Contemporânea
Carlos Gustavo T. de A. Moreira
A ombinatória ontemporânea existe devidoa este
Objetivamosnestetexto aapresentação dealgunstópi osmodernos
da ombinatóriaaalunosdagraduação. Devidoànaturezaelementarda
área, podemos dis utirtópi osnão tão distantes dafronteira do
onhe- imentoemumtexto omoeste,voltadoajovens ini iantes. Esperamos
queosleitorespossamterumaidéiadoquesefazem ombinatóriahoje
através destas notas.
A ombinatória é uma área vasta, que ontinua a res er
vigorosa-mente. Tópi os de pesquisa que têm se mostrado frutíferos in luem a
teoria extremaldos onjuntos, os métodos probabilísti ose osmétodos
algébri os. Es olhemos alguns dos resultados mais onhe idos nestas
linhas de pesquisa para formar uma fotograa da área. Com o intuito
de apresentara ombinatória omo uma dis iplinaintegradanogrande
universo da matemáti a, pro uramos apresentar apli ações dos
resul-tados e das té ni as da ombinatória em outras áreas; em parti ular,
damos espe ial atenção a apli açõesem geometriaelementar.
NoCapítulo1,dis utimos algunsresultadosfundamentaisdateoria
extremal dos onjuntos: dis utimos, dentre outros, o teorema de
Sper-ner(1928)eoteoremadeErd®s,KoeRado(1961). Dis utimostambém
alguns resultados bási os dateoria de Ramsey. Damosduas apli ações
doteoremadeSperner(umaàanálise/geometriaeoutraaumproblema
dateoria dos números). Apresentamostambémneste apítuloalgumas
apli ações daálgebra linear à teoria extremal dos onjuntos. É no
Ca-pítulo2queapresentamos talvez aapli açãomais espeta ulardateoria
extremal dos onjuntos nos anos re entes: expomos o ontra-exemplo
deKahneKalai(1993)paraa onje turadeBorsuk(1933). Dis utimos
neste apítulo também o número romáti o (n) do R n
, o número
mí-nimo de ores quepre isamos usar para olorir os pontosdo R n
queremos ter dois pontos à distân ia 1 da mesma or. O res imento
exponen ialde (n), onje turadoporLarmaneRogers(1972),foi
pro-vado por Frankle Wilson em 1981. Surpreendentemente, a ferramenta
bási a deste apítulo é um resultado elementar da teoria extremal dos
onjuntos, que pode ser provado através de onsiderações de
indepen-dên ia linearde ertos polinmios.
NoCapítulo3,elaboramosumpou o maisanoçãode ongurações
mono romáti asinevitáveisem oloraçõesdo R n
: estudamos uma área
dateoriade Ramsey onhe ida omo ateoria de Ramseyeu lideana;as
investigaçõesoriginaisnestetópi oforamrealizadasporErd®s,Graham,
Montgomery, Roths hild, Spen er e Straus no iní io da dé ada de 70.
Apresentamos neste apítulo alguns resultados mais novos de Frankl,
Rödl e K°íº (os resultados realmente re entes estão além do es opo
deste texto).
No Capítulo 4, dis utimos um método probabilísti o poderoso que
tevesuasorigensemumtrabalhode Ajtai,Komlós,eSzemerédi(1981),
e atingiu seu pleno poten ial na demonstração de Rödl (1985) da
on-je tura de Erd®s e Hanani (1963), sobre oberturas e empa otamentos
quase-ótimos (sistemas de Steiner aproximados). Terminamos o
Capí-tulo 4 om alguns resultados re entes sobre oberturas em hipergrafos
regulares.
Supomosqueos leitoresestãoa ostumados om argumentos
ombi-natórioselementarese têm familiaridade om noçõesda álgebralinear,
aritméti a modular,e teoria elementardas probabilidades.
O leitor per eberá que temos, freqüentemente, preo upações
assin-tóti as: muitasvezesdenimosumafunçãof(n)deforma ombinatória
(tipi amente omo o tamanho máximo de algum objeto ombinatório,
parametrizadopelointeiron)eentãonosperguntamossesabemos
quan-toéf(n)expli itamente,emfunçãode n; asonão onsigamos
determi-nar ovalorexato de f(n),tentamos estimarf(n)para n grandes. Para
apre iar os resultados que apresentaremos, é importante que o leitor
por exemplo,o fato que
1loglogn logn n " n n logn n n!n n n ;
onde supomos que " e são onstantes arbitrárias om 0 < " < 1 <
(es revemos f(n) g(n) se lim
n!1
f(n)=g(n)=0). Ademais, o leitor
terá maior fa ilidade em a ompanhar a `substân ia' do que estamos
dis utindoem váriaso asiõesseeletiverfamiliaridade omestimativas
parafatoriaise oe ientesbinomiais. Comistoemmente, ompilamos
um pequeno apêndi e om algumas estimativas padrão para n! e para
expressões envolvendo oe ientes binomiais.
É om imenso prazer que agrade emos à organização do 23 o:
Co-lóquio Brasileiro de Matemáti a pelo apoio e oportunidade de ampla
divulgaçãodeste material.
Finalmente, agrade emos o apoio do CNPq através do PRONEX
(projetos 416/96 e 107/97) e dos auxílios 300334/931, 300647/956,
910064/997 e 468516/20000. Agrade emos também o apoio da F
A-PERJ eda FAPESP.
CarlosGustavo T. de A. Moreira <guguimpa.br>
IMPA, Instituto de Matemáti a Pura e Apli ada
http://www.impa.br/~gugu
YoshiharuKohayakawa <yoshiime.usp.br>
Instituto de Matemáti a e Estatísti a, USP
http://www.ime.usp.br/~yoshi
Riode Janeiro
São Paulo
Prefá io v
Notaçõese alguns termosde uso freqüente 1
CAPÍTULO 1. Umaintrodução àteoria extremal dos onjuntos 3
1. Introdução 3
2. Dois teoremas extremais lássi os 3
3. Té ni as da álgebralinear 24
4. O teoremade Ahlswede eKha hatrian 32
5. O teoremade Ramsey 34
CAPÍTULO 2. A onje tura de Borsuk e o número romáti o
de R n
47
1. Introdução 47
2. Espaços de polinmios 48
3. A onje tura de Borsuk éfalsa 52
4. O número romáti o de R n
58
5. Uma onstruçãoexplí ita na teoriade Ramsey 66
CAPÍTULO 3. Teoria de Ramsey eu lideana 71
1. Introdução 71
2. Um resultado de ompa idade 73
3. O teoremadoproduto 75
4. Conjuntosesféri os 77
5. Triângulos epolígonosregulares 84
6. Alguns resultados mais avançados 96
CAPÍTULO 4. Coberturas e empa otamentosemhipergrafos 101
1. Introdução 101
2. O teoremade Rödl 103
3. Coberturase empa otamentosoptimais 112
4. Cotas inferiores para oberturas 121
5. Empa otamentos 130
6. Observações nais 131
Apêndi e A. Estimativaspara fatoriais e oe ientes binomiais 135
1. Fatoriais 135
2. Coe ientes binomiais 137
[n℄=f1;:::;ng
P(X)=fY : Y Xg, o onjunto das partes de X
k- onjunto: um onjunto om k elementos
Sistemasde onjuntos, hipergrafos: umsistemade onjuntosnada mais
é que um onjunto de sub onjuntos de um onjunto xo. Um
hipergrafo é um sistema de onjuntos ujos membros têm todos
a mesma ardinalidade.
bx ,dxe,fxg: bx éomaiorinteiromenor ouigual ax edxe= b x .
Es revemos fxg para a parte fra ionáriade x, isto é, fxg =x
bx .
jxj, kxk, jXj: se x é um vetor em um espaço eu lideano, então kxk
denota anorma eu lideana de x. Porsimpli idade, usamos
tam-bém a notação jxj para a norma de x. Para um onjunto X,
es revemos jXjpara a ardinalidadede X.
x k , X k : es revemos x k
para o oe iente binomial, que é denido
omo (x)
k
=k!=x(x 1):::(x k+1)=k!se k é um inteiro
não-negativo e é 0 se k é um inteiro negativo. Se X é um onjunto,
X
k
é o onjunto fY X: jYj = kg dos k-sub onjuntos de X.
Claramente, X k = jXj k .
O(f(n)), o(f(n)): es revemos O(f(n)) para qualquer função g(n)
sa-tisfazendo jg(n)j Cf(n) para todo n n
0
, onde C e n
0 são
onstantes. Es revemos o(f(n)) para qualquer função g(n)
satis-fazendo lim
n!1
g(n)=f(n) = 0; em parti ular, o(1) denota uma
quantidade quetende a 0.
s, , : es revemos f(n) g(n) se f(n) = o(g(n)). Ademais, às
vezes es revemos f(n)sg(n) se lim
n!1
Uma introdução à teoria extremal dos onjuntos
1. Introdução
Neste apítulo, dis utimos alguns resultado fundamentaisda teoria
extremal dos onjuntos. Nós nos restringiremos a alguns resultados
apenas, abrindo assim espaço para algumas apli ações um pou o mais
elaboradas. Esperamos que este apítulo sirva omo uma introdução
a esta ri a área da ombinatória, mas também esperamos que o leitor
que tenha seu interessado despertado onsulte os ex elentes textos de
Anderson [5℄,Babai eFrankl [7℄,e Bollobás[11℄.
2. Dois teoremas extremais lássi os
Começamosdis utindodoisteoremas lássi os,quesão
possivelmen-teosdois resultados mais onhe idos dateoriaextremal dos onjuntos:
oteoremadeSpernerde1928eoteoremadeErd®s,Ko,eRado,provado
em1938, mas publi ado apenas em 1961.
2.1. O teorema de Sperner. Começamos om uma observação
dateoria elementar dos números.
2.1.1. Um problema extremal da teoria dos números. Dados n +1
inteiros distintos de [2n℄ = f1;:::;2ng, não é difí il ver que há dois
elementos desta seqüên ia que são relativamente primos (exer í io!).
Por outro lado, um pou o mais de meditação também revela que há
doiselementosnestaseqüên ia omumdividindoooutro. Estasegunda
armação éum exer í io um pou o mais difí il(sugestão: es reva ada
um dos n+1números na forma2 k
m, onde m é um inteiroímpar).
Podemos enun iar a segunda armação a ima da seguinte forma:
o maior número de elementos que podemos ter de [2n℄ sem ter dois
este limitante de n não pode ser melhorado, pois podemos onsiderar
osn números n+1;:::;2n.
2.1.2. Umproblemaextremalpara onjuntos. Passemosagoraa
on-siderar problemas extremais análogos para onjuntos. Seja A P([n℄)
umafamíliade onjuntos. OquepodemosdizersobreotamanhodeAse
sabemosqueAnão ontémdoismembros,digamosAeB, omAB?
Seja f(n) a maior ardinalidade possível para talfamíliaA.
Umaprimeira observação que podemos fazeré que
(1) f(n) n k ;
paratodok. Defato,se tomamospara Aafamíliade todos os
sub on-juntos de [n℄ om k elementos, então a propriedade que exigimos está
satisfeita, e temos jAj = n
k
. Para maximizar o limite inferior em (1),
tomamosk =bn=2 .
O nosso resultado desta seção, provado em 1928 por Sperner [68℄,
mostra quevalea igualdade em(1) om k =bn=2 , istoé,
f(n)= n bn=2 :
Na verdade, provaremos um resultado de aparên ia talvez um pou o
té ni a à primeira vista, mas que impli a o resultado desejado. O T
e-orema 1 abaixo é devido, independentemente, a Bollobás[9℄ (em uma
forma mais geral), Lubell [57 ℄, Yamamoto[71 ℄, e Meshalkin [60℄.
Di-zemos que dois onjuntos A e B são omparáveis seA B ou B A,
e dizemosque A eB são in omparáveis aso ontrário.
Teorema1. SejaAP([n℄)umafamíliade onjuntos ujos
mem-bros são in omparáveis entre si. Então
(2) X n jAj 1 1:
Demonstração. Consideraremos permutações : [n℄ ! [n℄.
Po-demos representar es revendo a seqüên ia
(3) (1);(2);:::;(n);
que nada mais é que uma ordenação dos inteiros em [n℄. Vamos dizer
que uma permutação e um onjunto A são ompatíveis se os
pri-meiros jAj elementos na seqüên ia (3) formam uma permutação dos
elementos de A, istoé, se
(4) A=f(1);:::;(jAj)g:
SejaP o númerode pares (;A) om uma permutaçãode [n℄ eA um
membro de A om eA ompatíveis. O quepodemosdizer sobre P?
Por um lado, se temos um onjunto A2 A xo então o número de
permutações ompatíveis om A é exatamente
(5) jAj!(n jAj)!:
Qualéonúmerode onjuntos A2A ompatíveis omumapermutação
xa? Éfá ilverqueanossahipótesesobreAgarantequeestenúmero
é no máximo 1! Con luímos que
(6) X A2A jAj!(n jAj)!=P X 1=n!;
de onde segue que
(7) X A2A jAj!(n jAj)! n! 1:
Naturalmente, (7) é equivalente à desigualdade (2), e o teorema está
provado.
A demonstração brilhantedo Teorema 1que apresentamos a ima é
devida a Lubell [57℄. Temos omo orolário do Teorema 1 o seguinte
Corolário2. Se AP([n℄) não ontém doiselementos ompará-veis, então (8) jAj n bn=2 :
Demonstração. A desigualdade (8) segue de (2): basta observar
que o oe iente binomial n
k
é máximo quando k=bn=2 .
2.1.3. Uma apli ação à análise. Apresentamos aqui uma apli ação
doteoremade Spernerà análise. Consideraremos um problema
geomé-tri o quetem origemnobre: trata-sede um problema que Littlewoode
Oord [55 ℄estudaram emum trabalhode 1943, omoobjetivo de
pro-var limitantes superiores para onúmero típi o de raízes reais de ertos
polinmiosaleatórios. Vamos des rever brevementeoresultado nalde
Littlewoode Oord, antes de passar aoproblema geométri o.
Sejama
0 ;:::;a
n
números omplexosxosesuponhaquetemosuma
seqüên ia " 1 ;:::;" n om " j
2 f 1;1g para todo j. Considere agora o
polinmio (9) P(x)=a 0 +" 1 a 1 x++" n a n x n :
QuantasraízesreaistemaequaçãoP(x)=0tipi amente? Aqui,
enten-demospor`tipi amente'oseguinte: suponhaquees olhemosossinais"
j
aleatoriamente, de forma independente; emoutras palavras,
onsidera-mos todos os2 n
polinmiosdaforma (9) om os a
j
xos, e es olhemos
um ao a aso, om todos eles equiprováveis. Estamos interessados em
saber, então, qual étipi amenteo número de raízes reais de tal
polin-mio aleatório. Foi esse o problema que Littlewood e Oord ata aram
em[55℄.
Oresultado prin ipalde [55℄ é oseguinte. Ponha
Então todosos2 n
polinmiosP(x) omoem(9),ex etopornomáximo
O loglogn logn 2 n =o(2 n )
deles, são tais aequação P(x)=0 tem nomáximo
10(logn) log M p ja 0 a n j +2(logn) 5 !
raízes reais. Por exemplo,grosseiramentefalando, setodos osa
j
tem a
mesma ordemde grandeza, então esse número de raízesé O((logn) 6
).
Para provar o resultado a ima, Littlewood e Oord onsideraram
umproblema geométri oquebasi amenteperguntaoquão on entrada
pode ser a distribuição das 2 n somas dotipo X 1jn " j a j ; onde os " j
são novamente 1. É este o problema geométri o que
pas-saremos a onsiderar agora. Por onveniên ia, mudamos a notação, e
passamos a es reverz
j
emvez de a
j
(1j n). Ainda, men ionamos
que oque segue éindependente dadis ussão a ima.
Suponhaquez
1 ;:::;z
n
sejamnúmeros omplexosxos,não
ne essa-riamentedistintos, omjz
j j1(1j n). Para ada"=(" j ) 1jn 2 f 1;1g n , onsidere asoma (10) S(")= X 1jn " j z j :
Quantasdas somasem(10) podem airemum dis ofe hado de raior?
Littlewoode Oord provaram que este número é
(11) C (r+1)2 n p n logn;
onde C é uma onstante universal. Alguns exemplos simples mostram
logarít-Em 1945, Erd®s publi ou um melhoramento do limitante (11): ele
provouqueofator logarítmi onão é ne essário[18℄. A ferramentaque
eleusou foi justamenteo teoremade Sperner!
Teorema3. Sejamz
1 ;:::;z
n
números omplexosxos om jz
j j1
paratodo1j n,er>0umnúmeroreal. Entãoonúmerodesomas
da forma (10) que perten em a um mesmo dis o fe hado de raio r é
(12) B (r+1)2 n p n ;
onde B é uma onstante universal.
É levemente mais onveniente fazeruma renormalizaçãodo
proble-ma, para enxergarmos melhor a sua natureza ombinatória.
Some-mos z
1
++ z
n
à soma em (10) e dividamos por 2. Temos assim
uma soma daforma
(13) S(Æ)= X 1jn Æ j z j ; onde Æ = (Æ j ) 1jn e os Æ j
perten em a f0;1g. Note que uma erta
oleção de somas da forma (10) está ontida em um dis o fe hado de
raiorseesóseassomas orrespondentes daforma(13)perten emaum
dis ofe hadode diâmetro r. Temos assimuma formulaçãoequivalente,
om as somas em (13) (Æ
j
2 f0;1g, 1 j n) e diâmetro r. Para
evitar onfusão,quando falamosnesta formulaçãoes revemos parao
diâmetro.
O exemplo que mostra que o resultado de Erd®s não pode ser
me-lhorado, a menos do valorda onstante, é o seguinte exemplo simples:
suponha que 0 éum inteiro xoe tome
(14) z
1
==z
n =1:
Considere inteiros onse utivos u
0 <<u taisque n u ++ n u
seja máximo. Grosseiramente falando, os u
k
distribuem-se em torno
de n=2, simetri amente. Considere agoraa famíliade onjuntos
A= [n℄ u 0 [[ [n℄ u : Note que se A, A 0 2 A, então laramente jAj jA 0 j u u 0 , pois osinteiros u j
são onse utivos. Considere agoraas somas
(15) S(A)=
X
j2A z
j
para todo A [n℄ (naturalmente, estas são as somas da forma (13)).
No nosso exemplo (14), se onsideramos assomas em (15) om A2A,
temos que(i) a diferençade quaisquer dois deles é e (ii) temos
(16) jAj = X 0j n u j (+1)2 n p n
dessas somas, onde é uma onstante absoluta positiva e supomos
quen n
0
(). Con luímosqueo Teorema3não pode ser
substan ial-mentemelhorado. (A estimativaem(16)pode ser deduzidada fórmula
de Stirling; veja o Apêndi e A.)
Provemos agora o seguinte lema, que diz que o Teorema 3 vale no
aso em queos z
j
são todos reais positivos.
Lema 4. Sejam x
1
;:::;x
n
números reais xos, om x
j
1 para
todo 1 j n, e 0 um número real. Então o número de somas
da forma (17) S(A)= X j2A x j (A[n℄)
que perten em a um mesmo intervalo fe hado de omprimento é
(18) (b +1) n bn=2 C (b +1)2 n p n ;
Demonstração. Suponha queas somas em(17) pertençam a um
dado intervalo fe hado I de omprimento para ertos A [n℄.
Se-ja A =A(I) P([n℄) osistema de onjuntosformado exatamente por
estes A, istoé,
(19) A=fA[n℄: S(A)2Ig:
OquepodemosdizersobreA? Se temosemAuma adeiade onjuntos
(20) A 0 A ` om A i 1 6=A i para todo1i`, então laramente (21) S(A ` ) S(A 0 )`;
de onde segue que ` , pela denição de A. Um pequeno ra io ínio
agora mostra que se toda adeia omo em (20) ontida em A é tal
que `, então (22) A=A 0 [[A b ; onde ada A j
(0j ) éum sistema de Sperner,istoé,não ontém
dois membros A 6= A 0
om A A 0
. Pelo Corolário 2 e a fórmula de
Stirling(veja oApêndi e A), on luímos que
(23) jAj (b +1) n bn=2 C (+1)2 n p n ;
parauma onstanteabsolutaC. Olimite (18)segue de (19)e(23).
Observação 5. Erd®s [18℄ eSperner [68℄ de fato provaram quese
toda adeia omo em (20) ontida emA é talque `, então A tem
nomáximo (24) max X n u j
membros,ondeomáximoétomadosobretodasasseqüên iasdeinteiros
onse utivos u
0
< < u
b
. Claramente, (24) é a soma dos b +1
maiores oe ientes binomiaisnan-ésimalinha dotriângulode Pas al.
Noteque o limitantesuperior (24) pode ser atingido.
Agora podemosprovar oTeorema3.
Demonstraçãodo Teorema 3. Fixe z
j
(1 j n) e r omo
no enun iado do teorema. Cada z
j
é tal que a sua parte real Rez
j
ou a sua parte imaginária Imz
j
é em valor absoluto 1= p
2 > 1=2.
Considerando umarotaçãopor=2,ouequivalentementeatro ados z
j
por iz
j
(1 j n, i = p
1 ), podemos portandosupor que jRez
j j
1=2 para todo1j t, onde t n=2. Ademais, laramente podemos
tro ar z
j
por z
j
para qualquer j, de forma que podemos supor que
temos Rez j 1 2
para todo1j t. Fixe agora os valores de "
j
2f1gpara j >t, de
formaarbitrária. Noteque há 2 n t
formas de sefazer isto.
Considere as 2 t somas da forma (25) X 1jt " j z j ; om " j 2f1g (1j t). Ponha (26) x j =2Rez j 1 (1j t):
Se N das somas daforma(25)perten emaum dis o fe hado de raior,
então, onsiderandoapenasaparterealdosz
j
,temosN somasdaforma
(27) X 1jt " j x j ; om " j 2f1g(1j t),
ontidas emum intervalofe hado de omprimento4r (veja (26)). Pelo
Lema 4, (28) N (4r+1) t bt=2 C (4r+1)2 t p :
Provamos que para ada uma das formas de se xar os "
j
2 f1g
(t< j n), onúmero máximo de somas da forma(25) queperten em
aum mesmodis o fe hado de raior élimitadosuperiormentepor(28).
Comotemos 2 n t
formaspara xaros"
j
(j >t) etn=2, temos,para
uma onstante absolutaB, nomáximo
C (4r+1)2 t p t 2 n t B (r+1)2 n p n
somas daforma(10) emum mesmo dis ofe hado de raior, omo
que-ríamos demonstrar. A prova doTeorema3 está ompleta.
Finalmente,men ionamosqueahistóriadesse problemageométri o
não a aba om o resultado de Erd®s a ima. Passemos a onsiderar a
versão om somas do tipo (13) (Æ
j
2 f0;1g, 1 j n) e diâmetro.
Passemostambéma onsiderarosz
j noR
d
(atéagora,tínhamosd=2).
Agora a nossa hipótese sobre os z
j
é que eles satisfazemkz
j k 1 para todo1j n. Colo amos V =(z j ) 1jn . Ponha (29) =fS(Æ): Æ 2f0;1g n g;
istoé,é afamíliadas 2 n
somaspossíveisdaforma(13). Aqui,
quere-mos onsiderar omoum `multi onjunto', istoé, levamos em ontaa
multipli idade om que ada elemento o orre em. Agora pomos
m(V;) =max
B
jB\j;
ondeomáximoétomadosobreasbolasfe hadasB R d dediâmetro. Finalmente, pomos m(n;)=m d (n;)=max V m(V;);
onde o máximoé tomadosobre todas asseqüên ias V de vetores
z 1 ;:::;z n 2R d om kz k1para todo j.
O Teorema 4 (veja também a Observação 5) diz que m
1
(n;) é a
soma dos b +1 maiores oe ientes binomiais na n-ésima linha do
triângulode Pas al.
Katona[48℄eKleitman[49℄provaramquem
2 (n;) = n bn=2 se<
1, e isto foi generalizado por Kleitman[50 ℄ para d 2 (in lusive para
normas arbitrárias emR d
). Váriosresultados seguiram-se para 1,
até que,nalmente, emum trabalhopubli adono Annalsof
Mathema-ti s em 1988, Frankl e Füredi [30℄ provaram o seguinte teorema, que
onrmou uma onje tura de Erd®s (veja [51℄).
Teorema 6. Seja d 1 um inteiro e 0 um número real xo.
Então m d (n;) =(b +1+o(1)) n bn=2 ;
onde o(1)!0 onforme n !1.
Con luímosobservandoque, omoquetemosàdisposição,podemos
provar uma ota superior daforma
(30) (d)(b +1) n bn=2 para m d
(n;), onde (d) é uma onstante que depende apenas da
di-mensão d.
2.1.4. Uma apli açãoàteoria dosnúmeros. Nestaseção,
apresenta-mos uma apli ação do teoremade Sperner à teoria dos números. Esta
apli ação está rela ionada om o que dis utimos em 2.1.1. Dizemos
queumaseqüên iadeinteirospositivosa
1 <a 2 <::: éprimitiva se ne-nhuma i divideoutroa j
(i<j). Vimosem2.1.1quequalquerseqüên ia
primitivaem[2n℄temnomáximonelementos. Noquesegue,ao
tratar-mos de seqüên ias primitivasA=(a
i ),sempre supomos a 1 <a 2 <.
Uma medida interessante para o `tamanho' de seqüên ias A =(a
i ) é afunção (31) A(x)= X ax 1 a i ;
isto é, a soma dos inversos dos membros de A que são x (x 2 R).
Noteque no aso emque aseqüên ia A=(a
i )é 1<2<:::, temos (32) lim x!1 1 logx A(x)=1; pois (33) log(n+1)<H n = X 1kn 1 k <logn+1
para todo n > 1. As desigualdades em (33) podem ser provadas
om-parando-se a soma om a integral R
n
1
dx=x = logn. (O número H
n
a ima é onhe ido omo o n-ésimo número harmni o. Aproximações
mais pre isas de H
n
surgirão mais à frente nestas notas.) Em geral, o
limite nolado esquerdode (32) (quandoeleexiste) é onhe ido omoa
densidade logarítmi a de A=(a
i ).
O que podemos dizer sobre A(x) se A = (a
i
) é uma seqüên ia
pri-mitiva? Nesta seção, vamos provar o seguinte teorema de Behrand [8℄,
de 1935.
Teorema7. Existe uma onstanteabsoluta >0tal que,paratoda
seqüên ia primitiva de inteiros A=(a
i ), temos (34) A(n) = X a i n 1 a i logn p loglogn para todo n3.
Começamos om um aque imento. Es reva d(m) para onúmerode
divisores (positivos) de um inteiro positivom. Porexemplo, d(6)=4.
Lema 8. Temos
(35)
X
mx
Demonstração. Note que d(m) é o número de jeitos de se
fato-rar m omo o produto ordenado de dois inteiros (os d(6)=4 divisores
de 6 orrespondem àsfatorações16, 23, 32,e 61). Assim, a
soma dolado esquerdo de (35) é
X x a;b 1; ondees revemos P x a;b
paraasomasobretodosospares(a;b) deinteiros
positivos om abx. Entretanto,
X x a;b 1= X ax X bx=a 1= X ax j x a k x X ax 1 a 3xlogx:
Na última desigualdade a ima, usamos que onúmero harmni o H
a =
1+1=2++1=aélimitadosuperiormenteporloga+13loga para
todoa 2(veja (33)).
Fixemosagora umaseqüên ia primitivaA=(a
i
). Queremosprovar
a desigualdade (34). Para ada inteiro u > 0, seja r(u) o número de
elementos a
i
em A taisque a
i
divide u. Vamos onsiderar asoma
(36) %(n)= X un r(u): Es revendo P n m;a i
para asoma sobre todos ospares (m;a
i ) omma i n, m inteiro,e a i um elementode A, temos %(n)= X n m;a i 1; que éigual a (37) X a i n X ma i n 1= X a i n n a i =n X a i n 1 a i +O(n):
para todo n n
0
, onde n
0
e C são onstantes independentes de n.
De (37), deduzimos (38) X a i n 1 a i = 1 n %(n)+O(1):
Para provarmos (34), ésu ienteestimar%(n) por ima de forma
apro-priada. Para tanto,estimaremos r(u) (veja (36)).
Oque podemosdizer sobre r(u)? Suponha ini ialmenteque
(*) todos oselementosde A=(a
i
) são livresde quadrados (isto é,
nenhum divisor de a
i
é um quadrado >1 (i1)).
Noquesegue,es revemos!(v)paraonúmerodedivisoresprimos
distin-tos de v (porexemplo, !(12) =2). Claramente, segue da hipótese (*),
daprimitividadede A=(a
i
),edoteoremadeSperner,Corolário2,que
(39) r(u) k bk=2 =O 2 k p k :
(A última estimativa segue da fórmula de Stirling para fatoriais; veja
o Apêndi e A.) Estimemos %(n) distingüindo os u que têm muitos
divisores primos daquelesque têm pou os divisores primos:
(40) %(n) X un;!(u)` O 2 !(u) p !(u) ! + X un;!(u)>` O 2 !(u) p !(u) ! =O(1) 2 ` p ` n+O 1 p ` X un 2 !(u) :
Podemos agora usar que P un 2 !(u) P un
d(u), que,peloLema 8, é
O(nlogn). Em(40), tomamos` =loglogn. Disto resultaque
(41) %(n)=O n logn p loglogn ;
Seja(a (k)
i
) asubseqüên ia de A=(a
i
) formadapelos elementosa (k) i de A om a (k) i = k 2 q (k) i , onde q (k) i
é um inteiro livre de quadrados; em
outras palavras, a subseqüên ia (a (k)
i
) é formada pelos elementos de A
ujos fatores quadráti os máximos são exatamente k 2 . Temos (42) X a i n 1 a i = X k1 X a (k ) i n 1 a (k) i = X k1 1 k 2 X q (k ) i n=k 2 1 q (k) i X k1 1 k 2 X q (k ) i n 1 q (k) i : Como a seqüên ia (q (k) i
) é laramente primitiva e também é formada
por inteiros livres de quadrados, podemos apli ar a desigualdade (34),
istoé, temos (43) X q (k ) i n 1 q (k) i =O logn p loglogn : Como P k1 k 2
onverge (de fato, esta soma é (2) = 2
=6), a
desi-gualdade (34) segue de (42) e(43). O Teorema7 está provado.
Observação nais. Oleitor pode ar urioso emsabero quãobom
éolimitante(34). Umaseqüên iaprimitiva anni a éaseqüên iados
primos (p
k
), enesse aso temos
(44) X p k n 1 p k
=loglogn+O(1);
que é muito menor que o lado direito de (34) (para (44), veja, por
exemplo, aSeção 7do Capítulo22de Hardye Wright [44℄).
Entretan-to,podemos in rementar esta onstrução de formasimples.
Considere-mos primeiro omo lidar,separadamente, omossegmentos ini iaisdos
inteiros [n℄ =f1;:::;ng. Fixe um inteiro n 3. Seja A
n
[n℄ o
on-junto dos inteiros 1 k n om exatamente ` = bloglogn divisores
primos, levando em onta multipli idades. Formalmente, se(k) é
(12)=3),então
(45) A
n
=fk: 1k n e(k)=bloglogn g:
Antes de ontinuarmos,observamosqueaes olhadovalorde`podeser
entendida levando-se em onta um resultado de Hardy e Ramanujan,
que diz que (k) é tipi amente loglogn para 1 k n (veja [44 ,
Capítulo22, Seção10℄).
Voltemosaos nossos onjuntosA
n
em(45). Éfá ilverqueA
n [n℄
é primitivo (ou melhor, a seqüên ia res ente orrespondente é uma
seqüên ia primitiva), isto é, para quaisquer dois elementos distintos a
ea 0
emA, temos quea nãodivide a 0
. Valeoseguinteresultado, devido
a Pillai[61℄.
Teorema 9. Existe uma onstante absoluta > 0 tal que, para
todo n 3, temos (46) X a2A n 1 a logn p loglogn : Seja ( n
) uma seqüên ia de res entes de reais positivos om
n !0
onformen!1. Podese onstruirumaseqüên iainnita(a
i
)apartir
dos A
n
(n3)para a qualvaleoseguinte: para innitosvalores de n,
temos (47) X a i n 1 a i n logn p loglogn :
Fe hamos esta seção enun iando sem prova um resultado de Erd®s,
Sárközy, e Szemerédi [27℄, quemelhorao teoremade Behrend.
Teorema 10. Para toda seqüên ia primitiva de inteiros A = (a
i ), temos (48) X an 1 a i =o logn p loglogn :
Emvistadasobservaçõesa ima,oTeorema10nãopodeser
substan- ialmentemelhorado. Finalmente,oleitordeve ompararosTeoremas9
e 10 para observar a diferença substan ial que existe entre seqüên ias
primitivasnitase innitas.
Uma ex elente referên ia para os resultados desta seção é a
mono-graa Sequen es,de Halberstame Roth [43℄.
2.2. O teorema de Erd®s, Ko, e Rado. Na Seção 2.1,
inves-tigamos quantos membros um sistema de onjuntos A P([n℄) pode
ter, se supomos que A não ontém dois elementos omparáveis. Uma
outragama de problemasextremais parasistemasde onjuntosvêm da
imposição de ondições sobre as interseções dos membros do sistema.
Por exemplo,o quepodemosdizer sobre jAj seum sistema AP([n℄)
étalquetodomembrode A interse ta qualqueroutro? Dizemos queA
é um sistema interse tante quando valeesta ondição.
O problema a ima é fá il: laramente podemos ter sistemas
inter-se tantes om 2 n 1
elementos; basta porexemplo onsiderar o sistema
A
1
=fA[n℄: 12Ag:
Por outro lado, se temos >2 n 1
membros em A, então
ne essariamen-te A ontém um onjunto A e seu omplemento A
= [n℄ n A, que
laramenteimpli a queA não éinterse tante.
Oproblemaextremaldedeterminaromaiortamanhodeumsistema
interse tante ontido em [n℄ k =fA[n℄: jAj=kg
é muito mais interessante. De fato, este problema foi estudado por
Erd®s, Ko, e Rado em 1938, embora o resultado tenha sido
publi a-do[25℄ apenas em 1961.
Éfá il onstruir umsistemainterse tanteA`grande' dek- onjuntos
(isto é, onjuntos om k elementos) ontidos em[n℄. Observemos
ini i-almentequese 2k>n, então podemos tomarA = [n℄
k
para frente que2k n. Neste aso, podemos tomar
(49) A
0
=fA[n℄: jAj=k e 12Ag:
Claramente, temos queA
0 éinterse tante e (50) jA 0 j= n 1 k 1 :
Oteoremade Erd®s, Ko,e Rado armaque todosistemainterse tante
formado por k-sub onjuntos de [n℄ tem tamanho no máximo jA
0 j =
n 1
k 1
, desde quen 2k. Ademais,se um talsistema tem tantos
mem-brosquantoA
0
,entãoeleéisomorfo aA
0
,desdequen >2k;emoutras
palavras,existe essen ialmente umaúni a formade se onstruir um tal
sistema de ardinalidademáxima!
Como o leitor já deve imaginar, dizemos que dois sistemas de
on-juntos A P(X) e B P(Y) são isomorfos se existe uma
bije-ção b: X!Y tal queA 2A see sóse
b(A)=fb(a): a2Ag2B:
O teoremade Erd®s, Ko, eRado é omo segue.
Teorema 11. Seja A [n℄ k , om n 2k>0. Se A é um sistema interse tante, então (51) jAj n 1 k 1 :
Ademais, se n>2k e valea igualdade em (51), então A é isomorfoao
sistema A
0
denido em (49).
Demonstração. Usaremos um método muito engenhoso
inven-tado por Katona. Consideremos `permutações í li as' dos elementos
de [n℄:
onde os índi es são onsiderados módulo n. Mais formalmente,
onsi-deramosbijeções
: Z=nZ![n℄;
e olo amos a
i
=(i)para todoi. Dadouma tal e um onjunto A
[n℄ om jAj =k, dizemos que e A são ompatíveis se A o orre omo
um `segmento'em(52). Formalmente,a ondição queexigimoséqueA
seja igual a fa
i+1 ;:::;a
i+k
g para algum i2Z=nZ. (Note que, omo os
índi es são módulo n, o onjunto A pode `dar a volta'.)
Observemos ini ialmenteque,dada umapermutação í li a omo
em(52),
(*) existemno máximo k membros de A que são ompatíveis om
esta permutação.
De fato, seja A 2 A um membro de A ompatível om . Suponha
queA =fa
i+1 ;:::;a
i+k
gparaumdadoi2Z=nZ. Para ada2j k,
podemos onsiderar os onjuntos disjuntos
J j eJ + j Z=nZ dados por J j =fa i+j bn=2 ;:::;a i+j 1 g e J + j =fa i+j ;:::;a i+j+bn=2 g:
Claramente, apenasum dentre J
j eJ
+
j
pode onter um membro de A,
poisJ
j \J
+
j
=;. Poroutrolado,todomembro A 0
de Aqueédiferente
de A mas é ompatível om pre isa estar ontido em J
j ou J + j para algum j, poisA 0
\A6=;. A asserção (*) está provada.
Agora ontamos de duas maneiras os pares da forma (;A) om
uma permutação í li a eA um membro de A om e A ompatíveis.
SejaP onúmero de taispares. Devidoà (*), xada uma , existemno
permutações í li as ompatíveis om A. Con luímos que jAjnk!(n k)!=P X k =n!k; de onde (51) segue.
A prova da uni idade das ongurações extremas para o aso em
que n> 2k é um pou o deli ada,e a omo um bomexer í io para o
leitor.
Antesde passarmosparaonossopróximotópi o, a omoexer í io
parao leitores lare er asituaçãono aso emquen=2k. Oquesão os
sistemas interse tantes A [2k℄
k
?
Consideremos agora sistemas `-interse tantes de k-sub onjuntosde
[n℄, isto é, sistemas de onjuntos A [n℄
k
om jA\Bj ` para
to-do A e B 2 A. Naturalmente, até agora temos onsiderado sistemas
1-interse tantes. Erd®s,Ko,e Radotambémprovaramlimitantes
supe-riores para otamanho de sistemas `-interse tantes para `>1.
Considereaseguinte onstruçãosimplesde sistemas`-interse tantes
(` 1). Seja L [n℄ um onjunto om ` elementos. O sistema
`-interse tantexado porL éo sistema
(53) A L =fA[n℄: jAj=k; LAg: NotequejA L j= n ` k `
. Parao asoemquenégrandeemrelaçãoak,os
sistemas A
L
xados por `- onjuntos L são os sistemas `-interse tantes
de tamanho máximo.
Teorema12. Paratodo`ek om1`kexisteumn
0 =n
0 (`;k)
para o qual vale o seguinte. Se A [n℄
k
é um sistema `-interse tante
e n n 0 , então (54) jAj n ` k ` :
Demonstração. SejaAumsistema`-interse tante omono
enun- iado. Naturalmente, não há nada a fazer se k = `, e portanto
su-pomos k > `. Podemos também supor que A é maximal, isto é, ao
adi ionarmos qualquer k- onjunto B ontido em [n℄ a A, se B 2= A, o
sistema A deixade ser `-interse tante.
Da maximalidade de A segue que há dois membros A e A 0 2 A om jA \ A 0 j = `. Seja L = A \ A 0 . Se todos os membros de A ontém L, então A A L
e não há nada a provar. Supomos portanto
que
(55) existe B 2A om jB \Lj<`.
Ponha U = A[A 0
[B e suponha agora que C 2 AnfA;A 0
;Bg.
Armamosque
(56) jC\Uj`+1:
De fato, note que C ontém um elemento de B nL, pois jB \Lj < `
ejC\Bj`. Portanto,seLC, anossaarmação jáestá veri ada.
SuponhaqueL6C. Então, paraquejC\Aj, jC\A 0 j`, pre isamos quejC\(A[A 0 )j`+1(poisL=A\A 0
tem exatamente`elementos
e L6C). Novamente, a nossa armação (56) está veri ada.
Note que (56) vale também para C 2 fA;A 0 ;Bg. Portanto temos, muito generosamente, (57) jAj2 jUj X jk ` 1 n jUj j :
Defato,todomembroC de Apodeser es rito omoC
1 [C 2 onde C 1 = C\U e C 2 =CnU. Como há 2 jUj possibilidades para C 1 e, dado C 1 , háno máximo X jk ` 1 n jUj j
possibilidadesparaC
2
(poisjC
2
jk ` 1),adesigualdade(57)segue.
Notequeolado direitode (57) éO(n k ` 1
) eolado direitode (54) não
é O(n k ` 1
). Finalmente, lembre que deduzimos (57) supondo (55).
O Teorema 12está provado: se (55) vale, então (57) vale e
portan-to(54)valeestritamenteparansu ientementegrande;poroutrolado,
se (55) não vale, então todomembro de A ontém L.
3. Té ni as da álgebra linear
Consideraremos nesta seção teoremas extremais para sistemas de
onjuntos A om restrições de paridade nas ardinalidades das
inter-seções entre pares de membros de A. O nosso primeiro resultado é o
seguinte.
Teorema 13. Suponha queA P([n℄) é um sistema de onjuntos
tal que
(i) jAj é ímpar para todo A2A,
(ii) jA\A 0
j é par para todo A e A 0
2A om A6=A 0
.
Então jAjn.
Demonstração. Aprovadesteteoremausaumaté ni aum tanto
inesperada: álgebra linear sobre o orpo F
2
= GF(2) dos inteiros
mó-dulo 2. Defato, onsideremososvetores ara terísti os x
A =(x (A) i ) i2[n℄
dos membros A2A. Aqui,temos
x (A) i = 8 < : 0 if i2= A 1 if i2A
paratodoi2[n℄. Armamosqueosvetoresx
A
(A2A) são
linearmen-te independentes sobre F
2
. Note que isto termina a prova, pois estes
vetores estão ontidos em F n
2
, que tem dimensão n.
Paraprovaraindependên ialineardosvetoresx
A (A2A),suponha que tenhamos (58) X A x A =0;
om
A 2 F
2
para todo A 2 A. Usamos agora o fato que podemos
denir um produto es alarF n 2 F n 2 !F 2 olo ando (59) hx;yi=x T ymod2= X 1in x i y i mod2; onde x = (x i ) e y = (y i
). (A úni a propriedade que queremos
so-bre hx;yi é que eleseja linear na segunda entrada: hx;
1 y 1 + 2 y 2 i= 1 hx;y 1 i+ 2 hx;y 2
i). Fixe agora A
0
2 A, e onsidere o vetor
ara te-rísti o x A 0 de A 0 . Segue de (58) que (60) X A2A A hx A 0 ;x A i= D x A 0 ; X A2A A x A E =0:
Entretanto, as hipóteses (i) e (ii) do nosso teorema impli am que o
lado esquerdo de (60) é
A
0
! Daí segue que os vetores x
A
(A 2A) são
linearmenteindependentes, omo queríamos demonstrar.
Ademonstração muitoelegantedoTeorema13a imamere eser
es-tudada om uidado. Este texto usará argumentos desse gênero várias
vezes. Oleitorapre iará opoder doargumentoalgébri oa ima ao
ten-tar en ontrar uma prova puramente ombinatória do resultado a ima.
Tente!
Oqueo orresemudamosasparidadesnoenun iadodoTeorema13?
Suponha que exigimos agora que os membros de A tenham todos
ar-dinalidade par, e mantenhamos a ondição (ii) (todas as interseções
pares). Temos aqui uma situação surpreendentemente diferente,
o-momostraa seguinte onstrução. Considere ini ialmenteuma partição
de [n℄ em pares, omo porexemplo
(61) [n℄ =f1;2g[f2;3g[:::
(oúltimoblo odestapartiçãoénaverdadeum onjuntounitáriosené
ímpar). Sejam p
1 ;:::;p
bn=2
ospares que ompõeesta partição. Ponha
Isto é,os membrosde A são os onjuntos quepodem ser es ritos omo
umauniãodosp
i
(1ibn=2 ). Claramente, jAjépar paratodoA2
A e (ii) doTeorema 13valepara A. Entretanto,
jAj=2 bn=2
:
Isto é, tro ando a hipótese na paridade exigida em (i) no Teorema 13
passamosapermitirsistemas omum númeroexponen ialdemembros.
(Antes ossistemas tinhamno máximon membros!)
Pre isamosagora en ontrar limitantes superioresparaosnossos
no-vos sistemas. Na verdade, o nosso resultado diz que a onstrução que
estudamos a ima forne e sistemasextremais.
Teorema 14. Suponha queA P([n℄) é um sistema de onjuntos
tal que
(i) jAj é par para todo A2A,
(ii) jA\A 0
j é par para todo A e A 0 2A om A6=A 0 . Então jAj2 bn=2 .
Aprovadoteoremaa imaexigequeestudemos álgebralinearsobre
orposnitos (na verdade, F
2
) om um pou o mais de uidado.
3.1. Alguns fatos da álgebra linear. Seja F um orpo,
pos-sivelmente nito, e seja V um espaço vetorial sobre F. Uma
fun-ção : V V !F é bilinearse elafor linearem ada oordenada:
(u+v;w)=(u;w)+(v;w)
e
(w;u+v)=(w;u)+(w;v)
para todo e 2 F e todo u, v, e w 2 V. Se V = F n
, as formas
bilineares sobre V são exatamente as apli ações (u;v) 7! (u;v) =
u T
Bv, onde B éuma matriznn om entradas emF. Dizemosque
é simétri a se a matriz asso iada a é uma matriz simétri a, isto é,
Um produto interno em V é simplesmente uma forma bilinear
si-métri a. Fixe um produto interno sobre V, e suponha que V tenha
dimensão n. Podemos identi arV om F n
.
Dizemos que dois vetores u e v são ortogonais se (u;v) = 0, e
es revemos u ? v nesse aso. O espaço ortogonal W ?
de um
subespa-çoW V é dado por
(63) W ? =fv 2V : v ?w para todow2Wg: Noteque W ? éum subespaço vetorial de V.
Dizemos que um vetor não-nulo v 2 V é isotrópi o se v ?v. Se U,
W V são doissubespaçosde V,dizemosqueU eW sãoortogonais se
todou2U éortogonalatodow2W. Nesse aso, es revemosU ?W.
Dizemos que um subespaço W V é totalmente isotrópi o se W ?
W. Note que, em parti ular, se W é totalmenteisotrópi o, então todo
elemento de W é isotrópi o. Ademais, se W é totalmente isotrópi o,
temos W W ?
.
Finalmente, dizemosque o espaçoV é singular se V \V ?
6=(0).
Proposição15. Seja V umespaçovetorial de dimensãon eseja
um produto interno sobre V.
(i) Para todo subespaço W V, temos
dimW +dimW ?
n:
(ii) Oespaço V nãoé singular se esó se a matriz B asso iadaà
é não-singular, isto é, tem determinante não-nulo.
(iii) SeV não é singular, entãopara todosubespaçoW V, temos
dimW +dimW ?
=n:
(i)Sejaw
1
;:::;w
d
umabase deW. Umvetorv 2V perten eaW ? se esó se (64) w T i Bv =0; para todo1id:
O sistema linear a ima têm d equações, de forma que a dimensão do
espaçodas soluçõesW ?
én d. DaíseguequedimW+dimW ?
n.
(ii) Suponhaque B é singular. Então existe um vetor não-nulov 2
V om Bv = 0. Claramente, (u;v) = u T
Bv = 0 para todo u 2
V, de forma que v 2 V \V ?
6= (0) e V é, por denição, singular.
SuponhaagoraqueB sejanão-singular. Então osistema(64)( omd=
n e w
1
;:::;w
n
uma base de V) admite apenas a solução trivial v = 0
pois osvetores w T
i
B (1in) são linearmenteindependentes. Dessa
formaV ?
=(0), e V énão-singular.
(iii) Suponha que w
i
(1 i d) formam uma base de W, omo
na prova de (i). De (ii), sabemos que B é não-singular. Portanto, os
vetoresw T
i
B (1id) são linearmenteindependentes. Daí segueque
o espaço de soluções do sistema (64) tem dimensão exatamente n d,
de onde temos dimW +dimW ?
=n.
Corolário16. Seja V um espaço vetorial de dimensãon, munido
de um produto interno. Ademais, suponha que V seja não-singular.
Então todo subespaço totalmente isotrópi o W de V tem dimensão
n=2.
Demonstração. SejaWumsubespaçototalmenteisotrópi odeV;
temos W W ?
. Como V não é singular, temos de (iii) da
Proposi-ção 15 que
2dimW dimW +dimW ?
=n;
o que ompleta a prova deste orolário.
3.2. Prova do Teorema 14. Temos agora as ferramentas da
ál-gebra linear ne essárias para provaro nosso teorema.
os vetores ara terísti os x
A
(A 2 A) dos membros de A. Seja W o
subespaço de V = F n
2
gerado por estes x
A
(A 2 A). Consideramos o
produto interno anni o
hx;yi=x T ymod2=x T I n ymod2 sobre V; a identidade I n
é a matriz asso iada a este produto interno.
Note quetemos, portanto,um espaço não-singular. Pelas hipóteses (i)
e (ii) de nosso teorema, temos que W é um subespaço totalmente
iso-trópi o. Segue do Corolário 16 que dimW n=2. Naturalmente,
temos dimW bn=2 . Ademais, omo estamos sobre F
2 , laramen-tejAj jWj2 dimW 2 bn=2 .
3.2.1. Observações. Notequeos Teoremas13e14tratamdos asos
ímpar/par e par/par da paridade das ardinalidades dos membros
deAeinterseçõesdosparesdemembrosdeA. Deixamos omoum
exer- í iopara oleitores lare er asituaçãopara asvariantesímpar/ímpar
e par/ímpar.
Terão papel fundamental no Capítulo 2 resultados extremais para
sistemas de onjuntos envolvendo restrições módulo p ( om p um
pri-mo ímpar) para as ardinalidades das interseções dois a dois de seus
membros (veja o Teorema33).
3.3. O teorema de Fisher. Oquepodemosdizer sobreum
siste-made onjuntossesabemosquea ardinalidadedainterseção de
quais-quer dois de seus membros é exatamente um valor dado? É intuitivo
que tal restrição é muito mais forte que restrições de paridade, omo
temos visto até o momento. Provaremos o seguinteresultado, às vezes
hamado de o teoremade Fisher não-uniforme,usando álgebra linear.
Teorema 17. Fixe inteiros 1 ` < n. Suponha que o sistema de
onjuntos A P([n℄) é tal que jA\A 0
j =` para quaisquer A, A 0
2 A
distintos. Então jAjn.
quetodososmembrosdeAtêmamesma ardinalidade,usandoálgebra
linear;defato,foiestanotadeBosede duaspáginasqueintroduziuesta
té ni ano estudo de problemas extremais para sistemasde onjuntos.
Namesmaépo a,independentemente, deBruijneErd®s[16℄
prova-ram o aso` =1doTeorema17,pormétodos ombinatórios. Noteque
mesmo o aso emque ` =1é de fatointeressante: além da onstrução
óbvia em que todos os membros de A ontêm um elemento xo e são
disjuntos amenosdesteelemento,háaindaosexemplosdos planos
pro-jetivosnitos,emquetodopar de linhasseinterse tamemexatamente
um ponto.
Majumdar [58℄ e Isbell [45 ℄ independentemente provaram o T
eore-ma17;a prova que damosabaixo é devida a estes autores.
Prova do Teorema 17. Consideremos primeiro o aso em que
existe um A 2 A om jAj = `. Então todos os outros membros de A
ontémAenãoseinterse tamforadeA. PortantojAj1+n `n,e
portantoonossoresultado vale. Supomos daquiparafrentequejAj>`
para todo A2A.
Para simpli aranotação, suponha queA =fA
1
;:::;A
m
g.
Consi-dere os vetores ara terísti osdos A
i
: para ada i,seja x
i =(x ij ) 1j<n onde (65) x ij = 8 < : 0 se j 2= A i 1 se j 2A i :
Provaremos queosvetores x
i
(1im) são linearmente
independen-tes, de onde poderemos on luir quem n.
Considere a matrizM =(x ij )2f0;1g mn formada pelos x ij
deni-dos em (65); equivalentemente, as linhas da matriz M são justamente
osvetores x
i
(1im). É fá ilver quevaleaidentidade
(66) A=MM
T
=`J+D;
onde J denotaamatriz mm om todas asentradas iguaisa1 eD=
(1 i m). Fazemos agora duas observações: se as linhas x
i de M
não sãolinearmenteindependentes, entãoexiste umvetornão nuloy=
(y i )2R m om y T M =0, de forma que (67) y T Ay=0:
Anossasegundaobservaçãoéque,devidoa(66),oladoesquerdode(67)
pode ser es rito daseguinteforma:
y T Ay=y T (`J D)y =`y T Jy+y T Dy =` X 1im X 1jm y i y j + X 1im d i y 2 i =` X 1im y i 2 + X 1im d i y 2 i >0;
oque ontradiz(67). Assim,podemos on luirqueaslinhasx
i
(1i
m) de M são de fato linearmente independentes, de forma que temos
ne essariamentem n. OTeorema 17 está provado.
3.3.1. Umainterseçãoproibida. Emboraarelação omoTeorema17
sejaapenasnaforma,nãoresistimosemen ionamosaquisemprovaum
resultado profundo de Frankl e Rödl sobre sistemas de onjuntos om
restrições na ardinalidade das interseções de pares de seus membros.
Paul Erd®s [20℄ props em 1976 a seguinte onje tura: se um sistema
de onjuntos A P([n℄) é tal que não há em A dois membros A e A 0
om jA \A 0
j = bn=4 , então jAj (2 ") n
para alguma onstante
absoluta " > 0. Em outras palavras, a proibição de exatamente uma
ardinalidade para as interseções dois a dois provo a uma queda
ex-ponen ial no tamanho do sistema. (No Teorema 17, exigimos que as
interseções sejam todas de uma ardinalidade dada; aqui exigimos que
elas sejamquaisquer, a menos de um úni o valor.) Erd®s ofere eu 250
dólares pelaresolução desta onje tura.
Rö-deumsistemade onjuntosAP([n℄)quenão ontémdoismembrosA e A 0 om jA\A 0 j=`.
Teorema 18. Para todo 0 < < 1=4 existe uma onstante " =
"()>0 para o qual temos
m(n;`)(2 ") n
para qualquer inteiro ` om n<`<(1=2 )n.
Para o aso em que` =bn=4 , o resultado explí ito éque
(68) m(n;bn=4 )<1;99 n
;
e, mais geralmente, se` =b%n , temos
(69) m(n;b%n )(2 % 2 =2+o(% 3 )) n : Tomando A %
P([n℄) omo sendo o sistema de todos os sub onjuntos
de [n℄ omestritamente mais de (1+%)n=2 elementos, vemos que
m(n;b%n )(2 % 2 +o(% 3 )) n
e, no aso espe í o em que %=1=4, vemos que
m(n;bn=4 )1;9378 n
:
Estes limites inferiorespara m(n;`) mostramque(68) e (69) não estão
muito longe de serem limitantes ótimos.
A demonstração do Teorema18 ébastante omplexa.
4. O teorema de Ahlswede e Kha hatrian
VimosnoTeorema12 quese n ésu ientemente grandeemrelação
a k, então um sistema `-interse tante de k-sub onjuntos de [n℄ tem no
máximo n `
k `
membros. Ademais, os exemplos extremos são os
siste-mas A
L
Consideremos asseguintes onstruçõesalternativaspara sistemas
`-interse tantes A
i
(0 i (n `)=2) sobre [n℄. Para ada inteiro i
om 02in `, pomos
(70) A
i
=fA[n℄: jAj=k; jA\[`+2i℄j`+ig:
Noteque,defato,osA
i
são`-interse tantes: seAeA 0
sãodoismembros
de A distintos, então temos que A\A 0
\[`+2i℄ A\A 0
tem pelo
menos ` elementos. Ademais, note que A
0
nada mais é que o sistema
`-interse tante xado pelo`- onjunto L=[`℄.
Consideremos um aso extremo: tome ` = 2, k = 2r, e n = 4r.
Então o sistema 2-interse tante A
i om i=r 1 é A r 1 =fA[n℄: jAj=k; jA\[2r℄jr+1g; e tem ardinalidade (71) jA r 1 j= 1 2 4r 2r 2r r = 1 2 +o(1) 4r 2r :
Por outrolado, um sistemaA
L
xado porum 2- onjuntoL (veja (53))
tem (72) jA L j= 4r 2 2r 2 = 1 4 +o(1) 4r 2r :
Comparando(71)e(72)vemosque,emgeral,a onstrução(70) omi>
0podeforne ersistemas`-interse tantesmaioresqueaquelesxadospor
`- onjuntos L.
Nãoédifí ilprovarquesen n
0
(k),entãojA
i
jémáximoparai=0.
O exemplo a ima mostra que para ertos asos extremos, o máximo
dos jA
i
j éatingidopara valores i>0.
SejaM(n;k;`)a ardinalidademáximadeumsistema`-interse tante
de k-sub onjuntos de [n℄. Então M(n;k;`)max
i jA
i
j. Ademais, sen
é su ientemente grandeem relaçãoa k,então valea igualdade (este é
Conje tura 19. Para todo 1`k n, vale que (73) M(n;k;`)=max i jA i j;
onde o máximo é tomado sobre 0i(n `)=2.
A onje tura a ima é devida, nesta generalidade, a Frankl [29℄. O
aso ` =2, k =2r, e n =4r já o orre no artigooriginal de Erd®s, Ko,
e Rado [25 ℄,de 1961.
4.1. A resolução da Conje tura 19. Um dos grandes
resulta-dos da teoria extremal dos onjuntos em anos re entes foi a resolução
ompleta da onje tura deFrankl, Conje tura 19,porAhlswede e
Kha- hatrian [1℄em 1997.
Teorema 20. A Conje tura 19 é verdadeira.
A onje tura de 1938 de que M(4r;2r;2) é dado por jA
r 1 j
(ve-ja (71)) foi um dos problemas favoritos de Erd®s. A demonstração do
Teorema 20é um tantorebus ada, e está fora does opo destas notas.
5. O teorema de Ramsey
Embora óbvio, o prin ípio da asa do pombo, também onhe ido
omo o prin ípio de Diri hlet, pode ser empregado de formas sutis,
muitas vezes permitindo provar resultados de forma inesperada. Este
prin ípio pode ser enun iado da seguinte forma: se olo amos n +1
pombosem n asas, então alguma asa vaire eber mais de um pombo.
Nesta seção, dis utiremos brevemente uma versão mais sosti ada
destefenmenobási odanatureza, onhe ida omooteoremade
Ram-sey. Para umadis ussão introdutóriaàteoria de Ramsey, oleitor pode
onsultar [15℄. Umaex elentereferên ia(mais avançada) éa
monogra-a[42℄.
5.1. O prin ípio de Diri hlet. Se oleitor não está familiarizado
omapli açõesdoprin ípioda asadopombo,entãoébemnaturalque
deste prin ípio, expomos aqui um resultado bem onhe ido de 1842 de
Diri hlet,sobreaproximaçõesdiofantinas. Esteresultadonãoseráusado
no resto do texto; resolvemos in luí-lo porque ele é um dos melhores
exemplos queilustram opoder doprin ípio da asa dopombo.
Teorema21. Seja umnúmeroirra ional, entãoexistem innitas
soluções ra ionais p=q para a desigualdade
(74) p q < 1 q 2 :
Demonstração. FixeuminteiroQ1. ConsidereosQ+1
núme-ros 0;f g;f2 g;:::;fQ g 2 [0;1), onde es revemos fxg para a parte
fra ionáriade x,isto é,fxg=x bx . Considere os Q intervalos
I k = k 1 Q ; k Q [0;1)
para 1 k Q. Note que estes Q intervalos parti ionam o
inter-valo [0;1). Pelo prin ípio de Diri hlet, dois dos Q+1 números fi g
(0 i Q) perten em a um mesmo intervalo I
k
; suponha que eles
sejamfi g e fj g, om i>j. Então
(75) fi g fj g < 1 Q :
Portanto,tomandoq =i j >0e p=bi bj , deduzimos de (75)
que
jq pj< 1
Q :
Dividindoporq e lembrandoque q=i j Q, temosque
(76) p q < 1 qQ 1 q 2 ;
e assim en ontramos uma soluçãopara (74).
Comoéirra ional,oladoesquerdode(76)éestritamentepositivo,
digamos>1=Q 0
,paraalguminteiropositivoQ 0
. Repetindooargumento
talque (77) p 0 q 0 < 1 q 0 Q 0 1 (q 0 ) 2 : Como 1=q 0 Q 0 < 1=Q 0 < j p=qj, a aproximação p 0 =q 0 é uma nova
aproximaçãode . Podemosassimdeduzirque(74)defatoteminnitas
soluções.
Jáen ontramosnestetextoumaoutraapli açãodoprin ípioda asa
dopombo: uma seqüên iaprimitivade inteiros ontida em[2n℄ têm no
máximon elementos. (Vo ê fezosegundo exer í iosugeridono omeço
daSeção 2.1.1?)
5.2. O teorema de Ramsey para grafos. Passaremos agora a
dis utirumresultado lássi odeRamsey [63℄,de1930. Agrossomodo,
o teorema de Ramsey é uma versão iterada do prin ípio da asa do
pombo.
Umaáreari ada ombinatória, onhe ida omoateoriadeRamsey,
lida omresultadosrela ionadosaoteoremadeRamseyeaoutros
resul-tadosquesão manifestaçõesdeum fenmenobási o,assimdes ritopor
Theodore S. Motzkin: desordem ompleta é impossível. Estudamos
no Capítulo 3 uma subárea da teoria de Ramsey, a saber, a teoria de
Ramsey eu lideana, introduzida em um trabalho de 1973, dedi ado a
Motzkin pelosilustres autoresP.Erd®s,R.L.Graham,P. Montgomery,
B.L. Roths hild, J.Spen er, e E.G. Straus [21℄.
5.2.1. O teorema de Ramsey. Aqui, restringimo-nos à versão mais
simples do teorema de Ramsey, que é a versão para grafos. Um grafo
nadamaiséqueumpar(V;E),ondeV éo onjuntodevérti es deGeE
é um onjunto de pares de vérti esde G: E V
2
. Oselementos de E
são asarestas de G. Usualmente, dizemos queuma arestae=fx;yg2
E de um grafo G = (V;E) liga os seus extremos x e y. Quando dois
vérti es x, y 2 V de G formam uma aresta fx;yg 2 E de G, dizemos
que x ey são adja entes.
Um liqueemumgrafoG=(V;E)éum onjuntoU V devérti es
om U
arestas de G. Um onjunto independenteem Gé um onjunto W V
devérti es om U
2
\E =;,istoé,nenhumpardevérti esemW forma
uma aresta de G. Pomos
!(G)=maxfjUj: U éum lique emGg
e
(G)=maxfjWj: W éum onjunto independente emGg:
O teorema de Ramsey simplesmente diz que grafos grandes pre isam
onter liques ou onjuntos independentes grandes.
Teorema 22. Sejam k e ` inteiros positivos. Então existe um
in-teiron
0 =n
0
(k;`)tal quetodo grafo G om pelomenosn
0
vérti es é tal
que !(G)k ou (G)`.
Muitas vezes, sea on lusão do Teorema22valepara um inteiro n,
es revemos
(78) n !(k;`):
Ademais, denimos omo o número de Ramsey R (k;`) o menor valor
possível para o inteiro n
0
(k;`) no enun iado do Teorema 22, ou,
equi-valentemente, omenor valorde n parao qual(78) vale. Naturalmente,
o Teorema22 armaque R (k;`)<1 para todok e` 1.
A provadoTeorema 22ébaseada naapli açãodoprin ípioda asa
dopombode formaiterada.
Demonstraçãodo Teorema 22. Claramente, temos
(79) R (1;`)=R (k;1)=1
para todo k e `1. Suponha agora que k e `2, eque R (k 0
;` 0
)<1
para todo par (k 0 ;` 0 ) om k 0 +` 0
Seja G = (V;E) um grafo om n = R (k;` 1)+R (k 1;`) vérti es.
Devemos provar que G ontém um lique de ardinalidade k ou um
onjunto independente de ardinalidade `. Fixe um vérti e x de G.
Pelo prin ípio da asa do pombo, ou (i) x é adja ente a R (k 1;`)
vérti es,ou (ii) x não éadja entea R (k;` 1) vérti es de G.
Suponha que vale o aso (i) a ima. Considere o grafo G 0
ujo
on-juntodevérti esY éo onjuntodevérti esydeG omxeyadja entes
(os`vizinhosde x'); denimoso onjuntode arestas emG 0 omo o on-junto E \ Y 2
, isto é, dois vérti es y e y 0
2Y são adja entes em G 0
se
e só seo foremem G. Pela denição de R (k 1;`), o grafo G 0
ontém
um lique de tamanho k 1 ou ontém um onjunto independente de
tamanho`. Notequese tal onjuntoindependenteexistiremG 0
,então
ele é também um onjunto independente em G e não há nada mais a
fazer. Caso G 0
ontenha um lique U 0
de tamanhok,então observamos
queU =U 0
[fxg éum lique emGde tamanhok, eassimterminamos
a prova.
Suponhaagoraquevaleo aso(ii)a ima. ConsidereografoG 00
ujo
onjuntode vérti es Z é o onjunto de vérti es z 2V nfxgde G om x
e z não-adja entes e z 6= x; denimos o onjunto de arestas em G 00
omo o onjunto E \ Z
2
. Pela denição de R (k;` 1), o grafo G 00
ontém um lique de tamanho k ou ontém um onjunto independente
de tamanho ` 1. Note que se tal lique existir em G 00
, então ele é
tambémum liqueemGenão hánadamais afazer. CasoG 00
ontenha
um onjunto independente W 00
de tamanho ` 1, então observamos
que W =W 00
[fxg éum onjunto independente emG de tamanho `.
Isto on luia prova doTeorema 22.
Observação 23. A demonstração a ima do Teorema 22 de fato
impli aque (81) R (k;`) k+` 2 k 1 :
usando-Um problema numéri o famoso rela ionado ao teorema de Ramsey
é oseguinte. Ponha
(82) R (n)=R (n;n):
Problema 24. Determine ou estime R (n).
Sabe-se o valor de R (n) para valores pequenos de n. É trivial
que R (1) = 1 e que R (2) = 2. Um exer í io bem onhe ido é
pro-var que R (3) = 6. Já é mais difí il provar que R (4) = 18 (tente!). O
que sesabe sobre R (5) éque
43R (5)49:
Para mais detalhes sobrevalores exatos dos númerosde Ramsey,vejaa
`Resenha dinâmi a' de StanislawRadziszowski[62℄.
O que podemos dizer sobre a ordem de grandeza de R (n)? Pela
Observação 23, temosque
(83) R (n) 2n 2 n 1 p n 4 n
para alguma onstante positiva >0.
Como podemos limitar R (n) por baixo? Claramente, provar que
R (n)>N signi aprovarque existe um grafo om N vérti es que não
ontém nenhum lique de tamanho n nem ontém nenhum onjunto
independente de tamanho n. À primeira vista,pode ser surpreendente
que este seja um problema difí il.
5.2.2. Olimitante exponen ial de Erd®s. Um resultado inuentede
Erd®s foi o seu limitanteinferior exponen ial [19℄ para os números de
Ramsey R (n),publi ado em1947. Embora aprovadesteresultado seja
muitosimples,foielaademonstraçãodenitivadequeoassim hamado
método probabilísti o é fundamentalna ombinatória.
Teorema 25. Para todo n2, temos R (n)>2 n=2
.
Demonstração. Podemos veri ar por inspeção que R (n)>2 n=2
Consideremos grafos Gsobre V =[N℄,onde
N =b2 n=2
;
denidos daseguinteforma: para ada par de vérti esdistintosa e b2
V, lan e uma moeda honesta e oloquea aresta fa;bg em G see só se
a moeda der ara. Noteque denimos assim um grafo aleatório G.
Maisformalmente,para ada1a<bN, onsidereumavariável
aleatóriaX a;b om P(X a;b =0)=P(X a;b =1)= 1 2 ; om todas as variáveis X a;b (1 a < b N) independentes. A
ares-ta fa;bg perten e ao grafoaleatório Gse esó seX
a;b =1.
Qual é o número esperado de liques de tamanho n em G? Para
ada sub onjunto U V de n vérti es, es reva Y
U
para a variável
indi adora 01 que vale1 see só seU é um lique emG. Então
(84) P(Y U =1)=2 ( jUj 2 ) =2 ( n 2 ) :
O número total de liques de tamanhon em G é Y = P
U Y
U
, onde a
soma ésobretodosos n-sub onjuntos de V. Assim, o númeroesperado
de liques de tamanho n em Gé, devido a (84),
(85) E(Y)=E X U Y U = X U E(Y U )= X U P(Y U =1)= N n 2 ( n 2 ) ;
onde usamos uma propriedade fundamentaldo valoresperado, a assim
hamada linearidade (o valor esperado de uma soma de variáveis
alea-tórias é asoma dos valores esperados dessas variáveis). Analogamente,
se Z é o número de onjuntos independentes em G, podemos deduzir
que (86) E(Z) = N n 2 ( n 2 ) :
De (85) e (86), podemos deduzirque (87) E(Y +Z)=2 N n 2 ( n 2 ) 2 eN n n 2 n(n 1)=2 2 e2 n=2 2 (n 1)=2 n n =2 e p 2 n ! n <1;
onde usamos que n 5e que a
b
(ea=b) b
(veja Lema 94 do
Apêndi- e A)
O que podemos deduzir de (87)? O número esperado de liques
e onjuntos independentes de tamanho n em G é < 1. Claramente,
algum grafo G gerado da formaa ima pre isa ser tal que o número de
tais onjuntos é0,pois aso ontrárioonúmeromédiodetais onjuntos
seria pelo menos 1! Daí segue que existe um grafo G om N vérti es
om !(G)<n e (G)<n, e portantoR (n)>N.
Oargumentode Erd®s, om umpou omais de uidadonas
estima-tivas, forne eo seguinte resultado:
(88) R (n)
n
e 2
(n 1)=2
para todo n1. Este limitante, entretanto, ainda pode ser melhorado
levemente, usando-se té ni as maisavançadas dateoriade
probabilida-de. Usando oassim hamadoLema Lo alde Lovász [26℄, Spen er [67 ℄
provou que o limite inferior em (88) pode ser melhorado por um fator
de 2, istoé, valeque
(89) R (n)
n
e 2
(n+1)=2
A desigualdade (89) de 1975 é ainda o melhor resultado que se
onhe- e nesta direção. Por outro lado, mais de 50 anos após o limitante
superior (83) ter sido provado, Thomason e Rödl independentemente
paraR (n)hoje édevidoaThomason[70℄,quedizqueexiste uma
ons-tanteabsoluta >0 para oqual temos
(90) R (n)n 1=2+ = p logn 2n 2 n 1 :
NotequeolimitantedeThomason(90)éaproximadamenten 1=2
menor
que o limitante em (83). (O limitante de Rödl [41℄ para R (n) era
basi amenteum fator de loglogn menor queo lado direitode (83).)
Para a grande frustração de todos os envolvidos, os seguintes
pro-blemas de Erd®s, de 1947, persistem.
Conje tura 26. Olimite (91) lim n!1 R (n) 1=n existe.
Problema 27. En ontre ovalor do limiteem (91), aso eleexista.
Oque se sabesobre o Problema27é que
(92) p 2liminf n!1 R (n) 1=n limsup n!1 R (n) 1=n 4;
que é o que Erd®s já sabia em 1947. Erd®s ofere eu 100 dólares pela
resolução da Conje tura 26, e ofere eu 250 dólares pela resolução do
Problema27.
NaSeção5.3,exibiremosexpli itamenteumgrafoqueprovaqueR (n)
res e pelo menos ubi amente emn. No Capítulo 2, Seção 5,
exibire-mos um grafo queprova queR (n) res e superpolinomialmente om n.
Seráateoriaextremaldos onjuntosquenosdaráinformaçõessobre
os liques e sobre os onjuntos independentes dos grafos que vamos
onstruirexpli itamentenaSeção5.3abaixoenaSeção5doCapítulo2.
5.3. Construçõesexplí itas. Considereastriplasdo onjunto[n℄
e denaum grafoG
n
sobreelas, denindo omo arestas exatamenteos
pares de triplas de têm exatamente um elemento em omum. F
ormal-mente, o grafo G tem onjunto de vérti es V = [n℄
arestas E = fA;Bg2 V 2 : jA\Bj=1 :
Vamos provar que os liques e onjuntos independentes de G
n
são
`pe-quenos'.
Teorema 28. Seja G
n
o grafo denido a ima. Então
(93) !(G
n
); (G
n )n:
Demonstração. Suponha que A
1 ;:::;A ! 2V formam um lique em G n
. Então temos uma família de sub onjuntos de [n℄ om ada
par de onjuntos distintos interse tando em exatamente um elemento:
o Teorema17 impli aque !n. Con luímosque !(G
n )n.
Suponha agora que B
1
;:::;B
2 V formam um onjunto
indepen-dente em G
n
. Então temos família de sub onjuntos de [n℄, todos de
ardinalidade ímpar, om ada par de onjuntos distintos
interse tan-do em 0 ou 2 elementos, isto é, em um número par de elementos: o
Teorema 13impli aque n. Con luímosque (G
n
)n.
Corolário 29. Para todo n, existe um grafo que pode ser
expli i-tamente des rito que prova que R (n+1)> n 3 . A onstruçãode G n
a imaédevidaaZsigmondNagy(1972). Como
men ionado anteriormente, veremos noCapítulo 2 uma onstrução
ex-plí itade umgrafoqueprovaqueR (n) res emaisrápidoquequalquer
polinmioem n.
5.4. O teorema de Ramsey para hipergrafos. Ramsey provou
o seguinte resultado mais geral emseu trabalhooriginal [63℄.
Teorema 30. Sejam k, `, e r inteiros positivos om k `. Então
existe um inteiro positivo N
0 = N
0
(k;`;r) para o qual vale a seguinte
asserção: se N N
0
, então