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Sistema electrónico de controlo de temperatura da água para aplicações domésticas

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Academic year: 2021

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Sistema Electrónico de Controlo de Temperatura da Água

para Aplicações Domésticas

T. Oliveira(1) (2), R. Reis(1) (2), J. Casaleiro(1) (2), P. Fazenda(1) (2), H. Ramos (1) (2), A. Pinto (1) (2), M. Gomes(1) (2), J. Rocha(1) (2)

1 Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Rua Conselheiro Emídio Navarro, N. 1, 1950-062 Lisboa

tiago.oliveira@cedet.isel.ipl.pt Tel.218317000 http://www.isel.ipl.pt

2 Centro de Estudos e de Desenvolvimento Electrónica e Telecomunicações Rua Conselheiro Emídio Navarro, N. 1, 1950-062 Lisboa

cedet@cedet.isel.ipl.pt Tel.218317284 http://www.cedet.isel.ipl.pt

Este artigo descreve um sistema que permite controlar a temperatura e regular o caudal das águas sanitárias num ambiente doméstico. O sistema tem como limite sete saídas independentes de caudal, substituindo as tradicionais torneiras mecânicas e manuais.

A arquitectura do sistema está dividida em dois tipos de blocos: a interface com o utilizador (IU) e o bloco de con-trolo e regulação (CR). A IU é composta por um mostrador e por um teclado que permitem a interacção do utilizador com o sistema. O bloco de CR é constituído por um circuito electrónico que gere os módulos da IU e o sistema elec-tromecânico.

No controlo de temperatura é usado um controlador PID digital. A regulação do caudal de cada saída é efectuada de forma independente.

Introdução

Este projecto surgiu de uma ideia inovadora da empresa Metalúrgica Luso-Italiana (MLI), motivada pela necessidade de procura de novos produtos face aos constrangimentos de um mercado muito tradicional. Para a concretização dessa ideia desenvolveu-se uma parceria com o Centro de Estudos e Desenvolvimento de Elec-trónica e Telecomunicações (CEDET) para desenvolver a componente de elecElec-trónica e de controlo.

Neste artigo descrevem-se as soluções encontradas para a concepção dos vários módulos constituintes do sistema.

O sistema foi projectado para aplicações domésticas de instalações sanitárias onde a distribuição das águas é centralizada. Neste tipo de instalações existem duas saídas, uma de água fria e outra de água quente para o bidé, para a banheira e para o lavatório, ao invés do sistema proposto que só tem uma saída de água mistura-da para camistura-da um deles. Para redução de custos optou-se por realizar primeiro a mistura mistura-da água e só depois a regulação do caudal e a distribuição, permitindo assim a utilização de apenas uma misturadora.

Como o sistema possui apenas uma misturadora, foi necessária a separação da regulação do caudal e do controlo de temperatura, criando-se um esquema de prioridades no acesso à misturadora e um esquema de indexação entre as diversas interfaces com o utilizador e as saídas de água disponíveis. Tal opção tem a

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van-tagem de separar as duas variáveis em estudo neste sistema, temperatura e caudal, permitindo efectuar um controlo independente.

A arquitectura adoptada está esquematicamente representada na figura 1, sendo constituída por dois tipos de blocos: a interface com o utilizador (IU) e o bloco de controlo e regulação (CR). O sistema é expansível até cinco IUs (banheira, duche, bidé e dois lavatórios). Uma IU é composta por um mostrador e por um teclado que permitem a interacção do utilizador com o sistema. O bloco de CR é constituído por um circuito electróni-co que gere os módulos da IU e o sistema electromecânielectróni-co. Na figura 2 é apresentada uma fotografia do protó-tipo implementado. A c tu a d o r A c o n d ic io n a d o r S e n s o r T e m p e ra tu ra MOTOR CPU MOTOR MOTOR MOTOR MOTOR MOTOR MOTOR MOTOR S e n s o r d e T e m p e ra tu ra

MISTURADORA Válvula Válvula Válvula Válvula Válvula Válvula Válvula

A D C IU 1 IU 2 IU 3 IU 4 IU 5 RS485 RS232 Terminal Configuração Controlador Electro-Mecânico A c tu a d o r A c tu a d o r A c tu a d o r A c tu a d o r A c tu a d o r A c tu a d o r A c tu a d o r

Figura 1. Diagrama esquemático do sistema. Figura 2. Protótipo implementado.

Descrição do Sistema

Interface com o Utilizador (IU)

A interface com o utilizador é constituída por um teclado e por um mostrador de cristais líquidos (LCD) desenvolvidos especificamente para esta aplicação. Através dela é possível introduzir os parâmetros desejados da temperatura e do caudal e seleccionar ainda qual a saída no módulo da banheira.

Na figura 3 é apresentada a imagem da IU correspondente ao módulo da banheira e respectiva legenda. Nos módulos do bidé e do lavatório não estão disponíveis os botões 5, 6 e 7.

Utilizou-se o microcontrolador MSP430F449 da família MSP430 da Texas Instruments®. Este microcon-trolador tem a capacidade de executar todas as funções necessárias ao módulo IU, nomeadamente, o controlo do LCD, o processamento do teclado e a comunicação com o bloco de CR.

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Figura 3. Interface com o utilizador do módulo da banheira. Sistema de Controlo

O bloco de CR é responsável pela actuação da componente electromecânica de forma a conseguir efectuar o controlo de temperatura e regulação do caudal pretendidos.

Para o processamento de toda a componente digital do sistema de controlo optou-se pelo microcontrolador MSP430F149 da família MSP430 da Texas Instruments®. A escolha deste microcontrolador baseou-se no seu baixo consumo e na versatilidade dos seus periféricos, nomeadamente Timers, USART’s, ADC e multipli-cador por hardware.

Para a actuação da componente electromecânica foram utilizados motores passo-a-passo, por permitirem um controlo de posição em malha aberta, obtendo por cada actuação dos seus enrolamentos um deslocamento angular conhecido (7,5º). Contudo, este tipo de motor necessita de uma posição de referência (exemplo 0º).

Na figura 4 representa-se o circuito de ataque aos enrolamentos dos motores passo-a-passo, baseado no MOSFET de enriquecimento (NDS355AN) a funcionar como interruptor. A malha RC nela contida permite aumentar o tempo de transição do transístor, que conjuntamente com o díodo, reduz os picos de tensão prove-nientes da comutação da bobine do motor, sem alterar significativamente o comportamento dinâmico do actua-dor. D1 C1 R2 R1 PWR MOTOR Ctrl

Figura 4. Circuito actuador de uma fase do motor passo-a-passo.

Realizaram-se diversos ensaios para caracterizar e modelar o sistema electromecânico de controlo de tempe-ratura e de regulação de caudal.

Legenda: 1 – Caudal 2 – ON/OFF 3 – Temperatura 4 – Incrementar 5 – Chuveiro tecto 6 – Chuveiro mão 7 – Bica 8 – Decrementar 9 – Mostrador (LCD) 1 2 3 4 5 6 9 8 7

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A figura 5 mostra os diagramas de blocos do controlador de temperatura e do regulador de caudal. Nesta figura Td é a temperatura desejada, Ts é a temperatura de saída da água, eT é a diferença entre Td e Ts, Fd é o fluxo desejado e Fs é o fluxo de saída.

a) b)

Figura 5. Diagramas de blocos: a) controlador de temperatura; b) regulação de caudal.

Comunicação

A comunicação com o bloco de CR é baseada na interface assíncrona diferencial RS485. Esta interface sendo diferencial minimiza o efeito do ruído e das interferências no canal físico.

A comunicação entre a IU e o bloco de CR é bidireccional mas só permite a utilização do canal de comuni-cação em simultâneo pelo Master e um dos Slaves. Isto é conseguido através de um sinal adicional à interface física RS485, que gere o acesso ao canal de comunicação.

Desenvolveu-se um protocolo de comunicação para maximizar o desempenho e minimizar a transferência de dados entre os vários blocos constituintes do sistema. O protocolo contempla mensagens de erro de sistema que permitem a identificação de problemas.

Resultados Experimentais

Foram efectuados ensaios experimentais para a obtenção das características de transferência das válvulas misturadora e reguladora de caudal, e do desempenho do controlador.

Válvula Reguladora de Caudal

Para efectuar a modelação da válvula reguladora de caudal é necessário obter a sua característica de trans-ferência caudal/ângulo de abertura, medindo o caudal de saída para diversos ângulos, mantendo a pressão de água na entrada constante. Realizaram-se dois ensaios em válvulas distintas, de que resultou o gráfico da figu-ra 6.

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0 2 4 6 8 10 12 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95

Ângulo de abertura da válvula [º]

C a u d a l d e s a íd a [ l/ m in ] Saída 1 Saída 2

Figura 6. Variação do caudal com o ângulo do castelo

Verifica-se pelo gráfico da figura 6, que a relação entre o caudal e o ângulo de abertura não é linear. A sua linearização deve ser feita por software. Para a linearização ser válida em qualquer válvula, as suas caracterís-ticas de transferência devem ser similares, o que não acontece com o protótipo actual. Como se pode verificar no gráfico da figura 6, uma das válvulas tem uma zona morta duas vezes superior à outra, consequência das diferenças na montagem das válvulas e dos respectivos batentes mecânicos de referência. Demonstra-se então que a colocação dos batentes mecânicos de referência é um factor importante na caracterização do caudal. A igualização da zona morta é alvo de estudo por parte da MLI, com o intuito de garantir que todas as válvulas têm a mesma característica. Note-se que não é necessário realizar qualquer tipo de controlo de caudal, pois para a aplicação em causa não é preponderante, limitando-se apenas à regulação.

Na actuação das válvulas reguladoras de caudal, utilizou-se um motor passo-a-passo associado a uma redu-tora de 1:25, que executa a abertura total da válvula em dois segundos. A utilização da reduredu-tora permite dimi-nuir a carga exercida no motor para movimentar o eixo da válvula, contudo não é aconselhável utilizar uma redução superior pois aumenta o tempo de abertura.

Válvula Misturadora

Para efectuar a modelação da misturadora é necessária a característica de transferência da válvula mistura-dora (temperatura/ângulo) e do elemento sensor de temperatura.

Como elemento sensor de temperatura da água utilizou-se uma termistência do tipo NTC que é colocada na saída da misturadora. Os ensaios efectuados com este sensor, permitem concluir que a constante de tempo da termistência em aquecimento é aproximadamente 2,5 segundos e em arrefecimento 3,5 segundos. O critério preponderante na escolha desta termistência foi a robustez mecânica em detrimento do tempo de resposta.

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Para obter a característica da misturadora mede-se a temperatura da água para diversos ângulos, mantendo constantes a pressão, a temperatura da água fria e a temperatura da água quente. Do ensaio realizado, resultou o gráfico da figura 7. 24.5 25 25.5 26 26.5 27 27.5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Ângulo da misturadora [º] T e m p e ra tu ra d e s a íd a [ ºC ] Fria->quente Quente -> fria

Figura 7. Curva característica da válvula misturadora.

A característica da misturadora tem um comportamento não linear e revela a existência de histerese e satu-ração. O efeito de histerese está associado à inércia térmica do corpo metálico que constitui a misturadora.

Na actuação da misturadora utilizou-se um motor passo-a-passo com uma redutora de 1:50, que aumenta a resolução angular. Na misturadora é útil aumentar a resolução angular para um controlo mais fino.

Controlo

Realizaram-se ensaios com os controladores digitais [1] proporcional (P) e proporcional-integral-derivativo (PID), ambos implementados no microcontrolador.

Na figura 8 apresentam-se os resultados obtidos da resposta do sistema ao degrau ascendente e descendente de temperatura, com controlador P e PID. Verifica-se um melhor desempenho do sistema com este último.

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Controlador 24.2 24.4 24.6 24.8 25 25.2 25.4 25.6 25.8 26 26.2 26.4 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 Tempo [s] T e m p e ra tu ra [ ºC ] P PID P PID

Figura 8. Resposta do sistema com controlador P e PID.

Conclusões

Apresentou-se a arquitectura de um sistema electrónico de controlo de temperatura e caudal de águas sani-tárias para aplicações domésticas.

Descreveu-se cada componente do sistema, caracterizando-o e mencionando as vantagens e desvantagens das opções adoptadas, tanto na vertente técnica com na económica.

A partir dos ensaios ao protótipo desenvolvido confirmou-se a sua operacionalidade e consequentemente a validade das soluções adoptadas. No entanto, a comercialização deste sistema poderá levar a alterações no aspecto visual do módulo IU e obrigará a melhoramentos na robustez e precisão mecânica e na afinação dos parâmetros do controlador, para obter um melhor desempenho no tempo de resposta do sistema, sendo o actual da ordem dos 15 segundos.

Agradecimentos

Os autores gostariam de agradecer às duas entidades envolvidas neste projecto: à empresa Metalúrgica Luso-Italiana, pelo desafio proposto no sentido de desenvolver este sistema de aplicação real, suportando o seu financiamento e ao Centro de Estudos e Desenvolvimento de Electrónica e Telecomunicações pelo espaço e meios que nos proporcionou.

Referências

[1] Ogata, K., Engenharia de Controle Moderno, 2ª edição, Prentice Hall Brasil, Rio de Janeiro, Brasil, 1993

Referências

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