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II Jornada de Debates sobre Ensino de Ciências e Educação Matemática I Encontro Nacional de Distúrbios de Aprendizagem na Perspectiva Multidisciplinar

“Recursos Didáticos e Tecnologias de Ensino”

1

Análise de mapas conceituais utilizados como avaliação: uma

investigação no Brasil

1 Análisis de los mapas conceptuales utilizados como la evaluación: una

investigación en Brasil. _____________________________________ ROSILAINE GOMES DE SANTANA2

CELSO JOSÉ VIANA BARBOSA3

Resumo

Propomos por meio deste artigo fazer um levantamento de trabalhos que utilizam mapas conceituais(MC) como ferramenta de avaliação e que adotam critérios para identificar a validade dos conceitos expostos nos mesmos. O objetivo de utilizar mapas conceituais consiste em examinar se os alunos aprenderam os conteúdos de forma significativa, quais conceitos não foram aprendidos ou se foram aprendidos de forma incorreta, como também verificar se eles conseguiram fazer as relações dos novos conceitos com os conhecimentos já existentes na sua estrutura cognitiva. Percebemos através deste estudo que há um número pouco significativo de trabalhos que abordam sobre a utilização de mapas conceituais como avaliação e também de trabalhos que estabelecem critérios de análise dos mesmos

Palavras-Chave: Mapas Conceituais; Avaliação; Critérios de Análise. Resumen

Proponemos a través de este artículo para examinar el trabajo con los mapas conceptuales como herramienta de evaluación y adoptar criterios para identificar la validez de los conceptos expuestos en los mapas. El propósito de utilizar los mapas conceptuales consiste en examinar si los estudiantes aprendieron el contenido de manera significativa, lo que los conceptos no se aprende o se han aprendido correctamente, sino también comprobar si se las arreglaron para hacer que las relaciones de los nuevos conceptos con el conocimiento existente en el su estructura cognitiva. Realizado a través de este estudio no es un número insignificante de los estudios de discutir el uso de mapas conceptuales como la evaluación y también trabaja para establecer criterios para el análisis de la misma.

Palabras clave: Mapas Conceptuales, Evaluación, Criterios de Revisión.

Introdução

1

Apoio: À Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe - FAPITEC/SE

2

Universidade Federal de Sergipe – rosilainegomes22@gmail.com 3

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II Jornada de Debates de Ensino de Ciências e Educação Matemática.

A avaliação tem sido utilizada como um processo de classificação dos sujeitos através da realização de exames, como forma de diagnosticar, premiar e hierarquizar os alunos objetivando apenas “passar de ano”. Esta metodologia de avaliação não atrai o interesse dos alunos para o que está sendo ensinado e não gera nos mesmos uma motivação para estudar. Além disso, este tipo de avaliação não permite que os alunos exponham significativamente o que aprenderam, quais conceitos eles assimilaram, quais foram as dificuldades apresentadas na aprendizagem de um determinado conteúdo e entre outras observações que podem ser feitas.

Esse sistema de avaliação começou a sofrer inúmeras críticas desde os anos 70 e 80 do século XX. Porém nota-se que somente na década de 90 é que começaram a surgir mobilizações que tentam romper com os paradigmas de avaliação presentes há anos na cultura escolar. Esse rompimento procurava instaurar um processo de avaliação formativa, ou seja, uma avaliação comprometida com a aprendizagem dos alunos, com a formação e não com a classificação Catani e Gallego (2009).

Na perspectiva de inserção de uma avaliação com ênfase no aspecto qualitativo, onde se almeja a aprendizagem significativa, podemos destacar o mapa conceitual como uma excelente ferramenta de avaliação da aprendizagem dos alunos. O mapa conceitual como avaliação tem sido utilizado em pesquisas no Brasil desde as duas últimas décadas, onde os autores têm evidenciado a importância dessa ferramenta avaliativa, tendo em vista sua aplicação e contribuição em diversas áreas. Além disso, essas pesquisas vêm demonstrando que os mapas conceituais como avaliação representam um caminho promissor na busca por melhores resultados de aprendizagem nas escolas e universidades.

Assim, propomos neste artigo um estudo bibliográfico dos trabalhos que utilizam mapas conceituais como avaliação. A partir dessa análise identificaremostambém se os autores adotam critérios para avaliar a eficácia dessa ferramenta na avaliação da aprendizagem.

1. Mapas conceituais e aprendizagem significativa

Podemos conceituar mapas conceituais como diagramas hierárquicos que servem para mostrar as relações significativas entre vários conceitos. São instrumentos potencialmente úteis, pois podem ser utilizados para: revelar o conhecimento prévio do

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aluno (antes do professor trabalhar o conteúdo em si), resumir conteúdos e fazer anotações (de um texto/seminários/apresentações etc.), revisar e estudar a matéria e avaliar os estudantes.

Segundo Moreira (1986):

No ensino, mapas conceituais podem ser usados para mostrar relações hierárquicas entre concepções que estão sendo ensinadas em uma única aula, em uma unidade de estudo ou em toda a matéria. São representações concisas das estruturas conceituais que estão sendo ensinadas e procuram facilitar a aprendizagem significativa [...] (MOREIRA, 1986, p. 2).

Para melhor entendimento do conceito de MC, mostraremos na figura 1 um exemplo de um MC montado por um especialista onde ele expõe sua visão sobre algumas particularidades do Mapa Conceitual.

FIGURA 1: Um mapa conceitual mostrando as características dos mapas conceituais FONTE: Novak e Cañas (2006, p. 2)

Percebemos, através desse mapa, algumas características e elementos que compõem o mesmo, como:

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 As proposições, ligação entre dois ou mais conceitos, são formados por palavras de ligação e não por conceitos, além de que uma proposição fica difícil de ser compreendida quando não há palavras de ligação;

 O mapa deve ser hierárquico, isto é, os conceitos mais gerais e mais inclusivos deverão estar no topo do mapa e os conceitos mais específicos e menos inclusivos deverão ficar abaixo deles.

 A presença de ligações cruzadas indica que o autor do mapa fez interrelações não hierárquicas entre segmentos distantes do mapa, as quais estabelecem novas relações entre conceitos.

Porém, destacamos que não há regras, nem um modelo rígido para se elaborar mapas conceituais. Não podemos dizer que um mapa está correto ou incorreto, o que há são mapas mais completos que outros, pois cada mapa irá representar a estrutura cognitiva de cada indivíduo. Entretanto é necessário que se observe se estão corretas as palavras de ligação e os conceitos empregados.

A teoria que está por trás do estudo sobre mapas conceituais é a Teoria de Educação de Novak, que subjaz a aprendizagem significativa de Ausubel. O conceito básico da teoria de Ausubel é o de aprendizagem significativa. Esta aprendizagem segundo Moreira (2005):

[...] é dita significativa quando uma nova informação (conceito, ideia, proposição) adquire significados para o aprendiz através de uma espécie de ancoragem em aspectos relevantes da estrutura cognitiva preexistente do indivíduo, isto é, em conceitos, ideias, proposições já existentes em sua estrutura de conhecimentos (ou de significados) com determinado grau de clareza, estabilidade e diferenciação. (MOREIRA, 2005, p. 7).

No decurso da aprendizagem significativa, os conceitos que interagem com o novo conhecimento e servem de base para a atribuição de novos significados vão também se modificando em função dessa interação, vão adquirindo novos significados e se diferenciando progressivamente.

Além da aprendizagem significativa, há um tipo de aprendizagem que ocorre quando há pouca ou nenhuma interação entre novas informações com a estrutura cognitiva do aprendiz, a esse tipo de aprendizagem denomina-se aprendizagem mecânica. Neste tipo

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de aprendizagem a nova informação é armazenada de forma arbitrária na estrutura cognitiva, ou seja, o conhecimento adquirido fica arbitrariamente distribuído na estrutura cognitiva sem ligar-se a conceitos subsunçores específicos.

2.

Mapas conceituais utilizados como avaliação

Há diversos trabalhos no Brasil que enfatizam a importância da utilização do mapa conceitual como uma ferramenta de avaliação. Estes trabalhos podem ser encontrados em diversas revistas científicas como: Revista Brasileira de Pesquisa em Educação (2 trabalhos), Revista Brasileira do Ensino de Física (3), Caderno Brasileiro do Ensino de Física (3), Revista Ciência e Cognição (4), Experiências em Ensino de Ciências (9), Ciência e Educação (1), Educação e Pesquisa (1), Educação e Revista (1), Texto Contexto Enfermagem (1), Caderno de Saúde Pública (1) e Sitientibus (1).

Esses trabalhos apontam os benefícios da utilização de mapas conceituais como uma nova metodologia de avaliação a ser utilizada em diferentes contextos, seja na área da saúde (Struchiner, Vieira e Ricciardi, 1999; Cogo et al, 2009;), como avaliação formativa (Souza e Boruchovitch, 2010b), no ensino fundamental (Silveira e Miltão, 2010), na modalidade de Educação de Jovens e Adultos - EJA (Krummenauer e Costa, 2009), no ensino técnico (Pacheco e Damásio, 2009) nas disciplinas física (Martins, Verdeaux e Sousa, 2009; Silva e Souza, 2007), química (Nunes e Pino, 2008), biologia (Razera et al, 2009) e matemática (Venâncio e Kato, 2008).

É interessante destacar que o objetivo deste artigo não é o de mostrar como foi desenvolvido cada um desses trabalhos encontrados, mas sim abordar as ideias mais comuns entre eles, além de mostrar os resultados de algumas dessas pesquisas, como descreveremos a seguir.

Observamos que o mapa conceitual está sendo utilizado como um instrumento no processo de avaliação formativa:

As alterações atingem também as finalidades conferidas ao instrumental avaliativo, bem como suscitam sua diversificação e ampliação. O mapa conceitual é um dos instrumentos postos a serviço da avaliação formativa, ao configurar-se um dos meios para se alcançar um fim: assegurar que o aluno aprenda e se desenvolva. (SOUZA, BORUCHOVITCH, 2010b, p. 797)

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II Jornada de Debates de Ensino de Ciências e Educação Matemática.

Há trabalhos que utilizam mapas conceituais em nível de graduação (Paulo, Amanda e Jerson, 2010; Almeida e Moreira, 2008; Filho, 2007; Toigo e Moreira, 2008) e pós-graduação. A aplicação dos mapas conceituais na pós-graduação pode ser observada no trabalho de Moreno et al. (2007). Nesse estudo os mapas conceituais construídos pelos alunos, apresentaram conceitos representativos, dos conteúdos abordados nas disciplinas Processo de Ensino-Aprendizagem e Educação em Saúde, relacionados e organizados hierarquicamente, dos mais gerais aos mais específicos, evidenciando a compreensão do processo de aprendizagem do aluno, entendendo que este se manifesta pela organização dos conceitos e a qualidade de suas relações.

Os mapas conceituais podem indicar se os alunos estabelecem relações entre saberes de disciplinas diferentes, além de mostrar a maneira pela qual se dá a significação entre os conceitos envolvidos. Nesse sentido eles podem ser utilizados para direcionar os alunos num progresso rumo à interdisciplinaridade, através de atividades que evidenciem o aparecimento de relações entre conceitos químicos e biológicos, Correia, Junior, Malachias (2008).

No quadro 1, apresentamos os resultados de algumas pesquisas que mostraram a utilização de mapas conceituais como avaliação em diferentes áreas do conhecimento.

Autor Ideias centrais Asserções de conhecimento MARTINS,

VERDEAUX e SOUSA (2009)

Utilizar diagramas conceituais no ensino da física, incorporados as aulas expositivas e demonstrativas,

visando promover a aprendizagem significativa de conteúdos de ondulatória, acústica e óptica em

nível de ensino médio. Pg. 1

A utilização da estratégia de mapas conceituais, aqui tratado como diagramas conceituais, contribui não só para a aprendizagem significativa

em si, mas também para o desenvolvimento (pelo aluno) de

competências e habilidades associadas as diferentes disciplinas, em especial ao estudo da física. Pg.

10 ALMEIDA e

MOREIRA (2008)

Apresentar os resultados de uma investigação que abordou as dificuldades de estudantes de graduação em física na aprendizagem

de conceitos da óptica física, envolvendo concepções alternativas e

a utilização de mapas conceituais como instrumento didático para facilitar a aprendizagem significativa

desses conceitos. Pg 1

[...] Assim sendo, com base nos resultados dessa pesquisa, sugere-se

que os mapas conceituais são instrumentos potencialmente facilitadores da aprendizagem significativa dos conceitos da óptica física e podem auxiliar o professor na

identificação das dificuldades de aprendizagem dos conteúdos

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II Jornada de Debates de Ensino de Ciências e Educação Matemática.

AIZICZON e CUDMANI (2010)

[...] implantar uma abordagem didática para a educação em Biofísica e Ciências da Saúde, que

supere o Modelo de Recepção-transmissão. Pg. 90

A construção do mapa conceitual facilitou a aprendizagem significativa, sugerindo conexões

entre o que já se sabe e os novos conhecimentos. Pg. 103 CASTIÑEIRAS et

al (1996)

Apresentamos resultados de um estudo transversal (13 a 18 anos) em

que se explora, mediante mapas conceituais, o grau de utilização de um modelo microscópico da matéria,

no domínio conceitual calor e temperatura, por parte dos estudantes

alunos e alunas de diferentes níveis educativos da Escola Normal de

Olavarría (R. Argentina) Pg. 11

O mapa conceitual pode ser considerado um instrumento útil para investigar o que o aluno sabe e como

organiza seu conhecimento. [...] destacar também que uma análise qualitativa dos mapas conceituais dos estudantes, oferece ricas e detalhadas

visões sobre a aprendizagem significativa resultante da introdução

[...] Pg. 26 PACHECO e

DAMASIO (2009)

[...] utilizar o mapa como organizador do conhecimento de um

projeto de ciências. Pg 180

A análise dos dados demonstrou os mapas conceituais podendo, de fato,

contribuir para a aprendizagem significativa. Essa conclusão decorre da progressiva clareza dos conceitos na estrutura cognitiva dos alunos, por

sua proposição mais acertada, sua hierarquização mais apurada e estabelecimento de relações mais

explícitas. Pg. 188 SOUZA e

BORUCHOVITC H (2010b)

[...] evidenciar o mapa conceitual como ferramenta particularmente relevante às intenções formativas, porque favorável à regulação do

ensino e à autorregulação da aprendizagem e pertinente enquanto

estratégia de ensino/aprendizagem [...] Pg. 795

Os mapas conceituais são uma excelente estratégia de ensino/aprendizagem, bem como ótima ferramenta avaliativa, uma vez

que, no curso de sua estruturação e reestruturação, se manifestam conflitos cognitivos e espaços para a

tomada de consciência acerca de discrepâncias, problemas, dificuldades, erros – que, quando analisados, confrontados, discutidos

e explorados, se apresentam como espaços de avanços, superações e,

por que não, de regulações e autorregulações. Pg. 805 COGO et al.

(2009)

[...] objetiva avaliar a estratégia de utilização de mapas conceituais

elaborados com o software CmapTools, no curso na modalidade a distância denominado Introdução a

Anamnese e ao Exame Físico de Enfermagem [...] Pg. 482

A construção dos MCs, enquanto técnica de ensino demonstrou ser importante como sinalizador dos

conceitos apreendidos pelos estudantes no processo de ensino-aprendizagem, além de integrar o conhecimento novo aos anteriores ao

estabelecer inter-relações. Desta forma, é possível pensar-se nos MCs

como uma estratégia de acompanhamento da aprendizagem do aluno ao longo de uma disciplina

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II Jornada de Debates de Ensino de Ciências e Educação Matemática. ou de um curso. Pg. 487 SOUZA e BORUCHOVITC H (2010a)

[...] apresentar uma reflexão sobre as potencialidades do mapa conceitual

como estratégia de

ensino/aprendizagem e ferramenta avaliativa. Pg. 195

Ferramenta avaliativa, os mapas conceituais possibilitam ao professor

e aos alunos a percepção quanto à identificação e à apropriação dos conceitos mais relevantes em um

contexto informacional, à assertividade das relações estabelecidas entre eles, bem como

ao delineamento da qualidade das alterações processadas na estrutura cognitiva do aprendente. Pg. 213 e 214 STRUCHINER, VIEIRA e RICCIARDI (1999)

[...] apreender a estrutura cognitiva de alunos do último ano (sétimo período) do curso de graduação em odontologia da UFRJ em relação à

temática do esmalte. Pg.55

[...] A análise dos mapas elaborados pelos estudantes possibilitou um

estudo não só sobre a estrutura cognitiva e as concepções sobre saúde oral dos alunos, como também

permitiu um diagnóstico do conhecimento em diversos aspectos

relevantes à formação científica e profissional, apontando para a

necessidade de se repensar o processo ensino-aprendizagem nos

cursos de Odontologia. Pg. 55 AMORETTI e

TAROUCO (2000)

[...] investigar as características cognitivas básicas dos mapas conceituais para melhor aplicá-las e

explorá-las na modelagem dos conceitos realizada pelos estudantes,

em situação de sala de aula presencial e em situação de educação

à distância [...] Pg. 1

[...] o estudo das produções dos mapas conceituais dos estudantes proporciona o reconhecimento das propriedades estruturais subjacentes comuns dos conceitos dos indivíduos

e de sua comunidade bem como a percepção da presença do desvio cognitivo que se constitui em um

obstáculo significativo à aprendizagem dos conceitos [...] Pg.

1

QUADRO 1: Resultados de algumas pesquisas sobre a utilização dos mapas conceituais como avaliação.

É importante destacar que se fossemos analisar todos os trabalhos que abordam sobre a temática mapas conceituais, de um modo geral, o número de trabalhos encontrados nas diversas revistas científicas seria consideravelmente maior. Porém, quando nos restringimos somente a utilização de mapas conceituais como ferramenta de avaliação esse número se torna reduzido, apesar das contribuições e das potencialidades que o mesmo pode proporcionar à educação, conforme vimos anteriormente nas asserções de conhecimento dos trabalhos citados.

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II Jornada de Debates de Ensino de Ciências e Educação Matemática.

3. Critérios de análise de mapas conceituais

Vimos anteriormente uma discussão sobre os trabalhos, no Brasil, que utilizam mapas conceituais como avaliação. Muitos destes trabalhos não estabelecem critérios para verificar se os mapas montados pelos alunos apresentam uma estrutura coerente, se os conceitos formam proposições corretas, além de outros fatores que são possíveis de serem analisados. Nesta pesquisa, encontramos quatro trabalhos que estabelecem/criam critérios para análise de mapas conceituais, os quais descreveremos a seguir.

Os critérios de análise de mapas conceituais descritos nos trabalhos de Moreno et al (2007), Cogo et al (2009), são fundamentalmente de enfoque qualitativo. Já no trabalho de Struchiner, Vieira e Ricciardi (1999), além de uma análise qualitativa eles enfocam o critério proposto por Novak e Gowin (1984), o qual atribui uma determinada pontuação aos mapas. Nesses trabalhos percebemos uma análise da estrutura do mapa (linear ou em rede), enfatizando a importância das ligações cruzadas nos mesmos; relevância, abrangência e quantidade de conceitos expostos; proposições com significado lógico e com a presença de palavras de ligação adequadas. Além de alguns critérios estabelecidos, os autores fazem questionamentos que objetivam compreender os processos de construção dos mapas Cogo et al (2009).

Autores Critérios Utilizados

MORENO et al (2007)

Conceitos: quantidade e qualidade de conceitos apresentados e níveis de hierarquia conceitual; Inter-relações entre conceitos: linhas de entrecruzamento, número de palavras de enlace e proposições com significado lógico; Estrutura do

mapa: sequencial ou em rede e presença de relações cruzadas.

COGO et al (2009)

Os conceitos apresentados estão de acordo com o tema em estudo; o mapa demonstra que o estudante compreendeu o tema proposto; o estudante expressa uma reflexão crítica; o mapa contempla a ligação entre diferentes conceitos; os verbos de ligação utilizados expressam a ação entre os conceitos a que se referem;

a reflexão expressa vai além do tema em estudo; o design do mapa facilita a sua leitura e interpretação.

STRUCHINER, VIEIRA e RICCIARDI, (1999)

Hierarquias, proposições, conexões cruzadas entre conceitos e exemplos de conceitos. Dificuldades na construção do mapa, Organização do pensamento, Erros de conceituação, abrangência da temática, representações sobre a prática

profissional e influência do currículo. PAULO, AMANDA, e

JERSON, (2010)

As análises dos mapas conceituais foram feitas pelo professor, por um especialista e por alunos de uma disciplina.

NUNES e PINO, (2008)

Analisa as conexões entre conceitos, em dois aspectos: O primeiro aspecto classifica as conexões quanto a utilidade: dividindo-as em três categorias:

incorretas, incompletas e úteis. O segundo aspecto classifica as conexões previamente caracterizadas como úteis em três categorias: a) exemplo; b) fato

fundamental; c) indica uma conexão que é explicada por outra conexão. QUADRO 2: Mostra os critérios de análise de mapas conceituais proposto por alguns autores

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II Jornada de Debates de Ensino de Ciências e Educação Matemática.

No trabalho de Paulo, Amanda e Jerson (2010), foram feitas comparações entre os mapas conceituais do professor e especialista, professor e alunos e especialistas e alunos. Além disso, essas comparações foram tratadas com métodos estatísticos.

Muitos critérios descritos por esses autores brasileiros levam em consideração algumas ideias que ja haviam sido abordadas em outros trabalhos a nível internacional, como por exemplo, as ideias propostas por Novak e Gowin (1984). Estas ideias estão relacionadas a questão da hierarquia do mapa, presença de ligações cruzadas e de exemplos e proposições construídas de forma correta. Porém, apesar dessas semelhanças, os trabalhos aqui analisados não criam outros critérios quantitativos de pontuação de mapas, além dos de Novak e Gowin (1984), mostram apenas percentuais para determinadas categorias estabelecidas.

Além de alguns trabalhos considerarem as ideias de Novak e Gowin (1984), o trabalho de (Nunes e Pino, 2008) propõe critérios de avaliação de mapas segundo a proposta de Nicoll, Francisco e Nakhleh (2001). Estes critérios levam em consideração a análise das conexões entre conceitos proposta pelos estudantes, em dois aspectos: utilidade das conexões (incorretas, incompletas e úteis) e classificação das proposições úteis (exemplo, fato fundamental, indica uma conexão que é explicada por outra conexão).

Considerações finais

Percebemos através deste estudo que há um número pouco significativo de trabalhos que abordam sobre a utilização de mapas conceituais como avaliação e também de trabalhos que estabelecem critérios de análise dos mesmos. Com a análise desses trabalhos foi possível observar que o mapa conceitual como ferramenta avaliativa poderá ser utilizado em diferentes níveis de ensino, seja no ensino fundamental, médio, superior ou até mesmo na pós-graduação e com diversas metodologias.

Com relação aos critérios de análise dos mapas percebemos que há uma ênfase na análise qualitativa onde procuram verificar o quanto os alunos aprenderam sobre um determinado conteúdo, através da análise dos conceitos (suas interrelações, observando se os alunos utilizaram os conceitos de forma correta de acordo com tema proposto) da estrutura do mapa (pois esse item pode determinar incialmente se o mapa foi bem ou

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II Jornada de Debates de Ensino de Ciências e Educação Matemática.

mal elaborado) das hierarquias conceituais e principalmente das ligações cruzadas (pode identificar a capacidade criativa dos alunos).

Todos os critérios de análise de mapas conceituais citados nesse trabalho são importantes, pois representam iniciativas de alguns autores brasileiros que percebem a necessidade de adoção de critérios que verifiquem se os mapas elaborados pelos alunos atingiram os objetivos desejados, através da identificação de vários aspectos já citados anteriormente. Além disso, o sistema educacional exige que o professor atribua uma nota (quantitativa) ao aluno e essa nota poderá ser aplicada com mais precisão, se o professor adotar critérios de análise dos mapas que foram utilizados para avaliar a aprendizagem dos alunos.

Esperamos que este trabalho contribua para a ampliação das pesquisas nessa área, tendo em vista a relevância e as contribuições que mapas conceituais proporcionam quando utilizados, principalmente, como avaliação da aprendizagem dos alunos.

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Referências

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