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Saúde no trabalho: promoção da saúde dos enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira

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Academic year: 2021

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U

UNIVERSIDADENIVERSIDADEDE ÉDE ÉVORAVORA

ESCOLA SUPERIORDE ENFERMAGEM S. JOÃO DE DEUS

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Relatório de Estágio

SAÚDE NO TRABALHO: PROMOÇÃO DA SAÚDE DOS ENFERMEIROS DO CENTRO DE SAÚDE TAVIRA

Emília Domingos Justo

Orientador:

Professora Doutora Maria Laurência Parreirinha Gemito

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U

UNIVERSIDADENIVERSIDADEDE ÉDE ÉVORAVORA

ESCOLA SUPERIORDE ENFERMAGEM S. JOÃO DE DEUS

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Relatório de Estágio para a Obtenção do Grau de Mestre em Enfermagem

SAÚDE NO TRABALHO: PROMOÇÃO DA SAÚDE DOS ENFERMEIROS DO CENTRO DE SAÚDE TAVIRA

Emília Domingos Justo

Orientador:

(3)

“Se um rio, atinge sempre os seus objectivos, é porque soube contornar os obstáculos.”

(4)

AGRADECIMENTOS

Obrigado,

Ao meu marido Ângelo, pelo apoio incondicional, ajuda, paciência e compreensão nesta longa jornada, nos momentos de desânimo, dúvidas e nas alegrias, pelo seu carinho e amor.

Aos meus filhos, pela sua compreensão, pelos momentos de “ausência”, pelos momentos de alegria, carinho e amor que me proporcionam.

À minha irmã por todo o apoio, pelo carinho e afeto.

À minha sogra Cristina pela sua ajuda, compreensão e apoio.

À enfermeira especialista Natália Perestrelo pelo seu acolhimento, acompanhamento e apoio.

À equipa de enfermagem do Centro de Saúde de Tavira pela sua participação e colaboração neste projeto e pelas informações disponibilizadas.

Ao Dr. João Paulo pela sua disponibilidade.

À D. Fátima pelo ânimo proporcionado, quando este estava debilitado e pela sua amizade.

À professora Laurência Gemito pelo apoio fornecido.

E a todos que direta ou indiretamente, tornaram possível a concretização deste trabalho.

Mais uma vez, muito OBRIGADA.

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Tema: Saúde no Trabalho: Promoção da saúde dos enfermeiros do Centro de Saúde

Tavira

Referencial teórico: As lesões músculos – esqueléticas e os acidentes de trabalho,

resultam de inúmeros fatores de risco a que os enfermeiros estão expostos diariamente. Objectivo: promover a saúde dos enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira. Metodologia: é um projeto de intervenção comunitária que resultou da elaboração de um diagnóstico da situação. Resultados: dos 32 enfermeiros, 19 tiveram problemas músculo – esqueléticos nos últimos 12 meses e as áreas mais afetadas foram: coluna lombar (20,9%), coluna cervical (19,4%), pernas/joelhos (14,9%) e coluna dorsal (10,4%), a picada por agulha (2) é o acidente de trabalho mais comum na prática de enfermagem e nem sempre é participada.

Conclusões: as ações de formação para os enfermeiros, a consulta de enfermagem no

trabalho e estabelecimento de parceiras, foram as estratégias utilizadas na prevenção de lesões músculo esqueléticas e nos acidentes de trabalho.

Palavras – chave: Saúde; promoção; lesões músculo – esqueléticas; acidente de

trabalho; enfermeiros

(6)

Title: Health at Work: Promotion of the health of nurses in the Health Center of

Tavira

Theoretical Framework: The lesions muscles - skeletal disorders and work-related

accidents are the result of many risk factors that nurses are exposed daily.

Objective: To promote the health of nurses in the Health Centre of Tavira.

Methodology: The project is a community intervention that resulted in making a

diagnosis of the situation.

Results: Of the 32 nurses, 19 had muscular - skeletal problems in the last 12 months

and the most affected areas were: lumbar spine (20.9%), cervical spine (19.4%), legs / knees (14.9%) and spine (10.4%), the needle prick (2) is the most common accident at work in nursing practice and is not always notified.

Conclusions: the training for nurses, nursing consultation at work and establishment

of partnerships, strategies were used in the prevention of musculoskeletal disorders and work related accidents.

(7)

SIGLAS

ACES - Agrupamentos de Centros de Saúde ARS – Administração Regional de Saúde

ARSA - Administração Regional de Saúde do Algarve CDP - Consulta Doenças Pulmonares

CST – Centro de Saúde de Tavira

DAE - Desfibrilhador Automático Externo DGS – Direcção Geral da Saúde

Eli – Equipa de Local de Intervenção Precoce na Infância EPE – Empresa Pública do Estado

EVA – Empresa Rodoviária do Algarve FV - Fibrilhação Ventricular

GASMI – Grupo de Apoio à Saúde Mental Infantil GNR - Guarda Nacional Republicana

IMC - Índice de Massa Corporal INE - Instituto Nacional de Estatística

INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica LME - Lesões Músculo Esqueléticas

LMERT - Lesões Músculo Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho NACJR – Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco

OE – Ordem dos Enfermeiros

OIT - Organização Internacional do Trabalho

PAEAMPC - Protocolo de Actuação após Exposição Acidental a Material Potencialmente Contaminado

PSP - Polícia de Segurança Pública

RAC – Registos Administrativos de Contacto SAM – Serviço de Apoio ao Médico

SAPE – Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem SBV - Suporte Básico de Vida

SINUS – Sistema de Informação para Unidades de Saúde SIV - Suporte Imediato de Vida

(8)

SUB - Serviço de Urgência Básica TV - Taquicardia Ventricular

UCSP - Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados UCC - Unidade de Cuidados na Comunidade

URAP - Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados USF - Unidade de Saúde Familiar

USP - Unidade de Saúde Pública W3C - World Wide Web Consortium

(9)

Cm - Centímetros D. – Dom/ Dona

Dec.- Lei - Decreto - Lei Dr. – Doutor h – horas H – homem Km2 – Kilómetros quadrados Kg - quilograma M - mulher séc. – século p. – página pág. - página s/ - Sem % - Percentagem N.º - número Séc. - Século ÍNDICE Página

(10)

1- INTRODUÇÃO...15

2. - ANÁLISE DO CONTEXTO...18

2.1 – CARATERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO FINAL...18

2.2 – CARATERIZAÇÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS...24

2.3 – DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS...29

3- ANÁLISE DA POPULAÇÃO/ UTENTES...31

3.1 – CARATERIZAÇÃO GERAL DA POPULAÇÃO/ UTENTES...31

3.2 – CUIDADOS E NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA POPULAÇÃO - ALVO ...34

3.3 – ESTUDOS SOBRE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO COM A POPULAÇÃO ALVO...37

3.4- RECRUTAMENTO DA POPULAÇÃO- ALVO...41

4 – ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE OS OBJETIVOS...42

4.1 – OBJETIVOS DA INTERVENÇÃO PROFISSIONAL...42

4.2 – OBJECTIVOS A ATINGIR COM A POPULAÇÃO- ALVO...43

5- ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE AS INTERVENÇÕES...47

5.1- FUNDAMENTAÇÃO DAS INTERVENÇÕES...47

5.2 – METODOLOGIAS...74

5.3 – ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE AS ESTRATÉGIAS ACIONADAS...77

(11)

5.5- CONTATOS DESENVOLVIDOS E ENTIDADES ENVOLVIDAS...80

5.6- ANÁLISE DA ESTRATÉGIA ORÇAMENTAL...80

5.7- CUMPRIMENTO DO CRONOGRAMA...82

6- ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE O PROCESSO DE AVALIAÇÃO E CONTROLO...83

6.1 – AVALIAÇÃO DOS OBJETIVOS...83

6.2 – AVALIAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA...87

6.3 – DESCRIÇÃO DOS MOMENTOS DE AVALIAÇÃO INTERMÉDIA E MEDIDAS CORRETIVAS INTRODUZIDAS...88

7 - ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE COMPETÊNCIAS MOBILIZADAS E ADQUIRIDAS...90

CONCLUSÃO...94

BIBLIOGRAFIA...96

ANEXOS...103

ANEXO A: CRONOGRAMA...104

ANEXO B: CONSENTIMENTO INFORMADO...106

ANEXO C: QUESTIONÁRIO...107

ANEXO D: TABELA DO IMC DOS ENFERMEIROS DO CST E TABELA DO IMC DA ARS ALGARVE...112

(12)

ANEXO F: AÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE “ COMO AGIR/ PROCEDER EM

CASO DE ACIDENTE DE TRABALHO”...114

ANEXO G: AÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE “ PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO LOCAL DE TRABALHO”...124

ANEXO H: AÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE “ ERGONOMIA”...131

ANEXO I: AÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE “ LEGISLAÇÃO DOS DIREITOS E DEVERES DO PROFISSIONAL E DA INSTITUIÇÃO”...136

ANEXO J: AÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE “ POSTURAS E TÉCNICAS A ADOPTAR NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS DE ENFERMAGEM”...144

ANEXO K: PLANIFICAÇÃO DA AÇÃO DE FORMAÇÃO...151

ANEXO L: QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO GRAU DE SATISFAÇÃO DO FORMANDO...152

ANEXO M: APRESENTAÇÃO DO DIAGNÓSTICO DA SITUAÇÃO...153

ANEXO N: CERTIFICADO DE PARTICIPAÇÃO...159

ANEXO O: AÇÃO DE FORMAÇÃO SOBRE “ SBV E DAE”...160

ANEXO P: ALGORITMO DO SBV...171

ANEXO Q: ALGORITMO DA DAE...172

ANEXO R: CONSULTA DE ENFERMAGEM NO TRABALHO...173

(13)

ÍNDICE DE FIGURAS Página

FIGURA 1. Portugal...18

FIGURA 2. Região do Algarve e concelhos...18

(14)

FIGURA 4. População residente, por local de residência e por sexo no concelho de

Tavira...31

FIGURA 5. Pirâmide da população residente por idade e sexo no concelho de Tavira ...32

FIGURA 6. Pirâmide de utentes inscritos por sexo e por idade no CST...32

FIGURA 7. Utentes inscritos por sexo e idade no CST em 31/12/ 2010...33

FIGURA 8. Distribuição dos enfermeiros do CST por sexo...34

FIGURA 9. Idade dos enfermeiros do CST em 2011...35

FIGURA 10. Anos de exercício laboral...53

FIGURA 11. Horas de trabalho por semana...53

FIGURA 12. Distribuição dos enfermeiros pelas unidades funcionais do CST...54

FIGURA 13 . Distribuição dos enfermeiros pelo IMC...55

FIGURA 14. Qual a mão dominante no desempenho de funções...55

FIGURA 15. Tem conhecimento sobre o PAEAMPC...56

FIGURA 16. Acessibilidade ao protocolo...57

FIGURA 17. Utiliza todos os procedimentos na prevenção de acidentes de trabalho ...58

FIGURA 18. Tipo de acidente...59

FIGURA 19. Participação do acidente de trabalho...59

FIGURA 20. Sabe quanto tempo tem para fazer a participação...60

FIGURA 21. Dificuldades na participação do acidente de trabalho...61

FIGURA 22. Factores que podem contribuir para os acidentes de trabalho...63

FIGURA 23. Acha necessária formação em serviço...64

(15)

FIGURA 25. Enfermeiros com lesões músculo esqueléticas nos últimos 12 meses.66

FIGURA 26. Enfermeiros impedidos de realizar o seu trabalho normal devido a

LME...67

FIGURA 27. Frequência de afectação nos segmentos corporais...67

FIGURA 28. Nível de intensidade da dor últimos nos 12 meses...68

FIGURA 29. Total de lesões em cada unidade funcional do Centro de Saúde de

Tavira...68

FIGURA 30. Etapas do planeamento em saúde...75

FIGURA 31. Plano Orçamental...81

FIGURA 32. Avaliação do objectivo específico: “Prevenir LME inerentes à prática profissional”...85

FIGURA 33. Avaliação do objectivo: “Prevenir acidentes no local de trabalho”...86

1- INTRODUÇÃO

Nos finais do séc. XIX, iniciou-se a enfermagem do trabalho que acompanhou o desenvolvimento da indústria no início do séc. XX. Nesta fase, as empresas começaram a contratar enfermeiros para combater a propagação de doenças contagiosas, como a tuberculose. Estes enfermeiros prestavam cuidados de saúde à família e à comunidade, focalizados na prevenção e no tratamento de doenças e lesões relacionadas com o trabalho.

(16)

Segundo ROGERS (1994), a Enfermeira Philipa Flowerday (1878), foi a primeira a efetuar registos de enfermagem do trabalho através da empresa J&J Colman de Norwich, em Inglaterra, para auxiliar o médico nas consultas e visitar os trabalhadores doentes e suas famílias, no domicílio. Surge então, o papel da enfermeira na saúde do trabalho, primeiro na Europa, seguida dos Estados Unidos da América, quando em 1895 uma empresa americana contrata também uma enfermeira do trabalho.

Após a 1ª e a 2ª Grande Guerra Mundial a enfermagem do trabalho teve um grande crescimento e reconhecimento, principalmente nos EUA. Em Portugal, apenas se encontram registos de medidas de saúde e de segurança no trabalho, no início do século XIX. É nos anos 70, que se torna obrigatório a existência de enfermeiros no local de trabalho, em que a legislação indica o enfermeiro como parte da equipa de saúde ocupacional e do trabalho.

A enfermagem do trabalho é uma área de intervenção prioritária, que privilegia a prevenção primária, de modo a eliminar os riscos ocupacionais, promover e proteger a saúde dos trabalhadores.

Atualmente, segundo o Diário da República, 1.ª série – N.º176- 10 de Setembro de 2009, a lei n.º 102/2009 Secção VII, serviço de saúde no trabalho, artigo 104.º, o enfermeiro do trabalho deve coadjuvar o médico do trabalho.

Não existe nenhum trabalho totalmente isento de riscos, daí a necessidade de prevenir e controlar doenças, acidentes e lesões relacionadas com o trabalho, de forma a criar um ambiente que encoraje e apoie atividades de promoção da saúde e segurança. Alguns estudos, nomeadamente MUROFUSE & MARZIALE em 2005 e SOUNART (2008), referem que os problemas de saúde e acidentes relacionados com o trabalho de enfermagem mais frequentes são: as lesões músculo esqueléticas (LME) e picadas com agulhas.

O stress, a carga horária excessiva e a necessidade de ter de trabalhar mais depressa são alguns dos fatores que propiciam a picada com agulha (SOUNART, 2008). As LME, representam um problema bastante grave em termos de saúde pública e também a nível económico (MUROFUSE & MARZIALE, 2005; STANHOPE & LANCASTER, 2011). Estas lesões resultam da ação de fatores de risco profissionais como a repetitividade, a sobrecarga e/ou a postura adotada durante o trabalho (GURGUEIRA, 2003). Estudos internacionais têm revelado que as LME

(17)

são causadas por inúmeros fatores individuais, físicos e psicossociais. Um dos sintomas mais referidos destas lesões, é dor na região lombar, que está relacionada com a mobilização e transporte de doentes, indicando que a prestação de cuidados diretos ao doente pode ser um fator de risco para os enfermeiros (GURGUEIRA, 2003; STANHOPE & LANCASTER, 2011).

A nível mundial, as LME são responsáveis por um elevado absentismo e afastamento temporário ou permanente do trabalho, produzindo ainda custos elevados em tratamentos e indemnizações (MAGNAGO et al., 2007).

A enfermagem de saúde no trabalho é muito ampla e dinâmica, tendo a responsabilidade de incidir na promoção e proteção da saúde e da prevenção da doença, englobando os três níveis: primária, secundária e terciária (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

Os centros de saúde foram reorganizados, surgindo assim os Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), em que a sua missão é garantir a prestação de cuidados de saúde primários à população de uma determinada área geográfica.

Nos cuidados de saúde primários, a enfermagem integra o processo de promoção da saúde e prevenção da doença, evidenciando-se as atividades de educação para a saúde, manutenção, restabelecimento, coordenação, gestão e avaliação dos cuidados prestados aos indivíduos, famílias e grupos que constituem uma dada comunidade (STANHOPE & LANCASTER, 1999, p.19).

Neste projeto, a população é constituída pelos enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira (CST).

Foram delineados os seguintes objetivos: - Promover a saúde dos enfermeiros do CST

- Prevenir lesões músculo- esqueléticas inerentes à prática profissional - Prevenir acidentes no local de trabalho

- Implementar a consulta de enfermagem no trabalho para os enfermeiros do CST

Este relatório está estruturado segundo, a Ordem de Serviço Nº 18/ 2010 do Regulamento do Estágio de Natureza Profissional e Relatório Final do Mestrado em Enfermagem.

O presente documento inicia-se com a Análise do Contexto, seguido da Análise da População/Utentes, Definição de Objetivos, Análise Reflexiva que

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engloba a Fundamentação das Intervenções e as Metodologias utilizadas. Posteriormente é efetuada a Análise Reflexiva sobre o Processo de Avaliação e Controlo e por último a Análise Reflexiva sobre as Competências Mobilizadas e Adquiridas na realização deste trabalho.

O presente Relatório será apresentado ao 2º Ciclo de Estudos em Enfermagem Comunitária da Universidade de Évora, como parte dos requisitos para a obtenção do grau de Mestre em Enfermagem Comunitária.

Para a sua elaboração foi utilizada a Norma Portuguesa para os trabalhos escritos.

2. - ANÁLISE DO CONTEXTO

2.1 – CARATERIZAÇÃO DO AMBIENTE DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO FINAL

O Concelho de Tavira é o terceiro maior da Região do Algarve, tem uma área de 611 Km2 e é constituído por nove freguesias: Cabanas, Cachopo, Conceição, Santa

Catarina da Fonte do Bispo, Luz de Tavira, Santa Luzia, Santo Estêvão, Santa Maria e Santiago, perfazendo um total de 110 aldeias, vilas e montes (Figura 1). Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) em 2011, este concelho tinha cerca de 26 167 habitantes. O concelho é limitado a nordeste pelo município de Alcoutim, a Leste por Castro Marim, pela parte ocidental (Este) o concelho de Vila Real de Santo António,

(19)

a Oeste com os concelhos de Loulé, São Brás de Alportel e Olhão e a Sul pelo Oceano Atlântico. Fica situado na zona do Sotavento (Algarve Oriental) (Figura 2).

FIGURA 1 – Portugal FIGURA 2 - Região do Algarve e concelhos

Fonte:http://www.google.com/imgres?q=mapa+de+algarve&hl=pt- Fonte:

O concelho de Tavira está dividido em três pequenas regiões: o litoral, o barrocal e a serra. O litoral é plano, a região serrana é bastante acidentada, emergindo picos com mais de 500 metros de altitude. É atravessado por diversos cursos de água, como o Rio Gilão (também conhecido como Rio Séqua ou Ribeira da Asseca) que divide a cidade de Tavira (http://pt.wikipedia.org/wiki/Tavira, 2012).

A cidade algarvia de Tavira pertence ao Distrito de Faro. A região onde se localiza atualmente a cidade de Tavira, foi num passado bastante remoto, influenciada por diversos povos, como os Fenícios, Lígures, Celtas e Turdetanos, e mais tarde pelos Romanos e Cartagineses. No século V, a Península Ibérica foi novamente invadida por Suevos, Silingos, Alanos e Visigodos. Tavira e todo o Algarve volta uma vez mais, a ser invadido, agora por Árabes, que aí permaneceram

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durante cinco séculos (séc. VIII – XIII). A presença islâmica deixou marcas importantes, que ainda hoje permanecem, algumas de estilo arquitetónico, linguístico e comércio (vaso de Tavira). A cidade Talabriga (nome primitivo) foi alterado para Tabira, pelos muçulmanos e anos mais tarde para Tavira, após a conquista desta cidade em 1242 aos mouros por D. Paio Peres Correia (http://www.cm-tavira.pt/cmt/index.php?name=ContentExpress&func=display&ceid=34, 2011).

A cidade teve um importante crescimento e desenvolvimento até final do século XVI, devido ao comércio por causa da sua localização geográfica.

No séc. XVII, o porto situado à margem do Rio Gilão, era um relevante local para o comércio de diversos produtos e onde se exportava peixe seco, frutos secos (amêndoas e figos), vinho, sal entre outros, abastecendo portos em Itália e Flandres e a costa africana (atualmente, já não é acessível com barcos de grandes dimensões devido ao assoreamento do rio Gilão). Devido à sua localização, junto à entrada e saída do Norte de África, que facilitava e muito as transacções comerciais, Tavira teve uma grande e importante expansão comercial e marítima. A partir deste porto, Tavira dava apoio às armadas portuguesas marítimas e às guarnições portuguesas das praças africanas. Estes factos e as anteriores conquistas/ batalhas, fizeram com que esta cidade algarvia desenvolvesse muitos locais de culto, possuindo atualmente o maior número de igrejas, num total de 37 (http://www.cm-tavira.pt/cmt/index.php? name=ContentExpress&func=display&ceid=34, 2011).

A economia de Tavira assenta, atualmente na agricultura com grandes superfícies de pomares, exploração dos recursos da serra como o mel, a cortiça e frutos secos (amêndoa, figo e alfarroba), na pesca e na aquicultura (quase extinta) e também no turismo através das grandes extensões de praia, como a Ilha de Tavira, Ilha de Cabanas, Terra Estreita, Pedras d’el Rei entre outras, além dos monumentos históricos e de culto e mais recentemente, os campos de golfe.

A cidade de Tavira, que fica junto à Estrada Nacional 125, apresenta uma rede de transporte rodoviário de modo a facilitar a deslocação e mobilidade das pessoas. Estes transportes asseguram a deslocação entre vilas, algumas aldeias do concelho e ainda entre cidades, por exemplo Faro, Vila Real de Santo António entre outras.

A Câmara Municipal de Tavira, providencia também o serviço de transporte intitulado o “Sobe e Desce” com pequenos autocarros para transportar as pessoas

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(adultos e estudantes) da periferia para o centro da cidade e para estabelecimentos de ensino.

Existe ainda uma Estação de Caminhos-de-ferro e serviço de táxis.

No verão, junto ao cais do Rio Gilão, da Ilha de Tavira e Cabanas, existe o serviço de transporte marítimo de curta distância, realizado por barcos.

As forças de autoridade presentes nesta cidade são: Polícia de Segurança Pública (PSP), Guarda Nacional Republicana (GNR) e Polícia Marítima.

A cidade de Tavira possui também um Centro de Saúde com seis extensões de saúde. O projeto de intervenção comunitária foi direcionado para os enfermeiros que exercem funções nesta unidade de saúde.

A Administração Regional de Saúde do Algarve, I.P. é uma figura coletiva de direito público, integrada na administração indireta do Estado, dotada de personalidade jurídica, de autonomia administrativa, financeira e patrimonial, tutelada pelo Ministério da Saúde, tendo como objetivos centrais assegurar a eficácia da prestação de cuidados de saúde à população, promovendo a racionalização das estruturas e da gestão dos recursos disponíveis (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

As competências da ARS Algarve, I.P., são: coordenar e avaliar a execução da política de saúde na Região, de acordo com as políticas globais e setoriais do Governo no domínio da saúde. Tem, ainda, como funções: propor objetivos de desenvolvimento para a região, em sede de planeamento regional de saúde; distribuir recursos; gerir recursos humanos e apoiar técnica e administrativamente os serviços públicos prestadores de cuidados de saúde (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

As suas competências abrangem os serviços públicos em todas as suas vertentes e os prestadores de cuidados de saúde, privados ou sociais, integrados no sistema nacional de saúde, existentes no Algarve ( http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

O Decreto - Lei n.º 28/2008 de 22 de Fevereiro introduziu uma das principais alterações da presente intervenção legislativa a qual consiste na criação de agrupamentos de centros de saúde (ACES), serviços públicos de saúde com autonomia administrativa, constituídos por várias unidades funcionais, que agrupam um ou mais centros de saúde. A sua missão é garantir a prestação de cuidados de

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saúde primários à população de determinada área geográfica, procurando manter os princípios de equidade e solidariedade, de modo a que todos os grupos populacionais partilhem igualmente dos avanços científicos e tecnológicos, postos ao serviço da saúde e do bem-estar (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

As unidades funcionais que fazem parte dos ACES são: unidades de saúde familiar (USF), unidades de cuidados de saúde personalizados (UCSP), unidades de cuidados na comunidade (UCC), unidades de saúde pública (USP) e unidades de recursos assistenciais partilhados (URAP), podendo ainda existir outras unidades ou serviços que venham a ser considerados como necessários pelas Administrações Regionais de Saúde. Cada unidade funcional é constituída por uma equipa multidisciplinar com autonomia organizativa e técnica, estando garantida a intercooperação com as demais unidades funcionais do Centro de Saúde e do ACES (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011). O presente Decreto-Lei cria os agrupamentos de centros de saúde do Serviço Nacional de Saúde, designados por ACES, e estabelece o seu regime e funcionamento. O artigo 2.º, de natureza jurídica, refere três pontos:

- Os ACES são serviços de saúde com autonomia administrativa, constituídos por várias unidades funcionais, que integram um ou mais centros de saúde. - O centro de saúde componente dos ACES é um conjunto de unidades funcionais de prestação de cuidados de saúde primários, individualizado por localização.

- Os ACES são serviços desconcentrados da respetiva Administração Regional de Saúde, I. P. (ARS, I. P.), estando sujeitos ao seu poder de direção (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

São três os agrupamentos de Centros de Saúde (ACES) do Algarve: Barlavento, Central e Sotavento (Figura 3).

(23)

Fonte: http://www.arsalgarve.min-saude.pt

O ACES Barlavento engloba os centros de saúde de Aljezur, Lagoa, Lagos, Monchique, Portimão, Silves e Vila do Bispo, o Central inclui Albufeira, Faro, Loulé, Olhão e São Brás de Alportel e o agrupamento do Sotavento abarca Alcoutim, Castro Marim, Tavira e Vila Real de Santo António ( http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

O Centro de Saúde de Tavira está inserido no ACES do Sotavento Algarvio, sediado na cidade de Tavira e abrange seis freguesias com as respetivas extensões de saúde associadas. São elas: Luz de Tavira (Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Mar), Santa Luzia (Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Mar), Conceição/Cabanas (Unidade de Saúde Familiar Balsa), Santo Estêvão (Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Mar), Santa Catarina da Fonte do Bispo (Unidade de Saúde Familiar Balsa) e Cachopo (Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Mar) (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

A unidade de saúde familiar (USF) presta cuidados personalizados, garantindo a acessibilidade, a continuidade e a globalidade dos mesmos. Os cuidados de saúde prestados são individuais e familiares, os quais assentam em equipas multidisciplinares, constituídas por médicos, enfermeiros e pessoal administrativo. A equipa da unidade de cuidados de saúde personalizados (UCSP) presta cuidados personalizados, garantindo a acessibilidade, a continuidade e a globalidade dos mesmos. Esta equipa é composta por médicos, enfermeiros e administrativos. A unidade de cuidados na comunidade (UCC) é composta por enfermeiros, médicos, assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, terapeutas da fala e

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outros profissionais, consoante as necessidades e a disponibilidade de recursos. Esta unidade presta cuidados de saúde e apoio psicológico e social de âmbito domiciliário e comunitário, especialmente às pessoas, famílias e grupos mais vulneráveis, em situação de maior risco ou dependência física e funcional ou doença que requeiram acompanhamento próximo, e intervém ainda na educação para a saúde, na integração em redes de apoio à família e na implementação de unidades móveis de intervenção. O ACES participa, através da UCC, na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, integrando a equipa coordenadora local ( http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

À UCC compete constituir a equipa de Cuidados Continuados Integrados, prevista no Decreto-Lei n.º 101/2006, de 6 de Junho ( http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

A unidade de saúde pública (USP), funciona como observatório de saúde da área geodemográfica do ACES em que se integra, competindo-lhe, elaborar informação e planos em domínios da saúde pública, proceder à vigilância epidemiológica, gerir programas de intervenção no âmbito da prevenção, promoção e proteção da saúde da população em geral ou de grupos específicos e colaborar, de acordo com a legislação respetiva, no exercício das funções de autoridade de saúde.

A equipa da USP é composta por médicos de saúde pública, enfermeiros de saúde pública ou de saúde comunitária e técnicos de saúde ambiental, integrando ainda, em permanência ou em colaboração temporária, outros profissionais que forem considerados necessários na área da saúde pública (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

A unidade de recursos assistenciais partilhados (URAP) presta serviços de consultoria e assistenciais às unidades funcionais referidas nos artigos anteriores e organiza ligações funcionais aos serviços hospitalares.

A equipa da URAP é composta por médicos de várias especialidades, que não de medicina geral e familiar e de saúde pública, bem como assistentes sociais, psicólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, técnicos de saúde oral e outros profissionais não afetos totalmente a outras unidades funcionais. Todas as unidades têm um coordenador (http://www.arsalgarve.min-saude.pt, 2011).

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2.2 – CARATERIZAÇÃO DOS RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS

O edifício do Centro de Saúde de Tavira fica situado na cidade junto à estrada de Santa Luzia. É composto por dois andares, rés de chão e primeiro piso. Foi inaugurado em 1995 a 30 de Abril, encontrando-se em boas condições.

O horário de funcionamento é de segunda à sexta, sábados, domingos e feriados das 8:00 às 20:00.

A sua atividade é distribuída diariamente pela sede e pelas seis extensões. A extensão de saúde de Luz de Tavira tem um edifício próprio da ARS onde se desenvolvem as atividades diárias de segunda a sexta das 8:00 às 16:00, exceto à quarta em que o término é às 14:00 h. Possui rampa de acesso e lugar de estacionamento para deficientes. Em Cachopo o horário é das 8:30 h às 13:00 h de segunda a sexta, para a realização de pensos e injeções. O horário prolonga-se até às 14:00 h, nas instalações da Junta de Freguesia de Cachopo. Na extensão de Santa Luzia o funcionamento é de segunda a sexta, entre as 8:00 h e as 14:00 h, prolongando-se o serviço de enfermagem para a realização de pensos, injetáveis ou outros tratamentos até às 20:00 h. Em Santo Estêvão o horário é de segunda a sexta, das 8:00 h às 17:00 h. Na vila de Santa Catarina da Fonte do Bispo, as atividades são de segunda a sexta, das 8:00 h às 14:00 h e em Conceição de Tavira/Cabanas o funcionamento é de segunda a sexta das 8:00 h às 14:00 h.

As extensões possuem equipamento informático para registo de toda a informação sobre os utentes.

A estrutura física do Centro de Saúde é a seguinte: um hall de entrada bastante amplo, ao centro uma escadaria para o piso superior e um elevador, uma pequena divisão para a telefonista, instalações sanitárias para os utentes, uma sala de reunião. A unidade de Talabriga tem uma pequena divisão para arrumos, dois gabinetes e uma sala de enfermagem, um ginásio para os utentes e mais um gabinete para a fisioterapeuta e terapeuta ocupacional. Este Centro de Saúde possui quatro balcões e as respetivas unidades: primeiro balcão é a Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP) – Cuidados Paliativos, Consulta de Doenças Pulmonares (CDP) e Consulta Aberta, três gabinetes de enfermagem e três gabinetes médicos, ambos polivalentes. Estes gabinetes, por vezes são utilizados por outros médicos, diferentes enfermeiros ou técnicos de saúde (dietista, técnica de

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electrocardiografia, entre outros), dependendo da sua especialidade e da necessidade do serviço, num horário devidamente organizado e adaptado. No segundo balcão, encontra-se também a unidade Recursos Assistenciais Partilhados (URAP) – Pediatria e Psicologia Infantil, com três gabinetes de enfermagem e três gabinetes médicos também polivalentes, junto a estes dois balcões existem instalações sanitárias para os utentes. No terceiro balcão está a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Mar (UCSP), possui três gabinetes de enfermagem e três gabinetes médicos, o último balcão, o quarto, pertence também à Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados Mar (UCSP), é constituído por dois gabinetes de enfermagem e dois médicos e usufrui de uma sala de observação, bastante ampla com capacidade para duas ou três macas.

No rés-do-chão, junto ao primeiro balcão, existem duas salas onde se encontra a Saúde Pública e o Delegado de Saúde, Saúde ambiental e Higiene oral e ainda um pequeno espaço, para o bar que pode ser utilizado pelo público.

O Centro de Saúde de Tavira tem uma sala com material de consumo, uma sala para despejos, resíduos hospitalares e roupa suja, uma sala de tratamento de roupas, duas salas de instalações sanitárias para o pessoal de serviço, com duche, vestiários e casa de banho, uma sala de esterilização, uma sala de arquivo, uma sala de arrumos, uma sala de depósitos de cadáveres, uma sala de radiologia e uma sala de espera. Neste piso ainda se encontra a Unidade de Saúde Familiar Balsa com dois gabinetes médicos, um gabinete de enfermagem, duas salas de enfermagem, uma pequena casa de banho para o pessoal de serviço, uma sala com um balcão de atendimento, uma sala de espera e instalações sanitárias para os utentes.

No primeiro andar, ainda na Unidade de Saúde Familiar Balsa, há uma sala de espera para os utentes, um balcão de atendimento, uma sala de despejos, uma sala de vestiário, uma sala de tratamentos de enfermagem, cinco gabinetes médicos, um gabinete de enfermagem e uma sala de coordenação para a equipa.

Neste piso, encontram-se ainda, os serviços administrativos, com uma sala para a secretaria, seis gabinetes administrativos e instalações sanitárias.

Os gabinetes e salas de trabalho estão equipados com sistema de arrefecimento e aquecimento com ar condicionado.

Esta instituição de saúde apresenta condições de acessibilidade para utentes com condições especiais, como por exemplo: rampas de acesso e elevador.

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O Centro de Saúde de Tavira tem à sua volta bastante terreno com algumas árvores de fruto e de ornamentação. Ainda possui um parque de estacionamento amplo.

Nesta instituição, há ainda um pequeno edifício no exterior, onde se encontra o Gabinete do Utente, a Unidade de Sistema de Informação e Comunicação e uma ambulância, a operar 24h diárias, a SIV (Suporte Imediato de Vida) Tavira do INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica).

Os programas informáticos instalados nos computadores, que permitem gerir a informação são:

- Alert P1 (referenciação hospitalar)

- RAC – Registos Administrativos de Contacto (enfermeiros, médicos, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e nutricionista, desde janeiro de 2012)

- SAM – Serviço de Apoio ao Médico (registos clínicos e gestão da consulta médica)

- SAPE – Sistema de Apoio à Prática de Enfermagem (registos de enfermagem)

- SINUS – Sistema de Informação para Unidades de Saúde (dados estatísticos, registos de vacinação, marcação e agendamento de consultas, desde janeiro de 2012, este programa também está acessível para os enfermeiros)

É possível contactar o Centro de Saúde de Tavira telefonicamente. O hospital de referência é o Hospital Central de Faro, EPE.

No Centro de Saúde de Tavira o método de trabalhado é em Equipas Multidisciplinares, constituídas por 106 funcionários.

Os profissionais são: 31 Enfermeiros, 21 Médicos (dois são internos), 17 Assistentes Operacionais, 24 Assistentes Técnicos, 1 Técnico Informático, 8 Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (3 Técnicas de Radiologia, 1 Dietista, 1 Terapeuta Ocupacional, 1 Técnica de Higiene e Saúde Oral, 1 Técnica de Saneamento e Ambiente e 2 Fisioterapeutas) e 4 Técnicos Superiores (1 gestora, 1 psicóloga, 2 assistentes sociais). Existe ainda um segurança que desempenha funções das 20:00 h às 8:00 h, através de uma empresa privada.

Esta instituição recebe ainda vários técnicos de saúde para a realização de estágios, por exemplo: estudantes de enfermagem, medicina e fisioterapia.

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- Consulta de Pediatria

- Consulta de Cessação Tabágica - Consulta de Nutrição

- Consulta de Higiene e Saúde Oral - Consulta de Psicologia Infantil - Consulta de Psiquiatria

- Consulta de Doenças Pulmonares/ Tuberculose - Serviço de Saúde Pública

- Aulas de Preparação para o Parto - Realização de Exames Radiológicos - Realização de Electrocardiograma

- Tratamentos de Reabilitação Física Desenvolvimento da Psicomotricidade - Acompanhamento de Serviço Social

- Serviços Administrativos

- Colheita de sangue para análises clínicas para os utentes isentos e grávidas Neste Centro de Saúde existe uma Consulta Aberta que funciona no primeiro balcão na URAP, de segunda a sexta das 15:00 h às 20:00 h e aos Sábados, Domingos e feriados das 8:00 h às 20:00 h, para doenças agudas e para utentes sem médico de família e esporádicos.

A marcação das consultas pode efetuar-se de várias formas: - Marcação de consulta por telefone

- Marcação de consultas no próprio dia

- Marcação por iniciativa do utente por agendamento

- Marcação por iniciativa do médico/ enfermeiro por agendamento

O Centro de Saúde de Tavira desenvolve alguns projetos e programas, para que se consiga intervir de forma preventiva aos três níveis de prevenção na comunidade:

- Programa de Saúde Oral - Programa de Saúde Escolar

- Programa de Preparação para a Maternidade - Apoio Domiciliário Integrado

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Existem ainda programas mais recentes e específicos para crianças e jovens em risco, integrados na URAP:

- Eli Tavira – Equipa Local de Intervenção Precoce na Infância - GASMI – Grupo de Apoio à Saúde Mental Infantil

- NACJR – Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco

Foram estabelecidas algumas parcerias com instituições públicas, privadas ou de solidariedade social. Estas parcerias são efetuadas, através de cedência de pessoal, de transporte, de espaços físicos, bens ou financiamento. As instituições são:

- Câmara Municipal de Tavira

- Centro de Acolhimento Temporário (A Gaivota) - Estabelecimentos de ensino do município de Tavira - Fundação Irene Rolo

- Hospital de Faro, EPE

- Junta de Freguesia de Cachopo

2.3 – DESCRIÇÃO E FUNDAMENTAÇÃO DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

A Ordem dos Enfermeiros refere no Código Deontológico os deveres do enfermeiro e têm como finalidade garantir a qualidade dos cuidados de enfermagem ao cidadão.

Segundo a Ordem dos Enfermeiros (2005), o enfermeiro é responsável, para com uma comunidade, pela promoção da saúde e na resposta às suas necessidades em cuidados de enfermagem. O profissional tem o compromisso de conhecer as necessidades da população e da comunidade onde se encontra inserido; de participar na orientação da comunidade e na procura de soluções para os problemas identificados e ainda colaborar com outros profissionais em programas ou projetos que respondam às necessidades da comunidade.

As competências específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública, publicadas no Diário da República, 2.ª série – N.º 35 – 18 de Fevereiro de 2011, Regulamento n.º128/2011, artigo 4.º (http://www.dre.pt, 2011), são:

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- “Formula objectivos e estratégias face à priorização das necessidades em saúde estabelecidas ”

- “ Lidera processos comunitários com vista à capacitação de grupos e comunidades …”

- “ Integra nos processos de mobilização e participação comunitária, conhecimentos de diferentes disciplinas: enfermagem, educação, comunicação e ciências humanas e sociais”

- “ Procede à vigilância epidemiológica dos fenómenos de saúde – doença que ocorrem numa determinada área geodemográfica”

O enfermeiro especialista é detentor de quatro domínios de competências comuns: a responsabilidade profissional, ética e legal; a melhoria contínua da qualidade; gestão dos cuidados e o desenvolvimento das aprendizagens profissionais. Assim o Enfermeiro Especialista é possuidor de um conjunto de conhecimentos, capacidades e habilidades que mobiliza na sua prática diária clínica que lhe permitem identificar as necessidades de saúde de um grupo – alvo e intervir a todos os níveis de prevenção na vida quotidiana das pessoas (Ordem dos Enfermeiros, 2005).

A aquisição de competências prende-se com a capacidade do enfermeiro desenvolver e aprofundar os conhecimentos, as habilidades e como solucionar os problemas de diferentes complexidades que surgem diariamente no desempenho de funções.

Neste projeto foram mobilizadas competências comuns do Enfermeiro Especialista nos diferentes domínios e também competências específicas do Enfermeiro Especialista em Saúde Comunitária.

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3- ANÁLISE DA POPULAÇÃO/ UTENTES

3.1 – CARATERIZAÇÃO GERAL DA POPULAÇÃO/ UTENTES

O concelho de Tavira com nove freguesias, apresenta 26 167 residentes, sendo 13 348 do sexo feminino e 12 820 do sexo masculino, correspondendo respetivamente em percentuais a 51,01% e 48,99%. Este concelho reflete uma tendência semelhante à do país em que o número de mulheres é superior ao dos homens (http://www.ine.pt, 2011) (Figura 4 e 5).

FIGURA 4- População residente, por local de residência e por sexo no

concelho de Tavira

População Residente (N.º), por local de residência e por sexo no concelho de Tavira

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Portugal 10 561 614 5 015 710 5 514 218

Algarve 451 005 2 200 00 2 310 04

Tavira 26 167 12 820 13 347

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE), censos 2011

Na Figura 5 é possível observar uma pirâmide etária da população residente por idade e sexo no concelho de Tavira. É uma pirâmide etária envelhecida, pois verifica-se um decréscimo da população jovem (entre os 0 e os 24 anos) e um aumento significativo de idosos, a partir dos 65 anos de idade. É possível constatar que a população feminina está em vantagem numérica e na faixa etária a partir dos 65 anos o valor aumenta ao contrário dos homens, em que se observa uma diminuição.

FIGURA 5- Pirâmide da população residente por idade e sexo no concelho de Tavira

Fonte: INE (censos 2011)

No Centro de Saúde de Tavira estavam inscritos 28.689 utentes em 31/ 12/2010 (Figura 6).

Na pirâmide de utentes inscritos por sexo e por idade no CST é possível observar, uma vez mais, uma população envelhecida. A população feminina é a mais envelhecida, principalmente a partir dos 65 anos.

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FIGURA 6- Pirâmide de utentes inscritos por sexo e por idade no CST

Fonte: SINUS

O grupo etário com menos utentes inscritos no CST é o que corresponde a idades inferiores 1 ano, com 191 utentes. Entre os 25 e os 59 anos, os valores variam entre 1790 e 2186 de pessoas inscritas. A faixa etária com mais inscritos é a de idades superiores a 75 anos, com um total de 3538. Através destes valores é possível constatar que existe uma grande diferença entre a população infantil e jovem e a mais envelhecida, como se observa na Figura 7.

O envelhecimento deste concelho acompanha também a situação populacional de um país cada vez mais envelhecido.

O Centro de Saúde apresenta um maior número de pessoas inscritas (28 689), do que a população residente do concelho (26 167) que poderá dever-se à desatualização dos dados da instituição (utentes que faleceram e se mantêm no sistema informático ou que mudam de concelho e não informam os serviços de saúde).

FIGURA 7-Utentes inscritos por sexo e idade no CST em 31/12/ 2010

Centro de Saúde de Tavira

Grupo etário Homens Mulheres Total

< 1 ano 100 91 191 1 – 4 anos 528 472 1.000 5 – 9 anos 678 611 1.289 10 – 14 anos 668 637 1.305 15 - 20 anos 562 581 1.143 20 -24 anos 762 905 1.467

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25 -29 anos 928 914 1.842 30 - 34 anos 1.083 1.063 2.146 35 - 39 anos 1.195 991 2.186 40 - 44 anos 1.052 1.057 2.109 45 - 49 anos 1.015 961 1.976 50 - 54 anos 1.009 942 1.951 55 - 59 anos 929 861 1.790 60 - 64 anos 875 905 1.780 65 - 69 anos 742 783 1.525 70 – 74 anos 698 753 1.451 ³ 75 anos 1.528 2.010 3.538 Total 14.352 14.337 28.689 Fonte: SINUS

3.2 – CUIDADOS E NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA POPULAÇÃO - ALVO

A população é um conjunto de elementos (indivíduos, espécies, processos, um grupo, um comportamento, uma organização) que compartilham características comuns, definidas por um conjunto de critérios estabelecidos para o estudo (FORTIN, 1999, p. 41; 2009, p.309).

A população que é objeto de estudo é chamada “população alvo”.

A população alvo, deste projeto, é o grupo de 32 enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira e que exercem funções nas várias unidades e extensões de saúde (Figura 8).

Os enfermeiros são maioritariamente do sexo feminino, 24 enfermeiras, que corresponde a 88,9% e apenas 11,1% do sexo masculino, ou seja, 3 enfermeiros, como se pode observar na Figura 8.

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FIGURA 8- Distribuição dos enfermeiros do CST por sexo

Estes enfermeiros têm idades compreendidas entre os 25 e os 49 anos, sendo a média de 40,58 anos, conforme demonstra a Figura 9.

O grupo etário com mais enfermeiros situa - se entre os 40 e 44 anos de idade (Figura 9).

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Nos cuidados de saúde primários, a enfermagem integra o processo de promoção da saúde e prevenção da doença. Esta intervenção é conseguida através de: atividades de educação para a saúde, manutenção, restabelecimento, coordenação, gestão e avaliação dos cuidados prestados aos indivíduos, famílias e grupos que constituem uma dada comunidade.

A saúde no trabalho é muito importante para os indivíduos a quem o enfermeiro presta cuidados, mas também para o próprio profissional de saúde. Deverá ser então, uma atividade preventiva, focalizando – se na prevenção de lesões e/ou doenças para o trabalhador, podendo as mesmas afetá-lo a vários níveis: físico, psicológico e mental, em todos os tipos de trabalho/profissões. Desta forma é importante e necessário diminuir ou anular esses riscos (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

É necessário efectuar a prevenção dos acidentes de trabalho, de doenças profissionais dos enfermeiros (lesões músculo-esqueléticas), a sua participação quando ocorrem e o preenchimento de documentação adequada.

Pelo facto de não existir qualquer estudo nesta matéria, nesta instituição, é essencial a recolha de informação para se identificarem os problemas e necessidades e assim planear uma intervenção no âmbito da prevenção e da promoção da saúde no trabalho.

O diagnóstico da situação revelou, falta de informação e formação nesta área, o que contribui para a ocorrência de acidentes e lesões, e ainda a ausência de participação ao superior hierárquico e ao serviço de saúde. Foi ainda constatado que o CST e os outros centros do Algarve não possuem qualquer tipo de serviço na área de saúde no trabalho para os seus funcionários, não havendo consulta de enfermagem nem médica no trabalho.

A lei nº 102/ 2009 de 10 de Setembro de 2009, Diário da República, 1.ª série, N.º 176 (http://www.sg.min-saude.pt/sg/conteudos/legisaude/legis+cuidados, 2011), apresenta um Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho. Este regime obriga as empresas públicas ou privadas a efetuarem este tipo de serviço para os trabalhadores. O serviço é realizado através de uma consulta no trabalho por um médico com especialidade de medicina do trabalho e coadjuvado por um enfermeiro com experiência adequada (artigo 103º a 104.º, lei 102/ 2009). O artigo 104.º refere

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ainda que “as actividades do enfermeiro são objecto de legislação especial” e “constitui contraordenação grave a violação” a ausência do enfermeiro.

A ausência de dados estatísticos sobre esta problemática, também foi relevante e preocupante, pois não existe uma “cultura” de notificação da ocorrência, não sendo possível efetuar comparações ou evidenciar quais as áreas em que se deveria intervir.

Assim sendo, havia necessidade de efetuar uma intervenção no âmbito da prevenção primária no local de trabalho do enfermeiro. Esta prevenção visou diminuir os riscos ocupacionais, a proteção e promoção da saúde e o acesso aos serviços de saúde para os trabalhadores. É um direito assegurado por lei e uma obrigação do empregador e do serviço de saúde.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), segundo o Director-Geral Juan Somavia, considera que “ O principal objectivo de hoje é promover

oportunidades para que as mulheres e homens obtenham trabalho digno e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana.”

(http://www.ilo.org/global/lang--en/index.htm, 2012)

É assim, importante que o enfermeiro também tenha qualidade de vida no seu local de trabalho, que se sinta seguro e motivado e consequentemente ser ainda, um melhor cuidador.

3.3 – ESTUDOS SOBRE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO COM A POPULAÇÃO ALVO

No decorrer da pesquisa bibliográfica, foram encontrados alguns trabalhos relacionados com os acidentes de trabalho e as Lesões Músculo Esqueléticas (LME) ou Lesões Músculo Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT).

O Decreto de Lei nº 503/1999, 1ª série- A, Nº 271 publicado a 20 de Novembro de 1999, define como acidente de trabalho, todo o acontecimento súbito e imprevisto, sofrido pelo trabalhador, que se verifique no local de trabalho e in

itinere, em conformidade com a legislação vigente, ou quando o acidente de trabalho

se verifica no decurso da prestação de trabalho pelos trabalhadores da Administração Pública é considerado como “ Acidente de Serviço”.

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Apesar das medidas de prevenção e de segurança, o acidente de trabalho mais comum nos enfermeiros é a picada por agulha, segundo um estudo realizado pela Associação Americana de Enfermeiros (ANA), evidenciando que 700 dos enfermeiros questionados, 74% já se tinham picado com uma agulha, (http://www.enfermagempt.org, 2008).

A picada por agulha é uma punção acidental da pele provocada por uma agulha, que pode acontecer antes, durante ou após um procedimento de enfermagem, podendo surgir uma exposição acidental com sangue e/ou fluidos corporais. O stress, a carga horária excessiva e a necessidade de ter que trabalhar mais depressa são alguns dos fatores que propiciam este tipo de acidente (http://www.enfermagempt.org, 2008).

A exposição a um acidente por picada de agulha, objeto cortante, cortes, mordidas, ou respingos de sangue, contribui para o risco de infeção por vírus de transmissão parenteral como os das hepatites B (HBV), C (HCV) e da imunodeficiência humana (HIV), segundo a World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines (WGO, s/data).

Esta organização, refere que o risco de contrair HBV é entre 5 % a 40%, HCV é de 3% a 10% e o HIV é de 0,2% até 0,5%.

A prevalência do vírus HBV é maior no material de uso endovenoso com drogas, em homens homossexuais e na população de países em desenvolvimento. O da HCV é mais comum nos doentes politransfundidos, pacientes de diálise e nos indivíduos que usam drogas endovenosas. O vírus HIV é mais comum nos homossexuais, indivíduos que usam drogas injectáveis e em populações onde é considerado endémico (WGO, s/data).

A maioria dos acidentes por picada com agulha surge no momento de encapsular a agulha após a sua utilização, segundo a WGO e SOUNART (2008).

Desta forma, a medida ideal para evitar este tipo de acidente será, o de não encapsular a agulha, mas depositá-la diretamente e logo após a sua utilização, num recipiente adequado para o efeito, resistente a perfurações e rígido, devendo estar sempre acessível.

O uso de material de protecção individual, como as luvas, deve ser utilizado pelo enfermeiro. A máscara, avental e os óculos também devem ser colocados quando houver manipulação de materiais ou fluidos biológicos contaminados, por

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exemplo: sangue com o vírus HIV ou paciente com meningite bacteriana, sendo necessário para a sua proteção, de forma a diminuir o risco de contaminação.

Uma das formas de prevenção mais adequada para todos os profissionais que trabalham num hospital, centro de saúde ou que sejam trabalhadores da área da saúde, com risco de exposição acidental a sangue, é serem ser vacinados contra o HBV, segundo a WGO (s/ data).

À medida que o trabalho evolui e se torna mais dependente da técnica, como consequência, ocorre um maior desgaste físico e psíquico nos profissionais (STANHOPE & LANCASTER, 2011). Atualmente, são várias as exigências impostas pelas ocupações profissionais, o que proporciona um aumento do número de acidentes e doenças ocupacionais. Na maioria das vezes, é necessário realizar determinadas atividades no trabalho, que exigem sempre esforço de um mesmo grupo de músculos, durante horas, dias, meses e anos, acabando por causar Lesões Músculo Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT). Estas lesões resultam da ação de fatores de risco profissionais como a repetividade, a sobrecarga e/ou a postura adotada durante o trabalho (Direcção Geral da Saúde, 2008).

As lesões músculo-esqueléticas (LME) ou LMERT geralmente localizam–se no membro superior e na coluna vertebral, mas podem afetar diferentes partes do corpo, como por exemplo: pescoço e ombro, cotovelo, punho e joelho, dependendo da atividade de risco exercida pelo trabalhador (Direcção Geral da Saúde, 2008).

As LMERT são doenças inflamatórias e degenerativas do aparelho locomotor, manifestações ou síndromes que se instalam em determinados segmentos do corpo, como consequência da forma inadequada de trabalho e podem ser graves ou incapacitantes. Normalmente, atingem a faixa etária da população ativa e os seus sintomas manifestam–se pela dor localizada ou irradiada, parestesias, sensação de peso e fadiga ou desconforto localizado, sensação de perda ou mesmo perda de força (Direcção Geral da Saúde, 2008).

Na cidade do Porto, foi realizado outro estudo, que incluiu cinco hospitais, em que 84% dos inquiridos referiu que nos últimos doze meses, os trabalhadores enumeraram sintomas relacionados com problemas músculo-esqueléticos em diferentes regiões anatómicas; respetivamente 65% na região lombar, 55% na cervical, 37% na dorsal, 34% nos ombros e 30% nos punhos e mãos.

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GURGUEIRA (2003) efetuou, um estudo e os resultados obtidos demonstraram que as enfermeiras, que trabalhavam num hospital, com doentes com alto grau de dependência física, referiram com elevada ocorrência sintomas músculo–esqueléticos em diversas regiões do corpo num período de 12 meses (93%) e de sete dias (62%). Segundo ainda o mesmo autor existem estudos internacionais e europeus que confirmam estes dados, demonstrando assim, a importância deste problema entre os profissionais de enfermagem. Na Holanda (Engels JÁ & outros, 1994), referido no estudo anterior, revelou que a equipa de enfermagem de cuidados domiciliários, apresentou uma prevalência de 63% de queixas osteomusculares, similar a um outro estudo efetuado numa equipa de enfermagem do sexo feminino de um hospital na Suécia, onde a prevalência foi de 84%. As regiões mais referidas como responsáveis por sintomas músculo-esqueléticos nos últimos 12 meses, foi a lombar, que ocupou o primeiro lugar, seguida pelos ombros, joelhos e região cervical. Na Suécia (JOSEPHSON M & outros, 1997), também citado por GURGUEIRA (2003), divulgaram resultados semelhantes, onde os principais sintomas se referem à região lombar (65%), seguida pelos ombros (60%) e região cervical (53%). Numa outra pesquisa similar obteve a prevalência de sintomas na região lombar (56%), nos ombros (53%), na região cervical (48%) e nos joelhos (30%). Também LAGERSTROM M. (1995), referido por GURGUEIRA (2003), numa pesquisa realizada em pessoas cuidadoras de idosos, na Holanda, observou a presença de sintomas na região lombar (34%), na região cervical (23%) e nos ombros (19,5%).

Estudos internacionais têm revelado que as lesões músculo-esqueléticas são causadas por inúmeros fatores individuais, físicos e psicossociais.

No estudo de GURGUEIRA (2003), os resultados demonstraram que a ocorrência de sintomas músculos–esqueléticos em múltiplas regiões corporais é elevada, sendo a região lombar a mais afetada, seguida dos ombros, joelhos e região cervical. É devido à lombalgia, que se registou um maior absentismo no trabalho e a procura de uma consulta médica.

Os principais causadores de dor na região lombar estão relacionados com a mobilização e transporte de doentes, indicando que a prestação de cuidados diretos ao doente, pode ser um fator de risco para os enfermeiros.

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Fator de risco é algo do trabalho que pode provocar um efeito negativo na saúde do trabalhador, por exemplo: o uso excessivo de repetições de um mesmo movimento para a realização de uma tarefa. A tendinite, surge porque o músculo e o tendão são frequentemente utilizados, originando um processo inflamatório do tendão e da sua baínha. A exposição ao fator de risco ou ao perigo pode causar ou não, doença ou lesão, dependendo de vários fatores adicionais (Direção Geral da Saúde, 2008).

A “sobrecarga” a nível dos tendões, dos músculos, das articulações e dos nervos é considerado como um fator de risco importante, onde estão interligados vários elementos, tais como: relacionados com a atividade de trabalho; individuais, também chamados co- factores de risco; organizacionais/ psicossociais, muitas vezes abordados separadamente.

Todas as profissões, no geral, apresentam riscos. O risco é a existência de condições de trabalho capazes de afetar a segurança e o bem-estar dos agentes económicos (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

É necessário diminuir ou eliminar o risco, para proporcionar boas condições de trabalho, tendo sempre em conta a segurança e a saúde do trabalhador.

3.4- RECRUTAMENTO DA POPULAÇÃO- ALVO

A população alvo é constituída por todos os enfermeiros (32 indivíduos) que exercem funções no Centro de Saúde de Tavira, nas várias unidades de saúde.

Este grupo de pessoas foi escolhido com vista a obter informações relacionadas com a saúde no trabalho, no exercício das suas funções.

Os critérios de inclusão, que definiram a sua escolha foram: a profissão de enfermagem e desenvolverem a sua atividade no Centro de Saúde, em Tavira.

Dos 32 enfermeiros, 5 não responderam ao questionário por motivo de licença de maternidade (1), baixa médica (1) e férias (3).

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4 – ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE OS OBJETIVOS

O objetivo é o enunciado do resultado que se pretende atingir através das estratégias delineadas (as quais incluem um plano com várias atividades), de forma a alcançar uma meta e assim, em princípio, solucionar o problema identificado. É um fim que se pretende atingir, uma meta a alcançar (IMPERATORI  GIRALDES, 1982).

Segundo IMPERATORI  GIRALDES (1982) e TAVARES (1990, p.113) a elaboração de um objetivo deve ter em conta alguns aspetos pertinentes. Deve ser:

- Formulado de forma clara e precisa

- Pertinente e adequado à situação onde se quer intervir - Ser atingível, ou seja, concretizável

- Mensurável, de forma a conseguir avaliar corretamente à posteriori

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O projeto de intervenção comunitária “ Saúde no trabalho: promoção da saúde dos enfermeiros do CST”, foi considerado importante pela necessidade de se efetuar prevenção de acidentes de trabalho, doenças ou lesões, relacionadas com desempenho de funções de enfermagem.

A promoção da saúde tem o seu foco na prevenção primária, onde educar um grupo sobre comportamentos, pode ser eficaz para diminuir o risco, por exemplo: como prestar cuidados de enfermagem de forma correta, para evitar contrair LME.

Os três níveis de prevenção (primária, secundária e terciária) são igualmente importantes para indivíduos que apresentem possíveis compromissos físicos (STANHOPE & LANCASTER, 2011). A prevenção primária é dirigida aos indivíduos “saudáveis”, num período de pré-patogénese.

O conceito de promoção da saúde é multidimensional e aplica–se a todos os indivíduos, independentemente de possuírem ou não uma eventual incapacidade (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

É muito importante estabelecer comportamentos de promoção da saúde e prevenção da doença ao longo do ciclo de vida, assim o objetivo geral definido para o projeto foi:

 Promover a saúde dos enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira Para concretizar este objetivo foi necessário criar condições favoráveis e, a mais importante, foi o envolvimento e a colaboração da equipa de enfermagem desta instituição de saúde. A apresentação do diagnóstico da situação à equipa, a sua pertinência e a participação dos enfermeiros em todo o projeto contribuiu para alcançar o objetivo. A mobilização de parceiros e as condições físicas do estabelecimento foram essenciais para realizar todas as atividades previstas no cronograma e assim dar continuidade do projeto. Houve, desde sempre, uma necessidade constante de atualizar e aprofundar conhecimentos acerca desta temática.

Na fase inicial deste projeto, foi elaborado um cronograma para servir de guia de orientação de forma a conseguir atingir os objetivos delineados (Anexo A).

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As medidas adotadas para prevenir os acidentes de trabalho, dependem do tipo de atividade, do ambiente de trabalho e da tecnologia e técnicas utilizadas. A informação e formação estão na base da prevenção dos acidentes. Foram então definidos três objetivos específicos:

 Prevenir lesões músculo – esqueléticas inerentes à prática

profissional

Este objetivo é fundamental, porque permite abranger diferentes áreas de intervenção importantes para a prevenção de LME, por exemplo a Ergonomia.

O termo ergonomia deriva de duas palavras gregas: “ergos” que significa trabalho, e “nomos” que significa leis, traduzindo assim “leis do trabalho” (ROGERS, 1997). Segundo MONTMOLLIN (1990), a ergonomia é a utilização das ciências para melhorar as condições de trabalho humano, em simultâneo com a conceção de dispositivos técnicos, como por exemplo: máquinas, ferramentas, postos de trabalho, ecrãs, impressos, software… é ainda “ um estudo específico do trabalho humano”, com o objetivo de o melhorar, respondendo às seguintes questões: “ Quem

faz o quê?, “Como é que o faz?” e “Se poderemos fazer de melhor maneira?”, tendo

por base a organização do trabalho.

A ergonomia é a ciência que tem como objeto a conceção do trabalho e do posto de trabalho adaptados ao trabalhador e não o contrário (MONTMOLLIN, 1990 e ROGERS, 1997).

As lesões relacionadas com a ergonomia são, hoje cada vez mais, uma preocupação no posto de trabalho (ROGERS, 1997), levando atualmente muitas empresas/instituições a elaborar planos de prevenção e formas de promoção da saúde.

Se a ergonomia for aplicada corretamente, obtêm–se claramente vantagens para o trabalhador e para a empresa.

Os fatores de risco associados a problemas músculo-esqueléticos são vários, por exemplo: repetição da tarefa, a força exercida quando se realiza determinada tarefa, a posição incorreta efetuada pelo trabalhador, os riscos associados ao doente, ambiente, entre outros, promovem este tipo de lesão (Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, http://osha.europa.eu/pt, 2008).

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Existem várias técnicas adequadas que os enfermeiros devem utilizar, para a mobilização de doentes que podem prevenir LME, sem esquecer que os princípios básicos de execução deverão ser sempre cumpridos.

 Prevenir acidentes no local de trabalho

É importante que o profissional de saúde tenha sempre presente, que todo o doente é potencial portador de doença transmissível e que, por isso, deve ter sempre o cuidado de utilizar o equipamento de proteção individual adequado.

A exposição acidental em serviço, o material contaminado é um risco a que os profissionais de saúde estão sujeitos no seu dia-a-dia.

É essencial que o trabalhador tenha conhecimento sobre os seus direitos e deveres, da instituição onde exerce e ainda estar informado sobre a legislação em vigor.

Um outro aspeto importante passa pela necessidade de formação sobre Suporte Básico de Vida e Desfibrilhador Automático Externo. Na Europa, as doenças cardiovasculares, contribuem para 40% de todas as mortes em indivíduos com menos de 75 anos. E cerca de um terço das vítimas de Enfarte Agudo do Miocárdio morre antes de chegar ao hospital, a maioria na primeira hora após o início dos sintomas, segundo o Instituto Nacional de Emergência Médica (2011).

É de extrema importância que o enfermeiro que exerce funções, saiba como efetuar o Suporte Básico de Vida (SBV) e que também saiba manusear com segurança um Desfibrilhador Automático Externo (DAE), pois pode salvar uma vida. A Paragem Cárdio-Respiratória (PCR) pode acontecer no contexto de problemas primários da via aérea, respiratórios ou associada a patologia cardiovascular (sendo esta a causa mais frequente no adulto).

Segundo o INEM (2011), a informação e formação sobre Suporte Básico de Vida e Desfibrilhador Automático Externo, é considerada uma medida de prevenção coletiva e individual, para diminuir a exposição do risco para os profissionais (enfermeiros) e prevenir um acidente. Esta formação foi solicitada, oralmente e pessoalmente, várias vezes pelos enfermeiros do CST, devido à sua importância e à necessidade sentida por estes profissionais em adquirirem e/ou aperfeiçoarem a técnica.

Referências

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