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A fragilidade dos vínculos familiares na era digital contemporânea

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Academic year: 2021

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CURSO DE PSICOLOGIA

ANA PAULA ZIEMBOWICZ SCHREINER

A FRAGILIDADE DOS VÍNCULOS FAMILIARES NA ERA DIGITAL CONTEMPORÂNEA

SANTA ROSA 2016

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A FRAGILIDADE DOS VÍNCULOS FAMILIARES NA ERA DIGITAL CONTEMPORÂNEA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em

Psicologia do Departamento de

Humanidades e Educação da

Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para obtenção do título em Bacharel em Psicologia.

ORIENTADORA: Ms. SIMONI ANTUNES FERNANDES

SANTA ROSA 2016

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A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova a Monografia.

A FRAGILIDADE DOS VÍNCULOS FAMILIARES NA ERA DIGITAL CONTEMPORÂNEA

Elaborada por

ANA ZIEMBOWICZ SCHREINER

Como requisito parcial à obtenção do título de graduação em Psicologia

Comissão Examinadora

________________________________________________________ Prof. Mestre. Simoni Antunes Fernandes (Orientadora) – DHE/UNIJUÍ

________________________________________________________ Prof. Dra. Ângela Schneider Drugg – DHE/UNIJUÍ

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As crianças são muito literárias porque dizem como sentem e não como deve sentir quem sente segundo outra pessoa. Uma criança, que uma vez ouvi, disse, querendo dizer que estava à beira de chorar, não “Tenho vontade de chorar”, que é como diria um adulto, isto é, um estúpido, senão isto: “Tenho vontade de lágrimas” ... Aquela criança pequena definiu bem a sua espiral.

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TÍTULO: A FRAGILIDADE DOS VÍNCULOS FAMILIARES NA ERA DIGITAL CONTEMPORÂNEA

ACADÊMICA: ANA ZIEMBOWICZ SCHREINER

ORIENTADORA: SIMONI ANTUNES FERNANDES

Atualmente a tela do computador faz a função de uma mamãe que está depositada numa pequena tela de cristal portátil na qual conversa com esse bebê por horas a cada dia. As famílias ficam reunidas, sentadas à mesa olhando para a TV, os aparelhos acabam por emitir sequências sonoras, mas não conversam, não produzem uma matriz dialógica em que os lugares sejam subjetivados, eles oferecem uma linguagem fragmentada, que não apresentam uma sustentação para sua estruturação enquanto sujeito. A criança fica sustentada em uma identificação na qual lhe fala o Outro, aquele que lhe passa o laço emocional como uma primeira satisfação primitiva na infância, trazendo a instauração de um objeto – a tela de cristal – sustentadas pelo Outro. As relações familiares são formadoras de um sujeito na infância, e estas relações contemporâneas apresentam as telas de cristais como laços sociais, unificadores da relação familiar. Usando os meios online como constituidores da função materna. Através dessa investigação afirma-se que há enfraquecimento dos vínculos familiares em meio a tantas tecnologias presentes na atualidade.

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Currently the computer screen plays the role of a mother, which is inserted in a small portable crystal screen that talks to the baby for hours, every day. The families are gathered, sitting at the table looking at the TV, the devices end up emitting sound sequences, but they do not talk, and do not produce a dialogical matrix in which their positions are subjectivated, the devices offer a fragmented language that do not present a support for their structuring as a subject. The children is sustained in an identification in which the Other speaks to them, the one that transmits the emotional bond as a first primitive satisfaction in childhood, bringing the establishment of an object - the crystal screen - supported by the Other. Family relations structure a subject in childhood, and these contemporary relations present the crystal screens as social bonds, unifiers of the family relationship. Using the online media as constituents of the maternal function. Through this investigation, it is affirmative that there is frailty on the family bonds amid so many technologies present in the contemporaneity.

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INTRODUÇÃO ... 8 CAPITULO 1 – PROCESSOS PSÍQUICOS NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO ... 11 CAPITULO 2 – INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NAS RELAÇÕES FAMILIARES ... 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 31

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INTRODUÇÃO

A ascensão do uso da internet modificou, profundamente, a forma dos seres humanos vivenciarem suas experiências, alterando seus modos antigos de comunicação, à busca pela informação, a vivência em família e também no tratamento de diversas problemáticas, retratando assim, novos modelos familiares. A origem da observação de novos meios em que as famílias se estruturam surgiu a partir de um caso clínico, que, em 2014, na clínica escola desta instituição, chega para atendimento. O caso era muito interessante: - o menino enfrentava a separação dos pais na vida real, onde no jogo ele encara a realidade dessa vivência, no jogo era apenas ele que tinha o controle de toda a situação. Era ele quem ditava as regras para o jogo, e através desse ele retratava sua vida.

A pesquisa sobre a especificidade das relações familiares na atualidade justifica-se pelo aumento incontrolável do avanço de novas tecnologias, interferindo na constituição do complexo familiar. As marcas da transmissão por meio da tecnologia que Shirky (2010) nos fala, a especificidade de uma conversa escrita que permite um maior domínio e uma apresentação controlada de quem realmente somos, sendo que a tecnologia possibilita lapidar as relações, tornando assim destituído o sujeito do contexto histórico familiar, o qual antigamente era formado por rodas de conversas um aconchego familiar que hoje em dia não se retrata mais como uma unidade familiar. Impondo tabus e gerando conflitos familiares. Esta temática se revela de grande importância na clínica psicanalítica, de necessário trabalho intelectual para a compreensão da problemática a fim de propiciar melhor tratamento para aqueles que assim desejam, abrangendo de forma mais dinâmica as novas relações familiares.

Portanto o trabalho foi organizado em dois capítulos. Apresenta-se, em um primeiro momento, uma discussão sobre a constituição do sujeito em uma era contemporânea onde o surgimento da criança fica presa ao mundo virtual, e, em um segundo momento, a constituição familiar na era contemporânea.

A contemporaneidade vem apresentando para os bebês cada vez mais cedo as novas formas de comunicação, onde a tecnologia é a primeira da lista de seus papais para brincar, cuidar e controlar o tempo da criança, e são elas que acabam por montar, estimular o novo bebê. Esse objeto que acabam por apresentar trata-se de uma tela de cristal, um computador, celular, TV, que vem na tentativa de

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estimular a inteligência mais do que qualquer cantiga ou conversa. Estabelece-se assim uma oferta de objetos que não estão no lugar de metaforizar a relação com o Outro encarnado diante de sua inevitável falta, que não atravessa a função em uma extensão de circuitos de satisfação referidos a um traço fundamental. É através disso, que os bebês ficam expostos a brinquedos supostamente eficazes e que passam a ser oferecidos em uma economia da relação com os demais.

O uso desses aparelhos eletrônicos gera para a criança um apego a esse objeto sem ter a confiança e credibilidade do vínculo afetivo entre mãe-filho-pai. É dessa maneira que surge uma certeza para essas crianças que estão entretidas num universo que os compreende tanto na forma mais complexa, como na forma mais simples da inteligência humana, não tendo a distinção de idade, cultura, gerando uma sensação de bem estar triunfante numa satisfação incabível dentro da criança. Pois quando a criança nasce, ela é banhada pela linguagem do Outro, sendo que no início da vida, é o agente materno que sustenta a instauração do funcionamento corporal subjetivado na medida em que interpreta o desamparo do bebê. É somente desde esta condição psíquica que uma mãe pode produzir uma interpretação do que se passa com o bebê, emprestando suas representações, disponibilizando seu saber, para que o bebê possa construir algum saber, sendo assim a mamãe acaba por apresentar o mundo virtual para a criança.

Num segundo momento apresento a constituição familiar nessa era contemporânea, nesse espaço em que a criança cresce e busca suas identificações primárias, e apenas encontra o contato com uma tela de cristal. Sendo assim, a criança passa a buscar novos objetos de transição, sensíveis ao cristal que tanto deslumbra a família. A cultura universal da criança mudou em função das experiências que a vida adulta lhe passa. São os brinquedos e brincadeiras familiares que lhes oferecem um mundo onde o toque na tela de cristal mostra a praticidade e a comodidade de obter a satisfação própria. Essas crianças que participam atualmente das novas formações familiares dentro da tecnologia posta pela tela de cristal, aprendem um novo jeito de brincar, sofrer e construir suas simbolizações que partem da realidade em que estão inseridas.

Essas experiências e vivências infantis que se estruturam nessas condições contemporâneas digitais desenvolvem-se diferente no que em qualquer época, trazendo o fascínio e o amor por estruturar-se de forma lúdica, onde a criança se transforma numa “máquina” apática, transportando sintomas e transtornos que se

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manifestam de maneira agressiva num mundo real. Esse universo cultural, próprio aos humanos, estende ainda mais essa variabilidade dos espaços de das temporalidades culturais. Cada novo sistema de comunicação modifica o sistema das proximidades práticas humanas, como o olhar, o abraço, a instauração de um eu para o bebê.

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CAPITULO 1 – PROCESSOS PSÍQUICOS NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO

A estruturação da base familiar tem passado por inúmeras transformações ao longo dos anos, tornando-se suscetíveis às mudanças na atualidade. A função básica que o papel familiar desempenha para o processo da constituição psíquica do sujeito resulta da formação do grupo familiar, sendo importante na determinação e na organização da personalidade, além de influenciar significativamente no comportamento das ações que compõe esse grupo. Em meio às modificações no contexto familiar atual a tecnologia invade grande parte das relações fundamentais que incidem sobre a constituição familiar.

A ascensão do uso da tecnologia nas relações familiares faz-se muito presente nos dias atuais. A correria do dia a dia tem modificado as bases das relações familiares, que antes se reuniam para fazer refeições sentadas à mesa, onde conversavam e discutiam situações cotidianas. Hoje essas formas de relações dos seres humanos vivenciarem suas experiências alteram seus modos e meios de comunicação, a busca pela informação, a vivência em família e também no tratamento de diversas problemáticas.

Conforme Julieta Jerusalinsky (2015), o uso da realidade virtual, por meio de uma pequena tela de cristal, por exemplo, tornou-se uma ferramenta para ninar os bebês, cessar o seu choro, e o papel da mãe, que “era” o de acalmar seu bebê virou apenas um abraço de vez em quando. Os aparelhos emitem sequências sonoras, mas não conversam, não produzem uma matriz dialógica em que os lugares sejam subjetivados, eles oferecem fragmentariamente uma linguagem, mas não sustentam sua função”.

As relações familiares são constituídas por sujeitos que carregam marcas de sua constituição desde seus primórdios. Em seus estudos clínicos com histéricas, Freud (1939) constatou que existia uma realidade muito particular, e que esta realidade se expressava por meio de sintomas que apareciam no corpo de suas pacientes. Essa realidade, ele denominou fantasias, o que instigou o rumo de suas investigações. Assim, por meio da “associação livre” da fala das pacientes, foi descobrindo que as fantasias eram construídas por experiências vividas na infância, e que diziam da verdade do sujeito. A escuta dessas verdades que as pacientes relatavam sem saber levou Freud a postular a existência do inconsciente.

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A constituição psíquica é um processo pelo qual o bebê humano precisa passar para que venha a se constituir enquanto sujeito. Freud, explica que o infans é aquele que ainda não fala e, portanto, é incapaz de escrever a sua própria história.

O infans, sujeitinho suposto, embora imerso no universo simbólico, ainda não acedeu à linguagem, e, portanto, ainda não pode conjugar-se; esse é o tempo da aposta do outro que, antecipando-o enquanto sujeito, cuidando e desejando coisas por ele, vai imprimindo em seu psiquismo as marcas que se inscreverão na memória como letra, „como traços que, a posteriori, serão tomados numa posição particular por uma injunção significante‟”. (JERUSALINSKY, 1990, p. 14)

Ao nascer o bebê depara-se com um mundo que já apresenta uma forma de se organização, leis, linguagem, cultura, uma estrutura. E para poder se desenvolver e constituir ele depende de outro ser humano, tanto para suas necessidades biológicas, quanto à sua sobrevivência psíquica. A aquisição dos aspectos psíquicos acontecerá no encontro com outros seres humanos já inseridos na ordem simbólica.

O berço simbólico já existe antes do nascimento do bebê, ele se encontra em todos os preparativos que antecedem sua chegada, como na escolha do nome, e tudo o que a mamãe, o papai e os familiares planejam e imaginam sobre e para aquele bebê que está para além das questões de funcionamento biológico, tais como os aspectos culturais, os valores e as significações que marcarão sua constituição psíquica.

Para que ele possa ser introduzido no registro simbólico existem duas funções fundamentais: a função materna e a função paterna, que não necessariamente referem-se à figura da mãe ou do pai biológicos, mas sim, de alguém que venha a exercer essas funções.

A função materna é constituída pelos cuidados básicos que permitirão que o bebê sobreviva, é a mãe que sustenta as séries para o seu bebê, no desenvolvimento da linguagem, desenvolvimento motor, ente outros. É ela que faz dos objetos – a papinha, o leite, o xixi, o cocô, o sono – traços que sejam representáveis para o seu bebê. É esse agente que produzirá marcas simbólicas no corpo do bebê e que acabará se organizando de acordo com o que o desejo da mãe imprime a este corpo, é ai que se instaura o traço unário de referência simbólica. É ela quem propicia para o seu bebê um gozo e que ao mesmo tempo em que inscreve, faz operar como um traço diferencial no reconhecimento na relação com o bebê.

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É preciso que a mãe esteja presente psiquicamente, com o seu desejo, para que possa transmitir valores culturais e simbólicos. Então é que se faz necessária a função paterna, que servirá de terceira referência na relação mãe e filho.

O Complexo de Édipo é um dos pilares da Psicanálise, do qual nenhuma criança escapa ao se constituir como sujeito. O Complexo de Édipo é a explicação que Freud usa para elucidar a sexualidade e para explicar como se funda o sujeito. Para que o sujeito possa se constituir enquanto um ser desejante, é preciso que haja a introdução de um terceiro na relação mãe-filho-falo. Isso acontece com a entrada de um pai simbólico nesta relação que introduza a “lei” para a criança. Segundo Freud (1913-1914, p. 23), ao abordar o desejo incestuoso da criança para com seus pais, refere-se à um sistema totêmico, que se encontra na organização da sociedade.

Consideramos que a língua materna implica na qual lhe fala o Outro primordial ao qual a criança fica referida, segundo Lacan (1955), esse Outro representa o lugar onde que se constitui o sujeito, representado nos seus modos de obter prazer e também interdições.

A língua que o Outro interpreta, sustenta, interdita o acesso à satisfação que propicia ao bebê sensações de prazer e desprazer inserindo-o na linguagem, consequentemente, a criança pode representar o que a afetou em sua percepção, apropriando-se subjetivamente do seu corpo. Portanto a língua materna é aquela que através dela o bebê ficou referido, simbolicamente identificado ao Outro.

Conforme Lacan (1957), o Complexo de Édipo se organiza em Três Tempos. O bebê é situado no primeiro tempo do Complexo de Édipo, a criança nesse primeiro tempo é o falo da mãe, onde de fato ocorre à operação da castração simbólica da mãe, - castração essa que se designa ao sentimento inconsciente de ameaça experimentado pela criança quando ela constata a diferença anatômica entre os sexos (ROUDINESCO, 1998, p. 104), é a partir dessa passagem que permitirá que o bebê seja investido falicamente. Temos a função paterna presente desde o seu início, mesmo ainda não sendo inscrita, mas está ai pela estrutura na qual a mãe o toma.

Nessa posição edípica não podemos afirmar que o bebê esteja tomado na estrutura, e que chegue a assumir um modo simbolizado de sua imagem fálica, da qual a mãe é desejante, e vai para além dela. Essa operação simbólica da castração

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mesmo que ainda não escrita para o bebê na sua constituição, ele está de qualquer modo sustentado pela estruturação edípica.

Conforme Jerusalinsky (2002), mesmo que o bebê não esteja atravessando os conflitos edípicos, ele sente seus efeitos em torno de seus pais. Mesmo não sabendo acerca do que é um menino ou uma menina, são os pais que produzem e sustentam essas marcas no seu bebê, na qual inscrevem essa diferença. Esse bebê é recebido pela fantasia materna, das fantasias inconscientes que fazem montagens a partir da castração e que ficam presas ao laço familiar.

Esse fantasma materno acaba por referir-se à posição onde opera a determinação das marcas que organizam a relação da criança com o mundo. Quando o desejo da mãe opera na linguagem, faz com que haja uma resistência à libidinização do sujeito. Assim ocorre a instalação da linguagem materna, que não pode ser feita por qualquer sujeito, mas sim onde a mãe cria com o seu bebê uma linguagem particular em seu ambiente familiar. Essa linguagem materna esquiva sobre a castração, mas depara-se com ela. Pois é ai que configura na criança uma ilusão de que é nesse mundo que ela vive protegida, cuidada, preservada, onde se pode demandar o mundo desse lugar. É essa posição do fantasma materno que organiza a inscrição inicial do bebê.

Pois, nesse momento, é que o bebê ainda não está constituído como um sujeito em enunciação, que fica à mercê do desejo de redes de representações de um Outro. É neste instante em que ocorrem as primeiras inscrições das experiências de vida, onde estabelece a marca do sujeito que vem do Outro, e ao mesmo tempo familiar. O bebê se lança nesta relação para apreender essa imagem discursiva do Outro e assim inicia a sua constituição que se organiza em três tempos edípicos.

Estes três tempos se estruturam dentro do Complexo de Édipo na qual faz a referência à ameaça castração, que desorganiza a relação entre mãe e filho de poder gozar de um prazer único e completo. Esta relação é de desejo incestuoso pela mãe. Em contrapartida, há a rivalidade com o pai, pois este é quem barra o desejo, que é constitutivo e determinante para a vida psíquica.

Lacan (1959) descreve o mesmo como sendo um período identificatório na relação do bebê com sua mãe, onde o bebê busca uma identificação com o adulto, referência de que aquela é sua própria imagem. Assim para Lacan, essa imagem da construção do corpo, a constituição de Eu na criança não depende apenas de um

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amadurecimento maturacional, mas sim exige que um outro esteja implicado para seu desenvolvimento.

[...] nem por isso deixa de estar numa relação de indistinção quase fusional com a mãe. Esta relação fusional é suscitada pela posição particular que a criança mantém junto a mãe, buscando identificar-se com o que supõe ser o objeto de seu desejo. Esta identificação, pela qual o desejo da criança se faz desejo do desejo da mãe, é amplamente facilitada, e até induzida pela relação de imediação da criança com a mãe, a começar pelos primeiros cuidados e a satisfação das necessidades. Em outras palavras, a proximidade dessas trocas coloca a criança em situação de se fazer objeto do que é suposto faltar à mãe. Este objeto suscetível de preencher a falta do outro é, exatamente, o falo. A criança depara-se, assim, com a problemática fálica em sua relação com a mãe, ao querer constituir-se ela mesma como falo materno. (DÖR, 1990, p. 81)

Para o autor, o primeiro momento é aquele em que a relação entre mãe e filho se encontra numa fase fusional pera ao primeiro tempo edípico. O filho está no lugar de falo materno, o objeto que permite à mãe ser possuidora do falo. É necessário ao filho se colocar nesse lugar de ser o objeto faltante da mãe. Assim “o desejo da criança permanece radicalmente assujeitado ao desejo da mãe” (DÖR, 1990, p. 81). Ela está para o bebê no lugar de onipotência, agora é completa.

Num segundo tempo do Complexo de Édipo o pai aparecerá como proibidor, devido a sua intervenção no discurso da mãe, essa proibição aparecerá dirigida à criança e à mãe. Neste segundo tempo a criança se questiona sobre ter ou não ter o falo, questão que é regida pelo complexo de castração.

O segundo momento do Édipo acontece pela privação:

A mediação paterna irá desempenhar um papel preponderante na configuração da relação mãe-criança-falo, intervindo sob a forma de privação: [...] Aliás, a intrusão da presença paterna é vivida pela criança sob a forma de identificação e de estruturação [...]. Dito de outra forma, a intrusão paterna na relação mãe-criança-falo se manifesta em registros aparentemente distintos: a interdição, a frustração e a privação. A coisa complica-se ainda mais quando se revela que a ação conjugada do pai, simultaneamente interditor, frustrador, privador, tende a catalisar sua função fundamental de pai castrador. (DÖR,1990, p. 82-83)

Nesse segundo tempo do Édipo entra na relação mãe-filho um terceiro que enlaça a lei da interdição – o pai. Assim, o filho internaliza essa lei e a toma como privadora da mãe, já não podendo mais satisfazer-se pela via do seu corpo. A criança, então, entra na ordem simbólica do “Nome-do-Pai”. Com esse deslocamento, que se dá a partir da castração, a mãe transfere seu olhar do filho para o pai e convoca esse filho a imaginar que o falo da mãe passa a ser o pai. Esse

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castrador, que interdita o filho e o priva do prazer, é o pai imaginário. Para Lacan, “o sujeito posicionou-se de certa maneira, num momento de sua infância, quanto ao papel desempenhado pelo pai no fato de a mãe não ter o falo”.

Ao castrar a mãe e privá-la da criança pela interdição do incesto, instaura a lei, e o pai se afirma como privador do desejo da mãe e do filho.

No terceiro tempo o pai aparece como doador do falo para a criança, assim ao lado do que aparece na sexualização da criança inscrevendo-a do lado masculino ou feminino, no qual haverá uma identificação ao objeto de amor.Nesse momento, a criança passa ao:

[...] tempo de „declínio do complexo de Édipo‟, põe termo à rivalidade fálica em torno da mãe, na qual a criança instalou-se e instalou também, imaginariamente, o pai. A partir do momento em que o pai é investido do atributo fálico, é precisa, como esclarece Lacan, „que ele dê provas disso‟, pois é na medida em que intervém, no terceiro tempo, como aquele que tem o falo, e não aquele que o é, que pode se produzir algo que reinstaura a instância do falo como objeto desejado pela mãe, e não mais apenas como objeto do qual o pai pode privá-la. (DÖR, 1990, p. 88)

No terceiro tempo do Complexo de Édipo o pai irá intervir como real e potente, aquele que possui o falo, aparece presente com o seu próprio discurso. De acordo como se dá o desenrolar das relações edípicas e, essencialmente, da resposta dada frente à castração que uma estrutura irá se definir. Na neurose se inscreve a castração, mas é um processo que é recalcado, fica inacessível no inconsciente. O recalcamento é a resposta da castração.

O pai pode dar à mãe o que ela deseja, ele é potente, possuidor do falo. Já não importa para a criança ser o falo, mas sim ter o falo ou não tê-lo, o que passa a ser simbólico, pois já circula na cadeia significante como objeto fálico. Assim se dá a identificação, que é a estruturação do “ideal do eu”, marcando a saída do complexo de Édipo. E isso só acontece pelo “valor estruturante desta simbolização” (DÖR, 1990, p. 88) a criança que dá a determinação do lugar ao objeto no desejo da mãe.

A simbolização é estruturante tanto para a menina quanto para o menino, pois em um primeiro momento ambos têm um mesmo objeto de amor – a mãe. “O menino que renuncia ser o falo materno, engaja-se na dialética do ter, identificando-se com o pai que supostamente tem o falo”. O Complexo de Édipo na menina identificando-se dá à medida que ela se vê diferente do menino e considera-se castrada. Esta etapa se desenvolve bem mais simples na menina porque esta não precisa fazer a identificação nem ser titulada como viril. Ela encontra, assim, uma identificação

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possível na mãe, pois como ela, a mãe é castrada, e reconhece que não tem o falo, mas sabe onde buscá-lo, vai à direção de quem o tem (o pai).

Na estruturação subjetiva, mais precisamente no Complexo de Édipo, a entrada da criança na neurose se dá ao aceitar a castração. A criança ao não se encontrar alienada ao desejo da mãe passa a ter o direito de ser herdeiro de um registro simbólico como sujeito do seu próprio desejo. Freud (1905), em sua obra, ressalta que para o menino este processo não envolve somente ter que renunciar ao amor da mãe, mas também tem a ver com a ameaça de perder o pênis, que significa o símbolo fálico, representante da falta da mãe, e onde se encontra o seu desejo. Aceita a interdição do incesto e reconhece que quem tem o falo é o pai. Aceita a castração e renuncia o prazer com a mãe, mas somente pela promessa internalizada de que poderá ir de encontro a algo que substitua este primeiro, por isso este prazer é uma busca nunca totalmente satisfeita. Já a neurose é herdeira da promessa: “[...] que lhe seja permitido ter um pênis para mais tarde. Aí está o que é efetivamente realizado pela fase de declínio do Édipo” (LACAN, 1999, p. 212).

O significante do Nome-do-pai, responsável por interditar a relação de prazer que existe entre a mãe e o bebê, apresenta a proibição para a criança nesta relação incestuosa do desejo do filho para a mãe. É através dessa interdição que a criança começa a sua identificação com o pai, essa identificação fica internalizada no sujeito se apresenta como o ideal do EU. Sendo assim, os possíveis destinos possíveis da estruturação do sujeito irão depender da intervenção paterna e da resposta que a criança dará a esta intervenção. Trata-se de uma resposta frente à maneira como a criança vai lidar com a castração, definindo assim a sua estrutura psíquica o sujeito irá colocar-se.No primeiro e no segundo tempo do Estádio do Espelho instaura-se a psicose. O filho fica colado ao desejo da mãe. Os cuidados da mãe se fazem em excesso, não permitindo ao filho demandar, desejar. O psicótico não sai da relação objetal que se estabelece no início da vida com a mãe, permanece para sempre alienado ao seu desejo, atrelado ao desejo do Outro. A criança fica presa no olhar do espelho, não por se reconhecer nele, mas por ficar dentro dele, grudado à imagem da mãe. Por conseguinte não consegue construir sua própria imagem corporal. Ao não se reconhecer, também não reconhece o outro como semelhante, vê o outro como persecutório. Assim, não se instaura a Lei Paterna, o significante Nome-do-Pai fica “foracluído”, e a possibilidade de entrar na neurose não se

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viabiliza, por isso é uma estrutura que fracassa, pois o psicótico não foi organizado no Édipo.

Neste sentido, a estruturação do sujeito, seja ela neurótica, perversa ou psicótica, é uma estruturação de defesa. Explica-se que: para que o sujeito não pereça diante da demanda do Outro é necessário que ele tenha uma significação para se defender em sua subjetividade, a castração ou não, mas cada estrutura se dá pela via da defesa. Para poder entender toda a fundação do sujeito, “dito homem social”, inscrito pela linguagem e dotado de uma subjetivação, tem-se que levar em conta que o homem é fundado tanto pelo desejo como estruturado pela sua proibição.

O pai, de fato, representa para a criança a lei em que colidem seus desejos. É a pessoa que lhe tira a mãe, ou seja, a segurança do contato consigo mesma. Se a criança põe o dedo na tomada elétrica e se queima, você a ouve dizer: “Papai está aqui?”, Papai vai queimar. É que a instância paternante está associada às experiências descontinuas de segurança. Quando se quebra essa segurança, é porque o outro está lá para tirá-la de você. (DOLTO, 1908-1988. P. 35)

Assim, a criança se constitui perante ao Outro, no lugar do desejo que os pais depositam sobre ela. Essa experiência da descontínua segurança na criança passa para um futuro, de uma perda de esperança. Onde ocorre uma desagregação das estruturas familiares tradicionais. Sendo que cada sujeito é animado por um desejo, que ele experimenta de um sentimento de risco, de perda, pois, se não ele não sentiria o desejo pelo o objeto de amor primordial perdido. O desejo provoca risco, na qual implica a angustia, pois aí este escondido o desejo de manifestar-se como complemento de sua satisfação.

A imagem corporal da criança perante a angustia, num mal-estar provocado diante do olhar do Outro materno, questiona o próprio espelho em que a criança se depara nos dias atuais. Esse corpo é traçado pela imagem de uma tela de cristal, onde a mãe implica seu desejo perante a criança, na qual está delimitada pelo uso do mesmo. Julieta Jerusalinsky (2015) comenta que não basta a presença real, é preciso que o Outro encarnado possibilite mediar uma metaforização do que afeta o corpo. Pois, se alguém se sente flutuando na tela de cristal, é porque lhe é frágil a possibilidade de referir-se à uma referência simbólica na qual representa o âmago do seu afeto corporal. Desse modo, o presente objeto fica presente excessivamente, mas sua subjetividade fica à deriva.

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A criança para se constituir como sujeito, precisa de um desejo não anônimo, temos aí o simbólico, na transmissão do nome, mas isso não vai sem o desejo; a transmissão precisa de um nome e de um corpo; da articulação da palavra e da pulsão. Segundo Freud (1916) a pulsão é um conceito situado na fronteira entre o mental e o somático, como o representante psíquico dos estímulos que se originam no corpo - dentro do organismo - e alcança a mente, como uma medida da exigência feita à mente no sentido de trabalhar consequência de sua ligação com o corpo (p.127).

Embora a angústia da infância questione o próprio espelho, a própria imagem corporal, ao movimentar-se e agir mediante o movimento desenfreado, ela ao mesmo tempo conquista um modo de expressão que está presente. O movimento desvairado corporifica a angústia sem nome, e a motricidade se erotiza demais; o sofrimento sensório-motor transbordante cria- como o ritual atual- imagens e sensações rápidas, fugazes, breves, descartáveis, que se consomem a si mesmas. (LEVIN, 2007, p.98)

A criança passa a ter as sensações sem uma imagem de corpo e não consegue transformá-las em representações. Essas imagens permanecem sem deixar que as marcas (re)signifiquem uma história na qual surge a partir do momento em que a criança se movimenta em busca de sua própria história.

Essa angústia permanece sempre quando a relação com o Outro está em jogo, já que ela depende da sua própria imagem. A realidade atual desconhece a singularidade e de certo modo globaliza o elemento infantil primordial na qual se depara na relação com o Outro.

Desse modo surge o mal-estar presente na forma social em que mundo adulto organiza a vida da pequena criança, que implicam sobre a problemática referente à posição em que se encontra a infância e as relações familiares na atualidade.

CAPITULO 2 – INFLUÊNCIA DA TECNOLOGIA NAS RELAÇÕES FAMILIARES

Ao iniciar a escrita deste segundo capítulo, abordaremos as construções familiares sob a influência da tecnologia inserida no contexto atual da modernidade.

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Muito se fala em novas gerações e composições familiares, dentre elas que compõem um novo grupo familiar, existem aquelas que são compostas por dois pais, duas mães, um pai e uma mãe, uma mãe apenas, ou apenas um pai. Mas de todas essas composições familiares, nasce uma criança, na qual se constitui como um sujeito.

Decifrar essa incógnita que se chama família nos modos atuais é um tanto trabalhoso, pois as novas tecnologias permitem o acesso a muitas formas de aprendizagem, amor, carinho e trabalho através da tela de cristal.

Hoje em dia algumas relações familiares se organizavam através da tela de cristal, do cristal líquido das grandes telas dos lares e das pequenas telas portáteis de iPads e celulares que são levados de um lado para outro, junto aos bebês que acabam de nascer. São essas telas que falam com as crianças por horas e horas a cada dia. As crianças acabam montando como cenas familiares aqueles na qual assistem na TV, a mamãe que cuida de seu bebê trabalhando no computador, as famílias que se reúnem sentadas à mesa olhando para seus celulares.

A virtualização implica a possibilidade de dissociar-se do real do corpo. No entanto é preciso considerar quais os riscos dessa dissociação para bebês, na primeira infância e, portanto, em um tempo em que a subjetivação e apropriação do corpo ainda não foram realizadas.

Segundo Levy:

[...] a virtualização não é uma desrealização, mas uma mutação de identidade, um deslocamento do centro de gravidade ontológico do objeto considerado. (LEVY, 1996, p. 17)

A virtualidade passa de uma solução dada a um (outro) problema. Ela transforma a atualidade inicial colocada em uma ênfase ontológica, com isso a virtualização diluindo-se assim as distinções construídas, aumentando a liberdade, mas criando um vazio motor.

Apesar da virtualidade não ser presente, ela está repleta de paixões e de projetos, conflitos e amizades, ela vive sem ter um lugar de referência estável, deslocando-se rápida e frágil. A nova forma de virtualidade, de novas tecnologias chega e reinventa uma nova cultura nômade, não voltando para os tempos antigos, mas fazendo surgir um meio de interações sociais, onde as relações se reconfiguram num vazio.

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Sendo que esse universo cultural, próprio aos humanos, estende ainda mais essa variabilidade dos espaços de das temporalidades culturais. Cada novo sistema de comunicação modifica o sistema das proximidades práticas humanas, como o olhar, o abraço, a instauração de um eu para o bebê.

O espelho cultural da televisão liga a criança com uma rede de ideias, sentidos, imagens e sensações afetivas rápidas, frágeis reiteradas, fragmentárias e simultâneas, cujo poder está na conectividade e na recepção, que seduz pela hibridação do ritmo e na contundência das imagens justapostas.

Pela primeira vez, na história da humanidade, todas essas coisas não dependem do objeto representado, mas do código eletrônico da máquina que as produz. As representações mudaram: elas não sustentam no objeto externo, mas numa nova realidade computadorizada, informatizada e digitalizada. (LEVIN, 2007.p 12)

A televisão pode produzir para a infância redes de significantes breves na extensão e estreitas de volume. Ela é capaz de uniformizar as sensibilidades infantis. A vida social da criança está cercada pela homogênea agenda televisiva da hora. A criança não consegue se isolar dela, convive com ela e sente a necessidade de olhá-la. Sem dúvida, a experiência infantil atual está permeada pelas telas de cristal. Tendo sentido de que essas experiências são como um remédio quando tiram uma dor crônica, jamais queremos nos separar dele, porque está ai a solução no alcance das mãos. É neste sentido que os aparelhos eletrônicos funcionam para as crianças, como um remédio milagroso de que jamais se separam.

Para as crianças, a tela cria os conteúdos, sintetiza as imagens e recorta formatos para o consumo. Através dela que o bebê terá de constituir a aventura da infância criando sua própria historicidade, que nunca estará totalmente nos televisores e monitores. Não se trata de tirar a tela de cristal da vida da criança. Pois elas fazem parte do universo infantil atual, mas também não se pode imaginar que através delas a criança consiga instituir-se na historicidade infantil que a nomeia como sujeito, assim como vimos no capítulo anterior. Um dos grandes riscos latentes é que a criança ficaria reduzida à posição de objeto de uma grande tela. A tela usaria a criança em vez de ser usada por ela acarretando efeitos nocivos para a sua constituição enquanto sujeito.

Diante de toda essa construção do que é a infância, do modo em que se constitui o sujeito, o adulto acaba por esquecer o que é e como ela se forma, e que perdura por muito tempo até mesmo na vida adulta. Sabemos que a infância

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termina, e esse final não volta, o adulto acaba por se preocupar mais com o final do que com o início, assim como afirma Levi (2007, p. 13) “tendem a esquecer do lado infantil, em lugar de tentarem recuperá-lo com afinco”. É na infância que se constroem o brincar e as recordações que perpassam pelo tempo.

[...] elas brincam e invertem as experiências do tempo – elas têm essa peculiar e poética qualidade; os efeitos se antecipam às causas, o próximo e o imediato viram expectativa e as recordações não são algo que se passou no ontem distante, mas numa efervescente historicidade que ainda virá. Neste mapa temporal e conjetural, o futuro e reminiscência e o passado sensível é um presente articulado no devir íntimo dos acontecimentos infantis. (LEVIN 2007, p. 13)

A criança sempre existiu, sempre houve crianças no decorrer da humanidade, mas o que nem sempre existe é a infância, onde essa criança possa criar e reinventar junto de seus genitores o que é o mundo em que ela vive e se desenvolve, convivendo não apenas com seu núcleo familiar, mas também ficam inseridas num modo de consumo da atualidade global, tornando-se um objeto para as indústrias televisivas.

A infância perpassa por modos de transformações constantes, onde ela mesmo precisa se reinventar na atual civilização. “... as distintas expressões dos meios de comunicação invadem todos os aspectos e momentos da vida das pessoas, ocupando grande parte dos interesses do tempo da população infantil e adulta” (LEVIN, 2007. p.15). Essa questão de uma nova era digital faz com que as etapas da vida infantil e da vida adulta se confundam, interferindo na subjetividade desses sujeitos.

Diante dessas pequenas constatações a cena familiar anuncia um novo mundo contemporâneo, onde é comum vermos as pessoas dividindo e parcelando seu tempo e atenção sobre a tela de um computador, do iPad, e mais precisamente do celular, com ícones e representações adequadas das pessoas como devem conversar, se vestir e amar o outro. Shirky (2009, p. 59) nos afirma que “a conversa escrita nos permite um maior domínio e uma apresentação controlada de nós mesmos; a tecnologia possibilitaria, portanto, lapidar as relações”. Na medida em que acontece mais e mais a virtualização da vida Real passa a ter um sentido traumático e excessivo que acarreta num contexto ficcional da cena familiar e sua constituição.

Lacan (1978, p. 14) nos fala sobre o complexo familiar onde liga as situações orgânicas ao conjunto de reações adversas que a família e suas emoções

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reafirmam no sujeito. Assim, a questão familiar influencia o pensar e a constituição da infância e das questões adolescentes na atualidade. Ela expressa uma imagem adulta, não mais sustentada no simbólico, mas sim sustentada no real, causando irremediavelmente mal-estares e sintomas. Essa inversão de papéis entre a infância-criança começa a sustentar um grande poder, elas representam o ideal, sendo uma promessa, não de um futuro, mas sim num tempo atual, o agora. Essa questão recai sobre o que a criança/adolescente pensa sobre o mundo, não importando com o que é falado ou enunciado pelo adulto. Acabam por isolar-se em suas imagens “... onde os adultos passam a se perguntar, com certo receio, a respeito de sua atitude para com elas ou dos limites que deveriam impor” (LEVIN, 2007 p. 156). Essas imagens se fundem e não são compreendidas pelo modo e os limites que causam mal-estar mediante ao que se fala na infância.

“A Identidade da imagem se traduz em uma série de antíteses: o sentimento de quem se é e de quem não se é, quem se quer ser e quem não se quer ser, quem crê que deva ser e que se crê que não se deva ser, e quem não se pode ser, quem se permite ser e quem não se permite ser” (BOHOSLAVKY, 2002, p. 66).

A imagem corporal se constitui a partir de modelos identificatórios que se colocam na vida da criança, e que ao longo do tempo (re)significa-se e amplia na vivência da adolescência e na vida adulta. Assim nos propõe a pensar um modo diferenciado de identidade frente à questão familiar, onde é adquirida pelo sujeito um vir a ser, a busca de um conceito de imagem que o mesmo se enquadre.

É a partir dessas representações quando a criança não pode brincar do que de fato acontece, ela busca a origem na qual representará ao encarnar no jogo as suas realizações o sofrimento do não poder desdobrar ou simbolizar no real. Essa complexa realidade que se instaura numa tentativa de ser cultural, onde novamente se muda a cultura do que é a infância e se defronta constantemente com o uso incessante das novas tecnologias permeadas por seus pais. Onde se vive numa promessa de infância ideal, mas nela as ilusões são impossíveis de cumprir, onde é precisamente uma raiz tecnológica que se instaura ali. É neste ponto que a criança descobre um mundo cheio de conflitos, angústias e desejos que são postos em cenas num espaço de metamorfose complexa e enigmática para a criança se manter a novidade num mundo onde nem ela percebe sua subjetividade se instaurando na tela de cristal de um computador.

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As crianças representam seus problemas, quando lhes é permitido, dramatizando sua angustia num espaço de ficção. Por isso, ao desacelerarem o tempo elas encenam, brincam representando – por exemplo- o nascimento, a morte, a violência, a paz, a guerra, serem „gente grande‟ e voltar a ser bebês, entre outras muitas ideias que lhe ocorrem. (LEVIN, 2007 p. 157)

É na família que se busca a fonte de afeto e influências na constituição da infância, onde muitas vezes tendem a difundir o que de fato constitui a função de uma real família, onde é a sociedade quem dita as regras. As confusões do questionamento das funções parentais geram para a criança uma implícita culpa pelos problemas familiares, existindo um preconceito e uma ruptura no que é bom ou ruim e intransferível pelo aspecto familiar.

Isso não tem nada a ver com o adestramento, com os comportamentos que se esforçam em impor à criança. De fato trata-se do respeito que se inculca à criança para com ela própria e que vem do respeito que o adulto tem pela criança. É uma educação que vem daquela que o próprio progenitor recebeu (DOLTO, 1998 p. 41)

Neste sentido, os papéis se invertem, é a tela da TV quem traz as cenas familiares para a criança, é ela quem olha pela criança e registra suas marcas, pelas imagens que ela constrói perante o seu olhar. Sendo assim, a criança não encara essa representação como sendo uma marca do real imposta por ela mesma, mas como uma ficção onde ela mesma encara como uma posição de criar seu próprio espelho reproduzindo uma imagem fragmentada.

Assim, como vimos no primeiro capítulo, na infância os primeiros anos de vida, a primeira infância se constitui através do lugar que o Outro se põe diante da estruturação da criança. Ela precisa do corpo, do toque, do olhar, da sensibilidade do Outro e extrai seus significantes que lhe oferecem como representantes de sua própria genealogia. Esse início da vida de um bebê é organizado fora de um circuito das telas de cristal, não tem um corpo que acolhe e um sentimento que unifique essa criança recém-nascida.

A rede irônica traz à nossa lembrança a pretensão impossível de materializar a imagem. A rapidez da própria rede gera a crença da veracidade e na autonomia da imagem, do novo, mesmo que sempre se trate da repetição do mesmo, que obviamente a criança nunca consegue abranger. O elemento infantil não pode ser digitalizado porque como tal não é eletrônico, clonável nem informatizável. (LEVIN, 2007 p. 68)

Essas redes que se constituem costumam eliminar a arte da criança perguntar e identificar as características de meninices em cena. É que quando a

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criança pergunta pelo o que não está dito, daquilo que não pode ser, mas é o que ela gostaria que fosse. Escutar aquilo que não está dito é como criar uma arte e combinar os sentidos suspensos onde escapa. Podemos pensar essa montagem das redes desses significantes numa identificação de ideias sociais, como nos mitos, contos de fada e lendas passadas de geração a geração sobre a influência destes príncipes e princesas do século passado. Sendo que as crianças não são apenas as promessas de seus pais, na qual também exigem uma sentença de que realizem seus próprios contos no aqui e agora, imediatamente.

Esses contos de fadas permeiam um imaginário para a criança uma identificação que inclui os super-heróis, na condição de fazer uma função para esta, permeada através da tela de cristal, na qual a criança encontra simbolicamente numa versão subjetiva dos ideais montados pelos seus pais. Essa posição de subjetivação para a criança diante do outro, atrapalha esses ideais que lhe oferecem, sendo que esses ideais não são os mesmos para cada casal parental.

Tal ideal da modernidade exigiu das crianças dar conta hoje de que não vão fracassar amanhã. Isto resultando em agendas cheias: inglês, francês, natação, computação, etc. e tal. [...] esses sintomas de estrutura que permitem à criança recobrir este abismo com algum saber que lhes outorga “liberdade” subjetiva. Estes sintomas são aqueles que caracterizam a infância: brincar, desenhar, fazer fobias, mentir, fabular, produzir mundos de ficção, fazer artes, teimar, etc. Enfim, andar pelas bordas da realidade. (TAVARES, 2010, p.138).

Nesta situação podemos conferir como o Outro lhe fala, como o Outro olha e coloca-se perante as pessoas, assim como se faz na frente da TV. Essa linguagem passada para a criança que fica alienada na frente de uma caixa preta fina que lhe fala, lhe traz sempre uma melodia de um Outro que lhe fascina como um objeto.

Ao invés de se reconhecer através do Outro, ele se faz diante do reconhecimento de um outro virtual, pelas imagens desenvolvidas pela tela de cristal, não podendo cumprir uma função simbólica que é própria do espelho, na qual a criança não faz suas próprias significações através das representações da TV.

As desestruturações familiares através do uso abusivo desses meios eletrônicos, não afeta apenas a constituição do bebê e da criança, mas também afeta a adolescência e perpassa para a vida adulta. Essa realidade virtual que assombra a estruturação familiar nos dias de hoje, vai além dos jogos eletrônicos, há também diversos problemas que estão vinculados ao uso da tecnologia, e um desses aspectos é a dependência de um mundo virtual, de viver na fantasia e relatar

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a sua vida através de uma tela. A adolescência por sua vez acaba sendo muito influenciável através dos jogos e da realidade virtual, pois é dentro de um jogo que refazem suas construções e se inserem na atual globalização.

Aqui faço um pequeno recorte de um fragmento clinico de um adolescente na busca de identificações e sustentações para sua vida adulta, vou denomina-lo como Pedro1.

Pedro passa pela repentina separação de seus pais, onde nela acontecem várias brigas e traições. Ele vive no meio desse transtorno todo, e usa a tela de cristal para reorganizar sua vida. Pedro tem um jogo em seu computador que se chama MINECRAFT2, é ali no meio dos “bichinhos” quadrados que refaz sua casa e

sua vida diante da destruição causada pela separação de seus pais.

É neste jogo que ele constrói sua casa, e nele faz um forte, onde apenas ele tem o comando, e apenas ele sabe onde tem a escada para subir. Pedro cria as situações cotidianas dentro do jogo, e ele mesmo às resolve. A adolescência de Pedro também vem como um conflito interno, pois é a passagem para a vida adulta, é então um verdadeiro enigma. A adolescência não é somente uma privação de reconhecimento e independência misteriosa e idealizada pelos adultos, surge também um tempo, cuja duração é misteriosa.

O adolescente se olha no espelho e se percebe diferente, e se vê num impasse na qual constata que perdeu aquela graça do olhar infantil que a família tinha sobre ele, que na nossa cultura é quem garante o amor incondicional e fraternal dos pais. Sendo que essa perda deveria ser compensada pelo adulto de uma forma mais natural, reconhecendo esse adolescente na sua idade púbere. Esse olhar do adulto sobre o adolescente falha, e ele acaba perdendo a segurança do amor que então era garantido a criança, e sem ganhar nada em troca, busca a sua credibilidade aos jogos, e ao novo mundo virtual, que o acolhe e respeita as suas atitudes enquanto sujeito.

1

Art. 9º – É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício profissional. Lembrando que o CASO É PARA FINS ILUSTRATIVOS.

2

Com uma aparência simples no estilo ‘lego’ onde o jogador dá lugar à criatividade podendo criar através de blocos retirados do chão com ferramentas simples de um minerador vai se tornando ao longo do jogo um caminho para introduzir de maneira subliminar e sutil a iniciação de uma das artes ocultistas mais antiga, a ‘ALQUIMIA’. [...]áticas do satanismo para levar várias crianças, adolescentes e até adultos para o mundo do ocultismo, é justamente a aparência inofensiva e despretensiosa. Na qual se pretende levar a criança para um estado do ocultismo e modificar sua forma de realidade.

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A adolescência é caracterizada como uma passagem entre a infância e a vida adulta, é ali que todas as transformações e medos assumem um papel decisivo pela questão familiar. [...] é ali que há uma interpretação de sonhos adultos, produzida por uma moratória que força o adolescente a tentar descobrir o que os adultos querem dele. (CALLIGARIS, 2013, p. 33). Assim o adolescente vai em busca dessas respostas em diferentes vias de investigação. Vai por onde ele acha que sua conduta será aceita e decifrada pela ordem dos adultos. O adolescente procura reconhecimento e geralmente passa por caminhos tortuosos até chegar a um determinado lugar que lhe é proposto, ou melhor onde é justamente se opondo às regras de uma sociedade taxativa, enunciando o que julga melhor ou não.

A adolescência se enquadra num tempo onde as emoções e sentimentos se confundem sugerido pelo autor:

A criança tem um conceito fenomenológico da limitação do espaço e falta-lhe o conceito de tempo, que é limitado para ela. O adulto tem a noção do infinito espacial e da temporalidade da existência. No adolescente isto se mistura e confunde, apresentando então o pensamento do adolescente as contradições de imediatismo ou de relegação infinita frente a qualquer tipo de possibilidades de realização, às quais podem se seguir sentimentos de impotência absoluta. Ë um verdadeiro estado caótico, que por alguns momentos pareceria indicar a invasão e o predomínio de um tipo de pensamento primário. (ABERASTURY, 1981, p. 90).

É nessas situações em que a temporalidade aparece em que o juízo passa para a realidade enunciado pelo luto que o adolescente passa até chegar na vida adulta. Onde ali permite a verdadeira localização de seu corpo, o papel que os pais da infância têm no seu passado, aceitando o percurso percorrido, e aceitando como natural esse crescimento e maturação do desenvolvimento irreversível.

O amadurecimento para a vida adulta chega e é através dessa passagem que define o adulto que lhe tornas. A vida adulta retrata o papel dos deveres e obrigações, tendo uma linha parental que se verifica presente no adulto, mesmo ele não tendo constituído uma família. Ele tem essa capacidade de se mover para fora numa relação de preocupação com os outros, sendo assim, ele mesmo se cuida enquanto um ser em constituição para o seu próprio bem estar.

A tecnologia e os meios virtuais na vida adulta garantem uma ilusão de bem estar, uma amostra de ser bem sucedido, de ser visto e de suprir uma carência. Essa nova geração de adultos, que atravessa os moldes da cultura com

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privacidade, assim também não respeitando o espaço do outro. Sendo assim, o seu desempenho maior e melhor atrás de uma tela, onde escondem sua vulnerabilidade, fraqueza e sentimentos não permitindo que o Outro lhe veja como realmente é.

Essas questões relacionadas à infância, adolescência e vida adulta, mostram as fragilidades na constituição familiar criada numa era de dependência “cibernética”, mostrando a fraqueza nos laços familiares e constituintes de novos seres. A cultura das telas de cristal está fadada as limitações impostas pelas redes sociais, onde se imaginam perfeições em seres humanos que simplesmente não existem. Tornando-se, assim, famílias do futuro em que não há afetividade em seus vínculos.

O conceito de família cada dia vem se modificando, isto não é de agora, vem desde os tempos antigos até os tempos atuais, onde todos os dias se tentam chegar a um conceito que privilegie todas as modalidades de família que vem se formando e criando novos valores e acepções de vida. Mudanças essas, vistas ao longo de toda uma história. (FERNANDES, 2010).

Essa mudança se faz através das constituições por parte das relações de uma base virtual, onde todas as nuances e sentimentos se reduzem a emoticons. Nesse ambiente regado à virtualidade, a família prefere ficar distante emocionalmente, onde não se comunicam mais com o olhar, nem com uma troca de carinho, mas sua comunicação surge através de mensagens onde os sentimentos não aprecem. Ali, é fácil escapar de uma complexidade e das demandas de uma relação, simplificando-se assim na solidão de afetos.

Tornando assim os laços familiares frágeis incapazes de ouvir seus pensamentos, de estar, e bem estar com seus integrantes. Gerando assim, uma ansiedade incontrolável relacionada ao medo, frustrações e incapacidade de reflexão, e não há como ser uma boa companhia vivendo em um mundo onde o virtual perpassa geração para geração. Afinal, ainda existem famílias onde se marca com registros simbólicos a infância?

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A televisão pode produzir/construir para a infância redes de significantes breves na extensão e estreitas de volume. Ela é capaz de uniformizar as sensibilidades infantis. A vida social da criança está cercada pela homogênea agenda televisiva da hora. A criança não consegue se isolar dela, convive com ela e sente a necessidade de olhá-la. Sem dúvida, a experiência infantil atual está permeada pela tela de cristal.

Para as crianças, a tela cria os conteúdos, sintetiza as imagens e recorta formatos para o consumo. Através dela que o bebê terá de constituir a aventura da infância criando sua própria historicidade, que nunca estará totalmente nos televisores e monitores, trazendo riscos também para o adolescente em sua formação, pois sobre essas constatações do uso da tecnologia, causa a distorção da imagem corporal gera um impasse sobre o olhar natural da idade púbere.

Não se trata de tirar a tela de cristal da vida da criança/adolescente, pois elas fazem parte do universo infantil atual, mas também não se pode imaginar que através delas a criança consiga instituir-se na historicidade infantil que a nomeia como sujeito. Um dos grandes riscos latentes é que a criança ficaria reduzida à posição de objeto de uma grande tela. A tela usaria a criança em vez de ser usada por ela acarretando efeitos nocivos para a sua constituição enquanto sujeito.

Essa compreensão sobre as novas concepções e inovações que a tecnologia apresenta, trazem importantes mudanças sociais e culturais, na qual ultrapassam alterações comportamentais e os hábitos que perpassam a própria subjetividade. Descobrindo assim uma nova vida social, onde ser visto lembrado e curtido diariamente é gratificante à autoestima, modificando seus modos de vivencia, causando assim uma dependência tecnológica, onde se sente incapaz de perceber a forma negativa em que as mudanças virtuais afetam sua vida.

As ideias trabalhadas nesses dois capítulos nos permitem entender que a nossa concepção sobre a realidade virtual cria símbolos que regem a vida de um sujeito, e é neles em que a vivência do mesmo leva consigo a tentativa da interpretação da vida virtual.

A questão central que fica é sobre uma nova formação da fase edípica. Será que é nela que a formação do sujeito ainda se sustenta? Pois quando olhamos para gerações passadas ficamos tão atentos às fases em que os bebês e crianças se

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sustentam, onde o pai e a mãe são de certo modo a segurança da palavra em que toma lugar e posição frente à estruturação deste pequeno ser. Será que ainda existe o Complexo Edípico que deixa as marcas simbólicas para essa criança tomada como sujeito?

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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