• Nenhum resultado encontrado

Download/Open

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Download/Open"

Copied!
74
0
0

Texto

(1)19. CAPÍTULO I- VELHICE EM VÁRIAS CULTURAS E SOCIEDADES. Este capítulo se dedica a tecer um breve resgate sobre o conceito de velhice através do tempo, pontuando o momento da Antiguidade clássica e da contemporaneidade. A relação do idoso com a família e a imagem que a mídia veicula sobre seu respeito orientará nossa empreitada.. 1- O idoso na antiguidade clássica. Para falarmos sobre o idoso na antiguidade clássica, não podemos deixar de citar o clássico, Da velhice e da amizade, de Marco Túlio Cícero. Esta obra demonstra as vantagens e desvantagens da velhice filtradas pelo olhar do autor e permite que estabeleçamos uma comparação entre a Antiguidade clássica e a atualidade. Marco Túlio Cícero nasceu em Arpino, no Lácio, a 3 janeiro do ano 106 antes de Cristo. Recebeu uma educação muito completa, sendo entregue aos cuidados do célebre senador e jurista Mucio Cevola1. Advogado, Cícero passou seis meses em Atenas, em 79 a.C, onde estudou filosofia, conheceu o mundo grego, escutou os grandes retóricos e filósofos e suscitou a admiração dos gregos por sua eloqüência. Cícero2 faz uma apologia da velhice, demonstrando a censura que os antigos faziam dela, afirmando no Capítulo VI que ela nos afasta dos negócios; No Capítulo IX mostra, que ela nos tira as forças; No Capítulo XII que nos priva de quase todos os prazeres. E, finalmente, no Capítulo XIX, diz que nos aproxima da morte. Da obra de Cícero (1998, p. 47) destaca-se o seguinte parágrafo: Quero, portando, que tu e eu sejamos aliviados desse fardo da velhice, que já está presente ou que certamente se aproxima, o qual é comum a mim e a ti, ainda que positivamente saiba que haverás de suportá-lo com moderação e sabedoria assim como todas as coisas.. 1. 2. Múcio Cévola é um grande homem de Estado e um dos mais ilustres senadores.. Cícero, advogado, orador e escritor romano, assassinado no ano de 43 a.C., há mais de dois mil anos atrás, provavelmente foi o maior Mestre de Civismo que o Ocidente conheceu. Além de celebrizar-se como personalidade enérgica, infatigável, capaz de eletrizar as multidões com seus discursos, concentrou toda sua imensa atividade intelectual em promover o amor à pátria, promover a decência e a servir à República Romana. Desde aquela época, seus ideais e seus textos foram lidos das mais diversas formas para promover a cidadania e o engajamento dos homens qualificados nos assuntos públicos..

(2) 20. Nessa época já se pode perceber que a velhice tem uma imagem negativa. Isso demonstra que, desde aquela época, o idoso já era visto como alguém decadente. Essa idéia sobre a velhice já apontava para uma etapa da vida caracterizada, entre outros aspectos, pela decadência física e ausência de papéis sociais. Percebemos que esse conceito de velhice é uma herança histórica da cultura que o mundo greco-romano nos legou. Isso pode ser demonstrado por Simões (1994, p.14) quando afirma que: A expressão “velho” pode significar perda, deterioração, inutilidade, fragilidade, decadência, antigo, gasto pelo uso, tais significado acabaram criando uma concepção pejorativa a respeito da velhice, resumindo-a a estereótipos, preconceitos, mitos e rótulos sempre desabonadores.. Uma comparação entre as citações de Cícero (106 a.C) e Simões (1994) nos fornece um panorama de como essa imagem pouco positiva a respeito da velhice se perpetuou em nossa cultura. Para Salgado, isso acontece em sociedades que valorizam a força física e a produtividade. Para ele: Isso acontece em uma época de crescimento da valorização dos homens pela força física e pela capacidade de produção, podendo perceber que as funções a eles atribuídas se tornam praticamente inexpressivas; acabam ressaltando apenas as perdas, nunca enaltecendo as suas conquistas (SALGADO, 1992, p.158).. Na atualidade, com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento crescente da população mundial, numa tentativa de superar esse conceito tão antigo e arraigado sobre a velhice, estudos contemporâneos cunharam a expressão “terceira idade”, que define o envelhecimento independente e ativo (PEIXOTO, 1998, p. 46) relacionando a imagem da velhice com experiências, independência, liberdade e prazer. Na citação de Cícero, podemos estabelecer um questionamento a respeito da afirmação de que a velhice nos afasta da administração dos negócios. Cabe perguntar quais seriam tais negócios. É o próprio autor quem nos fornece a resposta, um pouco mais adiante: Portando, não nos trazem nada concludente, os que sustentam ser a velhice incapaz de administrar os negócios, e são semelhantes àqueles que afirmam não fazer nada, o piloto que dirige o navio, já que uns grimpam3 pelos mastros, outros correm pelo convés, outro esvaziam a sentina; aquele, porém, que segura o timão do leme, está tranqüilamente assentado a popa. Não faz o que fazem os jovens, mas, verdadeiramente, faz coisas muito maiores e mais importantes. Os grandes empreendimentos não se levam á cabo por meio da força ou da velocidade ou da agilidade do corpo, mas sim pela sabedoria, pela autoridade e pelos bons conselhos; é de todas essas qualidades a velhice costuma não somente não estar privada, mas ate ser delas provida com abundancias (CÍCERO 1998, p. 55).. 3. Referente a grimpar; v. int. 1. subir, Trepar. 2. Investir contra alguém. 3. responder com insolência. T. 4. Subir a; galgar. (FERREIRA, 1985).

(3) 21. De acordo com Mercadante (1996, p 64), na nossa sociedade, ser velho significa, na maioria das vezes, significa estar excluído de vários lugares sociais. E um desses lugares, amplamente valorizado, é aquele relativo ao mundo produtivo, ao mundo do trabalho. Para Mercadante (1996) essa problemática pode ser considerada da seguinte maneira: Forças, absolutamente, não são exigidas pela nossa velhice, assim, conforme nossas leis e nossos costumes, a nossa idade é dispensada desses encargos que não podem ser sustentadas sem força. Portando, não somente não somos constrangidos a fazer o que não podemos, mas nem sequer nos exigem tudo que podemos (MERCADANTE, 1996, p. 64).. Dessa forma, os velhos são considerados fracos que se vêem constrangidos e são, algumas vezes obrigados a realizar coisas para as quais não têm mais condições físicas, pois exigem força. Da mesma forma, são constrangidos também quando não o deixam realizar as tarefas que ele pode fazer. Certamente isso não se refere somente à velhice, mas ao mau estado de saúde geral. Para Cícero, a velhice, contudo traz algumas conquistas impossíveis ao jovem, entre as quais ressalta a dominação dos prazeres pela razão. Com efeito, em dominando a paixão, a moderação não é mais possível, e, no império do prazer, a virtude não saberia encontrar um lugar. Para que isto pudesse ser mais bem compreendido, dizia ele, que se imaginasse, em espírito, um homem no momento em que gozasse do mais vivo prazer que o corpo pudesse experimentar: julgava que não poderia fazer uso da razão, seria incapaz de pensar e refletir. Por conseguinte, nada é tão detestável tão pernicioso, como prazer, pois, quando for muito vivo e durar muito tempo, extingue toda a luz da alma (CÍCERO, 1998, p. 67).. Percebe-se que a compreensão que Cícero (1998,p. 67) tem sobre a velhice se articula com o domínio do prazer pela razão e pela sabedoria. Dessa forma, na visão do autor, um grande reconhecimento deve ser atribuído à velhice, que consegue tornar insípidos os prazeres de que é necessário fugir, pois a volúpia embaraça o julgamento, é inimiga da razão, e, pôr assim dizer, ofusca os olhos da mente e não tem nenhum comércio com a virtude. Vista dessa maneira, a velhice pode ser considerada como a fase da sabedoria e, o idoso, como a fonte de sabedoria mais próxima de qualquer ser humano, pois sua grande experiência nos diferentes setores da vida (profissional, social, emocional, psicológica, comportamental) possibilita aos mais jovens oportunidades de interação e de compartilhamento de saber com alto nível de qualidade da informação. A sabedoria do idoso foi adquirida ao longo de sua vida, passando por diversos momentos aos quais os mais jovens ainda não tiveram acesso. Isso capacita os mais velhos a orientar os mais jovens da melhor forma possível para que suas decisões possam ter um nível.

(4) 22. considerável de acerto. Normalmente, o idoso sempre está aberto a compartilhar vivências quando têm tais oportunidades. No encerramento de seu trabalho, Cícero (1998, p.80) questiona: “Com que fim tanta coisa acerca do prazer?” Em seguida, considera que se a velhice não deseja vivamente nenhuma espécie de prazer, não merece, por isto, censuras, mas, antes os maiores elogios. A citação a seguir exemplifica isso: O velho não tem nada a esperar. Mas, por isto mesmo está em melhores condições que o jovem, pois o que um espera, o outro já conseguiu. O jovem quer viver muito tempo, o velho viveu muito tempo (CÍCERO, 1998, p. 82).. Para Cícero o ancião não tem mais essa pressa a pressa de viver que caracteriza a juventude, sempre tão ávida por novas experiências. Contudo essa avidez torna o jovem em um cego que não percebe sua própria existência passar diante de si. De acordo com o autor, é por esse motivo que para o jovem é de fundamental importância o papel dos mais velhos, pois eles carregam a história não escrita do ser e do viver. No âmbito da saúde, é muito comum perceber a veracidade das afirmações de Cícero quando se acompanha a reabilitação de jovens que, por motivos diversos, adoecem. Muitas vezes, por terem tanta pressa de viver e não terem os conhecimentos comuns aos mais velhos, esses jovens acarretam prejuízos ao processo de cura ocasionando, amiúde, alguma seqüela futura. Para ele, esse é um acontecimento muito nefasto para a nação. Talvez, por esse motivo, considere que aos velhos cabe a incumbência de estruturar nações, pois, sem a contribuição de seu conhecimento acumulado, não haveria cidades nem governos. Cícero prossegue comparando, em sua obra, a morte de um adolescente a de um idoso. Para ele, a morte de um adolescente é algo brutal e sem sensatas explicações, comparada a uma chama que é asfixiada por uma jorrada d’água. Já a morte na velhice é como se uma chama se fosse esvaecendo aos pouco com a falta de elementos para alimentar sua existência. Considera ainda que a idade avançada de um indivíduo é como uma fruta madura. Quando o fruto ainda está verde é necessária demasiada força para fazê-lo se desgarrar do pé, mas quando madura cai por si mesma sem relutância. Para o autor “A morte deve ser inteiramente negligenciada se extingue a alma de todo; deve ser desejada se conduz a qualquer outra parte, onde o futuro é eterno” (CÍCERO, 1998, p. 81).. Historicamente, as fases da vida são divididas em quatro “Nascer, crescer, desenvolver, envelhecer e morrer”. Assim, a velhice aparece como a penúltima imagem do ser.

(5) 23. humano, sendo última a morte. Nesse raciocínio, a velhice é um limite, um limiar antes do fim e aparece como uma janela aberta para a questão da passagem do tempo. Para Cícero: “A velhice é o complemento da vida e como derradeiro ato de uma peça; bom será ver o fim antes de sentir fadiga e, sobretudo, a saciedade” (CÍCERO, 1998, p. 91). Na antiga Grécia, Hipócrates comparava o envelhecimento com a chegada do inverno e afirmava que esta fase se iniciaria aos 50 anos. Com Aristóteles emergem julgamentos terríveis, dando-a como etapa da vida do “mau caráter, da pusilanimidade, da mesquinhez e do egoísmo” (GADOTTI, 1999, p. 39).. Não obstante houvesse entre os gregos um “conselho dos anciãos”, cuja opinião podia ou não ser observada; valorizava-se o heroísmo, a perfeição física e a beleza. E a velhice era enxergada como o “mal da vida”. Na mitologia grega, a velhice surge como surge uma triste divindade, filha do Érebo4 e da Noite. Tinha um templo em Atenas e um altar em Cádiz. Caracterizava-se “como uma velha coberta de trapos negros e de cor de folhas fenecidas. Tem uma taça na destra e com a esquerda se apóia em um bastão. Junto dela se coloca uma clepsidra prestes a se esgotar” (COMMELIN, 1957, p 42.). Entre os romanos o ancião exercia o papel autoritário de “pater família”, o que resultava no conflito de gerações. Isso dava ao idoso a pecha de tirano, inflexível, avaro e lascivo. Embora tivessem notável força política no Senado, a sociedade romana articulava a velhice ao estereotipo da deterioração física e mental. Na velha Roma, a voz de Cícero (1998, p. 147), soa isolada na obra Diálogo sobre a Velhice, em que o autor considera que “os assuntos graves não se administram com a força ou o brusco movimento corporal, mas com a paciência, a autoridade e a ponderação. Tais qualidades não se perdem, mas, ao contrário, aumentam e se aperfeiçoam com a idade”. Na verdade, através dos tempos, o povo chinês, com sua civilização sofisticada, foi um dos poucos a valorizar a velhice, ainda que houvesse, por vezes, lamentos dos jovens por sofrerem certa opressão. O hebreu também constitui um dos poucos povos da Antiguidade que tinha para com o velho o respeito à sua figura da sabedoria.. 4. Érebo é considerado, na mitologia, como a personificação da escuridão primordial, o filho de Caos (que era o vazio ou vácuo de onde todas as coisas se originaram). A lenda também descreve Érebo como a Região Infernal abaixo da terra..

(6) 24. 2- O idoso na sociedade atual Para Beauvoir5 (1970, p46), no século XVI, o homem é um “composto químico” e a velhice, conseqüência de uma auto-intoxicação. Em pleno século XVIII, Galeno6 ainda conta com discípulos, entre eles, Gerard van Swieten, que tem a velhice como uma espécie de moléstia incurável. Nesse século, por força do racionalismo, tem-se uma nova escola da medicina, a iatrofísica7, de acordo com a qual o corpo humano é comparado a uma máquina, que se desgasta, após anos e anos de uso. Esta tese que encontrará defensores em boa parte do século XIX. Na medida em que avança a Revolução Industrial, com profundas mudanças tecnológicas e sociais, o idoso perde espaço na sociedade, uma vez que ele é considerado improdutivo. Surge assim, no século XIX, a teoria do vitalismo, de acordo com a qual existiria no homem um princípio vital que se enfraqueceria com a velhice e desapareceria com a morte (BEAUVOIR, 1970, p. 128). Em meados desse século, na França surgem os grandes asilos, dos quais se destaca o de Salpêtrière, em que Charcot fez inúmeras conferências sobre a velhice. No final do século XIX e início do século XX, as pesquisas para explicar o processo de senescência por uma causa única se multiplicam com Brown-Séquard, professor do Collège de. 5. Escritora francesa e feminista, Simone De Beauvoir nasceu a 9 de janeiro de 1908, e faleceu a 14 de abril de 1986, em Paris. Participante do grupo de escritores filósofos que deram uma transcrição literária dos temas do Existencialismo, é conhecida primeiramente por seu tratado Le Deuxième Sexe (1949 - O Segundo Sexo), um apelo intelectual e apaixonado pela abolição do que ela chamou o mito do "eterno feminino". Esta obra tornou-se um clássico da literatura feminista. Educada em instituições privadas, Simone freqüentou a Sorbone onde cursou filosofia e conheceu Jean-Paul Sartre, vivendo com ele por todo o resto da vida. Ela ensinou em várias escolas (1931-43) antes de escrever para se manter. Em 1945 ela e Sartre fundaram Les Temps modernes, uma revista mensal, da qual eles próprios eram os principais colaboradores. Suas novelas abordavam os principais temas Existenciais, demonstrando sua concepção do compromisso do escritor com sua época. 6. Galeno (129-200) nasceu em Pérgamo, então colônia romana e aí estudou Medicina. Foi médico de gladiadores e foi viver para Roma em 161, quando atingiu uma posição conceituada, sendo nomeado médico do filho do imperador Marco Aurélio. Galeno se baseou na Medicina hipocrática para criar um sistema de patologia e terapêutica de grande complexidade e coerência interna. Galeno escreveu sobre farmácia e medicamentos, nas suas obras se encontram cerca de quatro centenas e meia de referências a fármacos. Do ponto de vista farmacêutico, a grande linha de força do galenismo foi a transformação da patologia humoral numa teoria racional e sistemática, em relação à qual se tornava necessário classificar os medicamentos. 7. s. f. || (med. ant.) física aplicada à medicina (com referência à escola de medicina do século XVII. que explicava as doenças e a atividade orgânica antes pela física do que pela química). (Opõe-se a iatroquímica.) || (Mod.) Física médica. F. gr. latros (médico) +fsica. (AULETE, on-line).

(7) 25. France, que sustenta que o processo de envelhecimento se deve à involução das glândulas sexuais. Metchnikoff, na América, retorna à teoria da auto-intoxicação. Mas para muitos, o envelhecimento dependia da diminuição do metabolismo (BEAUVOIR, 1970 p. 131). Nesse clima de florescimento de uma nova ciência, os conhecimentos sobre o envelhecimento se desenvolvem a partir de três enfoques, o biológico, o psicológico e o social. “Em todos estes três campos ela se mantém fiel a um mesmo ponto de vista positivista: não se trata de explicar por que motivos se produzem os fenômenos, mas sim de descrever suas manifestações, de maneira sintética e com maior exatidão possível” (BEAUVOIR, 1970, p. 27). Para Silva (2008, on-line) Passa-se, então, a considerar o envelhecimento biológico como um processo próprio da vida, como o nascimento, o crescimento, a reprodução e a morte. Aos idosos caberia a adaptação a essa nova situação. Evidenciando simpatia com essa fase vida, o gerontólogo Huet8, cunha a expressão “terceira idade”. Outras expressões surgem como “melhor idade” e “maior idade”. Todas elas procuram se referir a esse período da maturidade de forma a associar a consciência de uma experiência de vida já alcançada com o despojamento das obrigações do trabalho formal, através da aposentadoria. Não obstante, esses enfoques relativamente positivos, psicólogos modernos insistem em realçar na velhice a “perda da capacidade de adaptação, diminuição da vitalidade e aumento da vulnerabilidade de todas as funções”. (VARGAS, 1993, p. 17) Na sociedade capitalista, a idéia de velhice está atrelada à idéia de lucratividade e, dessa forma, o idoso se torna um fardo. Para Beauvoir “Tudo que ultrapassa os 55 anos deve ser posto de lado, como refugo”. (BEAUVOIR, 1970, p. 11). 3- A relação do idoso com a família. A relação do idoso dentro do âmbito familiar tem dois enfoques. O ponto de vista do idoso com suas necessidades e expectativas e a família com sua organização e dinâmica nem sempre entendendo o processo que o idoso vem experimentando nessa etapa da vida. Para Teixeira (1990), perante o idoso, a família vem assumindo um papel importante na medida em que o envelhecimento da população constata um processo recente e pouco 8. Gerontólogo francês criador do termo terceira idade. (BOOKS.GOOGLE, on-line)..

(8) 26. estudado pelas ciências sociais, uma vez que a Constituição Federal de 1988 apresenta a família como base da sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do Estado “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida”. Cabendo aos membros da família entender essa pessoa em seu processo de vida, de transformações, conhecerem suas fragilidades, modificando sua visão e atitude sobre a velhice e colaborar para que o idoso mantenha sua posição junto ao grupo familiar e a sociedade. A família deve se adaptar com serenidade de forma a respeitar as necessidades dos idosos. Daí a importância de o idoso concentrar esforços para não se entregar à inatividade evitando o mais possível o sentimento de dependência da família que tanto aflige o idoso. Os idosos carregam a expectativa de receberem atenção e cuidados dos filhos e netos no momento em que perderem ou tiverem suas capacidades diminuídas, sendo este um fantasma constante a preocupar os mais velhos. O desemprego estrutural vem colocando à margem do processo produtivo significativo número da chamada população economicamente ativa. Os idosos, ainda que empobrecidos, tiveram a oportunidade de viver uma fase anterior na qual havia trabalho em abundância e salário suficiente para sustentar sua família, adquirir a casa própria e o direito à aposentadoria. Segundo Teixeira (1990), observa-se que, em alguns casos de separação conjugal ou desemprego, os filhos retornam à casa dos pais em busca de apoio. Eles se constituem para os filhos numa retaguarda e acolhimento em momentos de necessidade e se estabelecendo na família uma relação de dependência material e afetiva. E também fundamentalmente os idosos através de sua aposentadoria ajudam a sustentar suas famílias. Para Candeias (1997) as mudanças que estão ocorrendo nas representações de família nas novas gerações estão exigindo formas alternativas de convívio familiar e conseqüentemente a reformulação de valores e de conceitos. E com o avanço da idade, a pessoa necessita cada vez mais da proximidade de alguma outra pessoa, geralmente de sua família. Estas relações entre o idoso e seus familiares, assim como todas as relações humanas, passam por alguns momentos de crise, independente de ser o idoso saudável e independente ou doente e extremamente dependente. Com o aumento da expectativa de vida, as famílias passaram a se constituir por várias gerações, exigindo os necessários mecanismos de apoio mútuo entre os que compartilham o.

(9) 27. mesmo domicílio. A família, considerada tradicionalmente como o sistema mais efetivo de apoio aos idosos, vem sofrendo mudanças conjunturais e culturais. O número crescente de divórcios, a contínua migração dos mais jovens em busca de mercados mais promissores, e, o aumento de famílias em que a mulher exerce o papel de chefe, são situações que precisam ser levadas em conta na avaliação do suporte informal aos idosos (CANDEIAS, 1997, p. 209).. Ainda de acordo com Candeias (1997) essas situações geram o que se chama de intimidade à distância, em que as diferentes gerações ou mesmo pessoas de uma mesma família ocupam residências separadas. A internação dos idosos em asilos, casas de repouso e similares está sendo questionada. O custo desse modelo está requerendo medidas mais resolutivas e menos onerosas. O retorno ao modelo de cuidados domiciliares como única finalidade baratear custos e transferir responsabilidades. A assistência domiciliar aos idosos, cuja capacidade funcional está comprometida, demanda programas de orientação, informação e assessoria de especialistas. Os aspectos sociais da velhice são, portanto, determinados pela conjunção de diferentes fatores: os efeitos fisiológicos do envelhecimento; as experiências coletivas e os valores da geração mais velha; e a organização da sociedade, tal como é encontrada por essa geração ao envelhecer. Para Teixeira (1990), a promoção do envelhecimento saudável e a manutenção da máxima capacidade funcional do indivíduo que envelhece, pelo maior tempo possível, significam a valorização da autonomia ou autodeterminação, e a preservação da independência física e mental do idoso. Tanto as doenças físicas quanto as mentais, podem levar à dependência e, conseqüentemente, à perda da capacidade funcional. É contra este estado que as sociedades e os profissionais da área da saúde devem atuam preventivamente, de forma intensa e contínua.. 4- O idoso na mídia. A imagem do idoso como sendo um personagem social é explorada pela mídia, pois causa grande impacto seja invertendo o que ocorre na vida real ou então trabalhando com a.

(10) 28. dimensão de progressão do tempo (mostrando que aquele idoso poderá ser você daqui a 30 anos). Pelo visto não é só nos anúncios comerciais que os idosos chocam com sua aparição, mas também nas páginas policiais dos jornais – notícias de maus tratos, descaso, abandono em asilos. O decreto federal 1948, de 3 de julho de 1996, regulamenta a lei sobre a Política Nacional do Idoso, pela qual “todo cidadão tem o dever de denunciar à autoridade competente qualquer forma de negligência ou desrespeito ao idoso”. Isso reflete claramente o impasse entre a lei e o cotidiano, já que num grupo de 100 mil habitantes com mais de 60 anos, 249,5 morrem de homicídios, atropelamentos, tombos dentro de casa; e o que é pior, a maior parte das agressões contra o idoso vem da própria família. Ainda não se sabe como nasceu a violência dentro das famílias brasileiras em relação aos seus idosos, bem se sabe que não é nada fácil ter diariamente um conflito de gerações entre idosos e adolescentes, por exemplo, mas, com certeza, a violência não é justificada pela incompatibilidade de opiniões. O Estatuto do Idoso, num parágrafo único comunica que “prioriza o atendimento do idoso por sua própria família em detrimento do atendimento asilar...” e no art. 47, faz-se menção a linhas de ação da política de atendimento ao idoso: “serviço de identificação e localização de parentes ou responsáveis por idosos abandonados em hospitais e instituições de longa permanência”. A mídia, sobretudo a televisiva, tem presença constante no cotidiano das pessoas e em decorrência disso, exerce certa influência nos valores, opiniões e comportamento da sociedade. Analisando as formas de representação do idoso pela mídia televisiva percebe-se as mudanças ocorridas na construção dessa imagem, mudanças essas que pode-se aqui analisar como: o aumento do respeito ao cidadão idoso. De acordo com Beauvoir (1990), nas sociedades ocidentais, a velhice foi (e ainda é), ligada a uma imagem estereotipada. As imagens e mensagens influem na maneira de socialização, das relações de convivências entre diferentes gerações. Acrescenta ainda que atualmente, a imagem que a sociedade tem da velhice é uma construção do marketing comercial. A imagem que era negativa foi substituída por uma mais saudável e ativa do velho, pois se percebe que com o aumento considerável do número de idosos mostrados nos dados demográficos e com o direito a aposentadoria, a exclusão desta categoria desconsiderava uma.

(11) 29. parcela significativa de consumidores com poder aquisitivo e cada vez mais em ascensão no mercado de consumo. Estes agora dispõem de tempo, saúde e recursos para consumir e realizar atividades de lazer e com um diferencial; atividades específicas para a categoria de subsistência do velho, mas como recurso disponível para o lazer, a diversão. “O sucesso surpreendente das iniciativas voltadas para a terceira idade é proporcional à precariedade dos mecanismos de que dispomos para lidar com os problemas da velhice avançada”. (DEBERT, 1997, p. 126). Ou seja, a imagem do velho veiculada pela televisão está embasada no conhecido discurso da qualidade de vida dos mais velhos, contudo, não constitui uma realidade para todos e seu objetivo concreto está em afirmar um mercado de consumo em expansão, mas apenas para aqueles que podem pagar pelos benefícios. Assim sendo, uma medida governamental de apoio ao idoso seria dar suporte psicológico à família, para ajudar no seu relacionamento com o idoso, buscando o bem-estar dele, respeitando seu espaço, sabendo dizer quando ele está errado, orientando-o quanto aos horários de suas medicações (ou fiscalizando suas medicações), amando-o e dando-lhe a atenção que ele precisa. Um exemplo positivo a ser citado é a iniciativa do governo federal em promover a campanha de vacinação contra a gripe para os idosos; isso pode ser um indício de melhoras nos sistema nacional de saúde.. 5 - O processo de envelhecimento. 5.1 Características da velhice. Envelhecer é um processo de acumular experiências e enriquecer nossa vida através de conhecimentos e habilidade física, e em se tratando de envelhecimento no processo físico, entende-se que, é a conseqüência da passagem do tempo ou como processo cronológico pelo qual o indivíduo se torna mais velho. Essa sabedoria adquirida nos proporciona o potencial para tomar decisões razoáveis e benéficas a respeito de nós mesmos. (WAGORN, 1993) A partir do entendimento que existem “velhos” que são jovens e jovens que estão “velhos”, é necessário estabelecer duas diferenciações clássicas: envelhecimento e velhice..

(12) 30. Motta (1999 on-line) argumenta que “(...) o envelhecimento é inexorável”. É um processo que se inscreve no tempo do nascimento à morte, e um fenômeno que percorre toda a história da humanidade, mas apresenta propriedade individualizada de acordo com a cultura, com o tempo e espaço. Simões (1999, p.14) afirma que:. A expressão “velho” pode significar dano, deterioração, inutilidade, fragilidade, decadência, antigo, gasto pelo uso. Tais definições acabaram por criar uma concepção pejorativa a respeito da velhice, resumindo-a a estereótipos, preconceitos, mitos e rótulos sempre desabonadores.. Motta (1999, on-line) enfatiza ainda que “a velhice é a última fase do ciclo vital, para designar pessoas idosas”. Parece haver sentido em conceber o envelhecimento como um caminho a ser construído ao longo de toda a vida, uma vez que a sociedade constantemente atravessa situações de mutação, nas quais se faz imprescindível uma reorganização do elenco de arranjos que favorecem a sobrevivência física e psíquica de todos. Portanto, o lugar demarcado pelas pessoas dependerá sempre de uma série de relações de alteridade, mediante hábitos e costumes locais, regras jurídicas e sociais, valores culturais, tradições familiares e outras questões. Deste modo, cada fase da vida possibilita amadurecimento para melhor vivenciar as demais. O termo terceira idade é uma construção da sociedade e vem sendo empregado por se acreditar que seja isento de conotações depreciativas, como destacou Debert (1999), e para atender aos interesses de um mercado de consumo. A expressão refere-se, em geral, àquelas pessoas que ainda não atingiram idade muito avançada, estando na faixa dos 55 aos 70 anos. E inclui, fundamentalmente, indivíduos que ainda têm uma boa saúde e período livre para o lazer e para novas exigências nessa etapa da vida. Segundo Rosa (1993), alguns dos aspectos mais aparentes do processo do envelhecimento são as rugas, os cabelos brancos, a redução da capacidade de locomoção e da força física e a falta de estabilidade das mãos e pernas. As funções sensoriais são as mais afetadas pelo processo de envelhecimento: a capacidade de ouvir começa a sofrer redução, há o declínio da visão, causada pela deterioração das córneas, da lente, da retina e do nervo óptico. Ocorrem ocasionalmente consideráveis mudanças no olfato e paladar. Devido a todo esse processo, há um comprometimento da coordenação motora e uma crescente diminuição.

(13) 31. do rendimento motor desses indivíduos, podendo ser observadas regressões gradativas nas atividades habituais, profissionais ou psíquicas. Comparando pessoas inativas na prática esportiva com pessoas ativas nesta fase, as diferenças individuais são muito mais aparentes, pois a dificuldade de movimentos conduz à atrofia da habilidade motora. Entende-se que o envelhecimento é um procedimento múltiplo e complexo de mudança ao longo da vida, com incrementos, reduções e reorganizações de caráter funcional e estrutural, influenciado pela integração de fatores sociais e comportamentais. A velhice é uma das fases mais extraordinárias da vida, que chega bem lentamente, mas, de repente, a pessoa é considerada velha pelos outros e não consegue identificar bem este momento.. 5.2 - Aspectos gerais do envelhecimento. Segundo Pikunas (1979), desde a nossa concepção até a morte ocorrem constantes modificações no nosso organismo, como: desenvolvimento, puberdade, maturidade ou estabilização e envelhecimento. No envelhecimento ocorrem modificações das funções em diversos órgãos; essas modificações recebem o termo eugéricas, diferente das produzidas por enfermidades que são as patogéricas. Embora as alterações funcionais variem em grau de intensidade de indivíduo para indivíduo, é possível encontrá-las em todos os idosos, visto que são características próprias dessa fase da vida. Quando essas alterações associam-se com maior prevalência de doenças crônicas podem levar à deterioração da habilidade de manutenção da independência. Explica-se, dessa forma, o motivo pelo qual o idoso é muitas vezes dependente. Existe grande número de processos ou transformações que ocorrem no indivíduo e que devem ser analisados para que se possa classificá-lo quanto ao seu envelhecimento. (NETTO, 1997). A área que estuda o processo de envelhecimento é denominada de gerontologia. Barbanti (2003, p. 291), a define como “estudo das mudanças físicas mentais que acontecem no envelhecimento, e a maneira de manter a saúde e a vitalidade após a idade do alto jovem”. Gerontologia também é definida por Kato, (2003, p. 210) como “a ciência que estuda os problemas do velho sob todos os aspectos: biológicos, clínicos, histórico, econômicos e sociais”..

(14) 32. De acordo com Weineck (2000), nessa ciência há diferentes relações e significados entre idade cronológica, idade biológica, idade social e idade funcional. A idade cronológica fornece informação em uma escala numérica baseada na data de nascimento de uma pessoa. Já idade biológica corresponde ao processo de maturação dos órgãos, ou seja, as condições em que os tecidos se encontram, comparado com as taxas consideradas normativas. A idade psicológica refere-se à maturação mental, a soma das experiências de um indivíduo. A idade social é determinada pelas estruturas de uma sociedade; vê por fim, a idade funcional como a relação entre todas as idades, considerada a verdadeira idade. Para Corazza (2005), a idade cronológica em si não pode ser um fator determinante para o envelhecimento, pois não levam em consideração aspectos fisiológicos, biológicos e sociais de um indivíduo. Uma pessoa pode ser biologicamente mais nova em relação à idade cronológica por possuir hábitos saudáveis e vice-versa; uma outra pessoa pode ser biologicamente mais velha em relação à idade cronológica por possuir fatores de risco para saúde. Existem vários conceitos para o processo de envelhecimento. Esse é a alteração irreversível do organismo por causa do tempo, também considerado como um conjunto de manifestações que diminui o prazo de expectativa de vida com o decorrer da idade. Resumindo, o processo de envelhecimento é um conjunto de maturação de todas as idades, cronológicas, biológicas, psicológicas, social e funcional, que reduz a capacidade do indivíduo em adaptações e desempenho. No envelhecimento deve se diferenciar o envelhecimento fisiológico do patológico. O envelhecimento fisiológico é alteração dos órgãos e tecidos e o envelhecimento patológico é a insuficiência de um órgão ou sistema. (WEINECK, 2000). Segundo Géis (2003, p. 9) A velhice é mais uma etapa da vida e devemos nos preparar para vivê-la da melhor maneira possível. Nascemos, crescemos, amadurecemos, envelhecemos. Deve-se aceitar todo processo e adaptar-se física e psicologicamente à idade como uma de suas etapas. Para poder viver uma velhice sadia tem que se preparar para essa fase e, convenhamos, são muitos anos que se tem para essa preparação. A vida do idoso é uma vida rica, pois já passou por diversos problemas e obstáculos. Não se pode abalar com as preocupações; devem-se aceitar as situações com otimismo e procurar atividades para ocupar o tempo livre, auxiliando o idoso a compreender melhor sua condição, além de sentir e aceitar a si mesmo..

(15) 33. 5.3 - Aspectos físicos e fisiológicos. Como declínio gradual das aptidões físicas, o impacto do envelhecimento e das doenças, o idoso tende ir alterando seus hábitos de vida e rotinas diárias por atividades e forma de ocupação pouco ativa. Os efeitos associados à inatividade e a má adaptabilidade são muitos sérios. Podem acarretar numa redução no desempenho físico, na habilidade motora, na capacidade de concentração de reação e de coordenação, gerando processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda de motivação, isolamento social e a solidão. (PIRES, 2002, p. 2). Debert (1999) analisa o desenvolvimento humano em três partes. A primeira parte pode ser reconhecida como fase de crescimento caracterizada pela aquisição e habilidades funcionais que torna o indivíduo apto a se reproduzir. A segunda chamada à fase reprodutiva, caracterizada pela capacidade de reprodução do indivíduo que garante a reprodução da espécie. Por fim a renescência, caracterizada pelo declínio da capacidade funcional do organismo. De acordo com Pikunas (1979, p. 441) O processo de envelhecimento está geneticamente programado por limitações que preservam um estado ordenado do organismo, as quais aumentam com a idade. É caracterizada por transformações ocorrentes no organismo segundo uma ordem: desenvolvimento, nascimento, crescimento, maturidade, envelhecimento e morte. Leva em consideração a cronologia feita pela nossa sociedade.. Para Smith (1995), a contagem que vai determinar se o indivíduo é velho ou não é caracterizada por dias, meses e anos. Com o envelhecimento ocorre a perda progressiva de funções sensoriais e motoras, a degeneração dos tecidos e o implacável colapso do organismo. De acordo com Jacob (1995), o processo biológico é caracterizado por transformações progressivas e irreversíveis em função do tempo, representando uma etapa do desenvolvimento individual onde o catabolismo é maior que o anabolismo. A literatura enumera algumas características como: . Diminuição progressiva e irreversível da energia livre disponível no. organismo; . Perdas celulares;. . Enfermidades degenerativas próprias da velhice, como conseqüência geral;.

(16) 34. . Diminuição gradual da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio. ambiente; . Aumento do tecido conjuntivo no organismo;. . Perda gradual das propriedades elásticas dos tecidos conjuntivos;. . Desaparecimento de elementos celulares do sistema nervoso;. . Redução da quantidade de células do funcionamento normal;. . Aumento da quantidade de gordura;. . Diminuição do consumo de oxigênio;. . Diminuição da quantidade de sangue que o coração bombeia em estado de. repouso (braquicardia); . Diminuição do processo respiratório (processo mais lento);. . Diminuição da força muscular;. . Diminuição hormonal (excreção das glândulas sexuais, supra-renais);. . Perda de osseína e sais de cálcio (osteoporose/hipocalcemia);. . Perdas hídricas (líquidos), redução da água corporal e do consumo basal de. oxigênio; . Deslocamento funcional da musculatura dos pés e pernas;. . Aumento da espessura dos tecidos dos vasos das cápsulas articulares;. . Diminuição da “elasticidade ao choque” das mesmas;. . Diminuição da capacidade de coordenação e da habilidade;. . Deficiência auditiva e visual;. . Decréscimo do número e do tamanho das fibras musculares;. . Diminuição da atividade elétrica do cérebro;. . Baixa taxa de absorção de calorias;. . Decréscimo de permeabilidade da membrana bocal dos capilares;. . Alterações degenerativas arterioscleróticas;.

(17) 35. . Hipertensão;. . Diminuição da mobilidade da caixa torácica;. . Menor elasticidade pulmonar e do número de alvéolos e capilares pulmonares;. . Capacidade vital diminuída;. . Aparelho locomotor, ossos menos sólidos, ligamentos e tendões mais fracos,. cápsulas articulares com menos líquido sinovial; . Aparelho respiratório mais fraco, deformação na coluna vertebral, devida. também à gravidade, ajudando na perda de elasticidade pulmonar; . Circulação sangüínea, arteriosclerose, varizes, vasos diminuem de tamanho;. . Coração diminuiu a capacidade de desempenho devido à má circulação e perda. da elasticidade das veias; . Sistema nervoso, diminuição da ação e reação, fadiga e vertigens;. . Metabolismo, modificações a níveis celulares, problema de alimentação, fraca. resistência a doenças; . Insuficiência cardíaca;. . Aneurisma dissecante;. . Lesões valvulares;. . Cardiomegalia;. . Inflexibilidade do marca-passo;. . Infarto e pós-infarto;. . Fortes. insuficiências. coronárias,. apresentando. eletrocardiográficos em esforço com cargas mínimas; . Aneurisma da parede cardíaca;. . Embolias recentes na pequena ou grande circulação;. . Grave lesão da função ventilatorial;. . Moléstias infecciosas agudas;. . Trombo flebites;. sintomas. subjetivos. e.

(18) 36. . Isquemia cerebral recente;. . Hipertensão arterial interna estabilizada;. . Doenças metabólicas não controladas: diabete, hipertireoidismo;. . Obesidade marcante e. . Perturbações eletrolíticas. Durante o envelhecimento sofremos alterações fisiológicas, as quais podem caracterizar a redução da força, redução do volume muscular e aumento do tecido não contrátil, assim como a presença de gordura no tecido conectivo do músculo esquelético e ocorre aproximadamente aos 25 anos e se tornam mais pronunciadas com 50 anos de vida. As fibras brancas, responsáveis pela contração rápida, com o envelhecimento, reduzem de tamanho, enquanto que as fibras vermelhas permanecem inalteradas. A redução da área de secção transversa do músculo também diminui em número de fibras no processo de envelhecimento. O envelhecimento parece provocar redução no número de fibras vermelhas, assim como a branca, e como ocorre uma redução no número de unidades motoras, esse fenômeno caracteriza a perda de neurônios motores alfa da medula espinhal e subseqüente degeneração de seus neurônios. As unidades remanescentes aumentam de tamanho, redução na capacidade em gerar força com alta velocidade. (MATSUDO, 2002 on-line).. 5.4- aspectos psicossociais. “A pressão social pode ser tão forte que os envelhecidos preferem comportarse de tal forma, pois manifestar incompetência é encontrar, para muitas situações, a forma inteligente de ser aceito e viver melhor”. (SALGADO, 1982, p. 47).. De acordo com Debert (2005), no Brasil, impõe-se à sociedade o conceito de que o avançar na fase idosa da vida é um processo contínuo de perda de capacidades e de aumento da dependência, sendo responsável por um conjunto de imagens negativas relacionadas à terceira idade. Partindo do princípio que o Brasil em que vivemos é um país capitalista, se observa mudanças ocorridas no sistema produtivo, especialmente na forma como elas definem o mercado de trabalho através da faixa etária. Nesse contexto, onde coexistem problemas diretamente relacionados a outros segmentos etários, torna-se difícil sustentar um diagnóstico otimista quanto à evolução da capacidade de prover respostas adequadas à crescente demanda da população idosa. Pesa, é claro, o envelhecimento progressivo de população ser uma conseqüência natural do processo de desenvolvimento de uma sociedade, mais do que uma sensação de júbilo, esse fenômeno começa a gerar uma inquietante preocupação no Brasil..

(19) 37. Não é difícil perceber que a família, comunidade, nem mesmo o poder público parecem estar suficientemente preparados para essa nova realidade demográfica. Ao contrário, no Brasil o processo de modernização vem acabando com os poucos e tradicionais mecanismos de amparo aos idosos, sem conseguir, ainda, prover novos mecanismos de bem-estar e proteção social típico do estado, principalmente nas regiões mais desenvolvidas. (SAAD, 1992, p. 25). Para Salgado (1992), o século atual herdou e desenvolveu uma imagem negativa no que se refere à terceira idade, sobretudo quanto à fragilidade biopsíquica e a decadência física dos idosos. Isso aconteceu exatamente em uma época em que crescia a moral que valorizava os indivíduos por sua força física e capacidade de produção. Como resultado, a importância social dos idosos e as funções a eles atribuídas tornaram-se praticamente inexpressivas, ressaltando-se, no idoso, apenas os fatores de perda e decadência, e jamais enaltecendo suas conquistas. Segundo Schirrmacher (2005), acredita-se que o surto do envelhecimento representará, futuramente, um problema grave. É de se supor que por muitos anos haverá um confronto permanente, tanto na política interna quanto na externa, com o problema do envelhecimento coletivo de nossa sociedade. Assim sendo, poderá transformar-se em uma epidemia mundial, pois o crescimento da população na faixa da terceira idade em certos países já se opõe às enormes taxas de natalidades e de população jovem de outras partes do mundo. Tudo indica que os efeitos do envelhecimento serão palpáveis intercontinentalmente. As mudanças serão globais, pois afetarão indiscriminadamente tanto os países em desenvolvimento, quanto os industrializados. Para Pivetta (2003), é fato que os países em desenvolvimento têm em sua população um grande número de jovens despreocupados com a saúde e que, tampouco, praticam qualquer tipo de atividade esportiva. Em longo prazo, isso baixará a idade média desses países, não podendo esperar que no futuro a população idosa chegue a ultrapassar a jovem. Assim, observa-se a grande preocupação governamental e social no que se refere ao processo de envelhecimento, devido ao fato do idoso corresponder a uma grande parcela da população, trazendo consigo o aumento do gasto financeiro do governo, no que tange a aposentadoria e a saúde pública. Em derradeiro, a criação da aposentadoria é algo que merece atenção, ou seja, traçar a história de um conjunto de fatores e transformações que acompanham o desenvolvimento capitalista e estabelecem uma relação indissociável entre o fim do trabalho assalariado e o último estágio da vida do indivíduo. Portanto, a aposentadoria não é mais considerada uma.

(20) 38. passagem para terceira idade, ou uma forma de subsídio da nova fase de vida do indivíduo por este não mais estar capacitado para o desempenho de um trabalho produtivo. O crescimento dos aposentados acarretou um aumento dos gastos financeiros, situação onde idosos são vistos como indivíduos sedentários e inativos, que consomem de maneira avassaladora os recursos públicos que poderiam ser alocados para outros setores da sociedade. (DEBERT, 2005). De acordo com Debert (1996), o aposentado não é apenas um número de benefícios atrelados a um valor mensal, e sim um indivíduo, um ser humano que deve ser tratado com total respeito pelos vários anos de dedicação e trabalho para o desenvolvimento de nosso país. Dessa forma, os jovens que conseguirem se transformar em adultos produtivos bem sucedidos ao longo de toda a sua vida profissional, indubitavelmente gozará de prestígio e conforto quando atingirem a terceira idade, enquanto que os demais ficarão à mercê de uma convivência com o desafeto e falta de respeito. A partir desses relatos poder-se-á enumerar críticas essenciais no trato da situação dos idosos na sociedade brasileira. A relação entre família e o idoso é sabidamente muito importante, especialmente no momento de crise pela qual o idoso passa. A melhor alternativa é, sem dúvida, permanecer no ambiente familiar, mesmo que a pessoa apresente o fenômeno do “isolamento”, muitas vezes agravado pela precariedade das condições econômicas da própria família e da situação econômica atual do Brasil. Para o idoso, é muito difícil aceitar a situação de ser esquecido ou isolado, ou até mesmo de sentir-se um problema para os outros. Ainda que residindo em bons asilos ou instituições para idosos, é unânime a reação de todos os idosos que dizem não merecer este tratamento, uma vez que dedicaram suas vidas totalmente aos seus filhos. (BALLONE, 2006 on-line). É importante ressaltar que, de acordo com fontes do IBGE, este quadro está em constante mudança: no Brasil a situação do idoso há dez anos atrás era muito mais precária que a do idoso de hoje. A família e a sociedade já desempenham um papel bem diferente. Para Ballone (2006): “Hoje em dia, apesar de ainda ser necessária umas reestruturações econômicas, sociais, culturais e familiares, já se pode dizer que nossos idosos possuem tratamento melhor e são mais respeitados do que há alguns anos” . Em decorrência, precisamos identificar de que forma se realiza a comunicação familiar; se existe troca de informação e de opiniões, ou até mesmo se acontecem demonstrações de carinho e afeto; se há diálogo, enfim, se a opinião do idoso ainda é importante nas decisões familiares. A inexistência desse tipo de comunicação é que gera o isolamento em relação à própria família e à sociedade. (UNATI, 2002)..

(21) 39. De acordo com Debert (2004), no Brasil houve um grande aumento de programas voltados ao idoso, como por exemplo, “O Grupo de Terceira idade”, “Escolas Abertas”, “Grupo de Convivência de Idoso”. A fim de encorajar o idoso a recuperar sua autoconfiança, a ajudá-lo no conhecimento de si mesmo, oferecendo-lhe o suporte necessário para enfrentar as dificuldades no seu dia-a-dia, (tais como a diminuição de suas habilidades cognitivas no uso da linguagem e capacidade de comunicação) vitais para que uma pessoa seja autônoma e aceita pela sociedade; ajude-o no controle físico, ou seja, necessidade de controlar os movimentos do corpo (movimentos dos membros, rosto e cabeça); no grau de capacidades motoras, necessárias para as ações de sentar-se, ficar de pé ou andar. Assim como a capacidade de reter os fluidos corporais e no controle emocional, no que se refere à necessidade de controlar a expressão das suas emoções (raiva, ira, inveja, ódio, choro, amor, desejo), de modo que, eventuais explosões emocionais, e a perda do controle somente aflorem em determinadas ocasiões e de forma que possam ser socialmente sancionadas e aceitáveis. Com isso, observa-se a crescente preocupação com a fase da terceira idade e com a melhoria da qualidade de vida dos idosos na sociedade brasileira, que buscam reencontrar seu lugar na sociedade e recuperar, assim, sua auto-estima. Parafraseando as idéias de Debert (2004), o idoso necessita de liberdade e independência, valores positivamente qualificados que dão à vida cotidiana uma nova dimensão de bem-estar. Esse bem-estar é construído através da oposição entre a liberdade atual e as demais etapas anteriores de sua vida, sobretudo a juventude.. 5.5 - Terminologia do envelhecimento A palavra envelhecimento traz em si a conotação de perdas, declínio, doença, castigo e proximidade do fim da vida. Isso age na imaginação das pessoas e produz mitos gerados por crendices e lendas na busca da imortalidade e das tentativas de prolongar a juventude. O envelhecimento humano é definido de diferentes modos, conforme seja dirigido o foco de atenção aos fatores, ou seja, ambientais, genéticos, biológicos, psicológicos, sociais ou culturais. Em relação aos fatores genéticos e biológicos, encontram-se definições como as que se seguem:.

(22) 40. Para Weineck (1991) e Hayflick (1996), o envelhecimento representa perdas na função normal para os membros da mesma espécie, que ocorrem desde a maturação sexual até a longevidade. Jordão Netto (1997, p. 76), diz que:. “o envelhecimento é o processo natural, dinâmico, progressivo e irreversível, que se instala em cada indivíduo desde o nascimento e o acompanha por todo o tempo de vida, culminando com a morte.”. Quantos aos fatores psicológicos e sociais do envelhecimento verificam-se outras definições como: Otto (1987, p. 112), afirma que “o homem, à medida que envelhece, perde papéis e funções sociais e, com isso, afasta-se do convívio de seus semelhantes”. Salgado (1979) chama a atenção para o fato de que muitos indivíduos se vêem fisicamente envelhecidos, mas não se sentem velhos. Diante destas diferentes definições de envelhecimento e dos fatores que o influenciam, questiona-se: Quais as formas de classificação/representação que definem se a pessoa está em idade avançada? . Idade do meio: é a idade entre os 45 e 60 anos, aproximadamente, conhecida como idade pré-senil. Nesta fase, aparecem os primeiros sinais do envelhecimento, que representam, freqüentemente, tendências ou pré-disposição ao aparecimento de doenças, sendo importante à intervenção preventiva.. . Senescência gradual: idade entre 60 e 70 anos, que se caracteriza pelo aparecimento de processos mórbidos, típicos de idade avançada.. . Senilidade conclamada ou velhice: inicia-se por volta dos 70 anos de idade, quando se encontra o velho ou ancião no sentido estrito. É a fase em que são mais relevantes os problemas assistenciais em termos médicos, sociais e de reabilitação.. . Grande velho ou longevo: esta idade é definida para indivíduos com mais de 90 anos.. A Organização Mundial de Saúde (OMS, 2008) considera idoso todo indivíduo com 65 anos ou mais, que reside nos países desenvolvidos, e com 60 anos ou mais, residentes em.

(23) 41. países em desenvolvimento. Percebe-se que a definição de idoso da OMS está diretamente ligada à qualidade de vida propiciada pelos países aos seus cidadãos. Com ênfase no aspecto cronológico, Rodrigues (2000, p. 192), destaca um geriatra chileno, criador da seguinte classificação etária: . Primeira idade: 0 a 20 anos. . Segunda idade: 21 a 49 anos. . Terceira idade: 50 a 77 anos. . Quarta idade: 78 a 105 anos. Alguns psicólogos dividem a maturidade em três etapas e suas respectivas idades cronológicas: . Maturidade inicial: 20 a 40 anos. . Maturidade média: 41 a 65 anos. . Maturidade tardia: 66 anos em diante. Na maturidade tardia haveria três ramos: o idoso jovem (65 a 74 anos), o idoso velho (75 a 85 anos) e a manutenção pessoal (acima de 86 anos). O limite baseado em idade cronológica para ser idoso (60 anos) caracteriza o marco inicial da velhice. Embora esse dado seja utilizado pela maioria dos estudiosos da área, é apenas um marco cronológico, o qual, na maior parte das vezes, não corresponde à idade biológica do indivíduo. Para Santos (2000) o critério cronológico é um dos mais utilizados para estabelecer o início do processo de envelhecimento, até pela necessidade de delimitar a população em estudo, ou para análise epidemiológica. Porém, o envelhecimento não pode ser definido só pelo plano cronológico, pois outras condições (físicas, funcionais, mentais e de saúde) podem influenciar diretamente nesse processo, indicando, ao mesmo tempo, que o envelhecimento é individual. Ainda de acordo com Santos (2000,p.77-83), o referido autor define os diferentes tipos de envelhecimento:.

(24) 42. . Envelhecimento biológico: processo contínuo durante toda a vida, com diferenciações de um indivíduo para outro, quando alguns órgãos envelhecem mais rapidamente que outros.. . Envelhecimento social: ocorre de formas diferenciadas em culturas diversas e está condicionado à capacidade de produção do indivíduo, tendo a aposentadoria como seu referencial mais marcante.. . Envelhecimento intelectual: inicia-se quando a pessoa apresenta falha de memória, dificuldade de atenção, de orientação e de concentração, enfim, quando apresenta modificações desfavoráveis em seu sistema cognitivo.. . Envelhecimento funcional: acontece quando o indivíduo começa a depender de outros para realizar suas necessidades básicas ou tarefas habituais.. Birren e Schroots (1995, p. 46) consideram o aspecto biológico sob três fases:. . Primário: são as mudanças intrínsecas ao processo de envelhecimento. São irreversíveis, progressivas e universais (exemplo: aparecimento de rugas, perda de massa óssea e muscular etc.);. . Secundário: são as mudanças causadas por doenças ligadas à idade, à medida que o tempo vivido significa o aumento da probabilidade de exposição a fatores de risco (ex: doenças cérebro vasculares, cardiovasculares, esclerose múltipla etc.);. . Terciário: refere-se ao declínio terminal, caracterizado por um grande aumento das perdas num período curto, resultando na morte.. Além dos tipos de envelhecimento acima, a Organização das Nações Unidas (ONU 1982), através da resolução 39/129, dividiu o ciclo de vida sob o ponto de vista econômico, considerando o homem enquanto força de trabalho, que produz e consome os bens produzidos:  Primeira idade: as pessoas que só consomem - idade improdutiva (crianças e adolescentes);  Segunda idade: as pessoas que produzem e consomem - idade ativa (jovens e adultos);.

(25) 43.  Terceira idade: as pessoas que já produziram e consumiram, mas que, pela aposentadoria, não produzem e só consomem - idade inativa (idosos).. Rodrigues (2000, p. 46), ainda define as idades como:. . Idade cronológica: é o tempo de vida a partir do momento do nascimento, o número de anos vividos por uma pessoa tomando-se por base a expectativa média de vida da sociedade em que ela vive;. . Idade biológica: condição ou estado em que o corpo se apresenta, não estando necessariamente relacionado com a idade cronológica (pessoas que aparentam possuir outra idade);. . Idade psicológica: é o resultado das experiências pessoais e de relacionamentos, da riqueza vivenciada e acumulada ao longo dos anos, considerado o aspecto cognitivo;. . Idade social: é determinada por regras e expectativas sociais. As pessoas são caracterizadas em função de seus direitos como cidadão, com tarefas a serem desempenhadas de acordo com a idade cronológica e biológica. Por exemplo: aos 7 anos, ingresso na escola; aos 16 anos, direito de voto; aos 18 anos, serviço militar etc.. A partir desse princípio, encontrar-se-ão algumas considerações sobre as terminologias e representações mais utilizadas para definir a pessoa em idade avançada. São elas: velho, idoso, terceira idade, melhor idade, maior idade, idade feliz, entre outras. Na França, o termo “velho” ou “velhote” era designado ao indivíduo que não possuía bens ou que era indigente. A expressão estava associada à decadência e incapacidade para o trabalho. No Brasil, o termo velho começou a ser evidenciado com conotações afetivas ou pejorativas, dependendo da entonação ou do contexto abordado. Peixoto (1998), ao analisar os termos “idoso” e “velho”, chama a atenção para designações que a sociedade brasileira apresenta. O termo idoso designa pessoas mais velhas, os velhos mais respeitados, mais ricos; e o termo velho é atribuído a pessoas mais pobres e.

(26) 44. com maiores traços de envelhecimento. O termo terceira idade representa a velhice como uma nova etapa da vida, expressa pela prática de novas atividades sociais e culturais. Para Novaes (1991), a expressão terceira idade é considerada mais aceitável do que velho. Assim, além dos termos mais utilizados (velho, idoso e terceira idade), há outras terminologias influenciadas pela mídia. “O termo melhor idade leva em consideração que o corpo não tem idade cronológica, e a mente não tem fronteira. Isso pode determinar uma nova concepção de envelhecimento” (CHOPRA, 1994, p. 303).. Os termos “feliz idade”, “maior idade”, “idade feliz” e “boa idade” muitas vezes são utilizados com o objetivo de atrair os idosos ao mercado de consumo, portanto, sob interesses econômicos, políticos e sociais.. 5.6 - Razões que levam o idoso a participar de grupos de convivência A inserção de idosas em grupos de convivência, muitas vezes fundados por meios públicos ou privados aumenta na medida em que há um acréscimo no número de indivíduos com 60 anos ou mais. A medida que os anos passam o organismo humano sofre modificações significativas, os problemas de saúde aparecem e o idoso passa a enfrentar limitações na realização das atividades da vida diária. E visando prolongar o tempo de vida com saúde, é necessário que o idoso, continuamente, mantenha-se realizando atividades físicas e participando da vida social. Segundo Soya (1998), a participação dos idosos em Universidades contribui para o seu cotidiano, em relação à saúde, bem-estar físico e mental, auto-estima, aceitação da velhice e suas limitações e a busca por melhores condições de saúde é uma das razões que os levam a participar de grupos da terceira idade. Além da necessidade do restabelecimento da saúde física, os idosos participam dos grupos de convivência, também pelo sentimento de solidão. O sentimento de solidão e desesperança permeia a vida da pessoa idosa que sofre de abusos, tanto por meio da família quanto de indivíduos externos, e buscando amenizar estes sentimentos, os idosos são estimulados a freqüentar grupos de terceira idade, pois estes oferecem espaço para compartilhar suas vivências, pois “o idoso têm necessidade de participar das atividades de lazer para não se sentir sozinho”. (CALDAS, 1992, p. 28) A participação de idosos nos grupos de convivência, leva a um aprendizado, uma vez que.

(27) 45. compartilham idéias, experiências e, também, ocorre reflexão sobre o cotidiano da vida dessas pessoas. A possibilidade de ter um espaço, no qual se podem realizar diferentes atividades e, ao mesmo tempo, conversar, sorrir e estar com outras pessoas é referido pelos entrevistados do estudo, como sendo um ponto positivo para os participantes. Para além de poder estar integrado a um determinado grupo, os idosos têm oportunidade de assumir a coordenação destes grupos. Esta situação favorece a auto-estima, valoriza a pessoa e faz com que o idoso exerça sua cidadania. Segundo Debert (1999) saúde é poder sair de casa, conversar, passear, não ter conflitos e ter boas condições de habitação. Porém ressalta que em algumas situações, há preconceito em relação às pessoas que participam, pois freqüentar o grupo é reconhecer que está nesta faixa etária e ser velho é, ainda, visto pela sociedade como um ser inútil, improdutivo e incapaz, sendo assim, discriminado e excluído. Ao ingressar em um grupo de convivência, tanto a pessoa idosa como seus familiares, buscam a valorização do idoso como indivíduo socialmente útil, com possibilidade de resgatar sua cidadania. O apoio, o incentivo e o reconhecimento dos familiares são percebidos pelo idoso como um reforço para que ele continue a participar de um grupo. Considerando que todos os indivíduos têm necessidade de suporte familiar e social, intensificando-se na velhice. (PEIXOTO, 1997) O envelhecimento provoca alterações orgânicas, reduzindo a capacidade do idoso, impedindo-o de realizar atividades cotidianas e ao freqüentar um grupo de convivência, os há mudanças significativas em relação à saúde. Peixoto (1997, p. 326) ao realizar um estudo sobre qualidade de vida na velhice afirma que “uma das maneiras do indivíduo avaliar o seu estado de saúde é cotidianas”. Além disso, a possibilidade de manter vínculo de amizade com outras pessoas, dialogar e compartilhar os problemas que comumente estão presentes na vida desses indivíduos faz com que eles expressem que obtiveram resultados na sua saúde mental. Para Peixoto (1997), a partir da concepção de basear-se no seu desempenho próprio, ou seja, na sua capacidade de desenvolver suas atividades que a terceira idade é uma etapa de independência, maturidade e tempo de usufruir, atribuições ligadas ao dinamismo, à atividade, ao lazer, os idosos passam a invadir, progressivamente, os espaços públicos, criando.

Referências

Documentos relacionados

b) Execução dos serviços em período a ser combinado com equipe técnica. c) Orientação para alocação do equipamento no local de instalação. d) Serviço de ligação das

nesta nossa modesta obra O sonho e os sonhos analisa- mos o sono e sua importância para o corpo e sobretudo para a alma que, nas horas de repouso da matéria, liberta-se parcialmente

O candidato deverá apresentar impreterivelmente até o dia 31 de maio um currículo vitae atualizado e devidamente documentado, além de uma carta- justificativa (ver anexo

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

3.3 o Município tem caminhão da coleta seletiva, sendo orientado a providenciar a contratação direta da associação para o recolhimento dos resíduos recicláveis,

A garantia definida na Secção 2.1 não inclui: (1) qualquer garantia relativa ao Software; (2) instalação ou remoção física do produto das instalações do

Este estágio despertou-nos para a realidade profissional e a importância do papel do farmacêutico como profissional de saúde, contribuindo, não só para a

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos