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Alimentos gravídicos: a evolução do direito a alimentos em respeito à vida do nascituro e sua genitora

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ALEXANDRA DE CARLI NASCIMENTO

ALIMENTOS GRAVÍDICOS: A EVOLUÇÃO DO DIREITO A ALIMENTOS EM RESPEITO À VIDA DO NASCITURO E SUA GENITORA

Ijuí (RS) 2017

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ALEXANDRA DE CARLI NASCIMENTO

ALIMENTOS GRAVÍDICOS: A EVOLUÇÃO DO DIREITO À ALIMENTOS EM RESPEITO A VIDA DO NASCITURO E SUA GENITORA

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Curso - TC.

UNIJUÍ - Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS- Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: MSc. Luiz Raul Sartori

Ijuí (RS) 2017

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Dedico este trabalho à minha família e ao meu noivo, pelo incentivo, apoio e confiança em mim depositados durante toda a minha jornada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por eu estar aqui e ter chegado onde cheguei, por todas as oportunidades colocadas em minha vida e por toda força dada nos momentos difíceis que foram enfrentados.

A meus pais, Claurivan e Jociane, pelo carinho e apoio de sempre, pelo incentivo e dedicação, pela confiança que me foi depositada, por me ajudarem a persistir e não desistir mesmo nas maiores dificuldades, por nunca ter sido julgada e sim orientada pra seguir o melhor caminho, por sempre me ouvirem quando ninguém mais podia, por suportarem a distância entre as cidades por saberem que seria o melhor pra mim, pelo orgulho que sentem por tudo que já fiz e onde cheguei, por todo amor que sentem por mim e eu por vocês.

As minhas irmãs mais novas, Amanda e Tainá, por todas as palavras de afeto, por aguentarem a saudade, por se orgulharem e me fazerem de espelho para seguirem os melhores caminhos, por nunca se esquecerem de dizer à falta que fazia por não estar ao lado delas todos os dias.

Ao meu noivo, meu companheiro, meu amigo e meu amor, por todo carinho e incentivo nas horas difíceis da vida, por sempre estar ao meu lado, por aguentar todos os choros e medos enfrentados por mim durante o curso, pelos abraços de aconchego naquelas horas onde a solidão ficava presente, pela paciência nessa reta final e entender todo o sufoco passado em todos os momentos desse ciclo acadêmico. Por me amar tanto e ser esse grande amigo.

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A minha vó Ludegéria, minha nona Paulina e meu nono Vicente, por todo carinho e afeto, por se orgulharem tanto dos caminhos que percorri. Vó Ludegéria, por todas as costuras necessárias que lhe foi pedido com tanto carinho e feito com tanto amor.

Meu vô Inácio, que infelizmente não está mais entre nós, mas tenho certeza que estaria muito orgulhoso de tudo isso, e que com certeza guiou e sempre guiará os caminhos que tomei.

A todos os tios, padrinhos, primos e parentes, pelo carinho e amor, pelo orgulho e confiança depositados em mim, pelos conselhos e por toda ajuda de sempre.

Aos amigos que sempre prestaram todo o auxílio possível e tiveram paciência para aguentar todos os estresses vindos de mim.

E, por fim, mas não menos importante, meu querido orientador Luiz Raul Sartori, por toda ajuda e auxilio no decorrer dos dois semestres, sendo prestativo todas as vezes que precisei. Por toda paciência quando eu estava uma pilha de nervos e por sempre estar disponível a me guiar ao conhecimento.

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“Nenhuma lei deve ser obedecida se for injusta, nenhuma regra deve ser obedecida se desprezar a virtude, nenhum regime político deve ser obedecido se for tirânico e assassino.” (Sócrates).

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso faz uma análise dos alimentos em espécie e os alimentos gravídicos, a fim de propiciar uma busca pela solução do desamparo da mulher grávida e sua prole. Analisa a lei de alimentos, juntamente com os artigos do código civil que beneficiam esses alimentos, a lei de alimentos gravídicos, onde apontam todos os direitos da genitora, consequentemente os deveres do genitor. Trás o ônus probatório da genitora em relação aos indícios da paternidade. Apontando análises jurisprudenciais de casos práticos e atuais no nosso estado.

Palavras-Chave: Ação de alimentos. Alimentos gravídicos. Genitora. Nascituro. Pensão alimentícia.

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The present work of conclusion of course makes an analysis of food in kind and gravid foods, in order to provide a search for solution of the helplessness of the pregnant woman and your offspring. Analyzes the law of foods, along with articles of the civil code that benefit from these foods, the food law gravid, where point all rights of the mother, the duties of the father. Back the probative burden mother in relation to evidence of paternity. Jurisprudential analysis of pointing practical cases and present in our State.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1 ALIMENTOS ... 11

1.1 Histórico ... 11

1.2 Surgimento na legilação brasileira ... 13

1.3 Alimentos na doutrina ... 16

1.4 Alimentos e pensão alimentícia ... 20

1.5 Prisão civil pelo não pagamento ... 21

2 ALIMENTOS GRAVÍDICOS ... 24

2.1 Do nascituro ... 25

2.2 A lei 11.804/2008 ... 25

2.3 Possibilidade de prisão civil ... 29

2.4 Análise jurisprudencial ... 30

CONCLUSÃO ... 33

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta a origem histórica, as características, o surgimento das leis, tanto da ação de alimentos quanto dos alimentos gravídicos, busca explicar as variantes da obrigação de alimentar, bem como abordar questões de grande importância, como a necessidade da tutela do Estado junto ao cidadão desamparado. Mostrar a magnitude da criação da lei 11.804/08, onde o legislador busca a proteção tanto da genitora, quanto do nascituro, já que após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos converter-se-ão em pensão alimentícia.

Tendo como objetivos estudar a evolução histórica dos alimentos, como no direito romano, no direito canônico e assim por diante. Analisar a doutrina, suas conclusões sobre essa obrigação e diferentes ideias a respeito da lei, analisando também as jurisprudências. Explicar à lei, como se aplica, a importância dela para a gestante e o nascituro, e ainda, os critérios para deferimento do juiz. Mostrar que os alimentos gravídicos vieram para ajudar e assegurar as mulheres grávidas a uma gestação saudável, e o feto um desenvolvimento sadio. Demonstrar que legalmente a genitora tem possibilidade de representar o nascituro para pleitear alimentos junto ao suposto genitor, buscando sua segurança e da sua prole.

Para a realização deste trabalho foram efetuadas pesquisas bibliográficas disponíveis em meios físicos e na rede de computadores, analisando também as propostas legislativas em andamento.

Inicialmente, no primeiro capítulo, foi feita uma abordagem sobre os alimentos em geral, seu histórico desde o direito romano até os dias atuais, como foi seu surgimento na legislação, como a doutrina nos trás o direito de receber e o dever de prestar esses alimentos, as consequências da falta de auxílio, não só material como moral na formação do indivíduo

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10 como pessoa na sociedade, seu direito a educação, lazer, cultura, todo o desenvolvimento de criação. Trazendo também a deficiência quanto àqueles alimentos prestados para ascendentes, onde na lei é específico que todo esse direito se estenda aos parentes, cônjuges ou companheiros, descendentes e ascendentes, encontra-se explícito na legislação o dever de não apenas um, mas de todos os filhos auxiliarem com alimentos aos pais, assim como dos pais auxiliarem aos filhos, e daí por diante.

No segundo capítulo são analisados os alimentos gravídicos, trazendo o direito do nascituro com base na legislação, explicando a lei 11.804/2008, que é a que ampara esses alimentos, que trás o direito da genitora em favor da sua prole, para que ela seja amparada pelo suposto genitor, de todas as formas que necessitar, para garantia da vida uterina saudável. São analisadas as possibilidades de prisões civis, no caso de não cumprimento do dever da prestação, cabendo o ônus da execução para credora/genitora, trazendo também, análise jurisprudencial mostrando os entendimentos do tribunal, jurisprudências voltadas aos direitos de receber os alimentos gravídicos e o dever de prestá-los, já que é notável o dever do cuidado com a prole, tanto da genitora, quanto do genitor.

A partir desse estudo se verifica a importância dos alimentos e dos alimentos gravídicos no amparo daquele que necessita do auxílio, vindo desde a vida uterina, resultando um nascimento com vida e prolongado por toda sua criação, até que não necessite de certa forma, desse auxilio, podendo ser cobrado quando o faltar e exonerado quando não necessitado extremamente, consequentemente tais alimentos se estendem a outros convívios, vindo ao ascendente também necessitar.

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1 ALIMENTOS

Podemos dizer que alimentos são subsídios, que servem para auxiliar no sustento daqueles que não possuem capacidade de proverem sozinhos das necessidades especiais para subsistência de um indivíduo.

Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2012, grifo do autor, p. 498 e 499) “Quanto ao conteúdo, os alimentos abrangem, assim, o indispensável ao sustento, vestuário, habitação, assistência medica, instrução e educação [...].” e “O dever de prestar alimentos funda-se na solidariedade humana e econômica que deve existir entre membros da família ou parentes.”

Com isso, vemos a importância dos alimentos para o sustento da pessoa, principalmente quando esta for um menor, onde necessita do amparo familiar para seu desenvolvimento.

1.1 Histórico

Quando falamos de alimentos, primeiramente devemos retornar ao direito romano, onde teve resquícios de obrigação alimentícia em várias causas como: nos testamentos, na relação familiar, na tutela, na relação de patronato, na convenção. Entretanto, tais institutos não usavam a prestação alimentícia como hoje em dia.

Na verdade, a doutrina mostra-se uniforme no sentido de que a obrigação alimentícia fundada sobre as relações de família não é mencionada nos primeiros momentos da legislação romana.

Essa omissão seria reflexo da própria constituição da família romana, que subsistiu durante todo o período arcaico e republicano; seria sem sentido o direito a alimentos resultante de uma relação de parentesco, pois o único vínculo existente entre os integrantes de um grupo familiar seria o derivado do pátrio poder; “o pater-familias concentrava em suas mãos todos os direitos, sem que qualquer obrigação o vinculasse aos seus dependentes, sobre os quais, aliás, tinha o ius vitae et necis” (CAHALI. 2009, p. 41, grifo do autor); os dependentes não poderiam exercitar nenhuma pretensão de caráter patrimonial, como os

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12 alimentos, contra o titular da pátria potestas, pois todos eram privados de qualquer capacidade patrimonial.

O início da obrigação alimentar se deu quando a afirmação de um conceito de família adquiriu um vinculo maior de importância, pois o dever moral de socorro transformou-se em uma própria obrigação jurídica (CAHALI, 2009).

Com o direito justinianeu, a obrigação alimentar foi reconhecida entre ascendentes e descendentes em linha reta, maternos e paternos na família legítima. Com isso, chegou-se a conclusão de que um simples dever moral tornou-se uma obrigação jurídica decorrente de vários fatores que ocorreram com o passar dos anos.

No que se refere à obrigação alimentar, o direito romano foi paladino na elaboração de uma legislação que entendia o amparo de parentes e pessoas que tivessem de alguma forma, vínculo com o alimentante. Desde esse tempo, essa obrigação se da entre cônjuges, irmãos e irmãs, ascendentes e descendentes (CAHALI, 2009).

Gulin e Ligero ([s.d.], [n.p.]), apontam quando do surgimento da igreja católica e posteriormente ao direito canônico, aumentou-se muito a percepção da obrigação de pagar alimentos aos familiares, inclusive em relações extrafamiliares.

Os aspectos levantados na antiguidade da igreja, diz respeito à obrigação alimentícia, além do vinculo sanguíneo, tendo outras relações, como padrinhos para afilhados, tios para sobrinhos, considerando o aspecto religioso, que deriva do vinculo espiritual e não de acordo com o direito romano. Todavia, essa interpretação não vingou, sendo apenas o valor sanguíneo considerado parentesco.

Com as ordenações Filipinas, no inicio da colonização do Brasil, mas precisamente quando do surgimento da legislação, existia uma determinação onde trazia a obrigação de alimentos mais ou menos estipulada em seus textos legais. Alguns órfãos recebiam do juiz o necessário para sua sobrevivência, de ano em ano. Eram ensinados a ler e escrever até atingirem 12 anos, após isso, o juiz ordenava suas vidas e estudo conforme suas posses e qualidade de pessoa (GULIN; LIGERO, [s.d.]).

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Em sequencia para nossa carta magna de 1988, a família deixou de ser sujeitada a vontade de chefe, passando, assim, a ser a base da sociedade, ganhando proteção especial do Estado, conforme preleciona o art. 226, CF (BRASIL, 1988), “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” e também o § 8º do mesmo artigo “O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.”

Além de um dever moral, a obrigação de prestar alimentos, é um dever jurídico, sendo permitido por lei que parentes exijam uns dos outros o que necessitem para subsistir. Conforme afirma Milani (2005, v.1, p. 3), “A obrigação de prestar alimentos, além de um dever moral, é um dever jurídico, permitindo a lei que os parentes exijam uns dos outros os alimentos de que necessitem para subsistir.”

Assim, podemos perceber que por um longo período de evolução, a família deixou de ser aquela amputada pelo direito romano e agora é um vínculo sanguíneo, ligado por pessoas originadas de um tronco ancestral comum, que merece a proteção do Estado para se manter hígida, sendo esta proteção estendida a cada indivíduo do membro familiar.

1.2 Surgimento na legislação brasileira

Desde os primórdios da humanidade, o ser humano sempre necessitou de amparo perante seus semelhantes, conforme a espécie foi evoluindo, o ser humano começou a necessitar de outras coisas. Muitos bens essenciais à sobrevivência, com isso, destacou-se a necessidade dos alimentos (GULIN; LIGERO, [s.d.]). Por isso, podemos dizer que o termo alimentos é tudo aquilo que serve para nutrição do ser vivo. Assim sendo, colocamos o conceito de obrigação que uma pessoa tem com a outra de fornecer alimentos e chegaremos à noção jurídica.

Na atualidade, muitas pessoas não conseguem sozinhas, subsídios essenciais para a própria sobrevivência. Isso se dá por vários motivos; por falta de qualificação para o mercado de trabalho, por fatos relativos à saúde, idade, velhice, desemprego, etc. Muitas vezes o próprio Estado socorre estas pessoas por meio de atividades assistenciais (GULIN; LIGERO, [s.d.]).

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14 A Constituição Federal em seu artigo 3º, inciso I, coloca a construção de uma sociedade livre, justa e necessária entre os objetivos fundamentais da República. Nesta sociedade, encontra-se a cédula familiar, merecedora da proteção do estado, como diz o artigo 226, CF (BRASIL, 1988), “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.”

Entretanto, para aliviar o encargo do Estado, o mesmo impõe obrigações aos parentes dos necessitados, mediante dispositivos legais como observamos o artigo 1.694, CC (BRASIL, 2002), “Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para vives de modo compatível com a sua condição social, inclusive par atender às necessidades de sua educação.”

A obrigação alimentícia pode originar-se do casamento, da união estável, do parentesco, do testamento, de contrato e da indenização por ato ilícito.

Como elemento estruturador da família está o princípio da solidariedade, enquanto houver um círculo familiar, a solidariedade entre seus membros manifesta-se no dever de obter assistência entre cônjuges e companheiros, visto tanto no plano moral como patrimonial, e no dever de assistência e sustento que ambos os genitores possuem em relação à sua prole, como dispõe do artigo 1.566, CC (BRASIL, 2002), “São deveres de ambos os cônjuges, fidelidade recíproca, vida em comum, no domicilio conjugal, mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos, respeito e consideração mútuos.”

As necessidades atuais ou futuras da pessoa que não pode prover a si mesma é a prestação de alimentos, que compreende o sustento, a saúde, educação, habitação e vestuário. É o que dispõe o artigo 1.920, CC (BRASIL, 2002) “O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto viver, além da educação, se for menor.”

Quando tratamos de alimentos ao cônjuge, devemos equipara-lo a parentes, pois se mantem a reciprocidade da obrigação alimentar extensiva a parentes em linha reta, observando-se a proporcionalidade entre possibilidade e necessidade. O Código Civil distingue os alimentos quanto a sua natureza em alimentos necessários ou naturais, que são aqueles indispensáveis à vida, e os alimentos civis ou côngruos, que são os destinados à manutenção da qualidade de vida do credor.

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A obrigação alimentar possui caráter subsidiário, já que cada pessoa deve manter-se sozinha, produzindo os rendimentos suficientes para sua manutenção digna, através dos frutos de seu trabalho, entretanto há excepcionalidades, e é aí que surge o dever de alimentos. Devendo-os pedir a quem possa prestar, sem prejudicar o sustento do mesmo.

O direito de exigir alimentos resulta na obrigação de prestá-los. O Código Civil1, no seu artigo 1.695, dispõe:

São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

A obrigação de prestar alimentos também está redigida no artigo 1.700, CC (BRASIL, 2002) “A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.” O credor pode pedir alimentos aos parentes, ou convivente ou viúvo daquele que faleceu e também os parentes, o convivente ou viúvo supérstite pode pleitear alimentos aos herdeiros do devedor.

O pai tem o dever de propiciar a seu filho não só alimentos, como tudo que for necessário. Todos os esforços dos pais precisam orientar no sentido de fazer de seus filhos seres em condições de viverem por si mesmos, de desenvolver-se e sobreviver sem a ajuda de terceiros, para que possam ter capacidade e condições de criar seus filhos quando os tiverem.

Mesmo os pais sendo pobres, não se isentam da obrigação de prestar alimentos aos filhos menores, alguma coisa deverão dar a eles, mesmo ganhando pouco. O dever de sustento é vinculado ao poder familiar e só cessa com a maioridade, ainda que pela sua idade, o filho já esteja trabalhando em face de lei. O dever de sustento é obrigado aos cônjuges independentes do regime de casamento, conforme dispõe o artigo 1.568, CC (BRASIL, 2002), “Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial.”

Portanto, a obrigação de sustento não terá atendido ao seu fim, se os pais não assegurarem a satisfação das necessidades dos filhos sob o poder familiar. Tecnicamente, a

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16 obrigação de sustento define-se como uma obrigação de fazer, enquanto a obrigação alimentar vincula-se a uma obrigação de dar.

1.3 Alimentos na doutrina

No direito de família, o instituto dos alimentos possui maior importância, já que a obrigação se funda em relações familiares vindas de um parentesco, da obrigação legal de legítimos, do casamento e da convivência.

Segundo Milani (2005, v.1, p. 4), “Na acepção jurídica, alimentos, além do sustento, compreende vestuário, habitação, assistência médica e, se o alimentando é menor, despesas com educação.”

Destaca-se na doutrina, o evidente caráter assistencial do instituto. No direito brasileiro a obrigação legal de alimentos não possui um cunho indenizatório, e sim, assistencial. O artigo 1.702 do Código Civil elucida nitidamente essa característica, CC (BRASIL, 2002), “na separação judicial litigiosa, sendo um dos cônjuges inocente e desprovido de recursos, prestar-lhe-á o outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os critérios estabelecidos no art. 1.694.”

Conforme Carlos Roberto Gonçalves (2012, p. 500, grifo do autor):

No tocante à natureza jurídica do direito à prestação de alimentos, embora alguns autores o considerem direito pessoal extrapatrimonial, e outros, simplesmente direito patrimonial, prepondera o entendimentos daqueles que atribuem-lhe natureza mista, qualificando-o como um direito de conteúdo

patrimonial e finalidade pessoal.

A doutrina classifica os alimentos de diversas maneiras sob vários critérios. Carlos Roberto Gonçalves (2002, p. 500, 502 a 504 e 506, grifo do autor), por exemplo, classifica da seguinte forma;

Quanto à natureza, podem ser naturais e civis. Os naturais ou necessários restringem-se ao indispensável à satisfação das necessidades primárias da vida; os civis, destinam-se a manter a condição social, o status da família [...]. Quanto à causa jurídica: os alimentos dividem-se em leais ou legítimos, voluntários e indenizatórios. Os legítimos são devidos em virtude de uma obrigação legal, que pode decorrer do parentesco, do casamento ou do

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companheirismo. Os voluntários emanam de uma declaração de vontade inter vivos, como na obrigação assumida contratualmente por quem não

tinha a obrigação legal de pagar alimentos, ou causa mortis, manifestada em testamento, em geral sob a forma de alimentos, e prevista no art. 1.920 do Código Civil. Os primeiros pertencem ao direito das obrigações e são chamados também de obrigacionais; os que derivam de declaração causa

mortis pertencem ao direito das sucessões e são também chamados de testamentários. E, finalmente, os indenizatórios ou ressarcitórios resultam

da prática de um ato ilícito e constituem forma de indenização do dano ex

delicto [...]. Quanto à finalidade: classificam-se os alimentos em definitivos

ou regulares, provisórios e provisionais. Definitivos são os de caráter permanente, estabelecidos pelo juiz na sentença ou em acordo das partes devidamente homologado, malgrado possam ser revistos. Provisórios são fixados liminarmente no despacho inicial proferido na ação de alimentos, de rito especial estabelecido pela Lei de Alimentos. Provisionais ou ad litem são determinados em medida cautelar, preparatória ou incidental, de ação de separação judicial, de divórcio, de nulidade ou anulação de casamento ou de alimentos. Destinam-se a manter o suplicante, geralmente a mulher, e a prole, durante a tramitação da lide principal, e ao pagamento das despesas judiciais, inclusive honorários advocatícios. Daí a razão do nome ad litem ou

alimenta in litem [...]. Quanto ao momento em que são reclamados: os

alimentos classificam-se em pretéritos, atuais e futuros. São pretéritos quando o pedido retroage a período anterior ao ajuizamento da ação; atuais, os postulados a partir do ajuizamento; e futuros, os alimentos devidos somente a partir da sentença. O direito brasileiro só admite os alimentos atuais e os futuros. Os pretéritos, referentes a período anterior à propositura da ação, não são devidos. Se o alimentando, bem ou mal, conseguiu sobreviver sem o auxílio do alimentante, não pode pretender o pagamento de alimentos relativos ao passado (in praeteritum non vivitur) [...].

Yussef Said Cahali (2007, p. 27) também faz a classificação dos alimentos desta forma e, ainda, faz a classificação quanto às modalidades, classificando-as em “obrigação alimentar: própria e imprópria”, o conteúdo da obrigação alimentar é a prestação daquilo que é necessário à manutenção da pessoa, o que seria a obrigação alimentar própria, sendo que a imprópria é a obrigação que tem o fornecimento dos meios idôneos à aquisição de bens necessários à subsistência como conteúdo.

A respeito da função ou finalidade dos alimentos, Cahali (2007, p. 35) nos explica:

Na sua função ou finalidade, os alimentos visam assegurar ao necessitado aquilo que é preciso para a sua manutenção, entendida esta em sentido amplo, propiciando-lhe os meios de subsistência, se o mesmo não tem de onde tirá-los ou se encontra impossibilitado de produzi-los.

A doutrina juntamente com nosso código civil, trás a obrigação alimentar como Cahali (2007, p. 16, grifo do autor):

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Prestações devidas, feitas para que aquele que as receba possa subsistir [...].

Nesse sentido, constituem os alimentos uma modalidade de assistência

imposta por lei, de ministrar os recursos necessários à subsistência, à

conservação da vida, tanto física como moral e social do individuo [...].

Bem como os parágrafos 1º e 2º do artigo 1.694 do Código Civil (BRASIL, 2002) “§1º os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.” e “§2º os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.” Este artigo engloba a obrigação de prestar alimentos, os cônjuges ou companheiros e os parentes, aplicando esta obrigação a todos eles.

As características da obrigação alimentar são classificadas em recíprocas, divisíveis, mutáveis, condicionais e transmissíveis. Gonçalves (2012, p. 508, 509 e 511) faz a classificação dos mesmos, trazendo o artigo 1.700 do Código Civil para questão da transmissibilidade, onde ele explica:

Assim, o cônjuge é herdeiro necessário e, conforme o regime de bens, concorrerá ou não com descendentes e ascendentes, com participação variável segundo o grau de parentesco do herdeiro com o falecido. Somente se justifica a transmissão do direito ao cônjuge se, em razão do regime de bens no casamento, não estiver assegurado o seu direito à herança. O direito do companheiro não é prejudicado, porque não é havido como herdeiro necessário.

Não bastasse, como o art. 1.700 em apreço alude genericamente a ‘herdeiros’, a obrigação de pagar alimentos não se limitaria aos irmãos, colaterais em segundo grau e obrigados por lei, com reciprocidade, mas se estenderia aos tios, sobrinhos e primos, colaterais em quarto grau.

Sendo assim, o artigo 1.792 do Código Civil (BRASIL, 2002) trás o seguinte:

O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.

O artigo 1.806 do CC permite a renúncia da herança, não aceitando assim o encargo de pagar tais alimentos (BRASIL, 2002) “A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial.”, porém ao aceitar a herança, é aceito a obrigação de prestar os alimentos devidos pelo herdeiro, assim explica o artigo 1.804 também do CC

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(BRASIL, 2002) “Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.”

A respeito da divisibilidade temos (GONÇALVES, 2012, p. 512, grifo do autor):

A obrigação alimentar é também divisível, e não solidaria, porque a solidariedade não se presume; [...]. Não havendo texto legal impondo a solidariedade, é ela divisível, isto é, conjunta. Cada devedor responde por

sua quota-parte. Havendo, por exemplo, quatro filhos em condições de

pensionar o ascendente, não poderá este exigir de um só deles o cumprimento da obrigação por inteiro.

O Código Civil (BRASIL, 2002), na segunda parte do seu artigo 1.698 aduz:

[...] sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.

Portanto, todos os descendentes devem prestar os alimentos ao ascendente quando este necessitar, não podendo apenas um ou alguns dos descendentes ser prestador e outros não. Por isso são divisíveis.

Na condicionalidade, trazemos um conceito de Gonçalves (2012, p. 518, grifo do autor):

Diz-se que a obrigação de prestar alimentos é condicional porque a sua eficácia está subordinada a uma condição resolutiva. Somente subsiste tal encargo enquanto perduram os pressupostos objetivos de sua existência, representados pelo binômio necessidade-possibilidade, extinguindo-se no momento em que qualquer deles desaparece.

Quanto à reciprocidade trazemos o artigo 1.696 do Código Civil, onde define que seja recíproca a prestação de alimentos entre pais e filhos, e, consequentemente, se estende a parentes, companheiros e cônjuges, discriminados na lei. (BRASIL, 2002) “O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.”

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20 Por fim, a mutabilidade, que seria a “variabilidade da obrigação de prestar alimentos [...].” (GONÇALVES, 2012, p. 519), já que a obrigação de alimentos pode sofrer alterações em seus pressupostos. O artigo 1.699, CC (BRASIL, 2002) dispõe:

Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.

Sendo assim, Gonçalves (2012, p. 519), trás o seguinte exemplo:

Se a credora por alimentos, por exemplo, consegue trabalho honesto que lhe permita viver condignamente, pode o marido devedor pedir com êxito a exoneração da obrigação alimentar, enquanto durar a situação.

Portanto, seguindo alguns requisitos legais o devedor poderá exonerar a obrigação, bem como pedir redução ou majorar, e assim, o alimentando também poderá pedir reajuste de alimentos, sendo para majoração, redução ou exoneração.

1.4 Alimentos e pensão alimentícia

Não há na doutrina, nem na lei uma distinção propriamente dita entre pensão alimentícia e alimentos, o que os faz terem o mesmo sentido e mesma finalidade.

São simplesmente divididos em civis e naturais, sendo civis os alimentos para manter uma qualidade de vida ao alimentando, preservando seu padrão social. Os naturais àqueles alimentos indispensáveis para garantia da subsistência, que seria o caso da prestação pelo cônjuge culpado na separação judicial, o que dispõe no artigo 1.704, § único do CC (BRASIL, 2002, grifo nosso):

Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial.

Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de

alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.

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1.5 Prisão civil pelo não pagamento

Após serem fixados os alimentos e determinados em sentença, cabe ao devedor cumprir o que fora decretado, não o fazendo, cabe ao credor requerer seja cumprida, por meio de execução de alimentos, onde o alimentante é citado para contestar em juízo, provando pelos seus próprios meios que efetuou o pagamento ou, não tendo feito, justificar seu não cumprimento (MARMITT, 1993, p. 160).

O Código de Processo Civil de 1973, trazia a execução de alimentos nos seus artigos 732 e 733, sendo no 732 decretada a penhora de bens ou dinheiro, que seria a execução por quantia certa contra devedor solvente, quando o não cumprimento fosse mais de três meses, CPC (BRASIL, 1973, grifo nosso):

A execução de sentença, que condena ao pagamento de prestação alimentícia, far-se-á conforme o disposto no Capítulo IV desde Título.

Parágrafo único. Recaindo a penhora em dinheiro, o oferecimento de

embargos não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância da prestação.

Já o 733 decretava a prisão civil do devedor, se este não pagasse ou justificasse em três dias o não cumprimento, não eximindo, o devedor, do pagamento das prestações, sendo suspendida a prisão se fosse paga a dívida, CPC (BRASIL, 1973):

Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimento provisionais, o juiz mandará citar o devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo. §1º Se o devedor não pagar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. §2º O cumprimento da não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas. §3º Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

Hoje com o Código de Processo Civil de 2015, foi mantida a regra no sentido da execução de titulo judicial ser feita no cumprimento de sentença, avançando expressamente quando colocou o titulo executivo judicial para ser feito através do cumprimento de sentença nos artigos 528 e seguintes do NCPC2, e quando for executivo extrajudicial será ação autônoma de execução, nos termos dos artigos 911 e seguintes do NCPC.

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22 Observamos os artigos 528 e 911 do NCPC (BRASIL, 2015, grifo nosso):

Art. 528. No cumprimento de sentença que condene ao pagamento de

prestação alimentícia ou de decisão interlocutória que fixe alimentos, o juiz, a requerimento do exequente, mandará intimar o executado pessoalmente para, em 3 (três) dias, pagar o débito, provar que o fez ou justificar a

impossibilidade de efetuá-lo. § 1o Caso o executado, no prazo referido

no caput, não efetue o pagamento, não prove que o efetuou ou não apresente justificativa da impossibilidade de efetuá-lo, o juiz mandará protestar o pronunciamento judicial, aplicando-se, no que couber, o disposto no art. 517.

§ 2o Somente a comprovação de fato que gere a impossibilidade absoluta de

pagar justificará o inadimplemento. § 3o Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o

pronunciamento judicial na forma do § 1o, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo

de 1 (um) a 3 (três) meses. § 4o A prisão será cumprida em regime fechado,

devendo o preso ficar separado dos presos comuns. § 5o O cumprimento da

pena não exime o executado do pagamento das prestações vencidas e

vincendas. § 6o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o

cumprimento da ordem de prisão. § 7o O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do

processo. § 8o O exequente pode optar por promover o cumprimento da

sentença ou decisão desde logo, nos termos do disposto neste Livro, Título II, Capítulo III, caso em que não será admissível a prisão do executado, e, recaindo a penhora em dinheiro, a concessão de efeito suspensivo à impugnação não obsta a que o exequente levante mensalmente a importância

da prestação. § 9o Além das opções previstas no art. 516, parágrafo único, o

exequente pode promover o cumprimento da sentença ou decisão que condena ao pagamento de prestação alimentícia no juízo de seu domicílio.

Art. 911. Na execução fundada em título executivo extrajudicial que

contenha obrigação alimentar, o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo. Parágrafo único. Aplicam-se, no que couber, os §§ 2o a 7o do art. 528.

Conforme também afirma Arnaldo Marmitt (1993, p. 161);

O não-pagamento por recalcitrância e má-fé, mudança de endereços e de empregos, ou demissão do trabalho para furtar-se ao dever, e a não-apresentação de justificativa razoável, formam os pressupostos para fundamentar a prisão civil do inadimplente.

Para Gonçalves (2012, p. 566, grifo do autor) a prisão pelo não pagamento da pensão, não têm caráter punitivo;

A prisão civil por alimentos não tem caráter punitivo. Não constitui propriamente pena, mas meio de coerção, expediente destinado a forçar o devedor a cumprir a obrigação alimentar. Por essa razão, será imediatamente

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revoada se o débito for pago. [...] Só se decreta a prisão, como foi dito, se o devedor, embora solvente, procura frustrar a prestação, e não quando se acha impossibilitado de pagá-la.

A Constituição, no artigo 5º, inciso LXVII, também dispõe acerca da prisão pela dívida de alimentos (BRASIL, 1988, grifo nosso);

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel.

O pedido de execução deve ser feito pelo alimentando ou seu representante legal, o Ministério Público, sendo fiscal da lei nesses processos, não pode pedir a prisão do executado, conforme afirma Gonçalves (2012, p. 567);

A legitimação para o pedido de prisão é exclusivamente do alimentando ou de seu representante legal, se incapaz. O Ministério Público, como geralmente atua nestas ações apenas como fiscal do processo, em defesa dos interesses do menor, não pode pedir a prisão do obrigado.

A prisão civil apenas é cabível nos caso de alimentos dos artigos 1.566, inciso III e 1.694 do CC (BRASIL, 2002, grifo nosso), que são as relações de família, “Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: III. mútua assistência.”, conforme afirmação de Cahali (2007, p. 743, grifo do autor);

[...] a prisão civil por dívida, como meio coercitivo para o adimplemento da obrigação alimentar, é cabível apenas no caso dos alimentos previstos nos arts. 1.566, III, e 1.694 do atual Código Civil, que constituem relação de direito de família. Inadmissível, assim, a sua cominação determinada por falta de pagamento de prestação alimentícia decorrente de ação de responsabilidade ex delicto.

O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul – TJRS, baseado na Constituição Federal, também entende que esta obrigação deve ser cumprida, ou seja, em caso de não pagamento ou não haver justificativa cabível, não tem o executado direito a Habeas Corpus de sua prisão por exemplo. Tendo de cumprir com sua obrigação.

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24 EMENTA: HABEAS CORPUS PREVENTIVO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRISÃO CIVIL. LEGALIDADE. Não tendo o devedor de dívida alimentar efetuado o pagamento, nem justificado a impossibilidade de fazê-lo, legítimo se mostra o decreto de prisão. Habeas corpus denegado. (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Para suspender a prisão, o executado precisa provar que efetuou o pagamento ou justificar o inadimplemento, por isso, sua defesa deve se limitar na produção dessas provas, a fim de esclarecer os fatos, só assim será suspensa sua prisão, é o entendimento do TJRS;

EMENTA: HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. FAMÍLIA. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. ART. 528 DO CPC. Não se presta o habeas corpus para debate próprio ao contraditório, que é pertinente ao processo de execução, onde o devedor dispõe de meios de produção de provas e de recursos ordinários para demonstração de suas alegações. A defesa do demandado em execução de alimentos deve se limitar a demonstrar que pagou o valor devido, a pagá-lo ou a justificar a impossibilidade do pagamento, sendo vedada a pretensão de redução ou exoneração do encargo alimentar, ou de qualquer outra matéria não atinente ao assunto correlato. Legalidade da prisão, decretada em processo de execução onde a dívida persiste líquida e exigível, diante do inadimplemento das prestações alimentícias, e da rejeição da justificativa. DENEGADA A ORDEM. (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

Portanto, é direito do alimentando receber a pensão alimentícia em dia nos termos da lei, sendo assegurado pelo legislador tal direito, tendo o executado o dever de prestar essa assistência, não o fazendo será citação para cumprir a sentença, conforme o artigo 528 do CPC (BRASIL, 2015), já citado anteriormente.

2 ALIMENTOS GRAVÍDICOS

Amparados pela Lei 11.804/08 (BRASIL, 2008), são aqueles alimentos prestados à gestante, para garantir o desenvolvimento da prole e a segurança de sua genitora, garantindo auxilio alimentar, médico, psicológico e demais subsídios de que a mesma necessite, inclusive no parto.

Mesmo tendo apenas indícios da paternidade, a gestante possui o direito de receber tais alimentos, pois basta o convencimentos do juiz para que estes sejam fixados, é o que diz o artigo 6º da Lei 11.804 (BRASIL, 2008).

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2.1 Do nascituro

Nascituro é o ser humano já concebido, onde o nascimento é dado como certo por isso já possui seus direitos previstos em lei. O artigo 2º do Código Civil dispõe o seguinte (BRASIL, 2002) “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”

Por isso, temos a concepção de nascituro sendo o feto, tendo seus direitos garantidos por lei, até o nascimento.

Sartório ([s.d.], p. 4) entende que, “O nascituro possui um direito sob condição suspensiva, que adquirirá eficácia após o nascimento com vida.”, sendo assim, Barros (2005, p. 65), também nos trás tal entendimento, “[...] o nascituro, à exceção do direito de nascer, não tem direito adquirido, mas apenas expectativas de direitos.”

Dessa forma, alguns doutrinadores entendem que o pedido de alimentos gravídicos deveria ser feito pelo nascituro, tendo a genitora como representante, outros doutrinadores entendem necessário apenas à presença da mãe no pólo ativo da ação, que já seria suficiente para concessão destes alimentos (SARTÓRIO, [s.d.], p. 5).

Nunes ([s.d.], [s.p.]) trás a afirmação de que o nascituro tem direito à doação, sucessão e direito a curatela, conforme artigo 542 do CC (BRASIL, 2002, grifo nosso), que dispõe acerca da doação “Art. 542. A doação feita ao nascituro valerá, sendo aceita pelo seu representante legal.”

Portando, o nascituro terá seus direitos assegurados por lei, tendo sua mãe/genitora como sua representante legal, desde o início da gestação.

2.2 A lei 11.804/2008

A Lei 11.804, de 05 de novembro de 2008, (BRASIL, 2008) trata-se do direito a alimentos da mulher gestante e a forma como é exercido esse direito.

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26 O art. 2º da Lei de Alimentos Gravídicos3 dispõe:

Os alimentos de que trata esta Lei compreenderão os valores suficientes para cobrir as despesas adicionais do período de gravidez e que sejam dela decorrentes, da concepção ao parto, inclusive as referentes a alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames complementares, internações, parto, medicamentos e demais prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis, a juízo do médico, além de outras que o juiz considere pertinentes.

Os alimentos gravídicos são alimentos, conforme qualquer outro previsto no Código Civil, com mesma origem: o poder familiar. Entretanto, os alimentos na gestação são fixados com base nos indícios de paternidade, já os alimentos previstos na Lei 5.478/68, são fixados quando houver prova pré-constituída.

Então, alimentos gravídicos, são aqueles que pertencem à gestante, para os cuidados gestacionais, absorvendo as despesas do período de gravidez e outras despesas que venham a surgir, como o parto, os gastos hospitalares, medicamentos e qualquer outra que o juiz diga ser necessário e indispensável para a gestante e a prole. Dispõe o artigo 6º da Lei de Alimentos Gravídicos que, (BRASIL, 2008) “Convencido da existência de indícios da paternidade, o juiz fixará alimentos gravídicos que perdurarão até o nascimento da criança, sopesando as necessidades da parte autora e as possibilidades da parte ré.”

No tocante a classificação das fontes nos alimentos gravídicos, eles podem ser legais, convencionais ou indenizatórios, só os dois primeiros ensejam a prisão civil, por isso esses alimentos são legais, pois sua fonte geradora decorre de obrigação legal.

Percebe-se que a lei serve de proteção ao nascituro, pois o enfoque é no período gestacional, garantia da segurança, claro, da gestante também, mas principalmente ao direito do nascituro, já que o Código Civil assegura esses direitos, na segunda parte do artigo 2º, CC (BRASIL, 2002) “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.”

Podemos dizer que os alimentos comuns são designados à criança, com prova de paternidade, enquanto os gravídicos designam-se ao nascituro, apenas com cognição sumária.

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Não podemos esquecer-nos do § único do artigo 2º da Lei 11.804, já que a gestante também tem o dever de auxiliar nas despesas gestacionais, (BRASIL, 2008);

Os alimentos de que trata este artigo referem-se à parte das despesas que deverá ser custeada pelo futuro pai, considerando-se a contribuição que também deverá ser dada pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.

Portanto, não somente a gestante possui essa obrigação.

Conforme entendimento do TJRS:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO.

ALIMENTOS GRAVÍDICOS. A lei de alimentos gravídicos não exige prova pré-constituída da paternidade, contentando-se com a existência de indícios. Assim, admitindo o agravante haver se relacionado sexualmente com a agravada, em período coincidente com a concepção, suficientemente demonstrados indícios necessários para fixação de alimentos gravídicos. A alegação de que a agravada tem condições para sozinha arcar com as despesas do período de gestação não tem o condão de afastar a obrigação do alegado pai do nascituro, devendo este também contribuir. No caso, ausente prova de que o agravante não tenha condições financeiras para pagar 25% do salário mínimo. Negaram Provimento. Unânime. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

O ônus probatório é da genitora, pois cabe a ela apresentar indícios de paternidade, seja por meio de fotos, testemunhas, cartas, e-mails, entre outras, desde que, as mesmas sejam licitas. O artigo 1.597, inciso IV, do Código Civil, também garante certo meio de prova para genitora, (BRASIL, 2002) “Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos. IV. Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga.”

Conforme decisão do TJRS:

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO.

ALIMENTOS GRAVÍDICOS. FIXAÇÃO. Em que pese a precariedade probatória própria de processos cuja tramitação apenas se inicia, alega a agravante que manteve uma relação afetiva com o agravado e disto resultou a concepção de um filho. Esta circunstância, somada às fotografias e diálogo mantido pelo aplicativo whatsapp, empresta suficiente verossimilhança ao alegado. Ademais, conforme reiteradamente tenho salientado, em ações dessa espécie, o juiz, de regra, vê-se diante de um paradoxo: de um lado, a

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28

prova geralmente não é exuberante e, de outro, há necessidade premente de fixação da verba, sob pena de tornar-se inócua a pretensão, pois, até que se processe a instrução do feito, o bebê já terá nascido. Aqui não é diferente. Alimentos gravídicos fixados em 20% da renda líquida do demandado ou, em caso de desemprego, em 20% do salário mínimo. Deram Provimento em Parte. Unânime. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

Cabe ao genitor contestar a paternidade, tanto de filhos nascidos, quanto da prole. Os artigos 7º da Lei 11.804, 1.601 e 1.602 do Código Civil dispõem do direito e prazo para contestação. (BRASIL, 2008) “O réu será citado para apresentar resposta em 5 (cinco) dias.”, (BRASIL, 2002) “Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível.” e (BRASIL, 2002) “Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.”

O genitor pode produzir suas provas conforme os artigos 1.597 a 1.602 do Código Civil, onde são elencadas algumas possibilidades de uma não paternidade, vindas de vasectomia, impotência sexual, entre outras.

É competência dos genitores a guarda, vigilância, educação entre outros, desde a concepção da gravidez.

Conforme entendimento Yussef Said Cahali (2009, p. 355 e 356, grifo do autor):

Aos genitores compete a guarda dos filhos menores e incapazes, mantendo-os em sua companhia, exercendo vigilância sobre eles.

Na maior parte dos casos, a obrigação de sustento da prole, vinculada ao poder familiar, executa-se naturalmente, de maneira voluntária, in natura, pelo simples fato da vida em comum do casal e da vida em comum legalmente imposta aos menores, na medida em que compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores.

E como tanto o pai quanto a mãe são igualmente obrigados, na proporção da respectiva capacidade econômica, à manutenção da prole, exclui-se daí que se possa considerar a obrigação materna como meramente subsidiária em relação àquela do pai.

Portanto, é responsabilidade de ambos os genitores a proteção da criança, mesmo antes de seu nascimento, porém, essa obrigação de guarda e sustento, não depende apenas de um dos pais, muito menos só da genitora, mesmo esta tendo condições financeiras de arcar com as despesas sozinha. É obrigação do genitor o auxilio a sua prole e da genitora no período gestacional. Após o nascimento, com a comprovação da paternidade através de exame de

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DNA, o auxilio continua por meio da pensão alimentícia. Conforme o parágrafo único do artigo 6º da Lei 11.804 (BRASIL, 2008) “Parágrafo único. Após o nascimento com vida, os alimentos gravídicos ficam convertidos em pensão alimentícia em favor do menor até que uma das partes solicite a sua revisão.”

2.3 Possibilidade de prisão civil

A lei dos alimentos gravídicos tem como base processual a lei de alimentos e o CPC, conforme dispõe o artigo 11 da lei 11.804 (BRASIL, 2008, grifo nosso), “Art. 11. Aplicam-se supletivamente nos processos regulados por esta Lei as disposições das Leis nos 5.478, de 25 de julho de 1968, e 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.”

Por isso, em caso de não pagamento dos alimentos, aplica-se a mesma regra da Ação de Alimentos, que dispõe como argumento o artigo 528 do CPC (BRASIL, 2015), o qual já foi citado no capítulo anterior.

Assim como na ação de alimentos, nos alimentos gravídicos a prestação pode ser descontada em folha, conforme disposto no artigo 529 e parágrafos do CPC (BRASIL, 2015, grifo nosso);

Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou

gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia. § 1º Ao proferir a decisão, o juiz oficiará à autoridade, à empresa ou ao empregador, determinando, sob pena de crime de desobediência, o desconto a partir da primeira remuneração posterior do executado, a contar do protocolo do ofício. § 2º O ofício conterá o nome e o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas do exequente e do executado, a importância a ser descontada mensalmente, o tempo de sua duração e a conta na qual deve ser feito o depósito. § 3º Sem prejuízo do pagamento dos alimentos vincendos, o débito objeto de execução pode ser descontado dos rendimentos ou rendas do executado, de forma parcelada, nos termos do caput deste artigo, contanto que, somado à parcela devida, não ultrapasse cinquenta por cento de seus ganhos líquidos.

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30 Portanto, nos alimentos gravídicos, os direitos e deveres são os mesmos da ação de alimentos, possibilitando assim uma melhor garantia para a genitora e sua prole. Não é por acaso que a lei de alimentos e o código de processo civil são citados na lei 11.804 (BRASIL, 2008), permitindo assim a execução do prestador de alimentos em caso de inadimplência (FREITAS, [s.d.], [s.p.]).

2.4 Análise jurisprudencial

O TJRS dispõe acórdãos em concordância com os alimentos gravídicos, conforme segue;

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS

GRAVÍDICOS. FIXAÇÃO. Em ações dessa espécie, o juiz, de regra, vê-se diante de um paradoxo: de um lado, a prova geralmente é franciscana e, de outro, há necessidade premente de fixação da verba, sob pena de tornar-se inócua a pretensão, pois, até que se processe a instrução do feito, o bebê já terá nascido. Assinale-se, também, que, de acordo com o que ensinam as regras da experiência, são percentualmente insignificantes os casos em que uma ação investigatória de paternidade resulta improcedente, o que confere credibilidade, em geral, à palavra da mulher, na indicação do pai de seu filho. DERAM PROVIMENTO EM PARTE. UNÂNIME. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

Tal acórdão fixa os alimentos gravídicos em 20% do salário do genitor e em caso de desemprego fixa em 20% do salário mínimo.

É obrigação do genitor assistência à genitora e sua prole, TJRS nos trás um caso de gravidez de risco, onde a obrigação do genitor é bem maior, já que é reponsabilidade dele e da genitora a proteção do nascituro.

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS

GRAVÍDICOS. O plano de saúde ao qual, ao que parece, estava vinculada a agravada como dependente, foi cancelado por falta de pagamento, de forma que é inviável a reinclusão. Conforme relato da agravada na inicial da ação de alimentos, que não foi, no ponto, objeto de inconformidade neste recurso, sua gravidez é de alto risco, gerando, por certo, despesas elevadas, mormente considerando que não dispõe de plano de saúde. De outra banda, o alimentante é empresário, de forma que é difícil a averiguação de sua capacidade financeira, sendo certo, outrossim, que declaração de imposto de renda não se presta para comprovar ganhos, em face de seu caráter unilateral. Certo é que o agravante é jovem, empresário, com plena capacidade laboral, e deve se esforçar para alcançar à agravada valor mínimo para enfrentar a gravidez de alto risco, contribuindo para o nascimento de

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seu filho. DERAM PROVIMENTO EM PARTE. UNÂNIME. (RIO GRANDE DO SUL, 2017).

TJRS nos trás ainda, a respeito do genitor pedir a minoração dos alimentos gravídicos, no entanto, ele precisa provar a sua incapacidade, ou qualquer outro motivo de hipossuficiência.

Ementa: AGRAVO DE INSTRUMENTO.

1. ALIMENTOS GRAVÍDICOS. LEI Nº 11.804/08 - ART. 6º. POSSIBILIDADE DIANTE DE INDÍCIOS DA PATERNIDADE. 2.

REDUÇÃO DOS ALIMENTOS GRAVÍDICOS. DESCABIMENTO.

AUSÊNCIA DE PROVA DA ALEGADA IMPOSSIBILIDADE

FINANCEIRA. DECISÃO AGRAVADA MANTIDA. 1. Diante

da existência de indícios da paternidade apontada, mostra-se cabível a fixação de alimentos em favor do nascituro, destinados à mantença da gestante, até que seja possível a realização do exame de DNA. 2. Descabe a redução dos alimentos, vez que inexistente prova - cujo encargo cumpria ao alimentante - de que o cumprimento da obrigação se mostra impossível e o levaria à condição de miserabilidade. AGRAVO DE INSTRUMENTO DESPROVIDO. (RIO GRANDO DO SUL, 2017).

Os alimentos gravídicos após o nascimento da criança são convertidos em alimentos provisórios, sendo comprovada a paternidade através de DNA. O TJRS também dispõe acerca disso;

EMENTA: INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE. FIXAÇÃO

DE ALIMENTOS. ADEQUAÇÃO DO QUANTUM. 1. É cabível a fixação de alimentos gravídicos quando existem indicativos da paternidade e, nascendo a criança, transformando-se a ação de alimentos em ação de investigação de paternidade, os alimentos gravídicos transformam-se em alimentos provisórios. 2. Os alimentos devem ser fixados de forma a atender as necessidades do filho, dentro das possibilidades do genitor, o que constitui o binômio alimentar de que trata o art. 1.694, §1º, do CC. 3. É cabível a redução da pensão alimentícia, quando o valor fixado sobrecarrega em demasia o alimentante, o que se infere da sua modesta atividade laboral. Recurso provido em parte. (RIO GRANDE DO SUL, 2016).

Sendo assim, podemos afirmar que a gestante e sua prole estão protegidos por lei, sendo amparados naquilo que se entende necessário, cabendo à comprovação dos indícios de paternidade para obter a fixação dos alimentos gravídicos, convertendo-os em alimentos provisórios após o nascimento do bebê, com vida.

Portanto, podemos concluir que a lei de alimentos gravídicos veio em favor da genitora, em proteção a ela e sua prole, tento solucionados alguns casos de desamparo por

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32 parte do genitor, já que este tem o dever de sustento da prole também. Sendo tais afirmações comprovadas por lei e pelo Tribunal de Justiça do estado.

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CONCLUSÃO

Os alimentos surgiram como uma forma de amparo para quem os recebe, seja no desenvolvimento da criança e do adolescente, como na prestação de auxílio ao adulto ou idoso necessitado.

Os alimentos gravídicos vieram como forma de amparo à genitora, pois quando uma criança não é planejada e vem inesperadamente, em alguns casos é difícil, tanto para mãe, quanto para o pai, aceitarem esta gestação, isto, consequentemente, em algumas vezes acarreta no abandono por parte do genitor, ficando essa mãe desamparada com a prole.

Sendo assim, a lei dos alimentos gravídicos vem para que esse genitor não abandone essa prole, pois todos têm direito a educação, cultura, etc., tendo o nascituro também seus direitos decretados em lei.

Por isso, é dever do genitor o auxílio à genitora, em busca de um sustento adequado a futura criança, dando a possibilidade de a gestante ter um cuidado especial no que for necessário, seja para cuidados médicos ou psicológicos enquanto durar a gestação.

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Constituição, 1988.

______. Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968. ______. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. ______. Lei nº 11.804, de 05 de novembro de 2008. ______. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015.

CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. ______. Yussef Said. Dos alimentos. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

MARMITT, Arnaldo. Pensão alimentícia. 1. ed. Rio de Janeiro: Aide Editora e Comércio de Livros LTDA, 1993.

MILANI, Imaculada Abenante. Alimentos: o direito de exigir e o dever de prestar. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2005.

SANTOS, Ozéias J. Alimentos no novo código civil. 2. ed. Sta Cruz da Conceição: Vale do Mogi, 2005.

FREITAS, Douglas Phillips. Alimentos gravídicos e a lei nº 11.804/08. Disponível em: <http://institutoprocessus.com.br/2012/wp-content/uploads/2011/12/9_edicao1.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito de família. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

GULIM, Daniel Eduardo Lima; LIGERO, Gilberto Notário. Obrigação alimentar: origens e

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NUNES, Bruna Carolino Rodrigues. Alimentos gravídicos: aspectos históricos e jurídicos.

Disponível em:

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SARTÓRIO, Milton Tiago Elias Santos. Dos alimentos gravídicos. Disponível em: <http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/2565/2195>. Acesso em: 20 out. 2016.

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______. Agravo de Instrumento Nº70070195300, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 15/09/2016.

______. Agravo de Instrumento Nº 70070511787, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 27/10/2016.

______. Agravo de Instrumento Nº 70072807993, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Julgado em 25/05/2017.

______. Agravo de Instrumento Nº 70073404006, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 31/05/2017.

______. Apelação Cível Nº 70070522818, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 28/09/2016.

______. Habeas Corpus Nº 70073851545, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Liselena Schifino Robles Ribeiro, Julgado em 25/05/2017.

______. Habeas Corpus Nº 70073427726, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luís Dall'Agnol, Julgado em 31/05/2017.

Referências

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