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3.1 – CARATERIZAÇÃO GERAL DA POPULAÇÃO/ UTENTES

O concelho de Tavira com nove freguesias, apresenta 26 167 residentes, sendo 13 348 do sexo feminino e 12 820 do sexo masculino, correspondendo respetivamente em percentuais a 51,01% e 48,99%. Este concelho reflete uma tendência semelhante à do país em que o número de mulheres é superior ao dos homens (http://www.ine.pt, 2011) (Figura 4 e 5).

FIGURA 4- População residente, por local de residência e por sexo no

concelho de Tavira

População Residente (N.º), por local de residência e por sexo no concelho de Tavira

Portugal 10 561 614 5 015 710 5 514 218

Algarve 451 005 2 200 00 2 310 04

Tavira 26 167 12 820 13 347

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (INE), censos 2011

Na Figura 5 é possível observar uma pirâmide etária da população residente por idade e sexo no concelho de Tavira. É uma pirâmide etária envelhecida, pois verifica-se um decréscimo da população jovem (entre os 0 e os 24 anos) e um aumento significativo de idosos, a partir dos 65 anos de idade. É possível constatar que a população feminina está em vantagem numérica e na faixa etária a partir dos 65 anos o valor aumenta ao contrário dos homens, em que se observa uma diminuição.

FIGURA 5- Pirâmide da população residente por idade e sexo no concelho de Tavira

Fonte: INE (censos 2011)

No Centro de Saúde de Tavira estavam inscritos 28.689 utentes em 31/ 12/2010 (Figura 6).

Na pirâmide de utentes inscritos por sexo e por idade no CST é possível observar, uma vez mais, uma população envelhecida. A população feminina é a mais envelhecida, principalmente a partir dos 65 anos.

FIGURA 6- Pirâmide de utentes inscritos por sexo e por idade no CST

Fonte: SINUS

O grupo etário com menos utentes inscritos no CST é o que corresponde a idades inferiores 1 ano, com 191 utentes. Entre os 25 e os 59 anos, os valores variam entre 1790 e 2186 de pessoas inscritas. A faixa etária com mais inscritos é a de idades superiores a 75 anos, com um total de 3538. Através destes valores é possível constatar que existe uma grande diferença entre a população infantil e jovem e a mais envelhecida, como se observa na Figura 7.

O envelhecimento deste concelho acompanha também a situação populacional de um país cada vez mais envelhecido.

O Centro de Saúde apresenta um maior número de pessoas inscritas (28 689), do que a população residente do concelho (26 167) que poderá dever-se à desatualização dos dados da instituição (utentes que faleceram e se mantêm no sistema informático ou que mudam de concelho e não informam os serviços de saúde).

FIGURA 7-Utentes inscritos por sexo e idade no CST em 31/12/ 2010

Centro de Saúde de Tavira

Grupo etário Homens Mulheres Total

< 1 ano 100 91 191 1 – 4 anos 528 472 1.000 5 – 9 anos 678 611 1.289 10 – 14 anos 668 637 1.305 15 - 20 anos 562 581 1.143 20 -24 anos 762 905 1.467

25 -29 anos 928 914 1.842 30 - 34 anos 1.083 1.063 2.146 35 - 39 anos 1.195 991 2.186 40 - 44 anos 1.052 1.057 2.109 45 - 49 anos 1.015 961 1.976 50 - 54 anos 1.009 942 1.951 55 - 59 anos 929 861 1.790 60 - 64 anos 875 905 1.780 65 - 69 anos 742 783 1.525 70 – 74 anos 698 753 1.451 ³ 75 anos 1.528 2.010 3.538 Total 14.352 14.337 28.689 Fonte: SINUS

3.2 – CUIDADOS E NECESSIDADES ESPECÍFICAS DA POPULAÇÃO - ALVO

A população é um conjunto de elementos (indivíduos, espécies, processos, um grupo, um comportamento, uma organização) que compartilham características comuns, definidas por um conjunto de critérios estabelecidos para o estudo (FORTIN, 1999, p. 41; 2009, p.309).

A população que é objeto de estudo é chamada “população alvo”.

A população alvo, deste projeto, é o grupo de 32 enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira e que exercem funções nas várias unidades e extensões de saúde (Figura 8).

Os enfermeiros são maioritariamente do sexo feminino, 24 enfermeiras, que corresponde a 88,9% e apenas 11,1% do sexo masculino, ou seja, 3 enfermeiros, como se pode observar na Figura 8.

FIGURA 8- Distribuição dos enfermeiros do CST por sexo

Estes enfermeiros têm idades compreendidas entre os 25 e os 49 anos, sendo a média de 40,58 anos, conforme demonstra a Figura 9.

O grupo etário com mais enfermeiros situa - se entre os 40 e 44 anos de idade (Figura 9).

Nos cuidados de saúde primários, a enfermagem integra o processo de promoção da saúde e prevenção da doença. Esta intervenção é conseguida através de: atividades de educação para a saúde, manutenção, restabelecimento, coordenação, gestão e avaliação dos cuidados prestados aos indivíduos, famílias e grupos que constituem uma dada comunidade.

A saúde no trabalho é muito importante para os indivíduos a quem o enfermeiro presta cuidados, mas também para o próprio profissional de saúde. Deverá ser então, uma atividade preventiva, focalizando – se na prevenção de lesões e/ou doenças para o trabalhador, podendo as mesmas afetá-lo a vários níveis: físico, psicológico e mental, em todos os tipos de trabalho/profissões. Desta forma é importante e necessário diminuir ou anular esses riscos (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

É necessário efectuar a prevenção dos acidentes de trabalho, de doenças profissionais dos enfermeiros (lesões músculo-esqueléticas), a sua participação quando ocorrem e o preenchimento de documentação adequada.

Pelo facto de não existir qualquer estudo nesta matéria, nesta instituição, é essencial a recolha de informação para se identificarem os problemas e necessidades e assim planear uma intervenção no âmbito da prevenção e da promoção da saúde no trabalho.

O diagnóstico da situação revelou, falta de informação e formação nesta área, o que contribui para a ocorrência de acidentes e lesões, e ainda a ausência de participação ao superior hierárquico e ao serviço de saúde. Foi ainda constatado que o CST e os outros centros do Algarve não possuem qualquer tipo de serviço na área de saúde no trabalho para os seus funcionários, não havendo consulta de enfermagem nem médica no trabalho.

A lei nº 102/ 2009 de 10 de Setembro de 2009, Diário da República, 1.ª série, N.º 176 (http://www.sg.min-saude.pt/sg/conteudos/legisaude/legis+cuidados, 2011), apresenta um Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho. Este regime obriga as empresas públicas ou privadas a efetuarem este tipo de serviço para os trabalhadores. O serviço é realizado através de uma consulta no trabalho por um médico com especialidade de medicina do trabalho e coadjuvado por um enfermeiro com experiência adequada (artigo 103º a 104.º, lei 102/ 2009). O artigo 104.º refere

ainda que “as actividades do enfermeiro são objecto de legislação especial” e “constitui contraordenação grave a violação” a ausência do enfermeiro.

A ausência de dados estatísticos sobre esta problemática, também foi relevante e preocupante, pois não existe uma “cultura” de notificação da ocorrência, não sendo possível efetuar comparações ou evidenciar quais as áreas em que se deveria intervir.

Assim sendo, havia necessidade de efetuar uma intervenção no âmbito da prevenção primária no local de trabalho do enfermeiro. Esta prevenção visou diminuir os riscos ocupacionais, a proteção e promoção da saúde e o acesso aos serviços de saúde para os trabalhadores. É um direito assegurado por lei e uma obrigação do empregador e do serviço de saúde.

A Organização Internacional do Trabalho (OIT), segundo o Director-Geral Juan Somavia, considera que “ O principal objectivo de hoje é promover

oportunidades para que as mulheres e homens obtenham trabalho digno e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana.”

(http://www.ilo.org/global/lang--en/index.htm, 2012)

É assim, importante que o enfermeiro também tenha qualidade de vida no seu local de trabalho, que se sinta seguro e motivado e consequentemente ser ainda, um melhor cuidador.

3.3 – ESTUDOS SOBRE PROGRAMAS DE INTERVENÇÃO COM A POPULAÇÃO ALVO

No decorrer da pesquisa bibliográfica, foram encontrados alguns trabalhos relacionados com os acidentes de trabalho e as Lesões Músculo Esqueléticas (LME) ou Lesões Músculo Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT).

O Decreto de Lei nº 503/1999, 1ª série- A, Nº 271 publicado a 20 de Novembro de 1999, define como acidente de trabalho, todo o acontecimento súbito e imprevisto, sofrido pelo trabalhador, que se verifique no local de trabalho e in

itinere, em conformidade com a legislação vigente, ou quando o acidente de trabalho

se verifica no decurso da prestação de trabalho pelos trabalhadores da Administração Pública é considerado como “ Acidente de Serviço”.

Apesar das medidas de prevenção e de segurança, o acidente de trabalho mais comum nos enfermeiros é a picada por agulha, segundo um estudo realizado pela Associação Americana de Enfermeiros (ANA), evidenciando que 700 dos enfermeiros questionados, 74% já se tinham picado com uma agulha, (http://www.enfermagempt.org, 2008).

A picada por agulha é uma punção acidental da pele provocada por uma agulha, que pode acontecer antes, durante ou após um procedimento de enfermagem, podendo surgir uma exposição acidental com sangue e/ou fluidos corporais. O stress, a carga horária excessiva e a necessidade de ter que trabalhar mais depressa são alguns dos fatores que propiciam este tipo de acidente (http://www.enfermagempt.org, 2008).

A exposição a um acidente por picada de agulha, objeto cortante, cortes, mordidas, ou respingos de sangue, contribui para o risco de infeção por vírus de transmissão parenteral como os das hepatites B (HBV), C (HCV) e da imunodeficiência humana (HIV), segundo a World Gastroenterology Organisation Practice Guidelines (WGO, s/data).

Esta organização, refere que o risco de contrair HBV é entre 5 % a 40%, HCV é de 3% a 10% e o HIV é de 0,2% até 0,5%.

A prevalência do vírus HBV é maior no material de uso endovenoso com drogas, em homens homossexuais e na população de países em desenvolvimento. O da HCV é mais comum nos doentes politransfundidos, pacientes de diálise e nos indivíduos que usam drogas endovenosas. O vírus HIV é mais comum nos homossexuais, indivíduos que usam drogas injectáveis e em populações onde é considerado endémico (WGO, s/data).

A maioria dos acidentes por picada com agulha surge no momento de encapsular a agulha após a sua utilização, segundo a WGO e SOUNART (2008).

Desta forma, a medida ideal para evitar este tipo de acidente será, o de não encapsular a agulha, mas depositá-la diretamente e logo após a sua utilização, num recipiente adequado para o efeito, resistente a perfurações e rígido, devendo estar sempre acessível.

O uso de material de protecção individual, como as luvas, deve ser utilizado pelo enfermeiro. A máscara, avental e os óculos também devem ser colocados quando houver manipulação de materiais ou fluidos biológicos contaminados, por

exemplo: sangue com o vírus HIV ou paciente com meningite bacteriana, sendo necessário para a sua proteção, de forma a diminuir o risco de contaminação.

Uma das formas de prevenção mais adequada para todos os profissionais que trabalham num hospital, centro de saúde ou que sejam trabalhadores da área da saúde, com risco de exposição acidental a sangue, é serem ser vacinados contra o HBV, segundo a WGO (s/ data).

À medida que o trabalho evolui e se torna mais dependente da técnica, como consequência, ocorre um maior desgaste físico e psíquico nos profissionais (STANHOPE & LANCASTER, 2011). Atualmente, são várias as exigências impostas pelas ocupações profissionais, o que proporciona um aumento do número de acidentes e doenças ocupacionais. Na maioria das vezes, é necessário realizar determinadas atividades no trabalho, que exigem sempre esforço de um mesmo grupo de músculos, durante horas, dias, meses e anos, acabando por causar Lesões Músculo Esqueléticas Relacionadas com o Trabalho (LMERT). Estas lesões resultam da ação de fatores de risco profissionais como a repetividade, a sobrecarga e/ou a postura adotada durante o trabalho (Direcção Geral da Saúde, 2008).

As lesões músculo-esqueléticas (LME) ou LMERT geralmente localizam–se no membro superior e na coluna vertebral, mas podem afetar diferentes partes do corpo, como por exemplo: pescoço e ombro, cotovelo, punho e joelho, dependendo da atividade de risco exercida pelo trabalhador (Direcção Geral da Saúde, 2008).

As LMERT são doenças inflamatórias e degenerativas do aparelho locomotor, manifestações ou síndromes que se instalam em determinados segmentos do corpo, como consequência da forma inadequada de trabalho e podem ser graves ou incapacitantes. Normalmente, atingem a faixa etária da população ativa e os seus sintomas manifestam–se pela dor localizada ou irradiada, parestesias, sensação de peso e fadiga ou desconforto localizado, sensação de perda ou mesmo perda de força (Direcção Geral da Saúde, 2008).

Na cidade do Porto, foi realizado outro estudo, que incluiu cinco hospitais, em que 84% dos inquiridos referiu que nos últimos doze meses, os trabalhadores enumeraram sintomas relacionados com problemas músculo-esqueléticos em diferentes regiões anatómicas; respetivamente 65% na região lombar, 55% na cervical, 37% na dorsal, 34% nos ombros e 30% nos punhos e mãos.

GURGUEIRA (2003) efetuou, um estudo e os resultados obtidos demonstraram que as enfermeiras, que trabalhavam num hospital, com doentes com alto grau de dependência física, referiram com elevada ocorrência sintomas músculo–esqueléticos em diversas regiões do corpo num período de 12 meses (93%) e de sete dias (62%). Segundo ainda o mesmo autor existem estudos internacionais e europeus que confirmam estes dados, demonstrando assim, a importância deste problema entre os profissionais de enfermagem. Na Holanda (Engels JÁ & outros, 1994), referido no estudo anterior, revelou que a equipa de enfermagem de cuidados domiciliários, apresentou uma prevalência de 63% de queixas osteomusculares, similar a um outro estudo efetuado numa equipa de enfermagem do sexo feminino de um hospital na Suécia, onde a prevalência foi de 84%. As regiões mais referidas como responsáveis por sintomas músculo-esqueléticos nos últimos 12 meses, foi a lombar, que ocupou o primeiro lugar, seguida pelos ombros, joelhos e região cervical. Na Suécia (JOSEPHSON M & outros, 1997), também citado por GURGUEIRA (2003), divulgaram resultados semelhantes, onde os principais sintomas se referem à região lombar (65%), seguida pelos ombros (60%) e região cervical (53%). Numa outra pesquisa similar obteve a prevalência de sintomas na região lombar (56%), nos ombros (53%), na região cervical (48%) e nos joelhos (30%). Também LAGERSTROM M. (1995), referido por GURGUEIRA (2003), numa pesquisa realizada em pessoas cuidadoras de idosos, na Holanda, observou a presença de sintomas na região lombar (34%), na região cervical (23%) e nos ombros (19,5%).

Estudos internacionais têm revelado que as lesões músculo-esqueléticas são causadas por inúmeros fatores individuais, físicos e psicossociais.

No estudo de GURGUEIRA (2003), os resultados demonstraram que a ocorrência de sintomas músculos–esqueléticos em múltiplas regiões corporais é elevada, sendo a região lombar a mais afetada, seguida dos ombros, joelhos e região cervical. É devido à lombalgia, que se registou um maior absentismo no trabalho e a procura de uma consulta médica.

Os principais causadores de dor na região lombar estão relacionados com a mobilização e transporte de doentes, indicando que a prestação de cuidados diretos ao doente, pode ser um fator de risco para os enfermeiros.

Fator de risco é algo do trabalho que pode provocar um efeito negativo na saúde do trabalhador, por exemplo: o uso excessivo de repetições de um mesmo movimento para a realização de uma tarefa. A tendinite, surge porque o músculo e o tendão são frequentemente utilizados, originando um processo inflamatório do tendão e da sua baínha. A exposição ao fator de risco ou ao perigo pode causar ou não, doença ou lesão, dependendo de vários fatores adicionais (Direção Geral da Saúde, 2008).

A “sobrecarga” a nível dos tendões, dos músculos, das articulações e dos nervos é considerado como um fator de risco importante, onde estão interligados vários elementos, tais como: relacionados com a atividade de trabalho; individuais, também chamados co- factores de risco; organizacionais/ psicossociais, muitas vezes abordados separadamente.

Todas as profissões, no geral, apresentam riscos. O risco é a existência de condições de trabalho capazes de afetar a segurança e o bem-estar dos agentes económicos (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

É necessário diminuir ou eliminar o risco, para proporcionar boas condições de trabalho, tendo sempre em conta a segurança e a saúde do trabalhador.

3.4- RECRUTAMENTO DA POPULAÇÃO- ALVO

A população alvo é constituída por todos os enfermeiros (32 indivíduos) que exercem funções no Centro de Saúde de Tavira, nas várias unidades de saúde.

Este grupo de pessoas foi escolhido com vista a obter informações relacionadas com a saúde no trabalho, no exercício das suas funções.

Os critérios de inclusão, que definiram a sua escolha foram: a profissão de enfermagem e desenvolverem a sua atividade no Centro de Saúde, em Tavira.

Dos 32 enfermeiros, 5 não responderam ao questionário por motivo de licença de maternidade (1), baixa médica (1) e férias (3).

4 – ANÁLISE REFLEXIVA SOBRE OS OBJETIVOS

O objetivo é o enunciado do resultado que se pretende atingir através das estratégias delineadas (as quais incluem um plano com várias atividades), de forma a alcançar uma meta e assim, em princípio, solucionar o problema identificado. É um fim que se pretende atingir, uma meta a alcançar (IMPERATORI  GIRALDES, 1982).

Segundo IMPERATORI  GIRALDES (1982) e TAVARES (1990, p.113) a elaboração de um objetivo deve ter em conta alguns aspetos pertinentes. Deve ser:

- Formulado de forma clara e precisa

- Pertinente e adequado à situação onde se quer intervir - Ser atingível, ou seja, concretizável

- Mensurável, de forma a conseguir avaliar corretamente à posteriori

O projeto de intervenção comunitária “ Saúde no trabalho: promoção da saúde dos enfermeiros do CST”, foi considerado importante pela necessidade de se efetuar prevenção de acidentes de trabalho, doenças ou lesões, relacionadas com desempenho de funções de enfermagem.

A promoção da saúde tem o seu foco na prevenção primária, onde educar um grupo sobre comportamentos, pode ser eficaz para diminuir o risco, por exemplo: como prestar cuidados de enfermagem de forma correta, para evitar contrair LME.

Os três níveis de prevenção (primária, secundária e terciária) são igualmente importantes para indivíduos que apresentem possíveis compromissos físicos (STANHOPE & LANCASTER, 2011). A prevenção primária é dirigida aos indivíduos “saudáveis”, num período de pré-patogénese.

O conceito de promoção da saúde é multidimensional e aplica–se a todos os indivíduos, independentemente de possuírem ou não uma eventual incapacidade (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

É muito importante estabelecer comportamentos de promoção da saúde e prevenção da doença ao longo do ciclo de vida, assim o objetivo geral definido para o projeto foi:

 Promover a saúde dos enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira Para concretizar este objetivo foi necessário criar condições favoráveis e, a mais importante, foi o envolvimento e a colaboração da equipa de enfermagem desta instituição de saúde. A apresentação do diagnóstico da situação à equipa, a sua pertinência e a participação dos enfermeiros em todo o projeto contribuiu para alcançar o objetivo. A mobilização de parceiros e as condições físicas do estabelecimento foram essenciais para realizar todas as atividades previstas no cronograma e assim dar continuidade do projeto. Houve, desde sempre, uma necessidade constante de atualizar e aprofundar conhecimentos acerca desta temática.

Na fase inicial deste projeto, foi elaborado um cronograma para servir de guia de orientação de forma a conseguir atingir os objetivos delineados (Anexo A).

As medidas adotadas para prevenir os acidentes de trabalho, dependem do tipo de atividade, do ambiente de trabalho e da tecnologia e técnicas utilizadas. A informação e formação estão na base da prevenção dos acidentes. Foram então definidos três objetivos específicos:

 Prevenir lesões músculo – esqueléticas inerentes à prática

profissional

Este objetivo é fundamental, porque permite abranger diferentes áreas de intervenção importantes para a prevenção de LME, por exemplo a Ergonomia.

O termo ergonomia deriva de duas palavras gregas: “ergos” que significa trabalho, e “nomos” que significa leis, traduzindo assim “leis do trabalho” (ROGERS, 1997). Segundo MONTMOLLIN (1990), a ergonomia é a utilização das ciências para melhorar as condições de trabalho humano, em simultâneo com a conceção de dispositivos técnicos, como por exemplo: máquinas, ferramentas, postos de trabalho, ecrãs, impressos, software… é ainda “ um estudo específico do trabalho humano”, com o objetivo de o melhorar, respondendo às seguintes questões: “ Quem

faz o quê?, “Como é que o faz?” e “Se poderemos fazer de melhor maneira?”, tendo

por base a organização do trabalho.

A ergonomia é a ciência que tem como objeto a conceção do trabalho e do posto de trabalho adaptados ao trabalhador e não o contrário (MONTMOLLIN, 1990 e ROGERS, 1997).

As lesões relacionadas com a ergonomia são, hoje cada vez mais, uma preocupação no posto de trabalho (ROGERS, 1997), levando atualmente muitas empresas/instituições a elaborar planos de prevenção e formas de promoção da saúde.

Se a ergonomia for aplicada corretamente, obtêm–se claramente vantagens para o trabalhador e para a empresa.

Os fatores de risco associados a problemas músculo-esqueléticos são vários, por exemplo: repetição da tarefa, a força exercida quando se realiza determinada tarefa, a posição incorreta efetuada pelo trabalhador, os riscos associados ao doente, ambiente, entre outros, promovem este tipo de lesão (Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, http://osha.europa.eu/pt, 2008).

Existem várias técnicas adequadas que os enfermeiros devem utilizar, para a mobilização de doentes que podem prevenir LME, sem esquecer que os princípios básicos de execução deverão ser sempre cumpridos.

 Prevenir acidentes no local de trabalho

É importante que o profissional de saúde tenha sempre presente, que todo o doente é potencial portador de doença transmissível e que, por isso, deve ter sempre o cuidado de utilizar o equipamento de proteção individual adequado.

A exposição acidental em serviço, o material contaminado é um risco a que os profissionais de saúde estão sujeitos no seu dia-a-dia.

É essencial que o trabalhador tenha conhecimento sobre os seus direitos e deveres, da instituição onde exerce e ainda estar informado sobre a legislação em vigor.

Um outro aspeto importante passa pela necessidade de formação sobre Suporte Básico de Vida e Desfibrilhador Automático Externo. Na Europa, as doenças cardiovasculares, contribuem para 40% de todas as mortes em indivíduos com menos