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TÍTULO: ANÁLISE DO PADRÃO DE ATIVAÇÃO DA PROTEÍNA FOS NO SISTEMA DOPAMINÉRGICO MESOLÍMBICO NA ABSTINÊNCIA

TÍTULO:

CATEGORIA: CONCLUÍDO CATEGORIA:

ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE ÁREA:

SUBÁREA: Medicina SUBÁREA:

INSTITUIÇÃO(ÕES): FACULDADE DAS AMÉRICAS - FAM INSTITUIÇÃO(ÕES):

AUTOR(ES): VIVIAN CALVIÑO LAGARES SCALCO AUTOR(ES):

ORIENTADOR(ES): WAGNER FERNANDES DE OLIVEIRA ORIENTADOR(ES):

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FACULDADE DAS AMÉRICAS – FAM CURSO DE MEDICINA

ANÁLISE DO PADRÃO DE ATIVAÇÃO DA PROTEÍNA FOS NO SISTEMA DOPAMINÉRGICO MESOLÍMBICO DE RATOS SUBMETIDOS À

ABSTINÊNCIA

Acadêmica VIVIAN CALVIÑO LAGARES SCALCO Orientador Prof. Dr. WAGNER FERNANDES DE OLIVEIRA

SÃO PAULO 2018

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RESUMO

As drogas de abuso proporcionam efeitos semelhantes a comportamentos que naturalmente conferem uma sensação prazerosa ao organismo, a partir da ativação do circuito da recompensa (sistema dopaminérgico mesolímbico), que compreende áreas como o córtex pré-frontal (PFC) e o núcleo acumbens (NAc). O uso da droga estimula e liberação de dopamina no NAc, reforçando a necessidade de busca pela substância (CARELLI, WHEELER, 2009; PHILLIPS

et al., 2008).

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o padrão de ativação neuronal a partir da expressão da proteína Fos, um marcador da expressão de atividade neuronal, em estruturas que formam o sistema dopaminérgico mesolímbico como: mPFC, NAc e VTA, de animais tratados com sulfato de morfina submetidos a um período de abstinência.

Para o estudo foram utilizadas lâminas histológicas previamente preparadas a partir de ratos submetidos a um protocolo experimental de abstinência.

Após a quantificação dos resultados, foi observada maior expressão de proteína Fos em mPFC, NAc e VTA dos ratos submetidos ao protocolo do grupo morfina quando comparados aos do grupo controle (tratados com solução salina).

Dessa forma, apesar do sistema dopaminérgico mesolímbico ser considerado, estritamente, um circuito de recompensa, foi possível constatar que este também é ativado em situações não prazerosas, como na abstinência. Isso pode, em parte, ser explicado devido as intensas modificações ocasionadas pela dependência química, de modo que a memória e aprendizado relacionados à saliência após o uso da substância (o contexto em que a droga foi utilizada, como o ambiental em que os ratos se encontravam) incentivam comportamentos de busca por droga, ativando o sistema dopaminérgico mesolímbico durante a abstinência.

Palavras-Chave:

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1. INTRODUÇÃO

O uso de substâncias psicoativas, ao contrário do que se pensa, não é um evento contemporâneo na humanidade (SEIBEL; TOSCANO, 2001) e sim uma prática milenar e universal, não sendo, portanto, um fenômeno exclusivo da atualidade. Todavia, é essencial pontuar que os hábitos e costumes de cada sociedade é que guiavam o uso de drogas em cerimônias coletivas e rituais, geralmente limitado a grupos pequenos, dessa forma favorecendo seu controle. No mundo atual, devido à grande oferta e variedade de drogas acessíveis a todos os públicos, no contexto consumista da sociedade contemporânea, o uso desvinculou-se de outras práticas sociais, passando a justificar-se por si próprio. (PRATTA; SANTOS, 2009).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), droga é qualquer substância capaz de modificar a função dos organismos vivos, resultando em mudanças fisiológicas ou de comportamento. Para a farmacologia, todo produto capaz de desenvolver uma atividade farmacológica, independentemente de sua toxicidade, seria considerado droga (SEIBEL; TOSCANO, 2001).

A lista de substâncias na Classificação Internacional de Doenças, 10ª Revisão (CID-10), em seu de Transtornos Mentais e de Comportamento, inclui como drogas:

• álcool;

• opióides (morfina, heroína, codeína, diversas substâncias sintéticas); • canabinóides (maconha);

• sedativos ou hipnóticos (barbitúricos, benzodiazepínicos); • cocaína;

• outros estimulantes (como anfetaminas e substâncias relacionadas à cafeína); • alucinógenos;

• tabaco;

• solventes voláteis.

Drogas que causam alterações do comportamento, humor e cognição, alterando o funcionamento cerebral, são chamadas de substâncias psicoativas. Dentre as drogas psicoativas, há um grupo denominado de drogas psicotrópicas, formado por aquelas drogas que podem gerar abuso e dependência devido grande propriedade reforçadora (CARLINI et. al, 2001).

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As drogas psicotrópicas podem agir basicamente de três maneiras no sistema nervoso central: estimulando, deprimindo e perturbando sua atividade. As drogas psicotrópicas são classificadas da seguinte forma de acordo com Chalout (1971): (CARLINI et. al, 2001).

 Depressoras: aquelas que de maneira geral diminuem a atividade e o ritmo de funcionamento do sistema nervoso central, fazendo com que seus consumidores fiquem mais lentificados e sonolentos. São exemplos desta classe de drogas: álcool, opióides, benzodiazepínicos e inalantes.

 Estimulantes: aquelas que, de maneira geral, estimulam o funcionamento do sistema nervoso central, aumentando o estado de vigília de seu consumidor, exacerbando a atividade psicomotora, fazendo com que a pessoa que a utilizou fique mais agitada, sem sono e sem apetite. As principais drogas que pertencem a esta categoria são as anfetaminas, cocaína/crack e tabaco.

 Perturbadores da atividade do SNC: aquelas que causam alterações no funcionamento cerebral quando consumidas, modificando a percepção da realidade e fazendo com que os consumidores tenham uma percepção “perturbada” de si e do meio. Esses fenômenos são parecidos aos que ocorrem em doenças mentais como as psicoses, pois estas drogas induzem alucinações, delírios e ilusões. São exemplos de drogas alucinógenas: LSD, ecstasy, maconha, alguns cogumelos e peiote.

A OMS considera o uso de drogas um problema de saúde pública, estimando que 10% da população dos grandes centros urbanos consome drogas abusivamente, fato este que produz implicações sociais, psicológicas, econômicas e políticas. O Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais 5a edição (DSM-V) da Associação de Psiquiatria Americana (APA) e a Classificação Internacional de Doenças 10a edição (CID-10) da Organização Mundial da Saúde (OMS) classificam os transtornos psiquiátricos causados pelo uso de drogas de acordo com seus critérios diagnósticos específicos. Dentro dos transtornos causados pelo uso de substâncias, estão classificados a intoxicação, o abuso ou uso nocivo, a dependência (adição) e a síndrome de abstinência (GONÇALVES, 2005).

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O termo adição está relacionado aos componentes psicológicos da dependência, mas não consiste em um tipo de diagnóstico diferenciado. Costuma-se considerar como central para a manifestação da adição, a presença da compulsão. De acordo com o National Institute of Health (NIH), a adição pode ser considerada uma doença crônica que atinge o Sistema Nervoso Central (SNC), caracterizada pelo uso e procura compulsivos da droga independentemente das consequências nocivas ao indivíduo (NIH, 2007).

O abuso pode ser caracterizado pelo padrão mal adaptado de uso, manifestado por consequências adversas recorrentes e significativas relacionadas ao uso repetido da substância (GONÇALVES, 2005).

Ao se tornar recorrente, o abuso de drogas pode desenvolver a dependência que pode ser caracterizada pela presença de diversos sintomas cognitivos, comportamentais e fisiológicos, que levam o indivíduo a utilizar a substância, apesar dos problemas significativos adquiridos devido ao uso. A dependência vem acompanhada de um padrão de autoadministração repetida que geralmente resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo do consumo da droga (GONÇALVES, 2005). Os critérios da CID-10 para dependência de substâncias são: (OMS, 2008).

Presença de três ou mais dos seguintes critérios em algum momento dos últimos 12 meses:

1. Forte desejo ou senso de compulsão para consumir a substância.

2. Dificuldades em controlar o comportamento de consumir a substância, em termos de início, término e níveis de consumo.

3. Estado de abstinência fisiológica quando o uso da substância cessou ou foi reduzido, evidenciado pela síndrome de abstinência de uma substância específica, ou quando faz-se o uso da mesma substância com a intenção de aliviar ou evitar sintomas de abstinência.

4. Evidência de tolerância, de tal forma que doses crescentes da substância psicoativa são requeridas para alcançar efeitos originalmente produzidos por doses mais baixas.

5. Abandono progressivo de prazeres e interesses alternativos, em favor do uso da substância psicoativa. Aumento, também, da quantidade de tempo necessário para obter ou ingerir a substância, assim como para se recuperar de seus efeitos.

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6. Persistência no uso da substância, a despeito de evidência clara de consequências nocivas, tais como: danos ao fígado, por consumo excessivo de bebidas alcoólicas, estados de humor depressivos, períodos de consumo excessivo da substância, comprometimento do funcionamento cognitivo etc. Nesse caso, deve-se fazer esforço para determinar se o usuário estava realmente (ou se poderia esperar que estivesse) consciente da natureza e extensão do dano.

Com o estabelecimento da dependência outras situações comportamentais e fisiológicas surgem, tornando ainda mais difícil o abandono da prática abusiva do uso de drogas como a síndrome de abstinência que consiste em alterações comportamentais e específicas acompanhadas de prejuízos fisiológicos e cognitivos, devido à cessação ou redução do uso prolongado da substância (GONÇALVES, 2005).

A característica essencial da síndrome de abstinência da substância é o desenvolvimento de uma alteração comportamental mal-adaptativa e específica a essa, com prejuízos fisiológicos e cognitivos, devido à cessação ou redução do uso pesado e prolongado da substância (GONÇALVES, 2005).

Tal dependência ocorre devido às drogas de abuso proporcionam efeitos semelhantes a comportamentos que naturalmente conferem uma sensação prazerosa ao organismo, a partir da ativação do circuito da recompensa (sistema dopaminérgico mesolímbico), que compreende áreas como o córtex pré-frontal (PFC) e o núcleo acumbens (NAc). O uso da droga estimula e liberação de dopamina no NAc, reforçando a necessidade de busca pela substância (CARELLI, WHEELER, 2009; PHILLIPS et al., 2008).

O sistema dopaminérgico mesolímbico tem participação fundamental na busca por estímulos capazes de causar prazer, através da liberação de dopamina na fenda sináptica. Um estímulo neuronal reforçador estimula a liberação de dopamina na fenda que, por sua vez, atuará sobre os receptores dopaminérgicos através de uma ligação (KANDEL, 2012).

Naturalmente, algumas ações relacionadas a sobrevivência, como alimentação, reprodução e proteção causam a ativação do circuito de recompensa através da liberação de dopamina. Entretanto, as drogas de abuso podem aumentar em até cerca de mil vezes esta liberação dopaminérgica,

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ativando o circuito de forma demasiada causando uma verdadeira explosão de sensações prazerosas no organismo (KANDEL, 2012).

Estudos mostram que a Área Tegmental Ventral (VTA) libera dopamina no NAc e no PFC assim que ocorre autoadministração da droga, estimulando a sua busca e consumo (KALIVAS; VOLKOW, 2005). A associação da droga ao contexto em que foi utilizada e o consequente prazer se daria através da liberação de dopamina da VTA para o NAc e, a liberação de dopamina no PFC resultaria nas respostas motoras e nos planos comportamentais de busca pela droga através da liberação de glutamato a partir do PFC no NAc. Dessa forma, o PFC exerceria certo controle sobre a seleção e iniciação de comportamentos atrelados à busca por droga através de projeções para o NAc (Mc FARLAND et

al., 2004; VERTES, 2004; KALIVAS, 2009; LASSETER et al., 2010).

O PFC é responsável por regular uma série de processos cognitivos e emocionais como a atenção, a resposta inibitória, o planejamento e a tomada de decisão, que são de grande importância para o controle comportamental. O descontrole destas funções tem como consequência a dependência e há relação restrita com o equilíbrio entre a inibição e execução do comportamento de busca (BELLEINE; DICKINSON, 1998; DALLEY et al., 2004; EUSTON et al., 2012; GOLDSTEIN; VOLKOW, 2011; MILLER; COHEN, 2001).

Alguns estudos com paciente usuários de cocaína, metanfetamina e heroína, demonstraram um relativo aumento da atividade neuronal no PFC, mais especificamente o ACAd, quando colocados frente a pistas com associação prévia à droga utilizada. A autoadministração seria impedida com esta área inativada.

A região PL do PFC também apresenta íntimo envolvimento no comportamento de busca por droga. Todos estes dados levam a inferir que o mPFC é uma estrutura de grande valor para a mediação do comportamento de busca por droga (BOLLA et al., 2003; CHILDRESS et al.,1999; KILTS et al., 2004; MARHE et al., 2013; VOLKOW & FOWLER, 2000; WEXLER et al., 2001; 2004;).

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2. JUSTIFICATIVA

Atualmente, a dependência química têm sido um mal que assola a população mundial causando diversos problemas para o indivíduo dependente e para a população que o cerca. Felizmente, as pesquisas sobre este assunto têm permitido mostrar que a dependência química deve ser tratada como uma doença que afeta circuitos cerebrais importantes, sendo capaz de causar graves alterações fisiológicas e comportamentais que podem tirar o indivíduo dependente de um bom convívio com a sociedade.

Visto isso, é de suma importância que as pesquisas básicas sirvam de alicerce para permitir um melhor entendimento de como o circuito que controla o mecanismo de recompensa estaria atuando durante eventos que medeiam a dependência química, pois a partir da construção de um melhor entendimento poderíamos facilitar a aplicação de estratégias que poderão visar tratar a dependência química em indivíduos que sofrem deste mal

3. OBJETIVOS

Avaliar o padrão de ativação neuronal a partir da expressão da proteína Fos em estruturas que formam o sistema dopaminérgico mesolímbico como: mPFC, NAc e VTA, de animais tratados com sulfato de morfina submetidos a um período de abstinência.

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para este estudo foram utilizadas lâminas histológicas previamente preparadas a partir de ratos submetidos a um protocolo experimental de abstinência. Todos os procedimentos utilizados para a preparação das lâminas e para a execução do protocolo experimental serão detalhados a seguir.

Procedimento experimental

Foram utilizados ratos albinos (Rattus norvegicus, linhagem Wistar), machos, adultos, com aproximadamente 90 dias de idade (n=8). Os animais foram alojados em gaiolas de polipropileno (30x40x18cm), em salas com sistema

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de ventilação (23 ± 2oC) e ciclo de luz de 12h (06h00-18h00). Água e comida foram oferecidas ad libitum durante todos os procedimentos experimentais. Os animais foram obtidos de cruzamentos sucessivos no biotério do setor de Farmacologia Aplicada e Toxicologia do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo. Todos os protocolos foram aprovados pela “Comissão de Ética em Experimentação Animal” da Universidade Cidade de São Paulo – UNICID.

Para o desenvolvimento deste paradigma experimental foi utilizado um aparato experimental construído em acrílico, assim como posteriores processos imunohistoquímicos capazes de possibilitar a análise em microscopia óptica das áreas de interesse.

Os animais foram divididos em dois grupos, sendo um grupo experimental que recebeu as injeções de morfina e um grupo controle que recebeu injeções de solução salina.

Aparato Experimental

O aparato experimental é constituído de uma caixa-moradia (25X25X25cm) com porta ligada a um corredor de acesso a uma caixa 02, com as mesmas dimensões da caixa-moradia (Figura 01).

Figura 01. Caixa 1 – “Home Cage” / Caixa 2 – “Food Compartment” FONTE: CIPRIANO, 2014.

Habituação

Durante 5 dias consecutivos, todos os grupos experimentais, passaram por um período de habituação a este aparato, sendo que em todos os dias, 3 horas antes do início do período de escuro os animais eram privados de ração. No início do período de escuro, quando ocorre o período de maior atividade e o

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primeiro pico alimentar do rato, a porta da caixa-moradia era aberta permitindo que os animais explorassem o corredor e se deslocassem até a caixa 02 (“Food Compartment”), para obtenção da ração ali depositada.

Delineamento Experimental

Após o período de habituação, os animais do grupo experimental começaram a receber as injeções de sulfato de morfina. Para isso, a porta da caixa 1 foi aberta para que o animal caminhasse pelo corredor até a caixa 2. Ao chegar neste compartimento, o rato recebeu uma injeção i.p. de sulfato de morfina e foi mantido neste recinto por 30 minutos. Após este período, o animal retornava para a caixa 1. O mesmo ocorreu com os animais do grupo controle, porém, estes receberam uma injeção i.p. de solução salina. Este procedimento seguiu por mais 9 dias. Após este período os animais foram submetidos a um período de abstinência de 5 dias.

Passado o período de abstinência, os animais foram novamente submetidos ao primeiro procedimento, sendo assim, a porta da caixa moradia foi aberta e o animal pôde caminhar pelo corredor até a caixa 2, porém não recebeu injeção de sulfato de morfina e permaneceu neste compartimento por 30 min.

Após 90 min de teste, os animais foram perfundidos por via transaortica e os encéfalos foram retirados para posterior processamento histológico.

Outro grupo de animais foi submetido ao mesmo modelo experimental porém receberam apenas injeções de salina em todas as situações.

Perfusão e Histologia

Após o teste comportamental, os animais foram anestesiados com uma injeção intraperitoneal de cloridrato de Ketamina 5% (Konig) e cloridrato de xilazina 2% (Konig) (Merck) a 0,2% na proporção 0,4 ml/100g de peso corporal. Em seguida, através de uma bomba peristáltica (Cole Parmer) os animais foram perfundidos por via transaórtica inicialmente com 150 ml de uma solução salina 0,9% seguida de 800 ml de uma solução fixadora de paraformaldeído a 4% diluído em tampão fosfato de sódio 0,1M (pH 7,4). Os encéfalos permaneceram na caixa craniana por 3 horas antes de serem removidos e transferidos para uma solução contendo sacarose 20% em tampão fosfato de potássio 0,02 M, onde permaneceram por aproximadamente 12 horas.

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Cortes frontais seriados, com 40 m de espessura foram obtidos utilizando-se um micrótomo de congelamento. Os cortes foram colhidos sequencialmente em quatro compartimentos, de forma que a distância entre os cortes adjacentes em um mesmo compartimento foi sempre de 160 m.

Detecção Imunohistoquímica da proteína Fos

Na reação imunohistoquímica para detecção da proteína Fos, os cortes foram incubados inicialmente em uma solução de tampão fosfato de potássio 0,02M contendo triton X-100 a 0,3%, soro normal de cabra a 2% (Vector Laboratories) e anticorpo primário anti-Fos obtido em coelho (Calbiochem) numa diluição de 1:20.000, sob agitação constante, a 4C, durante 72 horas. Para localização do complexo antígeno-anticorpo, os cortes foram incubados por 90 minutos no anticorpo secundário biotinilado feito em cabra (Biotinylated anti-Rabbit IgG, Vector Laboratories) na diluição 1:200. O complexo antígeno-anticorpo foi visualizado, usando-se a técnica de imunoperoxidase com o complexo biotina-avidina (ABC Elite Kit, Vector Laboratories) para ligar a peroxidase ao complexo antígeno-anticorpo, seguindo o protocolo de Itoh e colaboradores (1979), ou seja, após lavagens sucessivas, os cortes foram incubados em uma solução contendo 50mg de tetrahidrocloreto de 3-3'diaminobenzidina (DAB), 0,6mg de glicose oxidase, 40mg de cloreto de amônio e 2ml de solução aquosa de sulfato de níquel a 10% em 100ml de tampão fosfato de sódio 0,1M, por 5 minutos. Em seguida, foi adicionada a ß-D-glicose (Sigma), e a reação enzimática interrompida após um período de tempo variável, em geral em torno de 15 minutos.

Por fim, os cortes foram montados em lâminas recobertas com gelatina, desidratados e recobertos com DPX (Aldrich Chemical Co.). Cortes adjacentes foram corados pelo método de Nissl, com tionina 0,25% como corante.

O material usado para a contagem das células imunorreativas à proteína Fos foi analisado em microscopia de campo claro (microscópio óptico Nikon 80i), utilizando como referência citoarquitetônica os cortes corados pelo método de Nissl

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Quantificação das células imunorreativas à proteína Fos nas áreas VTA , mPFC e Nac

Inicialmente, foi feita a seleção de imagens correspondentes à região da PAG, mPFC (Acad, PL e ILA), VTA, PVH e NAc utilizando-se a objetiva 10X de aumento, de um microscópio Nikon 80i (Nikon Corporation, Chiyoda-Ku, Tokyo-To, Japan) equipado com uma câmera digital Nikon DXM1200F (Nikon Corporation). Para a quantificação das células Fos positivas, foi realizado o delineamento das bordas da região de interesse, definidas com o auxílio da série corada pelo método de Nissl. As células Fos positivas foram contadas dentro das bordas da região de interesse, sendo consideradas apenas aquelas com núcleos ovais corados em preto. A densidade de células Fos positivas foi determinada pelo número de células Fos positivas, dividido pela área da região de interesse. A contagem do número total de células e a determinação da área foram feitas com o auxílio do programa computacional Image-Pro Plus (Image-Pro Plus, versão 4.5.1, Media Cybernetics, Silver Spring, MD, USA).

5. RESULTADOS

Os dados obtidos através da análise estatística foram confrontados a fim de averiguar a ativação da proteína Fos, tanto nos animais do grupo morfina (animais que receberam injeções i.p) como os do grupo salina (animais que receberam injeções de solução salina).

Em análise ao padrão de ativação da proteína Fos nas regiões ACAd, PL e ILA do mPFC, Núcleo Acumbens e VTA, pudemos observar que houve diferença quando comparamos os animais do grupo salina com os animais do grupo morfina (Tabela 1, 2 e 3).

Tabela 1 - Densidade de células Fos+ no mPFC por mm2. mPFC

Salina (n=4) Morfina (n=4) P

ACAd 59,17 ± 16,75 157,5 ± 21,82 0,0083* PL 51,58 ± 15,22 103,1 ± 4,316 0,0564 ILA 24,01 ± 3,425 86,38 ± 14,21 0,0375*

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Valores expressos em média ± erro padrão do número total de células

imunorreativas a proteína Fos nas áreas ACAd, PL e ILA do mPFC. *p≤0.0375.

Tabela 2 - Densidade de células Fos+ no NAc por mm2. NAc

Salina (n=4) Morfina (n=4) P 23,11 ± 1,116 51,89 ± 3,648 0,0090* Valores expressos em média ± erro padrão do número total de células imunorreativas a proteína Fos na área NAc *p≤0.0090.

Tabela 3 - Densidade de células Fos+ no VTA por mm2. VTA

Salina (n=4) Morfina (n=4) P 41,56 ± 2,685 70,76 ± 7,768 0,0173 Valores expressos em média ± erro padrão do número total de células imunorreativas a proteína Fos na área VTA *p<0.0173*.

6. DISCUSSÃO

Os resultados obtidos neste trabalho mostram a mobilização de áreas relacionadas à recompensa com o comportamento de busca por droga.

Procedendo a análise experimental, foi investigado o padrão de ativação dos neurônios do sistema dopaminérgico mesolímbico (mPFC, NAc e VTA) através da análise da expressão da proteína Fos nos animais dos grupos controle e experimental.

Como já abordado, a via da dopamina é acionada durante a utilização da droga. É consenso que a dopamina é liberada no NAc de ratos em diversas situações, como ao se alimentarem após um período de jejum, ao comerem um alimento muito saboroso, bem como durante o acasalamento. (SWIFT; LEWIS, 2009; BEAR; CONNORS; PARADISO, 2017). Tal liberação dopaminérgica também pôde ser observada no estudo nos animais do grupo morfina após um período de abstinência.

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De acordo com os resultados apresentados, foi possível observar que os animais do grupo salina apresentaram menor ativação da proteína Fos em mPFC, quando comparados aos animais do grupo morfina, demonstrando a grande mobilização desta área para a busca por drogas. O mPFC é relacionado com o controle executivo do comportamento com base na avaliação da relação entre o valor do estímulo e a conseqüência esperada. A literatura descreve o mPFC, exercendo influência considerável sobre o planejamento comportamental e organiza uma série de processos cognitivos emocionais, tais como a atenção, o planejamento e a tomada de decisão (BELLEINE & DICKINSON, 1998; DALLEY et al., 2004; EUSTON et al., 2012; MILLER & COHEN, 2001), funcionando como uma estrutura chave no comportamento de busca por droga. O descontrole destas funções tem como consequência a dependência e há relação restrita com o equilíbrio entre a inibição e execução do comportamento de busca (BELLEINE & DICKINSON, 1998; DALLEY et al., 2004; EUSTON et al., 2012; GOLDSTEIN & VOLKOW, 2011; MILLER; COHEN, 2001).

Outra área com aumento da expressão de proteína FOS nos animais do grupo morfina quando comparados ao grupo de solução salina foi o NAc. Este tem papel primordial nos circuitos incumbidos por comportamentos orientados por objetivos. Tais comportamentos são acionados por projeções glutamatérgicas que têm origem na amígdala basolateral, no hipocampo e no córtex pré-frontal e inervam os neurônios do NAc. A amígdala basolateral e o hipocampo têm relevância para estabelecerem associações entre estímulos específicos e contextuais e o efeito reforçador da substância psicoativa. Esses circuitos glutamatérgicos são controlados pela dopamina para definir a intensidade da excitação dos neurônios GABAérgicos de projeção do NAc. Um dos notáveis alvos dessa projeção é o globo pálido ventral, no qual executa a função motora da ação. (LENT, 2008).

O motivo pelo qual a dopamina tem demasiada importância para a dependência é que ela sinaliza a saliência, isto é, algo com relevância e que deve-se prestar atenção. Na dependência, os estímulos não relacionados às drogas têm saliência limitada, enquanto aqueles associados às substâncias têm saliência elevada. Os estímulos associados a drogas estimulam o mPFC e elevam o impulso glutamatérgico ao NAc. O aumento do impulso ao mPFC leva ao aumento exponencial da saliência relacionada à droga e aos estímulos

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associados a ela, com uma elevação correspondente na ânsia e comportamento na busca por drogas. (KREBS; WEINBERG; AKESSON, 2013; LENT, 2008). Devido às suas conexões aferentes e eferentes, o NAc desempenha importante papel na regulação da atribuição de saliência das emoções, da motivação e da cognição. (DIEHL; CORDEIRO; LARANJEIRA, 2010).

As projeções dopaminégicas adivindas da ATV em direção ao NAc modulam a influência de glutamato sobre esta estrutura. Esses neurônios dopaminérgicos são ativados por reforçadores, e possibilitam o indivíduo antecipar a probabilidade de uma recompensa quando ele é colocado na presença de estímulos que preveem sua ocorrência. Dessa forma, esta via dopaminérgica produziria saliência para estímulos reforçadores relevantes, auxiliando na consolidação do aprendizado estimulo-resposta (permitindo que o indivíduo adquira o hábito de procurar estímulos reforçadores essenciais para a sobrevivência). (LENT, 2008).

Essas considerações levaram à ideia de que, quando um indivíduo utiliza drogas de abuso, a liberação de dopamina reforça as memórias associativas relacionadas ao uso, à ânsia e à busca pela droga. O circuito de recompensa dopaminérgico mesolímbico, que em situações fisiológicas reforça a busca por objetivos de sobrevivência (alimentos, ato sexual, interação social), é usurpado por objetivos relacionados à droga. (KANDEL, 2012).

O papel da dopamina como reforçadora, de forma a permitir o aprendizado estímulo-resposta também pode justificar a ativação das áreas do circuito de recompensa (ATV, NAc e mPFC) nos ratos do grupo morfina do experimento, mesmo estes estando em abstinência. A maior ativação dessas áreas pode estar ligada a relação que os ratos aprenderam ao receberem morfina quando atingiam a caixa 02 do aparato experimental, ao contrário dos animais do grupo controle que receberam solução salina.

Tal observação sugere que o aprendizado e a memória têm relevância na adicção, visto que a busca por droga é frequentemente iniciada por relação ao seu contexto (pessoas, sensações corporais, locais e odores associados com o uso prévio da substância). (KANDEL, 2012).

Portanto, é possível notar que as modificações ocasionadas pela dependência química são demasiadamente intensas, de modo que o sistema

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dopaminérgico mesolímbico, normalmente ativado durante sensações de recompensa, também é ativado durante períodos de abstinência.

7. CONCLUSÃO

Apesar do sistema dopaminérgico mesolímbico ser considerado, estritamente, um circuito de recompensa, foi possível constatar que este também é ativado em situações não prazerosas, como na abstinência. Isso pode, em parte, ser explicado devido as intensas modificações ocasionadas pela dependência química, de modo que a memória e aprendizado relacionados à saliência após o uso da substância (o contexto em que a droga foi utilizada, como o ambiental em que os ratos se encontravam) incentivam comportamentos de busca por droga, ativando o sistema dopaminérgico mesolímbico durante a abstinência.

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Referências Bibliográficas

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