/
Universidade
de
Evora
Departamento
de
Histórta
III
Curso
de
Mestrado
em
Estudos
Históricos
Europeus
DEBATES DO
PARLAMENTO
ET]ROPEU
A
importância
da
cultura
e da
cooperação
cultural para
a
identidade
europeia
-
1993
-
2004
Carlos
Alberto
Rosado
Padilha
Orientador:
Professor
Doutor
Pedro
Lains
Érora
Maio
de 2007
IJB
Universidade
de
Évora
Departamerúo
de
História
III
Curso
de
Mestrado
em
Estudos Históricos Europeus
DEBATES
DO
PARLAMENTO
importância
da cultura
e da
co
p"iu
a
identidade europeia
-
1993
EUROPEU
A
operação
cultural
-
2004
Carlos
Alberto
Rosado Padilha
,tá{
{lt,g
Dissertação
de
Mestrado,
apresentada
à
Universidade
deÉ;*"
-;;"
obtenção
do
grao
de
Mestre
em
EstudosHistóricos
EuroPeus.o6Esta dissertação não inclui as cúicas e sugestões feitas pelo
júri"
Orientador:
Professor
Doutor
Pedro Lains
Évora
Íxorcn
Resumo...
6 7Prólogo
9Introdução
I
Parte
-
A
Dinâmica
cultural
no Processo deconstrução
Eurcpeia
181.
Breve HistóÍiadaUnião
Europeia""
.18
2.
uniâo
Europeia e Estado-nação:um
equilíbrioinstável?...' """"'
293.
CidadaniaEuroPeia..
394.
IdentidadeEuroPeia..
M
5.
CutturaEuroPeia...
546.
Acçãoculttral
da UniãoEuropeia'
607.
O ParlameúoEuroPeu
687l
Aíleemeevoluçito
68 T.2ComPosição doPadamento
7L 7 .3 Oryanizaqão e Funcionamento'"
" "
"
72 T.4 As ComissõesParlamelrtares""""""
73T.5AComissãopaÍaaCultura,aJuve'lrtude,aEducação'osMeiosde
Comunicação Social e os
Desportos""""'
747.6
OpÍoçessolegislativo.
"""""""'
78 7.7 Polrticadacultura.
80 7.8 Os Relatórios "cultLlra" do ParlamentoEuropeu"'
85II
Parte-
Os Debates doParlamento
Europeu"""
9l
Capítulo
1-A§
Propostasda
ComissâoEuropeia""""""
9l
1.
Programa CaleidoscóPio."9l
2.
ProgramaAriane...
974.
hogramaRafrel...
5.
Capitat Europeia da Cultura.-.6.
Programa Cultura2000...-...
7.
Promoção de Organismos no domúrio da cuttura..8.
Conclusão.Capítuto
2-
Llniciativa
doParlrmento Europeu.-....
l.
Polftica comunitrâria naáteada cultura.106 120 130 142
t46
148 1482.
As fimdações eaEuropa...
1533.
Minorias lingrrísticas ecútrnais...
t54
158
L6t
4.
A
sociedade da informação, a cultura e a educação5.
O papel das bibliotecas na sociedade rnoderna...6.
Património mundial, cultural e natural nos Estados daunião
Europeia...
l«
7
.
As novas fronteiras do linro: edição electrónica e edição'bn
demand". .....
1 688.
Cooperação culturalnaUnião...
170g.
O teatro e as artes.do espectaculo numa Europaalargada"
17310. Línguas e diversidade cultural no contexto do alargamento 176
I1.
As indúsúias culturais... 18112. Acesso à
cuttura...
186 13.Conclusão
190 Conclusâot92
Fontes 200Bibliografia
201Anexos...
207.Reflectir
sobreo
significado daHistória
Europeia e sobne a validade doconceito
de cultura
europeianão
constitui
um
exercício
estéril Bem
pelocortrário,
é peto e)a1rtre das trajectórias históricas e imelectuais que fizeram daEuropa
o
que ela é hoje, é considerando que a identidade europeia remete maispara
uma atitude
fundamelrtaldo
qge para uma 'lada cultgra, que
convémreflectir
na noçÍto de união, naquilo que estaorclui
e naquilo que subentende.Construir
uma união sobreoutra
coisa que não seja rrm co4iüIÚo devalores-chave não parece ser um projecto válido: pensar que a liberdade, o pluralismo,
a
promoção
de
umaiu§tlça social
devemguiar
a
teualizaçáoda
construçãoetnopeia
irylicq
pelo
contrário,
9w
se
sqperemos
conceitostímidos
quemuitas vezes te,mos tendência a apresentar
corlo
intransponíveis'"REST]MO
Co4reender
a
génesee
o
desenvolvimento da.s polfticas culturais daUnião
Europeia após a base legal que lhesfoi
dadapelo Tratado
de Maa,sticht éo principal
objectivo destetrúalho,
gw
começapr
hzsr
uma
análisedos relatórios
e
dos
debates doParlameúo Etnopeu
€Dtre1993
e
2004,
procurando perceberqual
é
o
papelqu€
oParlamento Europeu
af:ibui
à culhga,o
processo negocial que deu origem às iniciativasculturais
e
os
argum€,!úos contrae
a
fivor
da
culturacoÍro
elemeÚo de integração eo;taqão de uma idelrtídade europeia
ABSTRACT
European
parliament
Debates-
The
impoúance
of the cultune andthe
cultural
cooperation
for
the europeanidentity
To
comprehend thehginning
anddevelopmeú of
the culturalpolitics
of
the EuropeanUnion
afterúe
legal basis grven by the Maastricht Treafy is the rnain goalof
thiswork,
which
beginswith
an
analyseof
the
re,ports and debatesof
the
Europen
Parliamentbetw@n
1993and
20A4,trying
to
understandthe role that
this
instittúion
assignsto
culfire, the
negotiaÍion
processthat gave
place
to
the cultural
initiaÍives and
theargqmelrts
for
and
againstcultue
as
an
integration
factor
and
the
búding
of
anrnór,oco
A
escolha deste tema para o trabalho de investigação queeryreendi
deve-se, emprimeiro
lugar, ao meu
interesse pelaEwopa e
pelos
seus aspectos culturais, assimcomo
à
cnriosidadeque
a União
Ernopeia,
enquanto oryaaizaçáa internacional comcaracterísticas
muito próprias,
tem
deqpertado em mim-Em
segundolWar,
optei por
estudar questões de natureza
polÍtico-cultrnal
duranteum
período basante recente dahistória da União Europeia porque tinha muita vontade de perceber o papel que a cuhura
tem
tido
no discutto polÍtico, na
produçãojurídica
s
na
implementação de programasculturais que pretendem dar
a
conhecerurma image,m daEtropa
e da Uniãojunto
doscidadãos
e,
simultanearnente,servirem
como
pontos
de
referência
e
elos
de soüdariedade entre os povos daEuropa
Finalmente, atende,lrdo a que os estudos sobre aUnião
Europeiatêm incidido,
principalmenteÍas
suas vertentes çconómica e jurídica, embora em anos mais recentes tenhamos assistido a um aume,nto gradual de publicaçõessobre aspectos culturais, e,ntendo
que
é
preciso continuara
investir
neste campo deforma
a orplorar as inrimems potencialidades que nos são oferecidas e que, cetrtaüEnte,contribuirão para um melhor entendimento da União Europeia e da importância que esta tem vindo a
adquiú
naüda
de todos nós.Em
seguida gostaria de agradecer a todos os que directaou
indirectamente meajudaram
na
rcaliz.ação destetabalho.
Ao
professorDoúor
Pedro Lains, pela
suapaciênci4
franca disponibilidade, orientaçãoe rigor
académico,à
professora DoutoraFáÍima Nunes, pelo dinamismo e profissionalisnro com que soube conduzir este Curso e
pelas palara:as e eshatégias de motivação que foram sempre
muito
importantes para que pudéssemos avançar em momentos mais dificeis,a
todos os docentes e colegasdo
III
minha farnflia,
pelo
seuapoio, coryreensão
e paciência durante os mome,lrtos em que não pude estar com eles.INTRODUÇÃO
Como
sahmos,
a União Europeia surgiu após o fim da Segunda Guerra Mundialatravés
da
cflaçãode
organizaçÃesque
regulavam sectores importaÚes relacionadoscom a energia e
o
aço entre váxios países, comfim
de evitar futuros conflitos bélicos.A
partir
daqú
essas
organizeções
foram-se
consolidando
e
trandormando'
DeComunidade Económica
Europeia
a
Comunidade
Euopeia
e,
finalmente,
UniãoEuropeiq
se,mpre com um número crescente de ms,mbnos.A§
suas relações, reguladaspor
Tratados cada vez mais ambiciosos, fevelam que aunião
Europeia é um fenómenouoico
no
mrmdo, com uma
classificaçãodificil
em termos
polfticos.
Inicialmente constnrídaà
volta
de
interesses económicos,a União
Europeia te,mfeito
uma grandeevolução
a
vários
nfueis.
Por um
lado,
aprofunda-sea
integração
polftica
e
oalargamento
a
outros
Estadose, PoÍ outro,
procuram-se estratégias que possibilitemaproximá-la
mais dos
cidadãos.Nesse
seutido,
a
tendênciaparece
ser para
uÍnaapropriação da
culturq
em sentido geral, paÍa se concretizarem esses objectivos.O
princípio
da
cooperaçãoculturat
entre
Estadosé
uma
realidadejá
comalgumas décadas, mas só com a entrada em
vigor
do Tratado da UDião Europeia §uÍgiunma
referência
clara
às
questões
de
natlrezl-
cultural
Oficialmente,
foi
com
aintrodução do
artigo
128.o do Tratado de Maastricht e posteriormentecomo
artigo 151odo Tratado
de Amesterdão,ew
õ
acções ctrlturais da União Europeia passaram ater
um
estatuto privilegiado. Emborao
objectivo
não seja uniformizar, quer as legislações queroutros
elementos das culturas nacionais, a União reserva-seo
direito de contribuirpara
o
desenvolvimentocuttural
dos
Estados-membrossem
interfeú
com
a
§uaidentidade nacional
e
respeitandoo
princípio
da
strbsidiariedade, rllas frvorece'lrdo adomínios, nomeadamente,
a
divulgaçãoda
cultura
e da história dos povos europeus, a conservação do paÍrimónio cuhurat de innportáncia europeia, a cooperação cultural entre Estados-membros e a criação artísticaeliteráÉtu
O lenoa para esta nova etapa da construção ernopeia é o celeb,re
slogarl
'tnidade
na diversidade", que passa
a
ser bastante rrtilizaÃo sempre que é precisojustificar
uma wçÁo cultural da União, aquietando os espíritos mais nacionalistas de que a procura deuma identidade europeia não se fuÍá à custa da eliminação das identidades regionais ou
nacionais.
Foi
com base nestamáxim4
e
com
os novos ventos que Maastrichttrotxe,
que
o
Parlaoento
Europeuviu recoúecidos os
seus esforços emprol
da
cultura
Assuas resoluções rernontam
já a
1974, tornando-se a primeira instituiçãoa
zr,lar para quea
cultura
tivesseum
papel maisactivo
no
processode
construçãoetropeia
Após
asprimeiras eleições
por zutágio
universaldirecto,
o
Parlamento Europeu demonstrou oseu
interesseem
continuar
a
húar pela
adopçâode
umapolitica cultural ao
níveleuropeu, criando
eml979
uma comissão responsável pelos assuntos culttrrais.Estâ dissertaçâo tem como objecto de estudo as polfticas culturais nos debates do Parlamento
Egroperl
procurando compreenderos
discursos, as tomadas de posição, o processolegislativo
çmmúffiade
cultura na UniãoEtropeia
e a sua importánciapaÍaa
identidade europeia e paÍa a cidadania, nr.rm determinado tempo, que vai desde a entrada
enr
vigor do
art.
128.oem
lgg3,
até2004, attura em
quese
con§olidouo
primeiro programa-quadro nestesector,
CULTURA
2000,
e
em que se concretizou
o
maioralargamento da históÍia da União.
Na
realidade,
desde
IvÍaasfiút
temos
vindo
a
assistir
a
uÍDa
cresceÚereivindicaçáo
paraque
a
União Europeia
deseryemheum papel de maior relevo
noplano da
culttga O artigo
128.odo
Tratado
de Maastricht e,posteriomeúe, o
artigoneste domfoio.
AÉs
este aval dadopelos
ffitados,
a
Comissão Europeia propôs aos seusparcehos progmma
específicosno
domínio
cultural
e
o
Parlamento Europeu reclamou de forma bastmt€ vincada a sua autoridadeprr;aaúJü
no planocultural
Os debatesdo
ParlamentoEqropeu são
um
fórum
privitegiadopra
a
observação daspolfticas culturais
da União,
qrrc
nos permite coryreender
o
deseirvolvimentoe
airyoÍtânsia
que a cultura tem adquirido enquanto fonte de identidade e de projecção doideal egropeu
jrmto
dos cidadãos.As
preocupações dos depúados e dos vfoiosSllpos
polfticos
são aqui reveladas, constituindo elas próprias um encontroou
desencontro deideias,
nummsio
que é claramentemulticultural
A
nossa problemática centra-se na acção cultural da União Europeia procurando situá-lano
seu contextopolftico
eculhral
A
cuttrna-
conceito controverso-tttilizada
como elemelrto de integração, como promotora de desenvolvimento social e económico,como
iryulso
para
movimentosde
solidariedadee
aproximaçãodos povos
e
coÍnozuporte
datão ffadaidentidade
europeia Paracomeçar, éprecisoperguntarquetrpo
de questõescultgrais
são fratadasao
nfuel
europeu,que
iryortância
te,misso
para osEstados
e
para
a
própria União
e
qrraisos
objectivos que este
tipo
de
iniciativas ambiciona?auem
mais
belreficia
com as
questõesculturais
e
em
que
domínios podemos observar estetipo
de polfticas?Pretendmos
ainda analisaÍo
percurso que acultgra tem
feito
numaUnião
que tenta consEuir-se e reinve,lrtar-sea
cada mome,nto,salie,lrtar
as
dificuldadese
os
pÍogressosdas
iniciativasculturais
europeiase
indicar protagonistas e Projectos.Deve
ou
nãoexistir
uma ideirtidade enropeia?Existe
elaiâ
em pleno ou precisade
ser
consfigída?Estará
a
ser
construída?Qual
é a
poslçãodo
Parlame,lrtofrce
à necessidadeda União
Ernopeia
se
aplicar
nrm
pÍogramo
que
capte
a
atenção doseuropeus?
A
cultura
comoelemeúo de ligaçâo
entre países e pessoaspoded
serlm
aspecto a considerar na acção da União Europeia?Perante esta sihração, deparam-se-nos as seguintes hipóteses de trabalho corno
ponto de partida psÍaanossa investigação:
a)
Existe uma
actividadecultural iryortante no
seioda União
Europeia quereveste vfuias formas, mas que converge para
um
objectivo:afiÍmaÍ
a União no espaçoeuropeu, consolidando
uma
existê,nçlqpor
vezes
distantepüa
o
cidadão commo, exercendo uma certa propagandaatavés da
divulgação da história comum e de outrosnúcleos
de
interesses cornrms, sempreno
contexto
da diversidadee
do
respeito pelaside,lrtidades nacionais, regionais e locais.
b) As acções culturais da União
Europia
decorre,m da tomada de consciência de que é preciso construir aErnopq
não apenas nos domínios económico,polftico
e sociafmas também recorrendo a estratégias concertadas de vontades com vista
à
moülizffÃo
dos Estados e dos cidadãos.
c) O
PE
é a
instituição que rnais dinâmicas cutturai§ procuracriar
e irylaotar
nas polfticas
da
União
e
os
seus memhros
recoúecem,
por
gande
maioria,
aimprtância
e
a necessidade daUnião
se aplicar maisno
domfoiocultural
como formade construírsm rrma ide,ntidade pam a
Europa e
como forma de aproximar os cidadãos da União Etnopeia afuavés de trm maior conhecime,nto desta, da formação de um espaçopúblico europeu
e
de uma cidadania mais activa e participativa, atuavés de associações, cooperações tansfronteiriças e projectos tansnacionais.Para investigar
as politicas culturais
da
União
Ernopeia, vamos
analisar assessões ptenárias
do
ParlamentoEuropeu, onde
ocorreram debatessobre
temas deinteresse
cultrrral,
nL
tentativa
de
percebermos
como funcionam estas
sessões,de,putados.
Assq
percebemos como são produzidas as iniciativas culturais europeias, as dificuldadese
os obstáculos a que estiveram sujeitas e os §ucessos quealcançaram-Coúecemos
também
os
maiorespoutos
de
discórdia
e a
rclacfio
e,lrtreas
váriasinstituições intervenientes, bem como,
no
seiodo próprio
Parlamento, as posições dosdiversos
grupos polfticos
fuce
a
este
novo
domínio
cadavez mais
relevante
naconstrução europeia
auais
são, como surgiram, queconflitos
suscitaram ertre os vfuios actores eo
quese pretende com as políticas culturais da
União
Europeia, são as principais questões queme
levama
analisar.os
debatesdo
ParlamentoEuropeu
sobne polfticasculturais.
Osdebates
são uma fonte
importante
para nos ajudar
a
respondera
estas questões.primeiro,
o
Pagame,lrtofoi
a primeirainstitui@
a interessar-se pelos aspectos culturaisna
asçáoda União Europei4
como
já
referimos,
e
é
uma instituição
onde
estãoreprese,lrtados
os
diversos
grupospolÍticos
e
todas as
nacionalidadesda União.
Os debates são momentos de confronto, de descoberta, de explicação, de apresentação de convicções, de propostas. Osdebtes procuram
exploraro
tema e con§truir consen§os para afrmarem a sua posição e para enfrentar as outras instituições.O
qge
pe,nsao
Parlame,lrto destarecente
áreade
intervençãoe
que
balanço podemos&zer
dos novos poderes que conquistou para influenciar o processo decisório, que gso fez deles e qualo
seutimento global dos seus membroshce
aesta situação.Na
posse do discgrso
polftico
produzido nas sessões plenárias, valnospÍoctnar
entender emque seÍúido apontam as intengões
do
Parlamento enquanto co-legislador e Asse'mbleia eleita por sufrágio rmiversal directo.O
método
utilizado pÍlssoupor
umafrse
de selecção e análisebibliogúfica
sobreo
tema e, em simultâneo,por
uÍna pesquisa e recolha dos dados que seriam objecto deEuropa
http://europa.eu',
mais
conc:retame,nteno
site
do
Parlamento
Europeu hüp://www.europad.zuropa.eu/. a partirde
1996. Para o perÍodo anterior, recorremos aoGabinete
do
ParlamentoEuropeu
em Portugal
onde
recolhemosos
relatórios
e
assessões
plenárias
com
interesse, publicadas
no
Jornal
Oficial
das
ComtrnidadesEuopeias.
Começámospor
procurar
os
írdices
de todas as
sessões plenárias doParlamento Europeu em Estrasburgo
ou
em
Bruxelase
recolhemos tambémtodos
osrelatórios produzidos, principalmente
no
seio daComisgo
pilra a Cultura, a Juventude,a
Educação
e
os
Meios
de
Comunicação Social
e
os
Desportos
e
os
discursosproduzidos
em sessão ple,náriaAo
contrário
do
que possa parecer,a
intemenção daUnião Europeia no campo cultural, em sentido lato, é vasta: qla vai desde a educação ao
audiovisual,
até,de forma
indirecta
está presentenoúras
polÍticas através de váriosfundos
disponibilizadose, de forrra não oficial,
atravésde
organizaçõese
de
redesdiversas.
Contudo, nesta
investigação,
cerúrámo-nosprincipalnente
na
acçáo
daComissão
para
a
Cultura
e
apenasnos
aspectos verdadeiramente relacionados com cultnra, excluindo as outras dimensões, tais como o cinema eaeúrcarfio.
Na
possedo
material recolhido-
relatóriose
debates-
procurámosfrzer
uma análise que seiniciou
coma leitura integral
dos relaÍórios das Comissões competentesquanto à maÍéria de firndo e dos discursos dos deputados dos diversos grupos polfticos que intemieram em sessão plenrária a
propósito
do tema e,m discussão.Foi
uma anáIisedocnmental demorada
e
poÍmenorizaÃabao longo da
qual
nos
debruçámos sobre osistema
polftico-jurídico
da
EU, por um
lado,
e
sobre
o
discurso
polftico
dosintervenientes,
por
outro.Assinq este trabalho aparece estnúurado da seguinte forma:
'
Foi lançado em 1995. Fornece uma grande quantidade de informação sobne todos os aspectos da integração.Na
primeiraparte
apresedaremosum
estadoda
artecomo
suporteteórico
emetodológico,
ao
longo
do
qual serão
destacadosos
aspectosmais
relevantes daimportância que os ele,me,lrtos polfticos
e
culturais tê,m vindo a adquirirno
processo de construção europeia, quer ao nível das próprias instituições europeias, como ao nível do debate suscitado nos meios académicos e polfticos.Em
primeiro lugar,
organizámosruna
brevehistóÍia da
União
Ernopeia desdeque
foi
proferida
a
Declaração Schumanne a
formação das primeiras Comunidades,passando pelos zucessivos alargamentos
e
pela evolução polftica ao nível dos tratados; de uma cooperação nocaq)o
económico a um projectopolftico
sem precedentes, desde uma Comunidade de seis até uma União avinte
e cinco, em apeÍras 5 décadas.Em
seguida, procuraremos entender as características daUnião no
contexto da globalização e das relações que esta estabelece com os Estados-membros; a natureza dassuas instituigões
e a
dinâmicaentre
o
nacional
e
o
zupranacionalnuma
mescla depoderes
e
de relações cadays2
mais complexas. Estará emjogo
o
papeldo
Estado-naqãse
que conflitos
estãoa
surgir
entre
esta organiza$o
polftica e a
nova ordemegropeia?
Procuraremosentender
o
debate que surgiu
em
torno da
questão
dategitimidade das instituições e os argumentos que são sustentados pelos diversos autores relativamente ao papel que estas têm ou deveriamter.
Num nível de integração polftica,
pelo
me,nos teoricame,lrte avançado, questiona-ssa
imFortância da introduçãodo
conceito de cidadania O que deverá ser a cidadaniaeuropei4
qtreúilidade
lheé atrrbúda e
o
que se procura coma
sua divulgação é umassunto sobre
o
qual pretendemos iguatmente debruçar-nos na tentativa de percebermosa
relevânciadum
elemelrtoque
pareceestar
a
adquirir
um novo
sentido
no
actualA
par da afirmação de uma cidadania da União, te,mos assistido em simultâneo à emergência de declaragões, discursos e acções que procuram, ou enumerar os Elementosde
uma
identidade europeia
existenteoou
pÍomoveÍ
a
sua criação
como
zuportesimbóüco pam
lrlna
cidadania maisactiva e
para umamaior
visibilidade daUnião
noseio
da
opiniãoprlblica
Existe
uma identidade europeia?Ou
se não, estará elaa
ser crtad3-nem que seja pelofrcto
de, nos últimos anos elater
merecido tanta atenção, querao nfuel instihrcional como ao nÍvel do tratamento académico, da produção
bibüogáfioa
e
daorganizaçÍi,o de eventos relacionados com este tema?Seguidamente, abordaremos
trm tema nem
semlrrepacÍfico
no
que reqpeita a coru,gnsos.Haveú
algo a que possamos chamax uma cultura europeia? Iremos destacaros
zupostoselemeúos
da
oultura
ernopeiae
a
vontade
de
apropriaçãopolftica
docultural como fonte de legitimação política e coesão social e territorial.
por
fim,
vamos
debruçar-nos
sobre
a
instituição
Parlamento Europerl
começando
por
explicar a sua origeno, oryanizaçáo e funcionamento, procurando depoissituar
a
suÍr actividadeno
campoculttral
Faremos trma breve @ÍacteÍt?Âçâoda
asçáopolítica do Parlamento neste domínio através da sua Qsmissão paraa
Cultura
A
segrrnda parteconstitui
a investigaqáo propriamente dita" O primeho capítulohzrtmaanálise
dos debates originadospor
propostas da Comissão Europeia que visarnlegislaÍ em matéria de cultura, nos termos do processo de oo-decisão oom
o
Conselho eo
segrmdo capftulo aborda as diligênciasdo
Parlamentono
campo cuhural através de 11m vasto lequede
domínios.Ao
longo destes capftulos, que apresentam a história da acçáocultural
daUnião
Europeia pós Maastrichte
que descrevemo
protagoniuno dopalamento
enquanto co-legisladore
instituição
detentorade
um
gfande dinamismo,discursos
produzidos
quantoà
iqortância
daspoliticas
cúuais
e da
cultura
comoI
Parte
1.
BreveEisúórh
daUniâo
EunopeiaA
ideia ds rrmÍr..Llnião Europeia"é
umsoúo
hstante
autigo sobre a qual foram ficando, ao longo do tempo, relatos, estudos eouü"s
obras, assim como nomes ligados a estaideia
No
séculoXlV,
PierreDubois,
no
séculoXV,
JorgePodiebra{ no
séculoXVII,
Sully
e
Émeric
Crucé,no
séculoXVIII,
Saint-Pierre e,no
século)(DÇ
Saint-Simoq
para
reÊrir
ape,nasalguns.
Estas
personalidades defendiamr'-a
união
de Estados corno forma de evitar as Guerras e os desentendimentos pemrurentes.Coutudo,
foi
apenas em meadosdo
século)O(
que se começamm a vislumbrarcondições
para
a
emergênciade
verdadeiros
consensosno
que
diz
respeito
aoentendimento
eutre
europeus.
Após
a
SegrmdaGuerra
Mrmdial,
um
conjunto
de organizaqões com fins militares, económicos e cooperações em vários outros domíniosstrgiram
na
Europa
É
no
contexto
de
uma Europa
devastadaque
surge
rrmaaproximação entre
a
Françae
a
Alemanha quando decidem colocar nas mãos de umaautoridade comum
a
gestÍlodo
carvãoe
do
aço.
Estaprimeira
e/tapada
constnrçâo europeiafoi
lançada pela famosa declaração Schumannl,
em9
deMaio de
1950, ondeRobert
Schurnanne
JeanMomet
preconizavama
rmificaçãoda
indúsEia europeia docarvão e
do
aço e fongtrn em primeira-mão esta inédita proposta àAlemaúa
Ao
fim
de qua§p t'rl
ano de negociações,foi
elaboradoo
Tratado de Paris que euhou e,mvigor
em23
deJulho
de
1952e
no
qual
são estabelecidosos
princípios da'tnimeira
pedra doedificio
europeu''.
Surgia assim a comrmidade Europeia do Carvão e doAço,
da qualforam
signatários seis países: a França,a
Ale,manha, aI'tÁLta, a Bélgica, a Holanda e oLr»remburgo.
1
Ver Declaragão Schumann, Fundação Robert SchumSntr,b/torsrmüÉú.áohúÊrodrud,iv6lsúle 9trEihoúEi8Jirm.
2
Pascal Fontaing Uma ldeia Nova para a Europa
-
Á Declaracão Sclntman. tg50-
2000. Serviço de Publicações Oficial das Comunidades Europeias, Luxemburgo, 2000.Cinco
6nss maistarde,
dá-seum
novo
passocom a
assinaturado
Tratado deRoma,
que cria
a
ComunidadeEconómica
Europeiae
a
Comrmidade Europeia deEnergia
Atómica
A
CEE
pÍocurava, através
de uma aciaa
comum
nos
domínioseconómico e social, uma melhoria das condições de
üda
e de üabalho dos povos, umaredução das desiguatdades entre regiões
e uma'1mião
cadavez
mais esheiüa entre ospovos da Egropa"3. Assinado em25 de
Março
de 1957, este tratado entra em vigor a 14de Janeiro de 1958.
Ao
longo
dosprimeiros
anos de construção ernopeia,dois
aspectos de maiorrelevância levaram
a
momentos
de
tensão
no
seio
desta Commidade
emergente.Primeiro, a
preocupaçãonorte
arrrericanacom
uma Ernopaque
se estavaa
otganizareconomicamente
e
a tornaÍ-segm bloco
concorrente e,por outro
lado,a
exclusão doReino
Unido,
que acaboupor
criar à
margemdo
mercadoúnico,
u-a
organià9ão
decomércio livre
-
EFTA
Em
segundo lugar,o
plano Fouchet, 'ocujos objectivos diz:ramrespeito à adopgão de estratégias comuns nos domÍnios da polftica externa e da defes4
assim como
nos
domínios
económicos
e
culhtrais'4,
vai
chocar
com
a
prâticacomunitária
que
pretende
privitegiar
os
desenvolvimentosno
plano
económico
àreunião de Estados
nrrna
confederação. Apesar destas situações crfticas, verificaram-se alguns progressosno
campo institucional coma'trsão
dastrês
Comunidades (CECA"CEE
eEIIRATOM),
dos seus conselhos, das suas çomissões e das administraçõe§ que Ihes estavam associadas"s, com um üatado de 8 deAbril
de 1965 e que conduziu à criseda
cadeiravazU
quandoo
Governo
francês esteve ausente das reuniõesdo
Conselho dgrante seis meses. Contudo, é apartir
destas três comunidades, agora reunidas, que sevai
desenrolar
o
processo
de
Integração
Etnopeia
contando
com
zucessivosalargamentos ao longo das décadas seguintes.
3
Pascal Fontaine, A Corxtrução Europeia de 1945 aos lYossos Dias, Cttadiva,l" ed., Lisboq 1998. 'Jeam 5 Weydert e Sophie Bérout, O Fituro da Europa,Âmbar, Pottn,2002, p. 140.
Em
I
de Janeirode
1973, o ReinoUnido,
a klanda e a Dinamarca rermem-se aosseis
países fundadores.Os últimos dois atavés de
referendose
a
lnglaterra
apósaprovação
no
Parlamento, depoisde
duas tentativasde
eufada
vetadas pela Franga Porém, o'quinze meses após a sua entradano
mercado comum,o
governo trabalhista doReino
Unido
considerou
necessário@ir
um
reexameglobal
dos
compromissos acordadospelo
precedente governo conservador'ú, tendo mesmoocorrido
o
primeiroreferendo neste país, onde o simvenceu oom67%o dos votos o(pressos.
No
final
do
mesmo
ano, os
chefes
de
Estado
dos
9
países reúnem-se em Copenhaga, onde é redigidae
aprovadauma dectaração sobre a identidade europeia que lhes pennita uÍnamaior
afirmação fasea
oúros
paísese
a procura de dinâmicas que frvoregam uma maior integração.Posteriormente, ocorreu
o
alargamentoa
Sd
com a Grécia, em 1 de Janeiro de1981,
e
de Poúugal e
Espanhaa
1
de Janeirode
1986.A
adesão destes três pafues,acabados
de
selibertar dos
seus regimesditatoriais e
com nfueisde
desenvolvimentoinferiores
aos
seusparceiros,
iria
ser
mais
um
desafiopÍlra os nove.
Embora
emcondições
polfticas
e
ecouómicasmuito
semelhantes,a
Gréciafoi o
primeiro
país aconseguir
tornar-se membro
da
Comunidade Europeia, principalmente
devido
àspressões
do
primeiro-ministro gÍego Konstantinos
Karamalise à
forma
benevolentecomo
o
Conselhoreagiq
o
qual
apreciou'ttre
greek caseprimarily
from a
political
perspective''7.
Porém,
quando Papandreoufoi
eleito primeiro-minisho,
e
conhecida asua posição
anti-europeia
imediatamenteos
seis seviram
confrontadoscom
as suasexigências.
Em
1981, manda para Bn»relasum
memorando onde exige contrapartidas económicasawftadas
parahzsr
frce
à adesão. Perante esta situação,o
Conselho pôdereflectir melhor
no
seu
erro
ao
nãa
acatar
as
recomendaçõesda
Qsmissão que6ldem, ibidem, p. 141.
?
Desmon Dinan, Ever Closer (lnion, Án Introduction to the European Union,
2.'
edriɧ, Londres, Palgrave, 1999,p.E3.apotravam principalmeme para os insuficie,ntes
critérios
económicos que a candidaturagega
ainda não preenchiaA
discussãoe
as negociações à volta do me,morando gregoolnirrored
the
stateof
negotiationson
Portugueseand
§panish accession"t,já
que
o'Council
rcaltzpd
the
potentially negative
impact
of
large-scale
Mediterranean enlargemelrt"e. Embora frvoráveis à adesão dos países ibéricos, a Comunidade Europeiaquis
certificar-se
que
estavamcriadas
as
condições mínimaspara
estes pafues sejuutarem aos parceiros europeus. Por
outro
lado, o receio francês relativo à concorrê,lrciados
prodúos
agrícolaseqpaúóis
foi
tambán um
entravea
uma entrada mais rápidadestes países.
Logo
apósa
Segrrnda GuerraMundial,
ernboraüvendo
numcerto
isolamentodevido
à
ditadura
slazans+
Portugal
não ficou de todo
exclúdo
dos
diversosmovimentos
de
cooperação que surgiramna
Europa
Pelo contrário, segundo SimõesDias,
a
segunda metâdedo
século)O(
foi
fértil
e,m cooperações em vários domínios-económico,
militar
e político-
nas quais Portugal marcou presençq contrariando a ideiaque afirmava
que
o
país
ap€nasmanifestou
iúeresse pela Europa
a
partir
das negociações de adesão às Comunidades Europeias.Na
verdade, este autorconclú
quePoúugal
foi
.1nembrofirndador
de
três
importantes
organizações económicas-
aOECE, a
AECL
e a OCDE; participou ainda como Estado firndador na criação de umaorganiz,ação de cooperação no domínio
militáÍ
-
aNATO;
marcou presença, no domíniopolftico,
nos
trabalhos
da
primeira
Conferência
de
§egurançae
Cooperação
na Europa-"loAinda,
segundoAntónio
JoséTelo,
que analisa as razões pelas quais Porfugal sótaÍdiamente
participou nos
movimenÍosde
integraçãoeuropei4
o
governo português8
Desmon Dinan, Europe Recast,Londres, Palgrave, 2004,p. lE4.
e
Idem, p. 170.
'o João P. Simões Dias, Á Cooperação Europeía e Portugal, 1945
-
198ó, SPB-
Editores, Lisboa, 1999, p.682.manifesta ooel re*haz.o
a
qualquierautoridad
zupraoacional:Portugal
no
quería alie'nar niguna parcela de la soberaoía plena detEstado."ll
Este era o principal medo poúuguês,que
retiúa
uma má experiência de ingerências extemase
receava pelas zuas colónias.'gl
paÍsno solo
rcehazaba cuatquier adhésion, que nadieproponí4
sino queni
siqúeraparticipaba en la discusiód'r2 ao
contrário
do governo espanol queenüou
"intelectuales queno
compartían las tesis del Gobierno de Madrid"l3.A
participação de Portugal nasorgnizações
europias
decoopraçáo
asma,referidas explica-se pelofrcto
de nenhuma delas ser uÍna ameaçaà
soberaniaportugpes4
já
que todas as decisões erarn tomadaspor unanimidade.
Porém, a partir de 1960, a atitude portuguesa começou a mudar,
já
que passou ater
nos
paísesda CEE,
o
principat
parceiro comercial
o
que 'brigina
la
primeras manifestaciones significativasde una corriente de opinión
que pa§aa
encarar Europacom
ojos
diferentes"'4.O
anúncioda
dissoluçãoda
EFTA, a
adesãoda
Inglaterra àCEE,
o forte
fluxo
de emigrantes paraos
países europeus, que passam a serum forte
canal de comunicação e exerc€m nma influência significatwa na opinião pública com os
seus testemuohos, e o
ttnismo
são os principais eleme,lrtos queâvorecem
esta mudançade
mentalidadese
que hanformaram
a
questão europeia"en uno de los
temas mâs polémicos, pero a lavezmás prese,ntes enla
sociedad portuguesa"lsNgma
deÂÃade iryortantes
transformaçõesna
Comunidade Europeia, comofoi a
décadade oitenta,
impõem-sea
referênciaao
grandeimpulso
dadopelo Acto
Único
Europeu
auasetrinta
anos depois da assinattra do Tratado de Roma, e após osvários
alargamentos,o
processo decisionalda
Comunidade estavaaum
impasse.Em
It António José Telo, 'Portugal y la integración europea", p.290, in Hipólito de la Torre Gómez (ed.)
Portugal e Espafia Contemporâneos, Marcial Pons, Madrid 2000, pp. 287'319.
12Idem, p. 293
13
Idem, ibidem, p.290 Ia Idem, ibidem, p.296. t5Idem, ibidem, p. 309.
tugar de nma evolução
do
nfuet governameutal parao
comrmitário, estaw! a verificar-seo
corúriário.Deüdo ao
recursoà
unanimidade, parecia haver poucas esperanças de avançaÍ com as polÍticascoÍnuts
comunitárias. Prevaleciam os interesses assienais queminavam
o
poder
das
diversasinstituições.
Uma nova
ordempolftica
e
económica começa116 a desenhar-se na Europapor
estaalfura
Preparava-se a revisão do Tratado deRoma, que
começou
a
ser
formalizda com
a
discussãodo
Relatório Dooge
-apresemado na Cimeira de Foúainebleau e,m
Juúo
de
1984-
no
qual eram apontadas as principais fueas de intervenção paraum
aprofundamento da integração ernopeia, que passaríampeto lançarento
do
mercado
cormlm,
por
'?estrictions
otr
the
use
of
unanimity
in
the Councü an eúanced
legislative
role for the EP,
greater execúivepower
for
the
Comission, andnew
iúiatives
in
selectedpolicy
áÍerrs"r6. Novidadespolémricas que não prulerarn
de
imediatotodos os
Estados-membrosde
acordoe
cuja discussãoüansitou para
a
Cimeira
de
Mlão
em
Juoho
de
1985.
Vários
frctores
concorriam para relançar
o
projectoeuropeu
Para além das ideias contidas no referido relatório Dooge, os prograrnas de apoio aos países mediterrânicos,o
alargamento a Sul e oLiwo
Branco da Comissão sobreo
mercado irúenro prometiarn uma nova dinâmicaContudo,
a
oposiçãode
três
Estados-
Grã-BretanhÀ
Dinamarcae
Grécia-
fez
asnegociações aÍrastarem-se
por
mais algum
tempo
e
apenas
na
CimeiraIntergovername,lrtal de Janeiro de 1986, no
Lrxemhrrgo,
foi
possfuel aprovar numActo
ÚAco
a cooperação polftica e todas asúerações
ao Tratados anteriores. OActo
ÚnicoEuropeu entrou ffnalme,lúe em vigor em Julho de 1987.
Estava
a
acontecero
que
Sidjansky clramaa
'hegociaçãopor
sinergia"
quesurgiu
a
partir
da Cimeira de
Mlão.
O Acto Único
Europeuveio
'octiar as reformasIt
Desmon Dinan, Ever Closer Union Án Intoútction to the European Union,2." edição, Londres, Palgrave, 1999,p. 114.in*ihrcionais
inOispnsaveis
ao
bom
funcionamento
da
economiacomunitária'l7
einstituir
una
nova dimensão socialcotno
eleme,nÍode
solidariedade e de coesão,@D
novas polfticas
corüns:
apolÍtica
económicae
monetária, apolÍtica
social e a polfticado
ambiente, assim comovem
lançara ideia
de criação de uma e§paço europeu onde deixem de existir as fromeiras internas, aspectos qus parecemrecolher'tma
aprovaçãomassiva:
83% dÊ opiniões âvoráveis,
com um
máximo de
960/oem Portugal
e
ummínimo de 67Yona Dinamarca"ls.
A
partir
do
momeúo em que
a
engreDagem preconizadapelo
Acto
unico Egropeu começou a funcionar, poucot€ryo
passou para sepsrcebr
que era precisoum
passo
ainda mais ousado
tro
processo
de
construção
europeia
Face
aos
novosdeselrvolvimelrtos externos
-
a queda dos regimes do bloco Leste, aforte
concorrêncialançada
pelos principais parceiros
comerciaise
os
desafiosna
esferadas
relações internacionais-
e
internos
-
concretizaçãodo
mercadouoico,
o
reforço
da
coesãoecorúmica
e
sociale
da
dimensãopolftica
-
os
doze iniciaram novas negociações naConferência
tntergovernaredal
de
1990
que
conduziu
à
assinattra
do
Tratado
da União Europeia um ano mais tarde na Cimeira de Maastricht.Este
novo
Ttalado
reconfigura
a
estnúra
da União
Europeiaque
pa§sa aasseftar em
ffis
pilares:o
primehopilar
correçpondeúe às Comunidades Europeias; o segundopilar
quediz reryeito à
PolÍtica Externa e de SegurançaComrq
eo
terceiropilar
que assenta na cooperação e,m matéria de Justiçae
assuntos inÍernos. Altera-se onoÍ1g
de
Comrmidade Europeia paraUniâo
Euopeia
que prete'nde lançarnuna
novafrse
o
projecto europeu
Passa-se 'odeuma
cuttura partilhada" para
una
União
det7
Dusan Sidjanski, O Futuro Federalista da Europa
-
A Comunidadz Europeia das Origerts ao Traíado dc Maastricht, 1." Edição, Lisboq 1996, p. 120.'bonotação
vofurntarista,lm
pÍessuposto rnaispolÍtico"le.
Avança-separa
uÍDa lmiãopolfticq
onde as
decisõesdeverão
ser
tomadas
por
instituiçõesque
observem osinteresses
comgnitários, dotadas
de
poderes
supranacionais,e
in*ituem-se
ascooperações intergovernamelrtais
nos domÍnios
do
segundoe
terceiro
pilar,
onde
as decisões deve,m ser tomadaspor
unanimidade. tnstitui-seo
votopor
maioria qualificadano
Conselho,na maior
parte daspolfticas
do
primeiropilar, e
o
Parlamento Europeu passa a estar mais associado à função legislativa, adquirindo o poder de co-decisâo como
Conselho.É
recoúecida
a
cidadaniaeuropeia que,
múo
emboraela
não
tenha deixado de te,lrtar afrmar-se desde oprincípio
da Comrmidade,o
Tratado de Iúaastrichtalarga a sua esfera: ooassegura
o direito
delirne
circulação e de permanência noterritório
dos
Estados-membrosa
qualquer cidadãoda União.
Concedeo
direito
de
voto
e
deelegibilidade
nas
eleições
para
o
Parlamento
Europeg bem como
nas
eleigõesmgnicipais,
a
qualquer cidadão daUnião
residente num outro país da Comunidade."2oProcura
o
aprofundamentoda União
Económica
e
Monetária
com
a
convergênciaeconómica
e
a
criaqãa de uma moedarmica
europeiae
institui
outras inovações nos domínios da coesão e da políticaregional
A
situação polfticae
económicaque
seüvia
na Europano
momento em que oTratado da União Europeia devia ser
ratificado
nos Estados-memb,ros não Êvorecia que este processo se dese,molasse sem alguns obstáculos.Por outro
lado, osjá
tradicionaisopositores
aos
avançosda
construçãoeuropei4 a
Dinamarcae a
Grã-Bretanhg
nãofrcifitaram.
O
primeiro
refere,lrdodinamarquês
rejeitou
o
TrataÃo.
Houve
aindareferendos
na
Irlanda, tanúém
por
obrigações
constitucionars,cujo
resultado
foi
bastante
positivo,
e na França,por
decisãodo
Presidente Mitterraod. Apesar daforte
e dramáÍica sampanha levada a cabo pelo seu antrgo ministro dacultura
Jack Lang,"in
are Marc Âbélês, 'Homo Comrmtnitmius", Cap.I in Riva Kastoryano, (Org.); Que ldentidade Pora a Europa?, Ulisseiq Lisboa, 2004, P. 42.
20
70
percent
turnoú,
51,05 percent
voted
in âvor
and 48,95
voted
against"2l.
EmInglaterrd,
por
razões parlamentarese na
Alemanha,por
razões constitucionais, aassinatura do Tratado também acabou
por
se arrastar durante um período deteryo
maislongo que
o
previsto, tendo
o
Tratado
da
União
Europeia entradoem
vigor
a
1
deNovembro de 1993.
A
pardo
aprofundamento da construção europeia aÍravés deste Tratado, que se considera a elepróprio
mais um mome,nto neste processo,@E
a inclusão das clársulasde
revisão alguns anos maistarde,
a
recém
denominadaUniâo
Ernopeia acolhe trêsnovos
membros naqueleque
foi
considerado6
maisffcil
detodos
os
alargamentos,dadas as características económicas e políticas dos três novos Estados. Em meados de
lgg4, Áustriq
Suécia
e
Finlândia
assinaramos
seustratados
de
adesãoe,
após referendoscujo
sim saiuütorioso,
estes países tornaram-se membros efectivos apartir
de Janeiro
de
1995. Pela segrmdayel
aNoruega
preferiu ficarfora
da Uniãopor
umapequena
maioria:
52.5o/o segundoo
resultado
do
referendode
Novembro
de
1994 naquele país.Enquanto
a
União
recebia estes
novos
países, chegavaao
fim
o
segundomandato da Comissâo Delors. Após discussões ao nÍvel do Conselho Europeu,
chegou-se
a um
acordo sobreo
nomedo
ex-primeiro
ministro luxemburguês, Jacques Santer,para zuceder Delors na presidência 6a Qsmissão.
Os
acontecimentos sucediam-se veloz.mente
no
sentido
de
um
maioraprofundame,lrto
da
União. Como
ficou
decidido
no
Tratado
de
lúaastricht,
e
aocontrário do aconteceu durante apreparação e aprovação deste documento, pretendia-se
que
o próximo
ttataÃo,não
sofresse nenhum revéspor frlta
de preparaçiÍo. Para esseefeito,
foi
constituídoum grupo
de
reflexãopaÍa
preparara
agerÂae
determinar os2r
Desmon Dinano Eyer Closer (Jnion, An Introduction to the European Union,2.^ ediçãro, Londres, Palgrave, 1999,p.152.
principais pontos para
o
debate.Após cinco
reuniões,"the
Reflexion Group
reportidentified
thneemain
areasfor
reform:
nuking
the
EU
more relevantto
its
citizens;improving the
EU
efficielrcyand accomtabili§1
andiryrove
the EU's
ability
to
actinternationally.''2
Assinado
a2
deOwubro
de
1997,o
Tratado de AmesterdÍlo e'lrtra emvigor a
1de
Maio
de 1999, sem os sobressaltos provocados pelo seu antecessor, Ínas sem trazer alterações significaÍivas, sendome$no
consideradopor
Covas'tm
bom
exerylo
dorituat da tecnodiplomacia intergovernamental e do viúuosismo da ambiguidade.''3
Em 19!8
tiúam
começadoas
negociaçõesde
adesãoda
República Checa,Estónia, Hungda, Polónia, Eslovénia
e
Chipre.
Seguiram-se depois outros Estados doLeste
e
Malta
que se tor:raram todos membros da União Europeiaem
I
deMaio
de2004.
Foi
o
alargamentsmais
complexo,
dado
o
elevadonúmero
de
países comeconomias
upnos
avançadas quea
média comunitária e com democracias frágeis, mas,no entanto, inevitável.
Para poder funcional oom
um
nrimerotão
elevado de países, a UniãoEuopeia
precisou
de
hzs
reformas institucionais mais
profirndasdo
que as
veiculadas peloTratado de AmesterdÍio, nomeadamente
no
que se refere àcoryosição
e funcioname,lrtodas
Instituições
da
União Ernopeia Para isso,
a
Conferência Intergovernamentallar1çada em Fevereiro de 2000, prqparou
um
novo documetro quefoi
assinadoa26
de Fevereiro de 2001emNice,
e queficou
coúecido
como Tratado de Nice. Este Tratadoentrou em
ügor
a
!
de
Fevereiro
de
2003,
apósratificação
e,mtodos
os
Estados-membros.
Uma vez que
o
Tratado
deNice
apeoas se referiu aos princípios e métodos deevolução
da
coryosição
da
Qsmissão,
e
da
definição
da
maioria
qualificada
no22ldem, ibidem, p.173.
23
António Covas, A União Europeia, Do Tratado de Ámesterülo a um Projecto fu Carta Constituinte para o Século
)ffi,2.'8d.,
Celta, Oeiras,l999,p.7t.Conselho, ignorando
a
altura
e a
orde,mpela
qual as adesões seiriam
proce§sar, erapreciso determinar juridicamente
o ntfuero
de
lugares dos novos Estados-membros onúmeÍo de
votos
que lhes seriaafibuído no
Conselho eo
limiar da maioria qualificada aplicável nofuturo.
Para isso,foi
assinado e,m Atenas em 16 deAbril
de 2003 o Tratadode Adesão que e'lrtrou
emügor
aI
delúaio
de2004.
Em
anexoao
Tratado
deNice é
proposto que
se procedaa
um
dsla1s maisatargado
relativamente
ao
futuro
da
União
Europei4
no
qual se
e§perava queparticipassem
os
Parlamentos Nacionais,o
conjunto
da
opinião pública
e
os
paísescandidatos, com objectivo de se convocar wna nova Conferê,lrcia lúergovernamental2a
Na
rermião
de
Laeken,
em
Dezembro
de
2001,
o
Conselho
emitiu
uma declaraqão onde constava a forma como seiriam reaiizu
ostrúalhos.
Foi
formada umaConvenção
para
preparaÍ
a
próxima
Conferência Intergovernarnental composta porrepresentantes dos Governos, dos Padamelrtos Nacionais, da Comissão e do Parlamento Europeu.
A
Convenção sobneo
Frúuroda Europa
elaborou umprojecto
detratado
que estabelecegrra
Constituição para a Europa, quefoi
apreseutado em 18 de Julho de2003e, após longas negociações e alguÍnas alterações,
foi
assinadoa29
de Outubro de 2004, emRoma
Esta Constituição paÍaaEuropa,
que desejava simplificar todas as séries desobreposições de Tratados e protocolos existelrtes que são a suste,lrtação legal da UniÍio
Ernopei4 não teve
o
eco
desejadoem
alguns paísesda
União,
nomeadamente emFrança
"
aa
Hslanda onde
os
refere,ndos pdraa
ruttficaq,ão derama vitória ao
não,deixando
nlm
impasse as tentativas de avançar politicamente parao
próximo
patamardaUnião.
2a TratadodeNice, Modo de Utilizaçao, hUn://qrooaeu/sedpludnice-üeaty/iffiduction Dt-htE 20'0+
Após
esta breve referência aos acontecime,lrtos mais significativos dahistória
daUnião
Egropei4
passamos 4 nnalisar noponto
seguinte como se perqpectina a existência dggaory;anizacflo no contextoda
glotrrlizteÃs e na sua rclaqÃo como
Estado-nação e areflecth
sobre asi suas características, sistema institucional e modelos que poderão ser adoptados emnÍveis mais avangados de integração.2.
União Europeie
e Estado-naçno:um
equilÍbrio
instável?.The founding frthers of the European Union were not utopian idealists. They did not seek to
subsume the Àation-state in a new, supranational
politiel
entity, but to adapt úe nation-stateto a §st of specific historical
circumstancc''
DmnDinan-E,rweRecasú, pp.5ó
O
Estado-nação surgiu na Europano
início do
sécúo)OX
no
contexto de umacoryle:ra
teia de relações internacionaise foi
até há pouco tenopo a principalforma
deorganlzação polÍtica que garantia estabilidade
e protwção
aos cidadãos. Contudo, nummrmdo eaÃavezmais globalizado, no qual a tendência paÍece ser para que os Estados se
unam
nqma
base regional2soo
papetque
este
detinhapodeú
estarem
mudança
O debate sobrea
gtobatizaçÁae
as influências que esta estará a provocar naprocura
de novas formas de organização polÍtica e económica é umtema de discussâo rece,lrte e quecontinua
a
sussitarmuito
iúeresseno
domínio
das várias ciênciasr desdea História
àSociologi4
às Relações Internacionais ou à CiênciaPolftica-Tradicionalmente,
os
Estados erarnterritórios
delimitadospor
fronteiras
queconstituíam
um
espaço económicoe detiúam
o
monopólioda
legislaçâoe
aplicaçãodas leis,
assim
como
a
"legitimidade
política
e
de
diálogo
com
os
cidadãospor
"
Waters, Malcolm, Globalização, Ooiras,Celt*
1999 e Dolftrs, Oliüer, Á Globalizaçâo, Fublicaçõesintermédio
dos
seus represeúatres'26.Astuatnente,
segtmdo Gidde,ns,a
SotoalizaçÁoveio
acabar com esta eficácia estatal,não
apenas ao nível económico, ltlas também nocaryo
polftico eculfinal,
pura a qual contibruem muitos frctores que actuamâcilitados
pelos meios de comunicação.
Embora ainda
deteúa muito poder,
o
Estado-naçâopodeú
estar ooemretho,
adoptando
um perfil
baixo
ou
modesto'ü
ao
não
conseguir
contolar
os
flr»rosfinanceiros,
a
informaçÍÍo imediatae
permanente,a
aúluaqáo das redes informais, da§ONG
e das eryresas privadas,o
que levaDolfus
a afirmar que estamos a assistir a runa transnacionalizaçao do espaçoatavés
da crescente interacção pote,lrciada pelos média e pelos transportes, levando a que a "lógica das redes prevaleça sobre a do território'ZE.Tanto
Giddens, ComoDolfus ou
Waters, admitem queo
Estado-nação ainda émúo
iryortante
no contexto mundial, mas devido às transfomações que se operaram avários níveis nos últimos anos, este tende para ulna perda progressiva da zua soberania
Apesar de ser ainda um elemento importante na arena
internaciond
ele temvindo
a ser úacado pelas transformações económicas, sociais, polfticas, tecnológicas e culturais que parecem estar a contribuir para a redefinição do conceito de Estado no actual panorarnanmrndial
A
União Europeia detémjâ
We
da
soberania em elementosiryortantes
davida
dos
Estadose
tendea
avançarpara
nfueisde
integraçaoem
fueas ainda sobredomínio nacional
Dede
a ratificaçãodo
Tratado de túaasEicht que mrrito se tem debatido sobne odevir
das instituigões europeias e sobrreo
modelo pamo
qual a União tenderá aevoluir
enquanto
oryanizaçãopolftica
supranacional.No
plano
económico,a
Europa
parece26
Dolfus, Olivier, ob. cit., p. 96. 2'ldem,p.
lol.
2t