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Utilização de diferentes débitos de pulverização no controlo do oídio da vinha

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Utilização de diferentes débitos de pulverização

no controlo do oídio da vinha

– Versão Definitiva –

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Ivone Tomaz

Orientador: Professor Fernando Santos

Co-orientador: Engº Jorge Costa

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Utilização de diferentes débitos de pulverização

no controlo do oídio da vinha

– Versão Definitiva –

Dissertação de Mestrado em Engenharia Agronómica

Ivone Tomaz

Orientador: Professor Fernando Santos

Co-orientador: Engº Jorge Costa

Composição do Júri:

Presidente do Júri: Prof. Doutor Virgílio Alexandre Cardoso e Falco da Costa 1º Vogal: Prof. Doutor Mário Campos Cunha

2º Vogal: Prof. Doutor Fernando Augusto dos Santos

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IV

Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para o efeito de obtenção do grau de Mestre em Engenharia Agronómica. As doutrinas apresentadas no presente trabalho são da exclusiva responsabilidade do autor.

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VI

Dedicatória e Agradecimentos

A realização desta dissertação de mestrado só foi possível graças à colaboração e ajuda de algumas pessoas, em que aqui deixo os meus sinceros agradecimentos.

Ao meu marido e filhos, pelo apoio que me deram e paciência que tiveram nas horas de maior estresse e angústia aquando da realização deste trabalho.

Ao Sr. Engº João Vasconcellos Porto, Diretor Agrícola da Sogrape Vinhos S.A., pelo incentivo, oportunidade, ajuda e apoio incondicional, concedidos na frequência deste mestrado e pela sua disponibilidade para a revisão de parte do manuscrito.

Ao Sr. Prof. Doutor Fernando Augusto Santos, do Departamento de Agronomia, setor de Mecanização, da U.T.A.D., que amavelmente aceitou a orientação científica deste trabalho, manifestando total disponibilidade para o seu acompanhamento, pela sua ajuda incondicional, pelas suas permanentes sugestões e correções do manuscrito.

Ao Sr. Engº Jorge Costa, técnico representante da A.D.V.I.D., que aceitou ser co-orientador deste trabalho, pela sua manifesta disponibilidade e acompanhamento na execução dos trabalhos de campo.

Ao Sr. Raúl Fernandes, caseiro da Quinta do Sairrão, pelo apoio prestado nos trabalhos de campo e pela ajuda na orientação dos trabalhos da Quinta que permitiu a minha mai-or disponibilidade para a realização deste trabalho.

Ao Sr. João Beselga, tratorista da Quinta do Sairrão, pela ajuda prestada durante a reali-zação dos ensaios, preparação do trator e pulverizador.

Ao Sr. Maximiano Fernandes, caseiro da Quinta do Seixo, que permitiu a minha maior disponibilidade para a realização deste trabalho, pela sua ajuda na orientação dos traba-lhos na Quinta do Seixo.

Ao meu sobrinho, Daniel Fernandes, pela ajuda nas formatações do manuscrito. À Sra. Engª Francisca Freire Andrade pela ajuda na fotografia da Quinta do Sairrão. Ao colega Manuel Mota, pela colaboração na realização dos trabalhos de campo.

A todos aqueles que com maior ou menor esforço tornaram possível a realização desta dissertação.

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VIII

Resumo

A investigação atual tem procurado encontrar formas de aplicação de fungicidas que sejam eficazes sem por em causa o ambiente. Os esforços mais recentes têm sido na procura de técnicas e métodos de aplicação que reduzam perdas de produtos fitofarma-cêuticos para o ambiente. O controlo das pragas e doenças é das operações culturais mais consumidoras em termos de tempo de trabalho e com maiores encargos para as explorações vitícolas. Este trabalho procura desenvolver um esquema de aplicações de produtos fitofarmacêuticos de forma eficiente na luta contra o oídio da vinha, minimi-zando o seu impato ambiental e os seus custos económicos.

Assim, como forma de minimizar estes aspetos, e após uma cuidada regulação do pulve-rizador, quer em termos de circuito do ar quer da calda, e das condições de operaciona-lidade, foram realizados ensaios em que se utilizaram bicos de turbulência de calibre 1,00 mm, com pressões de funcionamento de 3, 5 e 7 bar que, nas condições testadas, permitiram aplicar 333, 429, 506 L/ha, respetivamente, volumes inferiores aos utiliza-dos na maioria das situações, para avaliar o impato, em termos de controlo de doenças, que daí resultaria.

Nos períodos entre tratamentos foram efetuados vários levantamentos dos possíveis sintomas do oídio, por forma a avaliar a eficácia daqueles, não se tendo praticamente observado quaiquer sintomas da doença.

Os resultados obtidos, quer em termos de distribuição da calda nas plantas quer dos sin-tomas de oídio, deverão ser validados em futuras aplicações mas, nesta situação, permi-tiram concluir que a utilização de equipamentos tecnicamente evoluídos, quando utili-zados nas melhores condições, permitem importantes melhorias quer nos custos das operações, sua oportunidade de execução e redução do impato no meio ambiente.

Palavras-chaves: Vinha, pulverizador de jato transportado, oídio, eficácia,

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Abstract

Nowadays, the current research is centred in finding ways to apply pesticides against plant diseases with low environmental impact, through methods and practical proce-dures that reduce the loss of pesticides to environment. The control of pests and diseases is of cultural operations more consumers in terms of working time and with greater bur-dens for the vineyards. This work aims to develop a practical but effective approach to control of powdery mildew with low usage of pesticides, thus reducing the economic and environmental cost with chemical treatments.

Thus, in order to minimize these aspects and after careful regulation of spray, in terms of both the air circuit syrup and operating conditions, experiments were conducted in which turbulence used nozzles gauge 1.00 mm with operating pressures of 3, 5 and 7 bar that, in the conditions applied allowed 333, 429, 506 L/ha, respectively, volumes lowers than those that are used in the majority of the situations, to evaluate the impact in the control deseases.

In the periods between treatments were performed various surveys of the possible symptoms of powdery mildew, in order to assess their effectiveness, not having practi-cally observed any extra symptoms.

The results, in terms of droplet distribution in the plants and oidium symptoms, which should be validated in future applications, showed that the use of technically evolved equipment, when used in the best conditions, allow important improvements both in the cost of operations, your opportunity to run and reduced impact on the environment.

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Índice

Dedicatória e Agradecimentos ... VI Resumo ... VIII Introdução ... 1 Objetivos ... 3

Capítulo 1 - A cultura da vinha ... 5

1.1. A cultura da vinha e sua importância económica em Portugal ... 7

1.2. As principais doenças da cultura da vinha ... 12

1.2.1. Míldio ... 12

1.2.2. Oídio ... 13

1.2.3. Podridão cinzenta ... 14

1.3. Descrição do Oídio ... 15

1.3.1. Importância epidemiológica do oídio ... 16

1.3.1.1. Estragos, danos económicos e estimativa de risco ... 19

1.3.1.2. Meios de proteção e tomada de decisão de tratamentos ... 20

1.3.1.3. Os tratamentos fitossanitários ... 22

1.3.1.4. Aplicação dos produtos fitossanitários e seus problemas ambientais ... 25

Capítulo 2 - Trabalho experimental ... 27

2.1. Material e Métodos ... 29

2.2. Ensaio experimental e tratamentos efectuados ... 32

2.2.1. Ensaio em branco ... 33

2.2.2. Tratamentos ... 38

2.3. Caraterização da exploração ... 45

2.4. Caracterização da vinha em estudo ... 46

Capítulo 3 - Resultados e Discussão ... 49

3. Resultados e Discussão ... 51

3.1. Correlação entre os dados obtidos nos dois programas de análise de imagens ... 51

3.2. Estatística descritiva ... 52

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XIII

3.3.1. Número de gotas... 52

3.3.2. Área das gotas ... 54

3.3.3. Taxa de cobertura das gotas ... 55

3.4. Análise de regressão do número e área das gotas e sua taxa de cobertura em função da pressão ... 60

3.5. Níveis de infeção das diferentes modalidades ... 61

Capítulo 4 - Conclusões ... 65

Referências Bibliográficas ... 69

Anexo 1.Trator e pulverizador utilizados nos ensaios ... 77

Anexo 2.Variação do débito do pulverizador, em função da pressão, para os dois tipos de bicos utilizados ... 78

Anexo 3.Tabela utilizada para a determinação dos débitos/ha, em função das condições de aplicação. ... 79

Anexo 4. Algumas imagens de folhas hidrosensíveis convertidas em “bmp” ... 80

Anexo 5. Dados utilizados na caraterização dimensional das gotas, obtidos nas diferentes situações dos ensaios, determinados nos programas Gotas e Image Tool ... 81

Anexo 6. Correlações dos dados relativos ao número de gotas, sua área e taxa de cobertura obtidos nos dois programas de análise de imagens ... 82

Anexo 7. Estatística descritiva para o número de gotas, área das gotas e taxa de cobertura nos dois programas ... 82

Anexo 8. Comparação das médias do número, cobertura e área das gotas, em função da pressão, nas folhas de papel hidrosensível ... 83

Anexo 9. Número, área coberta e área das gotas, para a pressão de 3 bar, nas folhas de papel hidrosensível, colocadas a diferentes níveis e nas faces dos dois bardos ... 84

Anexo 10. Número, área coberta e área das gotas, para a pressão de 5 bar, nas folhas de papel hidrosensível, colocadas a diferentes níveis e nas faces dos dois bardo ... 85

Anexo 11. Número, área coberta e área das gotas, para a pressão de 7 bar, nas folhas de papel hidrosensível, colocadas a diferentes níveis e nas faces dos dois bardo ... 86

Anexo 12. Resultados das análises de regressão da taxa de cobertura das gotas, número das gotas e sua área, para os dois programas de análise de imagens, em função da pressão de funcionamento do pulverizador ... 87

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XIV

Anexo 13. Representação parcial do registo das contagens do número de manchas (infeções) na

testemunha, pressão 3, 5 e 7 bar nos cachos e folhas ... 88

Anexo 14. Tabelas de frequências para os cachos……… ... 89 Anexo 15. Tabelas de frequências para as folhas ... 90

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XVI

Índice de Quadros

Quadro 1. Áreas e produção de uva para vinho em Portugal. ... 7

Quadro 2. Áreas e produção de uva para vinho na RDD. ... 9

Quadro 3. Produção de vinhos em litros na Região Demarcada do Douro (RDD) no ano de 2013. ... 10

Quadro 4. Produção de vinho em hectolitros (hl) nas diferentes regiões vitivinícolas de Portugal. ... 11

Quadro 5. Exportações de produtos vínicos em Portugal para o ano de 2009. ... 11

Quadro 6. Fatores de nocividade para o oídio da vinha. ... .20

Quadro 7. Meios de protecção mais utilizados no controlo do oídio da videira. ... 22

Quadro 8. Principais famílias químicas dos fungicidas anti-oídio homologados em Protecção Integrada para a vinha. ... 24

Quadro 9. Estimativa de risco do oídio (Avaliação da presença de sintomas ao nível da cepa). ... 33

Quadro 10. Resultados da medição dos débitos de pulverização. ... 35

Quadro 11. Resultados da medição da velocidade do ar (mts/sg). ... 36

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XVIII

Índice de Figuras

Figura 1. Principais regiões vitivinícolas de Portugal (2014) ... 8

Figura 2. Região vitivinícola do Porto e Douro/Região demarcada do Douro. ... 9

Figura 3. Ciclo biológico do oídio (Ersyphe necator). ... 16

Figura 4. Sintomalogia típica do oídio na videira ... 17

Figura 5. Estratégia de posicionamento de tratamentos. ... 25

Figura 6. Ilustração do Sistema de Análise "Gotas". ... 31

Figura 7. Ilustração do Sistema de Análise "ImageTool". ... 32

Figura 8. Ilustração do ensaio em branco ... 34

Figura 9. Débitos, por bico, em L/min, a 3, 5 e 7 bar de pressão ... 35

Figura 10.Medição da velocidade do ar à entrada da grelha.. ... 36

Figura 11.Velocidades do ar, em m/s, à saída dos bicos (opção b) e junto às estacas (opção e) a diferentes distâncias do solo. ... 36

Figura 12.Ilustração da qualidade de pulverização ... 38

Figura 13. Delineamento experimental seguido……….39

Figura 14..Colocação de folhas de papel hidrosensível ... 41

Figura 15.Ilustração dos tratamentos ... 42

Figura 16.Exemplo de folha de papel hidrosensível após o tratamento ... 43

Figura 17.Folhas hidrosensíveis dos diferentes ensaios de pulverização. ... 44

Figura 18. Quinta do Sairrão. ... 46

Figura 19. Vinha da Quinta (Talhão nº 61) ... 47

Figura 20. Representação gráfica do númer de gotas determinadas nos dois programas tendo em consideração a pressão, o bardo, as faces dos bardos e os níveis destes. ... 53

Figura 21. Representação gráfica da área das gotas determinadas nos dois programas tendo em consideração a pressão, o bardo, as faces dos bardos e os níveis destes. ... 55

Figura 22. Representação gráfica das áreas cobertas determinadas nos dois programas tendo em consideração a pressão, o bardo, as faces dos bardos e os níveis destes. ... 56

Figura 23. Identificação das diferentes zonas dos bardos ... 57

Figura 24. Representação da taxa de cobertura em cada uma das zonas das plantas obtidas com a pressão de 3 bar. ... 58

Figura 25. Representação da taxa de cobertura em cada uma das zonas das plantas obtidas com a pressão de 5 bar. ... 58

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XIX

Figura 26. Representação da taxa de cobertura em cada uma das zonas das plantas

obtidas com a pressão de 7 bar. ... 58

Figura 27. Tendência do número de gotas em função da pressão……….………60

Figura 28. Tendência da área das gotas em função da pressão………….60

Figura 29. Tendência da taxa de cobertura das gotas em função da pressão ... 60

Figura 30. Comparação do número de manchas nos cachos entre a modalidade testemunha e as relativas às diferentes pressões, em função das datas. ... 62

Figura 31. Comparação do número de manchas nas folhas entre a modalidade testemunha e as relativas às diferentes pressões, em função das datas. ... 62

Figura 32. Diferenças entre o número de infeções determinadas nas várias modalidades quer para os cachos quer para as folhas. ... 63

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1

Introdução

O oídio da videira, doença causada por Erysiphe necator Schwein (syn. Uncinula necator) é uma das principais doenças da vinha na Região Demarcada do Douro (RDD). Nesta região Duriense é a doença que se manifesta com maior agressividade tornando-se bastante exigente em termos de proteção fitossanitária contribuindo, assim, de forma significativa para o consumo de fungicidas na vinha. Para além das condições climáticas que são bastante importantes na epidemiologia do oídio, sobretudo no aparecimento dos primeiros focos de infeção, vários outros fatores podem influenciar o desenvolvimento da doença, entre os quais a forma de condução, porta-enxertos e a sensibilidade da cas-ta. De entre as diferentes formas de proteção contra esta doença, endémica na região Duriense, destaca-se a proteção fitossanitária. A eficácia dos tratamentos fitossanitários está fortemente dependente de vários fatores, entre os quais os ligados à qualidade de pulverização, aos modos de ação dos fungicidas e à oportunidade de aplicação.

A vinha é uma cultura muito propensa às pragas e doenças pelo que o controlo destas é uma das operações culturais de maior importância para se obter um “produto” de boa qualidade, condição fundamental para se fazer um bom vinho.

É fundamental que os equipamentos utilizados no seu controlo sejam os melhores, assim como as suas condições de utilização, e que os produtos utilizados sejam os mais aconselhados e aplicados nos volumes estritamente necessários, por forma a reduzir os custos de produção e diminuir o impato que qualquer produto químico tem no meio am-biente. Este último aspeto tem sido muito valorizado, pois o consumidor é cada vez mais sensível à utilização de químicos nos produtos que vai consumir.

Assim, neste trabalho, pretende-se determinar a melhor forma de aplicação dos produtos para controlo do oídio da videira e que permitam reduzir os custos de aplica-ção e o impato no meio ambiente, numa estratégia de gestão de vinha sustentada e ami-ga do ambiente.

Sendo os resultados muito interessantes é de realçar que as observações se refe-rem apenas a um ano, pelo que se devem repetir nos próximos por forma a serefe-rem vali-dados. A confirmarem-se os resultados deste ano pretende-se repetir este tipo de ensai-os, utilizando outras opções nomeadamente com volumes de calda inferiores aos utili-zados, podendo mesmo, posteriormente, conjugar-se a redução dos volumes com a di-minuição da concentração dos produtos a aplicar, o que permite uma redução

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tiva de custos, resultantes quer do maior rendimento em trabalho, quer da diminuição dos encargos dos fatores de produção (pesticidas), não sendo despiciendo o menor im-pato ambiental que daqui resulta.

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Objetivos

No presente trabalho foram testados três volumes de calda para controlo do oídio da videira, tendo-se mantido constante a quantidade de produto, por hectare, indicada pelo fabricante, utilizando 8 bicos de 1.0 mm, a 3, 5 e 7 bar de pressão de funcionamen-to, para analisar o impato que os volumes inferiores ao normalmente utilizados têm no grau de infeção da videira. Estas aplicações foram executadas tendo-se previamente procedido a uma regulação muito cuidada do pulverizador de jato transportado, nomea-damente no que se refere ao seu circuito de ar, onde se defeniu o regime da TDF do trator que permitia um volume de ar suficiente para penetrar na totalidade da copa das plantas, sem ultrapassar de forma significativa a sua espessura, por forma a diminuir a deriva, e um direcionamento das várias condutas que permitisse uma distribuição regu-lar em toda a parede da vegetação. Relativamente ao circuito da calda, para além do débito desejado, os bicos foram direcionados, à semelhança do que se fez para as condu-tas de ar, de forma a distribuir-se a calda regularmente na parede da vegetação; conside-rando a pequena dimensão das gotículas a sua trajetória é muito condicionada pelo débi-to da corrente de ar e seu direcionamendébi-to.

Não podendo antecipar o impato em termos de nível de infeção resultante das vá-rias aplicações, foram utilizadas folhas de papel hidrosensível regularmente distribuidas na vegetação e para além desta, para estimar as perdas por deriva, e para se determinar, entre outros parâmetros, o número de gotas, sua área e taxa de cobertura dessas folhas, nos diferentes locais. As folhas de papel hidrosensível resultantes destes ensaios, depois de devidamente identificadas, foram analisadas em dois programas de análise de ima-gens, designados por “Gotas” e Image Tool”. Estes três parâmetros, especialmente a taxa de cobertura, são indicadores muito importantes para aferir o potencial de infeção nas diferentes zonas das plantas pois, uma maior taxa de cobertura corresponderá, obvi-amente, a um maior controlo das doenças.

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1.1. A cultura da vinha e sua importância económica em Portugal

A cultura da vinha em Portugal assume uma enorme importância quer em superfície útil agrícola ocupada quer em retorno económico, sendo uma das mais importantes cul-turas do País. De acordo com os dados publicado pela FAO (FAOStat, 2014) apesar da área destinada à vitivinicultura em Portugal ter diminuído nestes nestes últimos 20 anos, as produções de uva têm aumentado (Quadro 1).

Quadro 1. Áreas e produção de uva para vinho em Portugal.

Anos Área (ha) Produção (toneladas)

1993 281100.0 685000.0

2003 218294.0 890238.0

2012 179500.0 839500.0

Fonte: (FAOStat, 2014).

Em termos absolutos, no último ano, a produção de uvas destinadas à produção de vinho foi cerca de 828.693 toneladas, das quais 822.698 foram produzidas no continen-te, 892 na Região Autónoma dos Açores e 5.104 na Região autónoma da Madeira (INE, 2014). Considerando os valores gerados no último triénio, o setor vitivinícola em Portu-gal, direta e indiretamente, contribuiu em média com 1.000 milhões de euros/ano, a pre-ços base, para o valor total da produção do ramo agrícola (INE, 2014).

Portugal encontra-se dividido em 14 regiões vitivinícolas (Figura 1) entre as quais a região do Porto e Douro, também conhecida como Região Demarcada do Douro, a mais antiga região demarcada do Mundo. Esta região caracteriza-se por ser fortemente montanhosa e protegida, a ocidente, da influência atlântica pela Serra do Marão, sendo o clima normalmente seco, com invernos frios e verões muito quentes, variando entre a precipitação moderada a oeste, e uma secura quase desértica das terras próximas à fron-teira com Espanha (IVDP, 2014). É nesta região que nasceu o “Vinho do Porto”, princi-pal embaixador dos vinhos nacionais. O Douro demarca-se segundo o eixo do rio Dou-ro, estendendo-se desde a fronteira com Espanha até cerca de noventa quilómetros de distância da cidade do Porto. A região do Porto e Douro encontra-se dividida em três sub-regiões, Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior (Figura 2). O Baixo Corgo, sob a influência directa da Serra do Marão, e aproximadamente a 70 km da costa, é a sub-região mais fresca e chuvosa, mais fértil e com maior densidade de vinhas. O Cima Corgo é conhecido como o coração do Douro, onde nascem muitos dos vinhos do seg-mento superior do Vinho do Porto e o Douro Superior é a sub-região mais quente e

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ca. A sub-região Douro Superior, que faz fronteira a Este com Espanha, é a sub-região de maior dimensão, sendo o seu relevo menos acidentado. Nesta região, com pouca chuva, as vinhas produzem menos, mas dão origem a alguns dos melhores vinhos do porto Vintage (Real et al., 2013). A altitude média de toda a região é de 443 metros, mas com uma grande amplitude que varia entre os 40 e os 1.400 metros. As áreas com maior altitude situam-se ao longo da cadeia montanhosa do Marão (IVDP, 2014).

Figura 1. Principais regiões vitivinícolas de Portugal (2014)

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Figura 2. Região vitivinícola do Porto e Douro/Região demarcada do Douro.

Fonte: http://portugalpatrimonios.com/tag/cima-corgo/.

Em termos de áreas ocupadas pela vinha (Quadro 2), verifica-se que é na sub-região Cima Corgo que se encontram o maior número de hectares ocupados por esta cultura.

Quadro 2. Áreas e produção de uva para vinho na RDD.

Sub-Região Área Total (ha) % Área com vinha (ha) % da Área total Baixo Corgo 45.000 18 14.501 32,2

Cima Corgo 95.000 38 20.915 22,0 Douro Superior 110.000 44 10.197 9,3

Total 250.000 45.613 18,2

Fonte: IVDP, 2014.

A região do Porto e Douro é uma das regiões mais ricas em castas autótones, com centenas de castas únicas, destacando-se cinco variedades tintas, Tinta Barroca, Tinta Roriz, Tinto Cão, Touriga Franca e Touriga Nacional, selecionadas pela excelência na produção de Vinho do Porto. Sobressaem igualmente as castas brancas Gouveio, Mal-vasia Fina, Moscatel, Rabigato e Viosinho, e as castas tintas Sousão e Tinta Amarela (Trincadeira) (IVDP, 2014).

Em termos absolutos, de acordo com os dados mais recentes (IVDP, 2014), é na sub-região do Cima Corgo que se encontram as maiores produções de vinhos (Quadro 3).

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Quadro 3. Produção de vinhos em litros na Região Demarcada do Douro (RDD) no ano

de 2013.

Baixo Corgo Cima Corgo Douro Superior Fora da

RDD Total DO Douro 18.939.043 20.904.533 9.304.899 434.338 49.582.813 DO Espumante 109.222 121.922 9.650 240.794 IGP Duriense 753.541 2.970.552 478.828 4.202.921 Moscatel 135.711 1.498.707 16.653 1.651.071 Vinho 9.061.893 13.704.051 3.006.520 141.288 25.913.752 Vinho Porto 24.985.934 34.683.365 9.393.183 69.062.482 Total 53.985.344 73.883.130 22.209.733 575.626 150.653.833

Fonte: IVDP, 2014. DO-denominação de origem, IGP-Indicação geográfica protegida.

Em termos nacionais, a principal região produtora de vinho é a região do Douro e Porto, seguindo-se as regiões do Alentejo, Minho e Beiras (Quadro 4). Em termos de volume de exportações, segundo o IVV, em 2009, a região do Porto e Douro era aque apresentavamaior volume de vinho exportado (Quadro 5) o que, em termos monetários, significou, no ano de 2009, 301.686.000,00 euros num total de produção nacional de vinho de 569.140.000,00 euros (IVV, 2014). Em 2011, segundo o INE (INE, 2014), o valor monetário das exportações de vinho atingiram os 652 milhões de euros. Estes da-dos mostram, assim, a enorme importância da vitivicultura em Portugal sendo um da-dos seus principais setores de actividade agrícola. Apesar de esta actividade ser uma mais-valia nas contas económicas do País, constitui também um “handicap” pois ano mau para a produção de vinho resultante, por exemplo, de acidentes meterológicos, granizo, chuvas, calor extremo, doenças como o míldio, oídio, etc., pode provocar reduções im-portante de produção de mosto e, consequentemente, diminuição de rendimento econó-mico para os produtores, que se encontram fortemente dependentes desta cultura. As-sim, é importante todos os anos garantir ótimas condições para uma boa produção de uva e vinho, pelo que as operações culturais devem ser executadas nas melhores condi-ções agronómicas e com o menor custo e impato ambiental.

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Quadro 4. Produção de vinho em hectolitros (hl) nas diferentes regiões vitivinícolas de

Portugal. Região

Vitivinícola Total %

Vinho

DOP % Vinho IGP %

Vinho (sem DOP/IGP) % Minho 796.554 13 746.476 25 44.188 3 5.889 0,4 T. Montes 96.252 2 12.070 0,4 7.600 0 75.378 5 Douro e Porto 1.516.941 24 1.213.665 40 42.631 3 260.645 18 Beiras 843.139 14 328.989 11 96.672 6 379.827 26 Tejo 500.486 8 55.181 2 158.641 9 283.635 19 Lisboa 890.426 14 47.003 2 502.834 30 339.832 23 P. Setúbal 407.943 7 124.128 4 190.225 11 93.560 6 Alentejo 1.124.735 18 470.086 15 630.258 37 24.242 1,6 Algarve 11.676 0,2 1.668 0,1 7.724 0,5 2.284 0,2 Sub-total 6.188.152 99 2.999.265 99 1.680.773 99,9 1.465.292 100 Madeira 43.860 1 41.865 1 38 0 1.957 0 Açores 6.427 0 1.273 0 973 0 4.182 0 Sub-total ilhas 50.287 1 43.138 1 1.011 0,1 6.139 0,4 Total Geral 6.238.439 100 3.042.403 100 1.681.784 100 1.471.431 100 Fonte: IVV, 2014.

Quadro 5. Exportações de produtos vínicos em Portugal para o ano de 2009.

Produto Volume (hl)

Vinho e Vinho com IGP 1.224.514

Vinho com DOP 327.950

Vinhos Licorosos com DOP 774.737

Vinho Licoroso com DOP Porto 725.973

Vinho Licoroso com DOP Madeira 27.914

Outros Vinhos Licorosos com DOP 20.850

V. Espumantes e Espumosos 12.727

Outros Vinhos 1.360

Mosto 215

Mosto Concentrado 2.319

Outros produtos vínicos 54.664

Total Geral 2.398.485

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1.2. As principais doenças da cultura da vinha

Tal como qualquer outra cultura, a videira está sujeita ao ataque de inúmeros agen-tes patogénicos. Entre esses agenagen-tes encontram-se fungos, bactérias e vírus, mas na sua maioria são as doenças causadas por fungos as que mais fazem sentir os seus efeitos na qualidade da produção; estas doenças são conhecidas como doenças criptogâmicas (Du-bos, 2002; Agrios, 2005). Entre estas,asmais comuns sãoo míldio (Plasmopara viticola

(Berk. et Curt.) Berl. et de Toni), o oídio (Erysiphe necator Schwein (syn. Uncinula neca-tor) e a podridão cinzenta, também conhecida como botrytis (Botryotinia fuckeliana (de Bary) Whetzel, forma sexuada de Botrytis cinerea Pers. Fr.) (Tomáz e Costa, 1983; Agui-ar, et al., 2001; Pearson e Goheen, 2001; Chicau, et al., 2003; Agrios, 2005; Garrido e Sonego, 2005; Neto, 2008).

1.2.1. Míldio

O míldio é um endoparasita obrigatório específico da videira que, pela frequência e pelo longo período de actividade,assim como pelos prejuízos que provoca, tende a ser um dos mais importantes agentes patogénicos da videira. Plasmopara viticola (Berk. et Curt.) (Berl. et de Toni) é o fungo responsável do míldio da vinha e não pertence ao reino dos fungos mas sim ao reino dos Chromistas. A conjugação da chuva, humidade e calor são determinantes no seu crescimento; regiões vitícolas quentes e secas na prima-vera/verão raramente têm problemas com a doença (Pearson e Goheen 2001). As con-taminações são favorecidas por chuvas intensas, seguidas de noites quentes, especial-mente em locais húmidos (Dubos, 2002). Todos os órgãos verdes, não atempados, da videira são sucetiveis de serem atacados pelo míldio: folhas, flores, inflorescências, pâmpanos e cachos (Gadoury et al., 2001). Nas folhas, na página superior, observam-se manchas com aspeto de “mancha de óleo” (infeções primárias), que tomam uma colora-ção amarelada ou avermelhada consoante a casta afetada (brancas ou tintas). Na zona coincidente dessas manchas, na página inferior, surge um enfeltrado branco que corres-ponde às frutificações dos conídios do fungo (infeções secundárias) (Dubos, 2002; Gobbin et al., 2005). As inflorescências, quando atacadas, por serem extremamente sen-síveis, ficam castanhas, engelham, secam e caem. Após a floração, as inflorescências cobrem-se de frutificações brancas acinzentadas, estado conhecido por “Rot Gris”. Em ataques mais tardios (entre as fases dos estados de bagos em tamanho de grão de chum-bo e fecho dos cachos, aparece o estado conhecido como “Rot Brun” em que os bagos

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apresentam zonas de depressão, de coloração acastanhada ou púrpura. No final da Cam-panha, no outono, as folhas apresentam-se com manchas de cor amarela ou castanha avermelhada, de forma poligonal, designado por fase “míldio mosaico” (Gadoury et al., 2005).

Medidas como a drenagem de solos, sem poças de água, controlo equilibrado do vigor, promoção do arejamento do interior da videira, eliminação de varas contaminadas através da poda, eliminação dos “ladrões” da planta e controlo adequado de infestantes são algumas das medidas preventivas que devem ser tomadas para um melhor controlo da doença (Aguiar, et al., 2001). O tratamento deve ser essencialmente preventivo, sendo o recurso a curativos só em situações de erros técnicos no tratamento preventivo ou na impossibilidade da sua realização (Amaro, 2001). Em anos chuvosos e particularmente em regiões húmidas, a luta contra o míldio é incontornável, podendo o número de tra-tamentos ultrapassar a dezena. A calda bordalesa continua a ser o tratamento clássico e biológico por excelência, existindo, paraalém desta,toda uma gama de outros produtos químicos de contacto, penetrantes e sistémicos que devem ser escolhidos em função das necessidades e diagnóstico da gravidade ou risco epidemiológico da doença (Amaro, 2001).

1.2.2. Oídio

O oídio ataca todas as partes verdes da videira (folhas, pecíolos, ramos, gavinhas, inflorescências e bagos verdes), sendo a ocorrência de dias com forte humidade relativa (40-100%) e a presença de luz difusa (dias com nevoeiro) favoráveis ao seu desenvol-vimento. Nas folhas desenvolve-se, na página superior, um pó cinzento-esbranquiçado que dá origem a manchas acastanhadas na página inferior. Em ataques precoces os lan-çamentos jovens apresentam um crescimento retardado com uma forte crispação das folhas; estes lançamentos cobrem-se de um enfeltrado branco, forma essa que se desig-na por “bandeira” (Val e Alves, 2012). Nos sarmentos, os sintomas manifestam-se atra-vés de manchas verde-escuro, tornando-se acastanhadas, que permanecem durante todo o inverno. Em ataques muito intensos, podem evoluir para cor negra, comprometendo o seu normal atempamento (Val e Alves, 2012). As inflorescências e bagos apresentam-se cobertos com uma poeira branca acinzentada, observando-se o posterior dessecamento das inflorescências. Se os ataques forem muito intensos, os bagos podem não se desen-volver, acabando por secar ou se os bagos apresentarem maior dimensão, o micélio do

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fungo pode colonizar parte ou a totalidade do cacho, cobrindo-o com uma camada pul-verulenta intensa que provoca paragem de crescimento do bago, levando-o ao seu ra-chamento (Val e Alves, 2012).

Sem um tratamento adequado os tecidos morrem, os pequenos bagos rebentam e a podridão cinzenta acaba por destruir parte ou a totalidade da colheita. É mais estimulado pela densidade da copa da videira que pela humidade do ar. A luz solar forte e direta inibe a germinação dos esporos (Pearson et Ghoeen, 2001). Como medidas de preven-ção cultural faz-se, sobretudo, a eliminapreven-ção pela poda das varas com cleistotecas (pon-tos negros onde hibernam os esporos sexuais do fungo), promovendo-se o arejamento da videira e evitando o vigor excessivo. Sabendo que a luta química é indispensável no combate ao oídio, deve dar-se prioridade à luta cultural para melhorar a eficácia dos tratamentos. É necessário proteger a vinha desde a floração até ao fecho dos cachos. A doença é controlada, desde 1854, com a aplicação de enxofre, apresentando-se este sob duas formas: o enxofre molhável e o enxofre em pó (a primeira tende a ser a mais utili-zada, de preferência até à floração). Na luta química, existe um número variado de fun-gicidas que inibem a germinação do fungo e/ou bloqueiam a formação do apressório, onde se formam estiletes de penetração sob a forma de haustórios, necessários à pene-tração do fungo na planta (Amaro, 2001).

1.2.3. Podridão cinzenta

A podridão cinzenta da videira, conhecida desde a antiguidade (1875), é uma do-ença que está presente em todos os vinhedos do mundo. Também designada por podri-dão dos cachos, ou simplesmente Botrytis é o inimigo mais temido pela qualidade da colheita, afetando gravemente a composição qualitativa das uvas e dos vinhos, condu-zindo a alterações na cor e nos aromas, e ao aparecimento de gostos anormais, iodados, terrosos, etc (Santos, 2007), ou por outro lado, o inimigo desejado para o desenvolvi-mento da forma “Podridão Nobre”, produzindo vinhos brancos licorosos de grande prestígio mundial. Esta doença ocorre maioritariamente durante o período que decorre desde a floração ao fecho do cacho e depois do pintor, sempre que as condições climaté-ricas sejam favoráveis, nomeadamente chuva e/ou muita humidade, e 18ºC de tempera-tura média do ar (Costa et al., 2004). Na vinha, pode atacar todos os órgãos herbáceos, como gomos, folhas, pâmpanos, inflorescências e cachos sendo, no entanto, no início do pintor que os bagos atingem o limiar de sensibilidade máxima à doença, ou seja, logo

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que o teor de açucar nos bagos aumenta (Perez, 1998). Neste período o parasita intro-duz-se pelas micro-fissuras da película dos bagos que se tornam menos resistentes. Es-tas lesões cobrem-se de frutificações (micélio) cinzento acastanhado disposEs-tas em estre-la e todos os cachos podem ser rapidamente atacados peestre-la doença (Donèche, 1992).

Na prevenção da doença usam-se medidas culturais como utilizar os porta-enxertos menos vigorosos, evitar as castas ou clones muito sensíveis, limitar o uso ex-cessivo de adubos azotados, que induzem vigor e sensibilidade da videira, a promoção do arejamento da copa e dos cachos pela eliminação de ramos verdes e folhas, bem co-mo a eliminação de uvas afectadas por este fungo (Pais, 2010). A aplicação da calda bordalesa é considerada uma boa medida preventiva pois, segundo alguns autores (Aguiar et al. 2001), estimula o aumento da grossura das peliculas da uvaevitando a sua rachadura, diminuindo a oportunidade de entrada deste fungo nas uvas (Perez, 1998). Na luta química aconselham-se 4 tratamentos com fungicidas dirigidos ao cacho: na alimpa/vingamento, no início do fecho do cacho, ao pintor e 3 a 4 semanas antes das vindimas (Giraud et al., 1998; Magalhães, 2008).

1.3. Descrição do Oídio

O oídio é uma doença provocada pelo fungo da videira causada por Erysiphe ne-cator Schwein (syn. Uncinula nene-cator). Este fungo é originário da costa Este dos Esta-dos UniEsta-dos da América (EUA) (1834) e chegou à Europa,via Inglaterra, em 1845, e a Portugal entre 1847 e 1851. Esta doença, também conhecida como farinha ou cinzeiro (Val e Alves, 2012) é hoje considerada uma doença endémica de toda a Europa, pois está presente em todos os países vitícolas, variando a sua incidência com as regiões e as castas. O oídio é a principal doença da vinha na Região Demarcada do Douro (RDD) (Val e Alves, 2012) pois é aqui que a doença se manifesta com maior agressividade, tornando-se exigente em termos de proteção e contribuindo de forma significativa para o consumo de fungicidas (Val e Alves, 2012). O oídio é um ectoparasita obrigatório e todos os anos afeta com virulência as nossas regiões vitícolas. Os seus prejuízos são importantes tanto ao nível da quantidade como da qualidade, uma vez que a sua presen-ça interfere nas caraterísticas organoléticas dos vinhos (Val e Alves, 2012).

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1.3.1. Importância epidemiológica do oídio

O sucesso do cultivo de qualquer cultura passa sempre pelo conhecimento ade-quado da forma como é suceptível ou não a determinados agentes patogénicos, como estes atuam sobre a cultura, quais os seus estragos e quais as principais formas de gestão da doença, seja pelo uso de medidas culturais preventivas, seja pela aplicação de trata-mentos fitossanitários (Alves e Almeida, 2003). É, assim, importante conhecer o agente patogénico e o seu ciclo biológico, por forma a desenvolver efetivas medidas de contro-lo (Amaro, 2001, 2003).

A manifestação do oídio, cuja representação do ciclo biológico apresentamos na Figura 3, pode ser feita através de dois tipos de sintomas: manchas isoladas ou “bandei-ras” ocorrendo ambas na primavera no momento das primeiras infeções (Val e Alves, 2012).

Figura 3. Ciclo biológico do oídio (Ersyphe necator). Fonte: Lusosem, 2014.

Na primavera, quando as condições climatéricas são favoráveis, isto é, a tempera-tura e humidade relativa do ar é superior a 15ºC e 25 % respectivamente, inicia-se o desenvolvimento do fungo, seja pela libertação dos ascósporos provenientes das cleisto-tecas alojadas durante o inverno na epiderme dos ramos (Figura 4) (Cortesi et al, 1995), seja pela germinação do micélio hibernante nos gomos dormentes (Sall, 1982; Sall e Wrysinki, 1982; Val e Alves, 2012).

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Figura 4. Sintomalogia típica do oídio na videira.

Legenda: [A]-manchas de ódio difusas nos sarmentos; [B] e [C]-manchas de oídio nas folhas; [D]-lançamento atacado por oídio (“bandeira”); [E]-conidióforos e conídios de oídio; [F]-inflorescências com oídio; [G]-cacho coberto com oídio; [H]-bagos cobertos com oídio (micélio); [I]-rachamento do bago provocado pelo oídio. Fonte: Adaptado de Val e Alves (2012); Freitas (2010); Moyer e Grove, G. (2014); http://www.omafra.gov.on.ca/IPM/english/grapes/diseases-and-disorders/powdery.html.ca

Segundo Alves e Almeida (2003) e Val e Alves (2012), a contaminação por as-cóspros provenientes das cleistotecas (Figura 4) é considerada a principal fonte de inó-culo para as infeções primárias na região do Douro. Numa primeira fase, o oídio na vi-nha manisfesta-se ao nível das folhas pela presença de um micélio branco amarelado em ambas as páginas (Figura 4 Letras [B], [C]). As folhas infetadas também se podem tor-nar subdesenvolvidas, retorcidas e murchas. Este micélio estende-se pelas folhas che-gando aos cachos, afetando os bagos (Figura 4 Letras, [G] e [I]), que podem fendilhar ou suberizar. As varas na altura da poda apresentam-se de cor branca, com manchas, evidenciando a presença de cleistotecas (Figura 4 Letra [A]). O oídio continuará a de-senvolver-se para outras folhas saudáveis, varas e bagos, via infeções secundárias atra-vés dos conídios libertados pelas folhas infetadas (Figura 4 Letras [D] e [E]) (Calonnec et al., 2008). As inflorescências e os bagos são também afetados podendo apresentar-se cobertos com uma poeira branca acinzentada (Figura 4 Letra [F] e [H]) verificando-se o

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posterior dessecamento dos botões florais. Numa fase inicial é caraterístico o início do ataque proveniente do pedicelo, que se estende posteriormente ao bago, observando-se também o desenvolvimento do fungo só nos pedicelos ou no ráquis. Se os ataques forem intensos, os bagos podem não se desenvolver, acabando por secar (Alves e Almeida, 2003; Val e Alves, 2012; Neto, 2014). Os prejuízos mais graves verificam-se ao nível dos cachos, pois o ataque do oídio provoca a paragem do crescimento da epiderme que acaba por fendilhar, deixando as grainhas a descoberto e constituindo uma “porta de entrada” para a instalação de outros fungos oportunistas como é o caso do fungo res-ponsável da podridão cinzenta (Botrytis sp.) (Calonnec et al. 2004).

O oídio pode atacar qualquer orgão verde da planta, dependendo a gravidade do ataque do momento em que é realizada a infeção. Sob condições ambientais favoráveis, se o ataque for precoce, pode originar perdas avultadas ou mesmo a totalidade da pro-dução (Alves e Almeida, 2003). Além de afetar o potencial produtivo pela perda de peso e redimento das uvas, pela diminuição do tamanho dos bagos e da redução do seu nú-mero por cacho, tem um efeito depreciativodo potencial qualitativo dos vinhos, devido à diminuição na acumulação de açúcares, aumento da acidez e diminuição da intensida-de da cor (Calonnec et al. 2004, 2006; Moyer e Grove, 2014).

As infeções primárias sucedem-se desde o abrolhamento da videira e com gravi-dade diferente em função dos fatores climáticos e da sensibiligravi-dade das castas (Calonnec et al., 2006, 2008). São favoráveis ao desenvolvimento da doença dias nublados com manhãs de elevada humidade relativa do ar (superior a 25%), seguidos de períodos de sol aberto e com temperaturas acima dos 20°C (25-30°C). Para além destes fatores cli-matéricos, sistemas de condução que favoreçam uma exuberância da vegetação, porta-enxertos vigorosos e castas sensíveis podem também influenciar a instalação e virulên-cia da doença (Calonnec et al. 2009; Burie et al., 2010; Val e Alves, 2012). O vento também contribui para a disseminaçãodos conídios, assim como as pulverizações, pelo efeito mecânico das gotas e do ar projetado, a ocorrência de chuva e qualquer outra ope-ração cultural, que dê origem a vibrações que favorecem a libertação dos conídios (Pe-arson e Goheen, 2001). A hibernação do fungo ocorre sob a forma de micélio dormente nos gomos (forma assexuada) e de cleistotecas (forma sexuada) que, quando arrastadas pelo vento e pela chuva, permanecem alojadas no ritidoma das cepas, em folhas caídas no solo e até no próprio solo. No entanto, segundo Val e Alves (2012), as cleistotecas que ficam no solo têm pouca importância como potenciais focos de infeção na primave-ra, pois admite-se que estas são destruídas por hiperparasitismo. Durante todo o ciclo

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19

vegetativo da planta a doença reproduz-se, sendo a sua disseminação assegurada pela libertação de conídios, conservando-se de diferentes formas, segundo as regiões e castas (Pearson e Goheen, 2001; Val e Alves, 2012).

1.3.1.1. Estragos, danos económicos e estimativa de risco

Quando os ataques de oídio são severos podem ocorrer necroses das folhas, pâm-panos, bagos e cachos, com a consequente perda parcial ou total da produção. A gravi-dade destes estragos dependerá muito do estado de desenvolvimento fisiológico da plan-ta por altura das infeções (Gadoury et al., 2001). Segundo Val e Alves (2012) a severi-dade do ataque do oídio na vinha pode levar à destruição de cerca de 80 a 100% da pro-dução nos casos de maior gravidade. Os mesmos autoresacrescentam ainda, que mesmo nos ataques mais localizados, a existência de focos de infeção abre as portas para a en-trada de outros fungos como a podridão cinzenta, razão pela qual a sua monitorização deve ser permanente (Collet et al., 1998; Gadoury et al. 2001).

Assim, o conhecimento da epidemiologia da doença, as formas de infeção e atua-ção do agente patogénico, as condições ambientais favoráveis ao seu desenvolvimento e os seus fatores de nocividade são fundamentais para desenvolver uma adequada gestão da doença nas vinhas. Segundo os autores Alves e Almeida (2003) e Magalhães (2008) o acompanhamento do ciclo da doença, bem como a observação dos primeiros sinto-mas, podem e devem ser utilizados na previsão do risco. Os prejuízos que uma doença ou praga podem causar numa cultura são condicionados não só pela intensidade de ata-que, mas também por fatores de nocividade que podem influenciar favorável ou negati-vamente o seu desenvolvimento (Amaro 2003). Estes fatores podem ser classificados em históricos, abióticos, bióticos, culturais, técnicos e económicos (Amaro, 2003).

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No Quadro 6 apresentam-se alguns fatores de nocividade para o oídio da vinha.

Quadro 6. Fatores de nocividade para o oídio da vinha.

Fatores

Abióticos i) temperatura – o oídio desenvolve-se em períodos de

tempera-turas baixas (10ºC) mas sem produção de esporos, havendo na primavera um potencial de desenvolvimento da doença. O óti-mo de desenvolvimento ocorre entre os 25 e os 28 ºC.

ii) luz – o ambiente favorável ao desenvolvimento do oídio é

aquele em que as vinhas estão ensombradas e em condições de luz difusa. O oídio desenvolve-se preferencialmente na página inferior das folhas e nos cachos situados em zonas de ilumina-ção difusa.

iii) humidade relativa – este elemento possibilita o

desenvolvi-mento da doença acima dos 25%, sendo duplicada a formação de conídios quando se passa de 30-40% para os 90-100%.

iv) chuva – a existência de água à superfície dos tecidos

preju-dica a germinação dos conídios e impede a formação dos haus-tórios. Chuvas abundantes, pelo efeito de lavagem, são incon-venientes ao fungo.

Bióticos

i) fase de desenvolvimento do patogénio; ii) resistência a fungicidas;

iii) inóculo presente nos sarmentos;

iv) vigor do porta-enxerto;

v) sensibilidade da casta.

Culturais

i) intervenção em verde;

ii) sistema de condução da videira; iii) controlo de crescimento e vigor; iv) exposição da vinha;

v) má drenagem do solo;

vi) tipo de sistematização da parcela (patamares, vinha ao alto,

tradicionais).

Fonte: Adaptado de Magalhães (2008), Freitas (2010), Val e Alves, 2012.

1.3.1.2. Meios de proteção e tomada de decisão de tratamentos

Segundo Amaro (2001) se após a análise da informação resultante da estimativa de risco e dos níveis económicos de ataque, houver uma clara evidência da indispensa-bilidade de intervenção, deve-se recorrer aos meios de proteção mais adequados. Esta decisão deve ser tomada sempre com base no conhecimento científico, técnico e na ado-ção de elevados padrões de segurança para o homem, para além da exigência da defesa do ambiente (Amaro, 2005). No caso concreto do oídio da vinha, de entre os diferentes meios de proteção podemos incluir medidas preventivas (direta e indiretas) no âmbito de uma luta cultural e a aplicação de produtos fitofarmacêuticos, no âmbito de uma luta

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21

química. O objetivo principal é sempre evitar ou atrasar o desenvolvimento da epide-mia, retardar o desenvolvimento do seu inóculo e minimizar os estragos (Dubuis et al., 2011).

No Quadro 7 apresentam-se alguns meios de proteção mais utilizados no controlo do oídio da videira.

Segundo Val e Alves (2012) a estratégia de proteção da vinha, face ao oídio, deve ser fundamentalmente preventiva, aplicando-se medidas que dificultem o desenvolvi-mento da doença. Estas medidas devem, numa primeira fase, ser culturais e só após aná-lise cuidada da progressão dos fatores de nocividade e sobre o potencial de agressivida-de da doença (efetuada em cada ano) agressivida-deve-se, ou não, avançar para os tratamentos fitos-sanitários, respeitando sempre os princípios da proteção integrada. A luta química deve ser feita sempre através de uma criteriosa seleção dos pesticidas, assegurando o uso de produtos fitofarmacêuticos com menor toxidade para o homem e a melhor eficácia glo-bal, ou seja, com a mais reduzida toxidade para os animais domésticos, abelhas, auxilia-res, organismos aquáticos, aves e fauna selvagem e o menor risco de resistência dos inimigos da vinha aos pesticidas (Amaro, 2005).

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Quadro 7. Meios de proteção mais utilizados no controlo do oídio da videira.

Tipo de luta Meios de proteção

Luta cultural

Medidas diretas

i) eliminar à poda os orgãos atacados; Controlar as

infestantes;

ii) evitar técnicas que induzam excesso de vigor; iii) promover o correto arejamento do interior da

videira (ex: despampas, amparas, desfolhas);

iv) destruir (ex:queima) varas, folhas e sarmentos

com manchas;

v) vigiar os períodos de maior sensibilidade (entre a

fase fenológica de cachos visíveis e fecho dos ca-chos).

Medidas indiretas

i) local da parcela (dar preferências a instalações de

vinhas ao alto ou em patamares com bons acessos de ambos os lados das linhas de implatação);

ii) selecionar material vegetativo certificado e sempre

que possível optar por castas menos sensíveis e bem adatadas ao local;

iii) controlar o vigor da planta através das podas e da

racionalização das fertilizações e regas;

iv) optar por sistemas de condução que permitam um

bom arejamento e um correta exposição à luz.

Luta química

i) aplicação preventiva de tratamentos;

ii) aplicação de fungicidas em fases próprias do ciclo

vegetativo (ex: contato (essencialmente à base de enxofre), inibidores da biossíntese do ergoesterol (IBE) e mistos (míldio + oídio, ou IBE + contacto).

Fonte: Adaptado de Eduardo (2001), Alves e Almeida (2003), Magalhães (2008), Freitas (2010); Val e Alves (2012) e Moyer e Grove (2014).

1.3.1.3. Os tratamentos fitossanitários

A tomada de decisão para a realização de um tratamento obriga à seleção dos fun-gicidas, a qual deve ser fundamentada através do conhecimento das suas caraterísticas para que o seu emprego seja racional e seguro (Val e Alves, 2012). No caso do oídio da vinha, os tratamentos, na sua maioria, são preventivos atuando ou na inibição da germi-naçãos dos conídeos ou na inibição da emissão dos haustórios ou, ainda, pela inibição ou destruição do micélio (Magalhães, 2008).

Existem diferentes substâncias ativas que podem ser agrupadas por diferentes ti-pos de famílias (Quadro 8), mas todos esses princípios ativos devem ser aplicados numa dada fase específica do ciclo vegetativo, com particular incidência entre o período com-preendido entre os cachos visíveis e o seu fecho (período em que a videira é mais

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sensí-23

vel ao ataque do oídio), de acordo com um esquema de tratamento adequado (Figura 5) (Magalhães, 2008; Freitas, 2010; Val e Alves, 2012). A aplicação de produtos fitofar-macêuticos deve sempre atender às limitações decorrentes das regras de Proteção Inte-grada, utilizando estes produtos nas doses homologadas para evitar as sobredosagens que favorecem o desenvolvimento de populações de patogéneos resistentes a estes. (Amaro, 2005).

De um modo geral é atualmente consensual que no caso do oídio da vinha a luta química deve ser efetuada de forma preventiva, dando preferência ao enxofre em pó nas aplicações precoces e durante a floração, pelos efeitos benéficos no vingamento (Frei-tas, 2010),não devendo, no entanto, ser aplicado com temperaturas inferiores a 16-18ºC (perda de eficácia) ou com temperaturas superiores a 32ºC devido aos riscos de toxici-dade (queima) (Neto, 2014). Numa fase mais precoce do ciclo vegetativo pode ser dada preferência a outras estratégias recorrendo aos inibidores da biossíntese do ergoesterol (IBE) IBE, QoI ou Benzofenona (Figura 5).

Segundo Val e Alves (2012) a eficácia da estratégia dos tratamentos está forte-mente ligada à qualidade da pulverização, aos modos de ação dos diferentes fungicidas e à oportunidade de aplicação, devendo o tratamento ser efetuado em ambas as faces dos bardos, respeitando sempre os períodos de persistência de ação de cada produto. Em situações de ataques declarados deve encurtar-se o intervalo entre os tratamentos e op-tar-se por técnicas de pulverização que permitam o tratamento preferencialmente dirigi-do ao cacho.

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24

Quadro 8. Principais famílias químicas dos fungicidas anti-oídio homologados em

Pro-teção Integrada para a vinha.1

Família química Substância activa IS2 Características Toxicologia3

Contacto Enxofre em pó (DP)

Enxofre (WP)

Enxofre (WG)

Enxofre

(SC)meptildinocape

10 Tem ação preventi-va e curatipreventi-va Is Xi, Is Xi, Is Xi, Is Xn, N

IBE (DMI) Fenebuconazol (EC)

Miclobutanil (EC, EW) Penconazol (EC) Tebuconazol (EC,ME, WG, EO, WP, EW) Tetraconazol (EC) 14 Penetrantes, com ação preventiva e curativa Xn, N Xn, N Xi, N Xn, N N

IBE (não DMI) Espiroxamina ((EC) 14 Sistémico, com

ação preventiva e curativa Xn, N Estrobilurinas (QoI) Azoxistrobina (SC, WG)(a) Cresoxime-metilo (WG) Piraclostrobina (EC) (a) Trifloxistrobina (WG) 14 Penetrante, com ação preventiva e curativa, atua como inibidor da respiração. N Xn, N Xn, N Xi, N Fenoxiquinoleinas Quinazolinonas Quinoxifena (P) Proquinazida (EC) 14 Sistémico, com ação preventiva e pouca curativa, inibem a germina-ção dos conídios.

Xi, N

Xn, N

Carboxamidas Boscalide (SC) 14 Ação preventiva,

curativa e erradi-cante.

Xn, N

Benzofenonas Metrafenona (SC) 14 Ação preventiva,

curativa na fase inicial da infecção e ação antiesporulan-te. N 1

Fonte: Adaptado de Magalhães (2008); Freitas (2010) e Val e Alves (2012).

2

IS – Intervalo de segurança.

3 SC – suspensão concentrada; EC – concentração para emulsão; WP – pó molhável; WG – grânulos

dispersíveis em água; ME – microemulsão; EO – emulsão em água e óleo; EW – emulsão óleo em água; SE – suspo-emulsão; DP – pó polvilhável; (a) – míldio e oídio em simultâneo, lassificação toxicológica: Is – isenta; Xi – irritante; Xn, N – nocivo.

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25

Figura 5. Estratégia de posicionamento de tratamentos. Fonte: Val e Alves (2012).

1.3.1.4. Aplicação dos produtos fitossanitários e seus problemas

ambi-entais

A qualidade da pulverização é fundamental na eficácia dos tratamentos, uma vez que condiciona a colocação e dispersão do fungicida ao nível dos orgãos sensíveis e/ou infetados (Neto, 2014). A eficácia do efeito de um antifúngico na cultura da vinha de-pende de muitos fatores, entre os quais o princípio ativo e respetiva dose, o número e o tamanho das gotículas e ainda a dose que cada gotícula veicula (Matthews e Thomas 2000; Walklate et al., 2003; Gil et al., 2013). Para uma cultura como a vinha, que de-senvolve uma larga e densa canópia num curto espaço de tempo (Siegfried et al., 2007), a dose a aplicardeve estar adaptada ao estadio de desenvolvimento da planta. (Walklate et al., 2003;Viret et al. 2005; Siegfried et al., 2007).

Atualmente à aplicação de produtos fitofarmacêuticos na cultura da vinha colo-cam-se alguns problemas sócio-económico, nomeadamente os resultantes da pressão ambiental dos consumidores e dos produtores para a reduçãodo número de aplicações e das doses aplicadas (Komárek et al, 2010) e dos custos de realização dos tratamentos. De fato, um dos problemas da aplicação de produtos fitossanitários, sobretudo em regi-ões vitivinícolas como a Região do Douro, é a orografia do terreno. A utilização de equipamentos nas zonas de encosta torna-se, ainda, mais difícil quando as parcelas são de pequena dimensão, forma irregular e com deficientes acessos. Estas situações, agra-vadas por vezes por um deficiente conhecimento da forma correta de utilização dos

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equipamentos, conduz ao desvio de caldas para outras culturas, e/ou, outras parcelas, com acumulação de produtos químicos indesejados nos solos, ribeiros, águas superfici-ais e toalhas freáticas, para além de representar um custo económico acrescido (Gil e Sinfort, 2005; Carlsen et al., 2006; Komárek et al, 2010; Gil et al., 2013). A legislação atual da União Europeia (UE) recomenda uma redução da quantidade total de pestici-das, bem como a adopção de medidas técnicas de aplicação ambientalmente seguras que reduzam as doses, e o seu número, e que possibilitem aplicar somente onde é estrita-mente necessário (COM, 2009). Para resolver estas dificuldades têm-se procurado en-contrar soluções técnicas eficazes e práticas de pulverização, por forma a reduzir a quantidade total de pesticidas e aplicar só quando necessário de forma sustentável e ambientalmente segura. Atualmente já existe um conjunto de regras implicitas a que maioria dos produtores recorre, de forma a assegurar os cumprimentos das recomenda-ções da UE,relativas a:

i) pulverizar adequadamente de acordo com as características de volatilidade e viscosi-dade da formulação;

ii) utilizar equipamentos e técnicas próprias de aplicação em função dos pesticidas e do tipo de cultura;

iii) ter em atenção as condições atmosféricas na altura da aplicação (velocidade e dire-ção do vento, temperatura e humidade relativa e a estabilidade da atmosfera no local da aplicação);

iv) o operador ser cuidadoso, ter atitude porduente e habilidade na aplicação (Komárek et al, 2010; Gil et al., 2013).

A investigação tem procurado encontrar formas de aplicação eficazes, sem pôr em causa o ambiente, nomeadamente encontrar técnicas e métodos de aplicação que redu-zam perdas para o ambiente, seja pela procura de bicos de pulverização de baixa deriva, controlo de aditivos, painéis recuperadores, etc. Vischetti et al., 2008; Komárek et al, 2010). O avanço nas tecnologias e na informatização da agricultura tem permitido en-contrar soluções que conduzem a uma gestão adequada dos pesticidas tornando a sua aplicação mais amiga do ambiente (Lee et al., 2010). É neste contexto que surge este trabalho, onde se procura reduzir a quantidade de calda a aplicar, maximizando a sua uniformidade de distribuição em toda a planta, e minimizando o seu impato ambiental e os seus custos económicos.

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2.1. Material e Métodos

Para a realização deste trabalho foram utilizados dois programas de computador (“Gotas” e “Image Tool”) sendo o “Gotas” desenvolvido pelo Embrapa com o objetivo específico de auxiliar os agricultores a obterem parâmetros adequados de análise de gotícolas e funciona com imagens digitalizadas de alvos de pulverização, contendo im-patos de gotas.

Segundo o manual de utilização do programa “Gotas”, para alvo de amostragem é recomendado o papel hidrosensível, porque o programa apresenta um sistema de corre-ção de fator de espalhamento desenvolvido especificamente para ele e as gotas, como quando atingem a superfície amarela, produzem manchas azuis, apresentam um bom contraste com o fundo amarelo e podem ser facilmente visualizadas. As folhas hidro-sensíveis deverão ser digitalizadas em Scaner, capaz de adquirir imagens com resolução óptica de 600 dpi. (dpi ou ppi = "pontos por polegada") e gravadas em formato BMP (imagem BitMap). Quando as gotas se sedimentam pela ação de gravidade, é desneces-sário digitalizar imagens com resolução óptica superior a 600 dpi, pois o papel hidro-sensível não possui qualidade para se identificarem gotas abaixo de 30 µm. Assim, as imagens digitalizadas das amostras devem ser gravadas em formato “bmp”, “jpg”, “gif”, ou “png” coloridas ou em tons de cinza; preferencialmente é recomendado o formato “bmp”, porque a qualidade da imagem é superior às demais. Assim, para este trabalho, as imagens foram digitalizadas em “bmp” e analisadas em ambos os programas.

Os parâmetros de análise determinados no programa “Gotas” são os seguintes:

1) Número de gotas - refere-se ao número total de gotas encontrado em toda a superfí-cie da amostra;

2) Número de diâmetros de gotas - refere-se ao número de classes de tamanhos de gotas que foram encontrados na amostra. Essa informação é importante pois está relaci-onada com o “fator de dispersão” e “volume de calda depositado na amostra”;

3) Fator de dispersão de tamanho de gotas - Esse parâmetro oferece informações da dispersão dos tamanhos das gotas dentro de uma amostra. A dispersão relativa é uma medida de quão diferentes são as dimensões de gotículas de uma determinada pulveri-zação e é definida como Fd = (D90 – D10)/D50. Por exemplo, se todas as gotas de uma amostra apresentam 100 µm de diâmetro o fator de dispersão será: Fd = (100-100)/100=0, ou seja, todas as gotas das amostras são iguais. Os bicos de pulverização

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são conhecidos por produzirem gotas de tamanhos diferentes, ou seja, são polidispersas, mas dentro de certos limites, definidos por fabricantes;

4) Volume de calda na amostra (L/ha) - Este parâmetro indica quantos litros de calda correspondem à amostra analisada. O utilizador não se deve surpreender se aplicar 300 Litros/ha e encontrar na amostra alvo, por exemplo, apenas 8,0 litros/ha.

5) Densidade de gotas (nº/cm²) - Esse indicador fornece informações de quantas gotas atingiram uma área equivalente a um centímetro quadrado;

6) Diâmetro volumétrico D10 (µm) - Representa a distribuição dos diâmetros das go-tas de maneira tal que os diâmetros menores que D10 compõem 10%, do volume total de líquido da amostra; corresponde ao diâmetro de uma gota de referência que separa as gotas, para que as gotas com diâmetros menores que aquele valor representam 10 % do volume total;

7) Diâmetro volumétrico D50 (µm) - Representa a distribuição dos diâmetros das go-tas de maneira tal que os diâmetros menores que D50 compõem 50% do volume total de líquido da amostra; este parâmetro é internacionalmente conhecido como VDM e é mui-to importante para a calibração, pois expressa o padrão de diâmetro de gotas que atingiu a amostra.

8) Diâmetro volumétrico D90 (µm) - Representa a distribuição dos diâmetros das go-tas de maneira tal que os diâmetros menores que D90 compõem 90% do volume total de líquido da amostra;

9) Percentagem de cobertura - Representa a percentagem de área coberta pelos impa-tos das gotas em relação a área total da amostra. A seguir (Figura 6), segue um exemplo do interface do programa “Gotas” resultante da análise duma folha de papel hidrosensí-vel.

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Figura 6. Ilustração do Sistema de Análise "Gotas".

Os parâmetros de análise determinados no programa “Image Tool” são os seguintes:

1) Número de gotas, em cm2 – refere-se ao número total de gotas encontradas na folha de papel hidrosensível;

2) Área das gotas, em µm – refere-se à área ocupada por cada gota numa folha de papel hidrosensível. Na primeira linha é indicada a média das áreas das gotas; 3) Perímetro das gotas, em µm – é o comprimento do perímetro das gotas; 4) Eixo maior das gotas, em µm – refere-se ao comprimento maior das gotas; 5) Eixo menor das gotas, em µm – refere-se ao comprimento menor das gotas; 6) Taxa de cobertura, em % - representa a percentagem de área coberta pelas

go-tas em relação à área total da folha de papel hidrosensível.

É de salientar que os parâmetros referidos para o “Image Tool” foram os que consi-deramos como principais para o trabalho, no entanto, existem ainda outros que poderão ser determinados no programa.

Como podemos constatar, o “Image Tool” apresenta grande parte dos resultados do “Gotas” e, como tal, ao utilizarmos os dois, tivemos possibilidade de fazer comparações entre os resultados obtidos num e noutro.

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A seguir, segue uma ilustração do programa “Image Tool” (Figura 7) no processa-mento da análise:

Figura 7. Ilustração do Sistema de Análise "Image Tool".

Os resultados obtidos nos dois programas foram exportados para uma folha de cálculo (Anexo 5), a partir da qual, os dados foram importados para os programas onde se efetuou o seu tratamento estatístico.

2.2. Ensaio experimental e tratamentos efectuados

O trabalho experimental consistiu em testar diferentes débitos de pulverização no controlo do oídio da vinha, para o que se realizaram dois tratamentos,para a avaliação da estimativa de risco (Quadro 9)sendo as observaçõesfeitas de 8 em 8 dias.

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Quadro 9. Estimativa de risco do oídio (Avaliação da presença de sintomas nas cepas).

Data observação Estado fenológico Observações

09/jun/14 J-Alimpa 8 dias após 1º tratamento

16/jun/14 k- Bago de Ervilha

23/jun/14 k- Bago de Ervilha

30/jun/14 k- Bago de Ervilha 4 dias após 2º tratamento

07/jul/14 k- Bago de Ervilha

14/jul/14 L- Fecho do cacho

21/jul/14 L- Fecho do cacho

28/jul/14 M- Pintor

Metodologia - Observação de 100 orgãos à razão de 2 orgãos por cepa em 50 cepas distri-buidas ao acaso.

Escala:

0 - Ausência

1 - Até 10% do orgão atacado (folha, cacho); 2 - 10-25% do orgão atacado (folha, cacho); 3 - > 25% do orgão atacado (folha, cacho).

Nos tratamentos utilizou-se um trator de rodas New Holland T4030N equipado com um pulverizador pneumático Rocha Mittos de 400 Litros (Anexo 1). Antes de se proceder aos tratamentos foram efetuados ensaios em branco para medição do débito dos bicos e da velocidade do ar, e ensaios para determinar a velocidade do trator que permita o maior rendimento em trabalho (velocidade mais elevada), tendo em conside-ração o regime normalizado da TDF e a segurança das aplicações. Relativamente aos circuitos da calda e ar do pulverizador foram igualmente definidas as posições dos bicos e condutas de ar que permitem uma distribuição o mais homogénea possível da calda e ar na parede da vegetação.

2.2.1. Ensaio em branco

Os ensaios em branco (Figura 8) foram realizados de acordo com o procedimento que a seguir se descreve.

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Figura 8. Ilustração do ensaio em branco.

1) Medição de Débitos dos Bicos (Cor lilás)

Referências

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