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Audições para Flauta em orquestras brasileiras: procedimentos, repertório e expectativas.

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Academic year: 2021

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CÉSAR AUGUSTUS DINIZ SILVA

AUDIÇÕES PARA FLAUTA EM ORQUESTRAS

BRASILEIRAS:

PROCEDIMENTOS, REPERTÓRIO E EXPECTATIVAS

Salvador

2015

(2)

AUDIÇÕES PARA FLAUTA EM ORQUESTRAS

BRASILEIRAS:

PROCEDIMENTOS, REPERTÓRIO E EXPECTATIVAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Música da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Música.

Área de concentração: Práticas Interpretativas

Orientador: Prof. Dr. Lucas Robatto

Salvador

2015

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146 f. : il.

Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-graduação em Música da Escola de Música da Universidade Federal da Bahia. Orientador: Prof. Dr. Lucas Robatto

1. Música – Interpretação. 2. Flauta. I. Título

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(5)

Grato a Deus, família, amigos e mestres pelas oportunidades, incentivo, apoio e fé. Noto, já a algum tempo, que Deus influencia fortemente meus caminhos; sou incondicionalmente grato a meus pais e irmãos que lá de Minas Gerais sempre me acompanham; grato ainda aos amigos mineiros que estão sempre comigo, apesar das distâncias e aos amigos baianos que me ajudaram a tornar a Bahia também minha casa.

Agradeço à Universidade Federal da Bahia, à Escola de Música e ao Programa de Pós-Graduação em Música, a todos seus docentes e funcionários, que através de seu trabalho e dedicação, tornaram possível o desenvolvimento e conclusão do meu curso e deste trabalho.

Ao fomento da CAPES que financiou minha estadia em Salvador durante todo o período do curso, proporcionando um situação ideal de pesquisa e aprendizado.

Ao meu orientador, professor Dr. Lucas Robatto, cuja experiência e competência foram fundamentais para o êxito de minhas atividades na Bahia.

Aos grandes maestros Roberto Tibiriçá, Sílvio Viegas e aos excepcionais flautistas José Ananias, Marcelo Bomfim, Fernando Pacífico e Lucas Robatto, cujas contribuições enriqueceram de maneira imensurável o conteúdo da pesquisa.

(6)

RESUMO

O presente trabalho busca, através de uma pesquisa sistemática e argumentação funda-mentada, apresentar e discorrer sobre o processo de seleção de novos flautistas para as orques-tras sinfônicas no Brasil, tema cuja relevância é atestada pelo atual aumento da concorrência neste campo profissional. O trabalho argumenta que o principal instrumento de seleção de no-vos músicos para integrar as orquestras sinfônicas são as audições, e procura abordar estas a partir de três pontos principais:

(1) Os procedimentos de uma audição no Brasil e suas diferenças para as audições em outros países;

(2) O repertório exigido nas audições para flauta em orquestras brasileiras e as variáveis que influenciam na exigência desse repertório; e

(3) As expectativas e os critérios de avaliação das bancas de audições e as demandas específicas observadas no repertório de flauta.

O processo da audição é aqui submetido a uma pesquisa sistemática e discussão embasada, buscando informações sobre este processo, tanto sob o viés científico, construindo um banco de dados que reflete parte da situação orquestral brasileira e possivelmente alavancando debates sobre o assunto, quanto sob o viés pragmático, exprimindo diversas considerações que podem impactar direta ou indiretamente sobre a experiência de possíveis interessados em prestar audições, principalmente para flauta transversal em orquestras no Brasil.

(7)

ABSTRACT

This dissertation aims through a systematic research and reasoned argument, present and discuss about the process of selection of new flutists to join the symphony orchestras in Brazil, subject whose relevance is attested by the current increasing competition in this professional field. The research argues that the main selection tool to integrate new musicians to the symphony orchestras around the world are the audition, and seeks to address these from three main points:

(1) The audition procedures in Brazil and their differences to the auditions in other countries;

(2) The repertoire required in auditions for flute in Brazilian orchestras and the variables that influence the requirement of this repertoire; and

(3) The expectations and the evaluation criteria of the audition committee and the specific demands observed in the flute repertoire.

The audition process is here subjected to systematic research and grounded discussion, seeking information on this process, both from a scientific bias, building a database that reflects part of the Brazilian orchestral situation and possibly leveraging debates on the subject, as in the pragmatic bias, expressing several considerations that can impact directly or indirectly on the experience of possible auditions’ candidates, especially for flute in Brazilian orchestras.

(8)

Tabela 1 – Participantes da entrevista...24

Tabela 2 – As orquestras sinfônicas brasileiras levantadas pela pesquisa...28

Tabela 3 – Orquestras brasileiras que abriram vagas para flauta em 2013...32

Tabela 4 – Peso e pontuação mínima das provas objetivas e práticas para OSMG e OSPB....38

Tabela 5 – Peças de confronto solicitadas nas audições para flauta em orquestras brasileiras no ano de 2013...43

Tabela 6 – Peças de confronto solicitadas nas audições para primeira flauta em orquestras brasileiras no ano de 2013...45

Tabela 7 – Média e Mediana de Trechos Orquestrais solicitados por audição para vagas de flauta em orquestras brasileiras no ano de 2013...49

Tabela 8 – Tabela Geral de solicitação de Trechos Orquestrais...50

Tabela 9 – Comparativo entre a pesquisa de BUCK (2003) e os resultados da presente pesquisa...53

Tabela 10 – Classes de solicitação de trechos orquestrais...54

Tabela 11 – Trechos solicitados nas audições para vagas da Categoria 1...56

Tabela 12 – Comparativo de solicitação Categoria 1 x Total...59

Tabela 13 – Trechos solicitados nas audições para vagas da Categoria 2...60

Tabela 14 – Origem Geográfica...63

Tabela 15 – Comparativo de Solicitações por Região...67

Tabela 16 – Sistemas de afinação...75

Tabela 17 – Características consideradas importantes pelas bancas para as vagas de flauta. . .77

Tabela 18 – Obras analisadas...80

(9)

Gráfico 1 – Número de orquestras por estado brasileiro...30

Gráfico 2 – Concentração de orquestras por região...31

Gráfico 3 – Vagas abertas para flauta em orquestras brasileiras em 2013 por estado...33

Gráfico 4 – Vagas abertas para flauta em orquestras brasileiras em 2013 por região...33

Gráfico 5 – Vagas abertas para flauta em orquestras estrangeiras em 2013...35

Gráfico 6 – Demonstrativo do percentual de solicitação por Classes de trechos orquestrais...55

(10)

Figura 1 – Audição para Orquestra Sinfônica de Minas Gerais...48

Figura 2 – Grade do solo de flauta do terceiro movimento de Metamorfoses Sinfônicas sobre um Tema de Weber, de P. Hindemith...48

Figura 3 – Parte da transcrição do solo de flauta do terceiro movimento de Metamorfoses Sinfônicas sobre um Tema de Weber, de P. Hindemith...45

Figura 4 – Aspectos considerados importantes pelas bancas nas audições...74

Figura 5 – Concerto em Sol Maior de W. A. Mozart para flauta e orquestra, K. 313, primeiro movimento, compassos 31-34, solo...81

Figura 6 – Concerto em Sol Maior de W. A. Mozart para flauta e orquestra, K. 313, primeiro movimento, compassos 31-44, grade...83

Figura 7 – Concerto em Sol Maior de W. A. Mozart para flauta e orquestra, K. 313, primeiro movimento, compassos 31-44, parte da flauta solo...84

Figura 8 – Scherzo de Sonhos de uma Noite de Verão de F. Mendelssohn, op. 61, compassos 336-355, grade...89

Figura 9 – Leonora: Overture III de L. Beethoven, op. 72, compassos 1-9, grade...91

Figura 10 – Leonora: Overture III de L. Beethoven, op. 72, compassos 20-24, grade...93

Figura 11 – Leonora: Overture III de L. Beethoven, op. 72, compassos 279-294, grade...94

Figura 12 – Leonora: Overture III de L. Beethoven, op. 72, compassos 329 - 360, grade...96

Figura 13 – Prélude à l’après-midi d’un Faune de C. Debussy, compassos 1-4, grade...100

Figura 14 – Daphnis et Chloé (Suíte 2) de M. Ravel, dois compassos depois do número 176 de ensaio até dois compassos após o número 179 de ensaio, solo de flauta...102

Figura 15 – Daphnis et Chloé (Suíte 2) de M. Ravel, números de ensaio de 176 a 177, ...104

Figura 16 – Desenho rítmico resultante do ostinato da orquestra no solo de flauta de Daphnis et Chloé...105

(11)

1.

INTRODUÇÃO...12

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS...17

2.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...18

2.1.1. Primeiras Pesquisas...18

2.1.2. Pesquisas Recentes...19

2.1.3. Pesquisas no Brasil...21

2.2. PESQUISA EM PRÁTICAS INTERPRETATIVAS...22

2.2.1. Entrevistas...23

2.2.1.1. Participantes...23

2.2.1.2. Processo de Entrevista...25

3. AS ORQUESTRAS SINFÔNICAS E AS VAGAS PARA FLAUTA...26

3.1. AS ORQUESTRAS BRASILEIRAS...26

3.1.1. Vagas em Orquestras Brasileiras...31

3.2. OUTRAS ORQUESTRAS...34

4.AS AUDIÇÕES...36

4.1. OS PROCESSOS DE SELEÇÃO...37 4.2. AS AUDIÇÕES...39 4.3. O REPERTÓRIO...41 4.3.1. As Peças de Confronto...42 4.3.2 Os Trechos Orquestrais...47 4.3.2.1. Perspectiva Geral...50 4.3.2.2. Perpectiva de Categorias...65 4.3.2.3. Perspectiva Geográfica...62

5. AS AUDIÇÕES SOB PERSPECTIVA DA BANCA...69

5.1. OS PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO DA BANCA...72

5.2. AS VAGAS DE FLAUTA...77

5.3. O REPERTÓRIO...78

5.3.1. Os Concertos de W. A. Mozart...80

(12)

5.3.2.4. O solo de Daphnis et Chloé (Suíte 2) de M. Ravel...101

6. CONCLUSÃO...107

7. REFÊRENCIAS...115

7.1. LIVROS, ARTIGOS, REVISTAS, TESES E DISSERTAÇÕES...115

7.2. AUDIÇÕES...118

7.2.1. Sítios eletrônicos...120

7.3. PARTITURAS...123

7.4. COMPILAÇÕES DE TRECHOS ORQUESTRAIS...124

7.5. DOCUMENTAÇÃO JURÍDICA...124

7.6. OUTROS SITES...127

ANEXO I...129

ANEXO II...132

(13)

1. INTRODUÇÃO

Atuar numa orquestra profissional é uma carreira almejada por vários flautistas no Brasil; apesar de não haver uma pesquisa sistemática sobre a questão, um olhar empírico subsidiado pelos dados mais recentes referentes aos concursos para as vagas de flauta em orquestras nacionais, converge com essa afirmação. O Concurso para Carreira de Músico da Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro (DISTRITO FEDERAL, 2014), por exemplo, ocorrido no primeiro semestre de 2014 contou com 31 inscritos para a vaga de flauta (IADES, 2014), apresentando a maior proporção entre candidato/vaga do concurso (31 por vaga) e o segundo maior número de inscrições, ficando apenas atrás do número de inscritos para as vagas de violino, com 39 inscritos, que contou com uma proporção entre candidato/vaga de 5,57; os próximos instrumentos que seguem a flauta no que diz respeito à proporção de inscritos para o número de vagas são trompete, com 24 candidatos por vaga, e clarineta com 22. Outro concurso, que inclusive integra o levantamento deste trabalho por estar no recorte cronológico escolhido, o Concurso para a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2012), ocorrido no primeiro semestre de 2013, contou com 21 candidatos que se apresentaram para as provas preliminares para o provimento da vaga de flauta/flautim (IFBC, 2013), apresentando número de candidatos inferior apenas novamente à vaga de violino, que obteve 27 candidatos na mesma situação.

Não obstante, ser integrado a uma orquestra não é um processo simples. Na grande maioria das vezes, a orquestra que abre vagas busca preenchê-las selecionando músicos através de provas práticas do instrumento, as audições, nas quais os candidatos tocam seus instrumentos diante de uma banca. Os procedimentos da audição, bem como o repertório requisitado são geralmente divulgados com alguma antecedência a fim de que os candidatos possam se preparar.

No Brasil, foco principal deste trabalho, no entanto, o que acontece com certa frequência é a adição de vários outros testes às audições durante o processo seletivo para provimento de vagas nas orquestras sinfônicas, eventualmente de conteúdo extramusical e, por vezes, irrelevante para o desempenho das funções de músico na orquestra, devido à maneira de como está estruturada a gestão de orquestras no país (SILVA, 2014c). De maneira simples, isto é derivado de um rígido sistema que regula a administração pública (dado o fato

(14)

de que a grande maioria das orquestras sinfônicas nacionais estão sob resposabilidade do Estado) e que, na melhor das hipóteses, em muito pouco ajuda no sentido de criar situações producentes para o funcionamento das orquestras. O autor já realizou outra pesquisa que trata com mais detalhes deste assunto (SILVA, 2014d) e apesar de não dar enfoque maior à questão neste trabalho, é importante salientar que, a depender do concurso, tais provas (como prova de títulos, número de participações/publicação em eventos/trabalhos científicos, língua portuguesa, matemática, história, informática, direito, estatuto da criança e do adolescente, prova dissertativa etc.) podem ocupar posição de importância similar à prova prática do instrumento1, ou ainda, integrar processo eliminatório preliminar do concurso (um candidato

que não alcançar a pontuação mínima necessária nessas provas é eliminado sem sequer realizar a audição), podendo interferir de maneira substancial nos resultados do processo seletivo. Contudo, este trabalho se destina a obter informações e analisar as audições para orquestras sinfônicas brasileiras que, apesar de toda a problemática acima exposta, ainda é, do ponto de vista pragmático, o elemento mais importante na maioria dos casos no processo de seleção de músicos para orquestras sinfônicas e do ponto de vista empírico, elemento determinante.

As audições são, portanto, o principal método de seleção de novos músicos para orquestras. Este instrumento de seleção foi se consolidando no decorrer dos anos e seu formato sofreu várias mudanças, desde a época de Arturo Toscanini e Serge Koussevitzky nas décadas de 1930 e 1940, em que os candidatos eram convidados e a decisão era exclusivamente do maestro (MANFREDI, 2012), até os tempos atuais, no qual o processo alcançou um patamar bem mais complexo, buscando proporcionar o quanto possível de democracia, imparcialidade e objetividade ao formato.

Apesar dos esforços em tornar este processo mais objetivo e democrático, ainda existe grande perplexidade dos músicos acerca das audições, principalmente entre aqueles que não integram orquestras sinfônicas e visam integrá-las, por desconhecer os procedimentos, exigências e mecanismos de avaliação das audições. Percebendo, pois, a necessidade de clarificar este processo, o assunto tem despertado interesse de vários pesquisadores e

1Como exemplo, ver: PARAÍBA (BRASIL). Secretaria do Estado de Administração Pública da Paraíba. Edital

nº 1/2013 de 02 de abril de 2013. Disponível em: <http://www2.ibfc.org.br/

concurso/secultpb-1304/docs/secultpb-01-2013-edital.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2014.IBFC – Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação. Desenvolvido por: IBFC Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação, 2013. Audições para Orquestra Sinfônica de Minas Gerais. Disponível em: <http://www2.ibfc.org.br/concurso/fcs-1236/>. Acesso em: 05 out. 2013.

(15)

trabalhos na área começaram a ser desenvolvidos, visando desmitificar e acessibilizar o funcionamento das audições.

A presente pesquisa se enquadra nesta gama de pesquisas; contudo, a maioria expressiva destes trabalhos tratam as audições sob a perspectiva da preparação e realização por parte dos candidatos, discutindo e propondo maneiras de se preparar, seja sob o ponto de vista técnico, musical ou emocional, para este processo. Não obstante, a presente pesquisa, diferentemente das demais e consonante com o pensamento de outros autores (MANFREDI, 2012; ROSE, 2011; RODABAUGH, 2008; BUCK, 2003), acredita que para uma preparação efetiva e, consequentemente, sucesso numa audição, é fundamental que haja um entendimento claro do candidato acerca do que é uma audição e do que é esperado de um aspirante à vaga numa orquestra profissional. A partir deste argumento, três questões sobre o assunto surgem, tendo o cenário brasileiro como foco, e direcionam o processo de pesquisa:

(1) Quais são os formatos e procedimentos de uma audição no Brasil? Eles

diferem de audições em outros países?

(2) Qual o repertório exigido nas audições para flauta em orquestras brasileiras?

Este repertório difere de acordo com as circunstâncias (vagas diferentes, países

diferentes)?

(3) Quais são as expectativas e os critérios de avaliação das bancas de audições?

Quais são as demandas específicas das audições para flauta? As expectativas

mudam de acordo com a vaga (primeira, segunda/piccolo)?

Logo, este trabalho se dedicará a buscar sanar cada uma dessas indagações, apresentando e discutindo sistematicamente estes elementos das audições, tecendo considerações sobre cada um deles e buscando contextualizá-los ao cenário brasileiro, ainda muito carente de pesquisas na área; a flauta transversal foi escolhida por ser o instrumento de formação do pesquisador e, portanto, desperta maior interesse no mesmo, além de ser um dos instrumentos de maior concorrência por vagas em orquestras no Brasil atual.

(16)

Pois bem, para que a construção deste trabalho se desse de maneira sólida, foi necessária a construção de um arcabouço para subsidiar a abordagem proposta pela pesquisa; para isso foram realizadas duas pesquisas: a primeira (a) empírica, junto a renomados e experientes músicos do cenário orquestral brasileiro, na qual estes foram questionados sobre elementos específicos das audições para flauta, e a segunda (b) documental, a fim de obter-se um panorama da atividade orquestral no país, para que desta maneira, um campo de observação fosse traçado e fornecesse parâmetros para a realização do trabalho sobre os procedimentos e o repertório das audições. É relevante desde já colocar que, apesar de ser um importante campo de atuação de músicos profissionais e produção musical, as orquestras sinfônicas brasileiras não são um assunto comumente contemplado em pesquisas acadêmicas, possivelmente por ser um campo de atuação profissional e não científico, e muito pouco se tem escrito sobre a atividade desses corpos artísticos, tornando esta parte do trabalho particularmente interessante enquanto documento que agrega tais informações. Posteriormente, dados de outras orquestras também foram coletados com o propósito de oferecer referenciais de comparação entre as audições nas orquestras brasileiras e em orquestras fora do Brasil.

O CAPÍTULO I apresenta os procedimentos metodológicos da pesquisa (a), precedidos pela revisão das principais fontes bibliográficas que tratam do assunto, destacando as informações pertinentes e que contribuíram diretamente para a construção deste arcabouço subsidiário.

O CAPÍTULO II apresenta os elementos da pesquisa (b), destacando os critérios, amostragens e métodos de construção, somadas a considerações acerca do assunto.

Buscando abordar as duas primeiras questões da pesquisa, o CAPÍTULO III coloca em foco os dois primeiros dos três elementos considerados por este trabalho como fundamentais para a compreensão das audições: os (1) procedimentos e o (2) repertório exigido nas audições. Discorre-se diretamente neste capítulo sobre o processo de seleção de novos músicos para intergrar as orquestras, destacando elementos particulares do cenário nacional; fundamentados pela pesquisa documental (b), são, portanto, apresentadas e discutidas informações acerca de suas definições, configurações, estrutura e procedimentos; são ainda expostos os resultados obtidos sobre o repertório exigido nas audições para vagas de flauta em orquestras no Brasil e no exterior, sendo tecidas considerações obtidas através de comparações e observações sob diferentes perspectivas.

(17)

Por fim, no CAPÍTULO IV são tratados os elementos que dizem respeito à terceira questão, considerada pelo pesquisador como a mais interessante e desafiadora de se discutir dentro do âmbito científico. Neste capítulo, fundamentado pelas fontes bibliográficas e pelos resultados da pesquisa empírica, são abordadas as expectativas e os critérios de avaliação das bancas, primeiramente de maneira genérica e posteriormente aplicada especificamente ao repertório de flauta exigido nas audições para flauta em orquestra brasileiras.

Espera-se que com este trabalho alguns elementos do instrumento de seleção conhecido como audição possam, através de uma pesquisa sistemática e discussão embasada, ser clarificados, fornecendo informações valiosas sobre este processo, tanto sob o viés científico, construindo um banco de dados que reflete parte da situação orquestral brasileira e possivelmente alavancando debates sobre o assunto, considerado pelo autor demasiadamente interessante e produtivo, quanto sob o viés pragmático, exprimindo diversas considerações que podem impactar direta ou indiretamente sobre a experiência de possíveis interessados em prestar audições, principalmente para flauta transversal em orquestras no Brasil.

(18)

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS

Trabalhos que abordam as provas práticas dos processos de seleção de músicos para orquestras são um capítulo relativamente novo na pesquisa acadêmica em música. As principais pesquisas na área datam os últimos 25 anos e a maior parte da produção é posterior ao ano 2000. Anteriormente a estas pesquisas, o assunto era muito pouco abordado no meio acadêmico e quando tratado era principalmente sob o viés prático oral (professores e alunos de instrumento) e o pouco que se tinha escrito se encontrava em materiais voltados ao meio prático (como revistas especializadas em instrumentos), que ainda continuam sendo importante fonte de informações, apesar de não apresentarem o rigor de um trabalho científico, por não ser o objetivo destas fontes. O fato deste assunto começar a despertar interesse de pesquisadores e trabalhos na área começarem a ser desenvolvidos e publicados ajudou a desmitificar e acessibilizar um pouco este processo, pois acredita-se que o “sucesso no processo de preparação para audição [e consequentemente na audição] requer um entendimento claro do que é esperado do candidato”2 (MANFREDI, 2011, p. 7)3. Juntamente

à releitura da literatura que aborda o assunto, o presente trabalho também se fundamenta na experiência de grandes personalidades do cenário orquestral brasileiro, extraída através de entrevista por questionário; esta fundamentação baseada na perspectiva de músicos que estão envolvidos diretamente com o assunto é essencial num trabalho que aborda um elemento totalmente prático do fazer musical, como é o caso das audições.

Primeiramente serão apresentadas as principais pesquisas que fundamentam teoricamente este trabalho, evidenciando os aspectos que contribuíram diretamente em sua elaboração e em seguida são descritos os procedimentos metodológicos das entrevistas promovidas pela pesquisa.

2 Success in the audition preparation process requires a clear understanding of what is expected from

an auditionee

(19)

2.1. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Apesar de não ser ainda um assunto frequentemente contemplado em pesquisas acadêmicas no Brasil, o interesse nos tópicos “orquestras” e “audições” vem crescendo nos últimos anos, possivelmente devido à necessidade pragmática percebida pelos pesquisadores, que na grande maioria das vezes são músicos com ampla experiência prática na área e visam contribuir para o desenvolvimento prático e teorético do assunto ou músicos que se interessam pelo meio orquestral e sentem o desamparo e a necessidade de tornar menos subjetivos os aspectos que tangem este campo de atuação. Vale destacar que a maior parte da produção na área é de responsabilidade de pesquisadores estadunidenses, país onde a discussão sobre as orquestras sinfônicas encontra-se num estágio bem mais avançado, devido a fatores históricos e principalmente práticos.

2.1.1. Primeiras Pesquisas

As primeiras pesquisas sistemáticas sobre o assunto datam a década de 1990, sendo o trabalho promovido por Joan GRIFFING (1994) um dos principais, devido ao pioneirismo e à proporção de sua pesquisa. A autora realizou uma pesquisa com os violinistas spalla de cerca de 50 orquestras estadunidenses sobre as audições para violino em suas orquestras. A autora dividiu as orquestras em 5 grupos, de acordo com o orçamento de cada uma delas, incluindo orquestras desde aquelas com grande envergadura como a Orquestra Sinfônica de Chicago ou a Orquestra Filarmônica de Nova Iorque a grupos menores como Orquestra Sinfônica de Portland.

Um questionário com 25 questões foi enviado a cada um desses músicos e as questões abrangiam desde aspectos administrativos da orquestra até a avaliação das audições. A pesquisa de GRIFFING (1994) é particularmente interessante pois apresenta integralmente as respostas dos entrevistados, permitindo várias novas interpretações além da tomada pela autora. Duas questões em particular foram interessantes para a presente pequisa: a questão 21 na qual foram apresentados diversos elementos técnicos e musicais (ritmo, afinação, estilo, dinâmica, notas certas, vibrato, expressão, articulação, golpe de arco, andamento, produção sonora, outros) e solicitado aos entrevistados que categorizassem estes itens de acordo com a importância numa audição e justificasse tal ordem; a segunda questão interessante, a número

(20)

22, que se relaciona com a anterior, na qual foi pedido que os entrevistados apontassem e justificassem, dentre estes mesmos itens, os que mais desclassificavam candidatos numa audição.

Esta pesquisa apresenta portanto subsídios muito interessantes para o presente trabalho, não só pelas considerações da autora acerca do assunto, mas principalmente pelo enorme material de pesquisa, 44 questionários respondidos por violinistas spalla das principais orquestras estadunidenses, apresentados integralmente, possibilitando várias considerações sobre o assunto.

Outra pesquisa que ocupa posição de destaque na área foi desenvolvida por Elizabeth BUCK (2003) em seu doutorado na Rice University sob orientação da flautista Dr. Leone Buyse. Neste trabalho, BUCK (2003) promoveu um levantamento junto a dezenas de flautistas ocupantes de cargos em orquestras sinfônicas nos Estados Unidos a respeito das audições. O levantamento inclui o repertório considerado pelos flautistas como mais importante numa audição e as demandas de cada cadeira de flauta numa orquestra. O foco principal do trabalho, no entanto, está no processo de preparação para uma audição, com ênfase no repertório e na metodologia de prática.

As propostas apresentadas pela autora sobre a preparação do repertório são particulamente interessantes para a presente pesquisa pois refletem inerentemente as demandas e as expectativas do que deve ser apresentado nestas obras, provendo argumentações sólidas sobre o assunto.

2.1.2. Pesquisas Recentes

Nos últimos 6 anos, o volume de pesquisas sobre o assunto vem aumentando consideravelmente e a sistemática e profundidade da abordagem desenvolvendo-se de maneira eficaz.

O trabalho de Heather RODABAUGH (2008), de maneira similar a GRIFFING (1994), está centrado na entrevista de três trompetistas proeminentes no cenário orquestral estadunidense. Esses músicos foram questionados sobre sua formação musical, suas experiências sobre as audições e sua perspectiva da execução de trechos orquestrais pedidos nas provas. A autora apresenta as entrevistas integrais, fornecendo informações valiosas para a presente pesquisa, principalmente as que tangem a perspectiva desses músicos sobre a

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avaliação das bancas das audições, visto que suas experiências incluem a participação em dezenas de bancas de audições, não apenas para vagas de trompete. Christopher Evan GREEN (2012) propõe a preparação para audições de trombone partindo do princípio de “periodização” importado da ciência dos esportes. Seu trabalho é focado no processo de preparação, contudo, congruente com a acepção da presente pesquisa, para uma preparação eficiente é necessário conhecer o processo e as expectativas de uma audição. Assim, GREEN (2012) entrevistou quatro trombonistas de destaque nos Estados Unidos sobre diversos aspectos da preparação e realização de audições, e o autor também transcreve integralmente as entrevistas, possibilitado a obtenção de várias informações que sejam interessantes ao presente trabalho.

Guglielmo MANFREDI (2011), em contrapartida, desenvolveu uma análise profunda dos processos das audições para trompa em orquestras e bandas sinfônicas estadunidenses e europeias; MANFREDI (2011), em consonância com o autor da presente pesquisa, sustenta que a compreensão precisa do que é uma audição, de seus procedimentos, do repertório que é exigido e das expectativas sobre o candidato pode prover informações valiosas para situações práticas (a aprovação de um candidato numa audição) e teoréticas (as contradições entre o fazer musical e as demandas da profissão). Apesar de ser um trabalho no qual a trompa ocupa posição privilegiada e grande parte da discussão estar centrada nas diferentes cadeiras de trompa dentro da orquestra (1ª, 2ª, 3ª e 4ª trompas), o autor apresenta reflexões de grande interesse para a presente pesquisa, com ênfase para a variação das expectativas sobre os candidatos em diferentes contextos e as implicações alavancadas pelo conhecimento deste fenômeno.

Finalmente Christopher ROSE (2011), através da coleta de dados de diversas fontes, propôs uma abordagem diferente para o tema: desenvolveu uma espécie de “manual” para audições de contrabaixo. Neste trabalho, o autor apresenta de maneira sistemática o processo desde a procura por vagas em orquestras à preparação para a audição e discute alternativas para obter-se bons resultados neste processo. Apesar de não se tratar de um trabalho com reflexões profundas sobre o assunto, ROSE (2011) realizou uma eficiente compilação de informações sobre as audições, com destaque aos processos formais da audição nos Estados Unidos, informação destacadamente importante para a presente pesquisa.

(22)

2.1.3. Pesquisas no Brasil

As pesquisas acadêmicas que abordam o tema “audições” no Brasil são extremamente recentes e ainda pontuais; as principais produções que tratam do assunto datam 2010 em diante e grande parte delas está direcionada à preparação do músico para uma audição, abordando sob diferentes métodos este processo de preparação sem dedicar grande esforço, por não ser o foco destas pesquisas, em compreender a mecânica das audições.

Thales SILVA (2010) realizou na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, junto a flautistas alunos do curso de graduação em música, uma pesquisa na qual são observadas as estratégias destes músicos durante a preparação dos quatro primeiros compassos de Prélude à l’après-midi d’un Faune (solo de flauta) de C. Debussy. A abordagem de SILVA (2010) não é voltada para a preparação para uma audição, mas pelo objeto de estudo ser um trecho orquestral amplamente exigido em audições no Brasil, conforme será apresentado no CAPÍTULO III, este trabalho fornece algumas informações interessantes para a presente pesquisa, principalmente as que tangem a maneira como estudantes de flauta abordam o repertório exigido em audições, possibilitando estabelecer alguns parâmetros de comparação entre a perspectiva dos (possíveis) candidatos e dos avaliadores das audições, cujas considerações foram obtidas por entrevista. De maneira bastante similar e na mesma instituição de ensino, Thaís MOREIRA (2013) aborda o processo de preparação do solo de flauta da obra Choros nº 6 de H. Villa-Lobos, sendo que a principal diferença reside no fato de que os flautistas participantes da pesquisa são músicos atuantes em orquestras profissionais no Brasil. Sob este viés, a pesquisa de MOREIRA (2013) contribui para a presente pesquisa em duas vertentes: por desenvolver sua pesquisa sobre um trecho eventualmente exigido em audições para flauta no Brasil (Choros nº 6, ver CAPÍTULO III) e capturar como flautistas profissionais, que segundo o perfil exposto pela autora, participam de bancas de audições, preparam um trecho orquestral, revelando de alguma maneira o que eles consideram importante de soar e, por consequência, ouvir numa audição.

Um trabalho que merece destaque por suas inferências coincidirem com as premissas da presente pesquisa foi realizado por Márcio CECCONELLO (2013) na Universidade Federal de Minas Gerais. Neste trabalho, CECCONELLO (2013) realiza uma abordagem técnico-interpretativa do excerto orquestral do poema sinfônico Don Juan de R. Strauss para violino exigido em audições, com deliberada ênfase para uma abordagem que destaque as exigências

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de uma audição numa orquestra profissional. Durante sua pesquisa, o autor entrevistou dezenas de músicos, entre violinistas aspirantes a cargos de orquestra, violinistas spalla de orquestras brasileiras e maestros. Apesar do foco do trabalho de CECCONELLO (2013) ser o solo de violino de Don Juan, o autor aborda diversos elementos interessantes para a presente pesquisa, principalmente aqueles que tangem as expectativas das bancas de audições para violino. O autor ainda trata, mesmo que brevemente, alguns elementos do processo das audições no Brasil, apesar de não dedicar grande atenção a este tópico.

Por fim, André CUNHA (2013) desenvolveu um interessante trabalho que trata da ansiedade de flautistas em situações de performance em geral (concerto solista, audições, concertos de câmara etc.). O autor busca identificar e propor estratégias para auxiliar no tratamento da ansiedade em flautistas; apesar de não abordar diretamente em nenhum momento as audições para orquestra nem a preparação para elas, este trabalho é uma leitura suplementar interessante pois aborda um elemento, que por motivos de foco, é desconsiderado pela presente pesquisa, mas que tem influência direta no desempenho de um músico na audição.

2.2. PESQUISA EM PRÁTICAS INTERPRETATIVAS

Grande parte das pesquisas em música e artes em geral, mas com ênfase para a pesquisa em práticas interpretativas, buscam, na maioria das vezes, diferentemente das pesquisas em outras áreas, compreender e teorizar o que já é feito e sabido no meio prático, no lugar de desenvolver e propor novas práticas e conhecimentos. No campo das práticas interpretativas especificamente, isto se dá pois o conhecimento prático encontra-se num estágio extremamente mais avançado que o científico e, portanto, este se sustenta e se subsidia naquele.

Assim, é prática relativamente comum a realização de pesquisas empíricas na área da música para proporcionar entendimento e fundamentação dos trabalhos científicos pois justamente partem da experiência prática de músicos e personalidades que estão inseridos na atividade em questão. Seguindo este viés, o presente trabalho realizou uma pesquisa empírica, desenvolvida com auxílio dos div/ersos procedimentos de pesquisa já consolidados, buscando capturar informações que explicitassem o conhecimento prático envolvido no assunto abordado e cuja metodologia é descrita a seguir.

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2.2.1. Entrevistas

A fim de fundamentar parte do trabalho que trata das audições para vagas de flauta sob a perspectiva da banca, a presente pesquisa desenvolveu um instrumento de captura de informações baseado nas reflexões propostas por DUARTE (2002), e enviou-o a músicos de grande destaque no campo da música orquestral, com ampla experiência como integrantes de bancas de audições para flauta e grande representatividade no cenário orquestral nacional. O objetivo deste processo era obter destes músicos considerações sobre o repertório exigido nas audições para vagas de flauta no Brasil, a importância destas obras, as demandas presentes neste repertório e o que eles, enquanto banca de uma audição, dão prioridade ao ouvir e avaliar um candidato executando tais obras. O repertório foi definido baseado na pesquisa documental realizada pelo presente trabalho, cujos resultados são expostos no CAPÍTULO III, discriminando a peça de confronto (W. A. Mozart - Concerto em Sol maior, K. 313, para flauta e orquestra) e os quatro trechos orquestrais (F. Mendelssohn - Sonhos de uma Noite de Verão: Scherzo, L. Beethoven - Leonore: Overture III, C. Debussy - Prélude à l’après-midi d’un Faune e M. Ravel - Daphnis et Chloé, Suite 2) mais solicitados em audições brasileiras, totalizando cinco obras.

2.2.1.1. Participantes

Para participar desta pesquisa foram escolhidos músicos com grande experiência e representatividade no cenário orquestral brasileiro que frequentemente integram bancas de audições no país. Tendo em vista a maneira como são compostas as bancas das audições para flauta, descrita no CAPÍTULO IV, na qual parte dos integrantes não são especialistas no instrumento, a pesquisa entrevistou músicos que geralmente integram as bancas e podem perceber este processo de diferentes ângulos; assim, a pesquisa priorizou a participação de flautistas, por conhecerem com profundidade as demandas técnicas do repertório, mas também de regentes, por apresentarem considerações menos voltadas aos aspectos técnicos do instrumento, além de, durante o processo de seleção do músico na audição, geralmente possuirem grande peso na aceitação e reprovação deste na audição.

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Tabela 1 – Participantes da entrevista

Músico Especialidade Principais orquestras com as quais já trabalhou

Fernando

Pacífico Flautista

Orquestra Sinfônica de Minas Gerais Orquestra Filarmônica de Minas Gerais Orquestra Sinfônica da Bahia

Orquestra Sinfônica Brasileira

José Ananias Flautista Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Orquestra do Teatro Municipal de São Paulo

Lucas Robatto Flautista

Orquestra Sinfônica da Bahia

Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Orquestra da Companhia Brasileira de Ópera Orquestra Sinfônica da UFBA

Orquestra Sinfônica da Escola Superior Estatal de Música de Karlsruhe (Alemanha)

Bach Akademie-Stuttgart (Alemanha) Orquestra do Teatro Arthur Azevêdo Marcelo

Bomfim Flautista

Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro Orquestra Petrobras Sinfônica

Orquestra Filarmônica de Berlim (Alemanha)

Roberto

Tibiriçá Maestro

Orquestra Sinfônica Brasileira

Orquestra do Teatro Nacional de S.Carlos (Portugal) Orquestra Metropolitana de Lisboa (Portugal) Orquestra Nova Filarmonia

Orquestra Nova Sinfonieta Orquestra de Câmera Da Capo

Orquestra Sinfônica Petrobrás Pró Música

Orquestra Filarmônica de Buenos Aires (Argentina) Orquestra Filarmônica da Flórida (Estados Unidos) Orquestra Simón Bolívar (Venezuela)

Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas Orquestra Filarmônica de São Bernardo do Campo Orquestra Sinfônica do Sodre (Uruguai)

Orquestra Sinfônica Heliópolis Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

Silvio Viegas Maestro

Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro Orquestra Sinfônica Brasileira

Orquestra Petrobras Sinfônica Orquestra Sinfônica do Teatro da Paz

Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal Cláudio Santoro Orquestra Sinfônica de Minas Gerais

Orquestra Filarmônica do Espírito Santo Orquestra Sinfônica do Paraná

Orquestra Filarmônica do Amazonas Orquestra Jazz Sinfônica de São Paulo Orquestra de Roma (Itália)

Orquestra Dell’Arena di Verona (Itália) Orquestra Sinfônica de Burgas (Bulgária) Orquestra Sinfônica do Algarve (Portugal) Orquestra Sinfônica del Sodre (Uruguai)

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2.2.1.2. Processo de Entrevista

Os participantes foram contactados diretamente por e-mail pelo pesquisador durante os meses de novembro e dezembro de 2014 e as entrevistas foram conduzidas exclusivamente por e-mail, sendo o questionário enviado a cada um dos participantes, preenchido pelos entrevistados e reenviado ao pesquisador por este veículo. O processo via e-mail destaca-se por sua velocidade, facilidade de contato e, principalmente, pela possibilidade de permitir aos entrevistados que respondam e enviem os questionários no momento em que lhes for melhor. O Maestro Roberto Tibiriçá, por exemplo, estava em meio a uma turneé durante o mês de novembro de 2014 e sua entrevista só foi possível graças ao veículo utilizado.

O formato do questionário é propositalmente aberto, apenas apresentando o repertório sobre o qual o entrevistado tecerá livremente suas considerações, apenas direcionado por algumas questões; a escolha do repertório foi baseada na pesquisa documental do presente trabalho. Este formato é especialmente interessante pois, em concordância com MANFREDI (2011), “permite que os entrevistados respondam as questões a partir de suas perspectivas e experiências pessoais”4 (p. 25), sendo justamente este o objetivo da entrevista. A estrutura da

entrevista é apresentada no ANEXO III.

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3. AS ORQUESTRAS SINFÔNICAS E AS VAGAS PARA FLAUTA

Este capítulo apresenta um levantamento documental que delimita o campo de trabalho da pesquisa, ou seja, as orquestras sinfônicas e as vagas abertas para flauta no decorrer do ano de 2013. Durante todo o ano, procurou-se obter dados da maior quantidade possível de orquestras que abriram vagas para flauta. Para obter conhecimento dessas aberturas, bem como dos detalhes de cada audição, foram utilizados os veículos de comunicação disponibilizados pela tecnologia da informação (com ênfase às mídias eletrônicas, jornais e revistas, diários oficiais e diplomas legais). Buscas eram frequentemente realizadas em âmbitos globais com auxílio de sítios eletrônicos responsáveis por fornecer índices de audições em determinadas localidades. Trata-se portanto de uma amostragem acidental, na qual foram consideradas as orquestras profissionais que abriam vaga no decorrer do ano de 2013. Por serem o foco do trabalho, as orquestras brasileiras ocupam intencionamente posição de destaque na presente pesquisa, sendo o principal objeto de análise, ao passo que os dados das demais orquestras, conforme já indicado, serão utilizados como subsídios para a análise e discussão acerca do objeto principal.

3.1. AS ORQUESTRAS BRASILEIRAS5

Para se obter uma visão privilegiada sobre as características das audições em orquestras sinfônicas brasileiras foi necessário antes que a presente pesquisa construísse um arcabouço que tentasse, de alguma forma, agrupar essas orquestras. Assim, procedimentos metodológicos foram desenvolvidos com o propósito de se obter um panorama da atividade sinfônica no país e, a partir daí, observar e analisar quais orquestras promoveriam processos de seleção de músicos. Portanto, para a construção desse arcabouço inicial, foram levantados corpos artísticos em todo o território nacional que apresentassem as seguintes características:

(a) Sejam orquestras sinfônicas (excluindo bandas, bandas sinfônicas, orquestras de sopros e grupos de câmara, orquestras de cordas etc., por delimitação do foco da pesquisa); para aferição deste requisito, foi

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consultada a formação instrumental de cada orquestra, geralmente disponibilizada em seus sítios eletrônicos.

(b) Cujos músicos possuam vínculo profissional (excluindo orquestras em que os músicos atuem voluntariamente, orquestras estudantis, orquestras cujos músicos são bolsistas, orquestras sem corpo artístico fixo, etc.); para obter essa informação, realizou-se uma detalhada pesquisa aos diplomas legais instituidores da orquestra quando esta era de responsabilidade estatal e ao estatuto interno, quando de responsabilidade privada.

(c) Cuja admissão de seus integrantes se dê por seleção aberta ao público (não necessariamente Concurso Público, que é regulamentado por lei). Por não haver um cadastro ou levantamento sistemático de orquestras no Brasil, não há garantia de que todas as orquestras que se enquadram no perfil buscado pela pesquisa constem no presente trabalho, bem como novos corpos artísticos podem surgir a qualquer momento e outros podem deixar de existir ou mudar de perfil, deixando de se enquadrar nos critérios da pesquisa. Entretanto, tais fatos não invalidam a contribuição dessas informações no sentido de apresentar um panorama de atuação profissional para músicos em orquestras nacionais, além de registrar, com certo ineditismo, no ano de 2013, as principais orquestras brasileiras.

Pois bem, para obter-se uma primeira visão das orquestras nacionais potencialmente interessantes ao trabalho foram observadas as seguintes fontes:

(a) O Anuário VivaMúsica! (FISCHER, 2013) faz há quinze anos um cadastro de várias orquestras do país, e a edição de 2013 (a última do anuário) foi utilizada; apesar de ser uma referência importante, por ser o único levantamento existente de orquestras no Brasil, o catálogo do Anuário VivaMúsica! não é sistemático o suficiente (uma vez que tal rigor não é objetivo do periódico) para ser usado como fonte, mas apenas como referência;

(b) A lista de orquestras habilitadas e inabilitadas participantes do Prêmio Funarte de Apoio a Orquestras nos anos de 2013/2014 (FUNARTE, 2014); (c) Consultas individuais (veículos disponibilizados pela tecnologia da informação: sítios eletrônicos públicos, jornais, portais de notícias, etc.). Esta etapa inicial do trabalho revela que apesar de ser um importante campo de atuação de músicos profissionais, as orquestras brasileiras não são um assunto comumente

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contemplado em trabalhos científicos e não existe um mecanismo que agregue sistematicamente esses corpos artísticos.

Construído, pois, este banco de dados, foi realizada uma consulta individual a cada um dos corpos artísticos potencialmente interessantes à pesquisa através de seus próprios sítios eletrônicos ou pelos sítios eletrônicos de suas entidades mantenedoras (públicas ou privadas) ou ainda através de notícias publicadas em jornais e revistas, diplomas legais e outras fontes de informação, a fim de se obter dados mais específicos, verificando seu enquadramento nos critérios da pesquisa. De um número inicial de pouco mais de 200 corpos artísticos, chegou-se a um número de 51 orquestras cujo perfil interessa à pesquisa (ver Tabela 2abaixo).

Tabela 2 – As orquestras sinfônicas brasileiras levantadas pela pesquisa

Orquestra Entidade/órgão gestor UF

1 Amazonas Filarmônica Ag. Amazonense de Desenv. Cultural AM

2 Orquestra Sinfônica da Bahia Fundação Cultural do Estado da Bahia BA

3 Orquestra Sinfônica da UFBA UFBA BA

4 Orquestra Filarmônica do Ceará Filarmônica do Ceará CE

5 Orq. Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro Secretaria de Estado de Cultura DF 6 Orq. Sinfônica do Estado do Espírito Santo Secretaria de Estado da Cultura ES 7 Orquestra Filarmônica do Estado de Goiás Secretaria de Estado da Casa Civil GO 8 Orquestra Sinfônica de Goiânia Secretaria Municipal de Cultura GO 9 Orquestra Filarmônica de Minas Gerais Instituto Cultural Filarmônica MG 1

0 Orquestra Sinfônica de Minas Gerais Fundação Clóvis Salgado MG 1

1 Orq. Sinfônica da Polícia Militar de MG Polícia Militar de Minas Gerais MG 1

2 Orquestra Sinfônica da UFMG UFMG MG

1

3 Orq. Sinfônica Municipal de Campo Grande Fundação Municipal de Cultura MS 1

4 Orquestra do Estado de Mato Grosso Orquestra do Estado de Mato Grosso MT 1

5 Orquestra Sinfônica da UFMT UFMT MT

1

6 Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz Secretaria de Estado da Cultura PA 1

7 Orquestra Sinfônica da Paraíba Fundação Espaço Cultural da Paraíba PB 1

(30)

1

9 Orquestra Sinfônica Municipal de João Pessoa Fundacao Cultural de João Pessoa PB 2

0 Orquestra Sinfônica do Recife Secretaria de Cultura do Recife PE 2

1 Orquestra Sinfônica de Teresina Fundação Cultural Monsenhor Chaves PI 2

2 Orquestra Sinfônica do Paraná Centro Cultural Teatro Guaíra PR 2

3 Orq. Sinfônica da Universidade E. de Londrina UEL PR

2

4 Orquestra Sinfônica de Barra Mansa Fundação de Cultura de Barra Mansa RJ 2

5 Orquestra Sinfônica Nacional UFF RJ

2

6 Cia. Bachiana Brasileira Sociedade Musical Bachiana Brasileira RJ 2

7 Orquestra Petrobrás Sinfônica Assoc. Orq. Pró Música do Rio de Janeiro RJ 2

8 Orquestra Sinfônica Brasileira Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira RJ 2

9 Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal Fund. Teatro Municipal do Rio de Janeiro RJ 3

0 Orquestras Sinfônica da UFRJ UFRJ RJ

3

1 Orquestra Sinfônica do Rio Grande do Norte Secretário de Educação e Cultura RN 3

2 Orquestra Sinfônica de Porto Alegre Fund. Orq. Sinfônica de Porto Alegre RS 3

3 Orquestra Sinfônica de Criciúma Fundação Cultural de Criciúma SC 3

4 Orquestra Sinfônica de Sergipe Secretaria de Estado da Cultura SE 3

5 Orquestra Sinfônica Municipal de Botucatu Secretaria Municipal de Cultura SP 3

6 Orquestra Sinfônica Municipal de Americana Secretaria de Administração SP 3

7 Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas Secretaria Municipal de Cultura SP 3

8 Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto Associação Musical de Ribeirão Preto SP 3

9 Orquestra Sinfônica de Rio Claro Orquestra Sinfônica de Rio Claro SP 4

0 Orquestra Sinfônica de Santo André Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer SP 4 Orquestra Sinfônica Municipal de Santos Secretaria de Cultura SP

(31)

1 4

2 Orquestra Filarmônica de São Caetano do Sul Secretaria Municipal de Cultura SP 4

3 Orquestra Filarmônica de São Carlos Assoc. Orquestra Filarmônica de São Carlos SP 4

4 Orquestra Sinfônica de São José dos Campos Fundação Cultural Cassiano Ricardo SP 4

5 Orquestra Sinfônica de Sorocaba Fund. de Desenvolvimento Cultural SP 4

6 Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo Fund. Orq. Sinfônica do Estado de S. Paulo SP 4

7 Orquestra Bachiana Filarmônica – SESI Fundação Bachiana Filarmonica SP 4

8 Orquestra do Theatro de São Pedro Instituto Pensarte SP

4

9 Orq. Jazz Sinfônica do Estado de São Paulo Instituto Pensarte SP 5

0 Orquestra Sinfônica da USP USP SP

5

1 Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo Fundação Theatro Municipal de São Paulo SP A fim de se obter um melhor entendimento da distribuição das orquestras sinfônicas no Brasil, foram construídos os Gráficos 1 e 2 baseados nas informações contidas na Tabela 2, apresentando, respectivamente, o número de orquestras em cada estado/distrito (Unidade Federativa) brasileiro e a concentração de orquestras por região.

(32)

Gráfico 1 – Número de orquestras por estado brasileiro

O Gráfico 1(acima) demonstra a quantidade de orquestras sinfônicas enquadradas nos critérios da pesquisa presentes em cada estado/distrito brasileiro; não é difícil perceber que trata-se de uma divisão bastante desigual. O estado de São Paulo, sozinho, concentra um terço (17 em 51) de todas as orquestras abarcadas pela pesquisa, considerando que a pesquisa levantou orquestras em 18 estados brasileiros mais o Distrito Federal. Não é interessante aqui tratar dos aspectos que geram tal desigualdade, sejam eles políticos, econômicos ou sociais, mas vale notar que o estado de São Paulo é, com bastante vantagem, o maior pólo de orquestras no país, principalmente devido ao grande número de orquestras no interior do estado (11), algo que não acontece na maioria dos estados brasileiros presentes na pequisa; assim, com exceção apenas para o estado de São Paulo e Santa Catarina, todas as orquestras sinfônicas estão localizadas nas capitais de suas respectivas Unidades Federativas.

Já o Gráfico 2(abaixo) apresenta a concentração de orquestras por região brasileira. A região sudeste, mesmo com apenas 4 estados, detém mais da metade das orquestras nacionais

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levantadas (57%), obviamente por apresentar uma relação monotônica6 com os dados

apresentados no Gráfico 1, portanto sendo o estado de São Paulo principal responsável por este volume. A região nordeste aparece em segundo lugar (19%) e é a região com a maior variedade de estados (7).

Gráfico 2 – Concentração de orquestras por região

Norte 4% Sudeste 57% Nordeste 19% Centro-Oeste 12% Sul 8%

Uma vez entendida, mesmo que tenuemente, a situação do campo orquestral no país, procurou-se obter dados das orquestras que abriram vagas para flauta durante todo o ano de 2013.

3.1.1. Vagas em Orquestras Brasileiras

Acredita-se que a presente pesquisa conseguiu abarcar uma quantidade de orquestras profissionais brasileiras que abriram vagas para flauta em 2013 bem próxima da totalidade,

6Relativo à função monotônica, na qual duas grandezas se relacionam de maneira que a função tende a mover-se em apenas uma direção à medida que a primeira varia. (Fonte: Monotone function. 2011. L.D. Kudryavtmover-sev, Encyclopedia of Mathematics. Extraído de: http://www.encyclopediaofmath.org/index.php?

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podendo assim apresentar um panorama bastante sólido acerca das audições brasileiras neste ano. As orquestras foram:

Tabela 3 – Orquestras brasileiras que abriram vagas para flauta em 2013

Orquestras Número de Vagas UF

1 Orquestra Filarmônica de Goiás 2 GO

2 Orquestra Filarmônica de Goiás 1 GO

3 Orquestra Sinfônica de Minas Gerais 2 MG

4 Orquestra Sinfônica da Paraíba 1 PB

5 Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro 2 RJ

6 Orquestra Sinfônica Brasileira 1 RJ

7 Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto 1 SP

8 Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo 1 SP

9 Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo 1 SP

Total 12

O total de orquestras que abriram vaga para flauta no ano de 2013 (9) representa 17,6% do total de orquestras levantadas pela pesquisa, desconsiderando número de vagas superior a 1.

Os Gráficos 3 e 4 (abaixo) apresentam uma perspectiva geográfica da distribuição das vagas acima mencionadas. O primeiro gráfico ilustra a distribuição de vagas por estado ao passo que o segundo gráfico demonstra a concentração de abetura de vagas por região.

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Gráfico 3 – Vagas abertas para flauta em orquestras brasileiras em 2013 por estado

Se observarmos a concentração de vagas abertas por região, obtemos o seguinte panorama:

Gráfico 4 – Vagas abertas para flauta em orquestras brasileiras em 2013 por região

Centro-Oeste 25% Nordeste 8% Sudeste 67%

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2. OUTRAS ORQUESTRAS

As demais orquestras pesquisadas foram divididas em pólos geográficos para fins organizacionais e com o intuito de proporcionar melhores parâmetros de comparação; destas foram obtidos dados referentes apenas às audições para flauta. Os pólos geográficos foram: (a) Estados Unidos (b) Europa e (c) Ásia/Oceania.

As orquestras profissionais estadunidenses que abriram vagas para flauta durante o ano de 2013 e foram contempladas pela pesquisa foram: Austin Symphony Orchestra, Bangor Symphony Orchestra (2 vagas), Boise Philharmonic Orchestra, Cape Cod Symphony Orchestra, Cincinnati Symphony Orchestra, Cincinnati Symphony Youth Orchestra, Dallas Symphony Orchestra, Houston Symphony Orchestra, Kalamazoo Symphony Orchestra, Milwaukee Ballet Orchestra, Milwaukee Symphony Orchestra, Northern Tier Symphony Orchestra, Utah Valley Symphony Orchestra, Valley Symphony Orchestra, Witchita Symphony Orchestra.

Diferentemente dos Estados Unidos, decidiu-se por não segmentar as orquestras europeias de acordo com os países, primeiramente por apresentarem características bastante semelhantes em relação às audições e também para proporcionar uma análise mais concisa dos dados. Portanto, as orquestras profissionais europeias contempladas pela pesquisa foram: Aalborg Symfoniorkester (Dinamarca), Hungarian National Opera (Hungria), L’Opéra Royal de Wallonie (Bélgica), Magdeburgische Philharmonie (Alemanha), Orchestra da Camera del Cilento e del Vallo di Diano (Itália), Orchestre National Bordeaux (França), Orchestre Symphonique Opéra National de Lorraine (França), Orchestre Symphonique Région Centre-Tours (França), Orquestra de Câmara Portuguesa (Portugal), Orquestra do Norte (Portugal), Orquestra Gulbenkian (Portugal), Oslo Philharmonic Orchestra (Noruega), Royal Liverpool Philharmonic (Inglaterra), Radio-Symphonieorchester Wien (Áustria), Wiener Symphoniker (Áustria).

Finalmente, as orquestras da Ásia e Oceania presentes na pesquisa são: Auckland Philharmonia Orchestra (Nova Zelândia), Beijing Symphony Orchestra (China), Guiyang Symphony Orchestra (China), Hyogo Performing Arts Center Orchestra (Japão), Shen Yun Performing Arts (China).

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Algumas orquestras abriram vagas para flauta em 2013 e entretanto não estão presentes neste levantamento pelo fato de não divulgarem publicamente o conteúdo de suas audições; o que ocorre geralmente nestas ocasiões é a divulgação do conteúdo da audição apenas para músicos já inscritos ou pré-selecionados. É o caso das orquestras: London Symphony Orchestra (Inglaterra), Deutsches Nationaltheater und Staatskapelle Weimar GmbH (Alemanha), Brandenburgisches Konzertorchester Eberswalde (Alemanha), Bielefelder Philharmoniker (Alemanha), Sächsische Staatskapelle Dresden (Alemanha), SWR-Sinfonieorchester Baden-Baden und Freiburg (Alemanha), Rundfunk-SWR-Sinfonieorchester Berlin (Alemanha), Stadttheater Klagenfurt/Kärntner Sinfonieorchester (Alemanha), Turku Philharmonic Orchestra (Finlândia), Louisville Orchestra (Estados Unidos), Helsink Philharmonic Orchestra (Finlândia), Västerås Sinfonietta (Suécia).

O Gráfico 5 sintetiza o levantamento de vagas para flauta oferecidas por orquestras estrangeiras no ano de 2013.

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4. AS AUDIÇÕES

Como pôde ser visto no capítulo anterior, as orquestras sinfônicas estão, com certa frequência, abrindo vagas para a admissão de novos músicos a seus corpos artísticos. BUCK (2003), baseada em dados disponibilizados pela American Symphony Orchestra League e pela International Conference of Symphony and Opera Musicians (ICSOM), mostra que não há garantia de abertura de vagas nas orquestras estadunidenses pois, como em alguns casos no Brasil, as associações e sindicatos de membros de orquestra conquistaram estabilidade para os músicos concursados e, ainda segundo a autora, sustentada pelas informações da revista International Musician, durante um período de 30 meses, entre os anos de 2000 e 2002, apenas 20 vagas de flauta foram abertas em orquestras estadunidenses. Já no ano passado, a presente pesquisa levantou ao menos 16 vagas no período de 12 meses, indicando um ano prolixo ou uma eventual melhora nessa situação. No caso específico do Brasil, a frequência de disponibilização de vagas de flauta em orquestras pode variar enormemente, podendo uma vaga aberta ser desde um cargo público7 estável e vitalício, que estará disponível novamente

apenas depois de algum tempo, dadas determinadas circunstâncias (aposentadoria, exoneração, transferência etc.), até contratos temporários com duração predeterminada, nos quais as vagas possuem uma dinâmica maior de disponibilização e possível rotatividade. Não obstante, independentemente da quantidade de vagas abertas, é procedimento padrão nos dias atuais que as orquestras sinfônicas brasileiras que abrem vagas busquem preenche-las através de concursos (nos quais estão incluídas provas práticas de instrumento – as audições), com a finalidade primordial de selecionar o músico que pode melhor desempenhar a função requirida dentro da orquestra.

Assim, consonante com o pensamento de outros autores (MANFREDI, 2012; ROSE, 2011; RODABAUGH, 2008; BUCK, 2003), este trabalho sustenta que o sucesso numa audição está diretamente ligado ao entendimento claro do candidato dos (a) procedimentos da audição, do (b) repertório exigido e das (c) expectativas e critérios de avaliação da banca.

7Visto que grande parte das orquestras brasileiras são de responsabilidade do Estado, os músicos integrantes das orquestras podem ser servidores públicos estatutários, celetistas ou temporários, ou ainda ocupar cargos comissionados, cada qual regulado à sua maneira (para detalhamento completo doas cargos, empregos e funções públicas, ver: CARVALHO FILHO (2012, p. 564-639) e DI PIETRO (2012, p. 583-585). No caso das orquestras de responsabilidade particular, são sempre empregos regidos pela CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas).

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Este capítulo visa analisar e discutir, a partir dos métodos já descritos, os (a) procedimentos e (b) o repertório exigido nas audições para vagas de flauta em orquestras brasileiras. É importante, entretanto, antes de tratar diretamente das audições, esclarecer alguns pontos relativos aos processos de seleção de músicos para orquestras no Brasil.

4. 1. OS PROCESSOS DE SELEÇÃO

Conforme introduzido no início deste trabalho, os processos de seleção de músicos para orquestras no Brasil apresentam algumas peculiaridades que merecem ser ressaltadas por influenciar, muitas vezes de maneira determinante, o resultado da seleção. Desconsiderar tais peculiaridades, por mais contrasensuais que possam vir a ser, configura-se como certa ingenuidade, visto a importância destes elementos para o resultado final do processo analisado por este trabalho: a integração de novos músicos às orquestras sinfônicas brasileiras; é por isso que estes aspectos serão aqui brevemente apresentados e discutidos, apesar de muitas vezes não possuirem relações diretas com música.

É importante observar que a grande maioria das orquestras brasileiras são estatais, sendo, portanto, regulamentadas pelas mesmas normas das demais entidades do Poder Público, o direito público (sendo o direito Direito Administrativo principal expoente). Assim, quando trata do provimento de vagas, o Direito Administrativo determina uma série de normas específicas para cada tipo de vaga que devem ser observadas e que, vide regra geral, devem ser preenchidas através do instrumento conhecido como Concurso Público (DI PIETRO, 2012). Não é interessante apresentar aqui as normas e prerrogativas legais do Concurso Público pois foge ao escopo deste trabalho e variam de acordo com o nível federativo no qual está alocada a orquestra (União, Estadual/Distrital e Municipal) e de acordo com a legislação específica de cada Estado/Município (quando aí alocadas); contudo é relevante notar que algumas normas do Concurso Público muitas vezes, na melhor das situações, não contribuem para o processo de seleção dos indivíduos mas aptos para integrar as orquestras.

Algumas dessas normas exigem, por exemplo, que sejam adicionadas às provas práticas do instrumento (as audições) outras provas e testes, como prova de títulos, língua portuguesa, matemática, história, informática, direito, prova dissertativa e que muitas vezes assumem peso similar ao peso das audições (que ainda é, apesar de várias discussões que serão tratadas a

(40)

seguir, o principal instrumento que determina a aptidão do candidato para desempenhar suas funções na orquestra) ou mesmo maior. É ainda comum, a depender do cargo público o qual o músico ocupará que exija-se escolaridade de nível superior, o que, eventualmente pode também ser um empecilho. Para promover um melhor entendimento da questão aqui levantada, serão brevemente analizados dois processos de seleção de músicos ocorridos durante o ano de 2013, um para a OSMG – Orquestra Sinfônica de Minas Gerais (MINAS GERAIS, 2012) e outro para a OSPB – Orquestra Sinfônica da Paraíba (PARAÍBA, 2013).

Inicialmente, ambos os concursos exigem que os candidatos possuam diploma de nível superior em música, dada a condição do cargo de músico nas orquestras em questão (cargo de nível superior), o que sob o ponto de vista pragmático não é tão problemático, dado o fato de que muitos músicos que atuam em orquestras detém diploma de nível superior em música, mas em algumas situações pode impedir que músicos prominentes que por qualquer motivo ainda não possua curso superior integre tais orquestras.

Sobre o processo seletivo em si, é interessante observar sua estrutura: ambos apresentam provas objetivas de caráter eliminatório e classificatório prévias à prova prática, discriminadas no quadro abaixo:

Tabela 4 – Peso e pontuação mínima das provas objetivas e práticas para OSMG e OSPB

Primeira Etapa - Prova Objetiva

OSMG Peso Corte OSPB Peso Corte

Português 25 13 Português 10 5

Conhecimentos Específicos 15 7 Conhecimentos Gerais 10 5

Conhecimentos Específicos 20 10 Segunda Etapa - Prova Prática (audições)

OSMG Peso Corte OSPB Peso Corte

Audição 60 36 Audição 60 36

Fonte: Adaptado de MINAS GERAIS (2012) e PARAÍBA (2013)

Como pode-se notar, as provas objetivas, cujos conteúdos programáticos estão dispostos no ANEXO I deste trabalho, controversamente, ocupam posição preponderante em relação às provas práticas, determinando a continuação do candidato no concurso (uma vez que um candidato com nota inferior à nota de corte é automaticamente eliminado do concurso) e apresentando peso quase similar (4) à prova prática (6). Este é um panorâma característico brasileiro, dado o modelo administrativo que regula o aparato estatal como um todo, sem se

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