“
CLERIO
ERESSAN
CORD1Nr
e z. l ¬zz¬¬_____
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}-õ
CC
ms
CORRECÃO
CIRÚRGICA
DE
PE
PLANO
ADOU1;R1DO
POR
1NsUP1CrÊNC1A
DO
TIBIAL
POSTERIOR.
RELATO DE CASO
E REVISÃO
BIBLIOGRAPICA.
Trabalho apresentado à Universidade
Federal
De
Santa Catarina, para aConclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.
FLORIANOPOLIS
1998
CLERIO
ERESSAN
cORD1N1
CORREÇÃO
CIRÚRGIOA
DE
PE
PLANO
ADOUIRIDO
POR
1NsUE1ciÊNc1A
DO
TIEIAL
POSTERIOR.
RELATO DE
CASO
E REVISÃO
EIELIOGRAFICA
\
V
Trabalho apresentado à Universidade
Federal
De
Santa Catarina, para aconclusão no Curso de Graduação
em
Medicina.
~
Orientador: J osé Francisco
Bemardes
Co-orientador: Ricardo
Dan
ItayaFLORIANÓPOLIS
1993
r
1
Cordini, Clério Bressan. Tratamento Cirúrgico de Pé Plano Adquirido por Insuficiência do T ibial Posterior. Relato de Caso e Revisão Bivliográfica.
Florianópolis, 1998. ,
39p.
Trabalho de conclusão no Curso de Graduação em Medicina, Universidade Federal
de Santa Catarina.
DEDICATÓRIAS
H
Dedico
este trabalho:Aos meus
pais e irmãs,que
estiveramsempre
aomeu
lado,mesmo
que
distantes,
me
oferecendo apoio nosmomentos
mais dificeis.À
minha
namorada, que soubecompreender
aminha
ausência enquantome
dedicava à execução deste estudo. -Aos
meus
amigos, pela convivência e cumplicidade durante toda esta longajomada
aque
noscomprometemos
em
completar.À
Deus, que sempre mostrou-me
como
abrir as portas e superar asAGRADECIMENTOS
Ao
Dr. RicardoDan
Itaya, pelo caso cedido, apoio etempo
dispensadona
orientação deste trabalho. V
Ao
Dr. José Francisco Bernardes,que
se prontificou a orientar aexecução
deste estudo. A
-
À
paciente, cuja colaboração foi impressindível, esem
a qual seria1.11×1TRODUÇÃO
... ..ÍNDICE
2.RELATO
DO
CASO
... _. 3.REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA
... .. 4.DISCUSSÃO
... .. 5.REFEÊNCIAS
... ..RESUMO
... ._SU1\/IMARY
... _.ANEXOS
... .. - - - ¢ u u . - | ú ú ø - | z - n ¢ - - - ¢ - no z - - ¢ - n . - - ¢ ¢ ú u | | - - ¢ ú u Q › -zu1 -
INTRODUÇÃO
e
Queixas de dor
ou
defonnidade envolvendo os pés, foram, e continuam a sercomumente
encontradasem
consultórios, sendoque
a identificação de qualquerdeformidade e seu
adequado
tratamentomostram-se
necessários a firn de se evitarfuturas sequelas.
Uma
importante causa deste tipo de queixa éo pé
plano adquirido.Tal patologia possui
um
amplo
espectro de etiologias, assimcomo
graus variadosde
deformidades.O
pé
plano adquirido constituium
tipo diferente deproblema
quando comparado
aopé
plano congênito, poisno
primeiro,em
algum
momento
o
pé
possuiu estrutura e funções nonnais, sendo estas afetadas poralguma
patologiade base.
Como
causascomuns
depé
plano adquiridopodemos
citar a insuficiênciado
tibial posterior, artrite reumatóide, osteoartrose, trauma.A
insuficiênciado
tibialposterior provavelmente é sua causa mais
comum.
A
patologiada
insuficiênciado
tibial posterior
ficou
obscura durante muito tempo.A
partirda
primeira publicação,em
1969,têm
surgido vários outros trabalhos sobreo
assunto.Hoje
se possuium
conhecimento mais detalhado desta patologia,
o que
veio a facilitar muitoo
seudiagnóstico e tratamento.
A
degeneraçãodo
tendãodo músculo
tibial posterior leva a urnadefomiidade
em
pé-plano valgo abduto, acarretando ao paciente sequelasincapacitantes, principalmente se bilateral. -
Nas
lesões antigas,quando o
tratamento clínico se mostra contra-indicadoou
falho, existe urna tendência a soluções radicaiscomo
a tríplice artrodese. Nestescasos é retirada a mobilidade
do
pé,que
passa a frmcionarcomo
instrumento rígidode apoio.
Com
isso ocorre grande prejuízo funcional para a dinâmicada
marcha,além
depoder
levar a repercussõesem
outras articulações.Este trabalho relata
um
caso de correção cirúrgica depé
plano adquirido6
consiste
na
associação de anrodese talonavicular, transferência tendinosa e ainserção de
uma
“prótese”no
seiodo
tarso, procurando-se, dessaforma
uma
boa
estabilização e correção das defonnidades,
mantendo-se
um
grau razoável de2
-RELATO
DO
CASO
Paciente Z. S. T., feminina, branca, 55 anos de idade,
do
lar, casada.Ao
procuraro
consultório a paciente queixava-se de dor e deformidadeem
ambos
os pés.Refere
que há aproximadamente
10 anos inicioucom
quadro de hiperemiaem
região medialdo
tomozelo esquerdo e dorem
região medialdo pé
esquerdo,de
caracteristica intennitente,
pouco
intensa,desencadeada
por esforços fisicos,grandes
caminhadas ou quando
permanecia por muitotempo
de pé.A
melhora
da
dor era percebida
com
o
repouso eo
uso de analgésicos e anti-infamatórios.Posteriormente a dor foi tomando-se difusa, envolvendo todo
o
médio
e retropé.Os
episódios dolorosos foram se
tomando
progressivamente mais frequentes e intensos,além
do que
era cada vezmenor
a necessidade de esforço parao
seu desencadeamento. Foi notadouma
dificuldade parao
uso de sapatos de salto alto,sendo que
há
aproximadamente 6 anos a pacientenão
conseguiu mais usar este tipode
calçado.Em
tomo
de4
anos após o início dos episódios dolorososno
pé
esquerdo, a paciente percebeu o aparecimento de defomiidade
no
mesmo
pé,referindo
que
este teriaficado
chato (sic) ecom uma
protuberânciaem
regiãomedial. Notou,
também,
que a defonnidade foi se agravandocom
o passardo
tempo.Há
aproximadamente4
anos inicioucom
dorem
região lateraldo pé
direitoque
logo envolveu todo o pé.As
característicasda
dor, seus fatores desencadeantes ede
alivio,
bem
como
suaforma
progressivaeram
semelhantes às descritas parao pé
esquerdo. Três anos após o aparecimento
da
dorno pé
direito a paciente percebeuque
amesma
defonnidadeque
surgirano pé
esquerdo estava se iniciandono
pé
direito, possuindo forma evolutiva semelhante.
Desde
o
iníciodo
aparecimento dosprimeiros sintomas
houve
urna dificuldade para a deambulação, inicialmente8 tal dificuldade
tomou-se
praticamente incapacitante.Durante
este longo pen'odo a paciente procurou recurso médico,quando
foram investigadas várias possibilidades de causas para tal sintomatologia, inclusive
doenças reumáticas. Foi feito o diagnóstico de osteoartrose e realizado tratamento
~
clínico
com
analgésicos e anti inflamatóriosnao
hormonais,sem
melhora
satisfatória.
Associada ao quadro acima a paciente possui hipertensão arterial sistêmica,
fazendo tratamento
há
3 anoscom
cloridrato de amilorida e hidroclorotiazidajuntamente
com
captopril. Refere controle pressórico satisfatório eacompanhamento
clínico regular.
Nega
história pregressa de qualquer traumatismoou
atividadeque
a submetesse aum
maior
esforço fisico.Ao
exame
fisico,na
inspeção ortostática, foi notável a dificuldadeda
paciente para a deambulação.
Com
a pacienteem
posição ortostática, encontrou-sebilateralmente, sob vista anterior (fig. 2), urna
abdução do
antepé sobre o retropé.Sob
vista medial,no pé
esquerdo (fig. 4), viu-seo
achatamentodo
arco longitudinalmedial,
edema
retromaleolar e a saliência medialda
cabeçado
tálus;no
pé direito,o achatamento
do
arco longitudinal medial,o
edema
retromaleolar e saliênciada
cabeça do
tálustambém
estavam
presentes,porém
em
menor
grau (fig. 3).Sob
avista lateral foi perceptível
um
valgismodo
retropé tantono
lado direitocomo
no
esquerdo, sendo mais acentuado
no
esquerdo.Sob
vista posterior (fig. 5) foi notadoo
mesmo
valgismodo
retropé e o sinal de “toomany
toes” bilateral.Quando
examinada
ao podoscópio, verificou-se urna deformidadeem
pé
plano bilateral,classificada,
em
ambos
os pés,como
grau quatrona
graduação de Valente2(fig. 1).O
valgismodo
retropé,na
lado esquerdo era de40
graus (normal até 10 graus)2 eno
lado direito de 30 graus; aabdução do
antepé sobreo
retropé, à esquerda era de25
9
Pedindo-se para a paciente sentar-se
na
maca
com
aspemas
pendentes, notou-se a diminuiçãodo
grau de deformidade nos dois pés.Ocorreu
a supinaçãodo
antepé,
no
lado esquerdoem
20
graus eno
lado direitoem
15 graus (normal até 15graus)2.
À
palpação verificou-se o espessarnentoda
bainhado
tendãodo
tibialposterior
em
região perimaleolar medialno
lado direito,não
sendo encontradano pé
contralateral.
A
articulaçãodo tomozelo
direito eramóvel
e de amplitudes demovimento
preservadas;no tomozelo
esquerdo aflexão
plantar estava dentroda
normalidade,
porém
aflexão
dorsal estava discretamente diminuídaem
decorrênciade
um
encurtamentodo
tendão de Aquiles.A
articulação subtalar eramóvel
eredutível nos dois pés, sendo encontrado, bilateralmente,
um
encurtamentopequeno
dos fibulares curtos.
Os
complexos articulares de Chopart e de Lisfranceram móveis
e redutíveis bilaterahnente.
A
avaliação motora constatou a preservaçãoda
força muscular dos flexoreslongos dos dedos e
do
hálux, assimcomo
dos extensores longodo
hálux e longo dosdedos e tibial anterior,
em
ambos
os pés.O
tibial posterior foi testadocom
o pé
em
flexão
plantar, pedindo-se para a paciente realizar a inversãodo
pé, contra aresistência.
No
pé
esquerdo notou-se a presença de contração muscular,porém
incapaz de realizar movimento.
No
pé direito, a paciente vencia a gravidademas
não
conseguia vencer qualquer resistência.
A
paciente foi colocadaem
posiçãoortostática e ao tentar ficar sobre a ponta dos pés apresentava grande dificuldade,
sendo incapaz de
pennanecer
nesta posição.A
sensibilidade estava preservada bilaterahnente.Os
reflexos patelar eaquileu
estavam
presentes e dentroda
normalidadeem
ambos
osmembros.
A
paciente apresentava pulsos tibiais posteriores e pediosos bilaterais
amplos
e cheios,assim
como
innaboa
perfusão periférica.\J
10
incidências ântero-posterior e perfil
com
carga, e oblíquassem
carga, dos pés direitoe esquerdo,
com
carga,além
de radiografias dostomozelos
nas incidências ântero-posterior e perfil,
com
carga.Nas
radiografias ântero-posteriores foimensurado o
ângulo talo-primeiro metatarso, através
do prolongamento
dos eixos destes ossos.Nas
poses de perfilforam medidos
os ângulos talo-primeiro metatarso, damesma
fonna que
na
pose anterior, eo
pitch de calcâneo, atravésdo
ânguloformado
entrea linha que liga os ossos sesamóides
do
primeiro metatarso à porção mais inferiorda
tuberosidade posteriordo
calcâneo e esta última à porção mais inferiorda
tuberosidade anterior
do
calcâneo.No
pé
direito,na
incidência ântero-posterior, foiencontrado
um
desvio medialda
cabeçado
tálus, a presença de alteraçõesdegenerativas
na
articulação talonavicular; o ângulo talo-primeiro metatarso erade
24
graus (nonnal até 15 graus)3.Na
incidência de perfil foi constatado odesabamento do
arco longitudinal medial, desvio plantarda cabeça do
tálus;o
ângulo talo-prirneiro metatarso era de 25 graus (normal
próximo
de O grau)3 eo
pitchde calcâneo de 15 graus (normal entre
20
e25
graus)3.Na
incidência oblíquaforam
notadas asmesmas
alterações percebidas nas poses anteriores.Nas
radiografiasdo
tomozelo direito, foi notada a presença discreta de alterações degenerativas.No
pé
esquerdo,
foram
encontradas asmesmas
alteraçõesdo
direito,porém
sendomais
marcantes; o ângulo talo-primeiro metatarso era de 32 graus
na
pose ântero-posteriore de
28
grausna pose
de perfil;o
pitch de calcâneo era de 14 graus.As
mesmas
alterações degenerativas
do
tomozelo direito foram encontradasno
esquerdo,porém
mais acentuadas.
Foi proposto
um
plano de tratamento cirúrgico paraambos
os pés,sendo
utilizada a técnica descrita por
Miranda
RM
et all, associando artrodesetalonavicular isolada, transferência
do
tendãodo flexor
longo dos dedosem
substituição ao tibial posterior e a inserção de
uma
“prótese”moldada
(dell
Foi realizado inicialrnente
o
tratamentodo pé
direito.A
paciente foi submetida à anestesia peridural, posicionadaem
decúbito dorsal e colocada faixade
Esmarch
na
raizda
coxa.Realizou-se
uma
incisãona
face medialdo pé
iniciandoem
tomo
de 3cm
distalmente à base
do
primeiro metatarso, se estendendo ao longodo
trajetodo
tendãodo
tibial posterior, passando pela região retro-maleolar medial temiinando cercade
6cm
proximais à articulaçãodo
tomozelo. Foi identificadoo
tendãodo
tibial posterior degenerado e
com
grandeaumento
de volume, sendo este desinseridodo
navicular (fig. 6). Localizado o tendãodo flexor
longo dos dedos, omesmo
foi dissecado e seccionado ao nívelda
basedo
primeiro metatarso.Na
parte lateraldo pé
fez-seuma
pequena
incisãono
seiodo
tarso,no
sentido das linhas de força,
aprofimdada
paralelamente aos nervos e vasossendo
retirado todo
o
tecido gordurosoda
região, preservando-se a superficie articular eligamentar.
Uma
“prótese” de cimento ósseo (metilmetacrilato) foimoldada
no
formato de esfera e inserida
profimdamente no
seiodo
tarso(com
o retropé reduzidoem
posição neutra)quando
esta iniciouo
processo de endurecimento, seguidade
irrigação contínua
com
soro fisiológico,no
intuito de impedir a lesão de estruturasvizinhas devido à alta temperatura.
Após
o
esfiiamento da prótese executou-se todosos
movimentos do pé
obtendo-sealgum
grau de liberdadesem
tendência a luxaçãoda
“prótese”(fig. 7).Através da incisão medial reduziu-se a deformidade
em
abdução do
antepésobre
o
retropé seguida da artrodese talonavicular, estabilizadacom
dois parafusosde esponjosa de pequenos fragmentos.
O
passo seguinte foi a perfuração deum
tímelno
navicular, atravésdo
qual foi inseridoo
tendãodo flexor
longo dos dedos.O
fechamento
da
parede foi feito por planos, após revisãoda
hemostasia.Colocou-se bota gessada
sem
saltocom
janela para curativos, sendo os12
imobilização por
uma
bota gessadacom
salto e liberada a carga.Após
90 dias foi retiradoo
gesso e feito radiografias de controle.A
pacientenão
apresentounenhuma
complicação pós-operatória.Dois
meses
após a retiradado
gesso partiu-se para o tratamentodo pé
esquerdo (fig. 8).
A
técnica e os procedimentos realizadosforam
idênticos aosdo
pé
direito.Na
cirurgiado pé
esquerdoo
tendãodo
tibial posterior estava desinseridoe não foi encontrado.
O
seguimento pós-operatório foio
mesmo
da primeira cirurgia.Logo
após a retiradado
gesso a paciente apresentou sinoviteda
subtalar, tratadacom
imobilização tipo tala gessada por 10 dias e anti-inflamatóriosnão
hormonais, obtendo-se regressãodo
quadro,sem
recidiva.A
paciente seguiusem
queixas de dorno pé
direito e grande alíviono
pé
esquerdo,com
pequeno
nível de dor residual.O
valgodo
retropé à direita e àesquerda
foram
corrigidos,ficando
dentro dos limitesda
normalidade.As
deformidadesem
abdução
e pronaçãoforam
integralmente corrigidasem
ambos
ospés (fig.l1-14).
A
mobilidadedo mediopé
foi totahnente perdida nos dois pés, jáno
retropé, apesar de bastante reduzida, foi preservado
um
discreto grau de mobilidade. Obteve-seuma
boa
estabilidadeem
ambos
os pés,o
que
lhe permitiuuma
melhora
importante
na
marcha.A
capacidade de inversãodo pé
foi ausenteem
ambos.
Os
controles radiológicosdo
pós-operatório (fig. 15-18) mostraram,no pé
direito a correção
do
desvio plantar-medialda
cabeçado
tálus.O
ângulo talo-primeiro metatarso foi de 2 graus
na
incidência ântero-posterior e de zero grauna
de perfil.
O
pitch de calcâneo foi de 20 graus.No
pé esquerdo o ângulo talo-primeirometatarso,
na
pose ântero-posterior foi de 4 graus, eno
perfil de 2 graus.O
pitchde
3
-REv1sÃo
BIBLIOGRÁFICA
O
músculo
tibial posterior situa-sena
camada
profunda, recoberto pelotríceps sural.
Tem
sua origem nos dois terços proxirnaisda
face posteriorda
tíbia,da
fibula e damembrana
interóssea. Insere-sena
tuberosidadedo
navicular, emitindoexpansões
fibrosas para os três cuneiformes, parao
cubóide, segundo, terceiro e quarto metatarsos 45.A
principal açãodo músculo
tibial posterior é a inversãoda
articulaçãosubtalar e adução
do
antepé, fazendo antagonismo aomúsculo
fibular cu1to4”5*°”7i8.É
de crucial importância
na
marcha, minimizando o choque sobre a articulação subtalar e controlando sua eversãono
inícioda
fase de apoios. Realiza a estabilizaçãoestática e dinâmica
da
articulação talo-navicularg. Auxilia ocomplexo
gastro-sóleona
flexão
plantardo pé
devido à sua ação inversorada
subtalar”. Tensionao
retináculo extensor inferior, preparando o
pé
parao
inícioda
fase de apoioda
marchas.
Ações
musculares opostastendem
a retificaro
arco longitudinal medialdo
pé, sendo que
o
tibial posterior atua prevenindo a ocorrência dessa defoniridadeu.Realiza a estabilização,
no
plano transverso, das cabeçasdo
segundo, terceiro e quarto metatarsos”.Quando
o
tendãodo
tibial posterior está rotoou
com
sua força diminuída aação antagonista
do
fibular curto predomina, apresentando-secomo
o principalresponsável pela deformidade
em
pé-plano°=7°8.Consequentemente
à insuficiênciado
tibial posterior ocorreria
um
aumento do
impacto sobreo
retropé e maior tensãosobre os ligamentos
do
pé, assimcomo
a lesão de tecidosmoles
periarticularess. Outra consequência seria a diminuiçãoda
estabilidadeda
articulação tarso-metatársicag. Poderia
também
estar presente a instabilidadeda
articulaçãomediotársica,
o
que
acarretaria urna deformidadeem
abdução do
antepé sobre o retropés.A
degeneraçãoda
primeira articulação metatarsofalangeana,com
14
defonnidade
em
flexão do
primeiro raio seria outra alteração decorrenteda
insuficiência
do
tibial posterior”.O
aumento da
supinaçãoda
articulaçãomediotársica é outra alteração encontrada”.
Com
a insuficiênciado
tendãodo
tibialposterior praticamente todas as principais
fimções
do pé
são afetadas.O
tornozeloraramente está envolvido”.
A
etiologiada
disfunçãodo
tendãodo
tibial posterior, ainda hoje,não
seencontra totalmente elucidadaófi. Mueller
JT
et *al propôs tuna classificaçãoetiológica, dividida
em
quatro grupos.No
tipo I a causada
insuficiênciado
tibialposterior seria decorrente da degeneração intrínseca
do
tendão; o tipo II incluiria oscasos de ruptura
do
tendão previamente doente (artrite reumatóide seria a causamais
comum); o
tipo III seriam os casos de ruptura idiopática;no
tipoIV
ocorreria Luna ruptura funcional, estandoo
tendão intacto,porém
não
funcionante.Na
maioria dos pacientes é encontradoalgum
grau de degeneraçãointrínseca
do
tendão,podendo
ou não
estar associada a reação sinovial adjacente,sendo
que nestes casos é dificilafirmar o que
iniciou priineiroófl.O
grau de lesãopode
variar desde pontos degenerativos localizados atéum
envolvimentogeneralizado,
podendo
ocorrer rupturado
tendão”. Outra característica éa
evoluçãocrônica e progressiva das lesões”. Notou-se
que
a porçãodo
tendãomais
comumente
afetada se localiza entreo
maléolo medial e sua inserçãono
navicular,coincidindo
com
a porção de pior vascularizaçãoó. Foi proposta, então, urna teoriahipovascular
como
desencadeantedo
processo degenerativoó.Além
disso verificou-se a maior incidência desta patologia
em
pacientes diabéticos, hipertensos, obesos e aqueles sujeitos a traumatismos constantes.A
severidadedo
processopode
variardesde fases assintomáticas até ruptura total
do
tendão e grandes deformidadesfixasófi.
O
diagnóstico é predominantemente clínico.Ao
procurar o consultórioo
15
de
volume na
porção medialdo pé
etomozelo
associado à presença de deformidade”.Mulheres
costumam
relatar dificuldade para usar calçadosde
saltoalto.
Nos
casos mais avançados écomum
a queixa de grande dificuldade para adeambulação7.
Os
achados fisicos são clássicos. Observa-se o achatamentodo
arcolongitudinal
do
pé, varodo
retropé, aabdução do mediopé
e supinaçãodo
antepé,a protusão medial
da
cabeçado
tálus edo
maléolo medial”.O
pacientepode
terdificuldade
ou
mesmo
não conseguir permanecer nas pontas dos pés”.A
ocorrênciade diminuição
da
força musculardo
tibial posterior costtuna serum
achado
precoce”.
Pode
ocorrer diminuiçãoda
mobilidade das articulações»do pé
eraramente
do
tornozelo, encontrando-se,dependendo da
severidade, até anquilose (principalmente das articulações subtalar e mediotársica)7.'
Miranda
RM
et al.1 propôsuma
classificação clínica dos estágios de alteraçãodo
tendãodo
tibial posteriorem
cinco classes, levandoem
conta acondição
do
tendão, a mobilidade articulardo
retropé,o
alinhamentodo pé
eo
nívelde dor experimentado pelo paciente.
No
estágio I ocorreria apenasuma
predisposiçãomecânica
para a condição, sendoo
retropé móvel,o
pé
alinhado eo
paciente
sem
dorou
apenascom
desconforto.No
estágio II seria encontradoperitendinite
ou algum
grau de degeneraçãodo
tendão,com
o
retropé móvel,o
pé
alinhado e o paciente referindo dor discreta a moderada.
No
estágio III ocorreriaum
alongamento
ou
mesmo
rupturado
tendão,o
retropé móvel, deformidadeem
valgoe dor de
moderada
a forte.No
estágioIV
já estaria presente a rupturado
tendão,sendo o retropé fixo, o alinhamento
em
valgo ecom
ocorrência de artrite.No
grauV
seriam encontradas asmesmas
alteraçõesdo
anterior,porém
com
o
comprometimento do
tornozelo.Outra forma de classificação é a gradação
do pé
plano pelaimagem
plantar,16
a
um
terçoda
largurado
antepé.No
grau II estamesma
medida
é superior ametade
da largura
do
antepé.No
grau III amedida do
istmo é superior a largurado
antepé.No
grauIV
ocorre abaularnentoda borda
medial e surgimento de entalhena borda
lateral
do pé
(fig. 1)2. .~
O
estudo radiográfico é de grandeutilidadena
avaliaçao eacompanhamento
do
grau de subluxação talonavicular, demonstraçãoda
frouxidão articular (atravésda
alteração dos ângulos entre os eixos dos ossosdo
pé), grau de achatamentodo
arco longitudinal medial , além da presença de processo degenerativo6”7*9f1°.
As
posesmais úteis são a ântero-posterior
com
carga e a de perfilcom
carga.A
tomografia
computadorizada (TC)
mostra,com
boa
resolução,o
alinhamento das estruturasósseas”.
A
ressonância nuclear magnética(RNM)
é muito útil para a avaliaçãoda
lesão
do
tendãodo
tibial posterior°'7*“.Apesar da
comprovada
utilidade,um
acompanhamento
clinico cuidadoso eum
bom
estudo radiográficotoma
dispensávela realização de
exames
dispendiososcomo
aTC
eRNM6”.
A
ultrassonografia,além
de ser
um
exame
relativamente barato,pode
ter utilidadeno
estudo das partesmoles
~
e
do
graude
degeneraçaodo
tendão.Várias abordagens foram propostas para o tratamento desta moléstia,
sendo
que a escolha
do
método
vai dependerda
gravidadeda
doença,da
posturado pé
eda
rigidez das articulações envolvidas”.O
tratamento clínico poderia serusado
principalmente nos casos demenor
gravidade.
Quando
na
presença de tendinite e/ou sinoviteaguda
estaria indicadoo
tratamento
com
imobilização gessada eo
uso demedicações
anti-inflamatóriasnão
hormonais7.
Nos
casosem
ueo achado
éuma
sinovite crônica 7odendo o
épossuir
algum
grau de rigidez, seria mais indicadoo
uso dealguma
órteseu”.O
tipoUCBL
(University CaliforniaBiomechanics
Laboratory), realiza a contençãodo
calcâneo
em
posição neutra aomesmo
tempo que
semolda
à parte lateraldo
pé,17
principalmente nos pacientes
com
grau razoável de mobilidade articularw.Outro
tipo de Órtese é
o
MAFO
(molded ankle-foot orthoses). Este aparelho émoldado
em
polipropileno sob os
mesmos
princípios daUCBL,
porém
incluindo a articulaçãodo
tornozeloõf”.
O
modelo
MAFO
estaria mais indicado para aqueles pacientescom
deformidades
mais
severasou
um
maior grau de rigidez articular”.Chao
et al.” relatoubons
resultadoscom
o tratamento conservadordo pé
plano adquirido por insuficiência
do
tendãodo
tibial posterior.Nos
pacientescom
deformidade fixa,
abdução maior que
dez grausou
considerável obesidade foi lançadomão
da
Órtesedo
tipoMAFO.
No
restante dos pacientes foiusado o
tipoUCBL.
Uma
pequena
minoria dos pacientesnão
toleraramo
tratarnento clínicoou
necessitaram de posterior intervenção cirúrgica.Os
autores concluíramque
otratamento
com
o
uso de órteses foi particularmente útil para os pacientescom
estilo de vida sedentárioou
aquelesem
que o
tratamento cirúrgico está contra-indicado devido a outros problemas associados.Nos
casos de falhado
tratamento clinico, nospacientes mais jóvens,
com
maior
nível de atividade,ou nos
casos de deformidadesevera, o tratamento cirúrgico deve
sempre
ser considerado.Nos
casos iniciais,onde
se encontra apenasuma
sinovite, e após tentado otratamento clinico
com
imobilização e anti-inflamatóriosnão
hormonaiso
processonão regredir
ou
tiver tendência a recorrência frequentes, o tratamento cirúrgico porsinovectomia precoce estaria indicado,
impedindo
assim a continuaçãodo
processoinflarnatório,
o que
viria a prevenir a degeneraçãodo
tendãocom
sua consequenteinsuficiência. Esta cirurgia consiste
na
retiradado
tecido sinovial adjacente aotendão tibial posterior, sendo que
na
presença de degeneração estaria indicadoo
seudebridamento, seguido de reparoó.
Mann
R
et al.° Relatou bons resultadoscom
o uso
desta técnica nos casos precoces, encontrandopouca
recorrência.Caso
instalada a insuficiênciado
tendãodo
tibial posterior,com
18
substituição ao tibial posterior
pode
serusada”.
Um
ponto importante a serobservado
quando
se pretende usar este tipo de tratamento é a presença demobilidade articular 6”.
Havendo
defonnidadefixa
ou
mais de sete graus de varodo
antepé, este
método
estaria contra-indicadoó.A
técnica cirúrgica consistena
desinserção
do
tendão tibial posterior,sendo
queo
flexor
longo dos dedos, previamente seccionado, é inseridono
tubérculodo
navicular.Na
presença dealgum
grau
de
funcionalidadedo músculo
tibial posterior,o
tendão tibial posteriorpode
reforçar
o
flexor
longo dosdedos
sendo inserido neste último.O
seguimentodo
paciente consistiria
na
imobilizaçãoem
inversão por dez dias, seguida de quatrosemanas
de aparelho gessadosem
carga emais
quatrosemanas
com
cargaó.Com
este tratamento,Mann
R
et al.6 conseguiuum
bom
alívioda
dor e a restauraçãoda
capacidade de inversãodo
pé,porém
algtun grau de degeneração foi encontradodez
anos após a cirurgiaó.
Em
outro estudo,Mann
R
eThompson
FM”
defendem que
adeformidade
em
pé
plano já instalada parecenão
ser passível de correção apenascom
a transferência de tendão. -Thodarson
DB
et al.” realizouum
estudo,em
cadáveres, de quatro tipos dereconstrução de partes
moles
para a correçãodo pé
plano adquirido por rupturado
tendão tibial posterior.
No
primeiro tipo foi utilizadoo
tendãodo
fibular longo,sendo seccionado ao nível
do
maléolo lateral transpassando-o para a região medialdo pé
através da face plantar efixado
no
calcâneo de medial para lateral através deum
timel ósseo.O
segundo tipo consistiuna
utilizaçãodo
teço medialdo
tendãodo
tibial anterior,
que
foi passado de dorsal para plantar através deum
tL'melno
navicular e de medial para lateral através de
um
ttmelno
calcâneo.No
terceiro tipotambém
foi utilizadoo
tendão tibial anterior, fazendo-o percorrerum
trajeto medialno pé
sendo inseridono
calcâneo.O
quarto tipo utilizouum
enxertodo
tendão deAquiles,
o
qual foifixado no
calcâneocom
parafuso e passado de plantar para dorsal19
a cargas de
100 N, 350
N
e700N.
A
primeira técnica apresentouboa
correçãoda
deformidade nos planos transverso e sagital
em
todos os níveis de carga, excetono
plano transverso
com
700 N.
Os
outrosmodelos
corrigiram as defonnidades,com
menos
eficiênciaque
o primeiro,somente
atéo
nível de carga de 100N.
.
Deland
.TT et al.” propôs que a reconstrução dos ligamentoscom
frouxidão, associado à transferência de tendão poderia apresentar melhores resultados.Em
um
estudo posterior
Deland JT
et al.” realizou a reconstrução ligamentar,usando
aporção
superficialdo
ligamento deltóide, fazendo sua transferência para aporção
plantar medial
do
navicular, sendoque
os resultadosforam
desanimadores.Myerson
MS
et al." realizouum
estudo associando osteotomiado
calcâneocom
a transferência de tendão. Foi procedidauma
osteotomia transversado
calcâneo, sendo o seu terço posterior deslocado
um
centímetro medialmente, seguidoda
transferênciado
tendãodo músculo flexor
longo dosdedos
para o tendão tibialposterior.
Segundo
o estudo a maioria dos pacientesmostraram
beneficios ,sendo
que outros
não
apresentarammelhora
com
o
procedimento.O
autor defendeque
a osteotomiado
calcâneo, poderia diminuir a força de antagonismo defonnanteem
valgo sobre
o flexor
longo dos dedos.Outra
opção
de tratamento descritana
literatura é a realização de artrodesesnas articulações envolvidas6”7›18*'9›2°.
A
artrodesepode
ser isoladada
articulaçãosubtalar,
da
articulação talonavicular, dupla (articulação talonavicular ecalcaneocuboídea), tripla (talonavicular, calcaneocuboídea e subtalar),
ou
mesmo
quádruplaquando
incluída a articulaçãodo
tomozeloó.Deformidades fixas
do pé
seriam indicações absolutas para
o
tratamento por artrodese. Indicações relativasseriam os casos envolvendo pacientes idosos
(com
mais
de60
anos), aquelescom
estilo sedentário de vida e pacientes obesosõ. Para a escolha
do
tipo de artrodese aser realizada deveria-se levar
em
conta os 'aspectos biomecânicosdo
pé, avaliando20
procedimentos
menos
incapacitantescomo
as artrodeses isoladasou
mesmo
a dupla°*18*19*2°.Um
ponto importante a serlembrado
quando
se opta por este tipo de tratamento é que as defonnidadesdevem
ser corrigidas, sendo contra-indicadauma
artrodese in situ, o
que
acarretariana
continuidadeda
sintomatologiado
paciente ena não
estabilizaçãodo
pé°.V
Quando
apenas a articulação subtalar possui deformidade fixa, sendoque
as
demais
articulaçõespossuem
deformidadesmóveis
e redutíveis, a artrodeseisolada
da
articulação subtalar seriauma
boa opção
de tratamentoó.Com
este tipode tratamento a perda
da
flexão
dorsal e plantardo pé
é mínima, enão há
bloqueiodas articulações transversas
do
tarso, sendo mantidos osmovimentos de adução
eabdução do
antepéó.Por
outro lado,um
estudo realizado porO”Maley
MJ
et al.”demonstrou que a artrodese subtalar isolada
não
foi capaz de corrigir a defomiidadeem
pé plano e realizarboa
estabilidade das articulações transversado
tarso,sendo
frequentes as recorrências, principalmente nos casos
em
que
existe deformidade dasarticulações transversas
do
tarso associadas.A
artrodese talonavicuar isolada estaria indicada nos casos de defonnidadefixa
desta articulaçãoou
nos casos demarcada
instabilidade desta última articulaçãocom
a subtalarmóvel
e redutíveló.Como
a inversão e a eversãodo pé
sãodependentes
também
da
mobilidadeda
articulação talonavicular, a fusão destaacarretaria
um
bloqueioda
articulação subtalaró. 'Através deum
estudo de vinte esete casos de
pé
plano adquirido. por insuficiênciado
tendãodo
tibial posteriortratados
com
artrodese talonavicular, HarperCM
et al.” conseguiuum
considerávelalívio
da
dorna
quase totalidade dos pacientes,além
deuma
boa
e duradoura estabilidade. KitaokaHB
et al”, realizouum
estudo comparativo entre a artrodese talonavicular isolada e a transferênciado
tendãodo flexor
longo dos dedosem
substituição ao tendão tibial posterior, tendo relatado resultados superiores nos casos21
A
artrodese dupla (talonavicular e cacaneocuboídea) poderia ser utilizadanos
casos de deformidade das articulações transversasdo
tarso, sendo a subtalarmóvel
e conigívelw.Nos
casos de deformidadefixa
da
subtalar a tríplice artrodeseestaria mais indicadaó. Este tipo de tratamento
promove
uma
boa
estabilidadedo
pé,inclusive
da
articulação subtalar, sendoque
o nível de bloqueioda
subtalar, assimcomo
o
grau de estabilidadedo pé não
difere muitoda
artrodese talonavicularisoladaó. Tanto a artrodese talonavicular quanto a dupla mostraram-se capazes de
corrigir a defonnidade
em
pé
plano, inclusivedo
valgodo
retropé,da
mesma
forma
que
a tríplice artrodese”.O
tratamentocom
tríplice artrodese estaria indicado nos casos de defonnidadefixa
da
articulação subtalar, associada aabdução
fixa
da
articulaçãomediotársicaõ.
Segtmdo
a literatura revisada, a tríplice artrodesevem
apresentandoboa
eficáciana
correção das deformidadesdo pé
plano adquirido, apesar denão
serraro o aparecimento de complicações
como
a falhada
fusão dos ossos, infecção,hiper
ou
hipocorreção, sintomatologia relacionadacom
compressão
de partesmoles
pelo material de síntese,
além
de serum
procedimento relativamente dificultoso 19.Em
um
estudo realizado porGraves
SC
et al.9 foi encontrado,em
um
considerávelnúmero
de pacientes,um
contentamento quanto ao tratamento.As
influências destetipo de cirurgia sobre a articulação
do
tomozelo foiuma
limitaçãoda
flexão
plantar,porém
não
sendo motivo de queixas pelos pacientes, já aflexão
dorsalnão
sofreualteração. Foi descrita
também
a presença de processo degenerativo nasdemais
articulações
do
pé,bem
como
da
articulaçãodo
tomozelo, o que poderia serexplicado pelo desuso consequente a esta
modalidade
de tratamento cirúrgico. GravesSC
et al.” considera a tríplice artrodesecomo
método
que deveria serutilizado apenas
em
último recurso, sendo guardado principalmente para os casosde pacientes idosos,
com
baixo nível de atividade fisicaou que
apresentem deformidadesfixas ou
grande instabilidade, jáque
a consequente limitaçãoda
22
mobilidade
do pé
deveria ser levadaem
conta.Atualmente
a tríplice atrodesevem
sendo desencorajada devido a grandelimitação fimcional que provoca,
havendo
uma
tendência à sua substituição,quando
possível, por artrodeses isoladas
ou
duplas das articulações transversado
tarso esubtalarls.
Embora
tenha sido relatadoo
aparecimento de alterações degenerativasnas articulações preservadas, este tipo de complicação parece
não
terum
caráterlimitante, sendo compatíveis
com
resultados satisfatórios”.“
Miranda
RM
et al' associou a colocação deuma
“prótese”moldada
de
metilmetacrilato profundamente
no
seiodo
tarso à transferênciado
tendãodo flexor
longo dos dedos para
o
tendãodo
tibial posterior e à artrodese talonavicular isolada.Com
issoo
autor visou restaurar a estabilidade e asflmções
perdidas.Os
pacientes submetidos a este tipo de cirurgiapossuíam
graus mais severos de deformidades.O
autor relata que apesar de tecnicamente mais trabalhosa
que
urna artrodese duplaou
tríplice, este conjunto preservaria a articulação subtalar,
o que
teria extrema4
-DISCUSSÃO
No
caso relatado, especificamente, procurou-se porum
método
detratamento para a
doença da
pacienteque
fosse efetivona
correção das deformidadesem
pé-plano bilateralmente, oferecendo estabilização dos pésao
mesmo
tempo
que
preservasse aomáximo
a sua mobilidade, eque
abolice asintomatologia álgica
ou
aomenos
a reduzice a níveisnão
capazes de provocar lirnitaçaodo
modo
de vidada
paciente.O
tratamento clínico atravésdo
uso de órteses seriauma
altemativa, jáque
a paciente apresentava defonnidades móveis e redutíveis, passíveis de correção
com
Órtese
do
tipoUCBL.
Porém,mesmo
com
os bons resultados apresentados porChao
W.
et al”,não
foi, por nós,usado o
tratamento conservador. Dentre os principaismotivos pelos quais
não
se optou por este tipo de conduta, encontram-se a lirnitaçãoe
o
desconforto que seriam impostos pelo uso destes tipos de aparelhos ortopédicos;a
não
correção definitiva das deformidades; a idadenão
tãoavançada da
paciente;seu estilo de vida relativamente ativo.
Ainda
veio a sesomar
aos motivos já citadosa resistência
que
a paciente apresentou a este tipo de condutaquando
esta lhe foiapresentada.
A
tríplice artrodese provavelmente conseguiriauma
boa
correção eestabilização dos pés, além
da
redução da sintomatologia.Porém
procurou-se evitara grande limitação funcional
que
decorreria deste tipo de tratamento agressivo, jáque a qualidade de vida
da
paciente continuaria bastante prejudicada.Outra
modalidade
de tratamentoque
seria compatívelcom
o casoem
questão, e situada entre os extremos citados anteriormente, seria a realização de
uma
artrodese seletiva. Já
que
em
ambos
os pés a deformidade retropé era redutível, e aprincipal alteração degenerativa se encontrava a nível
da
articulação talonavicular,24
ter a capacidade de recuperar a função invertora
do
pé.Além
do
que, resultadossatisfatórios
com
este tipo de condutatêm
sido relatados18*19*21.A
escolhado
tratamento cirúrgicosegundo
a técnica descrita porMiranda
R.
M.
et all, fimdamentou-se basicamente nosbons
resultados relatadosno
seuestudo.
A
explicaçãodo
usoda
prótese de metilmetacrilatono
seiodo
tarso éque
esta realizaria tun bloqueio
do
valgodo
retropé, aomesmo
tempo
que
preservariaalgum
grau de mobilidade articular.A
estabilizaçãodo mediopé
seria conseguida pormeio
da artrodese talonavicular isolada.A
ftmção de inversãodo pé
seria restauradapela transferência
do
tendãodo flexor
longo dosdedos
para o tendãodo
tibialposterior.
Apesar de
seruma
cirurgia mais trabalhosa, os resultadoscompensariam
a
maior
dificuldade técnica.Especificamente
no
caso por nós relatado,não houve
qualquer recuperaçãoda
capacidade invertorado
pé, dessa forma, a transferência tendinosapouco
acrescentou ao resultado final. Outro ponto controverso é a estabilização
da
articulação subtalar por
meio da
próteseno
seiodo
tarso, jáque
apenas a artrodesetalonavicular isolada promoveria
mn
importante bloqueiodo
retropé.Não
nos resta dúvida de que o tratamento obteve sucesso,melhorando
em
muito
a condiçãoda
paciente,porém
nem
todos os objetivos preconizadoscom
o
uso
desta técnicaforam
alcançados, sendoque
os resultados obtidosnão
diferemmuito
daqueles esperados se fosse lançadomão
de apenasuma
artrodese9
5
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RESUMO
O
pé
plano adquirido éuma
importante causa de dor e deformidade envolvendo os pés. Possuium
amplo
espectro de etiologias, sendo a insuficiênciado
tendão
do
tibial posterior provavelmente a maiscommn.
Embora
a razão queproduz
a degeneração
do
tendão aindanão
estejacompletamente
esclarecida,uma
teoriaavascular
tem
sido proposta. Pode-se encontrar desde lesões isoladas atéum
envolvimento difuso
com
rupturado
tendão.O
diagnóstico é basicamente clínico,com
diminuiçãoda
força musculardo
tibial posterior e defomridadeem
pé
plano.O
auxílio radiológico é útil, principalmente para avaliar a deformidade. Existem várias
propostas de tratamento, incluindo
o
clinico, através de imobilização e drogas anti-inflamatórias
ou o
uso de órteses; e o cirúrgico,com
reconstituição de partes moles,artrodeses isoladas, duplas
ou
triplas, osteotomias,além da
associação de métodos.Neste
estudo os autores apresentammn
caso depé
plano adquirido porinsuficiência
do
tibial posterior bilateral, tratada pormeio da
associação de artrodesetalonavicular, transferência tendinosa e a inserção de
uma
“prótese”demetilmetacrilato
no
seiodo
tarso. Observou-se tuna satisfatória estabilização deambos
os pés, assimcomo
o alívioda
dor.Porém
não foram
encontradas maioresSUMMARY
The
acquired flatfoot is an important cause of footand
anlde painand
defformity. It is constituted
by
a broad spectrum of etiologies,~with the tibialisposterior tendon insufficiency probably the
most
commom
cause.However
thereason witch produces the degenerative changes within the tendon itself is not still
completly clarified, althout an hipovascular theory has
been
porposed. There canbe
found changes
from
central degeneration tomore
generalized degeneration with tendon rupture. Diagnosis is basicly clinical, withmuscle
strength reduction of thetibialis posterior
and
flatfoot defformity.Weigth
bearing radiographs are usefull,mainly to evaluate the deflormity. There ar
many
treatment proposals, including the nonoperative treatment, with cast imobilizationand
anti-inflamatory medication oroithotic devices;
and
the surgical treatment, with soft tissue reconstruction, isolated,duble
and
triple arthodesis, osteotomy,beyond
association of methods.In this study, the authors report a case of acquired flatfoot
due from
bilateraltibialis tendon insufficiency, trated
by
an association of talonavicular arthodesis withtendon
transferand
with metilmetacrilato prothesis inside the sinus tarsi.A
satisfactory stabilization of both foot
was
found aswel
as pain relief.However,
therewere
not found bigger advantages to the expected results if in using an isolatedz..
Fig. I: Vista antefior dos pés (pré~operatório).
¬ ' \`z` "" ` Hp ` v^-*N ';'füi¡HyL;'\\" 1» W u \ H H uhnwi \\` “ i i * `¬* “ u u ` i U
Fig. 2: Vista medial do pé esquerdo (pré-operatório)
* \ ¬ ¬, U ` ` H . . , . '
Fig. 3: Vista medial do pé direito (pré-operatório).
,::;w" 3:5 "" ¡`-'
T"
Fig. 4: Vista posterior do pé esquerdo (pré-operatório).
1 x ,`H ,`\k';[:W";`] H \`\ `\`\ M H H ,W \ \ \u t uy W' \ N
O
o
o
o
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og
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E
IIFig. 5: Gradação do pé plano pela imagem plantar (Valente)7.
im
Fig. 6: Radiografias do pe' direito. Perfil
com
carga (acima), ântero-posteriorcom
cargaFig. 7: Radiografias do pé esquerdo. Perfil
com
carga (acima), ântero-posteriorcom
carga.Fig. 8: Incisão medial no pé direito. Nota-se o tendão do tibial posterior
com
grandeaumento de volume (sua inserção é apontada pela pinça).
Fig. 9: Incisão lateral no pé direito. Nota-se ao
fimdo
a presença da “prótese” de35
Fig. 10: Incisão medial no pé esquerdo. Nota-se o tendão do flexor longo dos dedos
seccionado. “'mW» 1 L .. U___4,_,...--vv-' ` z XV' ` ` W _/°
Ê
__ z/`^' ¢' ¬\ \ 'Z `\\ ›Fig. 11: Vista antexior dos pés (pós-operatório).
Fig. 12: Vista posterior dos pés (pós-operatório).
Fig. 13: Vista medial do pé direito (pós-operatório).
. Í "`$ê'!v ›;_;_ _ _ 'Í ' ›_z -- . W, Jr`
É
' ¬z 1 3 ¡ Í _=_ë 1 55-sí_ _ __ Í;`š~_z_ :Í Í' '_;_ '«š;;;...- z 7 ' â,Fig. 14: Vista medial do pé esquerdo (pós-operatório).
Fig. 15: Radiografias do pé direito (pós-operatório). Ântero-posterior
com
carga (àN
Fig. 16: Radiografia do pé direito (pós-operatório). Perñl
com
carga.Fig. 17: Radiografias do pé esquerdo (pós-operatório). Ântero-posterior
com
carga (àTCC
UFSC
CC
0205 Ex.l N Cham TCC UFSC CC 0205Autor Cordml Clérlo Br
Titulo Correção clrurglca de pé planoa