CC
265
MARCOS
MIROSKI
GERENTE
PRÓTESE
E0NATÓRIAz
UMA
NOVA
OPÇÃO
PARA
REABILITAÇÃO
VOCAL
DE
PACIENTES
LARINGECTQMIZADOS
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a
Conclusão do Curso de Graduação
em
MedicinaFLORIANÓPOLIS
-SANTA CATARINA
2000
MARCOS
MIROSKI
GERENTE
PRÓTESE
FoNATÓRIAz
UMA
NOVA
OPÇÃO
PARA
REABILITAÇÃO
VOCAL
DE
PACIENTES
LARINGECTOMIZADOS
Trabalho apresentado à Universidade Federal de Santa Catarina, para a
Conclusão do Curso de Graduação
em
MedicinaCoordenador
do
Curso:Edson
JoséCardoso
Orientador:
Newton
Macuco
CapellaCo-orientador:
Armando
Joséd”Acampora
FLoRIANÓI>oLIs
_SANTA CATARINA
AGRADECIMENTOS
Algumas
pessoasmerecem
ser lembradas pela sua inigualávelcontribuição nestes
meus
seis anos de fonnação médica, assimcomo
na
realização deste trabalho de conclusão de curso, deforma
que agradeço:Ao
Professor Dr.Newton Macuco
Capella, por ter orientadonão
só arealização deste trabalho,
mas
de muitos outros, além da amizade e estímulo para oingresso
na
especialidade de Otorrinolaringologia e Cirurgia deCabeça
e Pescoço.Ao
Professor Dr.Armando
José d°Acampora, pela sua amizade e estímuloà produção científica,
em
quase quatro anos de convivênciana
Disciplina deTécnica Operatória e Cirurgia Experimental
(TOCE),
lugar onde a maior parte de._ ¿
:
minha
formação médica, tanto técnicacomo
emocional, foi adquirida, através de'\
discussões sempre interessantes e construtivas.
Aos
colegas DanielKnabben
Ortellado, RobertaMagalhães
Carvalho,Luciana Krause Santana e Graziela Bonin, verdadeiros amigos, pelo
companheirismo
na
pesquisa científica nestes anos de faculdade.A
Aos
meus
pais JoséTadeu
Gerente e Marisa Miroski Gerente, pelosvalores que nortearão
minha
personalidade e caráter durante toda a vida, assimINTRODUÇÃO
... ..LITERATURA
... ..OBJETIVOS
... ..MÉTODO
... ..RELATO
DOS
CASOS
... ..RESULTADOS
... ._DISCUSSÃO
... ..CONCLUSÕES
... ..REFERÊNCIAS
... ..RESUMO
SUMMARY
APÊNDICE
ÍNDICE
Õ I O O O I O O O I O I O I O O O O O O O I OO O O O O O O O I O O O O O O O O O O O O O O IO O O O O O I O O Ó I O O Q O O. O O O O O O O O O O O O O O O I O O O O O O OO O Q C O O O O I O O O O O C Ó O O I I O . OOIINTRODUÇÃO
Quando
primeiramente realizadasno
final do séculoXIX,
as laringectomiasnão
obtinham resultados aceitáveis, e grande parte dos pacientes evoluíam para oóbito devido à sepse.
Atuahnente,
com
a evolução das técnicas anestésicas e cirúrgicas, além deum
melhor controle das infecções, a maioria dos pacientes tolera
bem
o procedimento,com uma
boa
recuperação e baixa mortalidadel.A
principal indicação para a laringectomia é o câncer de laringe, sendo raras outras patologias que justifiquem o procedimento.Tal
como
qualquer tipo de câncer,mn
estadiamento preciso é de fundamentalimportância para indicar a melhor forma de tratamento.
As
modalidades detratamento diferem de acordo
com
o tamanho, a localizaçãodo tumor na
laringe e oserviço que o pratica.
É
impossível determinarum
tratamento padrão para cada estadio e localizaçãodestes tumores porque muitos fatores influenciam
na
decisão final sobre qual a terapia será mais adequada. Considerações quanto à anatomia, estado geral e preferênciado
pacientedevem
ser tomadas, etêm
um
papel decisivona
escolha daterapia.
Devido
ao fato da laringe tercomo
principais funções as depassagem
do ar,fonatória e esfincteriana, a qual protege as vias aéreas inferiores da aspiração de
produtos alimentares, tem-se enfatizado cada vez mais a importância de
um
A
laringectomia total é reservada aos casos de tumores mais avançadosou
dedoença recidivante e a perda da voz
tem
setomado
a conseqüência mais temidapara muitos pacientes. Neste procedimento, a traquéia é trazida à pele logo acima
da fúrcula esternal e a faringe é fechada, de
modo
que o pacientepermanece
com
uma
traqueostomia terminal definitiva.Estas cirurgias alteram de maneira significante a respiração
do
indivíduo, assimcomo
sua deglutição e fala.Como
a linguagem expressada através da voz écaracterística fundamental
do
serhumano,
sua perdarompe
muitas das interaçõescom
outras pessoas, resultandoem
consideráveismudanças
sociais e psicológicas, que,na
falta deum
ajuste adequado,produzem
uma
piorana
qualidade de vídaz.Existem essencialmente três
métodos
para reabilitação vocal apóslaringectomia total: voz eletromecânica,
voz
esofágica evoz
tráqueo-esofágica.Na
voz eletromecâníca (eletrolaringe) utiliza-seum
vibrador mecânico, que écolocado
em
contatocom
os tecidos frouxosdo
pescoço, onde transmite vibraçõespara o assoalho da
boca do
paciente, que utiliza suas estruturas articuladas (lingua,lábios e palato mole) para gerar sua fala através desta “voz artificial”.
O
aparelho écontrolado
manuahnente
pelo paciente.O
método
mais tradicional para reabilitação vocal é o treinamento paraaquisição de voz esofágica, onde o paciente aprende a forçar a saída
do
ar peloesôfago e então regurgitá-lo através do segmento faringo-esofágico, que vibra,
produzindo a voz.
Uma
rápida repetição deste procedimentopode
produziruma
fala inteligível.
O
terceiro e mais recentemente desenvolvidométodo
são as próteses fonatórias,onde
uma
válvula de silicone,ou
de outro material semelhante, é inserida atravésde
uma
fístula tráqueo-esofágica realizada cimrgicamente, produzindouma
rota porsegmento faringo-esofágico. Este
método
utiliza o reservatório fisiológico de ar dospulmões, resultando, portanto
em
uma
fonação mais prolongada e potente-
voztráqueo-esofágica.
Além
disso, a válvula evita que salivaou
alimentos sejamaspirados através da traquéia3.
Aos
pacientes quenão obtém
sucessocom
nenhum
destes trêsmétodos
de reabilitação vocalfica
restrita acomunicação
através damímica
facial, gesticulaçãoe
mensagens
escritasem
papel.O
primeiro relato sobre apunção
tráqueo-esofágicacom
colocação de prótesefonatória foi feito
no
final da década de 70 porSINGER
eBLOM4.
Deste então,numerosos modelos
de próteses fonatórias removíveistêm
sido desenvolvidas edisponibilizadas, e as mais utilizadas atualmente são as seguintes:
Blom
Singer®,Groningem®,
Nijdam®
eProvox®.
A
segunda geração destas próteses, jádisponível, possui melhores características aerodinâmicas, o que diminui sua resistência à
passagem
do ar,como
a Provox2®5.Em
geral, estas prótesespodem
ser divididasem
dois tipos: dispositivosremovíveis e não removíveis.
As
primeiraspodem
ser trocadas pelo próprio paciente, enquanto que as últimasficam
em
seu lugar permanentemente etêm
deser removidas e trocadas pelo
médico no
fmal de sua vida útil, a qual é determinadapela ocorrência de
vazamento ou aumento
da resistência aofluxo
de arna
prótese.As
diferenças entre estes váriosmodelos
de próteses são relacionadas aodiâmetro do seu líunem, durabilidade e maneira de colocação.
A
válvulaBlom
Singer®
pode
ser removida e trocada pelo paciente.Os
modelos
Provox®
eGroningen®
são mais largos e duráveis,porém
não
podem
ser trocadossem
assistência médicaó.
A
fistula tráqueo-esofágicapode
ser criadano
mesmo
tempo
cirúrgico dalaringectomia total (punção primária)
ou
em
um
novo
procedimento, tempos após acirurgia para o tratamento do câncer de laringe (punção secundária).
Quanto
à maneira de colocação, as prótesespodem
ser inseridas através dafistula tráqueo-esofágica de maneira anterógrada, utilizando-se
um
dispositivoespecífico para o procedimento
ou
de maneira retrógrada, ondemn
fio-guia épassado através da orofaringe, atingindo a fistula e posicionando a prótese7.
Até o
momento
nãoconhecemos
relatos sobre a utilização destas prótesesem
Santa Catarina, sendo poucos os serviços que praticam o procedimentono
Brasil, oque motivou o relato de dois casos, operados
no
Hospital Universitário(HU
~
ilita des
A
reab nstanteLITERATURA
d
uma
preocupaçãoção vocal após laringectomia
tem
setoma
ode a primeira cirurgia deste tipo realizada
com
sucesso pora tratamento de
um
câncer de laringes.`
tuito de selecionar o
método
quea 1). co
BILLROTH, em
1873, par ^ sido realizadosno
m
` te laringectomizado (Figur tudostem
a o pacien Vários eslidade vocal par
obtenha a
m
elhor quaz ~ _ Akan_ "/ffz L. ” ƒ,.z›f**Êã. af ¿___l- ._.-@fš;f=«› ‹ V _ *iai V Ílâ ,..,«,«=~#»_.'‹'“" zzâz,/,M ~*- z. vã., ¿\__,:,_.,¿_,¿. L `f¿›_vf _-* ¬. 1. .-¿_ _« ._ z .:=',¡'§'.~=, _"`;í-Í~'~_';Í`-. *ffi _ zÉ¿¿‹.› ;:*_;._¿¡,¿ _ ;.*,`-1,1' ._z¬ 1=;3'¬; V. Ff* « F _/ ._ ._g gi... 113- '1¡_z:¿' ._ '~ *E9 ,' ;Z‹:~= .- ¿.¿,,¿,`_,, ._... _ _ ~.f lr. F¬_ _ *,.,.‹ _~_ " w '3'-'{;'*¡i¿¡;' ;_. _, _' ‹,'_x -.- fi =.;-:flws ,-_ f
d de “Voice Rehabilitation Page” (Www_myhome.demon.nl/)9.
Figura l: Estado após laringectomia total. Obtí 0
Em
estudo realizado porCLEMENTS
e cols.2, 31 pacientesforam
avaliados deacordo
com
sua satisfação pessoalcom
ométodo
de reabilitação vocal utilizado.O
grau de satisfação pessoal foi analisado através de
um
questionário, que utilizava os^
etros: satisfação
com
a comunicação,com
a qualidade vocal,habilidade de comunicar-se ao telefone, limitações à interação
com
outras pessoas equalidade de vida.
Os
pacientescom
voz
tráqueo-esofágica estiveramsignificantemente mais satisfeitos
com
relação a sua qualidade vocal, habilidade decomunicação
ao telefone e apresentavammenos
limitações à interaçãocom
outraspessoas,
quando comparados
aos pacientescom
voz esofágica, eletrolaringe (Figura 2) e àqueles que secomunicam
através demensagens
em
papel.Também
semostrou
uma
tendência auma
melhor qualidade de vida nos pacientescom
voztráqueo-esofágica, apesar da
não
significância estatística neste parâmetro.zf¢.'>íz35"' " 32'-~ ¡- 45» , ¬» 'ef ., .. 'E _ ,_ 15';-., lj \‹'é" Iéuifraøf J
Figura 2: Voz eleiromecânica ou eletrolaringe. Obtido de “Voice Rehabilitation Page”
(www.myhome.demon.nl/)9.
Alguns parâmetros objetivos
podem
ser avaliados através de sistemasutilizados são: freqüência fundamental, intensidade habitual, intensidade
máxima,
tempo
máximo
de fonação da vogal /a/ enúmero
máximo
de sílabas.ROBBINS
e cols.1° realizaram o primeiro estudo, ondecomparavam
osaspectos acústicos e temporais da
voz
laríngea normal,voz
tráqueo-esofágica e vozesofágica (Figura 3), cada grupo contendo 15 indivíduos. Obtiveram
como
resultados
uma
freqüência fundamental de 103,4 Hz, 82,8Hz
e 65,3 Hz,respectivamente;
tempo
máximo
de fonação de 21,8 s, 12,2 s e 1,9 s; e intensidadehabitual de 76,9 dB, 88,1
dB
e 73,8 dB. Concluíram quena voz
tráqueo-esofágicaos parâmetros frequenciais são semelhantes aos
da voz
laríngea nonnal e que oaumento
da intensidade habitual foi relacionada à maior pressão da coluna aéreana
fonação_ Neste estudo, o
tempo
máximo
de fonaçãona
voz tráqueo-esofágica foimenor,
com
relação à voz laríngea normal,porém
permitindo adequada fluência dafala. /',. _ z, __×z›. _ , .z_-~ ' #9 ,.';:¿~';, 'Z (1. _ _ V,‹_ äi _‹,-.,-Z É.. V- ",« _ , .1 ,‹ _ .__¬._ _ / _ ,,,‹~wz_ ¡. _ ' '-~ ' ~ aiffff . f '_'s*š.›~ _ _ - '~ .~ . ._›~->› › .4 __ , _; . . . ,_¢ _ ,‹›~ mu- _; _ _ 1 _... z ,_ ,- Af ` `f ,_-_* '- '. 1 _'_'_';“_$^, 1 . Í '__ _ °'__, S ~~'.'Í' + *ÉTJ _ ' ›*- _ __ - z _ 'il Y? ~ _. { ^¶` " .,z›-I ,»; « -f _, fz.: '_ 1,,-¿_< JL '/_ ur _ __ 5* 'f', > 'FEE-_,_~=' ' :-'ff-i. ..z_~i'Íâ›.~f*z:1=` ›z " . fã, ›=;;âz‹z‹ ff: zf* ,j_:;a; =.\~1-.‹5;lâw.;¬ !'.',__ ' ;É,__z' _ «í /,_ .M
CREVIER-BUCHMAN
e co1s.“,em
estudo semelhante, encontraramtempo
máximo
de fonaçãomédio
de 8,23 sna voz
trâqueo-esofágica, 11,28 sna voz
laríngea nonnal e 2,00 s
na voz
esofágica.Tiveram
como
conclusão, ainda, que avoz laríngea normal e a tráqueo-esofágica (Figura 4)
permitem
amanutenção
doritmo de fala e da semântica, o que
não
ocorrecom
avoz
esofágica, devido aogrande
número
de quebras de sonoridade e pausas, geradas pela freqüente captaçãodo
ar. .ú if fz z sf. f / V. .;_ z øšíiëv c' -_ .¡š»"i` ›.. iifiišfff V ' ¬ * *W _; ;:f=‹. V;,¿¿z;_¿`,›¬_¡:;-._ -. V _ _. . _; - 'ÊF"¿í"'=Í-if' ii- .zf ' a z -, ǃz- §V:_'¿_› .'~':‹ - z "fp _‹_f ¬ ': ,_~v'§,* vi1 =:i.› ' ¬ ^ f :'..._. z _ __, ly, _ ‹-2'_`\ '” ›  'f z¿ 1. . -»: fz 1 =. . ir. 4, 'für 1 ur?-'f Ê V 'iši->" ii' s _ , _, ¡ VV,.~-Figura 4: Voz tráqueo-esofágica. Obtido de “Voice Rehabilitation Page” (wWw.myhome.demon.n1/)9.
MAX, STEURS
eBRUYN12,
comparando
as capacidades vocais de pacientescom
voz
esofágica e tráqueo-esofágica, encontraramcomo
tempo
máximo
detráqueo-esofágica, assim
como
otempo
máximo
de fonação, foi estatisticamente superiorao da voz esofágica,
com
valores de 70,70dB
e 61,90 dB, respectivamente.Em
estudo realizadona
Escola Paulista de Medicina porCECCON
e cols.13,com
15 pacientes submetidos à laringectomia total e colocação de prótesefonatória, foi encontrada
uma
freqüência fundamentalcom
mediana
de 100,73 Hz,intensidade habitual
com
média
de 66,29dB
etempo
máximo
de fonação da vogal/a/ de 12,36 s,
em
média. Neste estudotambém
foi realizada tuna análiseperceptiva, sendo o resultado vocal caracterizado
como
bom em
66,7%
dos pacientes emoderado
em
33,3%.Na
literatura atual, as próteses fonatóriastêm
sido consideradas por muitos autores ométodo
mais efetivo ecom
melhor qualidade vocalna
reabilitação dos pacientes 1aringectomizados7”14`18.AUST
e cols.15, analisando subjetivamente 19 pacientescom
próteses damarca
Provox®,
verificou que 17 delesforam
capazes de produzirsom
utilizando a fistulatráqueo-esofágica, após colocação inicial. Nesta avaliação a curto prazo, baseada
na
capacidade de produzir
som
ena
qualidade da fala, 16 dos 19 pacientes(89%)
foram
considerados possuidoresum
sucesso inicial.As
razões de falha nos 3pacientes restantes foram: falta de coordenação
motora
(1 paciente), glossectomiaassociada (1 paciente) e
uma
laringectomia subtotal (l paciente). Avaliando estesmesmos
pacientes a longo prazo, 2 deles tiveram suas próteses retiradas e suasfistulas fechadas, sendo 1 devido à infecção e outro à inabilidade vocal devido à
glossectomia.
Dos
17 pacientes restantes, 11foram
consideradoscomo
tendouma
boa
fala, 3com
uma
falamoderada
e 3com
uma
fala ruim, resultandoem
74%
desucesso a longo prazo.
Em
um
estudo prospectivo realizado porHILGERS
eBALMI7,
132 pacientesgraduadas
como
“boa”, “moderada”, “ruim”ou nenhuma. “Boa”
significavauma
voz
fluente e inteligivel sob todas as circunstâncias sociais;“moderada”
significavauma
voz
de qualidade inferior,mas
utilizadacomo
principalforma
decomunicação, e “ruim”
uma
voz de inteligibilidade insatisfatória,sem
utilidadecomo
principalmétodo
de comunicação.Em
uma
avaliação inicial, 111 pacientes(84%) possuíam
uma
voz “boa” e 9(7%)
uma
voz “moderada”.Nove
pacientes(7%) foram
consideradoscomo
tendouma
voz “ruim” e 3(2%) não
produziam voztráqueo-esofágica. Destes 3 pacientes, 2
foram
submetidos auma
miotomia secundária, atingindouma
voz
“boa”, resultandoem
um
sucesso geral de92%
OBJETIVOS
Relatar e avaliar os casos de dois pacientes submetidos à colocação de prótese fonatória após laringectomia total, analisando de maneira perceptiva a qualidade da
MÉTODO
Pacientes:
Foram
avaliados dois pacientes submetidos à colocação de prótese fonatória.Os
procedimentosforam
realizadosno
Hospital Universitário(HU-UFSC)
eno
Hospital de Caridade,
no ano
de 1999.Procedimentos:
Em
ambos
os pacientes foi utilizada a próteseda marca
Provox®
(AtosMedical
AB
- Horby, Suécia), confeccionadaem
silicone (Figura 5).í la00 traqueãl- _ leão proteção traqueal contra
-
aspiração váivuia/ 1 E\
I flan fiaâzge. esofágãcc traquealFigura 5: Aspecto e características da prótese Provox®. Obtido e modificado de “ATOS MEDICAL Home
A
prótese é disponível nas larguras (distância entre oflange
esofágico e oflange
traqueal) de 4, 5, 6, 8 e 10mm,
sendo que nos 2 pacientes utilizou-se a de 8mm.
As
outras dimensões da prótese são: diâmetrodo flange
esofágico de 14,5mm,
flange
traqueal (oval) de 12x
16mm,
diâmetro interno da prótese de 5mm
eextemo
de 7,5mm.
O
flange
traquealcontém
um
fio
de segurança.A
válvula émoldada
em
uma
peça únicacom
a prótese e possuium
anel radiopaco azul.Cada
prótesevem
acompanhada
deum
bisturi eum
fio-guia descartável parainserção e troca da prótese.
O
fio-guia possuium
conector para que seja fixado aofio
de segurança danova
prótese.O
trocáter e a cânula sãorecomendados
para acriação da fístula traqueoesofágica tanto de maneira primária
como
secundária.`\
fz _¿.~×1' _¿,«‹" ' _,z'**“ f;y.:«**fñí'*'i .za Q, ~. xi ' __ « ` . . ¡ ”-f"¬“`\ ' 1 * fãFigura 6: Material para inserção retrógrada: 1 - próteses com diferentes larguras; 2 - protetor faríngeo; 3 -
trocáter e cânula; 4 - escovas de limpeza; 5 - “plug” para oclusão tporária da prótese; 6 - bisturi; 7 - fio-guia.
O
protetor faríngeo é utilizadono
intuito de reduzir o risco de lesão da paredeesofágica posterior e dos dedos
do
cirurgião durante apunção
primária.A
escova de limpeza possuium
colar protetor para limitaruma
inserção muitoprofunda dentro da prótese e urna ponta arredondada para reduzir o risco de lesão à
mucosa
esofágica.O
plug
é utilizado para o controle temporário dovazamento
pela prótese epossui
mn
fio
com
um
botão, que diminui o risco de perda do dispositivo dentro datraquéia.
O
procedimento retrógrado de colocaçãoda
prótese é realizado sob anestesiageral,
com
o paciente entubado.Um
esofagoscópio rígido é introduzido até que sua ponta alcance otraqueostoma. Neste
momento,
o esofagoscópio é rodadoem
l80°, deixando seu lado oblíquoem
contatocom
a parede posteriordo
traqueostoma.Após
remoção
temporáriado
tubo de ventilação, a espessura da paredetraqueoesofágica é estimada por palpação e perfurada
com
o trocáter coberto pela cânula. Desta maneira, a fístula é criada, estando a pontado
trocáter dentrodo
esofagoscópio.O
trocáter é retirado, deixando a cânula, por onde o fio-guia é passado,alcançando a outra extremidade
do
esofagoscópio, que é, então removido.A
prótese é então conectada aofio
guia através de seufio
de segurança, sendoentão tracionada até a fistula traqueoesofágica pelo traqueostoma.
Quando
ofio
de segurança aparecena
fistula, é preso poruma
pinçahemostática
sem
dente, que então traciona e posiciona a prótese.O
fio
de segurança é cortado e seu coto é rodado para baixo.O
tubo de ventilação é colocado durante o procedimento de acordocom
a necessidade.O
material para inserção anterógrada foi desenvolvido para permitiruma
inserção
ou
troca rápidada
prótese atravésdo
estoma (Figuras 7 e 8). Nesteprocesso
também podem
ser usados o trocáter e o protetor faríngeo, já citados.prótese conectada ao cabe de inserção fíüda tubo da carga do fiange carga
Figura 7: Material para inserção anterógrada. Obtido e modificado de “ATOS MEDICAL Home Page” (wwwatosmedical.com/_fi'ameset/frames] .h1m)l°.
Figlra 8. Próteses de diferentes diâmetros (4, 5, 6, 8 e 10 rnrn) e o material para inserção anterógrada
- tubo de
carga e cabo de inserção. Obtido de “Ackerstaff AH, Hilgers FJM, Meeuwis CA, et al. Multi-institutional assessment
of the Provox 2 voice prosthesis. Arch Otolaryngol Head Neck Surg 1999; 1251167-173720.
ffl sz ~ z-2.-s '-~ * ~ *ÊFÊ Y* .. .,._ fm' " l!j›.z;, * _'hjÊ;'¿;,,%'Ci' ,z kzljëâz ',-'fi-T 1' ,›.' J- šrr >:=z›¬'~z __.,¬ «L . âfi zf < z ., .z..z4.z..._.__ .._..›,..,z. ¿â\$_.z¿,¡,, .. › -.'x~;=-Í;»?:z,: ~:.-^é›_-§t-1'z"Í*^¿í.¢1..-  ., ^.=..â.-»-z:í~;=f›=›;@~*'~¬.›‹: =.*-tzf-1=êz1¬'‹×;--wi , .,. .‹....Q›...-~.Lz . ~'.=~ M ~‹~.$-. ,.¬..: 1-. ~z‹~f¿ .›› get :w;~¢€.>,z`~'znzg'¡_^2:~›‹¿ã§‹&3'¿sf V _.~,f›, S1* ‹=:= tzflzf'â^~';«t-<:›.-- “ 'í¬".ÍÍ-' ~"_I~`-F -.'=¿* `^.'¿5'r*'^¬' :. , '
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¬. . _zj~{2{»_.,”té‹ .~‹-tš ` arwr' ff E ft* «W K ` -Q* :›~r¬ 'i -i .'›f""r¬""' `."".- .ft - ' Í z ' ;-'_;-_;R .. x '¡:'‹ ,,,,›_.f ', ,-,..: .ç ._. Ã. ._,z..,..._. ,_ :y z .~. ', I.. _-Tr' ..›,t-_-. '‹ 'L 3 2, - 1 -* >:.~ ‹.'.=.--'¬-"I : ^.-.›.;›,.tê,..z~ .›-:, fz, ,. -=._,_ t ,. _ 5 Y ' z'áÍ'. w_›.<‹ƒ‹ 1~¬`@"“5 ... - ~ H 3- fig* ..:,¡'_‹'¿z--.~-V. rg :I =‹-.`_¬¿¡¿z ' - z *' - '~»~\ z _ . ía .,. -. §;:..:-Y*;~§z“.¬.:I` .1z`:.‹~›Figura 9: Técnica de colocação retrógrada da prótese. Obtido e modificado de “ATOS MEDICAL Home
Passo l - A prótese é conectada ao cabo de inserção, seus flanges são dobrados e esta é
colocada por dentro do tubo de carga,
deixando-a pronta para inserção.
Passo 2 - O cabo de inserção é empurrado pelo
tubo de carga para dentro da fistula
traqueoesofágica, desdobrando o flange
esofágico e posicionando a prótese.
Passo 3 - O desdobramento é confnmado
puxando-se o cabo de inserção e
posteriormente removendo e tubo de carga,
que então libera o flange traqueal. Neste
momento, a prótese já está posicionada.
RELATO
DOS
CASOS
CASO
1:W.A.R., masculino, 52 anos, branco, casado, natural de Itaiópolis, procedente
de Timbó, lavrador,
sem
internações anteriores.Queixa principal: Rouquidão.
Atendido
em
junho de 1997no
ambulatório de Otorrinolaringologia e Cirurgiade
Cabeça
e Pescoço doHU,
relatava quehá
um
ano vinha apresentandorouquidão,
quando
procurou auxíliomédico na
sua cidade natal, ondenenhuma
investigação foi realizada.Há
cerca deum
mês
havia notadoum
aumento
devolume na
região submandibular direita,com
piora da rouquidão e dorna
regiãocervical.
Não
havia queixa de emagrecimento.Era fumante de dois cigarros de palha por dia durante 45 anos. Etilista social.
Ao
exame
otorrinolaringológico, apresentava lesão infiltrativa da prega vocaldireita, sendo caracterizada
como
um
tumor
estadioT2
(Apêndice 2).No
exame
daregião cervical
não foram
evidenciados sinais de envolvimento linfonodal, sendo caracterizadocomo
um
tumor
N0,Mx
(Apêndice 2).A
primeira biópsia, realizadaem
10/07/97 mostrou apenas infiltrado linfoplasmocitário,sem
sinais de malignidade.No
seguimento da investigação, foi solicitadauma
tomografia
computadorizada(TC)
da região cervicalem
20/08/97, que mostrou significativo espessamento daprega vocal direita,
com
cartilagens tiróide, cricóide e aritenóides íntegras.O
Nova
biópsia foi solicitadaem
19/09/97,com
um
laudo de displasia epitelialescamosa
moderada. Desta maneira o paciente foi orientado a retomar parareavaliação
em
janeiro de 1998ou
se apresentasse qualquer sintoma novo.No
retorno, devido à dificil visualização da região glótica pela laringoscopiaindireta (LI), o paciente foi
encaminhado
para realização deuma
videolaringoscopia.
Mantendo-se ainda forte suspeita de neoplasia maligna de laringe, foi solicitada
nova
TC
helicoidal (07/ 10/98), que mostravauma
massa na
hemilaringe direita,com
extensão supra e infraglótica,sem
adenomegalias.Com
este quadro, foiproposta a realização de biópsia através de laringoscopia direta
(LD)
sob anestesia geral associada auma
traqueostomia, pois nestemomento
o paciente já referiadispnéia.
A
biópsia foi realizadano
dia 25/01/99 e tevecomo
laudoum
carcinoma de células escamosas(CEC)
moderadamente
diferenciado.Devido
às características e extensão da lesão foi proposta ao pacienteuma
laringectomia total
com
colocação de prótese fonatória, sendo a ele explicado todoo procedimento e suas possíveis complicações.
O
procedimento cirúrgico foi então realizadono
dia 17/03/99 e consistiu deuma
laringectomia total, esvaziamento cervical à direita das cadeias linfonodais II,III e
IV
(Apêndice 1) e colocação de prótese fonatória.A
prótese colocada foi damarca Provox®,
através de fistula tráqueo-esofágicarealizada por
punção
primária, de maneira anterógrada.O
anatomopatológico da peça cirúrgica demonstravauma
lesão vegetante de 3x
3,5cm
sobre a prega vocal direita,com
margens
livres de neoplasia e nãoforam
Como
é de rotina nasg
J/
larin ectomias totais, o
p
1° dia de pós-operatório,permanecendo
interna op
aciente
permaneceu na
U
....___ ,‹.1' - -.f› z 19 TIno
d
ornove
diasno
total.., ._~ m€,.,,..¿_ Í .Ç iv ,í .ig ¿$' 5; ~ =u¡' ':<. - f' Íñ »~7""' `
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1, z Yf Ãsšâ .là--. ` › k â .zz 5 1.0 9 A '1»
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a demonstrando a inserção p
Rehabilitation Page” (wWw.myhon1e.demon.nl/)9.
fiifvzà cv-:wa *ë_ z‹-., “... : .~ f tz 'z_ e ~~ 1/. É ~. z(__ *
Ê
1 ... -Í . _ _à_›§`z‹›¿ ›¿_ í* É-'Ê 7 i~`¡' Nf! -aí V. `i(:'; - :\,.äl:‹ . Obtido de “VoiceCASO
2:V.L.C., masculino, 60 anos, branco, casado, natural e procedente de Orleans,
agricultor,
uma
intemação anterior devido a problemas renais.Queixa principal: rouquidão e dor
na
região cervical.Relatava que
há
cerca deum
ano vinha apresentando rouquidão e dor na regiãocervical. Era fumante de cerca de 5 cigarros ao dia por 40 anos,
porém
havia paradohá
cerca de l ano. Etilista social.Realizou a primeira consulta especializada
no
dia 19/07/95em
Curitiba, sendo solicitada biópsia de lesão laringea através de laringoscopia direta (LD), de resultado inconclusivo (14/08/95).Nova
biópsia foi realizadaem
12/Ol/96,também
através deLD,
não seevidenciando ainda a natureza da tumoração
na
laringe.A
terceira biópsia,também
realizadaem
Curitiba, tevecomo
resultadoum
Carcinoma
de CélulasEscamosas
grau III,quando
foi proposto ao paciente otratamento cirúrgico,
porém
este optou por fazer outra avaliaçãomédica
em
Florianópolis.
Ao
exame
otorrinolaringológico, apresentava tumoraçãono
seio piriformeesquerdo. Apresentava
um
linfonodo palpávelna
região submandibular direita, nãoaderido aos planos
profimdos.
Desta maneira, o paciente foi internado parainvestigação e cirurgia, que foi realizada
em
15/05/96 e consistiu deuma
laringectomia total
com
esvaziamento cervical bilateral dos níveis II, III eIV
(Apêndice l).
O
exame
anatomopatológico da peça cirúrgica evidenciava Luna lesão ulcerada,infiltrativa,
com
2x
1,5x
l cm,no
ádito, vestíbulo e ventrículo direito, apagandoas pregas vocais falsas e verdadeiras.
A
lesão foi descritacomo
um
carcinoma de células escamosasmoderadamente
diferenciado.Foram
encontrados alguns focosde embolização linfática,
porém
asmargens
cirúrgicaseram
livres e não foramencontrad lin
`
os fonodos comprometidos pela neoplasia.
A
evolu ç” pós-operatória ao foi satisfatória, totalizandonove
dias de internação,sendo o 1° dia
n
UT
``
a I. Este paciente recebeu ainda
como
tratamento ad' Juvante aradioterapia pós-operatória.
Nos
três anos que se seguiram, o pacientenão
utilizou qualquer dispositivopara reabilitação vocal a ,
p
en as o treinamento para aquisição devoz
esofágica,
porém
não
obteveum
resultado satisfatório, poisnão
conseguia produzir qualquertipo de som. Desta maneira,
em
fevereiro de 1999, após consentimento informadoprévio
do
paciente, foi realizadauma
punção
tráqueo-esofágica secund'`
ana,
com
colocação de prótese fonatóriaProvox®,
de maneira retrógrada._¬~" WYM ‹ '_' H ›`K * 'f ._ .. * _ ‹ V _ «R i _,,;,›z,¿›fr ›‹- _«*”"Í€Í'”Ê ),»*¿‹àfz;â;='zí':3.\“'*-A «ag ~‹.~à«- as *sr ff' _-:z ›‹
ä
É _. fz gi; 37'-.V N " ' i i a ¬_FêÊš ';›§,_%~, '. _f:¬.¬ ., ~.z,~~.›,f..=--z,.i -'t 'T fx; vz `=. '. _.¡¢;~t2*;--"f-“ §z¡\-fx 'Y.š,Êz;_ ,¿ §_,;›\*¿_f:.›~'^, i;~»â,~) ii Í: V. ~ « * `~.§Ê& `*"`**}F\ `Í'~. .f;z\.__ ` É «I zfúê Êãgikizâe ., '.._¿l\_í.'“*z .z-z ¿ -vz'.Í Í:z.I - 5.; -1 N ' ff lšgâ.: â .z‹- V Í -.Í.\l'‹“¡‹` À =§ v' ia: -›,§ê ‹~ _ ¡ ,_ 5 \ ‹z arz.:'¿ `;, _,. l =. vê., É . É ` . l *-~ _.;›_.¡: z ">«~‹ ”'T«` 'K .êëz _¿_. ._._. ¿`\V_,¡_,v_¡__ « z; ›-Qi., \Íš‹` - ': 5; fi,Figura ll: Esquema demonstrando a inserção da prótese de
`
maneira retrógrada. Obtido de “Voice
RESULTADOS
O
procedimento de colocação da prótese foi realizadocom
sucesso nos doispacientes, não
havendo
qualquer complicação imediata.Houve
apenas certadificuldade
na passagem
do fio-guiano
paciente V.L.C.(caso 2).O
tempo
de início do uso da voz traqueoesofágica após sua colocação foi deuma
semana
para W.A.R.(caso 1) e de trêssemanas
para V.L.C.Em
12meses
deacompanhamento, não
foi observada qualquer complicaçãodevido à prótese
em
nenhum
dos pacientes, não sendo evidenciada monilíaseno
local da punção.
Não
houve
necessidade de troca da prótese.Quando
indagados,ambos
diziam-se aptos a conversar pelo telefone esatisfeitos
com
o procedimento.A
qualidade vocal obtida porW.A.R.
foi considerada excelente, enquanto que aobtida por V.L.C. foi considerada moderada, excluindo-se o fato de que o
mesmo
DISCUSSÃO
Dentro do grupo dos tumores malignos de cabeça e pescoço, o câncer de
laringe é o mais
comum,
quando
excluídas as neoplasias de pele.Nos
EstadosUnidos, cerca de 12.000 casos
novos surgem
a cada ano2l.A
grande maioria das neoplasias de laringe são carcinomas de célulasescamosas e sua etiologia é relacionada ao
consumo
de álcool e ao fmno,pafiiculannente a
combinação
de ambos.Outros tumores, muito mais raros, que
também podem
acometer a laringe sãoos adenocarcinomas, os tumores neuroendócrinoszz e os sarcomas, sendo o
condrossarcoma o mais
comum
deste último grupo”.Uma
distinção clara deve ser feita entre os tumores glóticos (localizados naspregas vocais verdadeiras), supraglóticos (falsas pregas vocais, aritenóides, pregas ariepiglóticas e epiglote) e subglóticos.
Os
tumores queenvolvem
a glote correspondem a, aproximadamente,65%
doscânceres de laringe, enquanto que os tumores subglóticos são raros (5%).
Esta distinção é feita
em
virtude das diferenças nos sintomas produzidos,padrão de invasão tumoral e tipos de tratamento
empregados
nestas diferenteslocalizações.
O
sintoma mais importanteno
grupo dos pacientescom
tumor
glótico é arouquidão persistente.
Em
um
estágio mais avançado, disfagia e dispnéiapodem
ocorrer.
Uma
otalgia referidapode
estar presente,mas
geralmente indicaLinfadenopatia cervical é mais freqüente
em
tumores supraglóticosdo
que nosglóticos. Isso ocorre devido à extensa
drenagem
linfática da região supraglótica,enquanto que as pregas vocais verdadeiras
carecem
damesma
drenagem.Os
tumores primários da laringe metastatizam maiscomumente
para os níveisII, III e
IV
(Apêndice 1).As
metástases para o nível I acorremem
cerca de8%
doscasos e para o nível
V
em
tomo
de 5%24.Como
a rouquidão éum
achado relativamente precocedo
câncer glótico, estestumores são geralmente
menores
que os supraglóticosno
momento
do
diagnóstico.O
índice de sobrevidaem
5 anosdo
câncer glótico situa-seem
trono de85%.
János supraglóticos este índice se situa
em
tomo
de55%.
O
risco deum
segtmdotumor
primário, especialmente se o paciente continuafumando
econsumindo
álcool,tem
sido relatadoem
até25%
dos casos.Além
disso, os pacientes que
fumam
durante o periodo de radioterapiaparecem
teruma
resposta mais baixa ao tratamento e
menor
sobrevida do que aqueles quenão
o fazem.Dependendo
do estágio da doença, a tratamento vai consistir de radioterapiaou
cirurgia (incluindo o uso do laser),
ou
ainda tunacombinação
de ambos. Até o quese conhece, até o
momento,
a quimioterapianão tem
lugarcomo
uma
opçãocurativa. -
Pequenos
tumorespodem
ser tratadoscom
radioterapia isoladaou
cirurgiasparciais, mantendo-se
uma
ótima qualidade de voz. Paramanutenção
da voz, ocirurgião deve preservar
uma
parte suficiente do órgão, além de urna inervaçãointacta, permitindo que a fonação possa ser realizada, porém,
sem
aspiração.Existem muitas variações de laringectomias parciais e subtotais, todas elas
exigindo, evidentemente, que as estruturas restantes estejam livres da neoplasia.
Como
a maioria dos pacientes, nos dias de hoje, alcançam a curaou
sãoprovidos de
uma
sobrevida longa após a cirurgia, todos os esforçosdevem
serdirecionados para a recuperação funcional pós-operatória, tão logo sejam
cumpridos todos os critérios oncológicos, sendo essa
uma
parte essencialdo
tratamento.
Durante este século,
uma
variedade de técnicas de restauração da voztêm
sidodesenvolvidas e utilizadas
com
graus variáveis de sucesso e atualmente osmétodos
mais
empregados
são a voz esofágica, a voz eletromecânica e a traqueoesofágica,cada
um
delescom
suas vantagens e desvantagens.O
treinamento para aquisição de voz esofágica,método
mais utilizado atualmente,tem
dois inconvenientes principais: a alta taxa de insucesso (35 a 70%),e,
mesmo
alcançando-se a voz esofágica, sua qualidade tende a ser insatisfatória,possibilitando somente frases curtas e de fraca intensidade,
com
intervalosenquanto o esôfago é reinflado
com
arl.As
vantagens da voz esofágica são o baixocusto, já que não requer dispositivos caros
ou
próteses, anão
necessidade deutilização das
mãos
para falar e tuna característica mais natural davoz
produzida,quando comparada
à eletrolaringe.CHEESMAN
e cols.25demonstraram
que a falhano
desenvolvimento de vozesofágica pelos seus pacientes ocorria devido a quatro tipos de alterações
no
segmento faringo-esofágico, que
pode
estar hipotônico, hipeitônico,em
francoespasmo ou
estenosado.Algims procedimentos
podem
ser realizados durante a laringectomia totalno
intuito de evitar
espasmo no
segmento faringo-esofágico, euma
resultante piorana
qualidade vocal26, sendo os principais a miotomia dos músculos constritores da faringe e a neurectomia do plexo faringeo.
A
técnica de miotomia consisteem uma
incisão posterior mediana, atingindo asfibras dos músculos constritores
da
faringe médio, inferior e cricofaríngeo. Esteacesso
mediano
posterior éminimamente
traumático e preserva a vascularização damucosa
subjacente, evitando a possibilidade denova
organização do esfincteresofágico superior. Estes músculos seccionados
podem
ser ainda utilizados paraum
terceiro plano de sutura da parede anterior da faringe.
A
neurectomiado
plexo faríngeo, mais recentemente proposta, parece ofereceralgumas vantagens sobre a miotomia.
O
trauma à parede faríngea é reduzido, assimcomo
evitaum
aumento do
tônus do segmento esofágico superior durante suainsuflação.
A
técnica se iniciacom
a identificação dos plexos nervosos laterais àlaringofaringe, enquanto esta ainda está intacta.
As
fibras são tensionadas e seccionadas, fazendo-seem
seguida, a eletrocauterização dos cotos. Este processopromove
uma
desnervação efetiva domúsculo
constritorda
faringe inferior eparcial
do músculo
cricofaríngeo.Existem várias técnicas para produção de
voz
esofágica.Na
técnica de injeção, a lingua força o ar posteriormente para a faringe e o esôfago.Na
primeira fase desta técnica, a lingua força o ar de dentro daboca
posteriormente para dentro da faringe.
Na
segunda fase, a base da língua força o arpara o esôfago.
Uma
sincronização correta destas duas fases é essencial.Com
a técnica de inalação, o paciente criauma
pressãono
esôfago que émenor
quando comparada
à pressão atmosférica.Como
há
uma
pressãomenor
no
esôfago,o ar fluirá da
boca
para o segmento faringo-esofágico.O
paciente deve inspirarpara que sejam criadas pressões endotorácica e esofágica menores.
Outra técnica é através da deglutição
do
ar para o estômago.Apesar de ser o
método
com
o aprendizado mais fácil e de não interferircom
à qualidade artificial da voz produzida, pois é de dificil compreensão,
monótona
emetálica,
com uma
baixa aceitação social3.Algumas
condições contra-indicam ouso deste dispositivo tais
como
cirurgia e radioterapia extensas, poisinduzem
fibrose dos tecidos, impedindo a transmissão da vibração. Outra desvantagem é o
alto preço destes produtos.
A
eletrolaringepode
seruma
opção interessanteno
período pós-operatórioprecoce,
quando
o pacientenão
pode usar outras técnicas de reabilitação vocal,diminuindo sua frustração pela ausência da fala.
A
filosofia
por trás do desenvolvimento das próteses fonatórias é lógica, já queos
puhnões
provêm
um
grandevolume
de ar quepode
ser usado para produzir a voztráqueo-esofágica.
As
principais desvantagens da voz tráqueo-esofágica são o custo, a necessidadede oclusão
do
traqueostoma pela maioria dos pacientes para a produção davoz
e alimpeza diária da prótese.
Sabe-se que a
punção
tráqueo-esofágica, apesar de consistir-se deum
método
simples,
nem
sempre
é de fácil execução e algums fatoresdevem
ser considerados.Alguns destes fatores são relacionados à cirurgia,
como
por exemplo, otamanho do
traqueostoma e sua posição,
espasmo
domúsculo
ciicofaríngeo e irradiação prévia.Outros fatores são relacionados ao paciente,
como
motivação, cuidadoscom
oestoma e
com
a prótese, coordenação motora e dificuldades auditivas.Com
relaçãoà reabilitação vocal, ainda
devem
ser levadasem
consideração a habilidade para seguir as instruções dos profissionais de saúde, posição e pressão parauma
adequada oclusão do traqueostoma para produção da fala e a necessidade de
um
acompanhamento
adequadodo
paciente”.Em
muitos pacientescom
tumores avançados, além deuma
laringectomia totalirradiados
como
uma
opção de tratamento primário, queno
caso de insucesso, sãosubmetidos à laringectomia de resgate.
A
influência da radioterapiano
resultado dapunção
tráqueo-esofágica,no
que diz respeito à qualidade vocal e complicações,não
parece estar estabelecida.LABRUNA
e cols.28, revisando os casos de 77 pacientescom
prótesestraqueoesofágicas submetidos à radioterapia, observaram complicações
em
8(10%)
dos pacientes. Neste grupo, todos os pacientes obtiveram sucesso na produção da
voz
e apenasum
deles teve de interromper o uso da prótese pela formação deabcesso
no
local, tendo amesma
sido retirada definitivamente. Concluíram nesteestudo que a
punção
traqueoesofágica após radioterapia parece serum
método
seguro e efetivo para reabilitação vocal.
A
decisãoem
se realizar apunção
primáriaou
secundária ainda geracontrovérsias
na
literaturazg. Existem poucas contra-indicações à realizaçãodo
procedimento
em
um
segundomomento,
como
estenose da hipofaringe e acentuadafibrose
na
região”,porém
apunção
,primáriatem
setomado
mais popular, poispossibilita
uma
recuperação mais precoce emenos
traumática, assimcomo
evitauma
nova
cirurgia, a qual possui sua própria morbidadel.As
complicações da fistula traqueoesofágicacom
colocação de prótesefonatória
parecem
ser relativamente raras de acordocom
a literatura, sendo asprincipais o
vazamento
de salivaem
trono da prótese, alargamento da fístula ecolonização por
Cândida
sp.Também
pode
ocorrer celulite, abscesso, aspiração daprótese e pneumotórax31. Outras complicações ainda
menos comuns também
jáforam
motivo para relatos isolados,como
osteomielite de vértebra cervical”,hemorragia carotídea33 e mediastinite34.
A
necessidade de utilização dos dedos para oclusão do traqueostoma durante apessoas, é anti-higiênico
quando
asmãos
estão sujas e é impraticávelem
certas atividades,como
o automóvel, alimentar-seou
praticar esportes. Destamaneira, várias válvulas de traqueostoma
têm
sido desenvolvidasna
tentativa de resolver este problema”.O
mecanismo
de ação varia de acordocom
omodelo
daválvula,
porém
todastêm
como
objetivocomum
possibilitaruma
falacom
asmãos
livres. Estas válvulas
podem
ainda ser acopladas a filtros queumidificam,
filtram eaquecem
o ar inspirado, diminuindo as complicações próprias da traqueostomia36.A
principal desvantagem destes dispositivos ainda é seu alto custo.Os
casos dos dois pacientes avaliados neste estudoexibem
diferenças significativas tantono
tratamento recebido primariamente para o câncer de laringe,assim
como
em
relação ao procedimento de colocação da prótese.No
casodo
paciente V.L.C. foi realizada radioterapia pós-operatóriacomo
tratamento adjuvante, o que provavelmente explica a dificuldade
na passagem do
fio-guia para a colocação da prótese. Neste paciente, a prótese foi colocadaem
um
novo tempo
cirúrgico, três anos após a laringectomia total, pois omesmo
não
conseguiu desenvolver a
voz
esofágica, possivehnente devido à estenose faríngeacausada pela radiotarapia.
O
método
de colocação da prótese utilizado foi oretrógrado, que parece ser mais desconfortável ao paciente, de acordo
com
aliteraturazo.
A
voz
obtida por V.L.C. foi de qualidade inferior àquela obtida porW.A.R.
Este fato
também
pode
ser explicado pela estenose da laringe, o que diminui ainsuflação deste segmento e sua vibração
no
momento
da fonação, acontecimentosestes necessários para produção da voz.
O
resultado obtidocom
V.L.C. foiconsiderado satisfatório devido à qualidade
moderada
da voz, associado ao fato demeio
davoz
tráqueo-esofágica, tomou-se possível sua comunicação atémesmo
atravésdo
telefone, onde é necessáriauma
qualidade vocal considerável.Outro fator a se levar
em
conta quanto ao sucesso do procedimento foi aausência de complicações tanto imediatas
como
em
todo oacompanhamento do
paciente, o que
também
aconteceucom
W.A.R.
No
paciente W.A.R., além de omesmo
não
ter sido submetido à radiotarapia prévia, a técnica de colocação da prótese foi totalmente diferente, pois foi feitano
mesmo
tempo
cinírgico da laringectomia (punção primária) e de maneira anterógrada. Apesar da técnica de colocação da prótese ser distinta, o aspecto fmalé semelhante.
A
qualidade vocal obtida porW.A.R.
foi considerada ótima, sendo omesmo
capaz de utilizar sua
voz
em
qualquer circunstância social.O
único prejuízo para os dois pacientes, além das complicações óbvias dalaringectomia total,
como
o ressecamento e o resfriamento do ar inspirado, foi anecessidade de utilização das
mãos
para vocalização e de limpeza diária da prótese,o que
não
aconteceria se utilizassem avoz
esofágica.Deste
modo,
os resultados obtidoscom
estes pacientes, apesar de consistiremde
uma
amostra muito pequena,parecem
ser semelhantes aos relatados naliteratura,
com
uma
qualidade vocal superior àvoz
esofágica eum
baixo índice decomplicações.
A
evolução da técnica cirúrgica e de novos materiais,como
próteses maismodemas
e válvulas de traqueostomia, deve proporcionar,no
futuro,um
procedimento ainda mais seguro e eficaz, possibilitando a estes pacientes,
previamente privados de
uma
parte importante do seumeio
de comunicação,uma
coNcLUsÃo
Em
ambos
os pacientes estudadosforam
obtidos bons resultados tantono
procedimento de colocação da prótese
como
na
qualidade vocal, nãohavendo
complicações associadas ao uso da prótese
em
um
período deacompanhamento
de12 meses.
Associando-se aos relatos da literatura, pode-se
afirmar
que as prótesesfonatórias consistem de
um
novo
e promissormétodo
para reabilitação vocalem
pacientes laringectomizados,com
um
baixo índice de complicações epossivehnente superior à voz esofágica,
porém
aindapouco
conhecidoem
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RESUMO
A
laringectomia total está indicada nos tumores avançadosou
recorrentes delaringe. Atualmente, a maioria dos pacientes tolera
bem
o procedimento, obtendoboa
recuperação,com
baixa mortalidade. Desta maneira, ai perda da voz tem-setomado
a conseqüência mais temida para muitos pacientes.Durante este século,
uma
variedade de técnicas de restauração vocaltêm
sidodesenvolvidas e utilizadas
com
graus variáveis de sucesso. Atuahnente, osmétodos
mais utilizados para reabilitação vocal após laringectomia total são a
voz
esofágicae a
voz
eletromecânica.Uma
nova
técnica, avoz
tráqueo-esofágica, a qual é obtida pela inserção deuma
prótese fonatória através de fistula tráqueo-esofágica criada cirurgicamente,tem
obtidouma
melhor qualidade de voz,quando comparada
aos outros métodos,de acordo
com
a literatura.Neste estudo, são relatados dois casos
com
métodos
diferentes depunção
tráqueo-esofágica
com
colocação de próteseProvox®.
Estes pacientesforam
também
avaliados perceptualmente, de acordocom
a qualidade vocal obtida esatisfação
com
o procedimento. AEm
ambos
os casos, a utilização da voz tráqueo-esofágicapôde
ser iniciadalogo após a cirurgia
(uma
e três semanas após).A
qualidade devoz
obtida foiconsiderada satisfatória e
não
ocorreram complicações a curto prazoou
durante operíodo de
acompanhamento
de 12 meses.Apesar do
número pequeno
de pacientes avaliados e das diferenças entre osfonatórias consistem de
um
novo
e promissormétodo
para reabilitação vocalem
pacientes laringectomizados, possivelmente superior à voz esofágica,
com
um
SUMMARY
Total laryngectomy is indicated in cases of large or recurrent laryngeal tumors.
With
the evolution of surgery, anaesthetical techniquesand
control of infections,most
patients can tolerate the procedureand
make
agood
recovery withlow
mortality. Therefore, loss of voice has
become
themost
feared consequence of totallaryngectomy for
many
patients.Throughout
the last century, a wide variety of voice restoration techniques hasbeen
developedand
used with varying degrees of success. Currently, themost
commonly
usedmethods
of voice restoration following total laryngectomy areesophageal speech
and
electrolaryngeal speech.A
new
technique, the tracheoesophageal voice,which
is obtained with theinsertion of a speech valve through a surgically
made
tracheoesophageal fistula, hasbeen
achieving a better voice quality,when
compared
to the other methods, asreported in the literature.
In this study,
two
cases of tracheoesophageal puncture are reported, using aProvox®
speech valve, withtwo
different techniques of insertion. These patientswere
also perceptually evaluated, regarding to the quality of voice obtainedand
satisfaction with the procedure.
In both cases, the use of the tracheoesophageal voice started very soon after
surgery (one and three weeks).
The
quality of voice achievedwas
considered satisfactoryand
therewas no
short-term complications, as well as during a 12-Despite the small
number
of patients analysed and the differencesamong
the cases,when
the reports of the literature are associated, it can beaffirmed
that thespeech valves consist of a
new
and
promisingmethod
for vocal rehabilitation oflaryngectomees, possibly superior to the esophageal voice, with a