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Suicídio de um paciente : a experiência de médicos e psicólogos portugueses

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Academic year: 2021

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w w w . e l s e v i e r . p t / r p s p

Artigo

original

Suicídio

de

um

paciente:

a

experiência

de

médicos

e

psicólogos

portugueses

Inês

Areal

Rothes

,

Margarida

Rangel

Henriques

e

Renata

Santos

Correia

FaculdadedePsicologiaedeCiênciasdaEducac¸ão,UniversidadedoPorto,Porto,Portugal

informação

sobre

o

artigo

Historialdoartigo: Recebidoa10deabrilde2012 Aceitea23demaiode2013 Palavras-chave: Suicídiodepaciente Profissionaisdesaúde Impactoemocional

r

e

s

u

m

o

Objetivo:Descreveroimpactodosuicídiodeumpacienteemprofissionaisdesaúde portu-gueses(psicólogos,psiquiatrasemédicosdemedicinageral).

Método:Foiusadoumquestionáriodeautorrespostasobrecaracterísticas,experiênciae impactodosuicídiodeumpaciente.

Resultados: Duzentosequarentaedoisprofissionaisresponderamaoquestionárioe64 tive-ram,pelomenos,umpacientequesesuicidou.Sofrimentoemocional(47%),preocupac¸ões, dúvidasemedo(35%),frustrac¸ão(28%),choqueesurpresa(23%)foramossentimentosmais relatados.Maioratenc¸ão,vigilânciaerigornaavaliac¸ãoeintervenc¸ãoforamasreac¸õesmais frequentesapósosuicídiodopaciente(80%).Aumentodainseguranc¸aeansiedadeforam tambémrelatados(28%).Colegas,contactocomafamíliadopacienteearevisãodocaso foramosrecursosdeajudamaisusados.Supervisor,revisãodecasoecolegasforam avali-adoscomoosmaisúteis.Nãoforamencontradasdiferenc¸asdeacordocomogénero,idade ougrupoprofissionalnavivênciadesteacontecimento.

Conclusão:Osresultadosmostramqueosuicídiodeumpacientetemumimpacto profis-sionaleemocionalconsiderável.Porém,esteacontecimentodifíciltambémpodeseruma oportunidadedeaprendizagemecrescimentoprofissional,levandoamudanc¸aspositivase adequadasnapráticaclínica,relativamenteàgestãodoriscodesuicídioesuas consequên-cias.

©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todosos direitosreservados.

Patient

suicide:

The

experience

of

Portuguese

doctors

and

psychologists

Keywords: Patientsuicide Healthprofessionals Emotionalimpact

a

b

s

t

r

a

c

t

Objective:TodescribetheimpactofapatientsuicideonPortuguesehealthprofessionals (psychologists,psychiatristsandgeneralphysicians).

Method:Aself-reportquestionnaire, whichassessed thecharacteristics, experienceand impactofapatientsuicide,wasused.

Autorparacorrespondência.

Correioeletrónico:irothes@gmail.com(I.A.Rothes).

0870-9025/$–seefrontmatter©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublicadoporElsevierEspaña,S.L.Todososdireitosreservados. http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2013.05.002

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Results: 242healthprofessionalsfilledthequestionnaireand64professionalshadbeen confrontedwithatleastonepatientsuicide.Emotionalsuffering(47%),concerns,doubtsand fear(35%),frustration(28%)andshockandsurprise(23%)werethemostcommonfeelings reportedbyhealthprofessionals.Increasedattention,vigilanceandaccuracyinassessment andinterventionwerethemostfrequentreactionafterthepatientsuicide(80%).Increased insecurityandanxietywerealsoreported(28%).Colleagues,contactwithpatient’sfamily andcasereviewwerethesourcesofhelpmorefrequentlyused,andsupervisor,teamcase reviewandcolleagueswereratedasthemostuseful.Therewerenodifferencesaccording togender,ageorprofessionalgroupintheexperienceofthisevent.

Conclusion: Theresultsshowthatthesuicideofapatienthasaconsiderable professio-nal andemotionalimpact.However,thisdifficulteventcanalso beanopportunityfor learningandprofessionalgrowthleadingtopositiveandadequatechangesinclinical prac-ticewithregardtothemanagementofsuicideriskanditsaftermath.

©2012EscolaNacionaldeSaúdePública.PublishedbyElsevierEspaña,S.L.Allrights reserved.

Introduc¸ão

Oscomportamentossuicidáriosconstituemumdosmais gra-vesproblemasdesaúdepública,comgrandeimpactosocialno mundoocidental.Ospsiquiatras,médicosdemedicinageral, psicólogosououtrosprofissionaisdesaúdequeperdemum pacienteporsuicídioestãoexpostosaumadasexperiências maisperturbadorasdapráticaclínica1–3.

O suicídio de um paciente é reconhecido na literatura internacionalcomoumrisco dosprofissionais desaúde4–7, comacrescidaprobabilidadeparaaquelesquedesenvolvem asuaatividade naárea da saúdemental,tal como os psi-quiatras e os psicólogos8–14. Paralelamente, a investigac¸ão sugereque20-76%dossuicidasprocuramummédiconomês anterior aosuicídio equea maioria consulta omédico de medicinageralefamiliar,nãoumpsiquiatra15–19. Porém,a investigac¸ãoacercadoimpactodamorteporsuicídiode paci-entesemclínicosgerais temsidonegligenciada20–22,sendo que,nocontextonacional,estaescassezempíricaestende-se aosdemaisprofissionais,nãoexistindo,atéàdata,emnosso conhecimento, nenhum estudodisponívelsobre oimpacto dosuicídiodepacientesemprofissionaisdesaúde portugue-ses.

Os profissionais de saúde que passam pela experiên-cia do suicídio de um paciente reagem enquanto pessoas que perdem alguém significativo através de reac¸ões usu-aisdeprocessodeluto(reac¸õespessoais)e,simultaneamente, de acordocom o seu papel profissionalespecífico(reac¸ões profissionais)23,24.

Na literatura internacional as reac¸ões apontadas como maiscomunsaosuicídio deumpaciente sãoa negac¸ão,o choque, a tristeza, a raiva, a culpa, a descrenc¸a, a angús-tia,osentimentodefracasso,omedodeacusac¸ões13,14,25–29. Vários autores exploraram a relac¸ão entre o impacto do suicídio e diferentes características do profissional, do paciente, da relac¸ão entre estes dois e de especificida-des do suicídio5,9,10,13,25,29–32. Em relac¸ão ao género do profissional,osestudostendemaserconcordantesna exis-tência de diferenc¸as significativas: as mulheres tendem a expressar mais frequentemente sentimentos de vergonha, responsabilizac¸ão ouculpa, assimcomo tendem a colocar

mais em causa o seu conhecimento e competência pro-fissional como consequência do suicídio de um dos seus pacientes,emrelac¸ãoaosprofissionaishomens5,31.Contudo, relativamenteaoutrasvariáveis,osresultadosdasdiferentes investigac¸õesnãosãoconsensuais,revelandoanecessidade deinvestimentonestefocoespecíficodeanálise.Porexemplo, enquanto algunsestudos encontram relac¸õessignificativas entreaidadedosprofissionaiseaintensidadedasreac¸ões10 e na mudanc¸a das práticas clínicas6, outros estudos não encontraram estasdiferenc¸as9,25,29. Damesma forma, rela-tivamente ao grupo profissional, alguns dados empíricos apontaramparaanãoexistência dediferenc¸as31, enquanto outrosrevelaram,porexemplo,queospsiquiatrasdeclaravam ummaiorsofrimentoassociadoaosuicídiodopacientedoque ospsicólogos29.Outrosdadosmostraramquedeterminados gruposteriamumamaiortendênciaparaoperarmudanc¸as naspráticasprofissionaisapósosuicídio6.

Asmudanc¸asnapráticaprofissionalmaisreferidascomo resultantesdosuicídiodeumpacientesãoamaioratenc¸ão asinaisderiscodesuicídio,umatendênciamaiorpara hos-pitalizar,maisinteressenofenómeno,procuradeformac¸ão especializadanaárea,maioraberturaàdiscussão decasos com colegas emaior atenc¸ão a implicac¸ões legais da prá-tica profissional9,10,25,26. Os recursos de ajuda apontados como mais úteis para lidar com esta experiência são a supervisão,aformac¸ãoespecializada,adiscussãocom cole-gas, a revisão do caso e a participac¸ão nas cerimónias fúnebres8–10,33,34.

Osobjetivosdesteestudosão:descreverasreac¸ões emo-cionais de psicólogos, psiquiatras e médicos de medicina geral peranteosuicídiode umpaciente,consideradopelos próprios com maior impacto, identificar as mudanc¸as na prática clínica e vida pessoal decorrentes deste aconteci-mento, identificaros recursos de ajuda ousuporte usados para lidar com a situac¸ão econhecer como estes profissi-onaisde saúdeavaliam autilidadede cada suporteusado. Oestudopretendetambémcontribuirparaoconhecimento dos fatores relacionadoscom a experiência do suicídio de umpaciente,investigandoseexistemdiferenc¸asnesta vivên-cia devidas às característicasdos profissionais. Esperamos encontrar diferenc¸as entre géneros e grupos profissionais. Estainvestigac¸ãoassumeaindaparticularrelevânciaporser

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oprimeiroestudoemPortugaladisponibilizardados empíri-cosnaárea.

Método

Instrumento

Paraestudaroimpactodosuicídiodeumpacientenos psicó-logos,psiquiatrasemédicosdemedicinageralfoiconstruído oQuestionárioImpactodoSuicídiodeumPaciente(QISP)-versão paramédicosepsicólogos(disponível emanexo).O desen-volvimento deste questionário foi baseado na revisão de literatura e nos instrumentos internacionais existentes deavaliac¸ãodestaexperiência8,13,25,31–33.OQISPécomposto portrêspartesprincipais.Aprimeiraparterecolheinformac¸ão sociodemográficaeprofissionaldosparticipantes,tal como idade, género, grupo profissional,anos de prática, localde trabalho ea existência ou não de formac¸ãoespecífica em prevenc¸ãodosuicídio.Asegundapartequestionaacercado contactodosprofissionaiscomcomportamentossuicidários napráticaclínicaenavidapessoal.Naterceiraparte solicita-seaosprofissionaisqueidentifiquemecaracterizemosuicídio do paciente que maior impacto lhes causoue, através de questõesabertas,quedescrevam oquesentiramnaaltura, quereac¸õestiveramequemudanc¸asprofissionaisepessoais decorreramcomoconsequênciadesteacontecimento. Pede-setambémaosprofissionaisque,retrospetivamente,avaliem emquemedida aquelesuicídio eraprevisível eprevenível. Apresenta-seaindaumalistadepossíveisrecursosdeapoioe solicita-sequeperantecadaumdelesosprofissionaisse posi-cionemquantoà suautilidade. Finalmente,o questionário incluiumaquestãoabertaquesolicitaaosmédicose psicó-logosque,tendoemcontaaprópriaexperiênciadosuicídio deumpaciente,aconselhemumcolegainexperientesobrea melhorformadelidarcomasituac¸ão.

Participanteseprocedimentos

Ospotenciaisparticipantesforamrecrutadosatravésdeum processodeamostragemmisto:amostragemfocalizada (targe-tedsampling)35eamostragemboladeneve(snowball)36,37.No primeiroprocesso,amostragemfocalizada,foram identifica-dosdiferenteslocaisdetrabalhodediferentesregiõesdopaís, taiscomohospitais,centrosdesaúde,faculdades,instituic¸ões deintervenc¸ãocomunitária,ondeseapresentouoestudo (pre-sencialmente,viaemailoucarta)econvidouosprofissionais, psicólogos,psiquiatrasemédicosdemedicinageralefamiliar, aparticiparem.

No segundo método, bola de neve, caracterizado pelos participantesdoestudorecrutaremoutrospotenciais parti-cipantes através das suas redes profissionais ou pessoais, utilizaram-seprocedimentosadicionaisnosentidodeobter um conjunto inicial de participantes mais representativo do que a técnica clássica permite, tal como defendido na literatura38–40.

Estes procedimentos consistiram em: (1) solicitar aos profissionais (iniciais e intermediários) que enviassem aos investigadores contactos (email, telefone ou enderec¸o) deprofissionaispotenciaisparticipantesouqueelespróprios

convidassemoutroscolegasaparticipar,ouseja,foisolicitado que nomeassempotenciais participantesmas tambémque osrecrutassemparaoestudo;(2)limitar,empartedos par-ticipantes, on.◦ derecrutados,solicitandoquenomeassem entre3-5colegas; (3)nosentidode fomentaracolaborac¸ão efetivadosprofissionais,usou-seumsistemadeincentivos na apresentac¸ão, promotores da participac¸ão (p. ex. texto personalizado, referência àimportância de obterrespostas naqueledistritoouzonadopaís).Estesprocedimentos pro-movemcomposic¸õesdeamostrasqueconvergemeatingem umequilíbriodepoisdeumnúmerorelativamentelimitadode cadeias,independentementeda amostrainicial,permitindo queseselecionearbitrariamenteosprimeirosparticipantes. Destaforma,apesardaselec¸ãonãorandomizada,oviés intro-duzidoéprogressivamenteeliminado,ultrapassando-seum dosproblemascentraisdatradicionalboladeneve-aamostra inicialaleatória-eevitandoefeitosdedesignadovoluntarismo ediferenc¸asdasredesentreprofissionais.

Os dadosforamrecolhidosquer atravésde questionário on-line,cujolinkfoienviadovia emailecolocadoemsites de psicologiaemedicina, quer atravésdo questionárioem suportedepapelenviadoporcorreioeacompanhadocomum envelopeindividual pré-pagopararetorno.Osdados foram recolhidosem2010e2011eoanonimatoeconfidencialidade dosmesmosforamassegurados.

Análisededados

Realizaram-se análisesdeconteúdodas respostasàs ques-tõesabertas, usandodoisavaliadoresindependentesparaa categorizac¸ãodasmesmas.Asanálisesestatísticasforam rea-lizadasusandooSPPSSversão19.Calcularam-seestatísticas descritivaseinferenciais.Asdiferenc¸asnaexperiênciado sui-cídiodeumpacientedevidasacaracterísticasdoprofissional foraminvestigadasatravésdeanálisesdevariância–ANOVA aumfator(one-way)seguidasdotestepost-hocdeTukey,do testetdestudentparaamostrasindependentesetestes qui-quadrado(comcorrec¸ãodeBonferroni).

Paraestasanálises,aidadeeosanosdepráticaforam reco-dificadosemvariáveiscategoriaisdetrêsintervalos.Foiainda calculadaumamedidaglobaldoapoiousadopelos profissio-nais,recodificadanumaescaladetrêspontos:recursoaajuda baixooumuitobaixo,moderadoealtooumuitoalto.Foi tam-bémcalculadoumscoreglobalparaaavaliac¸ãodautilidade dosrecursos,atravésdamédiadestamedida.

Resultados

Característicasdosparticipantes

Participaramnesteestudo242profissionaisdesaúde,cujas característicasestãodescritasnatabela1.Cinquentaetrêspor centoerampsicólogose47%erammédicos,sendoqueentre estes,46%erampsiquiatrase54%erammédicosdemedicina geralefamiliar.Quantoaogénero,70%erammulherese30% eramhomens.Aidademédiadosprofissionaisfoide38anos eamédiadeexperiênciaclínicafoide13anos.

Emrelac¸ãoaolocaldetrabalho,32%exercemasuaprática emhospitais,30%emcentrosdesaúde,24%desenvolvema

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Tabela1–Característicasdosparticipantes

Variáveissocioprofissionais N % Participantes(N=242)

Psicólogos 128 52,9

Médicospsiquiatras 53 21,9 Médicosdeclínicageralefamiliar 61 25,2 Género(N=242)

Feminino 169 69,8

Masculino 73 30,2

Idade(N=242)variac¸ão23-77anosM=38,52,DP=11,82

23-30 75 31,0

31-40 87 36,0

41-50 29 12,0

51-60 40 16,5

>61 11 4,5

Anosdeexperiência(N=242)variac¸ão0-48anosM=13,14DP=10,8

0-10 133 55,0 11-20 49 20,2 21-30 35 14,5 >31 25 10,3 Localdetrabalho(N=242) Consultórioprivado 107 44,2 Hospital 77 31,8 Centrodesaúde 73 30,2 Faculdadeouescola 58 24,0 Projetodeintervenc¸ãocomunitária 28 11,6 Região(N=241) Norte 116 48,1 Centro 50 20,7 Sul 66 27,4 Ilhas 11 4,1 Variáveisdeformac¸ão N % Formac¸ãoespecíficanaáreadasuicidologia(N=239)

Sim 43 18,0

Não 196 82,0

Autoavaliac¸ãodapreparac¸ãopara acompanharpacientessuicidas (N=241)

Suficiente 104 43,2

Insuficiente 137 56,8

Autoavaliac¸ãodacapacidadede identificarriscodesuicídio(N=239)

Sim 203 85,9

Não 36 15,1

suaatividadeemfaculdadesouescolase12%trabalhamem projetosouinstituic¸õesdeintervenc¸ãocomunitária.Catorze por centoindicam outros locais, onde seincluem equipas detratamento doInstitutoda Drogaeda Toxicodependên-cia,Instituto NacionaldeEmergênciaMédicaeconsultade prevenc¸ãodosuicídio,entreoutros.Quasemetadedos partici-pantes(44%)acumulaosseuslocaisdetrabalhocomaprática clínicaprivada.Relativamenteàdistribuic¸ãodesteslocaisno país:48%eramdoNorte,21%doCentro,27%doSule4%dos Ac¸oresedaMadeira(3profissionais trabalhamemmaisdo queumaregiãoe2nãoindicaramamesma).

Dezoitoporcentodosparticipantes têmformac¸ão espe-cífica em suicídio, 43% classificam a sua formac¸ão como suficienteparaacompanharpacientescomcomportamentos

Tabela2–Experiênciacomcomportamentossuicidários

N=235 N %

Vidapessoal

Tentativadesuicídiodefamiliarouamigo 74 31,5 Suicídiodefamiliarouamigo 48 20,4

Práticaclínica

Tentativadesuicídiodepaciente 187 79,6 Suicídiodepaciente 64 27,2

Psicólogos 13 20,3

Psiquiatras 28 43,8

Médicosdemedicinageralefamiliar 23 35,9

N.suicídiosvariac¸ão:1-9M=2,27DP=1,92

Tempodecorridodesdeúltimocaso:variac¸ão0-30anos M=4,08anos,DP=4,94

≤1 22 36,7

1-4 17 28,3

>4 21 35,0

suicidários e a grande maioria dos profissionais de saúde (85%)sente-secapazdeidentificarpacientesemriscode sui-cídio.Simultaneamente,60%concordamquenecessitamde formac¸ãoespecializadanaárea,85%julgamqueé fundamen-talimplementarplanosdeformac¸ãodirigidosaprofissionais desaúdee12%avaliam-secomobonsformadoresnaáreada suicidologia.

Contactocomcomportamentossuicidários

A experiência dos participantes com comportamentos sui-cidários quer na vida privada quer na prática clínica está descritanatabela2.Sessentaequatroprofissionaisdesaúde tiveram pelo menos um paciente que se suicidou, sendo que 44% são psiquiatras, 36% são médicos de medicina geralefamiliare20%sãopsicólogos.Emmédiadecorreram 4anos desde o último suicídio do paciente e o preenchi-mento do questionário (M=4,1 anos, DP=4,9), sendo que para alguns profissionais decorreram meses e para outros 30 anos. Ter passado pela experiência do suicídio de um paciente relacionou-sesignificativamente com o génerodo profissional de saúde (␹2 (correc¸ão de Yates)=17,65, df=1,

p=0,000):aproporc¸ãodehomenscomestaexperiência(46,5%) ésignificativamentesuperioràdasmulheres(18,9%).Nãose encontram, porém, diferenc¸as significativasno número de suicídios de pacientes entre clínicos masculinos e femini-nos.Tambémforamencontradasdiferenc¸assignificativasde acordocomogrupoprofissionaldosparticipantes(␹2=40,99,

df=2, p=0,000).As proporc¸ões depsicólogos, psiquiatrase médicosdemedicinageralquetiveram,pelomenos,um paci-entequesesuicidousãosignificativamentediferentes:11,55e 38%,respetivamente.Eforamtambémencontradasdiferenc¸as significativasnon.◦desuicídiosentregrupos(F[2,60]=3,34, p=0,042).Asdiferenc¸asencontradasnasmédiasdesuicídios sãodemagnitudemoderada(Etasquared=0,10).Oteste post-hocdeTukeyrevelouqueamédiadesuicídiosdepacientes entreospsiquiatras(M=2,86,DP=2,19)ésignificativamente superior àmédia desuicídios de pacientesentre os psicó-logos(M=1,25,DP=0,87).Amédiadesuicídiosdepacientes dosmédicosdemedicinageral(M=2,09,DP=1,76)nãodifere significativamentedosrestantesprofissionais.

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Tabela3–Característicasdosuicídioedopaciente

commaiorimpacto

N %

Tempodecorridodesdeosuicídio(N=63)variac¸ão 0-40anosM=6,87DP=8,2 ≤1 15 23,4 1-4 14 21,9 >4 34 53,1 Génerodopaciente(N=64) Feminino 21 32,8 Masculino 43 67,2

Idadedopaciente(N=63)variac¸ão13-74anosM=38,51SD=16,2

13-20 10 15,9

21-30 10 15,9

31-40 19 30,2

41-50 8 12,7

>51 16 25,4

Métododesuicídiomaiscomum(N=64)

Enforcamento 20 31,3 Armadefogo 12 18,8 Precipitac¸ão 12 18,8 Diagnósticopsiquiátricomaiscomum(N=44)

Depressão 24 54,5

Esquizofrenia 6 13,6 Perturbac¸ãobipolar 6 13,6 Existênciadetentativasdesuicídioanteriores(N=62)

Sim 21 33,3

Não 41 65,1

Nãosabe 1 1,6

Característicasdopacienteesuicídiocommaiorimpacto Os 64 profissionais que tiveram pelo menos um paciente suicidaforamconvidadosafornecerinformac¸õesmais deta-lhadas sobre o suicídio que lhes tinha provocado maior impacto(tabela3).

Maisdemetadedospacientesquesesuicidarameramdo sexomasculino(67%)etinhamidadescompreendidasentre os13-74anos(M=38,5,DP=16,2).Emmédia,estessuicídios aconteceramhá7anos.Paraalgunsprofissionaisdecorreram meses desde o suicídio com maior impacto até ao preen-chimentodoquestionário eparaoutros40anos.Ométodo paracometersuicídiomaisutilizadofoioenforcamento(32%), seguidodaarmadefogoeprecipitac¸ão(19%).Sessentaenove porcentodosprofissionaisreferemqueosuicidatinhaum diagnósticopsiquiátricoidentificado,destacando-sea depres-sãocomoomaiscomum(55%),seguidoda esquizofreniae perturbac¸ãobipolar(14%).Em33%doscasososprofissionais de saúde descrevema existência de tentativasde suicídio anterioresaoatofatal.

Suicídio

de

um

paciente:

a

experiência

dos

profissionais

de

saúde

Formacomoosprofissionaistiveramconhecimento dosuicídiodoseupaciente

Sessentaeoitoporcentodosprofissionaisdesaúdeficaram asaberdo suicídioatravés dos familiaresdo pacienteque

Tabela4–Percec¸ãodapossibilidadedeprevereprevenir

osuicídio

N %

Previsível(N=64)M=2,56,DP=1,08

Deformanenhumaapouco(1-2) 34 53,1 Moderadamente(3) 17 26,6 Muitoacompletamente(4-5) 13 20,3 Prevenível(N=63)M=2,98,DP=0,99

Deformanenhumaapouco(1-2) 22 34,9 Moderadamente(3) 23 36,5 Muitoacompletamente(4-5) 18 28,6

comunicaramdiretamenteaoprofissionaloufizeramchegar ainformac¸ãoàinstituic¸ãoondeesteexerciafunc¸ões.Em19% doscasos anotíciafoi dadaporoutrosprofissionais, como porexemplo,aassistentesocialouelementosdaequipade enfermagem.Onzeporcentodosprofissionaisdesaúde tive-ramconhecimentodosuicídioatravésdeoutraspessoasque conheciamosuicida(quenãofamiliares),comovizinhosou outrospacientesamigos.Em5%doscasos,anotíciachegou atravésdenotificac¸ãoformaldapolíciaoudotribunal.Em3% doscasos,oprofissionaldesaúdefoichamadosaolocaldo sui-cídio,sendoconfrontadodiretamentecomoacontecimento,e amesmapercentagem(3%)soubedanotíciaatravésdemeios decomunicac¸ãosocial.

Percec¸ãodapossibilidadedeprevereprevenirosuicídio Maisdemetadedosprofissionaisdesaúde(53%)percecionou osuicídiodoseupacientecomosendonadaoupouco previsí-vele35%consideraramquenãoteriasidopossívelpreveni-lo (tabela4).

Sentimentosperanteosuicídiodopaciente

Sessentaprofissionaisdesaúderelataramoquesentiramapós osuicídiodopaciente.Ossentimentosdescritosforam codifi-cadosemoitocategoriasdescritasnatabela5.Osentimento maisrelatadopelosprofissionais desaúdefoiosofrimento emocionaloudorpsicológica,referidoporquasemetadedos profissionais (47%), incluindo tristeza, desespero, desgosto, sentimentodeperda,doreangústia,entreoutros.Aseguir, acategoriamaisreferida(35%)écompostaporpreocupac¸ões, inseguranc¸a,dúvidas emedos,quer relativosaofuturoea

Tabela5–Sentimentosperanteosuicídiodopaciente

N=60 N %

1.Sofrimentoemocional 28 46,7 2.Preocupac¸ões,inseguranc¸as,

dúvidasemedos

21 35,0

3.Frustrac¸ãoeoutrasemoc¸ões negativas(zanga,desilusão)

17 28,3 4.Surpresa,choque oudescrenc¸a 14 23,3 5.Fracassooufalha 13 21,7 6.Culpaeresponsabilizac¸ão 11 18,3 7.Impotênciaouincapacidade 10 16,9 8.Aceitac¸ãoouresignac¸ão 4 6,7

(6)

novos pacientes - «receio que voltasse a acontecer com outro doente»-queremrelac¸ãoàintervenc¸ãorealizadacomo paci-entefalecido:«Questionei-meseteriafeitotudooqueestavaao meualcancepara evitar estasituac¸ão».Vinteeoitoporcento referiram a frustrac¸ão ououtras emoc¸ões negativas, como zangaoudesilusão,dirigidasàsituac¸ão,pacienteou famili-ares,eincluindoaculpabilizac¸ãodestespelosuicídio.Vintee trêsporcentodosprofissionaisdesaúdesentiram-se choca-dosouficaramperplexosperanteasituac¸ão.Vinteedoispor centodosrespondentessentiramquefalharamno reconheci-mentodossinaisderiscoouquefracassaramnaintervenc¸ão e18%sentiramculpaeresponsabilidadepelosuicídio. Senti-mentosdeimpotênciasãodescritospor17%dosprofissionais. E,finalmente,7%revelaramaceitac¸ãoouresignac¸ão,sentindo o suicídio como um resultado possível, inevitável ou uma soluc¸ãoaceitávelparaumadorinsuportáveleprolongadano tempo:«Aceitei:paraautentefoioculminardeumsofrimentode cercade40anos».

Emrelac¸ãoàdurac¸ãodossentimentosdescritos,15%dos profissionais relataram que estes persistiram para além dos6mesesapósosuicídiodopaciente,enquantoparamais demetade (57%)estessentimentosdurarammenosde um mês.

Nãoseencontraramdiferenc¸assignificativasentreos sen-timentosrelatadoseogénero,aidade,osanosdepráticaou ogrupoprofissionaldosparticipantes.

Mudanc¸asnapráticaeoutrasreac¸ões

Alémdadescric¸ãodossentimentos,40participantes descre-veramoutrasreac¸õesrelacionadascomosuicídiodopaciente eque,correspondem,principalmente,amudanc¸asnaprática clínica.Estassãoapresentadasnatabela6.

Oitentaporcentodosprofissionaisrelataramque,depois de passarem pelaexperiência do suicídiode um paciente, tornaram-semaisatentos aossinais de risco desuicídio e alterarampráticasdeintervenc¸ão:«Passeiadarmaisatenc¸ão àfasedemelhoriasintomatológicaeavalorizarseriamentetodas as tentativas de suicídio»; «maior número de cuidados juntoda família»e«maiornúmerodeinternamentosnasprimeiras2 sema-nasapósoiníciodotratamento».Paralelamente,28%referiram uma maior inseguranc¸a e ansiedade na intervenc¸ão com

Tabela6–Mudanc¸asnapráticaeoutrasreac¸õesapóso

suicídiodopaciente

N=40 N %

1.Maioratenc¸ão,vigilânciaerigor naavaliac¸ãoeintervenc¸ão

32 80,0 2.Maiorinseguranc¸a,incerteza

eansiedadenaintervenc¸ão

11 27,5 3.Revisãodeprocedimentos,reflexão,

incluindorevisãoemequipa

7 17,5 4.Procuradeformac¸ãoespecífica

einformac¸ãooudedicac¸ão àinvestigac¸ão

5 12,5

5.Maiorenvolvimentodafamília dopaciente

2 5,0

potenciaissuicidasefamiliares,incluindoinseguranc¸a rela-tiva àscapacidades profissionais:«Que não percebianada de psiquiatria»,«questioneiaminhacapacidadepara serpsicóloga»

ou «receio de não ter capacidade profissional para enfrentar a situac¸ão»,sãoalgunsexemplos.Aseguirareac¸ãomaiscomum (18%) foi a de rever procedimentos ou refletir acerca da intervenc¸ão,nomeadamenteemequipa.Trezeporcento pro-curouformac¸ãoouinformac¸ão especializadaoudedicou-se à investigac¸ãonaárea.Porúltimo, 5%dosprofissionais de saúdereferiuquepassaramaenvolvermaisafamílianestes casos.

Quatroprofissionaisdesaúde(7%)referiramimplicac¸ões emudanc¸asnavidapessoalmotivadaspelosuicídiodoseu paciente. Uma maior capacidade de aceitac¸ão da vida em geral,vontadeabandonarapsiquiatria(aindaque temporá-ria),oterqueiratribunalporcausadocasoeaopc¸ãopela saúdeescolar,foramasimplicac¸õesdescritas.

Recursosdeapoioepercec¸ãodasuautilidade

Peranteumalistadepossíveisapoios,relativosàexperiência dosuicídiodopaciente,62profissionaisdesaúde(97%) indi-caramquaisosrecursosusadoseemquemedidaosmesmos foramúteisparalidarcomasituac¸ão(tabela7).Orecursomais usadopelosprofissionaisfoioapoiodoscolegas(63%),seguido docontactocomafamíliadopaciente(58%),darevisãodocaso emequipa(44%)edoapoiodafamíliadopróprioprofissional

Tabela7–Recursosdeapoiousadospelosprofissionaisesuautilidade

Recurso Uso Utilidade

N=62/56 N % Nadaapoucoútil Algoútil Útilamuitoútil

N % N % N %

Colegas 39 62,9 5 12,8 5 12,8 29 74,3

Famíliadopaciente 36 58,1 8 22,2 8 22,2 20 61,6

Revisãodocasoemequipa 27 43,5 1 3,7 4 14,8 22 81,4

Família 26 41,9 7 26,9 10 38,5 9 34,6 Amigos 21 33,9 4 19,0 9 42,9 8 38,1 Profissionaisanteriores 17 27,4 5 23,5 2 11,8 10 58,8 Supervisor 16 25,8 – – 2 12,5 14 87,5 Amigosdopaciente 12 19,4 3 25,0 3 25,0 6 50,0 Funeral 6 9,7 2 33,3 1 16,7 3 50,0 Psicoterapeuta 5 8,1 1 20,0 1 20,0 3 60,0 Médicodefamília 2 3,2 1 50,0 – – 1 50,0

(7)

(42%).Relativamenteàutilidadedestesapoios,osprofissionais desaúdetendemaavaliarasupervisãocomoorecursomais útil,seguindo-searevisãodocasocomaequipaeoapoiodos colegas.Asmedidasglobaisdeusodeapoio(baixooumuito baixo68%,moderado25%ealtooumuitoalto7%)eamedida globaldaavaliac¸ãodautilidadederecursosusados indicam-nosque,nageneralidade,osprofissionaisdesaúdetendema recorrerpoucoaosapoiosapresentados,masquandoofazem tendemaavaliá-loscomoúteis.Acontrariarestatendência, surgemafamíliaeosamigosdoprofissionaldesaúde,cujas pontuac¸õesdeutilidadesãoasmaisbaixas.Não se encon-traramdiferenc¸assignificativasdegéneronamedidaglobal de recursoa apoio, nemno scorede utilidade. Da mesma formanãoseencontraramdiferenc¸asnestasmedidasentre ospsicólogoseosmédicos.

Agrandemaioria dosprofissionais(98,4%)referiramque nãoexistequalquersistemaformalde apoionainstituic¸ão ondetrabalham,previstoparaapoiarosprofissionaisque pas-sampelaexperiênciadeumpacientesesuicidar.

Sugestõeseoutroscomentáriosadicionais

Setentaporcentodosprofissionaisdesaúdequepassaram pelosuicídiodeumpacienteresponderamaodesafiode acon-selharcolegasinexperientessobreamelhorformadecomo lidarcomesteacontecimento.Asugestãomaisfrequentefoi adepartilharcom colegas,incluindocolegasexperientese colegasde confianc¸a(47%).Seguiram-seconselhosde rigor naintervenc¸ão,nomeadamente naidentificac¸ão dorisco e naatuac¸ãovigilanteeimediata,eondeseincluio interna-mentoeoencaminhamentoparaprofissionaisespecializados (29%).Procederàrevisãodocaso(27%)eprocurarsupervisão (20%)foramtambémaconselhados.Aceitarqueosuicídiode um paciente faz parte da profissão e evitar sentimentos de culpa foi referido por 13% dos profissionais. A mesma percentagemaconselhaaquesearticulecomafamília enlu-tada,incluindoaprestac¸ãodeapoio,enquanto11%salientam a importância de se manter nestes casos um distancia-mento emocionaldo casoeda família,sendo que umdos profissionais desaconselha a participac¸ão nas cerimónias fúnebres.Porfim,9%dosrespondentessugeremapoio inter-disciplinarpara o acompanhamentodestes casos equeos profissionaisperante osuicídiodeumpaciente recorrama psicoterapia.

Algunsprofissionais(23%)acrescentaramumcomentário adicionalrelativo à vivência dosuicídiodo paciente. Estas observac¸õesforamnosentidodereforc¸aresteacontecimento comoumaexperiênciaprováveleperturbadora-«Éumamorte quesecarrega,éincomensurável»-apesardoreconhecimento dosuicídio como uma possibilidade, um risco inevitável e a impossibilidade de prevenir todos os suicídios: «O suicí-diodeumpacientepsiquiátricoéummauoutcome,masprovável emtécnicosquelidemcompessoasemriscodesuicídio».Nestas observac¸õesétambém referidaanecessidadede formac¸ão específicanaáreadasuicidologia,especificamenteporparte dos médicos de medicina geral e familiar: «É sempre uma experiência perturbante com que lido com alguma dificuldade. Os médicos de família necessitam de mais formac¸ão em saúde mental».

Discussão

Esteestudo,realizadocompsicólogos,psiquiatrasemédicos demedicinageralefamiliar,acrescentanovosdadosà sui-cidologia,particularmenteaoestudodoimpactodosuicídio deumpacienteemprofissionaisdesaúde,área,atéàdata, inexploradaemPortugal.

Osdadosempíricosdesteestudorevelamque27%dos pro-fissionaisdesaúdeexperienciaramosuicídiode,pelomenos, umpaciente.Estafrequência,entreosestudosqueusaram amostrasmultidisciplinares,temumavariac¸ãomuitoampla: entre195-70%6.Porém,diferenc¸asnametodologia,nastaxas de resposta enacomposic¸ão das amostras,em termos de gruposprofissionais,limitamovalordestascomparac¸ões.Os doisestudosreferenciadosincluíram,paraalémdemédicos e psicólogos, técnicos de servic¸o social, educadores soci-ais eenfermeiros como participantes, sendoeste último o grupocommaiorrepresentatividade.Relativamenteaos pro-cessosdeamostragem,talcomonoestudoportuguês,foram identificadoslocaisdetrabalho,ondepotencialmenteos pro-fissionaisteriampacientesquesetinhamsuicidado.Porém, noestudocomtaxamaiselevadaesteprocessoincluiuuma pré-triagem destes locais, através deum questionário pré-vioàsinstituic¸ões,nosentidodeidentificaremquaistinha acontecido o suicídiode utentes nos últimos 5anos. Ape-nasnasqueresponderamafirmativamente,osprofissionais foram convidados a participar6. Ou seja,apesar de se tra-taremdeproporc¸ões deprofissionaiscompacientesquese suicidaram,apopulac¸ãodaqualseextraíramoscasos pre-valentesédistinta, condicionandoacomparabilidade. Num outroestudo,realizadocompsiquiatras,psicólogos, enfermei-ros, outrostécnicosde saúdementale técnicosdeservic¸o socialataxadesuicídiodepacienteencontradafoide21%, mas esta prevalência apresentada refere-se ao período de estágioouinternatodestesprofissionais4.

Deacordocomoesperado,ecomodescritonaliteratura internacional9,28,nesteestudoencontraram-sediferenc¸as sig-nificativasnafrequênciadesuicídiodepacientesentreostrês gruposprofissionais,sendoque,paraospsiquiatrasesteéum riscoacrescido.Nesteestudo,55%dospsiquiatrastiverampelo menosumpacientequesesuicidou,reforc¸andoaevidência queestaéumaexperiênciacomumparaestesprofissionais. Estafrequênciaécomparávelàstaxasobtidasemestudos rea-lizadoscompsiquiatrasnoCanadá(50%)13enosEUA(51%)10 einferioràstaxasobtidasemestudoscompsiquiatras esco-ceses(68%)8,irlandeses(80-82%)41,42ebelgas(92%)43.

Apercentagemdepsicólogosportuguesesquetiveramum pacientequesesuicidoufoide11%.Comparandocom pesqui-sasnorte-americanas,efetuadascomestegrupoprofissional, verifica-sequeataxaportuguesaéinferioràencontradanuma amostradepsicólogos(22%)9,masigualàobtidanuma amos-tradepsicólogosestagiários(11%)12.

Num estudo irlandês os autores encontraram uma frequênciade86%demédicosdemedicinageralcom pacien-tesquesetinhamsuicidado21,taxaconsideravelmentemais elevadaqueaobtidanonossoestudo(38%).Noentanto,os dados empíricosdisponíveisacercada frequênciado suicí-dio depacientes dosmédicosde medicinageral sãomuito escassos. Apesar desta lacuna, os estudos que procuram

(8)

determinarastaxasdecontactodossuicidascomcuidadosde saúdeprimáriosfornecemindicadoresindiretosdequeesta frequênciaseráelevada:emmédia,cercademetadedos sui-cidascontactam commédicosdemedicinageralduranteo anoantecedenteàmorte15–18ecercade20%estabelecemeste contactodias antes da morte18. Em pacientesidosos estes númerossãoainda maisimpressionantes:73% visitaoseu médicode família no mêsantecedente aosuicídio43.Estes dadosforamcalculadosapartirdarevisãodeestudosque dis-ponibilizamdadosdocontactocomoscuidadosdesaúdede suicidasantesdoatofatal(incluindoautopsiaspsicológicas eanálisede registos)16,18, ounaprópriarevisãoderegistos médicosemédico-legais17,44.

Para além de diferenc¸as entre os grupos profissionais, constatou-sequeeramaisprovávelumprofissionaldesaúde masculino ter passado pelaexperiência dosuicídio de um pacientequeumaprofissionaldesaúdefeminina.Osdados disponíveisrelativos a estas diferenc¸as de género não são consensuais.Háestudosqueencontraram, tal comoneste, diferenc¸asnasproporc¸õesentreosquetiverameosquenão tiverampacientessuicidas45,enquantonoutrosestudosestas diferenc¸asnãoforamsignificativas9,12.Outrosdadosmostram que,dentrodosquepassarampelaexperiência,oshomens tiverammaissuicídiosdepacientesqueasmulheres43.

Este estudomostra que o suicídiode um paciente tem umimpactoemocionaleprofissionalconsiderávelnos médi-cos e psicólogos portugueses - «é uma experiência que não nos abandonaenquanto formosterapeutas, ficacádentro» cau-sandosofrimentoemocionaleoutrossentimentosnegativos, taiscomo,medo,frustrac¸ão,choque,sentimentodefracasso, culpa,entreoutros,elevandoamudanc¸asnapráticaclínica. Estesresultadosestãodeacordocomoencontradoem pes-quisasinternacionais.

Osresultadosdesteestudopermitemsintetizaroimpacto do suicídio de um paciente em efeitos positivos e negati-vosparapráticaclínica,àsemelhanc¸adoapresentadonuma investigac¸ãocominternosdepsiquiatria46.Osefeitos positi-vos,referidosporumapercentagemelevadadosparticipantes, correspondemàexperiênciadeaprendizagemqueeste acon-tecimentoproporcionou,traduzindo-senumamaioratenc¸ão erigornaavaliac¸ãodoriscoenaintervenc¸ãocom eventu-aissuicidas.Incluíramainda,ac¸õesrealizadascomointuito demelhoraraprática,taiscomorevisãodeprocedimentoseo investimentoemformac¸ãoespecializada.Osefeitosnegativos oupotencialmenteprejudiciais paraapráticaclínicaforam referidospor28%dosprofissionaisdesaúdeeincluírammaior inseguranc¸a,incerteza e ansiedadeao lidar com pacientes efamíliaseumenfraquecimentodaconfianc¸anaspróprias capacidadesprofissionais.Litman24reforc¸aqueníveisde ansi-edadeexcessivosperanteapossibilidadedecomportamentos suicidaspodemcomprometeraeficáciadosterapeutas nes-tescasos.Osuicídiodeumpaciente,consideradocomoum dosacontecimentosmaisperturbadoresdapráticaclínica1–3, podetambémconstituir-secomoumaoportunidadede apren-dizagemprofissional.

Ossentimentosereac¸õesdescritospelosprofissionaisde saúdedeste estudoindicam avivênciade umprocesso de luto- «sentimentode perda, tristezaprofunda,desgosto, dor» -. Simultaneamente,osresultadossãotambémreveladoresda existência de reequacionamentode questões profissionais,

incluindooconfronto comlimitac¸ões-«fiztudooque podia paraevitar?»-eresponsabilidades-«reforceiomeusentimento de responsabilidade».Incluiaindaaadaptac¸ão deestratégias profissionais.DeacordocomLitman24,apósosuicídiodeum pacientecoexistemdoistiposdereac¸ão:umareac¸ãopessoal relacionadacomumprocessodelutonormaleumareac¸ão relacionadacomafunc¸ãoprofissionalespecífica.

Nesteestudo22%dosprofissionaisdesaúderelataram sen-timentosdefracassoe18%deculpaperanteosuicídiodoseu paciente.Emboraotemadaadaptac¸ãoecopingpós-suicídio sejageradordealgumadiscórdianaliteratura,pareceque pou-cosacontecimentosdapráticaclínicaserãocausadoresdeum sentimentodefracassoeculpatãointensoscomoosuicídiode umpaciente47.Peranteoutrotipodemortes,nomeadamente decorrentesdedoenc¸agravenãopsiquiátrica,maisfacilmente se considera a ocorrênciacomo inevitável.Ao contrário, o suicídioétendencialmenteperspetivadocomoevitávele pos-sívelprevenir,gerandonosprofissionaisosentimentodeque poderiamterfeitomelhor,deveriamterestadomaisatentos aossinais ouquedeviam tersidomaisrigorosose vigilan-tesquantoaquestõesdeinternamentooufollow-up. Neste estudo,apenas7%descreveusentirosuicídiodoseupaciente comoumresultadoinevitávelouumasoluc¸ãoaceitável(face aumadorinsuportáveleprolongadanotempo). Simultanea-mente,53%retrospetivaramosuicídiodoseupacientecomo nadaoupoucoprevisívele35%consideraramquenãoteria sidopossívelpreveni-lo.Estesdadosparecemrefletira dificul-dadequeéparaosprofissionaisequilibrarematitudesperante osuicídiodeumpaciente.Ouseja,consideraremosuicídio como inevitável eimprevisívelpodeprotegê-losda culpae evitarumaculturaderesponsabilidadeexcessiva.Aomesmo tempo,estaatitudepoderápromoverdescrenc¸anosefeitosda intervenc¸ãoclínica8,agravadapelofracopoderpreditivodos fatoresde riscodosuicídio48,49 epelofacto dasestratégias deprevenc¸ãoeficazescombasenaevidênciacientíficaserem muitoreduzidas50,51.

Com esteestudoficamostambémasaberque,emcaso desuicídiodeumpaciente,nãoexistemsistemasdeapoio específicosnosdiferenteslocaisdetrabalhoeque,paraalém disso, os profissionais de saúde tendem anão pedirajuda nestascircunstâncias.Porém,quandorecorremaalgumtipo desuporteavaliam-no,geralmente,comoútil.Umaprimeira possívelexplicac¸ãoparaosprofissionaisrecorrerempoucoa ajudaéadaexperiêncianãocarecerdesuporteespecífico.Mas osdadosdesteestudocontariamestaexplicac¸ão:osrecursos avaliadoscomomenosúteissão,exatamente,ossuportesnão especializadosouespecíficosdasituac¸ão-amigosefamília dopróprioprofissional.Assim,outrahipótesedeexplicac¸ão prende-secomoestigmasocialeprofissionalaquese man-témligadoesteacontecimento.Osuicídiodeumpacienteé visto como um resultado profissionalerrado eassociado a umafalhadoclínico(comojádiscutido). Estaatitudepode contribuir paraumaresistêncianaprocuradeajudaecriar barreiras àadoc¸ãodeac¸õesadequadaspós-suicídio. Desig-nadasnaliteraturainternacionalpormedidasdepostvention, estasac¸õesincluemprovidenciarapoioàfamíliadosuicida, aoutroselementosdaequipaquetenhamacompanhadoo paciente(comoporexemploenfermeiros)eaoutrospacientes (particularmenteemmeiohospitalar),assimcomodegarantir suporteaopróprioclínico25,32,47,52–57.

(9)

De acordo com o encontrado em pesquisas empíricas anteriores3,5,13,43,58,59, oapoiodoscolegasfoiorecurso pós-suicídiomaisutilizadopelosprofissionaisdesaúdeeavaliado como um dos mais úteis. O recurso avaliado com maior utilidade, o supervisor, foi usado por poucos profissionais, refletindo,provavelmente,adificuldadeemacederà super-visão,querpelotipode(in)disponibilidadedesterecursoem meiosinstitucionais,querpelofactodeimplicaremmuitos casos,gastoseconómicosconsideráveis.Apesardaescassez de dados empíricosespecíficos, a literaturadefende que a supervisãopodeterumpapelimportanteparaoprofissional desaúdeemcasosdesuicídiodeumpaciente12,13,33,52,53,60,61. O contactocom afamília dosuicida, tendouma dupla func¸ão,deapoioaosfamiliaresedeintegrac¸ãoda experiên-ciaporpartedoprofissional,earevisãodocasoemequipa, ambosclaramenteaconselhadosnaliteraturacomopráticas aseguirpós-suicídio,foramvalidadospelosresultadosdeste estudo.

Apenas 10% dos profissionais foram ao funeral do seu paciente,percentageminferioràencontradaemamostrasde psiquiatrasbelgas(17%)59(26%)43eescoceses(15%)8e psicó-logosnorte-americanos(18%)12.Naliteraturaéreferidoque, nageneralidade,osprofissionaisdesaúdenãovãoàs cerimó-niasfúnebres,masaquelesqueofazemconsideram-noútil, querparasiquerparaafamíliaenlutada12,62,63.Nesteestudo, metadedosprofissionaisqueforamaofuneral consideraram-noútil.

Para além da revisão de caso, da partilha com os cole-gas,dasupervisão,docontactocomafamíliaedapresenc¸a nofuneral ouenviodecartãode condolências, aliteratura aconselha tambémaformac¸ão especializadacomo recurso adequadoparalidarcomesteacontecimento13,56,59,64.Nesta investigac¸ão,apenas18%têmformac¸ãoespecializadaemais demetadeconsideraasuapreparac¸ãoinsuficientepara acom-panharpacientessuicidas.Anecessidadedeformac¸ão,para melhorarcompetênciasnaintervenc¸ãocom comportamen-tossuicidários,éreconhecidapelamaioriadosparticipantes. Seráassimessencialqueaformac¸ãoemsuicidologiase gene-ralize a mais profissionais de saúde. Esta formac¸ão, para alémdosconteúdostradicionalmenteabordados(avaliac¸ãodo risco,gestãodacrise,epidemiologia,fatoresderisco),deverá incluirprocedimentosdepostvention,assimcomo componen-tesformativasemqueseantecipeosuicídiodeumpaciente comoumrisco provável, esereflitaacercade questõesde responsabilidade3,64.

A formac¸ão suicidológica recebida nas diferentes formac¸ões académicas é escassa. Um estudo recente com profissionaisdesaúdeportuguesesrevelaqueasdificuldades noacompanhamentodeindivíduossuicidaspodemsituar-se em4níveisdiferentes:níveltécnico(p.ex.avaliac¸ãodorisco), nívelemocional(p.ex.medoqueoindivíduosesuicide),nível relacionalecomunicacional(p.ex.comodialogarcomo paci-enteacercadamorte)eaoníveldaabordagemdafamília.1 Aslimitac¸õesdaformac¸ãocomconsequênciasaoníveldas competênciasdeavaliac¸ãoegestãodepacientessuicidaspor

1 RothesI,HenriquesM,LealJ,LemosM.Facingapatientwho seekshelpafterasuicideattempt:difficultiesofhealth professionals.Crisis.2013.Manuscriptunderreview.

parte dosprofissionais de saúde não éexclusivado nosso pais65–67.Acrescequetemvindoaserdemonstradoqueuma das estratégiaseficazesde prevenc¸ãodosuicídiocombase naevidênciaéaformac¸ãodosprofissionaisde saúde,com destaque para os médicos de família49,50. Juntam-se ainda dadosquerevelamquedadaacomplexidadedaintervenc¸ão com pacientes suicidas é necessário formac¸ão contínua, específicaebaseadanaexperiência68.

Neste estudo,nãoseencontraramdiferenc¸as significati-vasentregénerosnaexperiênciadosuicídiodeumpaciente, ouseja,apesardesermaisprovávelparaumprofissionalde saúdehomemtertidoumpacientequesesuicidou,quando passampelasituac¸ão,homensemulheresparecemter viven-ciado este acontecimento de forma semelhante. Também nãoforamencontradasdiferenc¸asentregénerosaonívelda utilizac¸ãodosrecursosdeapoiopós-suicídio.Estesresultados contrastamcomestudosanteriores5,6,14,29,31,42.

Emrelac¸ão aogrupoprofissionalaliteraturanãoé con-sensualnemlinear.Existemestudosque,talcomoeste,não encontraramdiferenc¸asentregruposprofissionais31.Outros obtiveramníveisdeimpactoemocionalnegativo significati-vamentemaiselevadonospsiquiatrasquenospsicólogos29. Outros ainda, não encontram diferenc¸as na intensidade das respostas, mas identificaram efeitos significativos nas mudanc¸as das práticas profissionais entre alguns grupos específicos6.

Esteestudoapresentaalgumaslimitac¸õesmetodológicas. Emprimeirolugar,arepresentatividadenãopodeser garan-tidaatravésdoprocessodeamostragemutilizado(focalizada cruzado com bola de neve). Porém,foram usados procedi-mentosmetodológicosadicionaisquefazemcomqueumviés sistemáticosejaimprovável.Emsegundolugar,ofactodese seguirumdesenhoqueasseguraoanonimato,torna impossí-velverificarquepercentagem,dosquenãoresponderam,teve ounãopacientesquesesuicidaram,condicionandoovalor dataxadeprofissionaiscomsuicídiodepacientes.Terceiro, eporqueoobjetivodoestudoeradescreverossentimentose reac¸õesperanteosuicídiodepacienteconsideradopelos pro-fissionaisdesaúdecommaiorimpacto,oestudopoderánão serrepresentativodetodosossuicídioscomqueos profissio-naislidaram.Dereferiraindaaimpossibilidade, docálculo da taxa de respostaao estudo dado o desenho metodoló-gico.

Ainvestigac¸ãofuturadeveráexplorarrelac¸õesentre atitu-desperanteosuicídioeimpactodosuicídiodeumpaciente, aprofundar o estudo dos efeitos das variáveis socioprofis-sionais, incluindo variáveis de formac¸ão, e ainda estudar dificuldadesespecíficasdosprofissionaisperante comporta-mentossuicidários.Aconselha-seaindaousodeentrevistas deprofundidadenosentidodeapurarfatoreschaveparao processodeadaptac¸ãoeaprendizagemapósosuicídiodeum paciente.

Como referiram os profissionais desaúde, osuicídio de umpacienteapesardeser«umriscoinevitávelparaquem tra-balhacomcertotipodepopulac¸ão,éumaexperiênciamuitodifícil deviver».Assim,caberáàinvestigac¸ãoproduzirmais conhe-cimentosobreoimpactodesteacontecimento,osprocessos de adaptac¸ão por parte dos profissionais e os fatores que medeiam omesmo,no sentidodepromoverqueesta expe-riênciadifícilsejaumaoportunidadedecrescimentopessoale

(10)

profissionalepotencieintervenc¸õesfuturasdequalidadecom pacientesemrisco.

Financiamento

EsteartigofoifinanciadopelaFundac¸ãoparaaCiênciae Tec-nologia(FCT)comoumabolsadeinvestigac¸ãodoQREN-POPH -Tipologia4.1-Formac¸ão Avanc¸adasubsidiadapeloFundo SocialEuropeuefundosnacionaisdeMCTES.

Conflito

de

interesses

Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.

Agradecimentos

Gostaríamosdeexpressaronossoagradecimentoatodosos médicosepsicólogosqueparticiparamnoestudoeatodosos quecolaboraramnaangariac¸ãodepotenciaisparticipantes.

Apêndice.

Material

adicional

Podeconsultaromaterialadicionalparaesteartigonasua ver-sãoeletrónicadisponívelemdoi:10.1016/j.rpsp.2013.05.002.

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Tabela 1 – Características dos participantes
Tabela 3 – Características do suicídio e do paciente com maior impacto
Tabela 7 – Recursos de apoio usados pelos profissionais e sua utilidade

Referências

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