosmenores. -
'No
entanto, só a partirdo
fim da I guerra mundial,em
1918, seimplem.entam
com
maior
intensidade e' urgência,medidas não
sójurídicas
de
proteção e defesa das crianças, face a intermináxfcl legião deórfãos
abandonados.
vitimasdo
conflito bélico.,
Em
diversos países são desenvolvidas políticas decombate ao
abandono
de crianças, através demedidas
jurídicas penais, porum
lado, e por outro,de programas de
proteção e apoio à mãe, eem
especial àmãe
solteira.Como
amaior
parte das questões relacionadas à iin'Íu.1cia, aadoção
se inscrevenuma
redecomplexa
de implicações tanto jurídicascomo
afetivas,de
motivação,muito
diversas sobre as quaiso meio
social. a cultura e a própria vivência familiarexercem
profunda influência.E
para
que
ela sejacompreendida,
aadoção não pode
ser dissociadadaquilo
que
a antecede àdoação ou abandono.
Como
definirum
abandono
num
paisonde mais
de 1./3 dapopulação está
condenada
à sua cidadania? (Freire, Fernando.Abandono
e adoção. pag. 7 ).
`
*É
O
abandono
que fica
no
privadodo âmbito do
lar (ou
saindo) _.não
vaimuito
longe.Não
ofereceproblemas enquanto
tal,no
imediatodo
seu acontecer.
As
conseqüências sociaisaparecem
mais tarde,não
se in\z'esteem
hospi.tai.s, prisões.emergências
para toxico-dependentes eindustriasde
alarme
e portasde
açoo que não
se investiuem
educação
sexual, consultasde
planejamento familiar, creches. habitações habitáveis.TO
problema do
abandono
éo desamparo
da infância.O
abandono
éuma
ameaça
ao
social, ele aparececomo
um
atode
destruição,
mas
étambém
uma
ameaça
ao
indivíduocomo
filho.-
+A
ideologia.da
maternidade Vivida. nos nossos dias e nascidacom
a
sociedade burguesa, confere à. todas as mulheres e acada
uma
que
concebe
uma
criança a faculdade “natural” deamar
sem
restrições, edela cuidar .
O
ideológico e o sensocomum
imperam
nestaarea
como
aliasem
todasque
à mulher dizem
respeito..Como
as d.‹m3.gde
zaga., asagricultoras
sem
salários, as ajudantes familiares, as prostitutas,não
sãovalorizadas
por
seus trabalhos,mas
sim,como
um
ato naturalde
mulher.As
mães
também
são invisíveis.As
que
recusam este destino biológico esocial são consideradas
excepções
e recebem o rótulode
anormais eestranhas.
Mas
como
, rotularuma
mãe
de cinco filhosque
está sob aameaça
de
despejodo
barraco cujo contrato reza não ter crianças eque
quer interna-la para
poder
trabalhar.4. Portanto,
como
aplicar conceitos que caracterizam a situação deabandono,
carê-nciaou
privação a esses indivíduosou grupos que
seencontram
numa
sub-condição de vida e que são atémesmo
considerados pelas políticas sociais
como
estandonuma
situação derisco. Al:›ordar então o tc-ma
abandono
não é tarefa fácil.*Torna-se
aindamais
dificil falardo
ternaabandono.
num
paíscomo
o Brasilonde
grande parte da populaçãopode
ser considerada“Abandonada
pelo Estado”.No
Brasil ternos45
milhões de crianças carentes e 8 milhões deabandonados
_Cerca
de60%
das crianças brasileirascom
menos
deum
ano
de idadevivem
em
casassem
condições adequada.sde saneamento
básico (Jornal
Folha
deSP.
- l.2/'10/91.).Viyemosnum
paísonde
oassassinato
de
criançasnão
mobiliza a sociedade. (Extermínio decrianças
da
Candelária - Folhade
SP.
e Revista Veja).Onde
existem.500
milmenores
prostitutas e a prostituiçãocomeça
aos 8anos
de idadenozRio
Grande do
Norte.Onde
criançasfazem
das ruas seus lares, e dosagenciadores seus parentes.
Um
paisonde
em
cada esquinatemos
crianças coladasna
portado
vidrodo nosso
carro,com
olhares vazios repetindomecanicamente
“me
dá
um
di_i1.h.eirinlio tio”, “e pracomprar
leite”,“compra
um
amendoim
tia, só pra ajudar”.O
Brasiltem
150
milhões de habitantes, estima-se quemais
de800
milmeninos
emeninas
saem
às ruas todos os dias para ajudarno
sustento
da
família. (Revista Veja, 29/05/91 ).t
Temos
ainda criançasmais
revoltadascom
omundo
ecom
anossa recusa,
que Xingam, cospem,
passam
gilete no- rosto,pensamos
que
elesnasceram
intrinsecamentemaus,
0que pode
até acabarcom
0nosso
suposto sentimento de culpa.Segundo
depoimentos do
relatório final daCPI
destinada ainvestigar o extermínio de crianças e adolescentes
no
Brasil,foram
assassinados 4.611meninos
nos
últimos 3 anos,52%.por arma
de fogo.São
4,2 assassina.tos por dia (*2).Estamos
num
paísonde
o própriosistema para proteção dos indivíduos viola a lei... Policiais civis e
militares são
também
responsáveis por exploração,abuso
sexual, eviol`ênci_a contra
meninas que
estão na rua (Jornal Folha deSP.
- RevistaVeja. Holocausto, pag. 66, 75). Dificilmente para-se para pensar
no
sistema
que
produziu tais crianças.Psicólogos e profissionais afins
sabem
da importância deuma
faniíl-ia' e deum
lar protetor para o desenvolvimento deuma
personabdade
forte. Pode-se pensarcomo
essa criança reage à mídiacom
suas ofertas maravilliosas de brinquedos coloridos e comidas. Essascrianças provavelmente
não
comem
nada
disso, e apenas vestem roupasusadas vindo de
doações da
comunidade
( Artigo:.,`Ad.oção en terre desliommes
). .Sem
dúvida
essas crianças são privadas de seu espaço subjetivo,dos seus conteúdos individuais,
da
realidade dos vínculos afetivos.São
despojadas de experiências sócio psicológicas.
São abandonadas
mesmo
quando
suas familias osdeixam
nas instituições“Só
poralgum
tempo”.Voltando ao tema
dadoação, quando
a criançanão
vai paraadoção, é colocada
em
uma
instituição, muitas vezes perde sua família.š
4... ,~.'
, .
Com
todo
processode
democratizaçãodo
Estado,da
procura dospais biológicos, e provavelmente perdeu a oportunidade de ser adotada,
de
construiruma
nova
família enovos
vínculos. Permanecerão, então,até os dezoito
anos
na instituição, vivendonuma
realidade totalmenteaitificial e afetivamente carente. Assim, o conceito “imediato “ de
abandono, o
seuenquadramento
jurídico, institucional emesmo
natural, nos permiteuma
melhor compreensão da doação
nos seus aspectoshistóricos, religioso, sócio-político, e sócio econômico,
bem
como
o
levantamento
de
quem, está envolvido e acompreensão
da natureza erepercussão desse envolvimento,
que
é-social, individual- institucional: amulher
e a sua rede, a criança, a instituição e os mediadores.Então ao estudarmos
otema
doação,não
podemos
ignorar o fatorabandono,
jáque
esse é a ruptura entre a criança e 'amãe
biológica,ruptura
no
sentidode
separação.Ao
fazermosuma
análisepodemos
considerar
que
adoação de
crianças éuma
forma
deabandono.
Poisdesses
menores
abandonados,
muitos sãorecem
nascidos, cujo processode adoção
inicia nas próprias maternidades.O
que
noschama
a atençãoé o
número
de
mães
que deixam
seus filhos para adoção.1.2
A
LEGISLAÇÃO
E
O
ABANDONO
A
leinão
defme
de forma
exata 0“abandono”
e essa imprecisãotalvez dificulte a caracterização dos vínculos familiares. Pode-se supor o
abandono quando
inexistem condiçõeseconômicas
para a criaçãoda
criança,
ou
quando
inexistem condições de relacionamento afetivo,ou
quando
existe, de fato, separação de corpos,maus
tratos.Deve-se
também
pensarno
outro ladoda
moeda,
aquele ladoobscuro do
qual a ciência aindanão deu
conta totalmente.O
ladoque
fala
de
maus
tratos, negl.i.gência.,, espancaniento da criança torturada,abuso
sexual pelos próprios pais das crianças.Existem
casos de pais alcoólatras,mães
prostitutas, presidiários, internosem
hospitaispsiquiátricos, etc.
O
que
fazercom
crianças provaveli.nen.te frutosde
momentos
efêmeros de falta de lucidez,quem
é 0 responsável?Asquestões não
são simples e muitomenos
as soluções,que
devem
repassar por
um
conliecimentoacadêmico
e técnico multidisciplinar,onde
se possa pensar nosinúmeros
aspectos determinantes de cadauma
~
das
situaçoes.“A
possibilidadede adoção
pela criança, enão
pelaimpossibilidade de ter filhos deveria ser veiculada
em
todos osmeios
através
de
urna.ponderação de cunho
tilosófico, psicológico e espiritual.Mostrar
intensamente a vida das criançasabandonadas
em
orf-anatos, cornomeio
determinantede
futuras vidas marginalizadas. Mostrar. deforma. inteligível, a teoria
do
apego, eda
necessidadede
uma
criança. terum
lar, e pessoas seguras para conviver. Ressaltarque
o laço sangüíneonão
é absolutaniente necessario para no envolvimento afetivo. Enfatizar asaltas possibil.ida.des
de
crianças abandonadas, esem
vínculos afetivosfortes, entrarem para
o
caminho
da marginalização.” (Cidia Natalia D.Sem
dúvida, a institucionalização,ou
mesmo
a mãe,não
É amelhor
saída.Toda
criança deve ter o direito a urna família.O
estadodeve
sero grande
responsável por abrigar crianças,que
por todos osmotivos já citados, -estejam privados
de
suas famílias biológicas.“Abrigar”
não
significa necessariamente institucionalizar.Pode
significar encontrar lares substitutos, “pais adotivos” , enfim, «criar condiçõesfamiliares para crianças destituídas de lar e família.
Na
tentativade
garantirà
criança seus direitos fundamentais, foiaprovado
em
13.07.90 a lei n-8069
que
dispõe sobre o “Estatutoda
criança e
do
adolescente”o
qual rezaem
seu artigo 3- das disposiçõespreliminares,
que
: a criança eo
adolescentegozam
de todos osdireitos
fundamentais
inerentes à pessoahumana,
sem
prejuízoda
proteção integral
de que
trata esta lei, assegutando-se-lltes, por lei,ou
por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a
fim
de lhesfacultar o
desenvolvimento
fisico, mental, moral espiritual e social,em
condições
de
liberdade e dignidade.”Mas,
infelizmente,de
uma
maneira geral,quando
crianças sãoabandonadas,
pelos pais,ou
colocadasem
instituições e lá esquecidas, pois amaioria das crianças
não
recebem
nenhuma
visitaou
vínculo, criança e família.Mesmo
assim só alguns casos são destituídos de tutela lega.As
demais
apesarde
estaremabandonadas de
fato,não
gozam
do
direitode
adoção,uma
vezque
seus pais biológicos aindatêm
direitos legais sobre elas.Devido
à burocraciaou
descaso das autoridades responsaveis por taissituações (Í e talvez até
deseonheçam)
, as crianças estão roubadasem
seus“direitos
mais
bá.sicos".H
O
Estatutoda
crianca edo
adolescente foi criado justamente paraI sz'
carta constitucional
de
O5 de
outubro de 1988.Estas conquistas resultaram de
um
amplo movimento
de mobilização eorganização social
que
tomou
aforma
de 2emendas
populares apresentadas àAssembleia
Nacional Constituintecom
assinaturas demais
de200
mil cidadãos, ede
um
milhão quatrocentas mil assinaturas\ I
de
crianças e adolescentes.(Livro :A
criança, oMunicípio
eo
Adolescente-
pag
7)Ao
longo dosanos
oitentao
Brasil foi palcode
um
importanteconjunto
de
transformaçõesno que
se refere ao atendim.ento,, àpromoção
e à defesados
direitosda
infância e da juventude.Neste
sentidopodemos
apontar:
A
introduçãode
um
avançado
capítulo sobre os direitosda
criança e
do
adolescentesna
Constituição Federal;A
inserção destesmesmos
direitos, deforma mais
detalhada, nasConstituições de
quase
todos os Estados e nas leis orgânicas de centenasde
municípios brasileiros;A
regulamentaçãodos
direitos conquistadosna
constituiçãoatravés
de
uma
lei codificada contendo267
artigos.Uma
leique
tem
como
paradigma
osmais
recentes avançosda
normativa internacional e,como
conteúdo, omelhor da
experiênciaacumulada
pelomovimento
social brasileiro. (Livro:
de
menor
a cidadão- pag. 19).A
evolução históricado
atendi.men_to, dapromoção
eda
defesados
direitosda
criança edo
Adolescenteno
Brasil, deve ser vistaenquanto
momento
deum
processo maisamplo
ao nível da sociedade edo
Estado,ou
sejada
política social.Em
cada faseda
progressãoda
experiência nacional nesta area, é possível indicar a posição relativa
do
atendimento
aos direitosda
criançano quadro mais
amplo
das relaçõesentre os pobres e o
ramo
social.do
Estado.No
Brasil, o indíciomais remoto que
setem
de “Criançasabandonadas”
diz respeito à pratica de “exposição”de
recém-nascidos.“Expor”
consistiaem
deixar a criança à portade
alguém
paraque
alifosse “criada”,
sendo
a pessoaque
recebia o “exposto” obrigada por lei acriá-lo.(.Tornal
DC.
9/IO/94 pg.38).Essa
prática datano
finaldo
século 17,.mas
foi utilizadacom
mais
freqüênciano
transcorrerdo
século 19. ×Nesta
época, oabandono
ocorria nas diferentes classes sociais eeconômica, moral
e jurídica, entre outras.Em
prin.cípi.osdo
século 19 foicriado
um
aparelho, geralmente instaladoem
hospitais, para receber estascrianças
com
mais
conforto e segurança, livrando-asda
exposição aoclima e man.tendo io
anonimato
deque
expunha
e dequem
recebia a criança.Este aparelho inventado
na Europa
etambém
utilizadono
Brasil,era
conhecido
como
a“Roda
de
Expostos”. ou “casados
Expostos”. paraabandonados
das primeiras idades e .a “Escola de Aprendizes deMarinheiros”
(Fundada
pelo Estadoem
1873)
paraabandonados
maioresde
12 anos.A
“roda” foiuma
instituição criada porRomano
Duarte
em
1730
para abrigar“almas
inocentes°_”que
tivessem sidoabandonadas,
enjeitadas(SôniaKramer
pg.50`). .O
código civil daquelaépoca
relacionava a idéiade
“menor
desvalido"
com
ade
menor
delinqüenteou
criminoso. Apresenta arepressão
como
medida
necessária para solucionar oproblema do
menor.Judicialmente, existia
apenas o
códigode
leis eRegulamentos
Arphanológicos que
tratavade
questões referentes a bens: - a criação deórfãos, sistema
de
doação, sucessão e tutoria, herança de patrimônio etc.Em
1863,domPedro
II, rei de Portugal edo
Brasil, já fazia notarao
governo de
Capitaniado
Rio de
Janeiro que, se a “caridade”não
socorria as crianças
abandonadas,
deveria ser criadoum
impostocom
essa finalidade.
Após
a independência política,em
1822,»o Estado
começava
a preocupar-secom
um
tipo particular de infância: a infânciaescrava.
Em
1817
foiaprovada
achamada
“Leido
ventre livre” ( jornalDiário Catarinense
9 de outubro
de1994
p. 38).As
crianças beneficiadas por esta lei, entretantotendiam
a cairno
abandono
pois seus pais pern.1an_ec-eramno
cativeiro e os seus senhoresnão tinham mais
qualquer obrigaçãoem
relação a suamanutenção.
Então, só
após
aproclamação da
República,em
princípiosdo
século20
é
que
começaram
a
surgirno
pais as instituiçõesque
seocupam
dasquestões referentes á infância
abandonada.
,Mudaram
as siglas, os governos,mas
essas instituiçõescontinuaram
com
péssima
reputação: - Instalações precárias,superpopulaçáo, corrupção administrativa,
maus
tratos, abusos e exploraçãode
menores.Em
meio
auma
permanente conjunmra
de crise econômica,o
país elegeu
um
presidente civil, elaborouuma
nova
carta constitucionalcom
ampla
participação democrática dos mais diversos segmentosda
sociedade.
Reviu
corajosamente a legislaçãoherdada do
autoritarismo.Como
resultado dessa floração democrática,em
meados
da década de80
surge
um
amplo movimento
socialem
favor das crianças e adolescentes,em
circunstâncias especialmente' difieeis,chega
ao finalcom
um
significativo saldo
de
conquistas e realizações.O
avanço
das reflexõesnesta linha permitiu perceber o
menino
de ruacomo
a tiguraemblemática
d.a situação da infância eda
adolescênciano
Brasil.Por
trásdos
meninos
emeninas que
estão nas ruas,vamos
encontrar as periferi.as urbanas
onde
milhões d.e _fa.nn'lia.s subsistemsem
condições
mínimas
debem
estar ede
dignidade. Indo mais além,encontramos
a cruel realidade rural brasileira responsável pela expulsãode
milliõesde
famíliasdo
campo
em
direção às regiões metropolitanas e às grandes emédias
cidades.Em
1986
realiza-seem
Brasília o I Encontro Nacional demeninos
emeninas de
rua.Os
meninos
discutiam saúde, família,trabalho, escola, sexualidade, direitos e outros
temas
nesta linha.Em
todos osgrupos
porém-uma
palavra emergiacom
freqüêiicia e nitidez :“Violência”.
A
iniciativa privada participou desse esforço nacional..As
redesde
televisão, radios e jornais,cederam
espaços para divulgação demensagens.
A
síntesede
todo o esforço realizado encontra-secondensado no
capítulo
do
artigo227
da
constituiçãoonde
se lê: -227
-É
deverda
família,da
sociedade edo
Estado assegurar à criança e aoadolescente,
com
absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, àdignidade,
ao
respeito, à liberdade e à convivência familiar ecomunitária,
além
de
coloca-los a salvode
todaforma
de negligência,discriminação, exploração crueldade e opressão”.
Assim
em
1990
surge oCBIA
(Centro Brasileiro para Infância eÀdolescêrlcia.)
em
substituição àFUNABEM.
Nestemesmo
ano foiaprovado
peloCongresso
Nacional,o
Estatuto da Criança edo
Adolescente e foisancionado
pelo Presidente da. República, tornando-sea
lei8069
de
13de
Julhode
1990.Em
Santa
Catarina a situaçãoda
“infânciaabandonada” não
sediferencia,
em
suas razões estruturaisdo
restodo
país.A
questão dosaqui
chamados
“meninos de
rua” envolve múltiplas causas que seassociam
na
construçãodo
fenômeno:
laços afetivos - familiares, amulher
e a maternidade, a questão étnica -em
grandemedida
estigmatizando crianças, negros e descendentes
de
índios - a questãoda
estrutura.-econômica da. sociedade catarinense. - a questão policial, as
instituições assistências, públicas e particulares, e - a questão política
entre outras.
i
Charles
Dichens
e JorgeAmado
são autores consagradosinternacionalmente.
Em
seus romances,ambos
realizaram, à época daspublicações, sérias
denúncia
social.Capitães
de
Areia, de l93`7, foi o primeiroromance
aditadono
Brasil inspirado
na
existênciade
criançasque
viviam nas ruas. Publicadoem
plenoEstado
Novo,
a primeira ediçãodo
livro foi apreendida equeimada
em
praça pública.Uma
nova
edição,em
1944,“marca
época”Oliver
Twust
é a história deum
menino
órfão criadonum
asilolondrino para indigentes. Neste “lar” pzssa toda espécie
de
privações emaus
tratos, atéque
resolve fugir e se junta aum
bando
de crianças-ladras
chefiadas
porum
judeu
inescrupuloso.Mas
entre todos osperigos e aventuras,
emerge sempre
digno e inocentedo
ambiente devício e perdição
em
que
tentam submergí-lo.Capitães
de
areia descreve a vida deum
grupo
de crianças eadolescentes
abandonados
que
viviado
fruto das ruas de Salvador,Bahia.
o
casoque
sepode
chamar
de
“documento
de época”, poismostra
como
o problema
era encaradode forma
calamitosa pela opiniãopública. Através
da
descriçãodo
seumodo
de
vida, o autor reverteimagem
clichêque
a sociedadetem
sobre osmenores
de rua.O
problema
da
criança. é bastante complexo, principalmentequando
se lançaum
olhar para a história..
É
grande a. dificuldadeem
se aceitar osinquestionáveis valores
do
“amor
materno”
eda
“inocência infantil”como
sendo' construções culturais, variáveisde
acordocom
as épocas eos costumes.
É
necessário reconhecer pelomenos,
escreve Rita de CassiaManchi
em
sua dissertação demestrado
sobremeninos de
rua: “que acriança e seus corolários, família, afetos familiares,
educação
escolar, talcomo
a
conhecemos modernamente
éuma
figura histórica recente.”Levando
em
consideração toda a coirtetstilalização desseproblema
aolongo
da
história, oque
surpreendenão
é ochamado
“menino
de rua”mas
um
objetode
investigaçãomais
urgentedo
que
o próprio“menino
de
rua” justamente a violência e a intolerância.Mas,
especificareimelhor
no próximo
item. _Desse
modo
o
drama
da
criançaabandonada
éum
problema
de todos,a
questãonão
deve ser tratadaapenas
tgeoricamente, e simcomo
direitoda
criança; pois oque
sepode
ver éque não há
uma
políticasocial nesse setor,
mas
simque
existem estratégias de atendimento efetuada nesta área. para a criança e o adolescente.Essa questão está inserida
no
estatuto da criança Capítulo I -art.86. Dispõe:
Da
políticade
atendiniento:“A
política de atendimentodos
direitosda
criança edo
adolescen.te far-se-á através deum
conjuntoarticulado
de
açõesgovernamentais
enão
governamentais, da União, dosEstados,
do
Distrito Federal edos
Municípios.”Art.
87
-“São
linhasde ação da
políticade atendimento:I - políticas sociais basicas; 4
II - politicas e
programas de
assistência social,em
caratersupletivo, para aqueles
que
deles necessitarem.III - Serviços especiais... _
Não
esquecendo
também
de
aqui citarque
a criança está sob aresponsabilidade
do
Estado,
eque
seus direitosdevem
por ele serassegurado.
Assim
como
constano
(Capítulo227
da Constituição.dever
da
Família,da
sociedade edo
Estado assegurar criançae
ao
adolescente,com
absoluta prioridade, o direito.-
V
ida, alimentação...~
Defesa de
direitos (Proteçao integral)Negligência . ~ Discri.ininaçao Violência
Crueldade
eOpressão”
Essa
questãosem
dúvida
afirma
o valor intrínsecoda
criançacomo
ser liurnanoz a necessidadede
especial respeito à. sua condição de1 .3 _
vroLÊNc1A
coNrRA
CRIANÇAS
_
Só
recentemente a literatura nacional e especializadatem
reveladouma
preocupação mais
sistemáticacom
essesegmento
da populaçãoinfantil,
que
desde os primórdios da históriada humanidade, sempre
coexistiu
ao
ladoda
infância risonha e franca.O
segmento
constituido pela “infânciaem
dificuldade” é motivode algumas
def1ni.ções.Segundo
alguns autores; ela inclui as crianças“mal-amadas”.
Em
outros ela abrange as ciranças martires, isto é todas aquelasque
sucumbem
às varias fonnasde
violência fisica.Segundo
outros ainda, investiga as _ infâncias atingidas pelo
desamparo
enegligência.
Finalmente, envolve as crianças comercializadas, as que
foram
transformadas em. mercadorias nas redes de prostituição e
pornografia
infantis.
Mas,
as diversas obras escritas desde a época colonial sobrecrianças e adolescentes
abandonados
e infratoresno
Brasil, apesar dasdiferenças
de
interpretação e de posição, apresentemum
diagnósticocoincidente:
a
pauperização e a miséria se associamna
geraçãodo
abandono
eda mendicância
infantil.A
violência infantil já é a principal “causa mortis”. Estamos,pode-se dizer diante de
um
“holocausto Brasileiro” (Peloamor
destasbandeiras.p.67) _
Registram-se,
em
alguns estados, casos de violação das leis porparte
de
policiais,abuso de
autoridade, e espancamento, torturas. (Peloamor
desta Bandeiras.p.7l) .É
justamenteum
olhar et~d'erminador, de parte da populaçãoque
condena
osmeninos de
rua.Não
há
lugarde
onde
não
osacusem
do
“mal”. Essesmeninos de
rua são responsáveis pela
“nova”
epidemia nacional:O
medo
da
rua.favoráveis à sua reclusão
ou
extermínio.Mas
seentendermos
bem
sãocrianças
que escaparam
asmalhas
disciplinadorasda
família eda
escolae,
mas
não escaparam da
nossa sociedade industrial, capitalista.»
São
seresque vieram
nos interstícios deum
espaç que, porprincípio público elas
contaminam
com
o
doméstico. Pessoasque
possuem
residências, enão vivem na
rua.É
uma
sociedadeque
separaredicalniente estes dois aspectos da vida social.
«
A
sociedadenão
pode
enem
deve, para continuar existindo,encarar desse geito. A
Usar
drogas, e ter relacções sexuais, prostituição,também
eemblemático
desta “vida livreAs
crianças pedintes e os“pequenos
trabalhadores” apesarde
estarem
o maior
tempo
na
rua, ali estão porordem
da famí lia eem
nome
do
“traball1o”.São
levados a produzir renda. Sas pessoasprocuram
evita-las,demonstram
repúdioou medo,
peloque
significam sermenino
de
rua, trombadi,n.l1a, algo assim; e essas criançasveem
reafirmadas
sua condição “anormal”.«Então
todosnós
contribuimos para algoque
peiversamente,
não
volta-sesomente
contra os sujeitos (as crianças).*Evitando-os, vol.ta~se
também
contranos
ngiesmos.Assim
nesse processode
evitá-los e temê-losaderimos
a um_ tipo de violência.A
anti-sociabilidade dessas crianças,
gerando
um
processo de “Fabricação” demenores abandonados,
e deliquantes juvenis. Pois na sociedadeem
que
vivemos, cadamenino
vivendoou
morando
nas ruas é consequência daomissão ou da
incompetêncianão
sóda
familia,mas
também
dasociedade e das autoridades,
em
todos os níveis, eque
odescumprimento
do
deverde
todosde
“Assegurarcom
absoluta prioridade o direito dessemenino
è. proteção integral, prevista na constituição e nas leis, éum
dos fatores deterini.na.ntes desse liolocatisto brasileiro.Embora
não o
pareça à primeira vista, o crimehediondo
contrainfância é
na verdade
uma
obra coletiva, cujo ato é preparado poruma
seriede
omissões,descompromissos
e transgressões de todo tipo porUma
profunda
revoluçãode costumes
euma
verdadeira redistribuiçãode
renda e oportunidades teria
que
ocorrerem
nossa sociedade paraque
secomeçasse
a vivero
sonho de
uma
intãncia verd:¬rdeiramente livre dascoerções
que tentam cada
vez mais cedo, aprisionar ecomandar
justamente os
anos que
a sua capacidade inventiva e potencial estejamdesevovendo-se
ao pré-estabelecido. 4É
justamente dentre muitasmudanças
que:auma
deveria serdada
maior
atenção pelas autoridades e sociedade. Seria estauma
violênciaque
restringe-se auma
prática escondida, culposa emenos
criminosa,uma
questãoque
retrata ocomércio
san~
guinariode
crianças,ou
sejao
tráfico.
i
-1.4 -
TRÁFICO
DE
CRIANÇAS
Exista muita dificuldade para traçar
um
quadro
minimamente
fielquanto
a essa questão.E
sópouco
apouco
a realidade aparece.O
sigilo existente à voltado
assunto émuito
semelhante aoque
existia
no
pais, a voltado
aborto,muito
sem.el.hante aoque
existeem
qualquer
tempo
e lugar à voltade
qualquer assunto t.ab_ú.Toda
a gentesabe
que
se faz; muitasmulheres
fazem; se abordados, todosacham
mal
e
muito negam, na
prática muitos colaborain,nem
que
seja só pelarecusa
de
ver oque
se passa à sua frente. _Mas
écom
certeza neste quadro.têm
lugar todas as dificuldadespara fazer-se
cumprir
a leina
sua letra e sobretudono
seu espírito. Leiessa
que
defende amãe
biológica, os pais adotivos e a criançasempre
no melhor
interesse desta.mas
não
encontra,nem
em
todas asmentalidades,
nem
em
todos os dispositivos institucionalizadosde
apoio,a necessaria capacidade
de ação
em
novos
moldes.O
traficode
crianças realia-se a todos os níveis eem
diferentes perspectivas: ajudar as criançasque
mães
más,ou
desgraçadas,não
queiram
criar; ajudar essas mulheres aesconderem
a sua vergonha,ou
oseu crime,
do meio
circundante e dos seus familiares e terem assimuma
oportunidade
de
se derimirem; ajudar pessoas estéreis e casais inférteis,todos
muito
bons,muito
ricos emuito
desejososde
fazer obem
auma
criança;ganhar
favores e influência;ganhar
dinheiro.As
vezescom
uma
única
motivação
aparente, às vezescom
todas.Corno
baseem
algunsrelatórios
da
C.P.I. -dado('C.P.l.da
Câmara
que
investigou o extermíniode
crianças e adolescentes brasileiros - Revista -Veja,l4 de abril.1993)existe suspeitas sobre a
adoção de
crianças por .estrangeiros para ocomércio de
orgãosno
exterior.'
É uma
velha denúncia. jamais provada, deum
fantástico comércio sanguinário de adoções. ( Rev. Veja.p63~1 it/4/93).Mas
sem
dúvida esta éPátria, Tráfico
de
Anjos, de Luiz Puntel, retrata, neles, a preocupaçãocom
osproblemas
sociais.A
gravidez juvenil-, asadoções
e, _prin.cipalmente_.o
comérciode
bebês.Todo
dia,uma
i.ne'dia de ci.ncocrianças brasileiras é enviada .ao exterior para adoção, quase duas mil
por ano.
Allgumas
vão
ilegalmente,mas
a maioria Ó contrabandeada porgente
que chega ao
pontode
rapta.r crianças para negocia-las lá fora.dado(iPuntel, Luiz. “Tráfico
de
Anjos°')As
estatísticas a respeito dessasadoções
no
Brasil são incompletas.mas
oquadro
de algunsdepoimentos
são espantosos. . -
Nos
últimos seteanos
encontrou-se famílias estrangeiras para320crianças
que não foram
aceitasem
lares brasileiros. (Revista Veja- 14/'4.z"93. p.63). iniina.gi.navelque
uma
familia espere anos, reúnadezenas
de documentos,
passe por entrevistascom
psicólogos eassistentes sociais de seu país e
do
Brasil para depoismatar
a criança eretirar seus orgãos”.
(Depoimento:
.luizOsvaldo
Palotti Junior- S.P._)O
que
existena
realidade é a venda' criminosa de criançasbrasileiras para
adoção
irregularem
outros paises,Êitamente
doeuinentadaem
algumas dezenas
de' casosque
envol\'eran1 quadrilhasespecializadas, Juizes corruptos e pais conixfenies.
Esses crimes e violência contra a criança
exigem
ação imediatado
Estado
epunição
rigorosa para seus autores.Mas
porém, issonada
tem
havercom
aadoção
legal, encontraruma
chance deum
larem
um
pais estrangeiro e ter perspectivas
de
um
futuro feliz, oque
a maioria dasvezes
não
acontececom
crianças brasileirasa.bandonadas,em
relação aadoção, pois muitas crianças
não fazem
parteda composição
do
padrão familiarno
Brasil.Além
de guardar o raro mérito da adoção. ela sedestaca pela escolha das crianças.
`
A
Noventa
por cento dos casais brasileiros interessadosem
adotarpreferem
que
elatenha
menos
de
fl ano, seja branca, saudavel edo
sexot`emin.ino. (dado:
A
Socialdo
Forum
de S.J.)Esbarrando
nessepreconceito social as crianças
continuam
entre as paredes dos orfanatos e~ ~
estrangeiros
que
vem
ao
Brasil a procurade
um
filho
sao diferentes,nao
fazem
objeçõesquanto
à cor da pele e muitos aceitam criançasdesnutridas, doentes, e maiores de
um
ano. Essa é a postura favorávelquanto
aadoção
estrangeira. VÍ
CAPÍTULO
11A
REALIDADE
DA
DOAÇÃO
DE
CRIANÇAS
NA
~
2
. 1 -O
PROCESSO
DA DOAÇAO
DE
CRIANÇAS
NO
HOSPITAL
REGIONAL
,No
transcorrerdo
Estágio, as ações desenvolvidas pelo ServiçoSocial
no
Hospital Regionalde
São
José, ocorreucom
a decisãodo grupo
(assistente social e estagiárias) de
montar
um
registro dedocumentos
dospacientes atendidos, a tim de
que
houvesseum
atendimentoadequado
atodas as pessoas
que
se dirigissem a esse setordo
hospital e, para efeitosmais
concretos e,também
a val‹f›rização por outras unidades e direçõesonde passam
desapercebidos. Esses registrosforam
feitos durante osatend.imentos
de
plantão.Com
relação aos resultados dessamudança
pode-se constatar
que
háuma
grandedemanda
de pessoas à procurado
ser\-'iço social, evidenciando
que
isso constituinão
um
prejuízomas
simuma
vantagem
para o profissional.A
mudança
deve seruma
categoriasempre
presentena
praticado
A. socialenquanto
norteadora das ações,seleções
de
recursos teóricos e instrumentais eda
avaliação imediata emediata
de trabalho.Consequentemente,
paraque
uma
prática seja desenvolvida deforma
coerente, torna-se necessariocomparar
e analisar a relaçãoteórico-pratica, pois
somente
destamaneira
será possível superar asdificuldades para avançar nas conquistas.
A
prática de estágiodo
ServiçoSocial
na
instituição oferece-nos oportunidade para visualizar o traballiodo
assistente social junto aos pacientes atendidos. Pois a partir deum
referencial teórico, busca-se propiciar alternativas
que
possibilitementendimento
adequado
para as pessoasque procuram
esse meio.O
Serviço Social trabalhacom
o
objetivode
orientar. clarificar osproblemas
socios-culturais-econômicosdos
pacientes por intermédios deentrevistas, contatos, e principalmente
como
instrumentomaior
deTrabalhando
suas propostas oenfiço Social tenciona proporcionaraos
mesmos,
reflexão de situação-doença,saúde
e os problemasadvindos da
mesma,
instigando a busca pelo despertar deuma
consciência crítica nos pacientes desta áreada
saúde, através de infonnações,procurando
desmistificaro
caráterde
“favor” dos benefícios,bem
como
articulações m.ediad.orano
sentido das relações dcpoder
estabelecidos.Mesmo
assim pode-se ressaltaruma
angústia decorrelacionar a pratica
com
teoria, identificandoum
referencial teórico.Quando
ressalto a angustia,refiro~me
a dificuldade encontrada pelaburocratização dos serviços prestados
com
resultados negativos.Essa
dificuldade aflorano
quotidianomesmo
que
esse sejaum
hospital,
ou
a inaternidade. ~A
questãodo abandono
está forada
alçadado
Serviço Social,enquanto'departamento do
hospital,porém
a existênciapermanente do
tatoda doação
de criançaque
tem
início na maternidade antesou
pós-parto,
por
essa razão optei pelo estudo sobreo
determinante maiscomum
dessa realidade,ou
seja causasda
doação.Considerando
queessa
mesma
questãonão
fogedo
tema
“abandon.o”.A
Com
esse intuitopodemos
determinaralgumas
conseqüências, ouo
que
está por trásdo
ato de doarou abandonar
um
bebê no
hospital./D
Cabe
lembrarque
embora
o nascimentode
uma
criança,em
geralseja
motivo
degrande
alegria,pode
trazer consigo angústias e preocupações, sobretudo para amãe.
Esta,quejá
sofreu ansiedadcs para se adaptarao
estadode
gravidez.tem
agoraque
se adaptar a nova situação:o rompimento da
relação total e dedependência
com
o feto,que
fazia parte de seuesquema
corporal,gerando novasansiedades.
Portanto,
podemos
concluir.que
a l\/laternidade éuma
estrutura socialonde
existe as duas faces damoeda:
alegria e tristeza, e,com
a qual nosde
vida.Neste
sentidocompete ao
serviço social ajudar, trabalhandojunto a
mãe
que
decide peladoação de
seu filho.Coin
esse objetivocolaborávamos
com
a paiturienteno
processode
clarificação,informação
precisa sobreo
procedimentoadequado
parao ato
de
doação
e con seqüências refletindocom
amulher na
sua opção,sem
que houvesse
intluência,ou
interferência,apenas
respeitando seupoder de
decisão.Nesse
propósito nossa linha de i.n.tervenção era a demanter
contatocom
o fórum
do
juizadode menores
deSão
José,onde
atuava. a. assistente socialdo
juizadode
menores, àmesma
encaininhava-mos
os casosde doação
e, as m.ul.lieresque
seencontravam
perante estasituação, notificando sua desistência da criança.
Portanto,
não
participávamosdo
caso “adoção”; posterior a altarecebida
no
hospital.,apenas
tratávamosda
questão “doação”, enquantosua inserção
na
maternidade.Sendo
assim
nosocupávamos,
como
citeianteriormente,
do
encaminhamento
da
paciente aofórum
de menores.No
hospital, a equipede
enfermagem
providencia\~=a osexames
dorbebê.(AIDS,
testedo
Pezinho
e outros). havia a pretensão deque
amãe
(doadora) realmente chegasse ao seu destino
(fórum do
juizado de -menores)dando
passes de ônibus,ou
m.esm.o as levando pessoalmente, paraque
fossem
assinados papéisda
desistênciado
bebê, poissem
essedocumento da
mãe,
havia o riscodo
bebê permanecer no
berçário portempo
indeterminado ou
instituição demenores
até segundo, resoluçãodo
juiz encarregado.Admite-se
então, nesta hipótese o“abandono
Para evitar esses prolâlemas solicitávamos
algumas
entnzvistasprel.i1.ni.nares,
com
a tinalidadede
identificar'dados
mais reais, ou os aspectos psicossocial,ou
seja a intenção; realmente doar p/adoção,ou
fugir
causando o
abandono
da
criançano
Hospital,com
medo
deum
maior
envol\'in¿1entona
sua vida particular, na presençado
juiz.Um
casocomum
era ode que
muitasmulheres
escondem
a gravidez da família,amigos ou
marido.Podemos
resumirque
asmulheres que decidem
pelaas mais variadas
com
ainda
que
circunstanciais e de intensidade variada.São
eles o desacordointemo, a vulnerabilidade, a ansiedade, a dúvida
quanto ao
seu própriovalor e a incerteza quanto a sua identidade.
Em
alguns casosnão
recebíamos suportes, respostas claras
nem
definidas, haviauma
certa fantasia e principalmente ausência de infonnações. Sintonizavamum
olliar de
desconfiança, medo,
e'eo1i,fli.to interior.A
soma
destes causadaprincipalmente pela ausência
do
companheiro,costuma
produzir atitudespassageiras e variáveis.
Associado
a esses fatores psicológicos, retratava-se "insegurança”;
quando
agredia-noscom
palavras e olhares, “conflito”;. pela decisão, “revolta” de certa maneira, pela pressão, e estigma dasociedade
de
culpa. “proteção” ao justificar `futura família substituta:duvida,
“medo”
por estar só nestemomento.
Arrisco~n1e julgar
que
oamor
e raiva está incluído nestasexpressões,
porém
não
digoque
siga auma
norma
ou
possa sergenera.li7.ad.o, pois
em
cada mullier(mãe)
etxistemum
determinismoconcebido por
uma
escolha pessoal,como
aopção
denão
querer o flllio,ou
vender essa criança. Estas desviam-se deuma
estatisticaque
cadaum
tem
como
`°ce.rto”de que
todas as mullieresamam
os seus fillios.Sendo
assim a açãodo
Serviço Social procede nasseguintes atividades: -
a) - Consi.derar, durante toda a
intervenção, a
mulher
como
o interlocutorde
direito.b) -Fornecer suporte emocional e
afetivo.
e) - Evitar dicotomias de
abordagem
do
problema, na própriamu
l.l:.er e nas suastransações
com
a sua rede e as estruturasque
a atual situação aobrigaram
a aceitar._ cl)
- Considerar. a concluta
da mulher
como
um
fenômeno
social,do
qual ela enós
vamos
procurar entender todos os(Fonte:
Algumas
citações retiradas da tese de mestrado deMaria
M
Leitão - p.142)
outros aspectos e procurando equaciona-
los e encaminha-los corretamente,
mas sem
deixar
que
eles obscureçain a questãoem
causa.
D
-Ajudar
amulher
anão
sofrer,nem
vinculações,nem
separaçõesforçadas.
g) - Discemir e evitar situações parciais, temporárias
ou
ambíguas, peranteas alternativas
que
se apresentam.'
li) - Passar à
mulher
toda a informaçãode que
ela tenha necessidade eque
deveser gradual,
de
acordocom
a suadisponibilidade para equacionar e ir tão
longe quanto esta e
o
seu interesse opermitam.
i)- Estimular a
mulher
a assumir dentro das suas possibilidades..
j) - Elaborar
um
processo,que
é abase
para reflexãoem
equipe, eque
inclui:história pessoal e família; vida afetiva,
escolar e profissional, circunstâncias
da
gravidez atual e
de
outras (se houver)perspectivas sobre cssa situação.
l.) - Acornpanliar a inulher
no
seuprocesso de conheciniento
da
lei. edo
significado
do
ato de consentirnento,bem
como
o
da in\festi.gação de paternidade.rn) - Avaliar
com
amulher
tudo oque
se relacionacom
a sua volta à vidacotidiana, a tudo o