UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA
CATARINA
cuRso
DE
GRADUAÇAQ
EM
c|ÊNc|As
EcoNóMicAs
FORMAS
DE
CONTROLE
SOBRE
O
PROCESSO
DE
TRABALHO NOS
BANCOS
V
BRASILEIROS
Monografia
submetida
ao Departamento de
CiênciasEconômicas
paraobtenção
de
carga horária
na
disciplina'CNM'542O-
monografia .Por: Alcides Luis Girardi
Orientador: Prof.
Pedro
Antonio VieiraÁrea de
Pesquisa:
Economia
do
TrabalhoE
Conflitos SociaisPalavras-Chave:
1 -
Processo
de
Trabalho \2 - Força
de
Trabalho3 - Controle
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA
CATARINA
'_k _ fz A A
CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM* C`I`ENCIASfECONO`MÇICAS
A
Banca
Examinadora
resolveu atribuir a nota8
(oito)ao
alunoALCIDES
I;UIS GIRARDI*na*dis*cipIin'arCNM-5420=
Monografia,
prerI'a-apresentaçãodeste trabalho. A \
Banca
Examinadora:
` * v .--_““'í-I.Prof. Dr;
Pedro
Antonio \/.ieira/ , Presidente
:IV
..¶`I'~j
. ~Prof. Dra. Nis Jinkilngs
Membro
~
Áz/ww
~
Prof; Frede'ri"co"Ojeda Laureano* Ms.
Membro'
iii
1
De
onde
vem
a indiferença,temperada
a ferro e fogo,Quem
guarda
os portõesda
_fá'brica?”AGRADECIMENTOS
Em
especial aminha esposa Roselene
emeus
pais Antonio (inmemorian)
e Gilia, pelo incansável apoio.A
toda aminha
familia eamigos
pelo incentivo.Ao
professorPedro
Antonio Vieira,que
estevesempre
disponivel parame
orientar neste trabalho.
E
a
todosque de maneira
direta e indireta colaboraram para o êxito desta empreitada.V
TABELA
1-
Índice
de
Preços Selecionados
... ..61TABELA
2-Estoque Estimado
de -Empregos
no
Setor Financeiro
RESUMO
Este trabalho
tem
por finalidade analisar os aspectosque
envolvem a
luta entretrabalhadores e capitalistas pelo domínio e
poder
sobre oprocesso
de
trabalho.Para
tanto,
faremos
uma
breveabordagem
sobre asnecessidades
que
os detentoresdo
capital
têm
em
subjugar a forçade
trabalho, e assim, conseguirum
processo
contínuo
de
exploraçãoda
classe trabalhadora,ou
seja,da
extraçãoda
mais-valia,bem
como
sua perpetuação
no
poder
como
classe dominante.Destacaremos
ainda,as
formas
pelas quais os capitalistas fizeram (e fazem)uso
para continuarexercendo o
controle sobre o processode
trabalho,desde
o início_da
criaçãodas
manufaturas
atéos
diasde
hoje.Passaremos
daí a avaliarcomo
essas
formasde
controle,
são
empregadaspelos
capitalistas financeiros nacionais,na busca
pelodomínio
sobre a classetrabalhadora bancária deste país,nas
últimas trèsdécadas
do
século passado.Demonstraremos
brevemente
o cenárioeconômico
existentepara
que
'tal controle fosse empregado.. Por fim,veremos
os
reflexoscausados
porvii
su|v|ÁR|o
LISTA
DE
TABELAS
...RESUMO
... ..VIINTRODUÇÃO
... ..O1cAPiTu|_o
|1 -
O
PROCESSODE
TRABALHO
E
A
NECESSIDADE DE
CONTROLE
SOBRE
O
PROCESSO
DE
TRABALHO
... ..051.1
O
Trabalho ... ..05› 1.2
Processo
de
Trabalho ... ..O8 1.2.1A
Evolução do Processo
de
Trabalho ... ..O9 1.3A
Criaçaode
Forçade
trabalho para a industrialização ... ..121.4
A
Extraçãoda
Mais-Valia ... ... ..141.4.1 Mais-Valia, concorrência e taxa
de
lucro ... ..161.5
Os
Conflitos entre Patrões eempregados
... ..191.5.1
Os
Conflitosde
Classes ... ..211.6
A
Necessidade do
ControleSobre
oProcesso
de
trabalho ... ..23CAPÍTULO
Il “I2
-FORMAS
DE
CONTROLE
DO
PROCESSO
DE
... ..302.1 Introdução ... ..3O
2.2 Iniciando o Controle ... ..31
2.3
O
Controledo
Estado e aRepressão aos
Trabalhadores ... ..322.4
O
Controle Físico.na
Fábrica ... ..342.5
A
Máquina: Ferramenta
de
Controlee
Intensificaçãoda
Exploração ... ..352.6 Reorganizar o
Processo de
Trabalho-
Dividir os Trabalhadores ... 2.6.1A
Organização do Processo de
Trabalho e a Globalização ... ..452.7 Ideologia
do
Capital ... ..`...47cAPíTuI_o
III 3 -FORMAS
DE
CONTROLE
DO
PROCESSO
DE
TRABALHO NOS
BANCOS
BRASILEIROS
... ..513.1 Introdução ... ..51
3.2
O
Processo
de.Trabalhonos
Bancos
BrasileirosAntes
de 1964
... ..543.3
Os
Bancos
e o CenárioEconômico Pós
Golpe
Militarde 64
... ..583.4
A
formas
de
ControleSobre
oProcesso
.de Trabalhonos
Bancos
Brasileiros 3.4.1A
Repressão
Militar ... 3.4.2O
Banco-Fábrica ea
Divisãodo
Trabalho ... ..663.4.3
A
Intensificaçãodo
Uso
do
Computador
e Terceirização., ... ..683.4.4
Medo, Prêmios
e lndividualismo:.A Criaçãoda
Consciênciado
ServirAo
Capital ... .j. ... ..713.5
Os
Bancáriosna
Atualidade ... ..74coNcLusAo
....Ja
iN'rRoouçÃo
Vive se
novamente
um
momento
de
turbulência ede
mudanças
nas relaçoescapital e trabalho, causando,
como
em
outras épocas,apreensão
e desorientaçãoaos
trabalhadores.As
novas
tecnologias e as constantes alteraçõesna
formade
organizar oprocesso de
trabalhotêm
causado
um
impacto sobre a organizaçãodos
trabalhadores
na sua
luta contra os detentoresdo
capital edos meios
de
produção,pois estes
buscam
incessantemente aumentar
a produtividadedo
trabalho,assim
devem
aumentar
o graude
exploração sobre a forçade
trabalho para extrair destes a mais-valia.Tanto
as criaçõesde novas
tecnologias,bem
como
aforma de
organizar o processode
trabalho,ao
contráriodo que possa
parecer,não são
recentes, elasexistem e
são
criadascomo
formas
de
controle sobre o processode
trabalho (epor
sua vez
sobre os trabalhadores),desde
o princípiodo
modo
de
produção
capitalista. Principalmente
com
o inícioda
industrialização, jáque
foi a partir desta,que
a classe trabalhadorapôde
aglutinar-sena
luta contra_os capitalistas. Assim,em
contrapartida, os capitalistas
buscam
constantemente novas formas ou
remodelam
Hoje,
um
dos
setoresmais
atingidos pelas inovações tecnológicas e pelasmudançasna
organizaçãodo
processode
trabalho, é o setor bancário nacional,onde
em
pouco
tempo,houve
uma
redução
bruscade
trabalhadores. Entre oano de
1990
e oano
de
2000, os bancáriosque eram
em
tornode
900
mil,passaram a
somar
um
pouco
mais de
350
mil trabalhadores,uma
redução de mais de
60%
nos
postos
de
trabalho.Este
quadro
tende a agravar-se,uma
vez
que
os processosde automação
ede
terceirização
dos
serviços bancáriosdevem
acentuar-sede maneira mais
agressivanos
próximosanos
-
segundo
estudo realizadona subseção do
DIEESE
no
SEE
Bancários
do
'Riode
Janeiro. lsso sedeve ao
acirramentoda
disputa entre osbancos
pelomercado
brasileiro, decorrenteda
vindade grupos
estrangeiros,do
complemento do
processode
privatizaçãodo
restantedos bancos
-estatais eda
fusão e incorporação
dos
bancos
nacionais.Na
outra ponta deste “conflito”, estão os bancáriosque
acada ano
vêem
as
suas chances de
permanecerem
no
emprego
diminuírem, pois,além
de
todoesse
processo de
inovações tecnológicasprovocadas
pelaautomação, fazendo
com
que
o capital constante seja superiorao
variávelou
atémesmo
aredução da
importânciado
primeiroem
.relaçãoao processo de
trabalho, edas
.constantesmudanças
na
organização deste processo
que
permitem
a substituição contínuados
trabalhadoresmais
qualificados por outrosde
menor
qualificação.Este cenário coloca os trabalhadores bancários
numa
posiçãoque
sepode
chamar
de
defensivaem
relaçãoao
capital,uma
vez
que, atébem
pouco
tempo
a mobilizaçãodos
bancários organizada pelos sindicatos lhes proporcionavaum
certo3
status e respeito
em
relaçãoaos
demais
trabalhadoresdos
outros setoresda
economia.
Este trabalho, portanto,
têm
como
objetivo geral apontar asnecessidades
eas
formas
u`ti'lizada`s pelos detentoresdo
capital para controlaros
trabalhadoresna
'lutapelo controle sobre o processo
de
trabalho,demonstrando que
estasnão
são
recentes,nem/tampouco
são
restritas ãalgum
setor específicoda
economia,são
empregadas
a todomomento
eem
todos os setoresda
economia, pois,em
últimaanálise, o controle sobre a classe trabalhadora pelos capitalistas é
em
função da
perpetuaçao do
poder.Quanto
aos
objetivos específicos, pretende-se:a) Verificar
como
asformas de
controle foram utilizadas pelos capitalistasdo
sistema financeiro brasileiro, afim
de
exercer o controle sobre a classetrabalhadora bancária nacional.
b) Analisar
as conseqüências
que
estasformas
de
controle sobre oprocesso
de
trabalhonos
bancos
nacionaisexerceram
sobre a classe trabalhadora bancáriaem
nosso
pais.Esta monografia
começa
aganhar
a atual caracteristica,quando
o autor desta,procura explicações sobre o
momento
presente pelo qualpassam
os trabalhadoresde sua
categoria, onde,um
grande
número
destesperderam o seu emprego,
edos
que
restaram,apresentam
um
apatia latente ante anecessidade
de
contrapor-seao
processo de
exploração aque
estão submetidos, contrastando assimde forma
substancialaos
bancáriosde
outrasépocas não
muito distante.Para
viabilizarnosso
trabalho, foramsendo
feitas leituras delimitadas pelotema de
pesquisa, possibilitandoum
melhor
embasamento
teórico, 'buscandoadaptar os conceitos
ao
objetivo deste trabalho.A
consulta foi feitaem
'livrosde Economia,
"Política e Sociologia, revistasespecializadas, jornais, informativos
do
Sindicatodos
Bancáriosde
todo Brasile
monografiasdo
cursode
economia.Foramirealizados diálogos informais
com
representantesdo
Sindicatodos
Bancários
de
Florianópolis,afim de
obter informações a respeitodo comportamento
dos
bancários edos
sindicatosno
momento
atual.O
presente trabalho está divididoem
'3 (très) capítulos.O
primeiro é descritocomo
se
dá
o desenvolvimentodo
processo
de
trabalho e anecessidade de
controlesobre este processo.
O
segundo
capítulo mostra as "formasde
controle sobre oprocesso de
trabalho, utilizados pela classedominante
dos
capitalistas, sobre a classedos
trabalhadores.E
no
capitulo terceiro, é feitauma
demonstração de
como
os
banqueirosfazem uso
destasmesmas
formas
de
controle sobre a classecAPiTui.o
io
PRocEsso
DE
TRABALHO
E
A
NEcEss|DADE
DE
coNTRoi_E
SOBRE O PROCESSO
DE
TRABALHO
1.1
O
Trabalho
O
que
é para ohomem
o trabalho? Esta éuma
indagação
que
para a maioriadas
pessoas,pode
ser definidacomo
um
simples atoexecutado
por ele (ohomem)
com
a finalidadede
extrair desteseu
próprio sustentoou
necessários ãsua
subsistência.Ou
seja, o simples atode
colher frutas, caçarou
pescar exercida peloshomens
das cavernas
é trabalho.O
trabalho,segundo
(Marx, 1971, p. 201) é a “atividade natural e eternado
homem”
o qual se constituina
atividadeque
deu
origem à própria civilização.(Man‹,1985,` p.149) diz que: “...o trabalho é
um
processo
entre ohomem
e
a›natureza,
um
processo
em
que
ohomem,
porsua
própria ação, media, regula econtrola
seu metabolismo
com
a natureza. Elemesmo
se defrontacom
a matérianatural
como
uma
força natural. Elepõe
em
movimento
as forças naturaispertencentes à
sua
corporalidade, braços e pernas,cabeça
emão,
a fimde
apropriar-seda
matéria naturalnuma
forma
útil parasua
própria vida.”A
ação
que
oOu
seja, estacapacidade de ação do
homem
é asua
forçade
trabalho.Toda
vez
entao,que
ohomem
fazuso
destasua
capacidade, ele está trabalhando. Assim, '"Autilização
da
forçade
trabalho é o próprio trabalho”(Mam,
1985, p. 149).Os
animaistambém
trabalham, porém, só o 'fazem para atenderas
exigênciaspráticas imediatas, exigências materiais diretas
dos
mesmos
ou de seus
filhotes,portanto,
não
podendo
ser livresao
trabalharem, pois a atividadedos
mesmos
édeterminada unicamente
pelo instintoou
pela experiência limitadaque
podem
ter.Onde
entao o trabalhohumano
se diferenciado
“trabalho”dos
outros animais,uma
vez
que
estespodem
na
maioriados casos
interagircom
a naturezada
mesma
forma
que
ohomem?
Para
(Marx, 1'971)'háuma
diferença básica, qual seria, o fatode que
ohomem
tem
um
objetivo previamente idealizadona execução de
um
determinadotrabalho.
O
que
ocorrecom
ohomem
é diferente. Anterior à realizaçãode seu
trabalho ohomem
écapaz de
projetá-lo,ou
seja, acapacidade de
definirmeios
'diversosque
possibilitam o alcancede seu
objetivo,possuindo
a 'livre escolhada
alternativaque melhor
seadeqüe
aseus
meios, e procura segui-los.Para
(Ma/x, 1971)oihomem
é o primeiro serque
conquistou certa liberdadede
movimentos
em
faceda
natureza. Atravésdos
instintos edas
forças naturaisem
geral, a natureza dita
aos
animais ocomportamento
que
elesdevem
ter parasobreviver.
O
homem,
entretanto, graçasao
seu
trabalho, conseguiudominar
em
parteas
forçasda
natureza, colocando-as aseu
serviço. (Marx, 1985, p.149)“Ao
atuar, pormeio desse movimento,
sobre a natureza externa a ele eao
modificá-la, ele modifica,ao
mesmo
tempo,sua
própria natureza. Eledesenvolve as
potências7
Justamente porque
o trabalhohumano
pode
ser diferentedo
trabalhodos
animais, éque
ohomem
modifica a naturezade acordo
com
suas
possibilidades.O
que Marx
observa na
história é a evolução gradativado
trabalho, naquiloque
corresponde
a evoluçãodo
homem
e anecessidade de
suprirsuas necessidades
frenteao
meio.“Pressupomos o trabalho numa forma
em
que pertence exclusivamente ao homem.Uma
aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha envergonha mais de
um
arquiteto humano com a construção dos favos de suas colméias. Mas o que distingue, de antemão, o pior arquiteto da melhor abelha é que ele construiu o favo
em
sua cabeça, 'antesde construí-lo
em
cera. Nofim
do processo de trabalho obtém-seum
resultado que já no.início deste existiu na imaginação do trabalhador, e portanto idealmente. Ele não apenas
efetua
uma
transfomtação da fon'na da matéria natural; realiza, aomesmo
tempo, namatéria natural seu objetivo, que ele sabe que determina, como lei, a espécie e o
modo
desua atividade e ao qual tem de subordinar sua vontade.” (Marx, 1985, p. 149 e150).
Esses
objetivos, perseguidospelohomem, quando
interagecom
a natureza,é
que
lhe diferedos
outros animais, dando-lhe então a característicade
criadorde
objetivos
que
venham
a satisfazersuas
necessidades,ou
seja, o'homem
só colocaráem
práticasuas
habilidades, se o objeto pelo qual ele destina a criar,possa
lhe serútil
ou
útil àsociedade
em
que
vive.“Como
criadorde
valoresde
uso,como
trabalho útil, é o trabalho, por isso,uma
condiçãode
existênciado
homem,
independente de
todas as
formas
de
sociedade, eternanecessidade
naturalde
mediação do
metabolismo
entreo
homem
e
a natureza e, portanto,da
vidahumana"
(Marx, 1985,p. 149).
`
Além
disso, outra característicado
serhumano,
ésua capacidade de
usar ecriar os
meios
de
trabalho, isso fazcom
que
elepossa
cada vez
mais utilizarnovos
meios de
trabalho,além da
possibilidadede
criaçãode novos
objetos. (Marx, 1985,p.
150 e
151)“O uso
e a criaçãode meios de
trabalho,embora
existamem
germe
em
humano
e Franklin define, por isso,ohomem
com
a 'too/making animal,um
animalque
faz ferramentas."Diante desta
abordagem
de
Marx,pode-se
perceberque
o trabalhohumano,
não
seresume apenas
em um
atoem
si, atéporque
como
se viu anteriormente, ohomem
ao
colocarem
uso sua
forçade
trabalho, previamente estabeleceu o objetivoda
utilizaçãoda
mesma.
Assim, aatuação do
'homem
'frente à natureza,abrange
todoum
processo,que
vem
a ser oProcesso de
Trabalho.1.2
Processo de
Trabalho
Para melhor
compreender
como
se estabeleceo
processode
trabalho,na
relação entre ohomem
e a natureza, é necessário verificar qual acomposição
do
mesmo.
O
processo
de
trabalho é constituidode
forçade
trabalho,meios
ou
instrumentos
de
trabalho e objetode
trabalho.Onde
a
forçade
trabalho,é
capacidade
de
cada
individuo, fisica e mentalna produção
de
um bem
qualquer.Em
outras palavras,
pode-se
dizer que, a energia gasta pelohomem,
tanto físicacomo
mentalna execução de
um
trabalho é a forçade
trabalho;meios de
trabalhosão
instrumentos utilizados pela força
de
trabalhona
transformaçãodo
objetode
trabalhoem um
produto qualquer. (ll/iam, 1985, p.150)“O meio de
trabalho éuma
coisa
ou
um
complexo de
coisasque
o trabalhador coloca entre simesmo
eo
objetode
trabalho eque
lhe servecomo
condutorde sua
atividade sobreo
objeto",pode~se
9
trabalho é
elemento
que
sofre aação da
forçade
trabalho,ou
seja,“Todas as
coisasque
o trabalhoapenas
separa de
sua
conexão
imediatacom
seu meio
naturalconstituem objeto
de
trabalho, fornecidos pela natureza (...)os peixesque
se
pescam,
que
são
tiradosdo seu
elemento, a água, amadeira derrubada da
floresta virgem, o minério arrancadodos
filões”.(Ma/x, 1971, p. 203).Porém,
se o objetode
trabalho
é
obtido, “filtrado atravésde
trabalho anterior”, chamamo-'lode
matéria- prima.Por
exemplo,um
diamante após
ter sido lapidado. Assim, para Marx, toda matéria-primaéobjeto de
trabalho,mas
nem
todo
objetode
trabalho é matéria- prima.1.2.1
A
Evolução
do
Processo de
Trabalho
Quando
Marx
dizque
o
'trabalhose
constituina
atividadeque
deu
origem àprópria civilização
do
homem,
assim
de
tal importância para ele,que
“oque
distingueas diferentes
épocas econômicas
não
é oque
se faz,mas
como,
com
que
meios
de
trabalho se faz”.
Ou
seja, os objetos criados pelas civilizações, pormais
sofisticadosque
fossem,não têm
importânciaou não são
relevantes, oque
realmente difereuma
sociedade
em
relação à outra,são
osmeios de
trabalhoque essa
utilizouem
relação ã outra.
Não
só pelosmeios
de
trabalhoem
si,mas
porque
estesdemonstravam
o graude
evoluçãoda
própria forçade
trabalho,conforme destaca
este
mesmo
autor:“Os meios de
trabalhoservem
para medir o desenvolvimentoda
força
humana
de
trabalho ealém
disso, indicam as condições sociaisem
que
se
realiza o trabalho" (Marx, 1971, p. 204).Vale recordar
que
durante milênios, oprocesso
de
trabalho limitou-se agarantir a
manutenção
e a reprodução 'biológicada
espéciehumana,
e se
desempenhou
sob forma
de
coleta. Esteprocesso
de
trabalho erade cunho
extrativo, utilizando as própriasmãos
do
homem
como
meios de
trabalho, que,pouca
ou
nenhuma
transformação imprimia à matéria naturalalém de
subtraí-lada
natureza.
l
Com
a agricultura Aohomem
deixoude
sernômade, passando
a fixar-seem
determinadas
regiões.Neste
período,segundo
(Man‹,1971) os principaismeios
de
trabalho foram os animais domesticados,passando
também
a fabricar instrumentos para o cultivo e a colheita.Toda
essa' evoluçãono processo de
produzir alimentosgerou
um
excedente,ou
seja, produziam-semais
alimentosque
o necessário areprodução da
forçade
'trabalho existente.” Então, algunsdos
trabalhadores,que
antes sededicavam
à agricultura eao
pastoreio,puderam
exercer outrasfunções
naquela
sociedade.Concomitantes
a isto foram surgindo aspequenas
vilas,onde
então foram instalando-se os artesões,
pequenos
comerciantes, etc...O. próprio
processo
de
trabalhonão
sofre alterações quanto asua composição
básica, ele sofre alteraçõesna
quantidade maiorou
menor
de
força de trabalhoempregada
e na
sofisticaçãodos meios
de
produção e
no
aumento
e sofisticaçãodos
objetosde
trabalho por ele produzido,suas
alteraçõessão
em
razãoda
importância maior
ou
menor
da
forçade
trabalho dentrodo
processo.Os
elementos
do
processo
de
trabalho: forçade
trabalho,meios de
trabalho eobjeto
de
trabalho,combinam-se
em
proporções variáveis,que vão
determinar omodo
de produção de
determinadaeconomia ou
época.11
A
evoluçãodo processo de
trabalhosempre
esteve presentenas sociedades
civilizadas, constituindo-se
assim
em
fatorde
progresso destas, e issovem
ocorrendo
até os dias atuais.Como
observamos
anteriormente, a utilizaçãode meios
de
trabalhomais
sofisticados,que
porsua vez
melhoravam
a produtividadeda
forçade
'tra'balho, eassim
possibilitaramao
homem,
detentor desta forçade
trabalho,uma
produção
maior
que
sua necessidade de
subsistência, a qualchamamos
de
excedente.Esse
excedente,ou
eraestocado
paraconsumo
futuroou
era trocado por outrasmercadorias
que não fossem
produzidas porum
'determinadogrupo ou escassas
em
certas regioes, era o iníciodo
comércio. Assim,com
odesenvolvimento
e crescimentodo
comércio,um
volume cada vez
maiorde
mercadoriaseram
produzidas.
A
riqueza extraídadas
transações entreos
comerciantes,somadas
a“conquista, pirataria, saque, exploração
-
essas
formas, portanto, pelas quais ocapital necessário para iniciar a
produção
capitalista foi reunido”.(Hubermann,
1986,p. 161),
ou
seja, aacumulaçao
primitivado
capital.Era preciso porém, algo
mais do
que
o capitalacumulado,
antesque
aprodução
capitalistaem
grande
escalapudesse
começar.“O
capitalnão
pode
serusado
como
capital-
isto é, para dar lucro-
enquanto não houver
o trabalhonecessário para proporcionar
esse
lucro. Portanto, era necessáriatambém
uma
oferta
de
trabalho adequada".(Hubermann,
1986, p.161e
162).Necessitam
então os capitalistas a partir destemomento,
conseguir forçade
como
forma de
exploraçãode
forçade
trabalho (pelomenos
nos
paísesonde
se iniciou o processode
industrialização -'Inglaterrae
França).Os
trabalhadoreseram
livres, e
em
sua grande
maioria trabalhavamna
agriculturacomo
pequenos
camponeses
ou
como
servos e outrospoucos
como
artesãosem
suas
oficinasde
trabalho,
1.3
A
Criação
de Força de
Trabalho para a
IndustrializaçãoHoje,
com
odesemprego
em
toda parte,com
trabalhadores ansiosos edispostos a aceitar qualquer
emprego,
é difícilcompreender que
houve
um
tempo
no
qual arranjar trabalhadores para aindústria constituía
um
verdadeiro problema. “Parece-nos 'natural'que
existauma
classede pessoas
ansiosa para entrarnuma
fábrica, a fimde
trabalharem
trocade
salários.Masisso
não
éabsolutamente
'natural'.
Um
homem
só trabalha para outroquando
é obrigado.Se
tiveracesso
à terra,na
qualpode
produzir para si,não
trabalhará paramais
ninguém”.(Hubermann,
1986, p.162). Estemesmo
autor, citacomo
exemplos
a históriados
Estados
Unidos,onde
“enquanto
'houve terra barataou de
graçano
oeste,houve
uma
marcha
para Oeste,de
gente ansiosa por terra, oque
significava dificuldadede
arranjar braços'no
Leste”.O
que
ocorrecom
os
trabalhadores paraos
quais a terra émeio
de
produção
ocorretambém
para aqueles cujomeio de produção
é a oficina esuas
ferramentas.Enquanto esses
trabalhadorespuderem
usar as ferramentas para fabricar artigosque
possam
ser vendidos poruma
quantia suficiente para atenderàs
suas
13
quando
os trabalhadoresnão são
donos
da
terra e ferramentassomente
quando
foram separados
desses
meios de produção
-
êque
procuram
trabalhar para outraspessoas.
Não
ofazem
por gosto,mas
porque são
obrigados, a fimde
conseguir recursos paracomprar
alimentos, roupas e abrigo,de
que
necessitam para viver.Destituídos
dos meios de
produção,não
têm
escolha.Devem
vender
a única coisaque
lhes resta-
sua capacidade de
trabalho,sua
força detrabalho”.(Hubermann,
1986, p. 162).'
A
históriada
criaçãode
uma
oferta necessária àprodução
capitalista deve, portanto, ser a 'históriade
como
os 'trabalhadoresforam
privadosdos meios
de
produção:
“O processo que abre caminho para o sistema capitalista não pode ser senão, o processo que toma ao trabalhador a .posse de seus meios de produção;
um
processo quetransfonnará, de
um
lado, os meios sociais de subsistência e produção no capital, e , dooutro, os produtores imediatos
em
trabalhadores assaIariados...O produtor imediato, otrabalhador, só podia dispor de sua pessoa depois de libertado do solo e depois que
deixasse de ser escravo, ou sen/o, dependendo de outrem. Para tornar-se
um
livre vendedor de sua força de trabalho, que leva sua mercadoria a qualquer lugar onde encontremercado, ele precisava livrar-se antes do regime de corporações, de suas regras para aprendizes e jornaleiros, e de restrições dos regulamentos de trabalho...Esses novos
libertos só se tornaram vendedores do próprio trabalho quando se viram destituídos de seus
meios de produção e de todas as garantias de vida proporcionadas pela velha organização
feudal. E a história disso, de sua expropriação, é escrita nos anais da humanidade
em
letrasde sangue e fogo”. (Marx, 1971, p. 832).
Nesse
momento
então,como
os trabalhadoresestavam
desorientados e forade seu ambiente
(o campo),sem
a “capacidade” esem
os meios de
reproduzirsua
forçade
trabalho,nem
tampouco
se deslocarcom
facilidade, tornam-se assim, presafácil para
que
os detentoresdo
capitalconsigam sua
forçade
trabalhosem
muitoesforço.
Conforme
destaca "(Lipie'tz, 1987, p. 106)“O
pequeno
comerciante,camponês
ou
artesão, falidoem
talou
qual lugar,o
operáriodesempregado
deverão
Agora
os capitalistas tinhamalém
,dosmeios
de
produção, a forçade
trabalhoa
seu
dispor.Porém,
os capitalistas agora teriamque
fazercom
que
essa
forçade
trabalhooperasse
de
talforma
que
produzisse para ele (o capitalista)além do
necessário para areprodução
desta forçade
trabalho,ou
seja, os capitalistasquerem
extrairdos
trabalhadores oexcedente de seu
trabalho-
a mais-valia.1.4
A
Extração
da
Mais-ValiaComo
pode-se
perceber agora, oprocesso
de
trabalhopassa
a estar vinculadoaos
capitalistas, jáque
ao
deter o capital, estespassam
a teracesso
tanto à matéria-prima
que
é o objetode
trabalho,bem
como
as ferramentas emáquinas
-
meios
de
trabalho. 'Resta
ao
trabalhador então, detentorda
forçade
trabalho vincular-setambém
ao
capital,vendendo
a estesua
mercadoria - asua
própria forçade
trabalho. Assim, para (Marx, 1985, p.155)“O
estadoem
que
o trabalhadorse
apresenta
no
mercado
como
um
vendedor de sua
própria forçade
trabalho deixou para ofundo dos
tempos
primitivos oestado
em
que
o trabalhohumano
não
se
desfez ainda
de
sua
primeira forma instintiva";Nomodo
de produção
capitalista, o trabalhadorsó
será útil se, esomente
se,além
de
ser zelosocom
osmeios de produção
a ele confiados pelo capitalista,puder
produzir para manter-se e ainda gerar
um
excedente
com
o qualcontam os
capitalistasquando
compram
asua
forçade
trabalho.(Mam,
1971, p.7f9) “A forçade
trabalho só é vendávelquando
conserva
os meios'de produção
como
capital, reproduzseu
próprio valorcomo
capital e proporciona,com
o trabalhonão
pago,15
semque
contudo
sejaremunerado
por ela, é esta parcelado seu
trabalhonão pago
que Marx
chama
de
mais-valia.O
processo
de produção
capitalista caracteriza-se por possuirum
duploaspecto,
ou
seja: produzir valorde uso
e valor excedente. Assim, “alémde produção
de
coisas úteis, valoresde
uso, étambém
principalmenteprodução de
valorexcedente. Enquanto produção de
coisasque
atendem
necessidades *humanas
éprocesso de
trabalho;enquanto produção de
mais-valiaé processo de
valorizaçãodo
capital. Assim, oprocesso
de produção
é aunidade
do processo de
“trabalho edo
processo
de
valorizaçao” (Vieira, 1989, p. 15).O
lucro então, se constituina
razão pela qualos
capitalistas irão investirseu
capitalna produção de determinados
produtos.Não
importaaos
detentoresdo
capital se
as
mercadorias servirãoou não ao consumo, ou
seja,que tenham
valorde uso
e sim, sepodem
ser comercializadas,que
tenham
valorde
troca. (Marx,1985, p. 155)
“O
valorde
uso não
é,de
modo
algum, a coisa qu'onaime por
/ui-même.
Produz
aqui valoresde uso
somente
porque na
medidaem
que sejam
substrato material, portadoresde
valor detrocaf'Para
Marx, o valorde uso
só interessaao
capitalistaporque
ele se incorpora a mercadoria e,sem
ele estanão
teria valor...Em
outras palavras, oque
interessaao
capitalista é aobtenção de
lucro sobreas
mercadorias por ele produzidas, esta sim condição sinequa non
pela qual o capitalista decida por investirseu
capitalna produção de
qualquer produto.“E para nosso capitalista, trata-se de duas coisas. Primeiro, ele quer produzir
um
valor de uso que tenhaum
valor de troca,um
artigo destinado à venda,uma
mercadoria. Segundo,ele quer produzir
uma
mercadoria cujo valor seja mais alto que a soma dos valores das mercadorias exigidas para produzi-la, os meios de produção e a força de trabalho, paraas quais adiantou seu
bom
dinheiro no mercado. Quer produzir não sóum
valor deuso,
mas
uma
mercadoria, não só valor de uso,mas
valor e não só valor,mas também
mais-valia.” (Marx, 1985, p. 155). rVejamos
oque
nos
diz Vieira:“Considerando que
aprodução de
coisas úteis interessa, apenas,como
meio
para taprodução de
mais-valia, o processode
produzi-las (processo
de
trabalho) acha-se subordinado à valorizaçãodo
capital.É apenas
um
meio
destese
efetivar.Nesta
perspectiva, trabalho vivo,instrumento
de
trabalho e objeto
de
trabalho, os 'trêselementos do processo
de
trabalho,são
apenas
meios de obtençao de mais
valia e seraocombinados
e modificadoscom
esse
objetivo” (Vieira, 1989, p. 16).O
trabalho para Marx, é a fontede
acumulação de
todas as riquezas, ecomo
agora
o futurodos
trabalhadoresdepende
do
capital, estesnão
trabalharaopara
si,mas
sim parao
capital... os verdadeirosbeneficiados
com
o trabalhode cada
um
sao os
capitalistas.O
objetivodos compradores de
forçade
trabalho,segundo
Marx, éaumentar seu
capital, produzir mercadoriasque
contenham
mais
trabalhodo
que
estevenha
apagar
por ele, e cujavenda
destas mercadorias realizetambém
aparte
do
valor obtida gratuitamente. “Produzir mais-valia é a lei absolutadesse
modo
de
produção” (Marx, 1971, p. 719). 'rSeria agora, muito simples para oscapitalistas continuar a exploração
dos
trabalhadores
na busca
'frenética pela mais-valia. Seria...sena
outra ponta desteprocesso
os trabalhadoresconcordassem de forma
ordeira e pacíficacom
estaexploração. E,
não
foibem
issoque
ocorreu._..(conformeveremos
no
'item 1.5).1.4.1 Mais-valia,
Concorrência
eTaxa de Lucro
A
extraçãoda
mais-valia, “motivação últimada produção
cap'italis`ta”, é-17
menos
quando
os
trabalhadorestransformamos
meios
de
produção
em
novos
produtos/mercadorias.
Sabe-se
que
para realizar a mais-valia contidanas
mercadorias é necessário
que
estassejam
vendidas, e por esta razão, paraos
capitaisautônomos
osespaços da
valorizaçãodeslocam-se
para omercado, “onde
cada
um
deles enfrenta-se aum
irmãogèmeo”.
Assim, ésomente
neste enfrentamentoque
realiza-se a mais-valia contida potencialmentenas
mercadorias, e onde, portanto, o capital é adiantado e valorizado.Em
outras palavras, averdade
do
capitalé
a concorrência, a qualsegundo
'impõe acada
capitalista,como
'leiscoercitivas externas, as leis
imanentes
ao
modo
de produção
capitalista.Os
obriga a expandir seu capital para conservá+lo;”` (Marx, 1971, p. 731).Podemos
ainda dizerque
amais
valiase
materializaquando
as mercadoriasna
qual ela estaembutida
forem
. vendidas.E
éessa
materialização que,segundo
Marx, éque
distorce oentendimento de
como
amais
valia é produzida.Para
ele, a concorrência acirra-secom
maior intensidadeno
momento
da produção da
mercadoria enão
na
venda
destano
mercado,como
entendem
ou
como
querem que entendamos
agrande
maioriados
'formadoresde
opinião...Para
compreendermos
melhor
como
é a concorrência entreos
capitalistasna
fase
da produção das
mercadorias,devemos
analisarcomo
secomporta
omercado.
Ou
seja, jáque
no mercado,
invariavelmente, todas as mercadorias equivalentesserão vendidas
basicamentepelo
mesmo
preço,bem
comoas
matérias-primasadquiridas
são assim compradas,
então, é sóna produção
que
será possível oscapitalistas individuais
obterem
uma
taxade
lucro superioraos demais
capitalistas concorrentes.Sendo
assim,segundo
Vieira,é
somente
dessa
formaque
aconcorrência
possa
ser considerada então, - amola
propulsoradas
mudanças
tecnológicas.É
nesse
momento
então,que
(Mar/x,1971) muitobem
destacaque
a concorrência entre os capitalistasde
uma
mesma
indústria fazcom
que
estesdiminuam
o capital variávelem
relaçãoao
constante, e issonuma
economia
global fazcom
que
os trabalhadoressejam
sempre
deslocados
para outras indústriasou
outros setoresda
economia
Assim
sendo,os
'trabalhadorestem
que
lançarem-senovamente
no
mercado
laboralna busca de
“novas oportunidades” para valorizaçãode sua
“forçade
trabalho.(Mam,
1971, p. 714) ““A forçade
trabalhotem
de
incorporar-se continuamenteao
capitalcomo
meio de
expandi-lo,não pode
livrar-sedele.
Sua
escravizaçãoao
capital se dissimulaapenas
com
amudança
dos
capitalistas aque
se vende, esua reprodução
constitui,na
realidade,um
fatorde
reprodução do
próprio capital.Acumular
capital é, portanto,aumentar o
proletariado”.A
concorrência entre os capitalistas farácom
que
busquem
uma
taxade
lucromaior
em
relaçãoaos
demais,ou
seja, 'teruma
“fatia maiordo
bolo”que
cabe aos
capitalistas
na
repartiçãoda mais
valia. E, isso só será possívelcom
uma
diminuição
do
capital variávelque
compõe
o totaldo
capitalda empresa.
Isso épossibilitado pelas inovações tecnológicas inseridas
nos meios
de
produção, eaumento
da
mais-valia absolutanas
empresas
com
menor
avanço
tecnológico. 'Essaconcorrência se dará pelo
aumento
da
exploraçãoda
forçade
trabalho. (Explica-seaí então,
como
a forçade
'trabalho é tão malremunerada nos
países periféricos).Assim
como
aacumulação
do
capital tende a ser constante e osdemais
capitalistas tentarão imitar 'toda e qualquer inovação,'haverásempre adoção
de novos
métodos
19
lsso porém,
segundo
(Vieira, 1995) só sedá quando
se refereaos
capitaisindividuais, pois
quando
se tratado
sistema capitalistascomo
um
todo, “a finalidade últimada
acumulação
é assegurar e ampliar opoder
das
classes proprietárias sobre as classes subalternas. (Vieira, 1995, p. 100)A
autonomização
euma
necessidade
que
se apresentacomo
um
resultado euma
respostaaos
conflitoscom
os
trabalhadores. Ditode
outra forma, a autonomiização égerada
dentrode
um
quadro de
controleou
como
um
mecanismo de
controle“.Mecanismos
estes,que
estudaremos no
próximo capitulo.1.5
Os
Conflitos EntrePatrões
eEmpregados
Se
porum
lado a mais-valia só se materializaquando
as mercadoriassão
vendidas
no mercado,
a forçade
trabalho porsua
vez, é a única mercadoria cujo valor se estabelece atravésde
uma
luta social.Enquanto
o operário procuraincorporar o
máximo
de
tempo
de
trabalho nesta mercadoriaque
vende
ao
capitalista, 'tendo em' vistaaumentar seu
valor, este procura reduzi-loao máximo.
Como
vimos
anteriormente, aprodução de bens de uso
éapenas
um
meio
pelo qual os capitalistas efetivam seulucro,ou
seja, eles se utilizamdo processo
de
trabalho-
forçade
trabalho,meios
de
trabalho e objetode
trabalho-
paravalorização
do
capital.Segundo
(Vieira,1989, p. 16)são esse elementos
que
experimentam o
“Progresso Técnico”.São
elesque
vem
sendo
modificadosna
história
do
trabalho. 'Nestes termos, o“Progresso
Tecnico” sópode
sercompreendido
e apreendidocomo
modificaçãonos elementos do processo de
trabalho e sujeito, portanto, às leisque regem
estemesmo
processo.E
nocaso
da
sociedade
capitalista,como
oprocesso
de
trabalho está subordinado à valorizaçãodo
capital, aí reside a questão central."A
forçade
trabalho, esta simtem
sido ogrande
entrave para o princípioda
industrializaçãodesde
a criaçãodas
manufaturas,bem
como
atéos
diasde
hoje,pois, os trabalhadores
que
agora estão livresdetém
como
sua
principalmoeda
de
troca a
venda
de sua
forçade
trabalhoao
capitalista - força físicae conhecimento
técnico.(vie-¡ra,19s9, p. 37)
“A transformação do processo de trabalho, vital para a acumulação capitalista,
em
determinados momentos históricos é dificultada pela oposição dos trabalhadores. E quando
a força destes últimos se fundamente no conhecimento do ofício, o capital não hesita
em
recorrer a medidas administrativas e/ou políticas para retirar do trabalhador tal base e abrircaminho para o prosseguimento da extração da mais-valia”.
E não
resideapenas
neste aspecto a dificuldadedo
capitalem
relaçãoao
trabalho.
Como
veremos
no
próximo capítulo,mesmo
com
oacúmulo
de
capital,este necessitava
da
forçadetrabalho
paraque
aprodução
capitalista sedesse
em
grande
escala.O
capitalismoacumula mais
capitalmediante
apropriaçãoda
mais-valia, diferença entre o trabalho efetivamente materializadono
produto e a forçade
trabalho paga. Pelo trabalho ohomem
se conscientizade sua
condição epromove
asmudanças
políticascapazes
de
libertá-loda
exploração capitalista e conquistar aposse
coletivados meios
de
produção. (Vieira, 1989, p. 16) "Por seruma
forma
de
exploraçãodo
trabalho alheio, a extraçãode
mais-valia éum
processo
antagônico2'l
cuja
conseqüência
inevitável é areaçao dos
trabalhadoresna
formade
recusaao
trabalho
ou
por realizá-locom
forma
ritmo diferentesdo
necessário, estareação
sempre
significaum
risco para os planosdo
capital”.A
própria fábricaou
o galpãoda manufatura
criam as oportunidades eas
facilidades paraque
o trabalhador consiga se aglutinar, pelomenos
no
mesmo
chão
de
fábrica.Esse
contato entre asmassas de
trabalhadores faz nascer dentroda
classe operária
uma
capacidade de
mobilização jamais vista antes, tantono
modo
de produção
escravistaou no
sistema feudal.A
partir daí, os trabalhadorescomeçam
a fazer exigências pormelhores
condiçõesde
trabalho e salários. Eraum
sinal clarode
que
a classetrabalhadorabuscava
uma
melhor
fatiado
'boloda
riqueza'do
qual produzia, pelo qual vendiasua
forçade
trabalho.A
partir daí, os capitalistaspercebem que
faz-senecessário
o
controlesobre
o processo de
trabalho,uma
vez que
deleadvém
oseu
lucro.Nas
palavrasde
(Vieira, 1989, p. 16) “...fundamental para o capital, o controle sobre o processo
de
trabalho, única forma
de
garantirum
fluxopermanente de
mais-valia”.Este controle sobre o processo
de
trabalho, serátema
de
estudodo
próximocapítulo desta monografia. '
1.5.1
Os
Conflitosde
Classes
A
lutados
trabalhadores porém,nao
resideapenas
no
fatode
querermelhores
salários, é
uma
lutaque
se desenvolve dentrodo
processode
trabalho,mas
que tem
dominado, ou
seja, os trabalhadoresnao
querem
ser tratadosapenas
como
componentes
do
processo...querem participardo
processo...controlar o processo...considerada como una Iucha en el interior del processo de producción del plusvalor y
contra él, la Iucha de clases comprende, por parte de los trabajadores, todas las iniciativas-
individuaies o colectivas, pasivas o activas-, destinadas a escapar de la succión del
dispendio de su actividad vital. En las agueras de la produción, la luchapuede revestir
formas de negación de la condición de “ser para el capital”, como por ejemplo, tratando de
desarrollar relaciones personales, manisfestciones culturales, formas de organización, en
iniciativas que conduzcan al desarrollo de los trabajadores en cuanto individuos sociales y
no como elementos del capital.” (Vieira, 1995, p. 24). '
A
lutados
trabalhadoresnao
sedá
apenas
no
aspecto econômico, considerado porMarx
como
um
enfrentamento entre classes.O
embate
entre os ,capitalistas e aforça
de
trabalhopassa
a ser entãoum
“lutade
classes”, e assimtem
um
sentidoI
._ r .-
mais
amplo,ee
abrange
aquestao
politica,onde
a lutanao
éapenas
pelamais
valia, e sim pelo poder:
econômico
e politico.Os
trabalhadores a partirdas
lutasque são
travadas dentroda
fábrica,começam
a desenvolveruma
consciência quanto aquestão
social,como
indivíduona
sociedade...um
serque
conjuntamente
com
seus
iguais,percebe
anecessidade
de
mudanças
parasua
classe e vislumbra a possibilidadede mudanças
no
status quo.Segundo
(De
Giovanniapud
Vieira, 1995, p. 26) “Laeconomia
es, este punto,un
primer nivelde
organización generalde
lasmasas,
pero,en
estasuya
determinada,
no
cuenta popr símisma
como
elemento de
lo "social", sino por lacapacidad de
expresarde
manera
concentrada las relaciones “poIiticas”de23
Ao
comentar
Bernardo,em
sua
tesede
doutorado, (Vieira, 1995)comenta que
aestreita relação entre a
economia
e a lutade
classes sedeve
à oposiçãode
idéias existentesnas
relações sociais, presentes entredominante
edominado:
“La estrecha relación entre economia y lucha de classes propuesta por este autor se debea
que él deduce lasprincipales características e instituciones del capitalismo contemporâneo
del 'modelo del plusvalor'como desdoblamientos impuestos por la produción de la plusvalia
absoluta y relativa, al miesmo tiempo, muestra la lucha de classes
com
una derivación delantagonismo social presente en el mismo modelo” (Vieira, 1995, p. 41).
Vieira destaca ainda
que
se tratade
um
modelo
de antagonismo
social, devido à tensao entre os pólosque
compoem
enquanto
relação,ou
seja,de
um
ladoos
trabalhadores incorporandotempo
de
trabalhoao
produto, ede
outro, o capitalapropriando-se deste produto.
Essa
éuma
relação estranha neste conflito, pois,apesar da capacidade da
forçade
trabalhode
operar porum
tempo
superiorao
que
ela
mesma
traz incorporado, issonão
é garantiade
que
elaassim
o faça,nem
muitomenos
que
hajauma
produção
predeterminada.H
A
consciênciado meio
onde
vive leva o trabalhador a perceberque não
bastaráuma
luta isoladaou
momentânea
pormelhores
condiçoes na esfera econômica.Sua
lutadeverá
abrangertambém
a esfera política,e
não
serámais
uma
lutade
patrãoe
empregado...
Será
a luta entredominante
edominado. Será
a “lutade
classes”.1.6
A
Necessidade
do
Controle
Sobre o Processo de
Trabalho
Os
capitalistaspercebendo
a constanteameaça
que
os trabalhadores representam, tantono
aspectoeconômico
como
no
politico,.começam a desenvolveras
mais
variadasformas
de
controle sobre a classe trabalhadora,com
a finalidadeúnica
de
manter-seno poder
e perpetuar a extraçãoda
mais-valia.Vieira destaca
que
as lutasde
classesão
imprescindíveisao
modo
de
produção
capitalista, pois,sem
que
esse
conflito existisse, haveria atéa
possibilidadede
que
a classe trabalhadorapudesse
desaparecer,tamanho
seria o graude
exploração,caso
não houvesse
a resistência por partedos
trabalhadoresno
processo
extraçãoda
mais-valia. Por outro lado,sem
perceber, os trabalhadoresfazem
com
que
os capitalistas reforcemconstantemente seus
métodos'de
exploração, e principalmente, o
de
controle sobre a classe trabalhadora.A
busca
pelo controle sobre o processode
trabalho é,em
outras palavras,um
conflito entre
essas
duas
classes-
capitalistasX
trabalhadores: a primeiraquerendo
manter
opoder
sobre a classe trabalhadora,e
asegunda
querendo tomar o poder
da
primeira,onde
todas assuas
atitudes emovimentos
(deambos)
objetivamesses
fins, afetando
assim
em
todos os aspectosda
vida social. Assim, Vieiracomenta
que: '
"Ia lucha de clases comprende entonces todos los movimientos y actitudes de ambos lados,
objetivando sus fines particulares: los trabajadores para disminuir el tiempo de trabajo
incorporado, y los capitalistas para aumentarlo. En segundo lugar, que Ia lucha de clases
nace de la contradición en la produción, pero la rebasa y alcanza toda vida social”.
Para
compreendermos
melhor
como
se dá
anecessidade de
controle sobre aforça
de
trabalhono
aspecto econômico,devemos
recordar a concorrência entre oscapitalistas
na busca
de
obter a maior fatiana
distribuiçãoda
mais-valia obtidada
exploraçãodos
trabalhadores.A
intensificaçãoda
extraçãoda
mais-valiapassa
a25
processo de
trabalho.(Bravermann,1977)
comenta
que,ao comprar
a forçade
trabalho, os capitalistas
não
sabem
oque
estãocomprando, não
têm
acapacidade
de mensurar antecipadamente
a eficiênciade cada
indivíduo,ou
seja,não
podem
antecipar qual o valor criado pelos trabalhadores
em
cima
do
valorda
forçade
trabalho. Então, os capitalistaslançam
mão
de
umas
estratégiascom
essa
finalidade, estratégias estasque
estudaremos no
próximo capítulo.H
Além
disso, analisando (Bernardo, 1991) este define omodelo
de produção de
mais
valiano
sistema capitalista.É
possível verificarcomo
é importante para oscapitalistas intensificarem o
processo de
controle sobre a forçade
trabalho, qualseja, o
de
extrairao
máximo
de
produtividadedos
trabalhadores, constituindo-seassim
uma
busca de
uma
taxade
lucro superioraos
demais.Para melhor
completaresse
raciocínio,devemos novamente
buscarnas
palavrasde
(Bernardo, 1991, p. 61)“A solução
do
mistério residena
especificidadedo
valorde uso da
forçade
trabalho,nessa sua capacidade de
fazercom
que
os equivalentes, ostempos
de
trabalho incorporados,sejam
quantitativamente diferentesem
cada
um
dos
tempos
da
relação.É
aação da
forçade
trabalhoque ao
mesmo
tempo
institui a equivalência, pela incorporaçãodo tempo
de
trabalho, e implantao
conflito, peladefasagem
entreos
tempos
de
trabalho incorporados.”E
éessa defasagem,
segundo
Bernardo,que
exprime
a privaçaoem
que
a forçade
trabalho se encontra relativamenteao
controledo processo de
trabalho,do
destinodo
produto ede seu consumo.
Ao
mesmo
tempo
em
que
o capitalista capacitamais
o trabalhador, dando-lhemelhores
instrumentosde
trabalho,mais
ele lhe retira acapacidade do
controlesobre o processo