-n .I
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA CATARINA
CENTRO
DE
CIÊNCIAS
AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO
DE ZOOTECNIA
ESTÁGIO SUPERVISIONADO
Mfzøâøézâ
pf/>^Dâz9óf¿Ãâ/f¢f>/80//f
øfôw/Xô*
um
pf/zz/.fé/zmfl-7(725ê>/1/af
Aluna:
Maria
Aparecida de Pinho
Orientador:
Antônio
Carlos
Machado
da
Rosa
0
UNIVERSIDABE
FEDERAL
BE
SANTA
CATAÊA
CENTRO
DE
CIENCÍAS
AGRARIAS
DEPARTAMENTO
DE ZGOTECNLÀ
ESTÃGÍO
SUPERVEIONADO
mwââézâ
fiffifiâmamçfi/äâéâ
955%/Xâ
asa
af/mówfâsãíffiâ/af
Aiuma:
Maria
Aparecida de Einho
A
Orientador:
Antônio
Caršos
Machado
da
Rasa
FLORIANÓPOLIS,
MAH)
EE
1995
A '
¬ , -z‹ ‹ ~ -V-_,‹-.'« _`_ _v In , ,_ .
252 761'8
O
UFSC-BU
Para o
Gui,o
grande responsável paraque
este trabalho e muitos.
,(3
W
“fQue
os nossos esforçosdesafiem
as impossibilidades. -Lembraí-.'vosfde~
que
as grandes proezas dahistóriado
homem
foram
conquistasdo que
parecia impossível.`
INDICE
... ._A
RESUMO
... ._õ
AGRADECIMENTDS
... ._ 'IAEREVIATURAS
E
SIGLAS
... _. sIDENTIFICAÇÃO
... ._ 11AI>R.EsENTAÇÃo
... _.12
1_1N1¬RoDUÇÃo
... _. 13 1.2.Um
pouco
de
história ... ._ 19 2.ATIVIDADES
REALIZADAS
____________________________________________ ._25
2.1.São Ludgero
...25
2.1.1. Histórico
da
propriedade eda
iniciativade
mudança
... ._26
2.1.2.
O
estagio ... _. 2-92.1.3.
A
independênciada
propagação
das plantas.32
2.1.4.A
mão
de
obra ea
divisão (ie trabaiho ... _.33
2.1.5.
A
comercialização e administração ... _.36
2.1.6.
O
projeto microbacias ... ._37
2.1.7.
Uma
propriedaciede
vanguarda
... ._37
2.2.
Bagé
... ._ 412.2.1.
O
trabalhoda
Secretaria Municipalde
Agropecuaria
-SMAP
... ._42
2.2.2. Agricultura
Urbana
... _.44
2.2.3.
O
Projeto Agroviias ... _.44
2.2.4.
O
Físiologismo ... ..46
2..2.5.< As- orientações técnicas para
a
Agrovila eHorto
Municipal ... _.47
3.
A
CONCEPÇÃO
DO
MODELO
... _. 513.1. Privado
ou
Público ? ... ..52
3.2.
As
brechas existem ... ._54
'
3.3.
Alguns
princípiosdo
modelo
... ..56
4.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..53
ÂGRÁDECHMENTGS
À
meus
pais, Irineu e Luzia,que
me
deram
esta oportunidade,por
sua dedicação e paciência
com
esta filha.Ao
*lx/laninho', pelo carinho ecompreensão;
ea
minha
irmã
Márcia.Ao
amigo
e orientadorAntônio
CarlosMachado
da
Rosa, pelaoportunidade
de
estágio ede
utilizaçãode
seus materiais bibliograficos, e por seu trabalho.Aos
amigos
da
Zootecnia,em
especial aoMário
Luiz Vincenzi, porsua sincera
amizade
e ensinamentos.Aos
amigos
e colegas,que
fiz
duranteo
curso ecomigo
conviveram
estes últimos 5 anos, espero ter suascompanhias
também
forada
escolaÀ
famíliaSoeber
e ao Sílvio, vocêsme
fizeram,
com
seus jeitossimples
de
viver, acreditarnum
amanhã
diferente.Ao
Domingos,
porsua
atenção e determinaçãono
seu trabalho,ÂEREV§ÂTüRÀ§
E
SÉGLÃS
A1
-Alumínio
ÀS-PTA
- Assessoria e Serviçosa
Projetosem
Agricultura AlternativaBIRD
-Banco
Inter-americanode Desenvolvimento
C
- CelsiusCa
- CálcioCEDIC
-Companhia
de Desenvolvimento
Industrial eComercial
do Rio
Grande
do
SulCICADE
-Companhia
Industrialde
CarnesCIDASC
-Companhia
integrada parao Desenvolvimento
Agopecuário
de
SantaCatama
CIMMY
T
z Centrode
Melhoramento
de Milho
e TrigoCMMAD
-=Comissão Mundial do
Meio
Ambiente
Ed. - Editora
EMATER
= Associaçãode Empreedimentos de
Assistência Técnicae Extensão Rural
Eng” Agr”
- EngenheiroAgrônomo
EPAGRI
-Empresa
de
PesquisaAgropecuaria
e Difusãode
Tecnoiogia
de
Santa CatarinaSIA
FAO
- Organização dasNações
Unidas
paraa Alimentação
e a Agriculturaa
- grama-S~
ha
- hectareIBGE
- Instituto Brasileirode
Geografia e Estatisticakcal - quilocalorias
kg
-quilograma
km
- quilômetrokm*
- quilômetroquadrado
rn -metro
mz
-metro quadrado
me
- miliequivalenreMécl. Vet. -
Médico
VeterinárioMg
-Magnésio
mm
- milímetrosMO
- MatériaOrgânica
n° -
número
ONG
- OrganizaçãoNão
Governamental
ONU
- Organização dasNações
Unidas
P
- FósforoP- - página
pl-l - potencial hidrogeniônico
PIDSE
-Programa
Integradode Desenvolvimento
Sócio-Econômico
pop. -
população
ppm
- partepor
milhãoProf
- Professor 'PTA/FASE
- Projeto Tecnologias Alternativas/Federaçãode
,
Órgãos
para Assistência Social e EducacionalRS
-Rio
Grande
do
Sul`
S
- SulSESI
- Serviço Socialda
IndústriaSP
-São
Paulot - toneladas
UFSC
- UniversidadeF
ederalde
Santa CatarinaUFSM
- Universidade Federalde
SantaMaria
UNCTAD
- Conferência dasNações
Unidas
sobreComércio
eDesenvoívímento
URCAMP
- Universidadeda
'Regiãoda
Campanha
USP
- Universidadede
São
PauloW
- Oeste_
WCBD
-Comissão Mundial
sobreo
Meio
Ambiente
eDEäTiFiCA§ÃG
Nome:
Maria
Aparecida de
PinhoNumero
de
matrícula:9018630-3
Periodo
do
estágio:de
(37de
fevereiroa
24
de
março
de
1995
Locais:
#
de
18a
20
de
novembro
de
1994
em
Botucatu - SP,participação
no
curso"O
cultivo orgânico biodinâmicode
ervas medicinais",
na
AssociaçãoELO
em
colaboraçãocom
o
histituto Biodinãmico.H 9
#
de
O7 a
23 de
fevereiroem
São Ludgero
-SC,
na
propriedade
de
Adilson e EvairSoeber
e SílvioDaufenbach
em
cultivo orgânico.Supervisor:
Eng” Agi”
Sílvio Daufc-znbach.#
de
09 a
24
de
março na
Secretaria Municipalde
Agropecuária de
Bagé
-RS
-junto ao Projeto Agrovilas;Supervisor
na
Secretaria:Med.
Vet.Domingos
Vágner
Coelho
Rodrigues - Secretário Municipalde
Agropecuária.Orientador
na
UFSC:
Prof.Antonio
CarlosMachado
da
Rosa
aaaasasragao
Partindo
do
pressupostoque
muitas das atuais técnicas e maneirasde produção
e beneficiamentode
alimentos são causadorasda
degradaçãodo
meio
ambiente .eda
sociedade, este relatóriode
estágiotem
como
objetivo avaliar duas situações/momentos distintos
na
busca de
uma
agricultura diferenteda
anteriormente citada.Na
primeira situação, reportei-me à localidadede
Morro
do
Cruzeiro, município
de São Ludgero
- SC. Ali,por
iniciativade
três pessoas, naturaisdo
local, Adilson e EvairSoeber
e SilvioDautenbach, a
propriedade rural dos Soeber, deixou
de
serocupada
com
fixmo
ehortaliças
à
basede
agroquimicos, para dar lugara
uma
produção
com
menos
usode insumos
e recuperaçãodo
ecossistemaNeste
contexto adiversidade e
uma
prioridade,mas
a
base econômica, ainda, são as ervas medicinais.A
segunda situação/momento
ocorreuno
municípiode
Bagé
z RS.La,
a
prefeitura,por
iniciativado
Prefeito, Luiz AlbertoCorrêa Vargas
edo
Secretariode
Agropecuaria,Domingos
Vagner Coelho
Rodrigues, estáimplantando
o
Projeto Agrovilas.Que
consisteem
colocar familiasde
baixa renda,
da
periferiada
cidade,num
terrenocomprado
e cedido pelaprefeitura para: construção
de
moradias, trabalho coletivo e individual agricola,com
plena assistênciada
prefeitura.Ainda
por iniciativada
Prefeitura,o
Projeto esta se consolidandocom
caracteristicasde
uma
agricultura diversificada e sustentável.Neste
caso, os participantesdo
programa,
que
diferenteda
situaçãode São
Ludgero, ali seencontram
apósum
trabalhode
seleção e preparação técnica inicial.Assim, observando
estas duas situações, procura-se neste relatodemonstrar
as dificuldades,o
estadode
desenvolvimento ea
evoluçãode
cada
uma
Posso
então, definiralgumas
linhasde
base para atingirzseuma
produção
agricola sustentávelcom
baixo usode insumos
externos,adequadas
àsmudanças
necessáriasem
nossa produção
e comercialização1 .
INTRODUQÃG
O
aumento da
população
econsequentemente da produção
mundial
requeruma
necessidademaior
dos recursos naturais.A
natureza épródiga,
mas
também
e frágil, e seu equilíbrio é delicado.Ha
limitesque
não
podem
ser transpostossem
que a
integridade básicado
sistema sejaprejudicada Hoje,
estamos
pertode
vários desses limites; tendosempre
em
mente
o
riscode
verameaçada
nossa existênciana
Terra(NOSSO
FUTURO
COMUM,
1991). ,Em
l98?,a
WCBD
chamou
a
atenção para osimensos problemas
e desatioscom
que a
agriculturamundial
se defronta para conseguir suprir as necessidades presentes e futurasde
alimentação e paraa
importânciade
uma
nova abordagem
parao
desenvolvimento agrícola:Nos
anosque
aindanos
restam antesdo
finaldo
século, cercade
l,3 bilhão
de
pessoas virão sesomar
à população
mundial.O
sistema alimentarmundial deve
ser administradode
forma
a
viabilizarum
aumento
de
produção de
alimentosde
ordem
de
3a
4%
aoano
(WCED,
1987
apud
REIJNTJESJ994).
Um
dos elementos necessários ao desenvolvimento estratégico esustentável,
numa
nova
visãomais
holísticado
assunto éo
incrementoda
produtividade agricola através,
por
exemplo,da
diversificação ecompetitividade das exportações
(SERAGELDIN,
1994).Ora, essa
preocupação
com
a
segurança alimentar iniciou-seem
meados
do
século XVIII,quando
Malthus
relacionouo
crescimentopopulacional
com
o
aumento
da
produção de
alimentos, assegurandoque
o primeiro progrediaem
uma
razão geométrica e osegundo
numa
progressão aritmética
Sem
entrarno
méritoda
questão, verifica-seque
jase
passam
mais de 150
anos, e, tudo indica,nem com
mais
300
anos,a
A
segurança alimentar globaldepende não
sódo
aumento
da
produção mundial
como também
da
redução das distorçõesda
estruturado
mercado
agroalimentarmundial
eda
transferência dos centrosde
produção de
alimentos para os países, as regiões e as propriedadesonde
haja déficit alimentar
(WCED,
1987
apud
REIJNT.lBS,l994).Analisando
o
quadro
01,podemos
observar alarmantes disparidadesno
consumo
mundial. Habitantes dos países ditosde
"primeiro
mundo"
consomem
até 3 vezesa
quantidadede
gordura,em
relação aosdo
"terceiromundo".
A
discrepância quanto aoconsumo
de papel é ainda maior,mais de
15 vezes,o que
revelaalém de
menor
nível escolar,menor
acessoa
informações dessamaior população
global.Não
obstante os países industrializados mais ricos
usam
a maior
parte dos metais e dos combustíveis fósseisdo
mundo.
_Quadro
01: Distribuiçãodo
consumo
mundiai,
médias para
1980
- 82. \ 4 H I l|Paonirrosl
iíeiaaaes eaššésaesmvéivâaesš
0
raízes
ea
de
(26%
da
pop.)desenvolvimento
Éconsumo
É ('74°/0da
pop.)per
capita 4 9 4 iParficipação
no
1 Participaçãono
consumo
mundial
consumo
mundial
°=~I
Per
4Per
”(%)
1 copííe(%)
Êcapim
1 l l Í 1. 1! l Calorias 5 kcal,/dia34
3.395 466
4 2.389Êroteãna
g/dia38
99
s 62.58
li l kGordura
g/ea
53 12747
40
1Papel
kg/ano
as
11 123 15 8 1 0Aço
' kg/'ano79
4433
2143
'Í P 1 kg/ano
só
I*zó
14 12 (Burrosmetais
z ln 'T 1Energia
80
5,8 2.0 a 0,5Comercial
l z ,,l_,, ` i __ __ 5 mtce/ano
4,4, ,,Fonte: Estimativas
da
CMMAD
baseadasem
dados por
país,da
FAO,
do
escritóriode
estafisticada
ONU,
da
UNCTAD
eda
American
Metal
Association(NOSSO
FUTURO
COMUMJ991).
Percebe-se então,
que o problema
da
segurança alimentar global, reside exatamentena
distribuição, tantoda
produção, quantodo consumo.
Aliás
o
tema,a
fome
do
mundo,
foi usado, inescrupulasamente, para justificara
divulgação das tecnologiasda
"revolução verde".O
termo
"revolução verde"
pode
ser definidocomo
o
processo aceleradode
entradade
capitalno
campo,
ocorrido apósa
Segunda
Guerra Mundial
eno
Brasilespecialmente apartir
dos
anos 60. Este processo se caracterizou peloinsenção
de
impostos, subsídios,aumento de
areascom
culturas exportaveis,aumento da
fronteira agricola, especializaçãona
agiiculttua.Artlmr
Moser,
presidentedo Conselho
parao Desenvolvimento da
Agricultura,
fundado por John
Rockefeller Ill,afirmou,
no
inícioda
"revolução verde",
que
a
estrutura social cooperativa existenteem
muitascomunidades
agrarias precisaria ser desmantelada para estimular"um
interesse agressivo
no
mercado". Talvezmais
que
qualquer coisa, as criticasa
"revolução"foram
confiindidaspor
uma
arrogânciadesconcertante,
comum
a varios arquitetos das variedadesde
plantas produtivas.Desde
o
início, as fundações,governos
e cientistas ocidentais,tinham
como
certoque
os paísesdo
"terceiromundo"
precisavam apenas copiar as práticasde
cultivodo
"primeiromundo"
para alcançarem auto suficiênciaem
alimentos. Tal estratégia foide
talforma
inseridano
planejamento e
melhoramento
que
passou
desapercebida(MOONBYJ987).
Membros
da
equipedo
CllvlMYT
admitiram prontamenteque
grande parte
do aumento da
produtividade creditadaa
"revolução" deve-se à aplicaçãode
gandes
quantidadesde
fertilizantes e herbicidas.Na
década
de
70,um
porta-vozdo
Banco
Mundial deu a
entenderque
entre34
e40
milhõesde
toneladasde
arrozda
Ásia
dependem
diretamentedo
petróleodo
OrienteMédio.
Na
mesma
epoca.,a
Índia ja estavapagando o
equivalente
a
20
%
de
sua receitade
exportaçãona
aquisiçãode
fertilizantes.
Quando,
então, veio a primeira crisedo
petróleo,o
"terceiromundo"
estava sobrecarregadocom
um
sistema agricola dele dependente.A
escassezde
fertilizantesem
1974, significouuma
perda
de
15 milhõesde toneladas
de
grãos, quantidade suficiente para alimentar90
milhõesde
pessoas.
A
"revolução"tem
sido inegavelmente lucrativa paraa
agroindústria.
Na
década de
60,empresas
agrícolas necessitavamde
um
novo mercado
paramanter
seu crescimento.Programas de
auxíliobilaterais e multilaterais
tornaram a expansão
parao
"terceiromundo",
financeiramente possível. Vinte anos
mais
tarde, importantes indústriasde
produtos agroqulmicos
conseguiram
estruturarum
sistemamundial de
distribuição capaz.
de
comercializar,com
sucesso,nos mercados
da
Ásia, África eAmérica
Latina.A
"revolução verde" foio
veículoque
tornoupossível esta realidade
(MOONEY,
1987).»_..-z-De
acordocom
a
FAO,
osproblemas
ambientaisnos
paisesem
desenvolvimento são devidos,em
grande medida, a essa exploração excessivada
terra, a ampliação das áreas cultivadas e aodesmatamento
-incentivados pela "revolução verde"-_
Algumas
grandes áreas irrigadasencontramz-se
com
sériosproblemas de
salinização.O
uso crescentede
pesticidas e fertilizantes
químicos
também
vem
ocasionandoproblemas
ambientais.
A
degradaçãoda
fertilidadedo
solo ea
escassezde
lenha,particularmente, indicam
a
gravidadeda
situação.Sem
contar as áreasque
já são deséiticas, verifica-seque
43%
da
África,32%
da Ásia
e19%
da
América
Latinasofrem
riscode
desertificação(ALEXANDRATOS,
1988
apud
REIMTJES,
1994).Os
prejuízos 'causados pelo uso continuo e exclusivode
fertilizantes artificiais são conhecidos
a muito
tempo.O
próprio Liebig(TIBAU,
1978), alertou-nos para os perigos contraa
vidano
solo e seuequilíbrio.
Os
agricultores,em
geral, apreciam os fertilizantes artificiais porcausa
de
seus efeitos rápidos e fácil manuseio.Só
mais
recentemente, eque
alguns deles etambém
parte dos cientistaspassaram a
reconheceralgumas
das limitações desses produtos. lA
eficiênciados
adubos
solúveis mostrou-semenor
que a
esperada.As
lavouras tropicaisem
regiões secasperdem
de 40 a
50%
do
nitrogênioaplicado.
A
eficiênciapode
ser ainda mais 'baixaem
condições adversascomo
alta precipitação, extensos períodosde
seca, solos erodidos ecom
baixo teorde
matéria orgânica,Por
outro lado,a
facilidadecom
que
podem
ser usados osadubos
químicos,
tem
causado
o abandono
e esquecimentodo emprego
necessário dos residuos naturais.Para
osque
crêem
que o
baixo preço e a facilidadecom
que
sedispõem de adubos
artificiais justifica seu preferencialou
exclusivo
emprego,
devem
observar,em
primeiro lugar,que
osfertilizantes químicos
não poderão
nunca
constituirum
substitutodo
húmus;
eem
segundo
lugar,que o
usode
tal substitutonão pode
serrealmente barato,
porque a
fertilidadedo
solo -um
dos fatoresmais
importantes
na
vidade
todos os países - se perde,porque
as plantasa
nutrição artificial faz indispensável protegera
esses seres contra os parasitasmediante o uso de
pulverizações envenenadas, vacinas e soros eum
sistema caríssimode remédios
especificos, médicos, hospitais, etc.Uma
vez que
as pessoas seresolvam
contemplarem
conjunto ofinanciamento
da
produção
agricola,com
elo aos distintos serviços sociaiscriados para reparar os
danos
causados pormétodos
agrícolas errados, euma
vez
que
se tenha presenteque nossa maior
riqueza éuma
população
sã e vigorosa, se reduzirão
a
suas verdadeiras proporçõesa propaganda
sobre
a
economia
e facilidadedos adubos
químicos.No
futuro, osfertilizantes químicos serão considerados
como
causade
desequilíbrioagricola e
como
a
grande loucurada epoca
industrial, e se reduzirão asuperficiais as teorias
de
muitos economistas agrícolas deste período(l-IOWARD,
1947).Mesmo
com
todos _ estes anos passados, o texto,infelizmente, continua
mais
atualdo
que
nunca
Cabe
frisarque
os efeitosdanosos
ao ecossistema globalpodem
sercausados tanto pelo uso
de
fertilizantes artificiais,como
pelo usoindiscriminado
de
matéria orgânicaUm
exemplo
disto, e'a
poluiçãode
lençóis Íreaticos
de
regiões inteirasda Europa
edo
Oeste Catarinense,com
nitratos(LOVATO,
1995).Outra propagação
exageradada
"revolução verde", são asmáquinas
e os combustíveis fósseis,que não
apenasvêm
de
forado
estabelecimento agricola,
como
também,
frequentemente,de
forado
país.O
uso
excessivode
tratores,em
especial,vem
aumentando
o
riscode
danos
ambientaiscomo
a
erosão,a
compactação do
solo, odesmatamento
e o
aumento
da
incidênciade
pragas.Além
disso,a
queima
de
energiafóssil para
movimentar
máquinas
euma
das principais fontesde
dióxidode
carbono
lançadona
atmosfera.A
grande quantidadede
gás resultante destaqueima, principalmente
em
áreasde
'baixa densidade vegetal, associado aum
desenfieado desmatamento
geral, são os principais causadoresdo
1.2.
Um
pouco
de
historiaNesse
capítulobuscaremos
encontrarno
passado razõesdo
rumo
tomado
por
esta praticade
cultivoda
terra.A
literatura desse assunto éconsideravelmente vasta,
no
entanto,quando
um
indivíduo qualquer sepropõe a
cultivara
terra, dificilmente considera os erros e acertosda
história
da
agriculturahumana
O
que
se faz é plantaro que
já é plantadona
região, eda
mesma
forma.Na
maioria das vezes, isto ocorrepor
necessidade
de
obter renda, para sobrevivência, aliado ao desconhecimento.0
O
homem
habita sobrea
terrahá
cercade
dois milhõesde
anos.A
não
serpor
uma
fraçãominúscula de
tempo,
dedicou-se acaça de
animais e a colheitade
plantas,dependendo
essencialmenteda
natureza para alimentar-se.O
homem
primitivodeve
ter, certamente, experimentadoquase todos os recursos vegetais, tornando-se assim perito
na
distinção dosque
serviam para comer.Por mais que
pareça estranho pensar nisso,estudos recentes indicam
que
nossos antepassadosnem
sempre
tiveram necessidadede
uma
continuadabusca de
alimentos, e que,em
certas ocasiões,devem
ter tido bastantetempo
de
lazer.É
claroque não
podia haver grande oportunidadede aumento da
população,mesmo
entre osmelhores
caçadores e coletores. Provavelmente,o
homem
viviaem
pequenos
grupos, poiscom
poucas
exceções, determinada área deviafornecer
o
alimento suficiente para reduzidonúmero
de
pessoas(I-IEISERJ977). V
Então, cerca
de
10.000 anos atrás,começaram
a
mudar
os hábitoshumanos
de
obtençãode
alimentos e,com
o
passardo tempo, o
homem
deixou
de
ser apenasum
caçador-colhedor para tornarz-seum
produtorde
alimentos.A
princípio elesuplementava
o alimento produzidocom
o
alimento
que
obtinhacom
a
caça ea
colheita natural,mas
gradativamente, tornou-semenos
dependente das fontes naturaisde
alimentos, àmedida
que
melhoravarn eaumentavam
em
número
suas plantas e animais domesticados.Com
uma
fonte segura de alimentação, foi possívelque
maior
número
de
pessoaspassassem a
viver juntas.Bocas
a mais
parabraços para cultivar e colher, o alimento podia ser produzido
com
maior
eficiência.
À
medida que
a produção de
alimentos setomava
mais
eficiente, surgiam as aldeias e,com
o tempo,
formaram-zse as cidades, e a civilização sepôs
em
marcha CHEISER,
1977).Nos
primeiros séculosdo
cristianismo esteve consolidadoum
tipode
economia
impm,
auto suficienteem
relação as mercadorias essenciais:o
ImperioRomano.
Mas
o desenvolvimentode algumas
áreasem
detrimentode
outras, a direção evolume
do
movimento
das mercadoriasforam
determinados pela organização políticaA
queda do
ImpérioRomano
do
Ocidentepôs tim a
intensa transferênciade
recursos dirigidapelo governo, para
Roma,
Itália e Exércitos das fronteiras(GIBBON,
1989;
FOLHA
DE
SÃO
PAULO,
1995). Estemovimento
marítimo de
mercadorias
pode
serobservado
no
anexo
I. ›Sem
dúvida, a.humanidade
estevecaminhando
vagarosamente,pode-se dizer, desde os primórdios
da
história., até os séculosXVHI
eXIX
da Era
Cristã.O
que
houve
até então, foium
desconhecimento
geral sobrefenômenos
e fatosda
naturezaO
misticismo ea
religiosidade explicavamtudo,
ou
quase.Aqui
podemos
encontraruma
caracteristica antagônicano
pensamento do
homem,
fonte primáriada
atual crise mundial: desde suasorigens,
a
tradição ocidental (que éa
dominante, hoje) colocoua
natureza a disposiçãodo
homem
paraque
elea
subjugasse.Com
raras excessões, é assimque
elaapmece
no
Antigo eno
Novo
Testamentos,no
Corão,nos
filósofos medievais e
nos
pensadores racionaiistas dos séculosXVII
e XVIII. Isso ocorre tanto nasconcepções
teocêntricas quanto nasantropocêntricas.
É
nas sociedades fundadascom
a
revolução industrial,porém, que o antagonismo
homem-natureza
seaprofunda
e se define.Mas
houve
intervalos e excessões.A
concepção
prézsocratica, por exemplo,entendia
que
os deuses estão presentesem
todas as coisas. Paraa
mitologiagrega, os deuses e os
homens,
como
se sabe,têm
a
mesma
origem.O
que
os diferencianão
ea
origem,mas
sim
o destino: los deuses são imortais; entretanto, os deuses sãoformados a
imagem
ea semelhança
doshomens,
com
sentimentos e paixões, qualidades e defeitoshumanos.
Na
própria terminologiada
língua grega,a
palavra Ph_vsis significaa
natureza eo
homem
com
suas ações e pensamentos. Havia, portanto,uma
palavraque
modernas,
homem
e natureza são dois termos distintos.Certamente
outrosexemplos
existem ao longoda
história,mas
a
que
prevaleceuna
tradiçãoocidental e
uma
concepção de
naturezasubmetida
aohomem
paraque
estea dominasse.
F
oi sobretudocom
a
influência judaico-cristãque a
oposiçãohomem-natureza,
espírito-matéria, adquiriumaior
expressão(VlEIRA,l990).
Esta
concepção
encontrou suaformulação
máxima
emelhor
justificação
no
filósofoRené
Descartes.A
concepção
cartesiana colocavao
homem
como
sujeito ea
naturezacomo
objeto: ohomem
passaa
sero
senhor e mestre
da
natureza. Essas idéiasde
Descartesvão
iniluenciar,profundamente,
a maneira de
pensaro
mundo,
que
estana
baseda
revolução científica e tecnológica
que predomina no
Ocidentenos
últimos séculos eque
encontra sua expressãomáxima
na
Revolução
Industrial.Seguindo a
trilha aberta por Descartes,o pensador
FrancisBacon,
tempos
depois,
afirma
que o
homem
deve
domar
a naturezacomo
sedomina
uma
mulher.Na
sua
concepção,a
natureza é feminina, enquantoque a
dominação
do
homem
sobrea
natureza éo
elemento masculino(THOMAS,
1988).Este antropocentrisrno arraigado
rompe
qualquer possibilidadede
integração
homem-natureza.
A
organização social patriarcal e os sistemaseconômicos
predatóriosque
prevaleceram nos últimos séculospodem,
assim,
também,
ser considerados decorrênciasdo
racionalismo cartesianoque
inaugura.a
modernidade.A
natureza se define,em
nossa
sociedade,por aquilo
que
seopõe
a cultura.A
cultura étomada
como
algo superiorque
conseguiu controlar _edominar a
natureza.Com
a
agricultura, ohomem
domestica
parteda
natureza e setoma
sedentário, considerandoprimitivos os
nômades.
Dominar
a
natureza edominar
a inconstância,o
instinto, as pulsões e paixões.O
Estado, a lei ea
ordem
tornam-se necessários para evitar oprimado
da
natureza,onde
reinao
caos ea
leida
selva Tal conceito
de
natureza justificaa
existênciado
Estado e considera primitivos ospovos
que
não
têm
Estado.Além
disso,a
expressãodominar
a
natureza sótem
sentidoa
partirda
premissade que o
homem
é não-natureza.
Mas
se ele étambém
natureza, falarem
dominar a
natureza é falarem
dominar o
homem
também
O
capitalismo leva essa tendência àsIndustrial são a expressão e a base material dessas ideias.
A
ciência ea
técnica adquirem,
no
séculoXIX,
um
significado centralna
vidados
homens.
As
ciênciasdo
.homem
surgem
inteiramente separadas dasciências
da
naturezaToma-se
dificil pensaro
homem
ea
naturezade
uma
forma
integrada e orgânica, pois a divisãonão
seda
sóno
pensamento,mas
também
na
realidade objetiva construída peloshomens
(VIEIRA,
1990)
No
chamado
mundo
ocidental,ou
vemos
a naturezacomo
algohostil, lugar
de
lutade
todos contra todos,da
chamada
leida
selva,ou
vemos
a
naturezacomo
harmonia
e bondade.No
primeiro caso, justifica-se
o Estado
paraimpor a
lei ea
ordem
e impediro
caos ea
volta ao"Estado
da
Natureza" à animalidade.No
segundo
caso, critica-seo
homem
que
destróia
natureza,mantendo-se
a
dicotomiahomem-natureza.
A
primeira vertente é antropocentrismo,a segunda
é naturalismo.Homem
e naturezacaem
um
forado
outro(VIEIRA,
1990).Mesmo
as correntes revolucionáriasdo
racionalismo,como
o
marxismo,
mergulham
em
profunda
crisepor
não conseguirem mais
explicar
o
mundo
moderno,
sobretudoa
crise ecológicaque o
caracterizaIsto
ocorre porque o desdobramento
eaguçamento
das contradições internasde
classenos
países capitalistas'não
provocou,como
previstopor
Marx, a
solução proletaria paraa
humanidade
em
geral.E
seria forçosoconcluir
que o
socialismo existentetambém
não
produziuuma
rupturacom
o
horizonteda
civilizaçãoburguesa
A
maquinaria, a tecnologia, asforças produtivas capitalistas,
enfim,
o fundamento
da
civilização capitalista erao
horizonte dos paisesdo
socialismo real(VlElRA,
1990).Assim,
é nestequadro de
rupturada
solidariedadehomem-natureza
e
de
falência ideológica,que
se coloca a crise ecológicacomo
um
mande
desafio paraa humanidade.
Mas
a
própria ciência herdeira desse racionalismo encarrega-sede
apressar
sua decadência
A
teoriada
relatividade' ea
fisica quânticano
seculo
Êõí mostram
que a
ciêncianão produz mais
certezas,mas
apenas probabilidades.O
ocidente tornazzsemais
sensível àsconcepções
holisticasTrata~se
de
estruturaruma
nova
concepção de
mundo,
natureza e universo.Por
exemplo,em
qualquer paisque
visitemosha
a
existênciade
dois
mundos
-Ú
Campo
e a
Cidade
-comentada no
livrode
mesmo
nome,
escrito porRAYMOUNU
WILLIANS
(1989):"
'Campo'
e 'cidade' são palavrasmuito
poderosas, e issonão
éde
se estranhar, se aquilatarmos
o
quanto elas representamna
vivência dascomunidades humanas.
O
termo
inglês countrypode
significar tanto 'pais'quanto 'campo'; the country
pode
ser todaa
sociedadeou
sósua
parterural.
Na
longa história dascomunidades humanas, sempre
estevebem
evidente esta ligação entre
a
terrada
qual todos nós, diretaou
indiretamente, extraímos
nossa
subsistência, e as realizaçõesda
sociedadehumana.
E
uma
dessas realizações éa
cidade:a
capital,a
cidade grande,uma
forma
distintade
civilização.Em
tomo
dascomunidades
existentes, historicamente bastantevariadas, cristalizaram-se e generalizaram-se atitudes emocionais
poderosas.
O
campo
passou a
ser associado auma
forma
naturalde
vida -de
paz., inocência e virtudes simples.À
cidade -associou-se a idéiade
centro
de
realizações -zde
saber, comunicações, luz.Também
constelaram-se poderosas associações negativas:
a
cidadecomo
lugarde
barulho,mundanidade
e ambição;o
campo
como
lugarde
atraso, ignorância elimitação.
O
contraste entrecampo
e cidade, enquantoformas de
vida fimdarnentais,remonta a
Antiguidade Clássica"Outro
autor inglês(THOMAS,
1988),em
"O
Homem
e o-Mundo
Natural", explica por
que
comemos
o que
comemos,
por que
plantamosisso e
não
aquilo, porque temos
animaisde
estimação, porque gostamos
de
certos animais enão de
outros, porque
matamos
as coisasque
matamos
eamamos
asque
amamos.
As
influênciasque nos
levaram a estefunil
perdem-se
na
memória
dos
tempos;confundem-se
com
interessesde
instituições sólidas,como
a Igreja eo
Estado,mas
parecem
ter,paradoxalmente,
como
causa e consequência,a
delimitaçãode poder
edominação
entre oshomens
e a intrínsecamanipulação de costumes
eA
criseda
sociedadecontemporânea
sópoderá
ser enfrentadacom
uma
revolução politica, social, cultural, a partirde
uma
articulação teórico- politica entre três ecologias:a
do
meio
ambiente,a
das relações sociais ea
das idéias. Esta revolução devera reorientar
a
produção
dos bens materiaise simbólicos.
Deverá
se processarnão
apenas nas relaçõesde
força visíveisem
grande escala (reformasde
cúpula, planosde
governo, partidos, sindicatoš),mas
também
nosdomínios
molecularesda
sensibiiidade, inteligência e desejo, ao nívelda
vida cotidiana(VIEIRA,
1990).2.
ÀUWDÀDES
REALEZADÂS
2.1.
São
Ludgero
São Ludgero
éuma
pequena
cidade:a
população estimadaem
1993
éde
5.965 habitantes;3065
urbanos e 2.900 rurais.A
colonizaçãoprincipal
que chegou a
região foi alemã; oriundade
Westfália, e desembarcada.em
Desterrono
ano de 1863
(PLANO MUNICIPAL
DE
DESENVOLVIMENTO
RURAL,
1993). »O
municípiode
São Ludgero
possuiuma
áreade 112
lona, distante180
km
de
Florianópolis. Está situadono
Valedo Rio Tubarão a
uma
latitude
de
28°l9'33"S, euma
longitudede
49°l0'33"W
de Greenwich
(PIDSE,
l993).O
climado
município,Segundo
Köeppen,
classifica-secomo
mesotérmico
úmido
sem
estação seca,com
verões quentes, apresentandouma
temperaturamédia
anualde
l9,3°C euma
precipitação total anual entre1200
a1300
mm
(PIDSE,
1993).A
vegetação original é exuberante: FlorestaOmbrófila
Densa ou
Mata
Atlântica.Quando
sechega
a região, percebe-se claramentea
dificuldade encontrada pelos primeiros colonizadores para substituir
a
vegetação autóctone por culturas estranhas. '
Especificamente a
localidadedo
Morro do
Cruzeiro,tem
_o relevobem
acidentado.Do
seu pontomais
alto(500m
acima do
nível-do mar)
podezzse ver:a
Leste,o Vale
do
Rio Tubarão
seguindoem
direção ao oceano,com
a Ponta
eo
Farolde
SantaMarta
ao fundo; ao Oesteum
paredãode montanhas
tentando alcançaro
céu, são os contrafortesda
Serra Geral
ou
a Serrado
Rio
do
Rastro,chamada
no
localde
"Serrado
Doze", pois parece
que a
estrada faz esta duzia de voltas atéa
parte superior; ao Norte; vê-se aofundo a
cidadede Braço do
Norte,com uma
planície cortada pelos
meandros
do
riode
mesmo
nome,
e salpicadade
O
Rio Braço do Noite
nasceem
Anitapólis,onde
sofrea
descargade
esgoto urbano.Mais
adiante, passandopor
SantaRosa
de
Lima, recebemais
uma
cargade
dejetoshumanos
e outrade
suínos.No
municipiode
Rio
Fortuna, estemesmo
rio recebe resíduosde
agoquímicos
do
cultivode
hortaliças e furno,além de mais
dejetos suínos.Assim
elechega a
Braço
do
Norte
eSão
Ludgero.A
região,numa
vista aérea, apresenta-secomo
um
mosaico,com
pipocasde
vegetação ao ladode
grandesdesmatamentos
para lenha enovas
areasde
fumo
(ver tábua 2»-c).A
principal atividade agrícola ainda éa
culturado
filmo
com
540
ha
totais.Seguem-se
as culturasdo
feijão, milho, citros e hortaliças(PLANO MUNICIPAL
DE
DESENVOLVIMENTO
RURAL,
1993).A
cultina.do
fumo
com
certeza estigmatizou osmoradores da
região. Paraque
uma
lavoura dessa culturaproduza
folhas comerciais, a.quantidade
de
agroquimicos necessaria e enorme. Chegaz-se aocúmulo
de
esterelizar
o
solo para a sernenteiraA
quantidadede mão-de-obra
empregada
atinge tal pontoque
os fumicultorescompram
quase toda suaalimentação, pois
não
lhes restatempo
nem
espaço para culturasde
subsistência
Assim, o
nivelde
intoxicação e estresse fisico dosagricultores é alto, pois
ninguém tem
consciência suficiente para proteger opróprio
corpo
eo
meio,nem
coragem
de
parara
produção,buscando
outras alternativas.E
2.l.L. Histórico
da
propriedade
eda
iniciativade
mudança
No
final dos anos 80,a
familiaSoeber
diferenciava-se dosdemais
fumicultores
da
região.Esforçavamzse
para produzir seu alimento, sentiarn-se inquietos por entregar tanto trabalhopor
tãopouco
asfumageiras e atravessadores
de
hortaliças.A
forçade
trabalho eracomposta
pelo pai,Seu
Toninho;a mãe,
Dona
Joana; e os filhos Adilson eEvair. Outros três filhos já
haviam
migrado
paraBlumenau
trabalhandoem
Sentia-se inferiorizado e responsável
por
uma
alta destruição econtaminação do
ambiente ede
si próprio.Enquanto
isso vioDaufenbach
cursavaagronomia
na
UFSC
emantinha
contatos esporádicoscom
seusprimos
_ Adilson e Evair.l\/Ianifestava»-se solidário e
buscava
orienta-losno
sentidode
"um
diapoderemos
trabalhar juntos e fazer tudode maneira
diferente". Foi assimque
despediu-sede
Evairem
1989,que
deixaraa
terra natal para juntar-seaos irmãos
em
Blumenau
e contribuircom
a
elevadaprodução
têxtilde
Santa Catarina Esta saida para cidade ocorreu
porque não suportavam
mais
plantarfumo
enão tinham
coragem
de
iniciar outra atividade.\| U1
Ififix La-4
Com
a
formaturade
Silvio,no
finalde
1990, ea
volta de Evairem
meados
de
199l,por não
suportara
escravidão das indústrias têxteis, foiiniciada
a
"associação voluntária" entre eles,cofiorme
o próprio Sílviocostumava
dizer.O
traballio iniciou-secom
muitas dificuldades e preconceitos por parte dos tradicionais agricultores vizinhos.A
seguir transcrevoum
resumo
descritivodo
traballio, feita por vio,em
1992,quando
as atividades se iniciaram."Nosso
trabalhopode
serresumido
em
4
pontos basicos:lí'/1 t~i¬ |.-ú
1.
Agricultura
ecológica: durante muitos milênioso
homem
cultivou a terra
sem
o uso de adubos
sintéticos e agrotóxicos enem
por issoa
fome
eramaior que
agora.É
necessárionos
livrarmosda
idéia,que
nos
foi imposta,de que
sócom
agroquímicos é possível produzir alimentos'Na
verdade, colheitas abundantes e sadiasdependem
do
solo ser sadio, equilibrado.Um
solocom
muitos residuos químicos epouca
matéria orgânica, manifesta seu desequilíbrio através das plantas,aparecendo pragas e doenças.
Be uma
maneira
semelhante,uma
criança subnutrida fatalmente terá.problemas
com
verminose,por
exemplo.Por
outro lado,
o
oposto deste desequilíbriotambém
causa problemas:nos
paises desenvolvidos, os alto
consumo
de
alimentoscom
nitrato (usadocomo
conservanteem
enlatados e encontradotambém
em
hortaliças,principalmente, devido aos elevados índices
de
resíduos pelo usode
uréia nas plantações), fazcom
que
as robustas criancas dos paises ricosO
solo eum
sistema vivomuito complexo,
ecomo
taldeve
ser tratado.É
muito
importantea adubação
orgânica,ou
seja,o
esterco eoutros materiais orgânicos é
que
mantém
a
vidado
solo, servindode
alimento para milhares
de
espéciesde
seresque
ai habitam,formando
um
ciclo biológico completo.A
adubação
verde e coberturado
solotambém
devem
ser práticas usadas, para evitara
erosão,a
compactação,conservar
por mais
tempo
a
agua
no
solo, entre outras vantagens.Uma
outra questãomuito
importante ea de
respeitarmosa vocação
natural
do
solo.Ou
seja,devemos
tero
cuidadode
que
nossa intervençãonuma
determinada área, causeo
menor
impacto
possível.Assim,
em
áreasmuito
inclinadosdeve
ser evitadoo
cultivode
culturas anuais,com
aração e outras práticas convencionais,Menor
impacto
causaria se cultivassemosfiutíferas,
por
exemplo.2. Associativismo vošuntário:
na
faltade
um
termo mais
adequado, associativismo voluntário seria aquela
forma
de cooperação
entre pessoas
que
estejam conscientesdo porquê
estão se associando. lstoexige
um
certotempo,
um
certo “namoro", paraque
as idéias e as práticas entre as pessoas seencaixem,
atéperceberem que
terão maiorespossibilidades,
cooperando
umas
com
as outras. Talnão
acontece naschamadas
cooperativasonde
as pessoasnão
têm
uma
idéia claradoiporquê
estão participando. Pois, geralmente, são convencidas a participar,
por
outros
que
formam
uma
cúpula,onde não
é importante esclarescer,mas
sim
escamotear.É
importantenos despirmos de
partedo
nosso individualismoegoísta, para
que
esse tipode cooperação
tenha êxito.3.
Comercialização
diretaou
semi-direta:a
comercialização etalvez
a
questãomais
delicadado
processo produtivo.No
casode
produtosagrícolas,
o
escoamento
dos produtos esta concentrado nasmão
de
algunsintermediários.
O
que
é facilitado,imensamente,
pela desorganização dos agricultores.É
necessario quebrar essa estrutura,com
os produtores se organizando eprocurando
canais alternativosde
comercialização.4. Auto-suficiência:
com
a
tendência atualde
especializaçãona
produção
agrícola, ecomum
vermos
os agricultores plantandouma
culturaDesta
forma
um
produtoque
seria barato se cultivado por ele próprio,aumenta
muitas vezesde
preço, poisalém do
comprador
terque
remunerar o
produtor, teraque
alimentar todauma
redede
intermediários.Em
relaçãoa
nós,optamos por
produzira
maior
variedade possívelde
produtos.Do
nossochão
deverá brotar nosso alimento, nossamedicina
e
nossa
energia (energia solar epequenas
hidrelétricas_)"(DAUFE'NBACl-I,1992.).
2.1.2.
Q
estágioChegando
a São
Ludgero, Evairbuscou-me
de moto, no
centro.Seus
primeiros comentários referiam-sea
voltade
Sílvio, dizendoque
"sem
ele, elesnão
conseguiiiani termudado".
Fiquei
hospedada
na
casade
Sílvio e seu pai,Seu
Alfredo.A
maior
parte dos cultivos comerciais ficavarnna
propriedade dosSoeber,
com
17 ha, à cercade 2
km
pela estrada adiante enuma
cota300m
acima
(ver tábua 2-cl).Inicialmente, Sílvio explicou-me questões
mais
basicasdo
local.Falou sobre
a origem
dos solos. Alina
propriedadede
seu pai,a rocha
de
origem
é granltica, enquantoque
"laem
cima", é basáltica;o que
conferemaior
fertilidade ao segundo. »-
A
seguir apresento dois
quadros
com
laudosde
analisede
solo, dosanos
de 1990
e 1995. Esta. última análise foi resultado das coletasde
solo, realizadas durantemeu
estagio.Quadro
02.Laudo
de
Anáfide
de
Solo,área
de
cultivo, 1990.Amosazs
pH
ípH
*P
1K
Mo
.4.1Jcz.+1\z1g 94 p W+150
3,9 1,0 3,044
01 4,6 l 5,59,6l
02
4,9 š 5,9 5,061
§ “LM 'Ó [..._... _+150!
4,2 0,3 4,037
03
,,+150l
3,0 - _ 4,1 137
Fon-azcioasc
WQuadro
G3.Lasâdo
de
Ánalide
rde
Solo,area de
r cultivo É 1995. gz
Amostras
pH
pl-lP
UK
MO
Al
Ca+I\/lgl%
ON -4 tv-nd pu-5 01 5,2 5,4 1 6,3+150
4,2 0,4 7,040
02
5,6 2,1+150
3,3 _ 7,544
03
5,9 5,1¡+150
3,7 _ 9,5 z37
4°* to -1>«Fome;
c1DAsc
ÍAs
amostras l,2
e 3correspondem à
áreasde
cultivo que,conforme
já citado,foram
usadascom
fumo
e hortaliçasde maneira
convencional até 1991, e
com
ervas medicinais e culturas parasubsistência, cultivadas organicanicamente,
a
partirde
1992.A
áreada
amostra
1tem
o
seguinte histórico (a partirde
1992):adubada
com
cinzas e fosfato naturalem
1992, cultivadadesde
entãocom
milho, feijão,
amendoim,
mandioca,
em
sucessivos cultivos intercaladoscom
pousios,onde
o
solopemianece
cobertocom
o
capim
milhã
(Digitaria sarzguinalis).
Quando
estecapim
seca, são abertos sulcosna
suapalhazda
ou
feito aração, mediante tração animal, e é feito o cultivode
1I`1V€I`l'10.
A
areada
amostra 2
apresenta-sede
modo
semelhante,com
excessãode
alguns cultivosde
ervas,recebendo adubação
verde e cinzas(1994).
Em
ambas
as áreas são colhidasalgumas
ervas consideradas pelaagricultura convencional
como
"invasoras",como
o
picão preto (Biderzspílosa) e quebra-pedra (Phyllómthus níruri),
que
são cortadas, secasem
,água
SMP
ppm ppm
%
me/%
*me/%
argilaestufa e vendidas, fazendo parte, portanto,
da
baseeconômica da
propriedade (ver tábua 1-a).
A
áreada amostra
3 toiadubada
com
composto
orgânico - palhade
capins e milho, esterco bovino, restosde
cozinha, cascade
maracujá. -(ver tábua lzd) e cinzas
em
1994,além
das cinzas e fosfatoem
1992.É
cultivadacom
ervasmais
exigentescomo
a
camomila
(il/Iatricariachamomilla)
e calêndula (Calendula ofiicinalis), Íicandoem
pousiocom
cobertura
de
mato
(capim
milhã), enquantonão
é plantada.Na
amostra
1 percebeu-seuma
diminuiçãodo
teorde
fósforo,bem
como
no
teor de-matéria orgânicana
amostra
2.Também
notouzseuma
variação
na
porcentagem de
argila nas amostras 1 e 2. Estes valores,provavelmente,
são
explicados pelanão
correspondência exatados
locaisde
amostragem
em
1990
e 1995,ou
por
irnprecisãesde
análiselaboratorial.
Por
serum
solode origem
liasaltica sua fertilidade natural eelevada.
Cabe
firisarque
os solosda
região sãode origem
granitica,sendo
este casouma
inclusão hasáltica,provavelmente
criadapor
um
respingodo
derramamento
ocorridono
Planalto.Não
obstante percebe~seuma
melhoria
em
suas caracteristicas,do ano de 1990
a 1995:como
o
aumento
da porcentagem de
matéria orgânica, a diinimiiçãoda
concentraçãode
aluminio e
aumento
de
cálcio,magnésio
e fósforo.Da
área totalde
22
ha, 5ha
são pertencentes aoSeu
Alfiedo,
paido
Silvio, e 17ha
dos Soeber.Todavia
é consideradauma
propriedade só,onde
o uso atualda
terracompreende:
2,5ha
de
culturas para subsistência,1
ha
de
ervas medicinais cultivadas, 0,3ha
de
fifuticultura, 3,7ha
de
pastagem, 3,2
ha
de
capoeira, 5,8ha
de
mato
e 0,3de
reflorestamento.Conforme
PIP,em
anexo
II.Além
das ervas medicinais, anteriormente citadas, sãocomercializadas outras ~ cultivadas e coletadas =.
Também
ecomercializado o suco concentrado
de maracujá
euva
(obtidos porum
extrator
de
suco),amendoim
(descascadopor
uma
maquina
idealizada e construidapor
Evair), eo
excedentede algumas
culturasde
subsistência.Z.§..3.
A
independência
da
propagação
das
plantasUm
fato importante a ser citado, éque
todapropagação
das plantasé auto-suficiente
na
propriedade.Todas
as culturasde
subsistência,por
ocasião
da
colheita,sofrem
uma
separaçãode
sementes, bulbos, tubérculospara plantios fiituros. Plantas exóticas,
como
parte das medicinais, são adquiridas pela primeiravez
na
vizinhançaou
mesmo
em
visitasa
outroslocais.
A
partir daí apropagação
é independentede
compra
de
sementes.A
partirde
uma
analisemais
disciplinada, hoje é possivel afirmarque
as sementesdos
agricultores são realmente variedades,excepcionalmente
bem
adaptadas às condições ambientais e sócio-econômicas
locais.Surgem
argumentos que procuram
mostrarque
osagricultores
lançam
mão
-deum
espírito criativo ede
verdadeirasestratégias
de melhoramento,
tantono
casode
plantas agrícolas, quantono
de
outras plantasque
tenham
usos medicinaisou
industriais.No
entanto, oestereótipo
do
agricultorcomo
um
pobre
caipira é apenasum
dosmotivos
que levam
as depreciara
experimentação realizada pelos agricultores.O
modelo
ocidentalde
pesquisa para urna agricultura empresarialnão vê
a.competição
com
bons
olhos, enada tem
a
ganharcom
o
reconhecimentoda
validadede
inovações desenvolvidasde
forma
descentralizada, nas próprias propriedades agrícolas, esem
Íinalidades comerciais.Além
disso,a
forma
de
inovação nascomunidades
agrícolas, fieqtientemente, écoletiva, ao inves
de
individualista; as invenções dificilmente sãomirabolantes, elas
não
se destacam; são partede
uma
abordagem
mais
holística para a resolução
de problemas
sócio-ambientais locais.Mais
por
ignorância
do que
por
elitismo, muitos cientistas acreditamque
os agricultores sãomuito
pouco
dispostos a correr riscos,ou
demasiadamente
ligados
a
tradição, paraque
possam
ser considerados verdadeiros inventores.Mas
não
é issoque a
históriamostra
(MOONEY,
l994).Agricultores
do
Niger, ao se defrontaremcom
uma
infestaçãode
uma
erva, Strigcz,nos
seuscampos
de
milheto,procuraram
aconselhamento
com
outrascomunidades
vizinhasque
tinham mais
experiência