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As dificuldades dos profissionais da contabilidade ao constituírem escritório contábil próprio

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Academic year: 2021

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANA CLÁUDIA SORANZO

AS DIFICULDADES DOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE AO CONSTITUÍREM ESCRITÓRIO CONTÁBIL PRÓPRIO

CAXIAS DO SUL 2015

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CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

ANA CLÁUDIA SORANZO

AS DIFICULDADES DOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE AO CONSTITUÍREM ESCRITÓRIO CONTÁBIL PRÓPRIO

Projeto de Pesquisa de Monografia apresentado como requisito para a obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Contábeis da Universidade de Caxias do Sul

Orientador: Prof. Me. Fernando Batista Fontana

CAXIAS DO SUL 2015

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Dedico este trabalho aos meus preciosos pais Alfeu e Eliane, por toda dedicação, incentivo e amor.

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Agradeço primeiramente a Deus, por estar presente em todos os momentos da minha vida, concedendo-me força e ânimo para alcançar meus objetivos.

Meu agradecimento de forma especial aos meus pais Alfeu e Eliane que, além do carinho e apoio, possibilitaram a realização desta conquista em minha vida.

Agradeço ao meu irmão Alexandre, meu grande companheiro. Agradeço ao meu noivo Edicarlos, pelo amor, compreensão e apoio.

Ao meu orientador Prof. Me. Fernando Batista Fontana, pelo orientador dedicado que foi e por sua significativa contribuição neste trabalho.

Agradeço aos profissionais da contabilidade do município de São Marcos-RS pela contribuição e também pela receptividade e carisma no momento em que os procurei para aplicar os questionários.

Agradeço aos amigos e a todos que direta ou indiretamente me ajudaram nesta caminhada.

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procurar novas paisagens, mas em ter novos olhos.

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Dentre as opções de áreas de atuação do profissional contábil após a sua formação está a de constituir escritório contábil próprio. Pelo fato do profissional atuante nesta área ser responsável pela contabilidade de empresas diversas, com diversos ramos de atividade e diversas normas e regras, possivelmente houveram dificuldades que foram ou são superadas na abertura e na continuidade do negócio. Este estudo buscou identificar estas dificuldades. A metodologia utilizada para este estudo foi classificada como levantamento, quanto aos seus procedimentos técnicos; de natureza aplicada, com abordagem quantitativa e qualitativa. Quanto aos objetivos foi descritiva, já que envolveu coleta de dados através de questionários aplicados pessoalmente em 19 profissionais contadores ou técnicos em contabilidade proprietários de escritórios contábeis constituídos no município de São Marcos – RS. Um grande percentual da amostra possuía experiências profissionais anteriores, por isso a média do grau de dificuldade nos diferentes aspectos indicados na pesquisa ficou com grau 3 – numa escala de 1 a 5. O aspecto que representou maior dificuldade foi com relação à necessidade do profissional manter-se atualizado diante de tantas mudanças. A maioria fez e ainda faz cursos diversos em diversas áreas como forma de manterem-se atualizados. Também a maioria considerou necessária uma assessoria ou consultoria no início das atividades. Todos os profissionais da amostra consideram-se satisfeitos com sua escolha de serem proprietários de escritórios contábeis. Sugere-se para futuros estudos, aplicação de pesquisa para identificar as dificuldades encontradas por profissionais proprietários de escritórios de contabilidade de outras localidades.

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Tabela 1 – Classificação da amostra por gênero ... 39 Tabela 2 – Classificação da amostra pelo tempo entre a formação do profissional e a constituição do seu escritório contábil ... 39 Tabela 3 – Classificação da amostra por formação ... 40 Tabela 4 – Classificação da amostra pela forma de constituição do escritório contábil

... 41 Tabela 5 – Classificação da amostra pela iniciativa individual ou conjunta na constituição do escritório contábil ... 41 Tabela 6 – Classificação da amostra pela quantidade de funcionários na constituição do escritório contábil ... 42 Tabela 7 – Grau de experiência da amostra nas áreas da contabilidade ... 43 Tabela 8 – Média aritmética do grau de experiência da amostra nas áreas abrangidas pela contabilidade ... 44 Tabela 9 – Grau de dificuldade da amostra com falta de experiência e falta de conhecimento ... 44 Tabela 10 – Grau de dificuldade da amostra com instalações do escritório e custos iniciais ... 46 Tabela 11 – Grau de dificuldade da amostra com administração e colaboradores ... 47 Tabela 12 – Grau de dificuldade da amostra com jornada de trabalho, cumprimento de prazos e sistema de contabilidade. ... 48 Tabela 13 – Grau de dificuldade da amostra com divulgação do escritório e captação de clientes ... 49 Tabela 14 – Grau de dificuldade da amostra nas relações com clientes ... 50 Tabela 15 – Grau de dificuldade da amostra com relacionamento com colegas de profissão e margem de retorno ... 51 Tabela 16 – Média aritmética do grau de dificuldade da amostra nos pontos relacionados a escritórios de contabilidade e abrangidos pela pesquisa ... 52 Tabela 17 – Classificação da amostra pelo ano da constituição do escritório de contabilidade ... 53 Tabela 18 – Opinião da amostra quanto à importância das assessorias e/ou consultorias no início das atividades dos escritórios contábeis ... 54

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Tabela 20 – Satisfação da amostra quanto à sua escolha de constituir escritório contábil ... 56

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CFC Conselho Federal de Contabilidade CNPJ Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica

COFINS Contribuição para Financiamento da Seguridade Social CPC Comitê de Pronunciamentos Contábeis

CRC Conselho Regional de Contabilidade CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

DCOMP Declaração de Compensação

ICMS Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação

IPI Imposto sobre Produtos Industrializados IRPJ Imposto de Renda Pessoa Jurídica

ISS Imposto sobre Serviços

Me. Mestre

p. Página

PIS/PASEP Programa de Integração Social/ Programa de Formação do Patrimônio do Servidor

Prof. Professor

RS Rio Grande do Sul

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1 INTRODUÇÃO ... 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 13

1.1.1 Justificativa ... 13

1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA ... 14

1.2.1 Delimitação do tema ... 14

1.2.2 Motivação da escolha do tema ... 16

1.2.3 Definição do problema... 17 1.4 OBJETIVOS ... 17 1.4.1 Objetivo geral ... 17 1.4.2 Objetivos específicos ... 17 1.5 METODOLOGIA ... 17 1.5.1 Delineamento da pesquisa ... 17

1.5.2 Procedimentos de coleta e análise dos dados ... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ... 20

2.1 BREVE HISTÓRICO DA PROFISSÃO CONTÁBIL ... 20

2.1.1 Escolas de pensamento contábil ... 22

2.1.2 Influência da era da informação na contabilidade ... 23

2.1.3 Influência da legislação na contabilidade ... 25

2.2 PERFIL DO PROFISSIONAL CONTÁBIL: FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS ... 27

2.2.1 Comportamento ético do profissional contábil ... 30

2.3 PREPARAÇÃO DO ENSINO DE CONTABILIDADE FRENTE ÀS MUDANÇAS NA PROFISSÃO ... 31

2.4 CONSTITUIÇÃO DE ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE... 34

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA ... 39

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 58

4.1 CONCLUSÃO ... 58

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APÊNDICE B - AGRUPAMENTO DOS DADOS COLETADOS DAS PERGUNTAS OBJETIVAS ... 67 APÊNDICE C - AGRUPAMENTO DOS DADOS COLETADOS DAS PERGUNTAS

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

O papel do profissional da contabilidade nas empresas foi se modificando ao longo do tempo. Hoje, não basta somente escriturar a contabilidade focando nas exigências do fisco, é preciso estar apto para atender exigências dos mais diversos usuários da contabilidade. (FARI e NOGUEIRA, 2007).

Conforme Martins (1993, apud CARDOSO, 2006), as organizações buscam constantemente por vantagens competitivas para melhorar a oferta de seus produtos, para isso, necessitam cada vez mais utilizar informações contábeis para o processo decisório.

Com o aumento das responsabilidades do contador, vem se expandindo também o mercado de trabalho para este profissional. Dentre as diversas áreas em que pode atuar, destaca-se neste estudo a do profissional autônomo que opta por abrir seu próprio escritório de contabilidade. Neste ramo, o contador precisa estar atento às regras, legislações e peculiaridades cabíveis a cada tipo de cliente – quanto ao ramo de atividades, forma de tributação e etc.

Neste contexto, é possível afirmar que a constituição de escritório contábil próprio é uma das áreas de atuação em que o contador mais precisa estar atualizado, bem informado e com amplo conhecimento.

Assim sendo, é importante ao contador que pretende seguir como profissional proprietário de escritório, conhecer as dificuldades enfrentadas por outros contadores que já passaram por esta experiência de constituição de organização contábil.

1.1.1 Justificativa

Diversos são os campos de atuação do profissional da contabilidade. Assim sendo, é notória que somente a formação acadêmica não dá ao concluinte a certeza de qual área irá optar dentro da contabilidade.

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Nas instituições de ensino superior, o foco dos estudos é dado à profissão contábil, deixando de lado o estudo da organização contábil - conhecimento este que fará falta ao contador que optar por constituir seu próprio escritório contábil.

Possivelmente, algumas das dificuldades listadas pelos profissionais da pesquisa serão as mesmas encontradas nos dias atuais para constituição de escritório próprio.

Com isso, este estudo poderá colaborar para aqueles que têm interesse em seguir por esse ramo, dando a estes um possível prefácio do que irão encontrar pelo caminho.

Para fins acadêmicos, este estudo irá contribuir com informações acerca da área de atuação dos profissionais proprietários de escritórios de contabilidade. Também poderá colaborar com os alunos que ainda não escolheram sua área de atuação dentro da contabilidade.

Para fins profissionais, irá auxiliar aos interessados em constituir seu próprio escritório de contabilidade, para que compreendam as possíveis dificuldades desse processo de constituição.

1.2 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA

1.2.1 Delimitação do tema

A contabilidade é uma ciência social destinada a suprir seus usuários com demonstrações e análises (de natureza econômica, financeira, física e de produtividade) que geram informações quantitativas e qualitativas referentes ao patrimônio líquido, que é o objeto da contabilidade. (RIBEIRO, 2010).

A sociedade em geral preocupa-se com a riqueza e suas variações (se ela está aumentando ou diminuindo), seja em uma organização ou seja no governo. Para monitorar esta riqueza, é necessário um sistema de medição. A contabilidade é esse sistema, por isso a sua notória importância. (BARKER, 2012).

A formação do profissional contábil compreendia o técnico em contabilidade (aquele que cursou contabilidade em nível técnico); e o contador ou bacharel em Ciências Contábeis (que concluiu curso superior – 3º grau – de contabilidade). Ambos podiam ser chamados de contabilistas e ambos podiam ser responsáveis

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pela contabilidade das empresas. Com exceção de algumas funções que somente o contador podia exercer, tais como: auditoria, perícia contábil e professor de contabilidade. (MARION, 2008).

Atualmente, somente o curso superior está em vigor, dando ao seu formando o título de bacharel em Ciências Contábeis. Após aprovação no Exame de Suficiência, o bacharel pode registrar-se nos Conselhos Regionais de contabilidade (CRCs) e receber o título de Contador (CONSELHO REGIONAL DE CONTABILIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, 2015).

Conforme consulta no site do CFC (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2015), os técnicos em contabilidade puderam registrar-se no Conselho Regional de contabilidade somente até 1º de junho de 2015, após esta data, somente os bacharéis em Ciências Contábeis terão direito ao registro. Esta informação consta do parágrafo 2°, artigo 12, do Decreto Lei n.° 9.295/46, incluído pela Lei n.° 12.249/10:

Os técnicos em contabilidade já registrados em Conselho Regional de contabilidade e os que venham a fazê-lo até 1° de junho de 2015 têm assegurado o seu direito ao exercício da profissão.

O CFC em seu site (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE, 2015) ressalta que a data de 1º de junho de 2015 refere-se apenas à solicitação do registro pelos técnicos, não influenciando na atuação dos técnicos já registrados até a data acima, que poderão continuar exercendo a profissão normalmente.

A contabilidade faz parte tanto da vida pessoal quanto dos negócios empresariais, conforme afirmam Politelo, Manfroi e Cunha (2013), com isso, o mercado de trabalho para o Contador é amplo:

Art. 2º O contabilista pode exercer as suas atividades na condição de profissional liberal ou autônomo, de empregado regido pela CLT, de servidor público, de militar, de sócio de qualquer tipo de sociedade, de diretor ou de conselheiro de quaisquer entidades, ou, em qualquer outra situação jurídica definida pela legislação, exercendo qualquer tipo de função. Essas funções poderão ser as de analista, assessor, assistente, auditor, interno e externo, conselheiro, consultor, controlador de arrecadação, controller, educador, escritor ou articulista técnico, escriturador contábil ou fiscal, executor subordinado, fiscal de tributos, legislador, organizador, perito, pesquisador, planejador, professor ou conferencista, redator, revisor.(RESOLUÇÃO CFC 560/83).

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Dentre as diversas atividades que podem ser exercidas pelo profissional contábil, uma delas refere-se à constituição de escritório contábil próprio, onde o profissional presta serviços para diversos clientes.

Justamente por ser uma atividade que abrange diversos tipos de clientes (quanto ao ramo de atividades, forma de tributação, etc.), o profissional contábil proprietário de escritório deve ter um conhecimento extremamente amplo e variado. Além disso, este profissional não recebe na graduação, instrução referente à gestão de negócios, o que também pode se tornar uma dificuldade quando da abertura de seu escritório.

Desta forma, este estudo busca entrevistar proprietários de escritórios de contabilidade localizados em São Marcos, no Rio Grande do Sul, visando identificar as principais dificuldades que os mesmos encontraram ao constituírem escritório contábil próprio. Dificuldades estas relacionadas à constituição do novo negócio; e também relacionadas ao início das atividades como contador autônomo.

1.2.2 Motivação da escolha do tema

A oportunidade que o curso superior de Ciências Contábeis oferece ao seu formando de constituir seu escritório próprio é bastante atrativa. Tanto pelo fato de ser dono do próprio negócio, quanto pela possível rentabilidade que esse negócio pode trazer.

Porém, a área do contador empreendedor é pouco abordada no curso de Ciências Contábeis, o que pode ser um empecilho que afasta os contadores deste caminho (constituição de escritório contábil próprio).

Acredito que, ser responsável pela contabilidade de diversas empresas é muito mais desafiador do que ser funcionário de escritório ou ser responsável pela contabilidade de uma única empresa (no caso do contador que atua dentro de uma empresa). Esta razão despertou minha motivação para estudar quais as reais dificuldades ao se constituir o próprio escritório de contabilidade.

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1.2.3 Definição do problema

Diante de tantas mudanças que vem ocorrendo na profissão contábil – conforme Fari e Nogueira (2007), mudanças estas que ocorrem continuadamente e com uma velocidade sem limites – podemos dizer que os profissionais da contabilidade também precisam passar por mudanças para manterem-se no mercado de trabalho.

Deste contexto, levanta-se o seguinte problema de pesquisa: Quais as dificuldades dos contadores ao constituírem seu próprio escritório de contabilidade?

1.4 OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo geral

Identificar as principais dificuldades do contador ao constituir seu próprio escritório contábil.

1.4.2 Objetivos específicos

- Fazer o levantamento bibliográfico da contabilidade e do papel do contador; - Elaborar um questionário para identificar as principais dificuldades dos contadores ao constituírem escritório contábil próprio;

- Aplicar o questionário ao público alvo;

- Tabular as respostas obtidas dos questionários; - Analisar os resultados obtidos.

1.5 METODOLOGIA

1.5.1 Delineamento da pesquisa

Existem diversas formas de classificar uma pesquisa, Silva e Menezes (2005) distribuem as formas clássicas da seguinte maneira: quanto à natureza, quanto à forma de abordagem do problema, quanto aos seus objetivos e quanto aos seus procedimentos técnicos.

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Quanto à natureza, esta pesquisa classifica-se como aplicada, pois identifica as dificuldades encontradas pelos contadores que constituíram escritório contábil próprio, compara os resultados encontrados gerando informações que envolvem interesses sociais. Conforme Silva e Menezes (2005, p. 20), a pesquisa aplicada objetiva “gerar conhecimentos para aplicação prática (...). Envolve verdades e interesses locais”.

Com relação à forma de abordagem do problema, Silva e Menezes (2005) classificam como quantitativa a pesquisa que traduz em números as informações e opiniões, a fim de classificá-las e analisá-las; e qualitativa a pesquisa que interpreta os fenômenos, que não pode ser traduzida em números, que não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. Com base nestas informações, esta pesquisa classifica-se como quantitativa no que diz respeito às perguntas objetivas constantes do questionário, sendo estas agrupadas e quantificadas. Também é qualitativa, no que se refere à análise individual de cada resposta obtida através das perguntas abertas constantes do questionário.

Sob o ponto de vista dos objetivos, é descritiva, já que envolve coleta de dados através de questionário e visa pesquisar e transcrever as principais dificuldades encontradas pelos contadores ao constituírem seu próprio escritório de contabilidade. Gil (1991, apud SILVA e MENEZES, 2005, p. 21) define a pesquisa descritiva:

Visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.

Quanto aos seus procedimentos técnicos, classifica-se como levantamento, “quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer” (GIL, 1991, apud SILVA E MENEZES, 2005, p. 21), pois envolve a interrogação de contadores dos quais se deseja conhecer as situações e experiências ocorridas no início da sua atuação em escritório contábil próprio.

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1.5.2 Procedimentos de coleta e análise dos dados

Para este estudo, foi elaborado um questionário com perguntas relativas ao perfil do contador proprietário de escritório contábil e relativas às dificuldade que estes enfrentaram ao constituírem seus escritórios (tanto no que se refere à estruturação do escritório quanto ao início das atividades).

O questionário foi aplicado em 19 profissionais que possuem escritório contábil na cidade de São Marcos, no Rio Grande do Sul. De forma presencial.

Segundo informações do CRC/RS, via contato telefônico, existem 35 profissionais enquadrados no perfil descrito acima.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 BREVE HISTÓRICO DA PROFISSÃO CONTÁBIL

A contabilidade evoluiu de acordo com a própria evolução humana. Desde o início da civilização (para alguns teóricos, desde 4.000 antes de Cristo) a contabilidade já existia. Não da forma que conhecemos hoje, mas em função de controlar o crescimento do rebanho, por exemplo; ou ainda, em função da troca de bens. (IUDÍCIBUS, MARION e FARIA, 2009).

Apesar de a contabilidade existir desde o princípio da civilização, seu desenvolvimento foi lento ao longo dos séculos. Somente na Idade Moderna (em torno dos séculos XIV a XVI) evoluiu fortemente com o Renascimento (movimento que provocou renovação em diversas áreas como: artes plásticas, letras, organização política e econômica da sociedade). O fato mais marcante neste período, para a contabilidade, foi o registro da primeira literatura contábil relevante, escrita pelo Frei Luca Pacioli (em 1494), que tratava do método das partidas dobradas. Cabe aqui ressaltar que este método já era conhecido antes de Pacioli; era praticado no século XIII. (SCHMIDT, 2000; IUDÍCIBUS, MARION e FARIA, 2009).

No século XV, os primeiros livros impressos deram impulso ao início do desenvolvimento das escolas de pensamento contábil. (SCHMIDT e SANTOS, 2006).

Na metade do século XIX, se fez necessário acompanhar os custos para formação de preço do produto, ocorrendo então a primeira especialização do contador em contador de custos e em contador administrativo (CARDOSO, 2006).

Com a chegada do século XX as funções do contador evoluíram ainda mais, com a busca do atendimento também aos usuários externos, impulsionados fortemente por turbulências na Bolsa de Nova York (CARDOSO, 2006). Nesse momento, a contabilidade vinha exercendo um papel importante de acompanhamento dos negócios empresariais da época, “seja para atender o empresário antes do início do XIX, ou depois da Revolução Industrial” (KAPLAN E JOHNSON, 1993, apud CARDOSO, 2006, p. 101). Perdendo esta função no início dos anos 1900, quando o enfoque foi dado às informações externas, devido a maior

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regulação das práticas contábeis (KAPLAN E JOHNSON, 1993, apud CARDOSO, 2006).

Após a segunda guerra mundial, houve um grande desenvolvimento da profissão nos países vitoriosos, quando se viu a necessidade de maximizar a produção e minimizar os custos, segundo Cardoso (2006), e no final do século XX surgiu a era da informação, que mudou a visão gerencial.

No Brasil, o primeiro relato contábil foi em 1770, quando o então Rei de Portugal expediu uma carta onde estabelecia a necessidade da matrícula dos guarda-livros na Junta de Comércio, e também proibia a contratação de profissionais sem este registro. (COELHO, 2000, apud PIRES, 2008).

Em 1808 ocorreu a primeira manifestação contábil no Brasil. Foi neste ano que chegou a Família Real no país e houve a instalação do governo provisório de D. João VI. Este publicou um alvará que determinava que o método das partidas dobradas deveria ser aplicado na escrituração mercantil pelos Contadores Gerais da Real Fazenda. (SCHMIDT, 2000, apud PIRES, 2008).

O ano de 1964 foi marcante para a história da contabilidade no Brasil devido a dois eventos ocorridos naquele ano:

A introdução, realizada pelo Prof. José da Costa Boucinhas, de um novo método de ensino da contabilidade, baseado no livro Introductory Accounting de Finney e Miller, que resultou em uma nova orientação didática e teve como consequência a substituição progressiva das escolas de pensamento italiano pela escola norte-americana; e

O desenvolvimento da escola de correção monetária.(SCHMIDT, 2000, apud PIRES, 2008, p. 23).

Devido à ocorrência destes fatos, alguns autores, como Schmidt (2000, apud PIRES, 2008), dividem a história da contabilidade no país em dois períodos: antes de 1964 e depois de 1964.

O início do processo de desenvolvimento da profissão contábil no Brasil se deu quando da criação do Conselho Federal de Contabilidade, mediante o decreto nº 9.295, em 1946, que também definiu as atribuições dos contadores, técnicos e guarda-livros. (CARDOSO, 2006).

Para Cardoso (2006), a própria busca das organizações por vantagens competitivas, bem como a necessidade de utilização das informações contábeis para

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a tomada de decisões, fez e continua fazendo com que a profissão contábil se desenvolva, aumentando cada vez mais as atribuições do contador.

O desenvolvimento da profissão contábil também está atrelado à velocidade das informações e à evolução tecnológica, segundo Silva (2008), fazendo com que a formação profissional também se altere com o passar do tempo e o profissional necessite permanecer numa educação profissional continuada para manter-se no mercado.

Outro aspecto que tem grande influência sobre a evolução da profissão contábil é a legislação. Conforme Iudícibus e Lopes (2002, apud CARDOSO, 2006), no Brasil, a situação da legislação tributária pode influenciar aspectos técnicos e comportamentais do contador.

2.1.1 Escolas de pensamento contábil

A primeira escola de pensamento contábil foi a Escola Contista, que surgiu no século XV, especialmente com a obra de Luca Pacioli. (SCHMIDT e SANTOS, 2006). As teorias de contabilidade permaneceram as mesmas apresentadas no livro de Pacioli até o século XVIII. (SCHMIDT e SANTOS, 2006).

Para os criadores do movimento contista, “o processo de escrituração contábil deve estar subordinado ao funcionamento das contas” (SCHMIDT e SANTOS, 2006, p. 28), ou seja, o objetivo das contas é registrar uma dívida a receber ou a pagar (registro do haver e do dever). (SCHMIDT e SANTOS, 2006).

Com o passar do tempo surgiram outras escolas:

Quadro 1 - Escolas de pensamento contábil

Escolas de

pensamento contábil Características

Escola Administrativa ou Lombarda

Surgiu em 1840 dando início ao período científico da contabilidade.

Escola Personalista

Surgiu em 1867 e defendia que toda entidade tem um proprietário e este deve ser considerado no processo de escrituração.

Escola Controlista

Surgiu em 1880 e preocupou-se com o usuário interno. Considerou a contabilidade como a ciência do controle econômico.

Escola Norte-americana

Surgiu em 1887 dividindo a contabilidade em financeira (informação externa) e gerencial (informação interna)

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(continuação)

Escolas de

pensamento contábil Características

Escola Matemática

Não teve a mesma magnitude das anteriores. Fundamentou-se contrariamente à classificação da contabilidade como uma ciência social, afirmando que a contabilidade é uma ciência matemática.

Escola Neocontista

Surgiu no século XIX como um movimento contrário ao personalismo das contas, e a favor do valorismo das contas. Propôs que a contabilidade tem por finalidade acompanhar a evolução e as modificações que ocorrem no patrimônio.

Escola Alemã

Surgiu em 1919 afirmando que a contabilidade é um conjunto de registros com a finalidade de fornecer elementos da gestão.

Moderna Escola Italiana ou Economia Aziendal

Surgiu em 1922. Segundo esta escola, o fenômeno mais importante da empresa é o resultado. O sistema patrimonial está dentro do sistema de resultado.

Escola Patrimonialista

Surgiu em 1926 e trata a contabilidade como uma ciência que estuda o patrimônio. Diferente dos neocontistas, os patrimonialistas entendem que a contabilidade não somente revela o patrimônio, mas também estuda e interpreta os fenômenos patrimoniais.

Fonte: Adaptado de Schmidt e Santos (2006).

O estudo do patrimônio, para a Escola Patrimonialista, compreende três partes

- Estática patrimonial (equilíbrio funcional e financeiro dos elementos patrimoniais);

- Dinâmica patrimonial (obtenção e emprego do capital);

- Revelação patrimonial (conjunto de princípios que regulam a representação qualitativa e quantitativa do patrimônio). (SCHMIDT e SANTOS, 2006, p. 145).

Esta escola, embora fundamentada na Itália, teve melhor aceitação em outros países, inclusive no Brasil.

2.1.2 Influência da era da informação na contabilidade

A nova visão de mercado, o avanço tecnológico e a globalização, mudaram e continuam mudando cada vez mais rápido as exigências profissionais do contador. A tendência é que esta velocidade com que acontecem as mudanças faça com que

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a profissão contábil fique cada vez mais valorizada. (FARI e NOGUEIRA, 2007; POLITELO, MANFROI e CUNHA, 2013).

Dentre os benefícios que chegaram com a tecnologia, podemos destacar a prevenção da repetição de trabalhos e desperdício de tempo e matéria prima, evitando assim prejuízos às empresas (SILVA e ÁVILA, 2014).

Os avanços tecnológicos têm mudado significativamente a maneira de gerir as empresas, mais diretamente na contabilidade, impacta na forma como os serviços são prestados e como as informações chegam aos clientes (SILVA e ÁVILA, 2014).

Softwares de gestão foram incluídos ao cotidiano das organizações visando estreitar

e racionalizar a comunicação entre os setores e controles da empresa (SILVA e ÁVILA, 2014). A utilização destes Sistemas de Informação proporciona maior velocidade na geração e processamento de dados, transformando estes dados em informação gerencial, o que gera maior tempestividade na tomada de decisões.

A incorporação de tecnologias de forma intensiva nas empresas de prestação de serviços ocorreu no fim da década de 1970, possibilitando “a modernização e o aumento na qualidade do atendimento ao cliente, controle e gerenciamento das informações” (GONÇALVES, 1994, apud SILVA e ÁVILA, 2014, p.3). Segundo Brito, Antonialli e Santos (1997, apud SILVA e ÁVILA, 2014), neste período a tecnologia passou a desempenhar um papel primordial nas empresas.

A era da informação passou a ser um elemento básico para que o profissional modifique sua forma de atuação nas organizações e também suas características, já que um software adequado pode produzir algumas rotinas que antes dependiam da mão-de-obra; como por exemplo, o registro de uma ou várias operações, que passou a ser automático (FARI e NOGUEIRA, 2007, p.124).

A internet também veio para facilitar algumas rotinas do contador, como o envio das declarações para a Receita Federal do Brasil, consultas a sites de órgãos públicos e outros órgãos ligados à regulamentação da profissão contábil. (WERNKE e BORNIA, 2001, apud SILVA e ÁVILA, 2014).

Porém, conforme afirmam Albertin e Albertin (2009, apud SILVA e ÁVILA, 2014, p.3), o simples uso das tecnologias da informação não garante sucesso e bom desempenho, é necessário adequar as tecnologias “às características do mercado onde a organização atua”, analisando aspectos culturais, políticos, estruturais e os processos organizacionais e suas evoluções.

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2.1.3 Influência da legislação na contabilidade

Schmidt (2000) afirma que, desde o início, a legislação interferiu sobre a contabilidade.

A própria responsabilidade profissional do Contador é referenciada nas diversas previsões dos direitos civil, penal, tributário, comercial, societário, previdenciário, dentre outros (SILVA, 2008). Reforçando a ideia de que o contador precisa conhecer todas estas áreas da legislação.

Uma das primeiras influências da legislação sobre a contabilidade foi o Código Comercial de 1850, que instituiu a “obrigatoriedade da escrituração contábil e da elaboração anual da demonstração do Balanço Geral, composto por bens, direitos e obrigações das empresas comerciais” (SCHMIDT, 2000, p. 205).

Já em 1905, através do Decreto Federal nº 1.339, ficaram reconhecidos oficialmente os cursos de Guarda-Livros e de Perito-Contador, mantidos pela Escola Prática de Comércio. (SCHMIDT, 2000).

Outra legislação que influenciou a profissão contábil foi o Decreto nº 20.158, de 1931, publicado no Diário Oficial da União, que regulamentou a profissão de Contador e organizou o ensino comercial. (SCHMIDT, 2000).

O Decreto-Lei nº 21.033/32 estabeleceu “as novas condições para o registro de contadores e guarda-livros” (PELEIAS; BACCI, 2004; apud PIRES, 2008, p. 47). Além disso, “tornou obrigatória a assinatura dos livros comerciais, cumprindo determinações do Código Comercial e da Lei de Falências vigentes na época” (PELEIAS; BACCI, 2004; apud PIRES, 2008, p. 47).

Em 1940, foi instituído pela Lei nº 2.627, a primeira Lei das Sociedades por Ações brasileira. (SCHMIDT, 2000).

A partir do Decreto-Lei nº 2.627, os profissionais da contabilidade passaram a ter um instrumento como base para exercer suas atividades. Esta legislação influenciou o ensino e a prática contábil no Brasil por vários anos. (SCHMIDT, 2000)

A inserção de acontecimentos regulatórios na década de 60, como a Lei orçamentária (Lei 4.320), Lei da reforma bancária (Lei 4.595/64), Lei do mercado de capitais (Lei 4.728/65) e a Reforma administrativa (Decreto-lei 200/67) implicou na necessidade de mudanças na área contábil e consequentemente maiores exigências ao contabilista. (CARDOSO, 2006).

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Ainda segundo Cardoso (2006), ocorreram também mudanças a partir de 1972, com as circulares 178 e 179 do Banco Central do Brasil, que padronizaram os princípios e normas contábeis para os demonstrativos financeiros das empresas de capital aberto, com a exigência de certificação por auditores independentes.

Em dezembro de 1976, com a aprovação da Lei 6.404/76 e a criação da CVM – Comissão de Valores Mobiliários para substituir o Banco Central em questões contábeis e de mercado de capitais, registrou-se o marco do processo de consolidação da profissão contábil no Brasil (GOMES, 1979, apud CARDOSO, 2006).

Após este período, as funções de escrituração contábil e arquivo foram reduzidos e uma maior ênfase foi dada para as análises contábeis e melhorias dos controles contábeis e financeiros. (LUZ, 1989, apud CARDOSO, 2006).

Analisando todos estes fatos históricos ocorridos a partir de mudanças na legislação, fica evidenciado que o próprio desenvolvimento da contabilidade está ligado às legislações.

Atualmente, além de ficarem atentos às exigências de seu país, os contadores precisam acompanhar também as normas internacionais (CARDOSO, 2006).

Para Silva e Ribeiro Filho (2011), a criação de empresas transnacionais no mundo globalizado fez com que surgisse a necessidade de normas globais. As multinacionais instaladas em diversos países sentiam dificuldade no reporte de informações econômico-financeiras para sua matriz e para os usuários externos de diversos países. Com isso, o IASB – International Accounting Standards Board, através das IFRS – International Financial Reporting Standards, emitiu as Normas Internacionais de contabilidade, com um propósito de desenvolver um modelo único de normas contábeis.

No Brasil, uma das ações que mais caracterizou a convergência das normas brasileiras com as normas internacionais foi a criação do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) através da Resolução CFC nº 1.055/05 que foi idealizada a partir do esforço conjunto e comunhão de objetivos das entidades: Associação Brasileira das Companhias Abertas (ABRASCA), Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC NACIONAL), Bolsa de Valores de São Paulo (BOVESPA), Conselho Federal de

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Contabilidade (CFC), Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (FIPECAFI) e Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (IBRACON). (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2015).

De acordo com as informações disponíveis do sistema eletrônico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS, 2015), o objetivo deste Comitê é:

O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais.

Com a criação do CPC, supõe-se que o exercício da profissão contábil, no que diz respeito às normas a serem seguidas, ficou mais fácil. Pois o contador que antes necessitava ler e interpretar legislações diversas, hoje encontra um norte nos pronunciamentos técnicos do CPC.

2.2 PERFIL DO PROFISSIONAL CONTÁBIL: FUNÇÕES E COMPETÊNCIAS

Ao longo dos anos, as funções e competências do contador foram se modificando de acordo com as necessidades do mercado. Para Cardoso (2006), a evolução da profissão contábil está relacionada com o próprio desenvolvimento dos negócios.

Segundo pesquisa realizada por Fari e Nogueira (2007, p. 118), foi caracterizado como perfil, “os traços característicos de um indivíduo”. Neste mesmo estudo, o perfil profissional foi definido como “o conjunto de habilidades, competências, maneira de agir e atuar de um profissional em um determinado contexto social” (FARI e NOGUEIRA, 2007, p. 118).

As competências no âmbito de uma profissão devem levar em conta a questão da demanda, e por isso as competências se modificam e se adaptam a cada realidade. (CARDOSO, 2006).

Fari e Nogueira (2007) confirmam esta ideia quando escrevem que o perfil profissional está marcado por mudanças sociais que ocorrem no mercado de trabalho.

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A figura do guarda-livros (profissional definido no Código Comercial de 1850) que se conhecia antes mesmo da existência das primeiras escolas técnicas, segundo D‟Áuria (1949, apud CARDOSO, 2006), era responsável por registrar as transações dos estabelecimentos comerciais da época. Este perfil foi sendo substituído ao longo dos anos. Atualmente, o profissional contábil necessita ter um “conhecimento multivariado cada vez maior” (SILVA, 2008, p. 16).

Martins (1993, apud CARDOSO, 2006) escreve que a função do contador da atualidade, além de escriturar contabilidade, é informar. Cardoso (2006) afirma que é neste momento que começa a aparecer no Brasil, como função do contador, o fornecimento de informações para tomada de decisões.

Com o passar do tempo, para atender as novas demandas do mercado de trabalho, ocorreram mudanças nas características que evidenciam o bom profissional. Para o novo perfil profissional é preciso considerar atitudes como:

Iniciativa, liderança, criatividade, auto desenvolvimento, multifuncionalidade, agilidade, flexibilidade, gerenciar o risco, educador, lógica de raciocínio, prontidão para resolver problemas, habilidade para lidar com pessoas, trabalho em equipe, conhecimento de línguas, informática e resistência emocional. (FRANCO, 1999, apud FARI e NOGUEIRA, 2007, p.122).

O perfil ideal, para Fari e Nogueira (2007, p. 129), é o de um profissional que “possa reagir a qualquer tipo de mercado, atuar em diversos contextos, trabalhar com previsões, ser pesquisador”. Para isso, a formação desse profissional precisa sofrer mudanças e readaptações.

Cardoso (2006) fez um estudo focado para as competências comportamentais do contador. Neste estudo, desenvolveu um dicionário das competências do contador com base nos autores: Kester (1928); Bower (1957); Henning and Moseley (1970); Eight – Kullberg e Gladstone (1989); Spencer & Spencer (1993); Laurie (1995); AAA – Francis, Mulder e Stark (1995); Hardern (1995); Morgan (1997); AICPA (1999); White Paper – Big Boterf (1999); IMA – Siegel e Sorensen (1999); Needles, Cascini, Krylova e Moustafa (2001); Esselstein (2001); Boyatzis, Stubbs e Taylor (2002); Moramed e Lashine (2003); IFAC (2003); Abdolmohammadi, Searson e Shanteau (2004). Neste dicionário foram relacionadas as seguintes competências:

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- Capacidades: analítica e de comunicação.

- Habilidades: estratégica, informática, negociação, ouvir eficazmente, atendimento e relacionamento externo.

- Conhecimentos: ferramentas de controle, legal, contabilidade e finanças, planejamento, técnicas de gestão e gestão da informação.

- Outras características pessoais: autocontrole, empreendedor; integridades e confiança e trabalho em equipe.(CARDOSO, 2006, p. 110). Cardoso (2006) ainda descreve como importante para o profissional da contabilidade, a capacidade e habilidade nos campos da interpretação, julgamento e mensuração dos eventos econômicos.

Com a frase “o contador lida todos os dias com o que é apontado como um dos bens mais preciosos de uma economia: a informação contábil”, Fari e Nogueira (2007, p. 122) destacam o valor do contador perante a sociedade em geral. Os mesmos autores também chamam a atenção para a importância do profissional contábil manter-se “contextualizado, situado histórica, social e culturalmente” (FARI e NOGUEIRA, 2007, p. 122).

Outro aspecto importante para formar o perfil do profissional contábil é o aprimoramento técnico-cultural. Este aspecto permite que o profissional se encontre adequadamente preparado para as diversidades e instabilidade do mercado. (SILVA, 2008).

Dentro das empresas, o profissional contábil torna-se importante, pois de maneira genérica, todas as decisões tomadas envolvendo as atividades de uma empresa, têm por base algum tipo de informação. E é papel do contabilista suprir com informações na medida das necessidades dos usuários. (LISBOA, 1997, apud FARI e NOGUEIRA, 2007).

No âmbito da tomada de decisões, a contabilidade pode auxiliar de diversas maneiras: na decisão pela compra de uma máquina, na decisão de terceirizar ou não uma atividade, contrair uma dívida a curto ou longo prazos, formação do preço de venda, quantia de dívida que pode ser contraída, quantidade de material para estoque que deve ser comprado, redução de custos, aumento da produtividade, etc. A contabilidade coleta dados econômicos, mensura-os monetariamente, e passa estes valores para administração através de relatórios. (IUDÍCIBUS, MARION e FARIA, 2009).

Outras funções importantes que o profissional contábil exerce são: esclarecimento de dúvidas, solução de problemas e desenvolvimento do aspecto

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estrategista (tendo em vista que é o grande auxiliador no processo de tomada de decisões). (FARI e NOGUEIRA, 2007).

Uma lista com as principais funções do contador foi desenvolvida por Geruza Cei e Bosco Filho, em 1997, mediante uma amostra de contadores: Elaborar demonstrações contábeis, fazer auditoria, escrituração contábil, escrituração fiscal, controle e execução de planejamento, auxílio no sistema de informações e controles. (CARDOSO, 2006).

Já em 2001, outra pesquisa, esta feita por Siqueira e Soltelinho, para a qual utilizou-se dados de anúncios de jornais, relaciona as seguintes funções mais solicitadas aos contadores: Execução de planejamento e controle, elaboração de relatórios econômicos e financeiros e a respectiva interpretação, administração tributária, elaboração de relatórios para o governo, proteção de ativos, avaliação econômica. (CARDOSO, 2006).

Uma frase de Marion (2008, p. 26) marca este contexto da importância de um profissional de contabilidade para as empresas: “Uma empresa sem boa contabilidade é como um barco, em alto-mar, sem bússola”.

Porém, toda essa relevância do trabalho do profissional contábil, principalmente no processo decisório, pode ser questionada. Iudícibus, Marion e Faria (2009) afirmam que, no Brasil, principalmente nas pequenas empresas, foi distorcida a função do contador, a mesma foi voltada quase que exclusivamente para satisfazer as exigências do fisco.

2.2.1 Comportamento ético do profissional contábil

O comportamento ético, dentro da contabilidade, é de suma importância, pois o profissional desta área presta serviços para diversas pessoas e é um elemento importante no cenário econômico, visto que auxilia na tomada de decisões. (FARI e NOGUEIRA, 2007).

Borges e Medeiros (2007, p. 64), escrevem sobre comportamento ético:

Agir eticamente é saber conviver em sociedade, aceitando o conjunto como precedente à parte. Essa aceitação não significa perda de valores individuais, mas antes, crescimento coletivo. E esse crescimento, obtido pela ação ética consciente, reveste-se como indicador e diferencial indispensáveis não só na atuação das pessoas, mas de empresas e profissionais.

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O exercício da profissão contábil é a combinação da competência com a ética. A competência é fazer o certo, enquanto que a ética exige que seja feito da maneira correta. Estes dois elementos resultam na boa reputação do profissional. (FARI e NOGUEIRA, 2007).

Um contabilista inteligente sabe que o sucesso de um escritório e as práticas éticas se inter-relacionam. Assim sendo, este profissional se concentra em um objetivo que vai além dos simples negócios do dia-a-dia, ele sabe que as relações duradouras são baseadas em confiança e respeito mútuo. (VIEIRA, 2006).

Quando um escritório de contabilidade preocupa-se com as questões éticas, suas chances de sobrevivência são maiores, isso porque a sociedade desenvolve uma imagem positiva com relação a esse tipo de organização. (VIEIRA, 2006).

De acordo com Mussolini (1994, apud FARI e NOGUEIRA, 2007, p. 124), a valorização do contador se concentra, essencialmente, em dois pontos básicos: “a) indiscutível técnica; e b) irrepreensível comportamento ético”.

Conforme Borges e Medeiros (2007), podemos dizer que a conduta ética é a aceitação primeira dos valores do grupo.

2.3 PREPARAÇÃO DO ENSINO DE CONTABILIDADE FRENTE ÀS MUDANÇAS NA PROFISSÃO

As diferentes mudanças que vem ocorrendo no mercado de trabalho, suas diferentes configurações, geram desafios ao profissional contábil, não só ao seu perfil, mas também à sua formação. (FARI e NOGUEIRA, 2007).

No universo da formação acadêmica, há uma grande preocupação quanto à exigência do mercado por profissionais capazes de quebrar velhas regras, abrir novos horizontes e aceitar riscos. (FARI e NOGUEIRA, 2007).

Cabe às instituições de ensino superior formar profissionais capacitados, viabilizando através dos cursos, o desenvolvimento e o aprimoramento dos conhecimentos e das habilidades necessárias para que este profissional possa suprir as demandas do mercado, desempenhando suas atividades de forma adequada. (PIRES, 2008).

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional (LDB), o perfil relatado para o formando em ciências contábeis, é o de um profissional capacitado para

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compreender questões “científicas, técnicas, sociais, econômicas e financeiras”, tanto no âmbito nacional quanto no internacional. Além de ter pleno domínio sobre “responsabilidades funcionais” que envolvem “apurações, auditorias, perícias, arbitragens, quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais”. (POLITELO, MANFROI e CUNHA, 2013, p. 83).

Nelson, Baylei e Nelson (1998, apud PIRES, 2008) afirmam que as organizações e as empresas se consideram clientes da educação contábil, criando com isso, uma expectativa sobre o ensino oferecido nas instituições de ensino superior.

A credibilidade dos profissionais contábeis também é uma preocupação. Mesmo sendo legalmente habilitados, alguns profissionais se apresentam carentes de conhecimento técnico. No Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes – ENADE, versão 2006, a pontuação média dos alunos de Ciências Contábeis no quesito „conteúdo específico‟ foi de 25,7 pontos, numa escala de 0 a 100. Este resultado chamou a atenção de Silva (2008) para a qualidade do ensino das instituições de ensino superior, se este ensino está preparando e dando condições mínimas para o aluno exercer a profissão contábil.

Algumas pesquisas apontam que há uma disparidade entre o que as instituições ensinam sobre contabilidade e o que o mercado espera. Resultado disso é o sentimento de despreparo por parte dos acadêmicos ao ingressarem no mercado de trabalho. (LAMES; ALMEIDA, 2009; PIRES; OTT; DAMACENA, 2010; apud POLITELO, MANFROI e CUNHA, 2013).

O que corrobora com isso é o estudo de Politelo, Manfroi e Cunha (2013), que aponta que a principal dificuldade dos acadêmicos de ciências contábeis ao ingressarem no mercado de trabalho, é a inexperiência na área de formação. Porém, apesar da maioria dos acadêmicos entrevistados fazer crítica à ausência da relação entre teoria e prática no curso de graduação, esta mesma pesquisa apontou que a maioria dos alunos não encontrou dificuldade para ingressar no mercado de trabalho, apesar desta disparidade entre teoria e prática.

Fari e Nogueira (2007) ressaltam que, para atender a demanda do atual mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo, e para manter-se no mercado de trabalho, é importante ao profissional fazer especializações e manter uma formação continuada. Os autores ainda afirmam que o conhecimento adquirido

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na faculdade é apenas o primeiro passo para inserção no mercado de trabalho, ou seja, a busca por conhecimento deve ser constante.

Porto e Régnier (2003, apud SILVA, 2008) apontam que já há uma preocupação das instituições de ensino superior neste sentido. As mesmas estão buscando proporcionar aos cidadãos condições e formas de educação continuada.

Na visão de Dencker (2002, apud SILVA, 2008), as novas tecnologias da informação e da comunicação tem mudado os projetos educacionais. As formas de ensinar e aprender estão sendo reinventadas. A aprendizagem deixou de estar focada na presença constante do professor, num ambiente fechado e dissociado da prática, e está em busca de outras metodologias.

A capacidade de memorização por parte do aluno já não é mais tão importante. As exigências mercadológicas hoje estão voltadas para a capacidade crítica e o desempenho inovador. (SILVA, 2008).

Para Fari e Nogueira (2007), o conteúdo da formação profissional deve ser repensado, além dos conhecimentos fundamentais devem ser trabalhados o comprometimento social, as dimensões éticas e experimentais que possam auxiliar na formação do profissional do futuro.

Todas estas mudanças na profissão contábil tem preocupado também organismos internacionais como IFAC – International Federation of Accountants e o

IASB – International Accounting Standards Board, bem como a ONU – Organização das Nações Unidas, por meio de setores como o ISAR – Intergovernmental Working Group of Experts on International Standards of Accounting and Reporting/ UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development. (CARDOSO, 2006).

Um dos resultados desta preocupação, proposto pelo ISAR/UNCTAD/ONU, é a discussão do chamado currículo mundial para os contadores, no qual constam os blocos de conhecimentos que as universidades devem ministrar nas grades curriculares de contabilidade, segundo Cardoso (2006).

Não é pretensão da ONU que o currículo mundial seja adotado integralmente, mas que sirva como base para as instituições de ensino superior formularem seus próprios currículos e, com isso, sejam uniformizados os estudos em contabilidade. (CZESNAT, CUNHA E DOMINGUES, 2009).

Ainda em termos mundiais, Silva (2008) relata que em sua 21ª Conferência Geral em 1993, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e

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Cultura (UNESCO), em conjunto com os Estados-Membros, organizações intergovernamentais e não governamentais, autoridades do ensino superior, órgãos decisores e pesquisadores, elaborou um documento com os maiores desafios enfrentados pelo ensino superior numa realidade de mudanças constantes. Estes desafios foram agrupados em três pontos principais:

a) Relevância: significa o papel e o espaço do ensino superior na sociedade, referindo-se, portanto, à missão e suas funções, assim como os programas, conteúdo e aos sistemas de divulgação; à equidade e questões de financiamento e responsabilidade pelas contas, ao mesmo tempo enfatizando a liberdade acadêmica e à autonomia institucional, como princípios fundamentais para assegurar e enaltecer a relevância do ensino superior;

b) Qualidade: conceito multidimensional envolvendo todas as principais funções e atividades do ensino superior; e

c) Internacionalização: característica inerente ao ensino superior que tem crescido consideravelmente na última parte do século 20. O redimensionamento do ensino e da ciência têm validado o argumento de que, como conhecimento é universal, a busca por progresso e disseminação do conhecimento podem ser fortalecidos pelo esforço coletivo da comunidade acadêmica internacional. (SILVA, 2008, p.26).

Outro ponto que colabora com a proposta de preparar o aluno para o mercado é o exame de suficiência, uma vez que sua função não é somente medir os conhecimentos técnicos e legitimar o registro profissional; mas também contribuir na formação dos profissionais, intervindo na modernização das instituições de ensino e dos currículos dos cursos de Ciências Contábeis. (SILVA, 2008).

2.4 CONSTITUIÇÃO DE ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE

A profissão contábil proporciona ao seu profissional atuar em diversos campos. Dentre as áreas de atuação, o profissional pode vir a atuar como empregado, empregador ou como profissional liberal. (FARI e NOGUEIRA, 2007).

Para o profissional que deseja abrir seu próprio escritório contábil, é necessário que compreenda os procedimentos burocráticos para constituição de uma empresa (MAXIMIANO, 2011).

No Brasil, o processo para a formalização de uma empresa varia de acordo com a região em que ela está inserida; e depende também do tipo de sociedade que se quer constituir (MAXIMIANO, 2011).

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Para Lins (2015), antes de abrir o negócio, o profissional necessita ter plenos conhecimentos sobre a área que irá atuar, conhecimentos básicos sobre a legislação trabalhista, conhecimentos básicos dos trâmites burocráticos que envolvem a abertura de uma empresa e conhecimentos básicos da legislação tributária, ou seja, conhecer a carga tributária que incide sobre o seu negócio. O autor indica também que o profissional busque auxílio junto a empresas especializadas, e sugere o SEBRAE. Já Maximiano (2011) sugere a busca de sites na Internet que ofereçam roteiros para a formalização de uma empresa.

No Brasil, para uma micro ou pequena empresa exercer suas atividades, é necessário ter registros na prefeitura (ou administração regional da cidade onde a empresa irá funcionar), Estado, Receita Federal e Previdência Social. Dependendo da atividade, também haverá obrigatoriedade de registro na Entidade de Classe a que pertence, Secretaria de Meio Ambiente e outros órgãos de fiscalização. (LINS, 2015).

O registro na Receita Federal do Brasil se dá por meio do cadastro no CNPJ:

Os atos perante o CNPJ serão solicitados por intermédio do sítio da RFB na Internet, no endereço eletrônico <http://www.receita.fazenda.gov.br>. (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2015).

Também é necessário antes do início das atividades, solicitar autorização para impressão de notas fiscais eletrônicas e autenticação de livros fiscais eletrônicos (procedimentos feitos nas prefeituras). (LINS, 2015).

De modo geral, após estes procedimentos executados, a empresa poderá iniciar suas atividades. (LINS, 2015).

No âmbito da estrutura física da empresa, contando que inicialmente o profissional contábil trabalhará sozinho, o espaço físico mínimo aconselhável é de 30m². (SEBRAE, 2015).

Porém, caso o profissional opte por iniciar seu escritório contábil com funcionários, precisará estruturar-se da seguinte forma: 1) Arquivo (local para arquivamento de processos, documentos, contratos, dentre outros); 2) Escrita Fiscal (espaço para as pessoas que irão atuar nesta área, fazendo a ligação entre as empresas e o Fisco Municipal, Estadual e Federal); 3) Departamento de Recursos Humanos (departamento para as atividades de recursos humanos, ou seja, este

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setor cuidará de toda a parte de pessoal das empresas); 4) Contabilidade (nesse departamento ocorrerão as consolidações contábeis de todos os outros departamento, sendo então o responsável por finalizar e emitir os relatórios contábeis); 5) Sala do Contador (este, além de ser o espaço do profissional contábil responsável, é o espaço para receber clientes e outros visitantes); 6) Banheiro (para uso dos funcionários e visitantes); 7) Copa (para os funcionários fazerem seus lanches e também para preparação do café para os visitantes). (SEBRAE, 2015).

Todas as empresas estão sujeitas ao pagamento de tributos. Observando alguns fatores, entre eles a receita, é possível escolher o regime de tributação que melhor convém à empresa, ou seja, o mais vantajoso e que gere menos impostos ao empreendedor. (LINS, 2015).

Os regimes de tributação são: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real. (LINS, 2015).

Conforme consulta no site da RFB (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2015), atualmente, 93% das empresas estão sujeitas ao Lucro Presumido ou ao Simples Nacional.

O regime mais popular entre as pequenas e médias empresas é o Simples Nacional. Esta tributação pode ser usada por empresas enquadradas, conforme Lei Complementar 123/06 e suas posteriores atualizações, como empresas de pequeno porte ou microempresas. (LINS, 2015).

Este enquadramento se baseia na receita bruta anual da empresa. (LINS, 2015).

O pagamento dos impostos, para as empresas enquadradas neste regime, ocorre de forma unificada e mensal. Constam neste pagamento único os impostos: IRPJ, CSLL, PIS/PASEP, COFINS, IPI. (LINS, 2015).

Lins (2015) afirma ainda, que pode-se incluir neste pagamento único o ICMS (imposto estadual) e o ISS (imposto municipal), desde que esse regime de tributação seja aderido pelo Estado e pelo Município através de convênio.

Para o Lucro Presumido também há um limite de adesão baseado na receita bruta anual (o limite de adesão ao Lucro Presumido é maior que o limite ao Simples Nacional). A apuração deste regime ocorre, em geral, trimestralmente. (LINS, 2015).

Diferente do Simples Nacional, no Lucro Presumido a empresa recolhe cada imposto separadamente (LINS, 2015). A alíquota atual efetiva de tributos sobre a

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renda das pessoas jurídicas enquadradas neste regime é de 3,87% (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2015).

O terceiro regime, o Lucro Real, pode ser aderido facultativamente ou pode ser obrigatório. É obrigatório para os casos em que a receita bruta anual ultrapassar o limite do regime anterior – o Lucro Presumido. (LINS, 2015).

Nos séculos XIX e XX, a grande maioria dos países desenvolvidos eliminaram ou reduziram os métodos de tributação presumida, migrando para a tributação da renda real. No entanto, os países em desenvolvimento, continuam a usar muito estes métodos. (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2015).

Ainda segundo informações do site da RFB (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2015), os argumentos teóricos favoráveis à tributação presumida são:

- quando for difícil ou impossível apurar a renda real, - por razões de simplicidade administrativa,

- por razões de eficiência e equidade,

- para reduzir a evasão e a informalidade dos setores tradicionalmente difíceis de tributar: os pequenos negócios, a agricultura e os prestadores de serviços. (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2015).

No Lucro Real, como a base de cálculo para apuração não é a receita bruta, e sim o lucro, a empresa deve se preocupar com os gastos dedutíveis para viabilizar uma menor carga tributária. (LINS, 2015).

Gastos dedutíveis, conforme as normas fiscais, são os custos e despesas ligados à atividade-fim e indispensáveis ao andamento do negócio. (LINS, 2015).

Os principais equipamentos necessários para a montagem de um escritório de contabilidade são: mesa, cadeira, computador, impressora, fax, telefone, armários para arquivo, estantes – estilo de biblioteca, pastas AZ – lombo largo; pastas suspensas, calculadora. As quantidades variam de acordo com o tamanho do escritório. (SEBRAE, 2015).

Também é importante que o profissional busque no mercado um software de automação de escritório de contabilidade, que atenda as necessidades primordiais do empreendimento, tais como: Possibilitar o registro de notas de entrada e de saída das empresas; Processar mensalmente a folha de pagamento das empresas, de forma ágil e segura; Possibilitar a consolidação das informações advindas das diversas áreas do escritório; Emitir relatórios contábeis; entre outros. (SEBRAE, 2015).

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É necessário ainda, pensar no canal de distribuição, que irá buscar e entregar documentos às empresas, além de fazer serviços direcionados a órgãos fiscais. (SEBRAE, 2015).

Com relação aos custos para abertura de escritório contábil, estes devem ser estimados considerando:

1. Salários, comissões e encargos; 2. Tributos, impostos, contribuições e taxas; 3. Aluguel, taxa de condomínio, segurança; 4. Água, Luz, Telefone e acesso à internet; 5. Manutenção de software; 6. Produtos para higiene e limpeza da empresa e funcionários; 7. Recursos para manutenções corretivas de maquinários e instalações; 8. Valores para quitar possíveis financiamentos de máquinas e construções; 9. Propaganda e Publicidade da empresa; 10. Aquisição de produtos para funcionamento do escritório de contabilidade; 11. Despesas com vendas de serviços.(SEBRAE, 2015).

Conforme tabela disponibilizada no site JUCERGS (JUNTA COMERCIAL DO RIO GRANDE DO SUL, 2015), de janeiro a maio de 2015 foram constituídas 10.444 novas empresas cujos atos foram arquivados na JUCERGS. Já as extinções cujos atos foram registrados na JUCERGS neste mesmo período foram 5.638.

Isso colabora com a informação disponibilizada pelo SEBRAE (2015), de que o mercado para o profissional contábil é carente e crescente, basicamente porque toda empresa precisa de um contabilista.

Após o início das atividades, no decorrer do tempo, é de extrema importância que o empreendedor continue atento aos conteúdos e às informações disponibilizadas em sites de órgãos como CFC (Conselho Federal de Contabilidade); CRC (Conselho Regional de Contabilidade); FENACON (Federação Nacional das Empresas de Seviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisa); IBRACON (Instituto dos Auditores Independentes do Brasil); no intuito de manter-se atualizado. (SEBRAE, 2015).

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3 RESULTADOS E DISCUSSÃO DA PESQUISA

O questionário foi aplicado em 19 profissionais contábeis (Técnicos em Contabilidade e bacharéis em Ciências Contábeis), de um total de 35 profissionais que possuem escritórios de contabilidade no município de São Marcos - RS, sendo destes, 79% homens e 21% mulheres, conforme tabela 1.

Tabela 1 – Classificação da amostra por gênero

Gênero Profissionais %

Homens 15 79

Mulheres 4 21

Total 19 100

Fonte: Elaborada pela autora.

Pode-se observar, desta forma, que o número de profissionais proprietários de escritório contábil do gênero masculino é 276% maior que o número de profissionais do gênero feminino.

As idades dos entrevistados ficaram entre 28 e 72 anos. Através do cálculo da média aritmética destas idades obteve-se a idade média de 48 anos.

A constituição de escritório contábil próprio ou o ingresso como proprietário ocorreu entre as idades 18 e 57 anos – a média aritmética calculada foi de 30 anos – logo, o tempo médio de atuação da amostra como proprietário de escritórios de contabilidade é de 18 anos.

Houve casos em que os profissionais ingressaram como sócios antes mesmo da sua formação acadêmica.

Tabela 2 – Classificação da amostra pelo tempo entre a formação do profissional e a constituição do seu escritório contábil

Tempo entre formação e constituição do

escritório Profissionais %

Constituição anterior à formação 3 16

Até 1 ano após a formação 3 16

De 1 a 5 anos após a formação 4 21

De 6 a 10 anos após a formação 3 16

De 11 a 20 anos após a formação 5 26

Constituição após 21 anos ou mais da formação 1 5

Total 19 100

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A maioria dos profissionais entrevistados, representando 53% da amostra, constituíram seus escritórios contábeis em até 5 anos após sua formação: 21% constituíram de 1 a 5 anos após a formatura; 16% constituíram antes mesmo de se formarem; e 16% constituíram até 1 ano após sua formação.

Um percentual de 26%, o que representa 5 profissionais, constituíram seus escritórios num período de 11 a 20 anos após a sua formação; 16% constituíram escritório de 6 a 10 anos após a formação; e um profissional, representando 5% da amostra, constitui seu escritório contábil após 21 anos ou mais da sua formação.

Os profissionais entrevistados com idade acima de 50 anos – que constituíram escritórios entre os anos 1969 e 2000 – em sua maioria levaram mais tempo entre sua formação e a constituição de seus escritórios: 40% destes profissionais constituíram escritório de 11 a 20 anos após sua formação; 30% de 6 a 10 anos após sua formação; 10% constituíram até 1 ano após formação; 10% de 1 a 5 anos após sua formação; 10% após 21 anos ou mais da sua formação. Isto pode estar atrelado ao fato de que não tinham acesso às informações tão facilmente como se passou a ter após o surgimento da era da informação (no final do século XX), e por este motivo os profissionais necessitavam de um tempo maior para adquirir experiência e conhecimento antes de atuar como proprietários.

Já os profissionais com idades de 28 a 48 anos demoraram menos tempo entre sua formação e a constituição de seu escritório: 33% destes profissionais constituíram seus escritórios antes da sua formação; 33% constituíram de 1 a 5 anos após formação; 22% até 1 ano após formação; e apenas 12% de 11 a 20 anos após sua formação.

Ainda em relação à formação dos profissionais, estes foram divididos em dois grupos: os que possuem formação em Ciências Contábeis e os que possuem formação em curso Técnico de Contabilidade.

Tabela 3 – Classificação da amostra por formação

Formação(*) Profissionais %

Ciências Contábeis 11 58

Técnico em Contabilidade 8 42

Total 19 100

(*) Alguns profissionais da amostra formaram-se bacharéis e técnicos. Para estes casos, foi considerada a formação de maior relevância: Ciências Contábeis.

Referências

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