• Nenhum resultado encontrado

Comparação da ansiedade competitiva, variabilidade da frequência cardíaca e cortisol salivar antes e durante uma competição com calendário congestionado em jovens atletas escolares de futsal

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Comparação da ansiedade competitiva, variabilidade da frequência cardíaca e cortisol salivar antes e durante uma competição com calendário congestionado em jovens atletas escolares de futsal"

Copied!
64
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

Comparação da ansiedade competitiva, variabilidade da frequência

cardíaca e cortisol salivar antes e durante uma competição com calendário

congestionado em jovens atletas escolares de futsal.

Bruno Laerte Lopes Ribeiro

NATAL – RN

(2)

Comparação da ansiedade competitiva, variabilidade da frequência

cardíaca e cortisol salivar antes e durante uma competição com calendário

congestionado em jovens atletas escolares de futsal.

Bruno Laerte Lopes Ribeiro

Dissertação apresentada ao programa de pós graduação em Educação Fisica da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Educação Física.

Orientador: Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti

(3)

Comparação da ansiedade competitiva, variabilidade da frequência cardíaca e cortisol salivar antes e durante uma competição com calendário congestionado em

jovens atletas escolares de futsal.

Data ___ / ___ / ___

Comissão examinadora

________________________________________

Prof. Dr. Arnaldo Luis Mortatti

________________________________________

Prof. Dr. Hassan Mohamed Elsangedy

________________________________________

(4)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Central Zila Mamede

Ribeiro, Bruno Laerte Lopes.

Comparação da ansiedade competitiva, variabilidade da frequência cardíaca e cortisol salivar antes e durante uma competição com calendário congestionado em jovens atletas escolares de futsal / Bruno Laerte Lopes

Ribeiro. - 2019.

62f.: il.

Dissertação (Mestrado) -Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-graduação em Educação, Natal, 2019.

Orientador: Dr. Arnaldo Luis Mortatti.

1. Educação Física - Dissertação. 2. Adolescente - Dissertação. 3. Estresse - Dissertação. I. Mortatti, Arnaldo Luis. II. Título.

RN/UF/BCZM CDU 796

(5)

Agradecimentos

Antes de tudo, devo agradecer a Deus pela oportunidade de realizar uma pós-graduação, no qual somente através dele eu poderia me inserir e conclui-la.

Aos meus pais e amigos mais próximos, por entenderem meus momentos de ausência e torcerem por mim, mesmo nas menores conquistas.

Professor Arnaldo Mortatti, conviver com o senhor me fez um ser humano melhor, mais do que qualquer conhecimento sobre ciência, eu o agradeço por ter me tornado uma pessoa mais forte em todos os sentidos.

Aos queridos (as), Pedro Paulo, você foi fantástico, me fez enxergar o valor das coisas quando tudo era caos, Jussara Caroca, você acreditou em mim e não me deixou desistir, muito deste momento eu devo a você, Halyne Ramos, muito obrigado por segurar a minha mão quando eu não enxerguei ninguém que pudesse fazer isso por mim, eu não estaria aqui sem você.

Elias, Júlio, Érica, Luhane, Flávio, Marxno e Glauber, o meu muito obrigado pelos momentos de amizade, companheirismo e muito trabalho, sem vocês nada seria possível ao longo de todo o mestrado.

Aos professores Leonardo Fortes e Hassan Elsangedy, meus agradecimentos pelas importantes considerações que os senhores realizaram a este trabalho, foram de grande importância para a melhora na qualidade e conclusão do mesmo.

Por fim, um agradecimento especial aos meus amigos servidores, Dedé, Domingos, Luzinete, Gizelda, Seu Chaguinha, todos do departamento de Educação Física, obrigado por tornar meus dias mais leves e felizes.

(6)
(7)

Sumário

1. Introdução ... 14 1. Justificativa ... 17 2. Objetivos ... 18 3.1 Objetivo Geral ... 18 3.2 Objetivos específicos ... 18 3. Hipóteses: ... 18 4. Revisão da Literatura ... 19

5.1 Ansiedade no contexto esportivo ... 19

5.2 Teoria da ansiedade multidimensional ... 20

5.3 Teoria da catástrofe ... 22

5.4 Avaliação da ansiedade competitiva ... 23

5.5 Variabilidade de frequência cardíaca ... 24

5.5.1 VFC e Monitoramento de cargas de treinamento ... 25

5.5.2 Ansiedade e VFC ... 26

6 MÉTODOS ... 30

6.1 Modelo do Estudo ... 30

6.3 Critérios de Inclusão: ... 30

6.4 Delineamento experimental ... 31

6.5 Determinação e participação na competição: ... 32

6.7 Procedimentos da coleta: ... 33

6.7.1 Variáveis antropométricas: ... 33

6.7.2 Percepção subjetiva de esforço da sessão ... 33

6.7.4 Inventário do estado de ansiedade competitiva (CSAI-2R) ... 34

6.7.5. Daily Analysis of Life Demands in Athletes – DALDA ... 35

6.7.6 Variabilidade de frequência cardíaca ... 35

6.7.7 Coleta da saliva ... 36

(8)

7 Análise Estatística ... 37

8 Resultados ... 38

9. Discussão ... 42

11. Referências Bibliográficas ... 48

(9)

LISTA DE SIGLAS

ST. Sessão de treinamento

VFC. Variabilidade de frequência cardíaca

SNA. Sistema nervoso autônomo

PSE. Percepção subjetiva de esforço

LNRMSSD. Logaritmo natural da raiz quadrada media da diferença do intervalo de sucessivas ondas sinusais RR normais.

SDNN. Desvio padrão dos intervalos R-R.

PNN50. Valor percentual de batimentos cardíacos com intervalo maior que 50 milissegundos.

LF. Componente de baixa frequência da VFC.

HF. Componente de alta frequência da VFC.

LF/HF. Razão entre os componentes de baixa e alta frequência da VFC.

VLF. Componente de muito baixa frequência da VFC.

ULF. Componente de ultrabaixa frequência da VFC.

GEE. Equações de estimativas generalizadas.

CSAI-2R. Inventário da ansiedade estado competitiva.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Relacionamento tridimensional da teoria da catástrofe

Figura 2. Desenho do estudo

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resultados da análise de ansiedade somática, ansiedade cognitiva e autoconfiança entre as partidas.

Tabela 2. Valores de Variabilidade de frequência cardíaca (LnRMSSD) e Cortisol salivar.

(12)

Resumo

Comparação da ansiedade competitiva, variabilidade da frequência cardíaca e cortisol salivar antes e durante uma competição com jogos sucessivos em jovens atletas

escolares de futsal.

Autor: Bruno Laerte Lopes Ribeiro

Orientador: Arnaldo Luis Mortatti

Introdução: A ansiedade pré-competitiva e sua relação com as respostas fisiológicas apresentadas pelos atletas tem se tornado foco de pesquisas na área do treinamento esportivo. Porém, é necessária uma melhor compreensão sobre esse fenômeno em jovens escolares que participam de competições realizadas em jogos sucessivos Objetivo: Comparar a ansiedade competitiva, variabilidade de frequência cardíaca e cortisol salivar, antes e durante uma competição com calendário congestionado (3 jogos em 3 dias) em jovens atletas escolares de futsal. Métodos: Participaram 10 atletas (16,9 ±0,7 anos; 71,0 ± 5,1 Kg; 174,9 ± 4,3 cm) monitorados em uma sessão de treinamento (ST) durante uma semana preparatória para a competição e antes de cada um dos 3 jogos competitivos (2 jogos da fase classificatória e 1 jogo eliminatório). As cargas interna e externa de treinamento e competição foram estimadas pelo método da percepção subjetiva do esforço da sessão (PSE da sessão) (Foster, 1998) e pelo método PlayerLoad (Barrett, et al. 2014), respectivamente. Aproximadamente 60 minutos antes de cada partida foi preenchido o Competitive State Anxiety Inventory (CSAI-2R) para a verificação do estado de ansiedade pré-competitiva, bem como os jogadores foram submetidos avaliação da variabilidade de frequência cardíaca (VFC) no domínio do tempo (LnRMSSD) e a coleta de amostra salivar para verificação dos níveis de cortisol pré-jogo. Utilizou-se o teste anova one way de medidas repetidas, para a análise da ansiedade pré-competitiva, o teste de Friedman foi utilizado para a análise da VFC e cortisol salivar e para a análise da PSE foi utilizado o teste de equações de estimativas generalizadas (GEE), seguido do post-hoc de Bonferroni. Resultados: A PSE da sessão apresentou diferenças entre as partidas e a semana de treinamento (W(3) =16,392, p = 0,001), O PlayerLoad

apresentou diferenças significantes entre as partidas (W(3) = 112,4, p ≤ 0,001). Os níveis de ansiedade

cognitiva não foram estatisticamente significantes entre as partidas (F(1,644; 14,799) = 4,6, p =

0,73, eta parcial ŋ²= 0,28), assim como, não foi encontrada diferença significante nos níveis de ansiedade somática (F(2,09; 18,85) = 26,07 p = 0,057; eta parcial ŋ²= 0,27) e na autoconfiança (F(2,07; 18,85)

= 15,875 p = 0,152; eta parcial ŋ²= 0,18). Os valores de cortisol não apresentaram alterações entre as partidas (χ²(3) = 4,320 p = 0,229), assim como os valores do LnRMSSD (χ²(3) = 3,360, p=

0,339). Conclusão: A competição no qual os atletas foram avaliados, não modificou significantemente o estado de ansiedade dos atletas e também não promoveu alterações na modulação vagal cardíaca e nos níveis de cortisol salivar.

(13)

Abstract

Author: Bruno Laerte Lopes Ribeiro

Advisor: Arnaldo Luis Mortatti

Comparison of competitive anxiety, heart rate variability and salivary cortisol before and during a competition with successive games in young futsal school athletes.

Introduction: Pre-competitive anxiety and the physiological responses presented by athletes during competitive matches has become a focus of research in the field of sports training. However, few studies have observed this phenomenon in school children who participate in competitions held in successive matches. Objective: To analyze the somatic and cognitive anxiety of school athletes belonging to the U-17 futsal category and their autonomic and hormonal responses. Methods: Ten athletes (16.9 ± 0.7 years, 71.0 ± 5.1 kg, 174.9 ± 4.3 cm) were monitored during one-week taper phase (WT) and before each of the 3 competitive matches (2 qualifying matches and 1 eliminatory match, all lasting 40 minutes). The training load was estimated in all matches using the subjective rating of perceived exertion (RPE) and the session duration (session RPE). Approximately 60 minutes before each match, the CSAI-21 questionnaire was completed to verify the pre-competitive anxiety state, as well as the players were submitted to evaluation of the heart rate variability (HRV) in the time domain (LnRMSSD). The one-way test of repeated measures for the analysis of the domains of pre-competitive anxiety was used, the Friedman test was used for the analysis of the variables cortisol and HRV and Salivary cortisol, for the session-RPE analysis the equations generalized estimates (GHG), followed by Bonferroni post-hoc. Results: The session-RPE presented differences between the matches and training week (W(3) = 16,392, p = 0.001), showing

reduction during the first match in relation to WT (5.2 ± 0.4 vs. 3.4 ± 0.7) and an increase in comparison between the first and third matches (3.4 ± 0.7 vs. 7.0 ± 1.3). The levels of cognitive anxiety were not statistically significant between the matches [F (1.644; 14.799) = 4.6, p = 0.73, partial eta ŋ² = 0.28], as well as, no significant levels of anxiety were found (F (2.09; 18.85) = 26.07 p = 0.057 partial eta ŋ² = 0.27] and in self-confidence [F (2.07; 18.85) = 15.875 p = 0.152 partial eta ŋ² = 0.18]. The cortisol values did not present changes between the matches χ² (3) = 4,320 p = 0,229 as well as the values of LnRMSSD [χ² (3) = 3,360, p = 0,339]. Conclusion: The competition model in which the athletes were evaluated did not significantly modify the state anxiety of the athletes, and also did not promote changes in the state of physiological excitation.

Keywords: Physical Education and Training, Adolescent; Competitive stress; Successive matches.

(14)

1. Introdução

O futsal é uma modalidade esportiva no qual a principal característica é a realização de sucessivas ações intermitentes, em que os atletas realizam múltiplos sprints e atingem uma grande quantidade de esforços de alta intensidade (Naser-Naser, 2017). Quando comparado com outras modalidades esportivas de características intermitentes, tais como basquete (Mclnness, 1995) e handebol (Alexander, 1989), o futsal apresentou uma maior distância total percorrida em alta intensidade durante as partidas, o que caracteriza a alta demanda fisiológica imposta aos atletas.

Em atletas e futsal o componente cognitivo é bastante exigido durante os jogos, pois as ações devem ser realizadas em alta intensidade e em curtos períodos de tempo, devido a fatores como a alta exigência técnica, tática e tomadas de decisão em vários momentos durante uma partida (Matzenbacher, 2014).

Além da demanda psicofisiológica imposta aos atletas durante as partidas de futsal, a participação de jovens atletas em competições esportivas tem aumentado (Montjoy, 2008), dessa forma é necessário compreender o impacto das competições no aspecto psicofisiológico sobre essa população, pois o estresse causado pela competição pode ser um fator influenciador no desempenho esportivo.

É necessário compreender que vários fatores podem influenciar no estresse causado pela competição em atletas juvenis, tais como, cobranças por parte dos pais, medo de cometer erros durante uma partida e uma série de outros fatores (De Rose, 2002), porém, um fator que possui influência sobre a resposta psicofisiológica de jovens atletas é a realização de competições com jogos sucessivos, que são caracterizadas pela realização de vários jogos em poucos dias, gerando maior estresse e sobrecarga psicobiológica aos jovens atletas (Rowssell et al, 2011). Levando-se em consideração que esse cenário é comumente apresentado em competições nas categorias de base (Arruda, 2015; Moreira, 2016), a avaliação das respostas psicológicas desse modelo de competição pode ser importante para compreender a interação dos atletas em categorias de formação ou escolares com o ambiente de competições esportivas.

Devido a importância de se compreender a relação entre o estado psicológico dos atletas e a competição esportiva, nas últimas décadas o estudo relacionado à psicologia do esporte tem

(15)

sido importante (Bakker et al,1990), assim, os trabalhos que buscam relacionar o desempenho esportivo ao estado emocional dos atletas tem sido o principal foco de várias pesquisas (Filaire, 2001; Tsopani, 2011, Calvo; 2007). Neste sentido, a ansiedade pré-competitiva surge como um tópico importante na busca pelo entendimento de como o processo competitivo pode afetar o estado emocional dos atletas e como essa alteração pode influenciar o desempenho esportivo (Paludo, 2016).

Então, se torna necessário compreender o termo ansiedade, que tem sido utilizado para expressar um estado emocional negativo caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão, sendo associado com ativação e excitação do corpo (Weinberg; Gould, 2008), dessa forma, algumas teorias possuem relação direta com a ansiedade pré-competitiva, tais como a teoria do “U” invertido (Yerkes, Dodson, 1908), a “IZOF”, teoria da zona ótima de funcionamento (Hanin, 2000) e a teoria da catástrofe ou da ansiedade multidimensional (Martens et al, 1990). Dentre as teorias citadas anteriormente, deve-se destacar a teoria da catástrofe e a teoria da ansiedade multidimensional, pois essas teorias exploram a ansiedade em relação aos aspectos fisiológicos.

Hardy & Parfit (1991) definiram que a teoria da catástrofe e ansiedade multidimensional, e apresentam dois componentes para definir a resposta de ansiedade do indivíduo, o componente cognitivo e o componente fisiológico, no qual fica determinado que a ansiedade cognitiva atue como uns fatores de divisão que determina a magnitude dos efeitos da excitação fisiológica se são pequenos, médios, grandes ou catastróficos, assim, essa relação pode ser apresentada da seguinte forma: a ansiedade cognitiva e excitação fisiológica podem ser positivas para o desempenho até um determinado ponto, caso os níveis de ansiedade se elevem excessivamente a “catástrofe” ocorrerá, acarretando em queda de desempenho esportivo, e aumento excessivo da excitação fisiológica, promovendo mudanças no sistema nervoso autônomo e alterações hormonais.

As alterações hormonais dos atletas podem ser fatores dependentes dos níveis de ansiedade, pois atletas mais ansiosos possuem maior ativação do sistema endócrino, como foi observado no estudo de Papacosta (2016), onde atletas de judô com maiores níveis de ansiedade cognitiva apresentaram maiores níveis de cortisol salivar, dessa forma a utilização de medições de ansiedade e cortisol, podem ser bons indicativos do estado em que o atleta se encontra para a competição (Arruda, 2017). Alterações no sistema nervoso autônomo cardíaco também

(16)

podem ser observadas através da redução do tônus vagal com aumento da atividade simpática e redução da atividade parassimpática em atletas com maior comportamento ansioso, como foi observado em atletas de bicicross (BMX) expostos a uma competição oficial, no qual os índices relacionados a variabilidade de frequência cardíaca (domínio de tempo e frequência) apresentaram redução, evidenciando uma maior atuação do sistema nervoso autônomo simpático (Mateo, 2011).

Atualmente o cenário dos esportes competitivos tem aberto espaço para uma crescente participação de jovens atletas em competições esportivas (Feeley, 2016), mas é necessário compreender que atletas jovens ou em formação, possuem necessidades sociais e emocionais diferentes (Corrant-Noville, 2016), além disso, as influências culturais, no qual equipes escolares que competem entre si, são muito encorajadas a vencer as competições, além da pressão exercida por pais e treinadores (Hoover et al, 2017), todos esses fatores são apresentados aos atletas, portanto é necessário compreender como jovens atletas em idade escolar se relacionam com a ansiedade em competições esportivas, desde as respostas psicológicas e as alterações autônomicas e hormonais provocadas pelas situações de competição.

Assim, este estudo tem como principal objetivo, avaliar os níveis de ansiedade pré-competitiva de jogadores sub-17 de futsal em uma competição com jogos sucessivos, de nível escolar e avaliar as respostas endócrinas e de sistema nervoso autônomo cardíaco, sendo importante para a compreensão das respostas psicofisiológicas de atletas em idade escolar no contexto competitivo com jogos sucessivos, além de apresentar se esse modelo de competição pode causar alterações nos níveis de estresse e ansiedade dos participantes e contribuir para que treinadores e organizadores de competições avaliem se o modelo de competições com jogos sucessivos é o ideal para atletas em idade escolar, tendo em vista as necessidades físicas e psicossociais que são inerentes aos atletas em categorias de formação (Weineck, 2005).

(17)

1. Justificativa

A competição esportiva é o principal fator causador de estresse em atletas (De Rose, 2002), podendo desencadear outras respostas psicológicas, como a ansiedade, que surge como um fator modulador da resposta ao estresse (Tanguy, 2018), portanto, avaliar as respostas de ansiedade durante uma competição com jogos sucessivos parece ser importante para compreender como jovens atletas lidam com o estresse sucessivo, causado pela demanda de jogos com baixos intervalos entre suas realizações, e dessa forma, compreender como a ansiedade é modulada através do estresse no qual os atletas são submetidos no contexto de competições com jogos sucessivos.

Além disso, monitorar as variáveis psicológicas (ansiedade) e sua relação com variáveis bioquímicas (hormônios) e fisiológicas (variabilidade de frequência cardíaca) é indispensável para um melhor entendimento sobre o desempenho de jovens atletas em competições esportivas, principalmente quando se trata de atletas em idade escolar, pois essa população é pouco estudada, podendo assim, gerar boas ferramentas de monitoramento para treinadores que trabalham com atletas escolares, (HOOVER, 2017), além de um melhor planejamento na organização das competições em categorias escolares, tendo em vista que atletas em formação possuem características específicas na sua formação física, psicológica e psicossocial que precisam ser levadas em consideração (Weineck, 2005).

(18)

2. Objetivos 3.1 Objetivo Geral

Comparar a ansiedade competitiva, variabilidade de frequência cardíaca e cortisol salivar, antes e durante uma competição com jogos sucessivos realizados em um calendário congestionado em jovens atletas escolares de futsal.

3.2 Objetivos específicos

a. Analisar a carga interna de jogo durante a realização de três jogos competitivos.

b. Identificar os níveis de ansiedade somática, cognitiva e autoconfiança imediatamente antes da realização de cada um dos três jogos competitivos.

c. Identificar os sinais e sintomas de estresse imediatamente antes da realização de cada um dos três jogos competitivos.

d. Observar as respostas da variabilidade de frequência cardíaca em função dos níveis de ansiedade dos indivíduos imediatamente antes da realização de cada um dos três jogos competitivos.

e. Observar as respostas hormonais (cortisol) imediatamente antes da realização de cada um dos três jogos competitivos.

3. Hipóteses:

A hipótese substancial desta pesquisa é que os jogos sucessivos e o nível de importância da competição possam influenciar no aumento da ansiedade pré-competitiva dos jovens atletas, com concomitante diminuição da variabilidade da frequência cardíaca e aumento dos níveis de cortisol em comparação com os valores observados durante o período de treinamento.

(19)

4. Revisão da Literatura

5.1 Ansiedade no contexto esportivo

O estudo da ansiedade no ambiente esportivo tem atraído a atenção dos pesquisadores, principalmente no que se refere a relação entre a ansiedade e o desempenho esportivo, e qual a influência que essa variável pode ter sobre um atleta ou uma equipe inserida em competições esportivas (Woodman, 2003).

Dessa forma, é importante a compreensão da definição do termo ansiedade, pois ele é comumente confundido com outros termos utilizados na psicologia do esporte, como o estresse e ativação (ou excitação). Portanto, compreende-se a ansiedade como um estado emocional negativa, caracterizada por nervosismo, preocupação e apreensão, associado a um estado de excitação fisiológica do organismo (Weinberg; Gould, 2007). Martens et al (1990) define a ansiedade como um termo utilizado para expressar uma reação ou resposta a uma condição transitória sobre o tempo.

Ainda no contexto das definições de ansiedade, é importante compreender a diferenciação entre o traço e o estado de ansiedade. De acordo com Spielberger (2010) a ansiedade traço representa uma parte da personalidade do sujeito, sendo uma tendência a um comportamento ansioso, assim, o indivíduo tende a perceber como ameaçadoras as circunstâncias que não são realmente perigosas e que não apresentam ameaças reais, portanto, pessoas que possuem um alto grau de ansiedade-traço, tendem a responder a situações de estresse ou ameaçadoras com altos níveis de ansiedade estado.

Por outro lado, a ansiedade–estado se refere à o componente da ansiedade utilizado para descrever as variações da ansiedade, sendo considerada proporcional ao nível de percepção de ameaça pelo sujeito (Spielberger, 2010), podendo ser definida como uma reação temporária e com constante variação, apresentadas por sentimentos de apreensão e tensão percebidas pelo sistema nervoso autônomo.

Quando levada para o contexto esportivo, a ansiedade pode ser compreendida como a percepção da situação de competição como ameaçadora. Portanto, a competição pode ser compreendida como o principal agente estressor ao atleta, causando modulação sobre o estado de ansiedade do indivíduo que está inserido no contexto esportivo e que precisa apresentar um desempenho satisfatório.

(20)

Em relação ao desempenho esportivo e sua ligação com parâmetros de ansiedade, Dalamitros (2019) avaliou vinte e dois nadadores divididos em dois grupos, treinados e não-treinados, submetendo-os a uma sessão de exercício de pré-ativação muscular, seguido de uma bateria de testes contra relógio. O grupo treinado obteve melhor desempenho nos testes contra relógio, porém, ao comparar os níveis de ansiedade somática e cognitiva entre os participantes, notou-se que não houve diferenças entre os grupos, de tal forma, pode-se compreender que situações não competitivas tem baixo impacto sobre os níveis de ansiedade dos atletas.

Ainda em relação ao desempenho esportivo em competições e a ansiedade, Judge et al (2016) avaliaram 32 powerlifters durante uma competição, divididos em dois grupos (22 homens e 10 mulheres), foi observado que níveis acentuados de ansiedade tinham relação com reduções nas marcas atingidas pelos atletas, quando comparadas as suas melhores marcas, além disso, as mulheres apresentaram níveis de ansiedade mais elevados quando comparadas aos atletas do sexo masculino.

Para um melhor entendimento sobre como ocorre a mensuração do estado de ansiedade de um atleta no ambiente esportivo é necessário o entendimento acerca das teorias utilizadas para compreender como a ansiedade pode afetar o desempenho, podemos destacar dentre essas, as teorias da ansiedade multidimensional e a teoria da catástrofe.

5.2 Teoria da ansiedade multidimensional

A teoria da ansiedade multidimensional descreve a relação entre os componentes específicos da resposta de ansiedade e desempenho competitivo (Martens et al, 1990), portanto é importante que se compreenda as diferenças entre ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança.

De acordo com Martens et al (1990), a ansiedade cognitiva define-se como o aspecto da ansiedade competitiva referente aos pensamentos e expectativas pessimistas sobre o desempenho na competição. A ansiedade somática é compreendida como o componente relacionado a excitação fisiológica do sujeito, nesse caso, há uma relação direta com a ativação do sistema nervoso autônomo, promovendo um comprometimento do sistema nervoso autônomo (SNA) a medida que produz maior ativação. Em contrapartida, a autoconfiança é um componente que se pode definir como antagonista a ansiedade, ou seja, a crença que o sujeito possui em suas capacidades de obter um bom desempenho competitivo.

(21)

Dessa forma, a teoria da ansiedade multidimensional apresenta a ansiedade cognitiva como um componente que possui relação negativa com o desempenho. A teoria também coloca a ansiedade somática como um componente de relação quadrática em U invertido (Raglin, 1992) (ou seja, o desempenho aumenta até certo nível de intensidade nos sintomas e de excitação fisiológica). De tal forma, que embora a teoria da ansiedade multidimensional sinalize que a ansiedade somática pode trazer benefícios ao desempenho, sua principal hipótese gira em torno dos altos níveis ansiedade cognitiva causarem redução no desempenho competitivo.

(22)

5.3 Teoria da catástrofe

O modelo da teoria da catástrofe da ansiedade, descrito por Hardy (1990), descreve a interação entre os efeitos da ansiedade cognitva e a excitação fisiológica no desempenho. Portanto, a teoria da catástrofe entra em contraste com a teoria da ansiedade multidimensional, pois a primeira apresenta que elevações na ansiedade cognitiva podem influenciar no desempenho dependendo do nível de excitação fisiológica. Quando os níveis de ansiedade cognitiva são baixos, as variações de excitação fisiológica produzem um peque no impacto sobre o desempenho, no entanto, sobre altos níveis de ansiedade cognitiva, os níveis crescentes de excitação fisiológica, até certo ponto, levarão efeitos positivos no desempenho, caracterizando uma reação em U invertido, pois aumentos muito acentuados na ansiedade somática resultam em grande queda de desempenho (Mellalieu, 2009).

Dessa forma, Krane (1992), desenvolveu uma figura adaptada de Hardy (1990), ilustrando o comportamento do desempenho, mostrando que a performance pode sofrer grandes reduções caso os níveis de ansiedade somática e ansiedade cognitiva ultrapassem os limiares de tolerância do atleta, causando assim, uma “catástrofe” no desempenho. (Figura 1.)

(23)

5.4 Avaliação da ansiedade competitiva

Para a avaliação da ansiedade pré-competitiva no esporte, um dos instrumentos mais utilizados tem sido o Competitive State Anxiety Inventory-2 (CSAI-2) desenvolvido por Martens e colaboradores (1990), tendo como proposta, avaliar a ansiedade competitiva, separando-a em ansiedade cognitiva, somática e autoconfiança. Inicialmente o CSAI-2 possui 27 questões, sendo nove itens referentes a cada subescala.

O CSAI-2 possui versões adaptadas para diversos países, levando em consideração as particularidades dos atletas, dessa forma Fernandes (2016) adaptou o questionário para atletas brasileiros, assim foi desenvolvido o CSAI-2R que é composto por dezesseis questões, sendo cinco questões relacionadas a ansiedade cognitiva, seis questões relacionadas a ansiedade somática e cinco questões relacionadas a auto confiança (Fernandes, 2016). O questionário se dispõe a avaliação de três tipos de dimensões, a “intensidade” em uma escala Likert, no qual as pontuações variam de 1 a 4, podendo no qual o 1 representa “nada” e o quatro representa “muito”, no que se refere a intensidade da ansiedade e autoconfiança apresentada pelo atleta, a dimensão “direcional”. No que se refere a percepção dos atletas acerca de sintomas de ansiedade, interpretando-as como facilitadora ou debilitante ao desempenho esportivo, o indivíduo avaliado é questionado com a pergunta “isso facilita ou dificulta meu desempenho ?” essa escala possui sete itens que variam de – 3 que representa “dificulta muito” e + 3 que representa a resposta “dificulta nada”. Acerca da dimensão de “frequência, o atleta é avaliado sobre com qual frequência ele experimenta um determinado sentimento ou sensação apresentados no CSAI-2R, onde as pontuações variam de 1 a 7, onde 1 representa “nunca” e 7 “muito frequentemente”.

Acerca da estrutura fatorial do CSAI-2R em sua validação brasileira, Fernandes e colaboradores (2012), aplicaram o a versão brasileira do CSAI-2R (16 questões) em trezentos e trinta e quatro atletas com idades entre 16 e 68 anos, com o objetivo de avaliar a consistência interna das subescalas do questionário (ansiedade somática, ansiedade cognitiva e autoconfiança) nas suas três dimensões (intensidade, frequência e direção), os resultados apontam que o Alpha de Cronbach das subescalas na dimensão de intensidade foram de 0.84, 0.88 e 0.84 para a ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança respectivamente, na dimensão de frequência os encontrados Alpha de Cronbach foram 0.83, 0,79 e 0.80 para as subescalas de ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança, respectivamente e na dimensão direcional foram encontrados valores AFC de 0.88, 0.88, 0.90, para a ansiedade

(24)

cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança, respectivamente, dessa forma, pode-se concluir que a versão brasileira do CSAI-2R possui índices aceitáveis de consistência interna entre as subescalas, podendo ser amplamente utilizado na avaliação de ansiedade competitiva.

5.5 Variabilidade de frequência cardíaca

O sistema nervoso autônomo (SNA), promove o controle sobre o sistema cardiovascular, sendo influenciado por informações que partem dos barorreceptores, quimiorreceptores, receptores atriais, receptores ventriculares e modificações do sistema respiratório (Guyton, 2017), de acordo com essas informações a variabilidade de frequência cardíaca tem sido apresentada como uma importante variável na avaliação da atividade simpato-vagal, relacionada ao sistema nervoso autônomo cardíaco e a atividade do nodo sinoatrial (Stajzel, 2004).

O conceito de variabilidade de frequência cardíaca consiste nas oscilações entre os batimentos cardíacos consecutivos (intervalo R-R), que estão relacionadas as influências do sistema nervoso autônomo em indivíduos saudáveis, atletas e portadores de doenças. A avaliação dos intervalos R-R pode ser realizada através da utilização de cardio frequencímentros, principalmente quando se trata de avaliações realizadas em ambientes esportivos ou não laboratoriais, em ambientes clínicos os eletrocardiógrafos são amplamente utilizados, além disso, são fixados eletrodos no corpo do indivíduo avaliado (Vanderlei, 2009). Através das variações dos intervalos R-R, uma série de medidas pode ser obtida, no qual pode-se dividir em dados relacionados ao domínio do tempo ou frequência (medidas espectrais). Os principais dados resultantes da análise de medida do tempo são: RMSSD (raiz quadrada média das diferenças entre os intervalos R-R), SDNN (Desvio padrão dos intervalos R-R), PNN50 (valor percentual do NN50) (Foster, 2009).

A análise relacionada ao domínio de frequência apresenta dados referentes à densidade de potência espectral, podendo ser utilizada na avaliação do balanço simpato-vagal (Stajzel, 2004), esta analise decompõe a variabilidade de frequência cardíaca em três importantes componentes, sendo eles: o componente de alta frequência (HF), que apresenta uma variação de 0,15 Hz a 0,4 Hz, sendo correspondente a modulação respiratória e também indicadora da atuação do nervo vago do coração, o componente de baixa frequência (LF), decorrente da ação dos componentes vagais e simpáticos de forma associada, porém com predominância simpática, o componente de muito baixa frequência (VLF) e ultra baixa

(25)

frequência (ULF) ainda não são bem estabelecidos pela literatura, portanto não são amplamente utilizados. A relação entre LF/HF apresenta alterações absolutas e relativas entre os componentes simpático e parassimpático do sistema nervoso autônomo, caracterizando o balanço simpato-vagal sobre o coração (Vanderlei, 2009; Foster, 2015; Stajzel, 2004).

5.5.1 VFC e Monitoramento de cargas de treinamento

O monitoramento do sistema nervoso autônomo, através da VFC tem recebido um crescente interesse por parte dos pesquisadores, principalmente no que se refere ao monitoramento das respostas ao treinamento (Buchheit,2014). Atualmente, muitos fatores tem sido importantes no monitoramento das cargas de treinamento, estresse e recuperação dos atletas, permitindo um melhor aprimoramento do desempenho esportivo, as funções do sistema nervoso autônomo são propostas interessantes para monitorar o estado de treinamento, tendo em vista que o SNA funciona durante e após o exercício para manter a homeostase, e a exposição repetida ao estresse causado pelo estresse do treinamento causa adaptação, reduzindo a perturbação homeostática a eventos estressores subsequentes (Bellenger et al,2016).

Dessa forma, a análise da VFC em atletas é um parâmetro que pode ser utilizado durante o período de preparação para competições, pois, sabe-se que uma das principais adaptações do treinamento para competições esportivas é o aumento do tônus parassimpático no estado de repouso, assim, a utilização da VFC tem sido sugerida como um método útil para a quantificação de cargas de treinamento (Pichot, 2000), bem como um importante parâmetro de adaptação psicofisiológica em diferentes fases de treinamento. A utilização da VFC como instrumento para monitoramento da adaptação e fadiga dos atletas pode ser observado através da redução do tônus vagal em função do treinamento, podendo ser um indicativo de overtraining e exaustão (Nelson, 2014).

É bem estabelecido na literatura que intervenções de várias semanas possuem impacto sobre a VFC (Buccheit, 2010; Plews, 2014), e a atividade do SNA pode ser responsiva aos blocos de treinamento que um atleta executa ao longo de uma periodização, normalmente, observa-se que o aumento das cargas de treinamento gera uma diminuição nos índices de VFC (Pichot, 2000). Em meta-análise, Bellenger (2016), afirma que os valores em repouso do RMSSD, são aumentados após intervenções de treinamento que levam ao aumento do desempenho, destacando o aumento da modulação parassimpática como um aspecto positivo.

(26)

aos atletas, pode-se observar o estudo de Plews (2016), no qual foi monitorado um período de sete semanas de treinamento de quatro atletas de remo, no período antecessor ao campeonato mundial da modalidade, e observou-se que dois dos quatro atletas, apresentaram reduções significantes nos níveis de RMSSD após semanas com aumentos consideráveis nas cargas de treinamento, após duas semanas de tapering, os sujeitos retornaram a valores de RMSSD próximos aos basais, evidenciando a importância de um monitoramento individualizado dos atletas, pois as cargas de treinamento foram similares, mas respostas diferentes foram obtidas ao longo do treinamento.

O monitoramento do estado de prontidão, relacionado a competições esportivas, pode ser um fator importante no qual a VFC pode contribuir, associado a outros métodos de avaliação, como questionários e avaliações de desempenho, como por exemplo no estudo conduzido por Rabbani (2018), foi examinada as alterações na VFC e respostas a um questionário de bem estar (Hopper Index) em uma competição de futsal com jogos congestionados, os atletas faziam parte da categoria universitária. Os valores de RMSSD foram registrados após uma semana de treinamentos com baixa carga e após a competição (que apresentou um aumento na média de carga interna dos atletas). Mesmo com o aumento da carga interna durante a competição, os valores de RMSSD não diferiram do momento pós-treinamento, diferentemente das respostas obtidas através do questionário, dessa forma o autor concluiu que a VFC não é o único parâmetro a ser utilizado para monitorar o estado de estresse e prontidão dos atletas e deve ser associado a outros métodos de avaliação.

O treinamento também pode ser monitorado com base na VFC, no estudo de Kiviniemi et al (2007), o principal objetivo foi analisar a eficiência da VFC no monitoramento das cargas de treinamento para atletas de endurance, dessa forma, 26 atletas foram divididos em 3 grupos, controle, grupo treinamento e grupo guiado por VFC. Como principal resultado, foram observadas melhoras na capacidade cardiorrespiratória no grupo que utilizou a VFC como parâmetro para a prescrição do treinamento, enquanto o mesmo não ocorreu com os grupos controle e treinamento sem VFC.

5.5.2 Ansiedade e VFC

As participações em competições esportivas geram um alto grau de estresse e ansiedade nos atletas (Filaire, 2001), no caso específico da ansiedade, os atletas sofrem devido à expectativa gerada em torno do seu desempenho técnico e a importância dada ao resultado

(27)

final (Ndrade Fernandez, 2007). Fatores relacionados à ansiedade e ao nível de excitação fisiológica dos atletas (ansiedade somática), e ao componente mental (Ansiedade cognitiva), podem ser relacionados com as mudanças na VFC.

Dessa forma, Mateo et al (2011), avaliaram atletas de BMX em uma competição simulada e em uma competição oficial realizada em dois dias seguidos, foi observado que a ansiedade provocada pela competição real causou um maior estresse autonômico nos participantes em comparação a sessão de treinamento, demonstrando coerência com os estudos citados anteriormente, no que se refere a um aumento no estresse competitivo e repostas fisiológicas devido o aumento do estresse percebido pelo atleta quando a competição possui uma real importância.

Dessa forma, ao levarmos em consideração o grau de importância das competições e as respostas fisiológicas dos atletas, Morales (2013) comparou dois grupos de atletas de judô, no qual um dos grupos participava de competições internacionais e o segundo grupo apenas participava de competições nacionais, como resultados, foram encontrados menores valores de ansiedade cognitiva e ansiedade somática nos atletas de nível internacional. Os resultados de domínio de tempo na VFC apresentaram valores maiores (maior ativação vagal), nos atletas de padrão internacional. Os dois grupos também apresentaram valores de VFC aumentados durante uma competição não oficial, demonstrando que o nível da competição possui influência direta sobre a atividade do sistema nervoso autônomo.

No estudo conduzido por Blasquez (2009), 10 nadadores foram submetidos a avaliação do estado de ansiedade antes de uma competição simulada e de uma competição oficial, os resultados mostraram diferenças significantes nos níveis de VFC durante a competição oficial, além de um aumento na ansiedade somática, demonstrando o impacto da ansiedade sobre o controle autonômico dos indivíduos.

Para a avaliação da relação entre ansiedade, VFC e desempenho esportivo, Fortes (2017) avaliou sessenta e seis nadadores, dividindo-os em dois grupos, o primeiro grupo composto pelos atletas com maiores níveis de ansiedade e o segundo grupo composto pelos atletas com menores níveis de ansiedade, foi observado que os indivíduos com maior ansiedade apresentaram maior atividade simpática, porém, o desempenho na competição não diferiu entre os grupos, o que mostra que a VFC reflete o estado de estresse autonômico do indivíduo, porém, não necessariamente será um fator determinante ao desempenho se relacionada ao contexto psicológico.

(28)

canoístas foram avaliados nas situações de treinamento e antes da competição no estudo de Souza et al (2018), pode-se notar que as 3 modalidades tiveram diferentes pontuações em resposta ao questionário de ansiedade (CSAI-2), os atletas de canoagem e jiu-jitsu tiveram índices de ansiedade somática mais altos, em relação aos corredores de rua no período pré-competição, embora os valores de LF/HF (VFC) não tenham apresentado diferenças entre os grupos, e sim no momento pré-treinamento e pré-competição. Dessa forma podemos observar que diferentes modalidades podem ter respostas de ansiedade diferentes, porém, repostas similares de VFC.

Outro fator importante a ser considerado no que se refere a VFC e sua relação com o estresse gerado por competições esportivas é o tempo de experiência competitiva do atleta e como isso pode influenciar nas respostas autonômicas, nesse sentido, Oliveira-Silva et al (2018) avaliaram vinte ciclistas antes de uma competição e observaram que o tempo de experiência competitiva se correlacionou negativamente com a ansiedade somática dos participantes, assim, o autor sugere que atletas iniciantes participem de competições importantes, para aumentar a sua experiência e a capacidade de lidar com o estresse pré-competitivo.

5.5.3 Ansiedade competitiva e respostas endócrinas

Competições esportivas são sempre relacionadas ao status de vencedor e perdedor, no qual normalmente os resultados refletem as habilidades dos competidores, assim, atletas são treinados com o objetivo de vencer as competições, e estão emocionalmente preparados para obter êxito no contexto competitivo (Kathleen et al, 2015). Dessa forma, alterações hormonais ocorrem em função do estresse antecipatório psicológico, no qual a ansiedade pode ser um fator importante neste sentido, gerando modulação hormonal. Assim, o cortisol salivar tem sido constantemente utilizado nas ciências clínicas, psicobiológicas e do exercício, como um substituto para coletas sanguíneas (Hayes, 2016), logo, a avaliação no ambiente esportivo tem sido bastante utilizada.

Atualmente a avaliação hormonal no contexto esportivo tem sido importante para monitorar cargas de treinamento (Freitas, 2014), além do estresse causado por competições (Moreira, 2013). Assim, qualquer tipo de estresse físico ou neurogênico apresenta um aumento na secreção de cortisol (Guyton, 2006) aumentando a atividade do eixo Hipotálamo-Hipófise-Adrenal, aumentando a secreção do hormônio liberador de corticotrofina, pelo hipotálamo, em seguida, ocorre um aumento na liberação do hormônio adrenocorticotrófico elevando a quantidade circulante de glicocorticoides, no qual se pode incluir o cortisol.

(29)

A ansiedade é um fator relacionado ao estresse, que pode causar uma maior liberação de cortisol em atletas, quando submetidos a participação em competições, como podemos observar no estudo conduzido por Souza et al (2018), no qual atletas de jiu-jitsu, canoístas e corredores de rua foram avaliados acerca do estado de ansiedade pré-competitiva, apresentando um aumento na ansiedade somática no momento antecedente a competição e aumentando os níveis de cortisol salivar em relação aos níveis basais, que foram obtidos no período de treinamento.

Ainda no contexto competitivo, quando relacionado a ansiedade, diversos fatores podem ser influenciadores na modulação hormonal, como por exemplo, a relação do atleta com o ambiente competitivo. No estudo conduzido por Arruda et al (2014), 18 jogadores de basquete foram avaliados em duas partidas contra a mesma equipe em uma partida “em casa” e outra “fora de casa”, como resultado foi observado um aumento nos níveis de cortisol salivar na partida realizada “em casa”, segundo o autor, a presença de pessoas conhecidas, familiares e amigos, pode ter sido um fator influenciador importante para esse achado.

Ainda no contexto ambiental (jogar em casa ou fora de casa), Carré (2006), não encontrou diferenças nos níveis de cortisol apresentados por jogadores de Hóquei em duas partidas (em casa e fora de casa), embora os participantes tenham apresentado valores de ansiedade cognitiva e ansiedade somática mais elevada no jogo “fora de casa”, esse resultado não foi o suficiente para alterar o padrão hormonal dos sujeitos.

A relação entre ansiedade e cortisol também pode influenciar sobre o desempenho dos atletas, no estudo de Papacosta (2013) foi observado que atletas de judô que apresentaram maiores níveis de ansiedade cognitiva e cortisol salivar antes de uma competição, obtiveram melhores resultados em relação aos participantes que apresentaram valores mais baixos nas variáveis citadas, assim, o autor ressalta que os atletas que obtiveram melhores resultados apresentaram maior controle psicológico, mesmo com níveis de ansiedade mais elevados.

Assim, percebe-se que a ansiedade pode ser um fator importante na modulação do cortisol, principalmente no que se refere ao estresse antecipatório causado por eventos competitivos, e que podem ser influenciados por diferentes aspectos relacionados a competição.

(30)

6 MÉTODOS

6.1 Modelo do Estudo

Para o desenvolvimento desta pesquisa foi realizado um estudo observacional de caráter descritivo, longitudinal, com uma abordagem quantitativa, com o objetivo de analisar a resposta da ansiedade pré-competitiva, da variabilidade de frequência cardíaca e da resposta hormonal (cortisol), bem como a interação desses fatores em resposta a uma competição esportiva. Em conformidade com a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, com CAAE, n° 83251617.9.0000.5537.

6.2 Número de sujeitos participantes:

Por meio de um método não probabilístico, o número final de participantes do estudo foi de 10 atletas de uma equipe de futsal (idade de 16,9 ±0,7 anos, massa corporal de 71,0 ± 5,1 Kg e estatura de 174,9 ± 4,3cm), com atletas que foram escalados para participar de uma competição escolar. Os indivíduos treinavam duas vezes por semana, as sessões tinham duração de 90 minutos divididos em quatro etapas: Aquecimento, treino técnico (fundamentos do futsal), treino tático (jogadas ensaiadas e situações específicas de jogo) e por fim o treino coletivo (simulação das partidas). Todos os atletas retidos para análise tinham mais de um ano de ano de treinamento sistemático no futsal.

6.3 Critérios de Inclusão:

a) Entregar o Termo de Consentimento e Livre Esclarecido (TCLE) assinado pelos pais e responsáveis.

b) Estar na faixa etária determinada no trabalho, ou seja, acima de 16 e abaixo de 18 anos de idade.

c) Indivíduos que apresentassem alguma lesão osteomuscular que pudesse comprometer sua integridade física e impedir a participação na pesquisa.

(31)

d) Sujeitos que não estivessem presentes nas sessões de treinamento e nos jogos competitivos seriam excluídos da pesquisa.

6.4 Delineamento experimental

A intervenção ocorreu em dois momentos diferentes: A) Momento 1: Sessão de Treino (ST)

Os participantes da pesquisa foram avaliados durante uma semana de preparação duas semanas antes do início da competição, eles tinham frequência de treinamento de duas sessões semanais (terças e quintas-feiras), com duração de 1 hora e 30 minutos de treinamento. Os atletas se apresentavam 30 minutos antes do início da primeira sessão de treinamento semanal (terça feira) e tiveram a variabilidade de frequência cardíaca registrada, ao fim da sessão foi coletada a PSE da sessão dos participantes. Na quinta-feira, os participantes apenas responderam a PSE da sessão de treinamento. Na sexta feira, os atletas se reuniram novamente e foi registrada a variabilidade de frequência cardíaca, saliva e responderam o questionário de ansiedade pré-competitiva. Esse mesmo procedimento foi repetido durante a semana anterior para a familiarização dos participantes com os procedimentos adotados na pesquisa (figura 1).

B) Momento 2: Procedimentos durante a competição

Foram monitoradas as variáveis de estudo durante três partidas referentes à competição, as duas primeiras partidas eram referentes à fase classificatória e tiveram 24 horas de intervalo entre as mesmas, à terceira partida possuiu caráter eliminatório e o tempo de intervalo entre a segunda e terceira partida foi de 48 horas, todos os jogos tinham a duração de 40 minutos divididos em dois tempos de 20 minutos com 5 minutos de intervalo. Os participantes foram orientados a estarem presentes 1 hora antes do início das partidas, para a realização da coleta de saliva (5 minutos de duração), registro da variabilidade de frequência cardíaca (5 minutos de duração) e preenchimento do questionário de ansiedade pré-competitiva (CSAI-2R) (duração de 10 minutos) em seguida os participantes eram liberados para a realização do aquecimento e preparação para o início do jogo. Cerca de 10 minutos após o término de cada partida, os participantes respondiam qual a percepção subjetiva de esforço (PSE da sessão) que eles obtiveram durante a partida (figura 2).

(32)

Figura 2: Desenho do estudo.

6.5 Determinação e participação na competição:

A competição escolhida para a realização do estudo foi os jogos escolares do Rio Grande do Norte, na modalidade futsal. A competição é considerada uma das mais importantes dentro do calendário de competições escolares, tendo uma grande quantidade de equipes participantes (92 equipes). A competição foi dividida em duas fases, a primeira fase foi classificatória, no qual foram formados grupos compostos por três equipes que jogavam entre si, as duas melhores equipes se classificavam para a fase seguinte, o primeiro colocado de cada grupo enfrentava o segundo colocado de outro grupo na fase seguinte. A segunda fase foi composta por jogos eliminatórios, no qual as equipes classificadas se enfrentavam em partida única, o vencedor avançaria a fase seguinte. A equipe avaliada venceu as duas partidas da fase eliminatória pelo placar de 7x1 e 6x0 respectivamente, sendo derrotada no terceiro jogo (eliminatório) pelo placar de 3x2.

6.6 Avaliação do treinador:

O treinador foi questionado a respeito da importância e dificuldade dos jogos em que a equipe participou, para essa avaliação foram utilizadas duas escalas analógicas visuais, que indicavam valores de “nenhuma importância”, “importância moderada” e “extremamente importante”, no que se referia a importância das partidas. Em relação a análise da dificuldade

(33)

das partidas a escala apresentava as opções “extremamente fácil”, “dificuldade moderada” e “extremamente difícil”. Foi reportada importância “moderada” na primeira partida, “baixa” na segunda partida e “um pouco importante” na terceira partida, em relação ao grau de dificuldade na, foram reportadas dificuldade “moderada” (na primeira partida), “baixa dificuldade” na segunda partida e “baixa dificuldade” na terceira partida.

6.7 Procedimentos da coleta:

Os atletas foram devidamente esclarecidos dos procedimentos de coleta da salivar, bem como do preenchimento dos questionários psicométricos, sobre a utilização do cardiofrequencímetro e estiveram a todo o momento sobre supervisão de um dos membros da equipe, a fim de realizar de maneira adequada todos os procedimentos da pesquisa.

6.7.1 Variáveis antropométricas:

As variáveis antropométricas foram mensuradas segundo a padronização da International Society for Advancement in Kinanthropometry – ISAK (ORTON & OLDS, 2005).

a) Estatura: Para a aferição da estatura foi empregado um estadiômetro vertical, com 210 cm de comprimento e precisão de 0,1 cm.

b) A avaliação da massa corporal foi realizada através de uma balança de plataforma, digital, da marca Welme®, calibrada, graduada de zero a 150 kg e com precisão de 0,1 kg.

6.7.2 Percepção subjetiva de esforço da sessão

Foi apresentada a escala de Borg CR-10 adaptada por Foster et al. (2001) aos atletas. Os extremos da escala foram esclarecidos para obter melhor validade na resposta, onde a ancoragem zero representa “repouso” e a dez que representa “máximo”. Com um período de aproximadamente 30 minutos após o treinamento/competição, os indivíduos foram encorajados a responder “Como foi o seu treino/jogo?”, escolhendo um descritor (ex: fácil, difícil, máximo) e associá-lo a um valor numérico.

(34)

6.7.3 Determinação da Carga Externa do Treinamento e Competição

Os dados de aceleração, interpretados como cargas externas foram obtidas a partir de acelerômetros tri-axiais (Actigraph® GT3X, PENSACOLA, FL, EUA) configurado com uma Taxa de amostragem de 100 Hz. O acelerômetro estava localizado no quadril dos jogadores entre a barriga e a crista ilíaca direita e fixada na cintura elástica dos calções esportivos. Este local foi mostrado para fornecer os melhores resultados para o movimento do corpo inteiro, uma vez que está próximo do centro de massa do jogador. Cada atleta usou o mesmo dispositivo durante todo o estudo.

Os dados foram baixados no software (Actigraph®, PENSACOLA, FL, EUA) e

transferidos para uma planilha eletrônica do Microsoft Excel para análise posterior no software Matlab®.

Os dados instantâneos de todos os três eixos (x, y e z) foram integrados em um vetor resultante através da fórmula √ [(xn - xn - 1) 2 + (yn - yn - 1) 2 + (zn - zn-1) 2]. (A adição direta da mudança instantânea das taxas de acelerações resultantes) ao longo do tempo representou a carga de aceleração para uma perfuração ou atividade (AL). Para reduzir o valor para facilidade de uso, o resultado foi multiplicado por um fator de escala de 0,01. Todos os dados foram expressos ao longo do tempo de jogo e a média por minuto de atividade (AL.min-1). A validade e a confiabilidade da medição dos movimentos tridimensionais do esporte de equipe através do acelerômetro tri-axial foram mostradas anteriormente (Barrett et al., 2014).

6.7.4 Inventário do estado de ansiedade competitiva (CSAI-2R)

A versão brasileira do CSAI-2R (Martens, 1990), foi utilizada para avaliar o nível de ansiedade competitiva de atletas. O questionário é composto por dezesseis itens que avaliam o estado de ansiedade do atleta, subdivididos em ansiedade somática, cognitiva e autoconfiança dos atletas avaliados. A pontuação da escala é mensurada através da soma dos valores obtidos em cada resposta, divididos pelo número de itens de cada sub-escala. O CSAI-2R é organizado em uma escala “tipo-Likert”, no qual se observam variações, onde “1” representa nada e “4” representa bastante, quanto maior for a pontuação encontrada, mais elevado é o nível de ansiedade do indivíduo, é importante ressaltar que o instrumento possui três dimensões:

(35)

direção, frequência e intensidade, e os participantes da pesquisa foram avaliados na dimensão da intensidade. O questionário se apresenta como uma excelente variável para análise do estado de ansiedade competitiva, além disso, o instrumento apresentou excelentes variáveis psicométricas quando validade em atletas brasileiros (Fernandes, 2013). A análise de consistência interna das sub-escalas do questionário CSAI-2R foi realizada através do Alpha de Cronbach. A ansiedade cognitiva apresentou um valor de α = 0,55 (moderado), a ansiedade somática apresentou um valor de α = 0,76 (substancial) e a autoconfiança apresentou um valor de α = 0,83 (quase perfeito).

6.7.5. Daily Analysis of Life Demands in Athletes – DALDA

O questionário para análise dos sintomas de estresse foi preenchido durante a semana de treinamento (Sexta-feira) e imediatamente antes das três partidas competitivas. O questionário DALDA é dividido em duas partes - parte A que representa as fontes de estresse e parte B que representa sintomas de estresse. Este instrumento requer que o atleta assinale cada variável, em cada parte do questionário (A e B), como sendo “pior do que o normal”, “normal”, ou “melhor do que o normal” em função da sua percepção das fontes e sintomas de estresse (RUSHALL, 1990). Os indivíduos foram familiarizados previamente com a utilização do instrumento devidamente traduzido e validado (MOREIRA e CAVAZZONI, 2009). A análise de consistência interna das subescalas do DALDA foi avaliada através do Alpha de Cronbach, apresentando um valor de α = 0,303 para a subescala “sinais” e um valor de α = 0,77 para a subescala “sintomas”.

6.7.6 Variabilidade de frequência cardíaca

A análise de variabilidade de frequência cardíaca foi realizada uma hora antes das partidas e da sessão de treinamento. Os intervalos R-R foram obtidos através da utilização de um monitor de frequência cardíaca com sinal de telemetria (Polar® H10 com Bluetooh, KEMPELE, Finlândia) e do acelerômetro (Actigraph® GT3X, PENSACOLA, FL, EUA) com amostragem de 100hz, a mesma foi registrada durante cinco minutos, com o atleta sentado, em repouso, numa sala isenta de ruídos externos, os parâmetros recomendados pelo Task Force (1996), foram utilizados durante a coleta de VFC.

Os valores R-R foram transferidos para o software Actilife (Actigraph® GT3X, PENSACOLA, FL, EUA) e posteriormente exportados para o software Kubios V2 (Polaer

(36)

Kubios V2, kuppo, Finlândia), no qual foram analisados os dois minutos finais dos 5 minutos registrados durante a coleta de dados. Foram realizadas as análises da variável: (RMSSD) diferença média entre os quadrados dos intervalos normais sucessivos e sua função logarítimica (LNrmssd) para evitar outliers e simplificar as análises.

6.7.7 Coleta da saliva

Para a coleta da saliva foi informado anteriormente aos sujeitos para não consumirem alimento com cafeína, por um período de 2 horas antes. No momento da coleta os participantes foram solicitados a lavar a boca com água, para diminuir a presença de partículas que possam estar nos dentes e boca.

A amostra de saliva foi obtida de forma padronizada onde os participantes estavam sentados de forma confortável com os cotovelos apoiados nos joelhos com a cabeça abaixada e projetada para frente. Em seguida, durante os 5 minutos seguintes eles deixaram a saliva escorrer em recipiente plástico adequado (tubo plástico para centrífuga, graduado, estéril, com tampa). Depois de coletadas as amostras, os recipientes plásticos foram armazenados em gelo seco (aproximadamente -78º), permanecendo neste durante todo o transporte para o laboratório onde foram transferidos ao congelador (-80oC).

Após pesagem dos tubos contendo a saliva, esta será centrifugada a 4oC, por 24 min, a 5.200 giros/min para separar muco e células. O sobrenadante foi utilizado na análise. A quantificação do cortisol salivar será realizada pelo método de ELISA (enzyma-linked immunosorbent assay; ELX 800VV – Universal Microplate Reader, Bio-TeK instruments, USA). Todas as amostras serão avaliadas em duplicata e a média da absorbância dos dois valores será utilizada como o valor representativo.

6.7.8 Determinação de cortisol salivar:

A quantificação de cortisol salivar foi realizada pelo método de ELISA (enzyma-linked immunosorbent assay; ELX 800VV – Universal Microplate Reader, Bio-TeK instruments, USA). Todas as amostras serão avaliadas em duplicata e a média da absorbância dos dois valores será utilizada como o valor representativo. Para as análises das concentrações

(37)

de cortisol, após a preparação dos reagentes (solução de lavagem e solução conjugada enzimática e seleção do número de cavidades de microtitulação), passa-se ao procedimento de ensaio, conforme instrução do fabricante. Após o cálculo das médias das leituras de absorbância para cada padrão, controle e amostra, foram plotados os logs das médias das leituras de absorbância para cada padrão (eixo y) versus os logs das concentrações do hormônio de interesse (eixo x), usando formato linear. As concentrações das amostras e controles serão determinadas bem uma curva padrão pela combinação da média de suas leituras de absorbância com as correspondentes concentrações.

7 Análise Estatística

Os dados são apresentados a partir da análise de estatísticas descritivas em todas as variáveis. Para avaliar a normalidade dos dados foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk (P ≥ 0,05). Para análise do efeito do tempo sobre as variáveis LnRMSSD, ansiedade somática, ansiedade cognitiva e autoconfiança, foi utilizada a ANOVA unidirecional de medidas repetidas, a esfericidade foi observada através do teste de Mauchly respeitando os valores de p ≥0,05, caso necessário a correção de Greenhouse-Geiseer foi utilizada, além disso o Post-hoc de Bonferroni foi utilizado para a identificação de diferenças temporais. O tamanho do efeito das variáveis relacionadas a ansiedade foi avaliado através do eta parcial no qual os valores considerados foram: até 0,2 (pequeno), 0,21 – 0,4 (razoável), 0,41 – 0,6 (moderado), 0,61 – 0,8 (substancial), maior que 0,8 (quase perfeito). Em relação aos valores de cortisol salivar, que não foram considerados normais, o teste não paramétrico de Friedman foi utilizado, adotando o valor de significância de p ≤0,05. As análises da PSE da sessão e da carga externa (PlayerLoad foram realizadas através do teste Equações de estimativas Generalizadas (GEE), considerando o valor de p ≤0,05, com análise de post-hoc de Bonferroni. Para a análise da consistência interna entre as sub-escalas do questionário CSAI-2R foi utilizado o Alpha de Cronbach, considerando valores até 0,2 (pequeno), 0,21 – 0,4 (razoável), 0,41 – 0,6 (moderado), 0,61 – 0,8 (substancial), maior que 0,8 (quase perfeito) (Landis; Koch, 1977).

(38)

8 Resultados

Para uma melhor compreensão dos dados analisados, os resultados serão apresentados de acordo com a ordem dos objetivos propostos pela pesquisa, começando pelos dados de caracterização da amostra, seguido da descrição da PSE da sessão dos jogos, estado de ansiedade, VFC e cortisol salivar.

Na Figura 3 estão representados os valores de PSE da sessão do treino e das 3 partidas realizadas, mostrando diferenças significantes entre os momentos [w (3) 16,329, p = 0,001]. O jogo 1 apresentou redução em relação ao treino de 5,2 ± 0,5 para 3,4 ± 0,7, havendo uma diminuição de 1,8 (IC 95% 0,3 a 3,2) p = 0,008. Foi encontrado um aumento na PSE do jogo 1 comparado ao jogo 3 com um aumento médio de 3,4 ± 0,7 para 7,0 ± 1,3, havendo um aumento de 3,6 (IC 95% -6,7 a -0,3) p= 0,019.

Figura 3: Valores da PSE da sessão nos 4 momentos de

análise.

*diferenças significantes para o jogo 1.

Na figura 4. São apresentados os valores de carga externa do treino e das partidas, avaliada através do PlayerLoad/min (valores dados em unidades arbitrárias – UA). Foram encontradas diferenças significantes entre os momentos [w (3) = 112,4, p ≤ 0,001). O jogo 1 apresentou diminuição em relação ao treino de 8,8 (±1,6) para 1,59 (±0,59) havendo diminuição

(39)

de 7,24 UA (IC 95% 4,0 – 10,4; p ≤ 0,001), o jogo 2 apresentou redução em relação ao treino de 8,8 (± 1,6) para 5,6 (±0,76) (IC 95% 0,04 – 6,3; p = 0,047), o jogo 2 apresentou um aumento na carga externa em relação ao jogo 1 de 1,59 (±0,59) para 5,6 (±0,76) (IC95% 2,61 – 5,51; p ≤ 0,001) e o jogo 3 apresentou aumento em relação ao jogo 2 de 5,6 (±0,76) para 13,2 (±2,4) (IC 95% 2,57 – 12,52; p = 0,003).

Figura 4. Valores médios de carga externa (Player Load) nos 4 momentos de análise.

*diferença significante para o treino, # diferença significante para o jogo 2, ¥ diferença significante para o jogo 3 (p > 0,05).

As análises acerca das variáveis psicológicas, ansiedade cognitiva, ansiedade somática e autoconfiança estão demonstradas na tabela 1. Pode-se observar que não houve diferenças significantes entre as partidas em nenhuma das variáveis apresentadas Ansiedade cognitiva [F (1,644; 14,799) = 4,6, p = 0,73, eta parcial ŋ²= 0,28], Ansiedade somática [F (2,09; 18,85) = 26,07 p = 0,057 eta parcial ŋ²= 0,26] e auto confiança [F (2,07; 18,85) = 15,875 p = 0,15 eta parcial ŋ²= 0,18] dos participantes durante a semana de treinamento e competição.

(40)

Tabela 1. Resultados da análise de ansiedade somática, ansiedade cognitiva e autoconfiança entre as partidas (Média, ±Desvio Padrão e (Intervalo de confiança 95 %).

Treino Jogo 1 Jogo 2 Jogo 3 TE p

Ansiedade cognitiva 10,3 ±1,0 (8,0; 12,5) 10,8 ±0,8 (8,8; 12,7) 10,5 ±1,0 (8,2; 12,7) 11, 2±0,9 (9,1; 13,2) 0,28 0,73 Ansiedade somática 8,8 ±0,9 (6,6; 10,9) 11,0 ±1,3 (8,0; 13,9) 9,9 ±1,1 (7,3; 12,4) 10,4 ±1,0 (7,9;12,8) 0 0,26 0 0,057 Autoconfiança 15,1 ±0,4 (14,1; 16,0) 14,5 ±0,6 (13,0; 15,9) 16,2 ±07 (14,5; 17,8) 14,9 ±0,8 (13,1; 16,6) 0 0,18 0 0,15

Em relação às fontes e sintomas de estresse relatados pelos atletas, pode-se observar que não houve diferenças significantes em nenhuma das duas dimensões do questionário (Tabela 2).

Tabela 2. Valores referentes as fontes e sintomas de estresse durante o período de treinamento e competição. Os valores estão expressos em mediana e percentis 25 e 75.

Treino Jogo 1 Jogo 2 Jogo 3 p

Parte A (fontes de estresse) 17,0 (17,0; 18,2) 17,5 (17,0; 18,5) 17,5 (17,0; 18,5) 18,0 (16,75; 18,0) 0,27 Parte B (sintomas de estresse) 52,0 (46,7; 59,0) 50,5 (49,7; 54,5) 50,5 (47,5; 53,7) 49,5 (45,5; 53,0) 0,68

(41)

A tabela 3. Apresenta os resultados de mediana da variabilidade de frequência cardíaca (LNRMSSD) [ X² (3) = 3,360, p= 0,33] e cortisol salivar [X² (3) = 4,320 p = 0,29], não havendo diferenças significantes entre as partidas.

Tabela 3. Valores de Variabilidade de frequência cardíaca (LnRMSSD) e Cortisol salivar. Os valores estão expressos em mediana e percentis 25 e 75.

Treino Jogo1 Jogo 2 Jogo 3 p

LnRMSSD 3,03 (2,93; 3,14) 3,15 (2,98; 3,34) 3,14 (2,71; 3,33) 3,08 (2,81; 3,34) 0,33 Cortisol salivar (ng/mL) 2,32 (1,65; 2,96) 3,50 (1,84; 8,85) 3,16 (2,03; 3,86) 3,18 (2,05: 3,71) 0,29

Referências

Documentos relacionados

· 9.2 Outras informações Não existe mais nenhuma informação relevante disponível.. * 10 Estabilidade

Com relação à partição de Cate-Nelson, a partir da DM, tem demonstrado que é possível obter amostras com alta produtividade, mesmo estando em desequilíbrio nutricional (PARENT et

The purpose of this study is to recognize and describe anatomical variations of the sphenoid sinus and the parasellar region, mainly describing the anatomy of

O Processo de Execução do Negócio (PEN) da empresa é desenvolvido por meio do Hoshin Kanri e reconhece a essência dos processos, baseando-se nos princípios de Gestão Visual e

Tabela 3 - Os valores representam o valor médio da frequência cardíaca basal avaliada em 3 dias ao acordar, assim como a frequência cardíaca de repouso avaliada em laboratório

O presente trabalho foi conduzido na área de Olericultura Orgânica do Centro de Estações Experimentais do Canguiri (CEEx) da Universidade Federal do Paraná, com

Diferentes espaçamentos de sulcos de plantio de amendoim forrageiro (40, 50 e 60 cm) consorciado com capim-braquiária manejado em duas alturas de resíduo pós pastejo (5 e 15 cm)

130 - É proibido ao servidor qualquer ação ou omissão capaz de comprometer a dignidade e o decoro da função pública, ferir a disciplina e a hierarquia, prejudicar a eficiência