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Academic year: 2021

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CATEGORIA: EM ANDAMENTO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS ÁREA:

SUBÁREA: Psicologia SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP INSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): MARLON CORRÊA DO NASCIMENTO AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): JÚLIA DAHER FINK ORIENTADOR(ES):

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A Psicologia desde seu projeto de profissionalização foi pensada de uma forma que atingisse todas as classes sociais e tivesse uma perspectiva preventiva, diferente do modelo clínico que era corretivo. Mesmo com as possibilidades de diversos campos de atuação, a Psicologia ainda concentra a maior parte de seus esforços na atividade clínica; apesar do acréscimo de acesso a cursos de graduação pelas classes médias e baixas e do aumento de cursos de formação de psicólogos, a Psicologia não consegue atingir de forma expressiva as classes baixas; com isso as populações com mais vulnerabilidade social deixam de receber o apoio da Psicologia e a Psicologia, enquanto ciência, deixa de construir um importante conhecimento acerca desses sujeitos. Esse trabalho buscará analisar através de entrevistas baseadas em questionários, realizadas com psicólogos e pessoas pobres, qual a relação entre Psicologia e as classes baixas e a perspectiva de uma Psicologia preventiva com essa população. Também buscará responder se a Psicologia tem uma atuação significativa com essas pessoas e qual a representação de um psicólogo para essas classes providas de menores recursos financeiros, quais os principais impedimentos para que a Psicologia e as classes pobres se relacionem de formas benéficas para ambos e investigará casos onde a Psicologia e as classes baixas têm uma relação de proximidade com uma compreensão preventiva da prática de atuação.

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2. MÉTODO 12

3. DESENVOLVIMENTO 14

4. RESULTADOS PRELIMINARES 15

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1. INTRODUÇÃO

A história da Psicologia no Brasil se divide em quatro períodos: pré-institucional (até 1833), pré-institucional (1833 - 1934), universitário (1934 – 1962) e profissional (1962-até os dias de hoje) (Pereira & Pereira Neto, 2003). O que define as transições dos períodos são: em 1833, quando foram criadas faculdades de Medicina no Rio de Janeiro, 1834 quando foi criado o primeiro curso de Psicologia na Universidade de São Paulo e 1962 quando foi regulamentada a profissão (Pessotti, 1988).

Segundo Antunes (1998), no período pré-institucional, anterior a concepção da Psicologia enquanto ciência (algo que só iria se realizar no último quartel do século XIX), o que existia era uma preocupação com fenômenos psicológicos. Foram publicados estudos feitos por observação ou experimentação sobre: emoções, crianças e processo educativo, o papel da mulher na sociedade, trabalho e ociosidade sobre a perspectiva moral, o caráter preguiçoso do brasileiro e psicopatologia. Apesar de o Brasil ter sido por um longo tempo colônia de Portugal, observa-se uma ausência de trabalhos, nessa época, que abordem os efeitos desse processo; evidenciando que as temáticas tratadas são adequadas ao momento sócio histórico do país, mas serviam em sua maioria as demandas das classes dominantes.

Na fase institucional os estudos dos fenômenos psicológicos passaram a serem vinculados às instituições então criadas e as pesquisas foram geradas fundamentalmente pela Educação e Medicina. O fim da condição colonial no país, permitiu o desenvolvimento de várias instâncias da formação social brasileira: a criação de cursos superiores, impressão de livros e surgimento de várias instituições. A produção de estudos dos fenômenos psicológicos foi fruto da sociedade brasileira em transformação, mudanças econômicas e urbanização trouxeram à tona novos problemas ou explicitação de problemas antigos, nesse

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contexto Medicina e Educação foram chamadas para contribuir com a solução dos problemas (Antunes, 1998). Os fenômenos psicológicos discorridos na Educação tratavam de temas como fundamentos da vida psíquica e fenômenos psíquicos específicos (percepção, emoção, cognição, motricidade etc.); na Medicina tratavam de questões relacionados à higiene, buscando uma normatização da sociedade, uma sociedade livre de desordem com indivíduos sadios, pensamento que fundamentava a eugenia social. Os estudos dos eventos psicológicos na Educação, nesse período, têm grande importância para a concepção de inteligência como faculdade complexa, assim como a os estudos da Medicina Social iniciavam os primeiros estudos psicossociais no país; apesar da autonomia conquistada pelo país, fruto da independência, os estudos dos fenômenos psicológicos no Brasil eram norteados pela ótica do controle e ajustamento social da população, o que afastou o foco das verdadeiras causas da desigualdade no país, em uma época onde a nação atravessava importantes lutas por liberdade e o fim da escravatura.

No terceiro período os avanços da Psicologia no Brasil foram favorecidos pela sua consolidação como ciência autônoma na Europa e nos Estados Unidos, somado às preocupações de intelectuais com o progresso e modernização do Brasil no processo de industrialização. A Psicologia e outras áreas do conhecimento contribuíram para os problemas relativos à saúde, educação e organização do trabalho. A propagação de hospícios e manicômios judiciários colaboraram nos estudos de psicopatologias e atribuições de imputabilidades à alguns doentes, mas fortaleceu ideias racistas que atribuíam doenças as características de heranças genéticas, o que promoveu um genocídio dos descendentes de escravos dentro dos hospícios (Arbex, 2013). Nesse momento foi criado o primeiro laboratório de Psicologia dentro de instituições educacionais, que revelou autonomia teórica e prática que foram base para a Psicologia emergir como ciência, no entanto, alguns intelectuais dessa área atribuíam o atraso do país à diversidade de matrizes que compunham a sociedade, sobretudo a presença da etnia negra; o desenvolvimentos de testes psicológicos foram fomentados pela Psicologia na organização do trabalho que se adequou às demandas empresariais por produtividade e orientação profissional. Torna-se indispensável referir a importância de Ulysses Pernambuco, Helena Antipoff e Manoel Bonfim que se esforçaram assiduamente para que os

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estudos dos fenômenos psicológicos não fossem somente serventes de uma elite com ideários higienistas e racistas, buscando simplesmente adequação técnica da população para a industrialização. Ulysses Pernambuco pode ser considerado o que mais tarde veio a ser considerado como a luta antimanicomial.

Para Antunes (1998) as obras de Bonfim, Pernambuco e Antipoff têm a compreensão do fenômeno psicológico como um fenômeno social, e a busca de uma prática vinculada a necessidades e interesses de uma parcela da população que não tinha acesso a assistência psicológica. O engajamento de pessoas como essas que desenvolveu a busca pela profissionalização da Psicologia que no Decreto nº 53.464 que profissionaliza a Psicologia o Art.4º fornecia a possibilidade ao psicólogo de atuação em diversos campos, o que por uma observação ainda preliminar, permitiria constatar que a sua atividade atingiria todas as classes sociais.

Segundo Bock (2010) no início da profissionalização no país, a Psicologia tinha um compromisso quase exclusivo com a elite brasileira, nas práticas de seleção e orientação profissional e no preparo de crianças e jovens para o mercado trabalho. Servia então como um dos instrumentos de modernização do país, no qual o reconhecimento social era determinado pelas elites.

Sobre a atuação do psicólogo ser comprometida apenas com a classe dominante: Mello (1982) destaca que Psicologia não é uma técnica para solucionar problemas íntimos e privilegiados; a ação de reservá-la a poucos seria desvirtuar seu valor como instrumento de modificação social; renovar essa prática não seria simples, porém se apresenta como uma tarefa urgente.O debate sobre uma atuação mais democrática não é recente, vem sendo realizado há alguns anos e com a ampliação do acesso ao ensino superior para as classes média e baixa parecia que essa democratização se aproximaria.

Segundo Lisboa e Barbosa (2009), no período de seis anos de 2001 a 2007 ocorreu a abertura de cursos de Psicologia numa quantidade maior do que nos anos de 1958 a 2000. Tais dados mostram que houve um crescimento significativo para formação de profissionais, o que entraria contraposição ao argumento de que a

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Psicologia continuaria restrita a algumas classes pelo pequeno número de profissionais no mercado. A Psicologia não só aumentou a quantidade de profissionais formados nos últimos anos, como conquistou diversos espaços para a sua atividade.

Segundo Marco (2018), a Psicologia ampliou seus horizontes e hoje está presente em áreas como a educação, hospitalar, organizacional, políticas públicas, esportes, social, comunitária, trânsito entre outras. A Psicologia foi conquistando outros campos de atuação, deixando de compreender suas fronteiras exclusivamente na clínica. No entanto, segundo Yamamoto (2012), em pesquisa realizada em 2010, apresenta dados de que a área clinica corresponde a 57% da atuação do psicólogo. Apesar da expansão no campo de atuação, a clínica, que tem uma abrangência populacional menor por ser individualizada, ainda corresponde à maior atividade dos psicólogos. Ainda com base nos dados, observa-se que com a consolidação da profissão o exercício do psicólogo também ganhou espaço no setor público. Cerca de 40% dos psicólogos tem sua atividade direcionada a este setor, ainda dividindo essa incumbência com atuações em outras áreas da Psicologia; Destes 32,9% estão aplicando testes e 29,6% estão fazendo psicodiagnóstico (Yamamoto, 2012). Com tamanha parcela ativa no sistema público, pensaríamos que agora as populações pobres poderiam enfim acessar e serem acessadas pela Psicologia, mas as práticas são específicas; ao que parece não há novidades na prática psicológica ao mudar seu foco de atenção para parcelas mais ampla da população. A Psicologia quando atuante nas classes mais baixas da população usa práticas de quando era só um elemento auxiliar da psiquiatria.

Apesar do aumento no número de cursos de graduação de Psicologia e a presença de psicólogos nas políticas públicas, a Psicologia parece ter dificuldade em desvincular sua atividade dos moldes da Medicina, mesmo com os progressivos esforços de emancipação da Psicologia na desconstrução do estigma de que a Psicologia seja só uma ferramenta da Psiquiatria. Essa autonomia foi conquistada com a Psicologia se adequando às necessidades geradas pelos problemas sociais brasileiros que estabeleceram condições para que essa separação ocorresse (Antunes, 1998). Para Pereira e Pereira Neto (2003) os projetos iniciais para a

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Psicologia eram de uma atividade que pertencia exclusivamente à área clínica, o psicólogo seria apenas um assistente técnico, tendo sua atuação supervisionada por um médico. Porém, esses anteprojetos foram vetados, por não se adequarem às necessidades brasileiras.

Indubitavelmente houve muito empenho para que a Psicologia fosse mais democrática, no sentido de que atingisse todas as parcelas da população, porém segundo Cenci (2006), numa pesquisa realizada com população periférica da cidade do Rio Grande do Sul, 85% dos entrevistados dizem nunca ter tido qualquer contato com um psicólogo. Outra pesquisa realizada com classes médias e baixas na cidade de Vitória (ES) em 1990 mostrou que 73,3% dos entrevistados não tinha qualquer representação do que seja um psicólogo (Souza e Trindade, 1990). Tais dados evidenciam que apesar da persistência por uma Psicologia menos elitista e do aumento no número de psicólogos formados atuantes no sistema público de saúde ainda há uma grande parcela da população pobre que sequer vislumbra a atuação dos psicólogos em suas vidas.

Para Andery (1986) a presença ativa dos conhecimentos psicológicos tem sido pouco freqüente no contexto comunitário, privando sujeitos e grupos dos benefícios dessa ciência. As populações de áreas carentes são as que têm menos acesso aos serviços da Psicologia, com isso, além dessas pessoas ficarem aquém desse apoio, a Psicologia enquanto ciência deixa de construir um importante conhecimento acerca desses sujeitos.

Analisando que as classes baixas são as que menos têm acesso aos serviços da Psicologia e o Brasil tem altos números de doenças emocionais e de comportamento, percebemos a dimensão do abandono que essa população está sujeita. Segundo matéria do Estado de S. Paulo (2017) dados OMS o Brasil é o segundo país com maior prevalência de depressão das Américas com cerca de 11,5 milhões de pessoas atingidas, e o primeiro país com índices de ansiedade cerca de 18,6 milhões de pessoas. Importante ressaltar que diversos estudiosos relatam que é necessário olhar o adoecer psicológico por uma ótica social e como esses problemas são inerentes às sociedades capitalistas. Outro fenômeno crescente, o do

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suicídio, não deve ser enxergado como um problema de indivíduos ou de grupos, mas um conjunto de fatores de uma sociedade em um determinado momento histórico (Berenchtien, 2017).

Ao tratarmos o adoecimento psíquico não mais como um evento isolado e sim como questões que surgem das sociedades modernas, surge à possibilidade de uma Psicologia atenta ao contexto social que não busca solucionar os sintomas, mas os aspectos desencadeadores das doenças, ou seja, uma Psicologia preventiva. Para Lane (1986) a Psicologia precisa estar atenta à natureza histórico-social do ser humano, desde o desenvolvimento infantil, até as patologias e as técnicas de intervenção. Entre as possibilidades de atuação, a Psicologia Comunitária tem como objetivo melhorar a saúde mental e as competências da comunidade numa perspectiva preventiva (Elói, 2012).

Essa perspectiva preventiva da Psicologia não é novidade; desde o princípio de sua profissionalização já era considerada, porque os projetos em que a Psicologia agiria apenas com assistentes técnicos da medicina no modelo clínico corretivo não foram aceitos, o projeto que regulamenta a profissão ampliou as dimensões da atuação do psicólogo, incluindo a Psicologia escolar que se for vista por uma ótica de conscientização crítica e planejamento tem caráter preventivo. A Psicologia surge com duas égides, uma como prática curativa de distúrbios mentais e outra com uma ação preventiva, porém as condições socioeconômicas privilegiavam o corretivo, herdado do modelo médico. (Lane, 1991). O modelo clínico, que tem uma função mais corretiva, teve suas heranças na medicina que tradicionalmente possuía prestígio e significava ganho capital elevado.

Pode-se obter, ainda dentro da área da saúde, uma concepção preventiva inclusive para o tratamento de neoplasias malignas. Saforcada (2010) ressalta que o tratamento para uma pessoa com câncer consiste em quimioterapia e radioterapia que enfraquece a imunologia desse sujeito, quando a outra via seria uma proposta de exercícios e alimento que fortaleçam a imunidade. A Psicologia por ter raízes na medicina pensa nos esforços de sua atividade por essa ótica, que coloca o indivíduo em uma relação assistencialista e dependente do profissional.

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A função dos psicólogos e outros profissionais da saúde não se reduzem exclusivamente a identificar os possíveis problemas e transtornos psicológicos do sujeito, mas é necessário trabalhar numa perspectiva de potencialidades dos aspectos saudáveis (Campos, 2017).

O objetivo desse trabalho de pesquisa tem como foco a relação entre Psicologia e a população com baixo recurso financeiro, quais as formas que essa interação se estabelece, as principais dificuldades encontradas nesse relacionamento e a perspectiva de uma atuação preventiva; pretende, através de entrevista baseadas em questionários para psicólogos de diversas áreas e pessoas de baixa renda, investigar de maneira quantitativa e qualitativa as representações do que é a Psicologia para as classes pobres, a percepção dos psicólogos sobre a proximidade da Psicologia das classes baixas e a viabilidade de uma atuação preventiva com essa população, ou seja, alternativas para uma Psicologia menos elitizada que seja mais abrangente às demandas de desigualdade de nosso país. Com base nas perguntas formuladas busca-se investigar as lacunas existentes na relação entre a Psicologia e populações carentes, avaliar se a Psicologia ainda se estrutura para que ainda mantenha seu caráter corretivo com pouco alcance e aceitação dessas pessoas e se a Psicologia consegue entender as reais demandas da população periférica e marginalizada, para que busque caminhos para uma aproximação que proporcione uma consciência sócio-histórica para esses sujeitos, como uma possibilidade de organização proporcionando ferramentas para enfrentamento das desigualdades que assolam o cotidiano desse povo.

As desigualdades sociais no Brasil se agravaram com a industrialização não planejada e o êxodo rural o que fez as cidades incharem, o trabalhador que se deslocava em busca de empregos sofria um processo de exclusão por não ser qualificado para a nova realidade, nesse processo se deu vários conflitos e problemas, somando isso à lógica das sociedades capitalistas onde o acesso a serviços de saúde acontece por meio de recursos financeiros. Com isso os habitantes despossuídos desses recursos não acessam alguns tipos de assistências que se tornaram triviais para a vida urbana. Partindo dos fundamentos de que a Psicologia desde sua profissionalização foi prevista para atingir todas as classes

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sociais, de que se fundou no Brasil com um estudo das relações conflituosas entre as classes sociais elaborado por Virginia Bicudo, questiona-se como esta pode estar distante desses conflitos de classes, concentrando suas atividades em classes com maior poder aquisitivo.

Os conflitos de interesses tem sido elemento inerente desencadeados pelas diferenças entre as classes sociais, ainda mais percebendo a discrepância no Brasil entre as classes mais altas das demais. Sem poder aquisitivo, a força de transformação das classes baixas se dá pela luta coletiva, mas cada dia se fortalece o processo de individualização da vida social, implicando no afastamento de organização dessas populações e em vias de compreensão sobre quais problemas comuns possuem e quais alternativas para a solução dessas questões. Por outro lado, a Psicologia ainda é majoritariamente clínica, atuação de muita importância, mas que tem ação mais remediatista e individualizada, e que tem pouca abrangência nas populações carentes.

Com a atuação do psicólogo pensada de uma forma que fortaleça os vínculos coletivos, intermediando os interesses comuns entre as pessoas, a fim que essa população busque soluções para seus problemas com consciência crítica, essa atuação tem função preventiva. Em vista disso, esse trabalho pretende contribuir com a compreensão para que a prática da Psicologia tenha um objetivo mais preventivo, com o intuito de que a interação seja intervencionista e proporcione conhecimento que construa teoria, para que a atuação do psicólogo seja a progressivamente fortalecida.

A Psicologia não pode ter sua atuação norteada apenas para algumas classes sociais. A Psicologia precisa de provocação crítica que permita pensar numa prática que considere o contexto social, que esteja preocupada com o contexto sócio-histórico, em uma perspectiva que seja abrangente a todas as classes sociais, um serviço que seja acessível às camadas de menor recurso financeiro (LANE, 1984). A Psicologia atuante apenas em algumas classes pode contribuir para o processo de desigualdades, visto que ela pode auxiliar o desenvolvimento das classes altas, deixando as classes baixas mais enfraquecidas. Nessa perspectiva a

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Psicologia pode servir como um elemento que ajude na dominação de classes. Partindo do pressuposto necessário, onde o pesquisador busque orientar a sua atuação de forma que não seja mais um elemento de dominação, pelo contrário, que contribua para a desconstrução dessa dominação imposta pelas classes dominantes, dessa forma se aproximando das classes dominadas, entendendo suas demandas para propor intervenções com o intuito de emancipação dessa população (GUARESCHI, 2000)

Através da bibliografia foram elaborados questionários para entrevistas com psicólogos, população carente, tanto as que já possuem uma relação direta com a atuação, tanto com quem não está inserido nessa realidade. Por fim será realizado uma análise quantitativa e qualitativa dos dados obtidos.

2. MÉTODO

Essa pesquisa será realizada em formato de campo, onde serão realizadas entrevistas com psicólogos e pessoas das classes D e E (PNAD IBGE, 2016), tanto as que já possuem uma relação com a Psicologia como as que não possuem essa relação. As pessoas que já possuem uma relação com a Psicologia serão acessadas pelas vias das instituições: SUS, CAPES, CRAS, CREAS e ONGs do terceiro setor. As pessoas que não possuem contatos com psicólogos serão encontradas em áreas carentes da cidade de São Paulo por contato presencial.

Os psicólogos entrevistados que tem proximidades com as classes baixas serão encontrados através de contato por e-mail, telefone e pessoalmente pelas instituições que trabalham: SUS, CRAS, CREAS, ONGs; ou por contato pessoal no caso de trabalho voluntariado independente. Os Psicólogos que não possuem aproximação das classes serão contatados por e-mail, telefone ou contato direto; em uma amostra bem diversificada dentro das áreas da Psicologia para compor uma análise híbrida.

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Os entrevistados participarão da pesquisa em seus lugares habituais, para que as respostas sejam adquiridas da forma mais espontânea possível. Segundo Camargo e Nascimento-Schulze (2000) quanto menor o controle exercido pelo pesquisador sobre a situação, tanto maior o impacto de realidade desta metodologia, ou seja, os resultados das entrevistas tendem a possuírem maior fidedignidade.

Todos os entrevistados não possuirão qualquer relação pessoal com o pesquisador, para manter a singularidade das respostas. As entrevistas serão realizadas de forma presencial, gravadas por áudio para facilitar o processo de entrevistas e as análises.

Para Günther (2011) entrevistas por questionários são definidos como um conjunto de perguntas sobre um determinado tópico, que não testa a habilidade do respondente, mas mede sua opinião, seus interesses e aspectos de personalidade. Por isso, antes da aplicação dos questionários aos entrevistados será enunciado pelo entrevistador que as perguntas não mensuram os conhecimentos sobre Psicologia e Classe Baixas, mas as representação e concepções que elas têm sobre o tema.

Há uma preocupação em relação à linguagem dos questionários, para que ela seja adequada aos entrevistados. Para Fanon (1952) o uso da linguagem em países colonizados requer cuidado; pois, excessivamente culta, exerce poder opressor nas pessoas, não respeitando as outras matrizes constituintes da cultura; demasiadamente coloquial subestima a capacidade intelectiva da população, onde certa superioridade de linguajar necessita se inferiorizar para que seja entendido. O pesquisador deve lembrar que está conversando com outro ser humano e não extraindo informação de maneira impessoal (Günther, 2011).

Essa pesquisa se difere do modelo clássico de pesquisa, e se aproxima da pesquisa participante. Pesquisa participante procura incentivar a autonomia e autoconfiança dos entrevistados, diferente da pesquisa clássica que recebe a crítica de exercer formas de controle social (Gil, 2008). Para Faraco e Jaeger (2017) uma intervenção social não ocorre por acaso, e sim premeditada ou deliberada, por isso,

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pretende mudar determinadas situações, como desigualdades, impossibilidade de acesso, injustiça e ausência de liberdade. Para tanto, na entrevista para a população, existe uma pergunta, por exemplo, que visa acessar qual o conhecimento sobre a multiplicidade de contextos de atuação da Psicologia. Caso o entrevistado ignore essa variedade de atuações, o pesquisador se prontifica a exemplificar tais contextos e a reação dos mesmos serão analisadas. No questionário para os psicólogos existem perguntas que instigam que o perguntado a responder, de maneira crítica e reflexiva, alternativas para os problemas indagados.

O procedimento será realizado como pesquisa descritiva, com entrevistas e questionários realizados com os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido, para que busque dados quantitativos e qualitativos para as análises.

O anteprojeto é encaminhado para o comitê de ética da Universidade Paulista para a aprovação. Se aprovado, a pesquisa será iniciada garantindo o sigilo dos participantes e manterá a resolução 510/16 de diretrizes éticas para pesquisa em ciências humanas e sociais.

3. DESENVOLVIMENTO

O presente trabalho inicia-se com indagações sobre o porquê ainda persistem alguns julgamentos precipitados e estigmatizados acerca da Psicologia nas Classes Baixas da população, conforme se principia estudos teóricos sobre essas indagações percebe-se que existem poucas pesquisas a respeito do tema e que isso se dá por um insistente distanciamento que a Psicologia e as Classes Baixas mantêm. Com o aprofundamento dos estudos entende-se que a Psicologia brasileira tem duas égides: uma na medicina e outra na educação, sendo a da medicina uma forma corretiva de atuação e na educação com aspecto preventivo, com isso, se identifica uma necessidade de nortear a pesquisa numa perspectiva preventiva, pois as Classes Baixas possuem demasiadas demandas e reduzido recursos financeiros, o que inviabiliza atuações individuais, somado ao fato de que aspectos preventivos são pouco explorados pela Psicologia.

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Com o desenvolvimento da metodologia sentiu-se a necessidade de desenvolver dois tipos de questionários, um que fosse direcionado aos profissionais de Psicologia e outro as Classes Baixas, com a idéia de perceber quais as impressões que esses grupos têm um do outro. O questionário foi estruturado sob o conceito de pesquisa-ação por entender que pesquisas com entrevistas atuam como intervenções, por isso, instigar concepções criticas e reflexivas relativo ao tema. A pesquisa entrevistará profissionais das áreas mais expressivas da psicologia como: hospitalar, organizacional, escolar, clínica e assistência social, para se obter resultados híbridos, dentro de cada área serão entrevistados um profissional que têm relação com as Classes Baixas e outro que não possuí essa relação. As entrevistas com as Classes Baixas perpassarão pessoas que possuem relação com a Psicologia como as que não possuem, por torna-se indispensável possibilidades prontamente existentes nessa relação.

4.

RESULTADOS PRELIMINARES

Na obediência dos padrões de ética em pesquisa o projeto foi submetido à Plataforma Brasil e encontra-se em situação de apreciação ética pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição. As entrevistas serão iniciadas assim que houver aprovação do projeto. Comprovante de envio: 100706/2018.

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BIBLIOGRAFIA Livros:

ANDERY, Alberto Abib. Psicologia Social. O Homem em Movimento. 8. Ed. SP: Editora Brasiliense, 2006.

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ARBEX, Daniela. Holocausto Brasileiro: Genocídio 60 mil morto no maior hospício do Brasil. 1 Ed. São Paulo: Geração Editorial, 2013.

CAMPOS, Regina Helena Freitas. Psicologia social comunitária: Da solidariedade e autonomia. 1. Ed. RJ: Editora Vozes, 2017.

FANON, Frantz. Pele Negras Máscaras Brancas. 1 Ed. Bahia: Edufba, 2008.

FARACO, Ceres Berger; JAEGER, Maria Amélia. Introdução a Psicologia Comunitária: Bases Teóricas e Metodológicas. 1. Ed. RS: Sulina, 2010.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6 Ed. São Paulo: Atlas, 2008.

GÜNTHER, Hartmut. Psicologia Social. Principais Temas e Vertentes. 1 Ed. RS: Artmed, 2011.

LANE, Silvia. Psicologia Social. O Homem em Movimento. 8. Ed. SP: Editora Brasiliense, 2006.

MELLO, Giomar Namo. Magistério de 1o. grau: da competência técnica ao compromisso político. São Paulo: Cortez, 1982.

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SAFORCADA, Henrique. Introdução a Psicologia Comunitária: Bases Teóricas e Metodológicas. 1. Ed. RS: Sulina, 2010.

SARRIERA, Jorge Castella. Psicologia Comunitária. 1. Ed. RS: Sulina, 2010. Artigos de revista:

BERENCHTEIN, Netto. O suicídio midiatizado. Conselho Regional de Psicologia SP, PSI. Nº190, 2017.

BOCK, Ana Merces Bahia. A Psicologia no Brasil. São Paulo: Psicologia: Ciência e Profissão, 2010, 30 (num. esp.), 246-271.

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