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Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

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Academic year: 2020

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Fábio Jorge Ribeiro Novo

Ciberagressões, Adolescência e

Envolvimento Parental

Universidade do Minho

Escola de Psicologia

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Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Psicologia

Trabalho realizado sob orientação da

Professora Doutora Marlene Matos

junho de 2014

Fábio Jorge Ribeiro Novo

Ciberagressões, Adolescência e

Envolvimento Parental

Universidade do Minho

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i Nome

Fábio Jorge Ribeiro Novo

Endereço electrónico: fabiojorgenovo@gmail.com

Número do Bilhete de Identidade: 13787598

Título Dissertação:

Ciberagressões, Adolescência e Envolvimento Parental

Orientador:

Professora Doutora Marlene Matos

Ano de conclusão: 2014

Designação do Mestrado: Mestrado Integrado em Psicologia

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO PARCIAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

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  III  

ÍNDICE

    INDICE DE TABELAS ... IV AGRADECIMENTOS ... V RESUMO ... VI ABSTRACT ... VII I. INTRODUÇÃO ... 8 II. MÉTODO ... 12 2.1 Amostra e Procedimentos ... 2.2 Instrumentos ... 12 13 III. RESULTADOS ... 14 IV. DISCUSSÃO ... 23 V. CONCLUSÃO ... 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 27

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ÍNDICE DE TABELAS

 

TABELA 1 – Características Sociodemográficas dos Ciberagressores e Ciber Tácticas de Perpetração ... 15 TABELA 2 – Associação entre os comportamentos mais frequentes e o sexo do

ciberagressor ... 16 TABELA 3 – Associação entre os comportamentos de cyberstalking e o sexo do

cyberstalker ... 18 TABELA 4 – Encarregados de educação: Características sociodemográficas e

experiência digital ... 20 TABELA 5 – Análise de regressão logística sobre os preditores da perpetração de

cyberstalking ... 21 TABELA 6 – Características sociodemográficas dos sujeitos com sobreposição de

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  V  

AGRADECIMENTOS

O espaço reservado aos agradecimentos, seguramente não permite agradecer dignamente a todas as pessoas que ao longo do Mestrado, direta ou indiretamente, me ajudaram a cumprir os meus objectivos e a concretizar esta etapa de formação.

Obrigado à Doutora Marlene Matos, pela orientação prestada, desafios propostos, reflexões partilhadas e pelos votos de confiança.

Obrigado à Doutora Filipa Pereira, pela paciência e disponibilidade demonstrada ao longo deste último ano. Os esclarecimentos, suporte e momentos de reflexão foram essenciais para o cumprimento deste projeto. Agradeço ainda, a todos os membros do grupo de investigação, pelos contributos de cada um que me permitiram progredir.

Obrigado aos meus pais, pelo esforço e sacrifício, pelo incentivo, carinho e pela compreensão nos momentos em que estive menos presente.

Obrigado MAS, por todos estes anos. Por me acompanharem desde que me lembro e por tudo aquilo que já vivemos juntos. Quando se é próximo de alguém como vocês, só me resta uma coisa, ser melhor todos os dias.

Obrigado Ashley Capitão, pela compreensão e apoio em todos os momentos. Obrigado por seres a ouvinte mais atenta das minhas dúvidas, preocupações, desânimos e sucessos. Obrigado pela confiança e valorização do meu trabalho. Obrigado por me dares coragem para continuar nos momentos em que duvidei do passo seguinte.

Obrigado a quem esteve sempre ao meu lado nesta jornada. Em especial, obrigado Cláudia Ribeiro, Cláudia Rocha e Joana Leite. Obrigado por todo o companheirismo e amizade. Alguns momentos ficarão para sempre.

Obrigado Ana Beiramar, Catarina Soares, Marta Fernandes e Mónica Gonçalves, pela oportunidade de criar outra família. Por me obrigarem a ser melhor todos os dias.

Obrigado Diana Teixeira, pela partilha e confidência. “És ruim e eu gosto de ti assim”. Obrigado Joana Amorim, contigo sinto que sou um tanto bem maior.

Finalizo com um profundo sentido de reconhecido agradecimento a todos aqueles que não nomeei, mas que de uma forma ou de outra contribuíram para ser quem sou.

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CIBERAGRESSÕES, ADOLESCÊNCIA E ENVOLVIMENTO PARENTAL RESUMO

A crescente difusão das tecnologias de informação e comunicação conduz a uma maior visibilidade social de fenómenos relacionados com as agressões no ciber espaço, entre elas o ciberstalking. A presente investigação tem como intuito estudar o lado obscuro da comunicação interpessoal online entre os adolescentes, em particular, a taxa de perpetração de agressões no ciberespaço e cyberstalking, a presença de sobreposição de papéis (i.e., ser vítima e agressor) e as dinâmicas de supervisão e/ou envolvimento parental. O estudo foi conduzido junto de 627 adolescentes portugueses (12-16 anos) e 586 encarregados de educação. Os resultados refletem uma taxa de prevalência preocupante de agressões no ciber espaço, reforçando a tendência encontrada em estudos internacionais anteriores. Os dados encontrados documentam também a existência de uma elevada sobreposição de papéis entre vítimas e ofensores e a influência que os encarregados de educação podem ter no comportamento agressivo dos seus educandos adolescentes no meio virtual.

Palavras-chave: Ciberagressões; cyberstalking, adolescentes, sobreposição de papéis,

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CYBER AGRESSIONS, ADOLESCENCE AND PARENTAL INVOLVEMENT

ABSTRACT

The increasing diffusion of information and communication technology leads to a greater social visibility of phenomena related to aggression in cyberspace, including cyberstalking. This research aims to study the dark side of online interpersonal communication among teenagers, in particular, the rate of perpetration of aggression in cyberspace, cyberstalking, the overlap between victimization and offending and the dynamics of parental supervision and/or parental involvement. The study was conducted among 627 Portuguese adolescents (12-16 years old) and 586 caregivers. The results reflect a worrying prevalence rate of attacks in cyberspace, reinforcing the trend found in previous international studies. The findings also document the existence of a high overlap between victims and offenders, and the influence that parents can have on the aggressive behavior of their adolescent learners in the virtual environment.

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Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

I.

INTRODUÇÃO

 

O crescente uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC) tem transformado o processo de socialização humana de tal forma que as TIC têm provocado uma mudança nos perfis de risco e de exposição dos sujeitos, facilitando a descoberta de informações de forma mais invasiva (Nobles, Reyns, Fox, & Fisher, 2012). A internet tem potenciado inúmeras mudanças no campo da comunicação, socialização, acesso e troca de informação, afigurando-se como uma mais-valia para todos os afigurando-seus utilizadores. Contudo, essa ferramenta poderá igualmente ser usada como meio de vigilância e intrusão, oferecendo a capacidade de anonimato aos utilizadores que o desejarem (Carvalho, 2011).

Em 2012, o relatório da Eurostat sobre a utilização das TIC concluiu que 60% dos indivíduos utilizam a internet diariamente e cerca de um terço utilizaram-na em dispositivos móveis (e.g., telemóvel), longe de casa ou do trabalho (Seybert, 2012). Outros estudos mostram que a população juvenil é aquela que apresenta maior destreza digital. Por exemplo, o estudo Health Behaviour in School-aged Children, promovido pela OMS (HBSC/OMS) e liderado em Portugal pela equipa do Projecto Aventura Social, revelou em 2010 que 98.6% dos adolescentes portugueses com 11, 13 e 15 anos têm pelo menos um computador em casa e 92.9% tem acesso à internet (Matos et al., 2010). Mais recentemente, um estudo europeu com jovens entre os 9 e os 16 anos de idade (N=25142) revelou que 53% dos adolescentes portugueses utilizam diariamente a internet (sendo a média europeia de 60%) e que 67% (terceira taxa mais elevada) acedem à internet através dos próprios computadores portáteis (Haddon, Livingstone & EU Kids Online, 2012). Portugal apresentou, segundo o mesmo estudo, uma das médias mais baixas no que respeita à idade da primeira utilização de internet: 10 anos.

Essa crescente difusão das TIC no nosso quotidiano conduz a uma maior visibilidade e crescente preocupação sobre as possíveis experiências negativas no meio virtual, em especial nos jovens dada a sua maior vulnerabilidade para a vitimação e perpetração no que respeita às ciberagressões (Pereira & Matos, in press; Bilic, 2013), entre elas o cyberstalking.

A definição de cyberstalking continua a ser algo controversa, mas os investigadores da área têm reunido consenso em torno de alguns dos seus elementos centrais: o padrão intencional, repetido e indesejado de comportamentos. Assim, o cyberstalking caracteriza-se por ser um conjunto de comportamentos em que um indivíduo, grupo ou organização utiliza as TIC para incomodar outro indivíduo, grupo ou organização (Bocij’s, 2004). Enquanto

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alguns autores assumem o cyberstalking como uma variação do stalking incorporando circunstâncias especiais (e.g., Nobles et al., 2012), outros porém, assumem-no como uma problemática distinta, uma vez que o cyberstalking abrange uma gama de comportamentos que não estão associados ao stalking em contexto real (e.g., Bocij, 2003).

Operacionalizar o cyberstalking, em termos da quantidade de comportamentos necessários e da duração da conduta, não é tarefa fácil. Tal como proposto por Bocij (2004), qualquer enquadramento, em termos de tempo e comportamentos específicos, implicará sérios constrangimentos sociais e criminais, não sendo legítimo impor um limite temporal obrigatório para a experiência de cyberstalking, nem um número de comportamentos específicos (Pereira & Matos, in press). A sua operacionalização deve passar por uma definição suficientemente amplo de modo a incluir todas as experiências possíveis.

Assim, para efeitos do presente estudo, o cyberstalking define-se como um conjunto de comportamentos de perseguição ou assédio virtual, com ocorrência singular ou múltipla, intencionais e indesejados pelas vítimas, isto é, envolve a vitimação/perpetração de pelo menos um comportamento, ocorrido duas ou mais vezes, e/ou dois ou mais comportamentos, ocorridos pelo menos uma vez. Esta delimitação permite aproximar este estudo da operacionalização legal já existente em outros países (e.g., Estados Unidos da América, Austrália), onde se exige dois ou mais episódios para se considerar um "padrão" de perseguição ou assédio indesejado.

São ainda escassos os estudos que cruzam o fenómeno de cyberstalking com a faixa etária da adolescência. Contudo, o cyberstalking é um fenómeno crescente, especialmente na população juvenil (Alexy et al., 2005) e alguns estudos recentes demonstram a relevância do fenómeno, entre eles o estudo do National Intimate Partner and Sexual Violence Survey (NISVS) em 2010 que revelou que 63% dos cyberstalkers eram jovens e o estudo de Ferreira, Martins e Abrunhosa (2011), com jovens dos 10 aos 18 anos, onde é possível verificar que o

cyberstalking é o terceiro risco online mais relatado pelos adolescentes portugueses. De facto,

o foco da investigação sobre cyberstalking tem sido orientado para a população adulta e universitária (Carvalho, 2011). Tal facto poderá ser justificado pela dificuldade dos investigadores em operacionalizar e demarcar as diferentes formas de assédio online perpetradas pelos adolescentes e, consequentemente, assumirem as diferentes vivências simplesmente como casos de ciberbullying, abuso sexual e/ou sexting. Outra explicação poderá estar relacionada com as dificuldades metodológicas inerentes aos pedidos de autorização morosos junto dos cuidadores, dificuldades essas, inexistente nos estudos junto de população universitária e/ou adulta (Pereira & Matos, in press).

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Contudo, é possível encontrar na literatura alguns estudos sobre comportamentos de perseguição online entre adolescentes. No estudo de Ybarra e colaboradores (2007) (N=1500; 10 a 17 anos de idade), consideraram-se dois comportamentos de perpetração online: (1) um baseado na frequência com que o adolescente utilizava a internet para assediar ou envergonhar alguém (durante o último ano); (2) outro baseado no número de vezes que o adolescente publicou comentários online desagradáveis sobre alguém. Os resultados mostraram que 29% dos adolescentes auto relataram ter perseguido alguém, pelo menos uma vez, no último ano. Ainda de acordo com este mesmo estudo, os rapazes têm maior probabilidade para serem perpetradores, comparativamente às raparigas. Não obstante, a literatura não é unânime quanto a esta genderização do fenómeno, existindo estudos que afirmam que a perpetração não depende da variável sexo (Ybarra & Mitchell, 2004). A par disso, a literatura indica-nos também que o aumento da idade do jovem está associada ao aumento da probabilidade de este ser ciberagressor (Ybarra & Mitchell, 2004; Ybarra & Mitchell, 2007).

Além disso, a investigação tende a centrar-se na padronização dos papéis de vítimas ou agressores, sem espaço para o reconhecimento e análise da coocorrência das duas posições (Jennings, Piquero & Reingle, 2012). Porém, tal como afirmam Lauritsen, Sampson e Laub (1991), citados por Posick (2013), é difícil compreender a vitimação ou perpetração sem compreender ambos. Na verdade, a noção de que os agressores e as vítimas poderão ser mais semelhantes não é de agora. Nos anos 70 e 80 estudos sustentados em autorrelatos concluíam que genericamente os agressores e as vítimas partilhavam diversas características, inclusive demográficas e certos estilos de vida (Posick, 2013). Uma revisão recente da literatura (2012), realizada por Jennings e colaboradores, identificou 37 estudos (entre 1958-2011) que avaliaram a sobreposição do papel de vítima e agressor. Essa revisão reforçou o apoio empírico à existência da sobreposição de papéis, independentemente do contexto da violência interpessoal (31 estudos suportavam a teoria). Ainda assim, é possível perceber que a adesão a esta tipologia combinada depende do tipo de crime, sendo mais elevada em crimes violentos (Jennings et al., 2012).

Tendo em conta a amplitude do uso das TIC pelos adolescentes, a presença de características desenvolvimentais ainda bastante incipientes (e.g., em termos da sua identidade e competência social, baixo autocontrolo e reduzida resistência à frustração) e as evidências de que alguns adolescentes encaram a vitimação de forma reativa começam a surgir algumas pesquisas que alertam para a importância do envolvimento parental no acesso e navegação das TIC. Vários artigos têm documentado a importância dos pais para a

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promoção da segurança online, para o uso crítico das TIC e para a prevenção da criminalidade (Livingstone & Haddon, 2009; Sengupta & Chaudhuri, 2011; Helweg-Larsen, Schutt, & Larsen, 2012). A investigação tem procurado promover uma mediação parental justa e moderada (pais como fonte de informação e apoio antes, durante e após a navegação) (Helsper, Kalmus, Hasebrink, Sagvari, & Haan, 2013). Nesse sentido, a literatura estabelece duas dimensões que ajudam a definir os estilos parentais: o controlo e o cuidado parental

(“parental warmth”) (Valcke et al., 2010). O primeiro reflete o nível de orientação, de

cessação de certos comportamentos relacionados com a internet e/ou de imposição de regras; o segundo é caracterizado pelo investimento na comunicação com os filhos e pelos níveis de apoio proporcionado. Com base nestas dimensões, Valcke e colaboradores (2010) definem quatro estilos parentais respeitantes à utilização da internet:

1. Permissivo: reflete o estilo dos pais que não apresentam limites explícitos aos filhos. Estes evitam confrontos com os filhos, optando por lhes dar tudo o que pedem e por seguir as suas ideias e vontades. Estes pais investem no cuidado, mas têm dificuldades em orientar os filhos;

2. Laissez-faire: retratado por baixos níveis de controlo e envolvimento parental. Estes pais não manifestam atitudes de apoio ou de restrição relativamente ao uso da internet pelos filhos;

3. Assertivo: traduz-se na definição de regras claras. Não há uma restrição explícita do comportamento, mas esperam que os seus filhos sejam responsáveis e se comportem de forma autorregulada. Estes pais preferem apresentar regras práticas (e.g., tempo permitido para despender na internet);

4. Autoritário: integra os pais que exigem obediência incondicional. Neste estilo parental não há praticamente espaço para a discussão de questões relacionadas com a internet ou com o acesso a esta.

Face ao exposto, a presente investigação visa estudar o lado obscuro da comunicação interpessoal online entre os adolescentes, em particular, a taxa de perpetração de agressões no ciberespaço e cyberstalking, a existência de uma eventual sobreposição de papéis (i.e., ser vítima e agressor) e as dinâmicas de supervisão e/ou envolvimento parental. Nesse sentido, pretende-se estudar primeiramente aqueles que possam ser considerados ciberagressores, focando de seguida os cyberstalkers e os respetivos encarregados de educação.

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II. MÉTODO

2.1 AMOSTRA E PROCEDIMENTOS

A presente investigação reúne uma amostra representativa1 de adolescentes entre os 12

e os 16 anos da região Norte de Portugal continental e da região autónoma dos Açores.

Após autorização da Comissão Nacional de Proteção de Dados, da Direção Geral da Educação e da Direção de cada Agrupamento/Escola, procedeu-se à recolha do consentimento expresso e informado dos encarregados de educação ou representantes legais e dos respetivos alunos pelo facto de se tratar de indivíduos menores de idade. A seleção dos adolescentes e dos respetivos encarregados de educação foi realizada aleatoriamente.

Os dados foram recolhidos entre os meses de Fevereiro e Junho de 2013, através da aplicação de um inquérito online aos adolescentes, em contexto de sala de aula e na presença da investigadora responsável pelo projeto de investigação mais vasto em que se insere este estudo. Os adolescentes que não compreendessem e/ou falassem fluentemente português e/ou que aparentassem défice cognitivo/atraso mental e/ou que não fossem utilizadores ativos das TIC, há pelo menos 6 meses, foram excluídos da amostra. Relativamente aos encarregados de educação, os dados foram recolhidos através de um questionário em versão papel e lápis, com tempo de aplicação estimado entre 10 a 15 minutos. A iliteracia foi o único critério de exclusão para esta subamostra.

As análises estatísticas foram realizadas através do software informático Statistical

Package for Social Sciences (SPSS; versão 22.0 para Mac Os X).

A amostra foi composta por 627 adolescentes (45.1% do sexo masculino e 54.9% do sexo feminino), entre os 12 e os 16 anos de idade (M=13.98; DP=1.35). Relativamente à nacionalidade, 97% dos participantes eram portugueses e 1.8% apresentavam dupla-nacionalidade. A maioria dos participantes frequentava o ensino público (73%). No que concerne às habilitações literárias, a grande maioria frequentava o 3º ciclo do ensino básico: 30.6% frequentava o 7º ano de escolaridade, 27.6% pertencia ao 8º ano de escolaridade e 21.1% (n=132) ao 9º ano de escolaridade. As categorias menos frequentes foram o ensino secundário (12.6%) e o ensino profissional (8.1%).

                                                                                                                         

1O presente estudo sobre a prevalência do cyberstalking inscreve-se num projeto de investigação mais

vasto baseado numa amostra representativa do número de adolescentes entre os 12 e os 16 anos de idade existentes na Região Norte de Portugal (regiões do Alto Trás-os-Montes; Ave; Cávado; Douro; Entre Douro e Vouga; Grande Porto; Minho-Lima e Tâmega) e na Região Autónoma dos Açores. Com base nos dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e o valor de referência da dimensão da amostra para a Região Norte de Portugal Continental (N=383) e para a Região Autónoma dos Açores (N=33) (Cf. Krejcie & Morgan, 1970), foi definido para cada Nomenclatura Comum das Unidades Territoriais Estatísticas (NUTS) o número total de inquéritos a realizar aos adolescentes e respetivos encarregados de educação. Foi dessa forma que se assegurou a representatividade da amostra.

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Relativamente aos encarregados de educação, obteve-se 586 participações, com 78.5% participantes do sexo feminino e 21.5% do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 16 e os 68 anos (M=42.86, DP=6.27). A maioria era de nacionalidade portuguesa (97,6%). Relativamente ao estado civil, a maioria encontrava-se casada ou em união de facto (78.5%), seguida de 13.8% divorciada/separada; 3.4% solteiros e igual percentagem de viúvos. No que respeita à situação profissional, a maioria estava empregado (72%), 22.5% estava desempregado, sendo os restantes estudantes ou trabalhadores-estudantes. A maioria dos participantes assumiram ser a mãe do adolescente (76.5%), em 20% dos casos era o pai e em 3.2% era outro familiar, tutor ou família de acolhimento.

2.2 INSTRUMENTOS

Para a recolha de dados junto dos adolescentes, recorreu-se ao inventário de comportamentos e atitudes face às tecnologias de informação e comunicação (TIC) (Pereira & Matos, 2012). Trata-se de um instrumento construído no âmbito desta investigação, que permite caracterizar os adolescentes a nível sociodemográfico, hábitos de utilização das TIC, conhecimentos e comportamentos sobre segurança virtual e as suas percepções sobre as práticas de supervisão parental. A par disso, aplicou-se a escala de avaliação de cyberstalking (Spitzberg & Hoobler, 2002, traduzido e adaptado por Carvalho & Matos, 2010), a qual permitiu medir a frequência dos comportamentos de vitimação e de perpetração de

cyberstalking dos adolescentes, através de uma listagem de 18 comportamentos de assédio e

perseguição online. O instrumento era constituído por 128 itens organizados em cinco secções: dados sociodemográficos; prevalência da ciber vitimação / perpetração ao longo da vida; perfis, dinâmicas e cenários do cyberstalking experienciado; impacto na ciber vítima; respostas face à vitimação. Para efeitos da presente investigação apenas serão abordados os dados relativos à perpetração de cyberstalking e dados associados a esta.

Relativamente aos encarregados de educação, utilizou-se o questionário tecnologias de informação e comunicação: Conhecimentos e práticas de supervisão parental (Pereira & Matos, 2012, versão para investigação). Este instrumento teve como intuito caracterizar o perfil de utilizador digital dos encarregados de educação dos adolescentes envolvidos no estudo, conhecer a sua percepção acerca das práticas online do respetivo educando, caracterizar as práticas de supervisão parental adoptadas, bem como explorar o conhecimento dos mesmos acerca da experiência de cibervitimação por parte dos adolescentes. As respostas variavam entre a opção sim/não ou escalas de frequência ou concordância, do tipo likert.

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III. RESULTADOS

3.1 PREVALÊNCIA GLOBAL DE CIBERAGRESSÃO PERPETRADA

A prevalência de perpetração de agressões online depende do critério de definição de ciber perpetração adoptado. Assim, se adoptarmos um critério mais conservador, isto é, a perpetração de pelo menos um comportamento de forma reiterada (e.g., Telefonar sem justificação aparente várias vezes), 70.3% (n=441) da amostra nunca perpetrou qualquer tipo de comportamento reiteradamente. Já 16.1% (n=101) relatou a perpetração de apenas um comportamento de modo isolado e 13.6% (n=85) relatou a perpetração de pelo menos um comportamento de forma repetida. Se adoptarmos um critério mais lato, isto é, a perpetração de um conjunto de comportamentos, de ocorrência singular ou múltipla , 66.7% (n=418) da amostra não relatou ter perpetrado qualquer ciberagressão, mas 33.3% (n=209) dos participantes assumiram já o ter feito. Segundo este critério, esses adolescentes perpetraram, em média, 1.22 comportamentos de ciber agressão (DP= 2.30; Mín= 0; Max= 18).

Neste estudo, o grupo de ciber agressores corresponde ao que é definido pelo segundo critério, ou seja, são considerados ciberagressores aqueles que relataram a perpetração de pelo menos um comportamento, duas ou mais vezes e/ou dois ou mais comportamentos, pelo menos uma vez (33.3% da amostra).

Entre os ciber agressores, 52.6% era do sexo masculino, apresentando uma média de idade igual a 14.23 anos (Min=12, Max=16; DP=1.29). A grande maioria (95%) era de nacionalidade portuguesa. Relativamente às habilitações académicas, 76.6% frequentavam o 3º ciclo do ensino básico e 23.4% o ensino secundário/profissional. Destes, 72.2% frequentava o ensino público e 27.8% o ensino privado.

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TABELA 1

Características Sociodemográficas dos Ciberagressores e Ciber Tácticas de Perpetração

Perpetração singular (critério conservador) Perpetração Singular ou múltipla (critério lato) N (%) N (%) Sexo Masculino 98 (52.7) 110 (52.6) Feminino 88 (47.3) 99 (47.4) Nacionalidade Portuguesa 177 (95.2) 199 (95.2) Outra 9 (4.8) 10 (4.8) Escolaridade

Frequência do 3º Ciclo do Ensino Básico 140 (75.3) 160 (76.6)

Frequência do Ensino Secundário / Profissional 46 (24.7) 49 (23.4)

Tipo de Ensino

Público 133 (71.5) 151 (72.2)

Privado 53 (28.5) 58 (27.8)

Comportamentos perpetrados

Enviar mensagens exageradas de afeto 62 (33.3) 68 (32.5)

Enviar mensagens demasiado reveladoras, carentes ou

exigentes 33 (17.7) 36 (17.2)

Telefonar sem justificação aparente 130 (69.9) 151 (72.2)

Controlar ou enviar presentes para o telemóvel ou rede social 78 (41.9) 89 (42.6)

Enviar imagens ou mensagens pornográficas/ obscenas 23 (12.4) 25 (12.0)

Enviar mensagens escritas, fotografias ou imagens

ameaçadoras 19 (10.2) 20 (9.6)

Enviar mensagens a assediar sexualmente 17 (9.1) 18 (8.6)

Enviar mensagens a insultar 60 (32.3) 69 (33.0)

Expor informação privada sobre a pessoa aos outros 16 (8.6) 17 (8.1)

Fingir ser alguém que não é 40 (21.5) 44 (21.1)

Prejudicar a reputação pessoal na escola/grupos/sociedade 21 (11.3) 21 (10.0)

Tentar danificar o telemóvel, computador ou outro 16 (8.6) 17 (8.1)

Obter informação privada de uma pessoa sem autorização 40 (21.5) 46 (22.0)

Usar o computador de uma pessoa para obter informação

sobre outros 19 (10.2) 20 (9.6)

Modificar e/ou apoderar-se da identidade electrónica 9 (4.8) 10 (4.8)

Adotar comportamentos de risco em nome de outra pessoa 9 (4.8) 9 (4.3)

Conhecer alguém virtualmente e depois perseguir, ferir,

ameaçar pessoalmente 5 (2.7) 5 (2.4)

Conhecer alguém pessoalmente e depois perseguir ou

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3.2 CIBERAGRESSÃO E CARACTERÍSTICAS DO CIBERAGRESSOR

Relativamente às características sociodemográficas foi encontrada associação

significativa entre o sexo e o comportamento ciber agressivo, χ2(1)=7.11, p= .008, sendo o

sexo masculino (17.5%) o que mais está associado à ciber perpetração. Foi igualmente encontrada uma associação significativa entre as habilitações literárias dos sujeitos e o

comportamento ciberagressivo, χ2(5)=26.25, p≤.001. Neste caso, são os alunos do 3º ciclo do

ensino básico (25.5%) o grupo mais associado à ciber perpetração. Por último, a idade estava

correlacionada com a perpetração de comportamentos ciber agressivos, rpb=.14, p=.001.

Assim, um maior número de comportamentos estava associado a uma idade mais avançada dentro da adolescência.

Uma vez conhecidos os comportamentos mais frequentes, procurou-se encontrar associação entre os mesmos e o sexo do ciber agressor. Os resultados (cf. tabela 2) informam que existe uma associação significativa para quatro dos sete comportamentos mais perpetrados e o sexo do ciber agressor. Foi encontrada associação significativa entre o sexo

masculino e o comportamento ‘enviar mensagens a insultar’, χ2(1)=3.88, p=.049 (20.6% do

total de participantes); o comportamento ‘enviar mensagens exageradas de afeto’, χ2(1)=9.11,

p=.003 (22% do total); o comportamento ‘fingir ser alguém que não é, ’χ2(1)=3.94, p=.047

(13.9% do total) e o comportamento ‘enviar mensagens demasiado reveladoras, carentes ou

exigentes’, χ2(1)=8.73, p=.003 (12.9% do total).

TABELA 2

Associação entre os comportamentos mais frequentes e o sexo do ciberagressor

*p≤.05; **p≤.01; ***p≤.001;

χ2(1)

Telefonar sem justificação aparente 0,22

Controlar ou enviar presentes para o telemóvel ou rede social 0,002

Enviar mensagens a insultar 3,88*

Enviar mensagens exageradas de afeto 9,11**

Obter informação privada de uma pessoa sem autorização 0,005

Fingir ser alguém que não é 3,94*

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3.3 PERPETRAÇÃO DE CYBERSTALKING

Para conhecer a prevalência do fenómeno de cyberstalking, o critério de perpetração foi ajustado aos comportamentos típicos de cyberstalking, ou seja, definimos como critério a perpetração de um conjunto de comportamentos, de ocorrência singular ou múltipla, mas de um conjunto específico de seis comportamentos, designadamente: ‘Enviar mensagens

exageradas de afeto’; ‘Enviar mensagens demasiado reveladoras, carentes ou exigentes’; ‘Enviar imagens ou mensagens pornográficas/obscenas’; ‘Enviar mensagens a assediar sexualmente’; ‘Obter informação privada de uma pessoa sem autorização’; e ‘Usar o computador de uma pessoa para obter informação sobre outros’.

Seguindo este critério, o grupo dos cyberstalkers é composto por 114 sujeitos, representando 18.2% da amostra total e 54.5% do grupo dos ciber agressores. Com uma média de idade igual a 14.38 anos (DP=1.31; Min=12, Max=16) este grupo é composto sobretudo por sujeitos do sexo masculino (63.2%). É ainda possível verificar que relativamente às habilitações académicas, 69.3% dos participantes frequentavam o 3º ciclo do ensino básico e 30.7% o ensino secundário/profissional. Quanto ao tipo de ensino frequentado, a maioria (72.2%) frequentava o ensino público.

A Tabela 3 exibe a associação entre os comportamentos de cyberstalking e o sexo do cyberstalker. Foram encontradas associações marginalmente significativas entre o comportamento ‘enviar mensagens demasiado reveladoras, carentes ou exigentes’,

χ2(1)=3.17 p=.075; e o comportamento ‘enviar mensagens a assediar sexualmente’,

χ2(1)=3.74 p= .053 com o sexo do cyberstalker, sendo o grupo de rapazes, com 23.7% e

13.2%, respectivamente, o mais representado. Foram ainda encontradas associações significativas entre o sexo masculino e a perpetração do comportamento ‘enviar imagens ou

mensagens pornográficas/obscenas’, χ2(1)=8.49 p=.004 (19.3% do total de participantes), e

o comportamento ‘obter informação privada de uma pessoa sem autorização’, χ2(1)=3.99

p=.046, com o grupo do sexo masculino a representar 21.1%.

A par desta análise, testou-se também a associação entre o sexo do cyberstalker e os comportamentos mais frequentemente relatados, isto é, aqueles que foram perpetrados quatro ou mais vezes. Foi encontrada associação significativa para o comportamento ‘enviar

mensagens a insultar’, χ2(1)=4.34 p=.037, e para o comportamento ‘enviar imagens ou

mensagens pornográficas/ obscenas’, χ2(1)=4.69 p=.030, e o sexo masculino, que representa, respectivamente, 14% e 9.6% do total da amostra.

(19)

Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

*p≤ .05; **p ≤ .01; +p≤ .1  

TABELA 3

Associação entre os comportamentos de cyberstalking e o sexo do cyberstalker

3.4 HÁBITOS DE UTILIZAÇÃO DAS TIC E PERCEPÇÃO DA EFICÁCIA DA SUPERVISÃO PARENTAL

A análise dos hábitos de utilização das TIC permitiu concluir que os cyberstalkers relatam maior frequência na utilização das TIC do que os outros grupos (amostra total e os ciber agressores). Para o comportamento, ‘descarregar música, filmes, jogos ou outros

programas da internet’, 63.3% dos cyberstalkers admitem fazê-lo muitas vezes ou sempre

(56.9% dos ciberagressores e 46.6% da amostra total também admitem fazê-lo). No comportamento ‘publicar textos, imagens, fotos, música ou vídeos num blog, página pessoal

ou rede social’, 51.8% dos cyberstalkers afirmam fazê-lo reiteradamente (48.8% para os

ciberagressores e 40.6% da amostra total). Por último, no comportamento ‘participar nas

redes sociais, fóruns e salas de conversação’, 47.4% dos cyberstalkers relata fazê-lo muitas

vezes ou sempre (38.3% dos ciberagressores e 34% para a amostra total).

Pelo contrário, com menor frequência face aos outros grupos, os cyberstalkers adoptam medidas de segurança e são alvo de restrições ou proibições por parte dos encarregados de educação (p. e., apenas 47.3% dos cyberstalkers são aconselhados frequentemente a ‘não falar com pessoas que não conhece’, contra 56% dos ciberagressores e 67.2% da amostra total; 50% dos cyberstalkers ‘controlam a privacidade quando publicam’ muitas vezes ou sempre , valor inferior aos 57.4% registado pelos ciberagressores ou 58.4% pela amostra total).

No que respeita à eficácia do controlo e da supervisão parental de que são alvo, 51.8% da amostra total de adolescentes, 47.4% dos ciber agressores e 43.8% dos cyberstalkers consideram-na muito ou totalmente eficaz. Por outro lado, 25.9% dos cyberstalkers, 17.9%

χ2(1)

Enviar mensagens exageradas de afeto 1.46

Enviar mensagens demasiado reveladoras, carentes ou exigentes 3.17+

Enviar imagens ou mensagens pornográficas/obscenas 8,49**

Enviar mensagens a assediar sexualmente 3,74+

Obter informação privada de uma pessoa sem autorização 3,99*

(20)

Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

 19  

dos ciber agressores e 11.9% da amostra total, consideram nada ou pouco eficaz o controlo e a supervisão de que são alvo pelos seus encarregados de educação.

3.5 PERFIL E ESTRATÉGIAS DE SUPERVISÃO DOS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO DOS CYBERSTALKERS

Os encarregados de educação dos cyberstalkers representam 106 participantes (78.3% do sexo feminino), com idades compreendidas entre os 33 e os 66 anos (M=42.96, DP=5.60). A maioria tinha nacionalidade portuguesa (97.2%). Quanto ao estado civil, a condição de casado/união de facto (80.2%) foi a mais relatada, seguida de divorciado/separado (13.2%), viúvo (3.8%) e solteiro (2.8%). A maioria completou até ao 3º ciclo do ensino básico (62.5%) e 74.5% dos participantes encontravam-se empregados. Relativamente ao parentesco, 76.7% relatou ser a mãe do menor, 19.4% o pai e 3.9% outro familiar. Enquanto utilizadores digitais, 13.3% nunca tinha utilizado a internet, 34.3% dos encarregados de educação utilizava internet há menos de cinco anos, 33,3% possuía experiência digital entre cinco e dez anos, e os restantes 19% eram utilizadores de internet há mais de dez anos. Do total, 47.8% auto percepcionaram-se utilizadores intermédios da internet, seguidos de 28.3% que se auto-percepcionaram como principiantes (Cf. Tabela 4).

Relativamente às estratégias de supervisão e controlo parental face à utilização das TIC, os encarregados de educação dos cyberstalkers privilegiavam estratégias de carácter mais informal ou psicoeducativas, tais como ‘perguntar ao educando sobre o que está a ver e

a fazer quando está na internet ou ‘falar com o educando sobre os benefícios do uso das TIC’

(com 73.1% e 48.5%, respectivamente, dos encarregados de educação relatam a realização destes comportamentos muitas vezes/sempre); por outro lado, ‘Criar com o educando as suas

contas de e-mail e páginas de rede social e/ou blogue’ ou ‘verificar o histórico do computador para ver quais são as páginas da internet que visitou’ são comportamentos

pouco frequentes. Neste caso, a percentagem de encarregados de educação que nunca ou raramente adopta este tipo de estratégia corresponde, respectivamente, a 64.2% e 50.9% da amostra.

(21)

Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental TABELA 4

Encarregados de educação: Características sociodemográficas e experiência digital

3.6 PREDITORES DO CYBERSTALKING

Com base numa análise de regressão logística, procedemos à previsão da perpetração de cyberstalking a partir das variáveis que, em testes de associação, demonstraram estar significativamente associadas com este. Onze potenciais preditores foram inseridos em três blocos. N (%) Sexo Feminino Masculino 83 (78.3) 23 (20.2) Nacionalidade Portuguesa 103 (97.2) Outra 3 (2.8)

Estado civil Casado/União de facto 85 (80.2)

Divorciado/Separado 14 (13.2)

Viúvo 4 (3.8)

Solteiro 3 (2.8)

Habilitações Literárias Sem escolaridade 1 (1)

1º ciclo do ensino básico (4º ano) 12 (11.5)

2º ciclo do ensino básico (6º ano) 33 (31.7)

3º ciclo do ensino básico (9º ano) 19 (18.3)

Ensino Secundário / Profissional 21 (20.2)

Bacharelato 1 (1)

Licenciatura 16 (15.4)

Doutoramento 1 (1)

Situação profissional Empregado 79 (74.5)

Desempregado 24 (22.6)

Reformado 2 (1.9)

Estudante 1 (0.9)

Grau de parentesco Mãe 79 (76.7)

Pai 20 (19.4) Outro familiar 4 (3.9) Frequência de utilização da internet Nunca 13 (12.4) Raramente 12 (11.4) Algumas vezes 27 (25.7) Muitas vezes 20 (19) Sempre 33 (31.4) Anos de experiência na

internet Nunca usou a internet Há menos de 5 anos 14 (13.3) 36 (34.3)

Entre 5 a 10 anos 35 (33.3)

Há mais de 10 anos 20 (19)

Perfil de utilizador digital Principiante 26 (28.3)

Intermédio 44 (47.8)

Avançado 21 (22.8)

(22)

Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

 21  

Tal como ilustra a tabela 5 no primeiro bloco introduziram-se características sociodemográficas do cyberstalker, no segundo introduziram-se os hábitos na utilização das TIC e no terceiro bloco as variáveis relativas aos comportamentos dos encarregados de educação.

TABELA 5

Análise de regressão logística sobre os preditores da perpetração de cyberstalking

B Exp(B) Bloco 1 Sexo -.451* 0.637 Idade .219*** 1.245 Bloco 2

Enviar fotos pessoais recentes para pessoas que não conheço

pessoalmente .366 1.442

Dar informações pessoais quando sou abordado por alguém

que não conheço .306 1.358

Adiciono à minha lista de amigos virtuais pessoas que não

conheço pessoalmente .457* 1.579

Já marquei pela internet e/ou telemóvel um encontro

presencial com alguém que não conhecia pessoalmente .671* 1.955

Já encontrei coisas (ex.: imagens ou informação) negativas e

desconfortáveis na internet .342 1.408

Falo com o meu encarregado de educação quando algo ou alguém online faz com que me sinta desconfortável ou ameaçado

-.461* .631

Disponibilizo informação acerca dos meus principais hobbies,

interesses e rotinas diárias em conversas com desconhecidos .014 1.014

Utilização frequente do iPOD .385 1.469

Bloco 3

Acompanho o perfil do meu educando numa página de rede

social e/ou comunidade da internet .325 1.384

Controlo as salas de conversação (chat) que o meu educando

frequenta (i.e., sei com quem é que fala) .143 1.154

 

*p<.05;  **p<.005;  ***p<.001

O modelo de regressão logística permite concluir que o sexo é um preditor significativo da perpretação de cyberstalking, sendo que ser rapaz aumenta .637 a probabilidade de ser perpetrador. A idade também é um preditor significativo da perpetração, sendo que quanto mais velho, maior a probabilidade de perpetrar cyberstalking.

No que diz respeito aos comportamentos dos adolescentes, a análise permite concluir que os comportamentos de ‘adicionar à lista de amigos virtuais pessoas que não se conhece

pessoalmente’, ‘marcar pela internet/telemóvel encontros presenciais com alguém que não se conhece pessoalmente’ e ‘não falar com o encarregado de educação quando algo ou alguém online faz com que se sinta desconfortável ou ameaçado’, são preditores significativos da

perpetração, sendo que a realização destes comportamentos aumenta a probabilidade de ser perpetrador de cyberstalking.

(23)

Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental 3.7 CIBERAGRESSÃO: DUPLO ENVOLVIMENTO

O estudo da sobreposição papéis (i.e., ser vítima e agressor) em contexto da violência no meio virtual surge como uma necessidade para compreender o envolvimento em experiências virtuais negativas. O duplo envolvimento traduz-se, nesta investigação, pelo autorrelato de envolvimento em situações como perpetrador(a) e como vítima de um conjunto de comportamentos de perseguição ou assédio virtual, com ocorrência singular ou múltipla.

De acordo com este critério, e tendo por consideração os ciberagressores (n=209), 195 adolescentes (93.3%) auto-relatam duplo envolvimento no meio virtual. Destes, 51.3% são do sexo masculino, maioritariamente de nacionalidade portuguesa (95.4%) e frequentadores do terceiro ciclo (75.4%). Este grupo apresenta uma média de idade de 14.28 anos (DP=1.29;

Min=12, Max=16).

TABELA 6

Características sociodemográficas dos sujeitos com sobreposição de papéis

N (%)

Sexo Feminino

Masculino 100 (48.7) 95 (51.3)

Nacionalidade Portuguesa 186 (95.4)

Outra 9 (4.6)

Habilitações Literárias Frequência do 3º Ciclo do Ensino Básico 147 (75.4) Frequência do Ensino Secundário / Profissional 48 (24.6)

Tipo de ensino Público 143 (73.3)

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Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

 23  

IV. DISCUSSÃO

O presente estudo vem colmatar uma lacuna na investigação sobre a utilização das TIC por parte dos adolescentes e comportamentos potencialmente negativos, mais especificamente no que se refere às agressões no ciberespaço e, em particular, a perpetração de cyberstalking. Para além disso, confere atenção científica ao perfil digital dos encarregados de educação e ao papel que o envolvimento parental pode ter no comportamento dos adolescentes.

Em primeiro lugar, importa referir que a prevalência da perpetração de agressões no ciberespaço equivale a 33.3% da amostra, revelando desde logo que os adolescentes podem assumir-se agressores cibernéticos, inclusive no que respeita à perpetração do cyberstalking (18.2% da amostra total). É por isso um fenómeno algo disseminado e por isso preocupante. Esse valor é ligeiramente superior ao encontrado no estudo de Ybarra e Mitchell (2007) no qual 29% dos adolescentes auto relataram ter perseguido alguém pelo menos uma vez no último ano, e ao estudo de Sontag, Clemans, Graber & Lyndon (2011), com 26% dos participantes a relatar comportamento ciberagressivo. Assim, e ainda que os critérios de operacionalização da perpetração variem entre os estudos, a prevalência encontrada no presente estudo poderá corroborar a perspetiva de Sontag e colaboradores, quando referem que as taxas de perpetração encontradas ao longo dos últimos anos refletem um aumento progressivo da prevalência de agressões no ciberespaço, como resultado dos avanços da tecnologia e da atenção dada a estes fenómenos.

Os resultados mostram ainda que a agressão cibernética é um comportamento transversal na idade jovem e que são os rapazes que auto relataram um maior número de comportamentos perpetrados, conclusões semelhantes a outros estudos (Ybarra & Mitchell, 2004; Ybarra & Mitchell, 2007). Ainda assim, é de salientar o número considerável de agressores femininos (47.4% dos ciberagressores e 36.8% dos cyberstalkers). Este valor poderá estar de acordo com outros estudos que informam que no mundo virtual a probabilidade de o agressor ser do sexo feminino é superior à encontrada no mundo real (incluindo nos comportamentos de stalking e cyberstalking) (Curtis, 2012).

Atualmente as relações sociais dos adolescentes são cada vez mais influenciadas pelos computadores e pela tecnologia (Schoffstall & Cohen, 2011), não sendo por isso uma surpresa os adolescentes apresentarem um perfil de utilização reiterada de algumas TIC’s. O grupo dos cyberstalkers, em particular, auto relata um uso frequente da internet, telemóvel ou

smartphone e computador portátil. Essa utilização reiterada, em conjugação com uma

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Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

(menos restrições e medidas de segurança), pode traduzir-se por uma maior desinibição comportamental, maior exposição e sentimentos de impunidade que, consequentemente, conduzem os adolescentes a perpetrarem mais comportamentos agressivos online (Whittle, Giachritsis, Beech, & Collings, 2013).

Para além da influência das características sociodemográficas (sexo e idade) será importante considerar e discutir outros preditores do comportamento ciber agressivo na adolescência. A investigação sobre as variáveis preditoras de agressões virtuais, tem focado a atenção em variáveis como as crenças sobre a violência ou outros tipos de agressão/vitimação (Werner, Bumpus & Rock, 2010). Esta investigação avança com a análise relativamente aos hábitos da utilização das TIC, onde apenas os comportamentos de ‘adicionar à lista de

amigos virtuais pessoas que não se conhece pessoalmente’; ‘marcar pela internet/telemóvel encontros presenciais com alguém que não se conhece pessoalmente’; e ‘não falar com o encarregado de educação quando algo ou alguém online faz com que se sinta desconfortável ou ameaçado’, são preditores significativos da perpetração de cyberstalking. A teoria geral do

crime, de Gottfredson e Hirschi (1990), com foco sobre a característica individual de autocontrolo, poderá ajudar na compreensão destes resultados. O baixo autocontrolo está tipicamente associado a indivíduos com relações interpessoais instáveis. A socialização inadequada é visto como a fonte de desenvolvimento para o baixo autocontrolo e o posterior envolvimento em atividades delinquentes/criminosas ao longo da vida (Jennings et al., 2012). Na verdade, indivíduos com baixo autocontrolo podem não ser capazes de controlar os impulsos em certos comportamentos e não conseguem prever possíveis consequências (Marcum, Higgins & Ricketts, 2014).

Os resultados relativamente à sobreposição de papéis entre vítima e ofensor são consistentes com outros estudos (Sontag, Clemans, Graber & Lyndon, 2011; Werner et al., 2010; Livingstone & Haddon, 2009), contribuindo assim para a demarcação do fenómeno, demonstrando que a vitimação virtual é muitas vezes experienciada pelos próprios agressores cibernéticos. A teoria das atividades de rotina (Cohen & Felson, 1979) é uma das abordagens mais reconhecidas para uma explicação do fenómeno. Segundo esta teoria, o crime e a vitimação surgem da convergência de três fatores: a existência de alvos vulneráveis; a ausência de elementos protetores eficazes (p.e., ausência de filtros, baixo envolvimento parental) e a presença de ofensores motivados (Pereira, Matos, & Sampaio, in press; Gonçalves, 2008). A realização de determinadas atividades rotineiras e a frequência de certos ambientes virtuais são fatores que podem explicar a exposição, e consequentemente, maior vulnerabilidade virtual (Eck & Clarke, 2003). A teoria sobre o desvio de pares informa-nos

(26)

Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

 25  

que a convivência prolongada com pares desviantes leva a uma constante exposição a práticas criminosas. Certas práticas são legitimadas por uma espécie de reforço social entre os pares, promovendo o comportamento desviante. No ambiente virtual, práticas ciber criminógenas são frequentemente assumidas como legítimas e necessárias (Bossler & Holt, 2010), promovendo dessa forma, a proximidade com agressores cibernéticos motivados e redução da proteção individual. Assim, no mesmo contexto, a perpetração de ciberagressões pode aumentar o risco de o perpetrador se tornar vítima. Paralelamente, experiências anteriores de vitimação online podem promover a agressão reativa (Pereira, Matos, & Sampaio, in press). O duplo envolvimento pode surgir pela facilidade de retaliação imediata que as TIC oferecem (Werner et al., 2010), reforçada pela normalização de práticas e pelo contexto reativo. A maior habilidade digital e um número de interações sociais mais elevado poderão estar na explicação da média de idade superior encontrada para o grupo dos agressores, por comparação à amostra total.

Um dos fatores apontados como relevantes para a promoção da segurança online e para a prevenção do comportamento agressivo é o envolvimento parental. A investigação nessa área refere a qualidade da relação entre os adolescentes e os pais como fator protetor para o envolvimento em agressões no ciberespaço (Law, Shapka, & Olson, 2010; Ybarra & Mitchell, 2004). A par disso, a investigação tem também mostrado que certos comportamentos de controlo e supervisão (e.g., verificar histórico) não são eficazes na redução dos comportamentos agressivos em meio virtual (Law et al., 2010).

No âmbito desta investigação, a análise das características dos encarregados de educação dos cyberstalkers permitiu perceber que estes são maioritariamente utilizadores pouco experientes da internet, privilegiando estratégias de controlo e supervisão de carácter informal ou educativas, em detrimento de estratégias mais instrumentais (ex. ‘criar com o educando as suas contas de e-mail e páginas de rede social e/ou blogue’ ou ‘controlar as salas de conversação (chat) que o educando frequenta). Estes resultados devem ser contextualizados, refletindo desde logo sobre o desfasamento no perfil de utilizador entre adolescentes e encarregados de educação (conflito de gerações em termos de conhecimentos e competências – verificado noutros estudos, p.e., Çankaya & Odabas, 2009) e sobre a influência do nível de escolaridade dos pais. Em consequência, esta amostra específica de encarregados de educação parece enquadrar-se num estilo parental assertivo, já que se caracteriza por níveis de controlo e envolvimento parental com alguns défices onde não há uma restrição explícita do comportamento, mas que esperam que os seus filhos sejam responsáveis e se comportem de forma autorregulada, baseados numa postura mais educativa.

(27)

Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental V. CONCLUSÃO

O cyberstalking na adolescência é ainda um fenómeno recente e complexo. Este estudo ofereceu algumas contribuições para a compreensão do fenómeno e as suas implicações práticas.

Desde logo, é de realçar a consistência dos resultados encontrados. Sendo o ciber espaço um ambiente com potencialidades nocivas e uma vez que as TIC são ferramentas fundamentais na sociedade moderna, investigações futuras devem procurar compreender as interações vítima-perpetrador. Apesar dos resultados consistentes sobre a sobreposição de papéis, estudos adicionais sobre a direccionalidade deste duplo envolvimento, incluindo outros tipos de vitimação, são necessários para compreender as reais implicações para o comportamento ciber agressivo.

É consensual na literatura a influência dos estilos parentais no comportamento dos filhos na internet, e que esse efeito é mediado pelo nível de formação dos cuidadores. Desta forma o papel dos encarregados de educação parece estar relacionado com a experiência, a atitude e o uso da internet. Avaliar as áreas em défice, acarreta para as implicações práticas uma visão mais focalizada. Esta visão é especialmente relevante se considerarmos a possibilidade de criação de programas de intervenção direcionados aos pais (Valcke et al.,2010; Livingstone & Haddon, 2009).

Algumas limitações da presente investigação têm de ser tidas em conta. Desde logo é de salientar que não existe necessariamente um autorreconhecimento como agressor pelo adolescente. Essa condição foi definida pelo critério de investigação a partir dos autorrelatos. Para finalizar, não foi possível neste estudo, avaliar a consistência das respostas de encarregados de educação e educandos sobre as práticas parentais. Tal condição possibilitaria uma análise mais precisa sobre o impacto do envolvimento parental no comportamento dos educandos.

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Ciberagressões, adolescência e envolvimento parental

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TABELA 1  – Características Sociodemográficas dos Ciberagressores e Ciber Tácticas  de Perpetração ..........................................................................................

Referências

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