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5.1- FUNDAMENTAÇÃO DAS INTERVENÇÕES

STANHOPE & LANCASTER (2011), referem que LAFFREY (1990) distinguiu os três conceitos: promoção de saúde, prevenção da doença e manutenção da saúde. A promoção de saúde é um comportamento direcionado para a obtenção de um nível de saúde elevado. A prevenção é um comportamento direcionado para a diminuição da ameaça de doença ou enfermidade. A manutenção da saúde é dirigida no sentido de manter um determinado estado de saúde.

A promoção da saúde centraliza–se em medidas positivas, como por exemplo: o ensino, educar ou formar pessoas saudáveis e na promoção de condições ambientais benéficas. A proteção específica inclui intervenções de diversa natureza, tais como a higiene, vacinação e eliminação de perigos em locais de trabalho, para reduzir o risco ou a ameaça de doenças específicas ou acidentes (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

Nos últimos anos, tem-se verificado um aumento de estudos realizados com trabalhadores, que apresentam problemas de saúde, incluindo os enfermeiros, o que tem permitido dar destaque aos acidentes e doenças de trabalho, dos quais são vítimas (MUROFUSE e MARZIALE, 2005).

Apesar das medidas de prevenção e de segurança, o acidente de trabalho mais comum na classe de enfermagem é a picada por agulha, segundo um estudo realizado pela Associação Americana de Enfermeiros (ANA), que acontece no momento de encapsular a agulha, como referido anteriormente (SOUNART, 2008).

As LME são um grave problema de saúde pública e dos mais graves para a saúde do trabalhador (MUROFUSE e MARZIALE, 2005).

Estas lesões, a nível mundial geram um grau de abstenção laboral muito elevado, promovendo o afastamento temporário e às vezes prolongado do trabalhador, originando elevados custos médicos, tratamentos como fisioterapia, medicamentos e indemnizações (STANHOPE & LANCASTER, 2011).

Os enfermeiros segundo as evidências, entre os trabalhadores da saúde, são os que mais risco têm para contraírem este tipo de lesões (ANDO et al., 2000; LAGERSTROM e tal., 1995 e JOSEPHSON et al., 1997, citados por GURGUEIRA, 2003).

As intervenções realizadas no projeto visaram a promoção e proteção da saúde dos enfermeiros que trabalham no CST. Foram direcionadas para a prevenção, com a diminuição dos riscos no local de trabalho e consequentemente uma redução dos acidentes de trabalho e das LME.

Para a concretização do projeto, foram realizadas as seguintes intervenções: 1. Reunião com a enfermeira chefe do CST;

2. Pesquisa bibliográfica sobre saúde ocupacional, saúde no trabalho, acidentes de trabalho e LME em enfermagem e respetiva legislação; 3. Obtenção do consentimento informado;

4. Elaboração do instrumento de recolha de dados;

5. Aplicação do questionário, tratamento e análise dos dados; 6. Realização de um plano de formação;

7. Elaboração de um questionário sobre o grau de satisfação dos formandos, após cada ação de formação;

8. Apresentação do Diagnóstico da Situação aos enfermeiros do CST; 9. Implementação do plano de formação no CST para os enfermeiros;

10. Elaboração de um dossier com informação em suporte de papel e com dois tubos secos, distribuído em cada unidade funcional;

11. Elaboração e afixação de dois posters para cada unidade funcional sobre o SBV e DAE;

12. Planeamento e implementação da consulta de enfermagem no trabalho aos enfermeiros do CST.

As intervenções referidas serão agora descritas, com mais pormenor para melhor compreensão do trabalho efectuado.

1. Reunião com a enfermeira chefe do CST

Esta reunião decorreu com a enfermeira chefe e a enfermeira especialista. Desta reunião, surgiu o ponto de partida para todo o trabalho desenvolvido, foi a partir dela que se soube qual seria a área de intervenção, neste caso na área de Saúde Ocupacional, mais concretamente Saúde no trabalho, onde está implícito a promoção da saúde na classe profissional de enfermagem.

Discutida a pertinência e exequibilidade do projeto, deu–se início à pesquisa bibliográfica e a todo o trabalho que envolve a execução de um projeto.

A enfermeira chefe reforçou o interesse no projeto por existir uma lacuna e ser necessária informação e formação adequada para os enfermeiros do CST de forma a promover a saúde.

2. Realização de pesquisa bibliográfica sobre saúde ocupacional, saúde no trabalho, acidentes de trabalho e LME em enfermagem e respetiva legislação

A palavra “biblio” significa livro, “grafia” é descrição ou escrita. As fontes de pesquisa são inúmeras, publicações impressas ou digitais, enciclopédias, periódicos, monografias, dissertações, teses, etc. A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de livros, artigos, documentários, mapas, fotos, entre outros. É a fase inicial de qualquer trabalho ou projeto. O objetivo é a localização de fontes para recolha de informação, de modo a obter dados informativos sobre um determinado tema ou assunto (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pesquisa, 2012).

3. Obtenção do consentimento informado

Após a reunião com a enfermeira chefe e, delineado que estava o projeto, os enfermeiros foram informados acerca do mesmo e de como poderiam colaborar. Foi solicitada a sua autorização através do consentimento informado.

O consentimento informado ou livre e esclarecido é um princípio ético, sobre o qual o investigador solicita a participação voluntária dos indivíduos, depois de os ter informado sobre o que lhes é pedido e para que fins a informação vai ser

utilizada. Após serem informados, numa linguagem compreensível, os sujeitos avaliam as consequências da sua participação e decidem se querem ou não participar livremente na investigação. O indivíduo deverá assinar o formulário de consentimento, se desejar participar livremente (FORTIN, 1999; 2009).

Este consentimento informado foi elaborado e entregue com cada pré–teste e posteriormente, junto ao questionário, de modo a que todos os enfermeiros, antes de responderem às questões, estivessem elucidados e informados adequadamente do porquê da necessidade da sua colaboração e que os resultados obtidos, apenas serão utilizados neste âmbito, de forma anónima e confidencial. Realçou-se que a sua participação era voluntária e que poderiam interromper ou recusar a qualquer momento a sua participação. Este consentimento era datado e assinado pelo enfermeiro que realizava a pesquisa e pelo enfermeiro que respondia ao pré– teste ou questionário, destacado e entregue ao indivíduo, ficando também uma cópia na posse do enfermeiro investigador (Anexo B).

4. Elaboração do instrumento de recolha de dados

O pré–teste é um instrumento de medida que consiste no preenchimento do questionário, por uma pequena amostra que reflita a diversidade da população visada, para verificar se as questões são bem compreendidas (FORTIN, 1999, 2009).

Este instrumento permite corrigir ou modificar o questionário, resolver problemas imprevistos e verificar a redação e a ordem das questões, antes de ser aplicado em maior escala. Solicita–se aos indivíduos que o preenchem, que anotem as alterações, críticas ou sugestões proferidas pelos sujeitos (idem).

O objetivo é avaliar a eficácia, a pertinência do questionário, se permite colher as informações desejadas, se não é muito longo, provocando desinteresse, se existem questões ambíguas, se é bem compreendido em termos de semântica e se é de fácil compreensão (FORTIN, 1999; 2009).

O pré-teste foi aplicado no Centro de Saúde de Vila Real de Santo António a 8 enfermeiros de várias unidades funcionais.

Após a verificação deste, concluiu–se que era necessário alterar a ordem de algumas questões, subtrair e acrescentar novas questões de forma a conseguir recolher a informação pretendida.

As alterações não modificaram a estrutura básica do instrumento de colheita de dados.

5. Aplicação do questionário, tratamento e análise dos dados

O questionário é um método de colheita de dados muito utilizado. Normalmente, é formado por com conjunto de questões que necessita das respostas escritas pelos sujeitos. Foi preenchido pelos próprios enfermeiros, sem assistência e permite avaliar as atitudes, as opiniões ou outra informação, garantindo o anonimato. (FORTIN, 1999; 2009).

O questionário aplicado manteve sempre o anonimato e a confidencialidade, pois, após o seu preenchimento, este era colocado dentro de um envelope, identificado para tal. Foi distribuído pelos enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira e foi aguardada a sua entrega até três semanas e meia, posteriormente foram recolhidos e analisados (Anexo C).

O instrumento de colheita de dados utilizado foi a versão adaptada do Questionário Nórdico Músculo – Esquelético (Kuorinka et al., 1987), citado por SERRANHEIRA et al. (2003).

As variáveis independentes são: o sexo, a idade, a categoria profissional, as variáveis dependentes incluem: o conhecimento do protocolo de atuação após exposição acidental a material potencialmente contaminado, sendo dicotómica (sim ou não), a sua acessibilidade a que foi atribuído três níveis (muito acessível, pouco acessível e nada acessível), a utilização de todos os procedimentos na prevenção de acidentes, o acidente de trabalho, a sua participação (sim ou não), as áreas de desconforto, a intensidade de desconforto para cada zona corporal nos últimos 12 meses. Para a intensidade de desconforto foram atribuídos quatro níveis (1- leve, 2- moderado, 3- intenso e 4 insuportável), as restantes variáveis são dicotómicas (sim ou não, direito e/ou esquerdo, quando aplicável).

As questões contidas no instrumento de colheita de dados são: fechadas, de escolha múltipla e abertas. As perguntas fechadas são: claras, simples, concisas, fáceis de compreender, preencher, tratar, interpretar e quantificar.

Nas questões de escolha múltipla, o enfermeiro tinha sempre a possibilidade de enumerar mais uma solução que não estivesse descrita (outro? qual?), perguntas com resposta aberta (onde se incluíam as principais dificuldades encontradas na participação de um acidente de trabalho, quais os fatores que podem influenciar ou contribuir para os acidentes de trabalho e os temas que gostaria de ter em formação em serviço), o inquirido tinha a possibilidade de responder manifestando a sua opinião de forma não condicionada.

O programa software/informática Microsoft Office Excel 2010, foi o escolhido para realizar a análise estatística. A elaboração de quadros e gráficos foi também realizada neste programa.

A análise dos questionários foi efetuada recorrendo a distribuições de frequências das variáveis, com ênfase sobre a acessibilidade ao protocolo, a utilização de todos os procedimentos na prevenção de acidentes de trabalho/serviço, dificuldades na participação de um acidente de trabalho/ serviço, fatores que podem influenciar/contribuir para o acidente de trabalho/serviço, temas referidos pelos enfermeiros para a formação em serviço, enfermeiros com lesões músculo- esqueléticas nos últimos 12 meses, enfermeiros impedidos de realizar o seu trabalho normal, devido a lesões músculo- esqueléticas (LME), frequência de afetação nos segmentos corporais, nível de intensidade do incómodo/dor nos últimos 12 meses e o total de lesões, em cada unidade funcional do Centro de Saúde de Tavira.

O Diagnóstico da Situação surgiu da aplicação do questionário e a análise dos dados obtidos.

O questionário foi distribuído pelos trinta e dois enfermeiros do Centro de Saúde de Tavira (n = 32), durante três semanas e meia, tendo sido recolhidos e analisados 27, o que corresponde a 84,38%.

Os resultados serão apresentados segundo a sequência das variáveis contidas no questionário.

Como se pode observar na Figura 10, verifica–se que os anos de serviço se situam entre o mínimo de menos 5 anos e um máximo igual ou superior a 26 anos. O maior número de enfermeiros a exercer funções (12) situa–se entre os 16 e 20 anos de serviço, a seguir entre os 11 e os 15 anos no ativo com 7 enfermeiros, em terceiro é a faixa de 21 a 25 anos contendo 4 enfermeiros. Existem 2 enfermeiros com menos de 5 anos de prática, um entre 5 a 10 anos de profissão e um com mais de 26 anos.

FIGURA 10. Anos de exercício laboral

Os enfermeiros (21) trabalham em média 35 horas semanais. Existem 2 enfermeiros que laboram 25 horas por semana (mínimo), no entanto, existe 1 com 39 horas, 1 com 42 horas, 1 outro que faz 48 horas e ainda 1 enfermeiro com 54 horas semanais em média (máximo), como se pode constatar na Figura 11.

FIGURA 11. Horas de trabalho por semana

Desta forma, 4 enfermeiros apresentam algum excesso de carga horária (mais de 35 horas semanais), transformando–se num possível fator de risco para a ocorrência de um acidente de trabalho ou para o aparecimento de LME, dependendo também do tipo de funções que desempenha e do seu local de trabalho. Segundo LISPSCOMB et al. (2002) e TRINKOFF et al. (2006), trabalhar mais de 12h diárias

e mais de 40h semanais, está associado um aumento do risco de lesão em três regiões do corpo (pescoço, ombros e região dorsal).

A Figura 12 mostra a distribuição dos enfermeiros pelas unidades funcionais do CST.

A unidade funcional com mais enfermeiros (11) é a UCC, seguida da UCSF com 8, a UCSP tem 6, a UG 1 enfermeiro e 1 também para a USP.

FIGURA 12. Distribuição dos enfermeiros pelas unidades funcionais do CST

Após a análise da Figura 13 e, segundo os valores do IMC, verificou–se que 16 enfermeiros, a maioria, apresentam peso normal, 8 estão pré–obesos, 2 têm baixo peso e apenas 1 apresenta obesidade grau I. Segundo um estudo realizado por MAGNAGO et al. (2010), este registou que os indivíduos que possuíam uma classificação de obesos pelo IMC, apresentavam uma maior prevalência de LME nas regiões dos cotovelos, coluna lombar, coxas, joelhos e tornozelos. Este estudo coincide com as queixas (dor moderada a intensa na coluna cervical, coluna dorsal, lombar, ancas, coxas, pernas/joelhos, tornozelos/pés) referidas pelo enfermeiro que tem obesidade grau I.

FIGURA 13 . Distribuição dos enfermeiros pelo IMC

A obesidade está descrita pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como sendo a nova epidemia do séc. XXI, dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, a qual é uma preocupação a nível mundial.

A obesidade é uma síndrome multifatorial, uma vez que a variação da massa gorda é causada pela interação complexa de fatores genéticos, nutricionais, gastos energéticos e variáveis sociais e psicológicas (FONTOURA et al., 1991).

O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma fórmula simples, para identificar o grau de obesidade de uma pessoa. Através do IMC é possível saber se alguém está acima ou abaixo dos parâmetros ideais de peso para a sua estatura (Anexo D).

No que concerne à mão dominante no desempenho de funções, verificou–se que 23 enfermeiros, utilizam a mão direita como dominante para efetuar as suas tarefas diárias, 3 são esquerdinos e apenas um é ambidextro (Figura 14).

Relativamente ao facto de terem ou não o seu boletim individual de saúde atualizado, todos os enfermeiros, responderam que o mesmo estava atualizado, o que demonstra preocupação com a prevenção da doença.

A vacinação é o meio mais eficaz e seguro de proteção contra certas doenças. A vacina proporciona ao indivíduo imunidade. Pode acontecer, a imunidade não ser total, mas o indivíduo apresenta uma maior resistência à doença, mesmo que venha a contrair a mesma, esta não se manifesta de forma muito agressiva (Ministério da Saúde, 2012).

Em algumas situações, para ficar devidamente protegido é necessário receber várias doses da mesma vacina, para garantir a sua eficácia ou noutras situações é preciso receber doses de reforço, normalmente para toda a vida, como por exemplo, o reforço do Tétano e Difteria, que a partir dos 10 anos de idade é necessário continuar com intervalos de 10 anos até final da vida (Ministério da Saúde, 2012).

Este reforço está contemplado no Plano Nacional de Vacinação e é gratuito para toda a população, de forma a prevenir e a proteger o indivíduo e a comunidade evitando a transmissão da doença. A vacinação tem benefícios individuais e coletivos com baixos custos (Ministério da Saúde, 2012).

Quando questionadas acerca de terem ou não conhecimento do Protocolo de atuação após exposição acidental a material potencialmente contaminado, verificou- -se que apenas 2 enfermeiros não tinham conhecimento e 25 sabiam da sua existência (Figura 15).

FIGURA 15. Tem conhecimento sobre o PAEAMPC

Em relação à acessibilidade, 18 enfermeiros referem que está pouco acessível, 6 muito acessível, 2 não respondem e 1 diz não estar nada acessível (Figura 16).

FIGURA 16. Acessibilidade ao protocolo

A acessibilidade não significa apenas permitir que pessoas portadoras de deficiências participem em atividades que incluem o uso de produtos, serviços, informação, serviços e informação, mas a inclusão e extensão do uso destes por toda a população, sem restrições. Atualmente, não se limita apenas aos edifícios, zonas urbanas, transportes, mas também, o acesso à informação, quer seja através da internet, televisão, livros, entre outros, mesmo sem os indivíduos serem portadores de qualquer deficiência, é um direito que lhes assiste, segundo a World Wide Web Consortium (W3C) (http://www.w3.org/WAI/, 2011).

A acessibilidade trata do acesso a determinados conteúdos, ao maior e mais diverso número de pessoas possível, neste caso em concreto, a informação. Os enfermeiros neste CST, não estão devidamente informados de que existe um protocolo e do seu conteúdo, como se pôde verificar na Figura 16.

É importante que a informação seja acessível a todos, sempre que necessário, de uma forma eficaz e rápida. É fundamental divulgar a existência do protocolo, a informação que contém e o local onde encontra, para que a barreira de acesso seja quebrada.

Na prevenção de acidentes, 23 utilizam todos os procedimentos necessários e 4 referem não utilizar.

FIGURA 17. Utiliza todos os procedimentos na prevenção de acidentes de

Uma estratégia para minimizar a exposição do trabalhador a substâncias nocivas é o uso do equipamento de proteção individual, de forma a eliminar o risco.

O equipamento de proteção individual só é eficaz se for adequado, resistente e se os trabalhadores o usarem regularmente ( ROGERS, 1994).

Segundo, ROGERS (1994, p.208) a necessidade de utilização deste equipamento tem em conta quatro aspetos importantes:

1. “Selecção do tipo adequado de dispositivo de protecção;

2. Adequação do trabalhador ao equipamento e às instruções sobre a utilização conveniente deste;

3. Execução das normas criadas; e

4. Um sistema eficaz de cuidados de higiene e manutenção do equipamento.”

Para que a utilização do equipamento seja aceite pelo trabalhador, há que nos certificarmos se os funcionários compreendem porque razão é necessária a proteção, para que eles percebam a necessidade de a utilizar. Relativamente à proteção, outro aspeto a ter em conta é a facilidade e conforto com que pode ser utilizada. É também importante que o uso da proteção seja feita adequadamente (Rogers, 1994).

Verifica–se que nos nos últimos 12 meses, 25 não tiveram acidentes e 3 enfermeiros sofreram acidentes de trabalho. A Figura 18, mostra que 2 acidentes ocorreram por picada e 1 por objeto cortante.

Em relação às sequelas devido a um acidente de trabalho, 2 enfermeiros responderam que ficaram com lesões mas, não especificaram qual.

FIGURA 18. Tipo de acidente

O Decreto de Lei nº 503/ 99 de 20 de Novembro, define como acidente de trabalho, todo o acontecimento súbito e imprevisto, sofrido pelo trabalhador, que se verifique no local de trabalho e in itinere, em conformidade com a legislação vigente, ou quando o acidente de trabalho se verifica no decurso da prestação de trabalho pelos trabalhadores da Administração Pública é considerado como “ Acidente em Serviço”.

Contudo, a lei admite algumas extensões deste conceito, considerando também como acidentes de trabalho, certos acidentes ocorridos fora do local de trabalho ou tempo de trabalho e na ida para o local de trabalho ou no regresso deste, tais como: execução de trabalhos, frequência de cursos e reuniões, (Base 5, nº 2 e decreto regulamentar 360/71. de 21/8. Artºs 10º e 11º).

Na Figura 19, é possível observar que dos 3 acidentes ocorridos, apenas foi efectuada a participação de 1 acidente, por picada por agulha. O único acidente participado, foi efetuado nas primeiras 24 horas.

Relativamente aos restantes 2 acidentes não participados, um foi pelo fato do enfermeiro não o ter considerado de elevada gravidade e o outro devido ao excesso de burocracia inerente ao processo.

É muito importante que o acidentado faça a participação do seu acidente de trabalho porque, normalmente, existe sempre mais do que um fator desencadeante, ou seja, apresenta causalidade múltipla. É essencial haver registo dos acidentes, para que a saúde no trabalho possa ter dados suficientes para caraterizar detalhadamente as circunstâncias que contribuíram para a ocorrência do acidente. Será através desta informação que se poderá adotar medidas corretivas e de prevenção, de modo a evitar acidentes semelhantes no futuro.

A participação também deve ser feita para salvaguardar e proteger a saúde do trabalhador, devido a possíveis sequelas (temporárias ou permanentes) que possam ter como causa o acidente, e/ou para eventuais tratamentos ou medicamentos que sejam necessários e para a recuperação e reabilitação do trabalhador. Ainda, se necessário, para receber indemnizações, que poderão ser: prestações em dinheiro (renumeração e outras regalias) ou prestações em espécie (tratamentos, cirurgias, tratamentos termais, próteses, ortóteses, fisioterapia, transporte, estadia, ocupação em funções compatíveis com o respectivo estado, formação profissional, a adaptação ao posto de trabalho), previsto no Decreto - Lei n.º 503/ 99 (http://www.dgap.gov.pt).

Em relação ao tempo que o enfermeiro tem para participar o acidente em serviço, 20 responderam que sabem e 7 disseram que não sabiam (Figura 20).

FIGURA 20. Sabe quanto tempo tem para fazer a participação

O trabalhador ou alguém que o represente, tem um prazo de dois dias úteis para participar o acidente por escrito ou verbalmente ao superior hierárquico.

A participação deve ser feita num impresso próprio para tal (Decreto - Lei n.º 503/ 99).

As principais dificuldades enumeradas pelos enfermeiros, para a não participação de um acidente de trabalho, foram: excesso de burocracia (7 respostas),