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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA DA SAÚDE. ELAINY DA SILVA CAMILO LOIOLA. IMPACTO DA RESILIÊNCIA E DA AUTOEFICÁCIA SOBRE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM. São Bernardo do Campo 2015.

(2) 2. ELAINY DA SILVA CAMILO LOIOLA. IMPACTO DA RESILIÊNCIA E DA AUTOEFICÁCIA SOBRE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, como requisito parcial à obtenção de título de Mestre em Psicologia da Saúde. Área de concentração: Psicossociais.. Processos. Orientadora: Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins. São Bernardo do Campo 2015.

(3) 3. FICHA CATALOGRÁFICA L834i. Loiola, Elainy da Silva Camilo Impacto da resiliência e da autoeficácia sobre Burnout em profissionais de enfermagem / Elainy da Silva Camilo Loiola. 2015. 110 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia da Saúde) --Faculdade da Saúde da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2015. Orientação de: Maria do Carmo Fernandes Martins. 1. Saúde do trabalhador 2. Resiliência 3. Autoeficácia 4. Burnout 5. Psicologia da saúde I. Título CDD 157.9.

(4) 4. A dissertação de mestrado sob o título: ―Impacto da resiliência e da autoeficácia sobre burnout em profissionais de enfermagem‖, elaborada por Elainy da Silva Camilo Loiola foi apresentada e aprovada em 27 de março de 2015, perante banca examinadora composta por Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins (Presidente/Universidade Metodista de São Paulo), Profa. Dra. Silvia Marcia Russi de Domênico (Universidade Presbiteriana Mackenzie), Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno (Universidade Metodista de São Paulo).. ___________________________________________________ Profa. Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins Orientadora e Presidente da Banca Examinadora. ___________________________________________________ Profa. Dra. Maria Geralda Viana Heleno Coordenadora do Programa de Pós-Graduação. Programa: Programa de pós-graduação stricto sensu Área de Concentração: Psicologia da Saúde Linha de Pesquisa: Processos Psicossociais.

(5) 5. DEDICATÓRIA. Ao meu esposo Tiago de O. Loiola, pelo estímulo, apoio, paciência, amor e cumplicidade, principalmente durante esse processo, dedico-lhe essa conquista como forma de minha gratidão..

(6) 6. AGRADECIMENTOS. Sou grata aos meus pais, pelo incentivo, cuidado e dedicação para que eu conseguisse alcançar os meus objetivos. Vocês sempre me apoiaram e nesta etapa da minha vida não foi diferente. Amo vocês! Aos meus sogros, Fátima e Osvaldo, por todo o acolhimento e amparo, pelas orações que, de alguma forma, ajudaram. Agradeço por fazerem sentir-me tão especial, com palavras de conforto e carinho. Vocês são um suporte essencial em minha vida. Aos meus familiares (tios, primos, sobrinhos), que me cercam com amor e carinho, principalmente, Leônidas, Gislane, Netho, Márcia, Ariane, Nathália, Gabriela, Iarley, Yasmin e Miguel que conseguem extrair o melhor que eu tenho de ternura e resignação. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Saúde da Universidade. Metodista. de. São. Paulo,. pelos. ensinamentos,. conselhos,. compreensão e paciência. À minha orientadora Dra. Maria do Carmo Fernandes Martins, que durante dois anos me guiou com muita presteza, calma e dedicação, tornando-se uma referência e exemplo de profissional para mim. Aos meus alunos que disponibilizaram o seu tempo para me ajudar com a coleta dos dados. Sem vocês esse processo teria sido mais difícil. Aos colegas do mestrado, especialmente, Haiana Alves e Josiane Cintra, pela amizade e companheirismo. Nossos momentos de estudos e descontração nas madrugadas afora foram eficazes nos cumprimentos dos prazos. Enfim, aos profissionais de enfermagem que participaram deste estudo. Muito obrigada pela colaboração..

(7) Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutastes. Sigmund Freud.

(8) RESUMO. O presente estudo buscou investigar o impacto da resiliência e da autoeficácia sobre o burnout em profissionais de enfermagem. O constructo resiliência no contexto do trabalho refere-se a capacidade de adaptação de forma positiva frente às adversidades que ocorrem no ambiente laboral. A autoeficácia no trabalho representa a percepção do indivíduo sobre as suas próprias competências na execução de tarefas. Já o burnout é compreendido como uma síndrome específica do meio laboral como consequência da cronificação do estresse ocupacional, apresentando três dimensões: a exaustão, o cinismo (despersonalização) e a baixa realização profissional. A amostra da pesquisa foi composta por 82 trabalhadores da área de enfermagem que trabalham em Unidades de Pronto Atendimento – UPA’s localizadas no estado do Acre. A maior parte dos participantes é do sexo feminino (78%), com idade média de 31 anos (DP=6,8). Para a mensuração das variáveis foram utilizadas a Escala de Resiliência no Trabalho, a Escala de Autoeficácia no Trabalho e a Escala de Caracterização do Burnout, e para coletar os dados sociodemográficos foi aplicado um questionário de autorresposta construído para este estudo. Os dados foram submetidos a análises exploratórias e descritivas, análise de variância (ANOVA), análise de correlação de Pearson e regressão linear múltipla padrão. Os resultados indicaram que os profissionais de enfermagem apresentaram níveis médios de resiliência, autoeficácia e dos componentes exaustão e baixa realização profissional do burnout; e, por sua vez, baixo nível de despersonalização. Constatou-se também correlação entre autoeficácia com dois dos três fatores do burnout: exaustão emocional e decepção no trabalho. Os achados ainda revelaram que resiliência e autoeficácia conjuntamente predizem significativamente ambos os fatores de burnout, exaustão e decepção. No entanto, a variável responsável por esta explicação foi autoeficácia no trabalho, pois apenas ela foi estatisticamente significante para explicar os dois componentes do burnout relatados. Conclui-se que os profissionais que apresentam maior autoeficácia são os que menos sucumbem ao burnout, essa síndrome tão devastadora que ataca de maneira impiedosa os profissionais que lidam no atendimento às pessoas.. Palavras-chave: Saúde do trabalhador. Resiliência. Autoeficácia. Burnout. Psicologia da saúde..

(9) ABSTRACT. This study has sought to investigate the impact of resilience and self-efficacy on burnout in the nursing professionals. The resilience construct in the work’s context refers to the form adaptation ability positive before the drawbacks happening in the working environment. Self-efficacy at work represents the individual’s perception about his own competencies at performing tasks. The Burnout, on the other hand, is understood as a specific syndrome of the working environment as a consequence of occupational stress chronification, and presenting three dimensions: exhaustion, cynicism (depersonalization), and poor professional fulfillment. The sample to the research was made up by 82 nursing area workers from the Prompt-Service Units – UPA’s located in the state of Acre. Most participants are female in sex (78%), 31 years old on average (DP=6.8). In order to measure the variables, the Resilience-atWork, Self-Efficacy, and Burnout Characterization Scale were used, and for collecting the social-demographic data, a self-response quiz was used, which had been designed for this study. The data went through exploratory and descriptive analyses, variance analysis (ANOVA), Pesarson correlation analysis, and standard multiple linear regressions. Findings indicated that the nursing professionals presented average levels of resilience, self-efficacy and of the exhaustion and poor professional fulfillment of the burnout; and, in turn, low depersonalization level. Relationship was also found between self-efficacy at work and burnout, for the results suggested that there is correlation between self-efficacy and two out of the three burnout factors: emotional exhaustion and work let-down. Findings also revealed that resilience and self-efficacy, jointly, significantly predict towards the two burnout factors mentioned above. However, the variable responsible for such explanation was self-efficacy at work since it was the only one statistically significant to explain both reported burnout components. It is concluded that the professionals presenting higher resilience and self-efficacy levels are the ones being the least afflicted by burnout, such a devastating syndrome mercilessly attacking the professionals working to serve the people. Keywords: Worker’s health. Resilience. Self-efficacy. Burnout. Health Psychology..

(10) 10. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Número de estudos localizados por ano e por base pesquisada......... 19 Tabela 2 – Descrição dos participantes (n = 82)..................................................... 58 Tabela 3 – Características das escalas utilizadas no estudo................................. 60 Tabela 4 – Fidedignidade das escalas................................................................... 68 Tabela 5 – Estatística descritivas das variáveis..................................................... 69 Tabela 6 – Quartis das respostas dos participantes.............................................. 70. Tabela 7 - Coeficientes de correlação (r de Pearson) entre as variáveis do estudo........................................................................................................ 75.

(11) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 - Reciprocidade Triádica na Teoria Social Cognitiva de Bandura.......................................................................................................... 37 Figura 2 - Modelo Hipotético de Estudo.................................................................... 53 Figura 3 – Modelo do Resultado Obtido................................................................... 79.

(12) 12. SUMÁRIO. 1. INTRODUÇÃO...............................................................................................13. 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS........................................................................19. 2.1. RESILIÊNCIA................................................................................................. 21. 2.1.1 Resiliência no trabalho................................................................................... 29 2.1.2 Instrumentos validados para aferir a resiliência............................................. 32 2.2. AUTOEFICÁCIA............................................................................................. 36. 2.2.1 Instrumentos validados para medir autoeficácia............................................ 40 2.3. BURNOUT...................................................................................................... 43. 2.3.1 Burnout em profissionais de enfermagem...................................................... 46 2.3.2 Instrumentos validados para medir burnout................................................... 49 3. PROBLEMA DE PESQUISA, OBJETIVOS, VARIÁVEIS E HIPÓTESES.... 52. 3.1. OBJETIVO GERAL........................................................................................ 52. 3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 52. 4. DEFINIÇÕES DAS VARIÁVEIS DO ESTUDO.............................................. 54. 5. MÉTODO........................................................................................................ 57. 5.1. TIPO DE ESTUDO......................................................................................... 57. 5.2. PARTICIPANTES........................................................................................... 57. 5.3. LOCAL DE COLETA...................................................................................... 59. 5.4. INSTRUMENTOS........................................................................................... 59. 5.5. PROCEDIMENTOS........................................................................................ 61. 5.5.1 De coleta........................................................................................................ 61 5.5.2 De análise...................................................................................................... 62 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................... 63. 6.1. ANÁLISES PRELIMINARES E LIMPEZA DO BANDO DE DADOS.............. 63. 6.1.1 Dados ausentes............................................................................................. 63 6.1.2 Normalidade das distribuições dos dados...................................................... 64 6.1.3 Outliers............................................................................................................. 64 6.2. PRESSUPOSTOS DA ANÁLISE DE REGRESSÃO...................................... 64. 6.2.1 Tamanho da amostra....................................................................................... 65 6.2.2 Honestidade das correlações........................................................................... 65 6.2.3 Singularidade e multicolinearidade entre as Vis............................................... 65.

(13) 6.2.4 Normalidade, linearidade, independência de resíduos, valores extremos e homoscedasticidade................................................................................................ 66 6.3. FIDEDIGNIDADE DAS ESCALAS................................................................ 68. 6.4. ESTATÍSTICA DESCRITIVA DAS VARIÁVEIS............................................ 69. 6.5. CORRELAÇÕES ENTRE AS VARIÁVEIS.................................................... 74. 6.6. AS REGRESSÕES: RESULTADOS DO TESTE DO MODELO................... 77. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 80 7.1 CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS.......................................................................... 81 7.2 CONTRIBUIÇÕES METODOLÓGICAS............................................................ 82 7.3 CONTRIBUIÇÕES PRÁTICAS.......................................................................... 82 7.4 LIMITAÇÕES DO ESTUDO............................................................................... 82 7.5 AGENDA DE PESQUISA................................................................................... 83 REFERÊNCIAS............................................................................................. 85 ANEXOS........................................................................................................ 99.

(14) 14. 1 INTRODUÇÃO. As transformações das organizações no que diz respeito à estruturação e gerenciamento dos seus processos são claramente perceptíveis. A partir do modelo taylorista e fordista, há uma mudança na organização do trabalho, passando a exigir do trabalhador alto desempenho e o cumprimento rigoroso de uma carga horária, muitas vezes excessiva, sob condições de trabalho nem sempre favoráveis, frequentemente em detrimento de sua saúde. A globalização da economia e das inovações tecnológicas trouxeram transformações e provocaram insegurança no trabalhador, refletindo diretamente em sua saúde mental (MONTEIRO, 2010). Atualmente, o sistema de informação e globalização tem tomado conta do ambiente organizacional, acarretando mudanças no comportamento empresarial, que abandona o modelo taylorista/fordista para dar lugar ao capital intelectual do trabalhador, ou seja, sai da fase operacional e passa a ser estratégica. A visibilidade dessas mudanças reflete-se na manifestação de novas formas de trabalho, as quais demandam crescente qualificação dos trabalhadores e um perfil adaptável, que, apesar das adversidades, consiga desenvolver-se, sem sofrer danos físicos ou psíquicos (ONÇA, 2011). Essa exigência afeta os profissionais de diferentes áreas e, neste estudo, serão focados os profissionais de saúde, mais especificamente os profissionais de enfermagem, já que esta pesquisa se insere em um programa de psicologia da saúde. A enfermagem, como prática social, não ficou isenta às transformações introduzidas no mundo do trabalho. Resultados do estudo de Moraes (2001) revelam que há maior exaustão em técnicos de saúde do que nos que trabalham em cargos administrativos na mesma instituição..

(15) 15. No contexto de Unidades de Pronto Atendimento, os profissionais também vivenciam as mais diversas formas de complexidade organizacional, lidam com a ―indefinição do papel profissional, a sobrecarga de trabalho, a pequena autonomia e autoridade na tomada de decisões‖ (KEBIAN; FURTADO; PAULINO, 2010, p. 52). Além disso, precisam gerir os resultados do exercício das suas funções no paradoxo saúde/doença, deparando-se com situações que mobilizam o emocional, por vezes de uma forma bastante intensa, o que pode dificultar seu trabalho, gerando confusão diante dos aspectos técnicos, acarretando-lhes um grau considerável de sofrimento pessoal (LABATE; CASSORLA, 1999). Para essas autoras, também podem ocorrer processos de identificações patológicas com o sofrimento do paciente ou com sua doença, tornando o trabalho do profissional de saúde ―insalubre‖ emocionalmente. Esses enredamentos podem ter relação com situações de ruptura com as questões positivas advindas do ambiente de trabalho por parte do trabalhador de enfermagem, com todas as decorrências que ocorrem de tais complicações, podendo ocasionar, dentre outros quadros patológicos, também o burnout, que é uma variável deste estudo. Tamayo e Tróccolli (2009) afirmam que desde o início dos anos de 1970 os estudos sobre a síndrome do burnout têm desvendado possíveis consequências no ao indivíduo, dentre eles: aspectos de distúrbios individuais como depressão, queixas psicossomáticas, problemas de saúde, uso de drogas; atitudes inadequadas como insatisfação no trabalho, falta de comprometimento organizacional, intenção de abandonar o trabalho; e problemas no trabalho, como absenteísmo e licença médica, alta rotatividade, baixo desempenho e má qualidade dos serviços. Benevides-Pereira (2010) apresenta vários aspectos que podem tornar o trabalho do profissional de enfermagem uma atividade de ocupação vulnerável ao.

(16) 16. burnout, tais como o conflito e a ambiguidade de papéis, a falta de participação nas decisões, os plantões, as longas jornadas de trabalho, o rodízio de horários, o número insuficiente de pessoal, os recursos escassos, a sobrecarga de trabalho. Acrescenta-se a esses problemas a falta de treinamento para lidar com novas tecnologias, o excesso de horas extras, o clima tenso de trabalho, a falta de apoio e/ou suporte social, a falta de reconhecimento profissional, pressão por maior produtividade, um ambiente de trabalho propício a riscos químicos, biológicos, físicos e psicossociais (GRAU et al., 2005; ARROGANTE, 2014). Além disso, esses profissionais ainda enfrentam turnos rotativos que dificultam a convivência social e familiar, lidam com a dificuldade em conciliar o trabalho com atividades extraprofissionais, com conflitos entre os valores pessoais e laborais, atenção constante e próxima com o paciente, contato constante com o sofrimento, com a dor e, muitas vezes, com a morte, enfrentando a complexidade de alguns procedimentos, além de lidarem com a responsabilidade, muitas vezes implicando manutenção à vida de outrem (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Burnout é um termo antigo que veio do jargão inglês burn-out, referente àquilo que deixou de funcionar por absoluta falta de energia. Para Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), burnout é uma resposta prolongada ao estresse laboral crônico e a exaustão, sendo a última, a principal característica e manifestação mais evidente dessa síndrome. Conforme Kebian, Furtado e Paulino (2010), os enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem são identificados como profissionais de maior incidência afetados pela síndrome de burnout, uma vez que mantêm contato direto com pacientes e familiares, sendo expostos constantemente a situações estressantes..

(17) 17. Diversas são as exterioridades do trabalho de enfermagem que podem tornar essa atividade uma ocupação sujeita ao burnout. Por essa razão, cabe verificar quais características desses profissionais auxiliam para minimizar os sofrimentos gerados a partir dessa síndrome, buscando constatar como algumas características pessoais, por exemplo, diferentes níveis de resiliência e autoeficácia, influenciam o desenvolvimento do burnout em trabalhadores da enfermagem. É importante verificar ainda se e o quanto esses níveis de resiliência e autoeficácia no trabalho colaboram para que eles não apresentem a falta de realização profissional, a despersonalização das pessoas com as quais lidam e a exaustão e ausência de energia, que são características da síndrome de burnout proporcionada pelo ambiente organizacional. Resiliência é uma palavra de origem latina (resiliens) que significa ―pular de volta‖ (KLEIN; NICHOLLS; THOMALLA, 2003). Sua utilização deriva da física, área na qual se refere à propriedade de alguns materiais para retornar ao seu estado original depois de sofrerem deformação provocada por algum tipo de estresse como temperatura ou força. Yunes (2003) afirma que um dos precursores do termo resiliência foi Thomas Young (1807), descrevendo um experimento sobre tensão e compressão de barras e buscando relacionar a força que era aplicada num corpo e a deformação que essa força produzia. Conforme Martins et al. (2012), a psicologia e a psiquiatria vêm estudando resiliência há mais de 40 anos. Portanto, na psicologia, a resiliência é um termo relativamente novo; poucos pesquisadores estudaram sobre esse fenômeno. Além disso, sua conceituação na área não é tão precisa como nas ciências exatas. Poletto e Koller (2011, p. 22) afirmam que isso acontece ―considerando a multiplicidade e a complexidade de fatores e variáveis levadas em conta no estudo de fenômenos.

(18) 18. humanos‖. Um dos precursores do estudo da resiliência na psicologia foi o psiquiatra Michael Rutter, que a define como um ―fenômeno em que se supera o estresse e as adversidades‖ (1999, p. 119). A outra variável foco deste estudo é a autoeficácia, a qual teve como precursor Bandura (1977), que a conceituou como a percepção do sujeito em relação à sua capacidade no desenvolvimento de uma tarefa, sendo que suas crenças a respeito de suas aptidões para produzir determinados resultados têm influência sobre acontecimentos que afetam sua vida. A percepção de autoeficácia é modificada ao longo da vida e cada fase apresenta demandas que fazem com que os indivíduos tenham de lidar com novas situações, avaliando e reavaliando constantemente suas crenças de eficácia. Para tanto, os indivíduos possuem um aparelho interno, o qual lhes permite ter domínio sobre as suas ações e pensamentos, sendo esse sistema essencial para que atinjam suas metas e executem com sucesso as tarefas as quais se propuseram (BANDURA, 1994). Em função de poucos estudos encontrados na ciência psicológica, em sua área organizacional, que investiguem relações sobre as três variáveis anteriormente descritas, torna-se relevante a realização deste estudo, que pretende acrescentar conhecimentos sobre a relação entre esses fenômenos. Por isso, o presente trabalho tem por objetivo verificar o impacto da resiliência e da autoeficácia sobre o burnout em trabalhadores de enfermagem. O texto constituirá dos seguintes conteúdos e está assim organizado: na seção 2, é apresentada uma revisão da literatura dos principais fundamentos teóricos das variáveis resiliência, autoeficácia e burnout..

(19) 19. Na terceira seção, são expostos o problema de pesquisa, os objetivos geral e específico, as variáveis e as hipóteses; seguindo pela quarta seção, que apresenta as definições das variáveis do estudo. A seção 5 apresenta o método: participantes da pesquisa, instrumentos utilizados e procedimentos adotados. A seção 6 aborda os resultados e discussão e a seção 7 expõe as considerações finais. Seguirão as referências e os anexos..

(20) 20. 2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS. A pesquisa da revisão bibliográfica foi realizada a partir do acesso às seguintes bases de dados: PsycArticles e PsycINFO (APA), MEDLINE Complete (EBSCO), SpringerLink, SPORTDiscus with Full Text (EBSCO), Academic Search Premier – ASP (EBSCO), Annual Reviews, Oxford Journals (Oxford University Press), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e ScienceDirect (Elsevier); realizou-se busca na Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia (BVS-PSI), investigação nos Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PEPSIC) e pesquisas em livros. Para a pesquisa nas bases de dados, foram utilizadas as palavras-chave resiliência, resiliência no trabalho, resiliência, resiliencia en el trabajo, resilience, resilience at work, resiliency; autoeficácia, autoeficácia, auto eficácia, self efficacy, self efficacy at work; burnout, Occupational Stress e estresse no trabalho no período de 2008 a 2013. Com a realização do levantamento bibliográfico, notou-se que há poucas pesquisas que relacionam duas variáveis do estudo e não foram encontrados estudos relacionando as três variáveis pesquisadas no presente trabalho. A Tabela 1 apresenta o número de estudos localizados por ano e por base pesquisada. A escassez de publicações relacionando as variáveis em questão reforça a importância científica da realização deste estudo. Tabela 1 – Número de estudos localizados por ano e por base pesquisada BASE DA DADOS. PsycInfo; PsycArticles (APA). TERMO. NUMERO DE PUBLICAÇÕES. Resilience. 2244. Resiliency. 369. Resilience at work Resiliencia. 0. Resiliencia en el trabajo self efficacy. 40 0 3108. PERÍODO. 2008 a 2013.

(21) 21. self efficacy at work Burnout. MEDLINE Complete (EBSCO); SpringerLink. Academic Search Premier - ASP (EBSCO). Scientific Eletronic Library Online (SciELO). 1502. Occupational Stress Resilience. 3748. Resiliency. 421. Resilience at work. 70. Resiliencia. 18. Resiliencia en el trabajo self efficacy. 0. self efficacy at work Burnout. 0. Occupational Stress Resilience. 0 46. Resiliency. 23. Resilience at work Resiliencia. 0. Resiliencia en el trabajo self efficacy. 0. self efficacy at work Burnout. Annual Reviews, Oxford Journals (Oxford University Press). 0. 243. 2008 a 2013. 0. 0. 1 2008 a 2013. 88 0 32. Occupational Stress Resilience. 26. Resiliency. 0. Resilience at work Resiliencia. 0. Resiliencia en el trabajo self efficacy. 0. self efficacy at work Burnout. 0. Occupational Stress Resilience. 0 18. 6. 0 2008 a 2013. 0. 0. Resiliency. 0. Resilience at work Resiliencia. 0. Resiliencia en el trabajo self efficacy. 0. 0. 0. 2008 a 2013.

(22) 22. ScienceDirect (Elsevier). self efficacy at work Burnout. 0. Occupational Stress Resilience. 0 189. Resiliency. 15. Resilience at work Resiliencia. 0. Resiliencia en el trabajo self efficacy. 0. self efficacy at work Burnout Occupational Stress. 0. 0 2008 a 2013 233 0 90 9. Fonte: Elaborada pela autora. Assim, apresentar-se-á na seção 2.1 a origem, o histórico e o conceito de resiliência e o desenvolvimento do estudo sobre a referida variável; a seção 2.1.2 versará sobre a resiliência no trabalho; a seção 2.1.3 apresentará os instrumentos validados para aferir a resiliência e resiliência no trabalho. A seção 2.2 abordará o histórico de autoeficácia; a 2.2.1 dará sequência com os instrumentos de mensuração de autoeficácia. Na seção seguinte, 2.3, tratar-se-á sobre a origem, o histórico e o conceito de burnout; na seção 2.3.1, será abordado burnout em profissionais de enfermagem; e na seção 2.3.2, serão analisadas as medidas para verificação de burnout.. 2.1 RESILIÊNCIA A palavra resiliência origina-se do latim resiliens, que significa ―pular de volta‖ (KLEIN; NICHOLLS; THOMALLA, 2003), e deriva da física, onde se refere ao atributo de alguns materiais que retornam ao seu estado original após sofrerem deformação provocada por algum estresse, como temperatura ou a força..

(23) 23. O estudo sobre resiliência tem como um de seus precursores Thomas Young (1807), que descreveu um experimento sobre tensão e compressão de barras, buscando relacionar a força que era aplicada num corpo e a deformação que essa força produzia. Assim, resiliência foi denominada como a capacidade de um material absorver energia ou carga sem sofrer deformação permanente (YUNES, 2003). Estudiosos das ciências humanas conceituam a resiliência como a capacidade que o indivíduo ou grupo apresentam de desenvolver-se positivamente, mesmo passando por adversidades. Oliveira et al. (2008, p. 9) dizem que a resiliência aparece ―como um constructo que aponta para um novo modelo de se compreender o desenvolvimento humano pela dimensão da saúde e não da doença‖. Na psicologia, a resiliência é um termo de utilização relativamente recente; poucos pesquisadores estudaram esse fenômeno. Além disso, sua conceituação nessa área não é tão precisa como nas ciências exatas. Poletto e Koller (2011) afirmam que isso acontece ―considerando a multiplicidade e a complexidade de fatores e variáveis levadas em conta no estudo de fenômenos humanos‖ (p. 22). As mesmas autoras ainda asseguram que o conceito de resiliência foi principiado na psicologia pela utilização dos termos invencibilidade ou invulnerabilidade, tornandose precursores da definição do termo resiliência. Outros autores, como Luthar, Ciccheti e Becker (2000), também relatam que o termo resiliência era compreendido como sinônimo de invulnerabilidade. De acordo com Werner e Smith (1982,1992), usava-se a palavra invulnerabilidade para descrever crianças que, apesar de passarem por adversidade e estresse psicológico, apresentavam saúde emocional, sendo o psiquiatra J. Anthony o primeiro a utilizar este termo. Segundo Werner e Smith (1992, p. 4):.

(24) 24. Em 1974, o psiquiatra infantil Anthony introduziu o termo invulnerabilidade na literatura da psicopatologia do desenvolvimento para descrever crianças, que, apesar de prolongados períodos de adversidades e estresse psicológico, apresentavam saúde emocional e alta competência.. Para Poletto, Wagner e Koller (2006), invulnerabilidade é uma característica inerente, não sujeita a mudanças, que permite ao indivíduo não sofrer danos ao passar por uma situação estressora. Martins et al. (2012) explicam que os estudos que focavam a resiliência como sinônimo de invulnerabilidade ou como uma característica inata ao indivíduo e fixa sustentaram-se na concepção física, reproduzindo a resiliência em seus primórdios, a qual trouxe influências na maneira de pensar o construto no campo psicológico. Conforme Martienau (1999), pesquisas atuais ainda baseiam-se na versão inicial de resiliência como invulnerabilidade. No entanto, com a evolução dos estudos superou-se a época em que resiliência era vista como um fenômeno cujo sinônimo era invulnerabilidade (ANTHONY, 1974). Atualmente, há um consenso de que a compreensão do termo invulnerabilidade é diferente do conceito de resiliência (RUTTER,. 1993;. LUTHAR;. CICCHETI;. BECKER,. 2000;. ZIMMERMAN;. ARUNKUMAR, 1994; CIMBALISTA, 2007; ALMEDOM et al., 2010). Um dos precursores do estudo da resiliência na Psicologia, Michael Rutter (1970), diferencia invulnerabilidade de resiliência, afirmando que a primeira constituise por uma obstinação absoluta contra estresse, em que as adversidades não afetariam a vida do indivíduo. Já a resiliência demonstra a capacidade de superar o estresse e as adversidades, mas não significa que o sujeito não apresente algum sofrimento, mesmo superando tais adversidades. O mesmo autor definiu resiliência como um ―fenômeno em que se supera o estresse e as adversidades‖ (1999, p. 119)..

(25) 25. Para Zimmerman e Arunkumar (1994, p. 4), a resiliência é uma ―habilidade de superar adversidades, o que não significa que o indivíduo saia da crise ileso, como implica o termo invulnerabilidade‖. Nessa concepção, Yunes (2001) assegura que resiliência não se confunde com invulnerabilidade, porque se trata de um fenômeno que procura explicar os processos de superação de adversidades e não de resistência absoluta. Cimbalista (2007) também concorda que a invulnerabilidade é uma resistência absoluta à adversidade e já a resiliência é a habilidade de o indivíduo superar as dificuldades. Luthar, Ciccheti e Becker (2000) dizem que é uma falha conceber resiliência como invulnerabilidade, pois implica que a evasão de risco é absoluta e imutável. Segundo tais autores, resiliência é um processo dinâmico que engloba adaptação positiva dentro do contexto de adversidade significativa. Resiliência é compreendida de diferentes formas, tornando-a um conceito multifacetado. Alguns autores abordam a resiliência como traço pessoal. Outros pesquisados. explicam. resiliência. como. uma. qualidade. caracterizada. pela. flexibilidade e versatilidade. Na primeira forma de compreensão, entende-se resiliência como um traço (atributo individual); na segunda, como algo que decorre da interação com o ambiente (ANTONY; COHLER, 1987; FLACH, 1991; GARMEZY, 1989; MUNIST et al., 1998; WERNER; SMITH, 1989; WOLIN; WOLIN, 1993). Resiliência estudada enquanto um traço de personalidade refere-se a características permanentes, que são estáveis na vida do indivíduo, permitindo-lhe passar por adversidades sem que seja afetado por elas. Conforme Martineau (1999), há um consenso entre diversos autores de que os principais traços vistos como características fixas da resiliência são a sociabilidade, a criatividade na resolução de problemas e um senso de autonomia e.

(26) 26. de proposta. Com o passar do tempo, a resiliência estudada como um traço pessoal foi perdendo espaço entre os estudiosos. Atualmente, são poucos os pesquisadores que sustentam a ideia da resiliência como um traço. Busca-se explicar essa variável como um processo dinâmico, em que o ambiente e indivíduo interagem de forma recíproca, de forma a adaptar-se, apesar das adversidades (LUTHAR; CICCHETTI; BECKER, 2000; WALLER, 2001; BARLACH; LIMONGI-FRANÇA; MALVEZZI, 2008). Nessa perspectiva, a resiliência é definida por Waller (2001, p. 7) como ―um produto, multideterminado e sempre multável, de forças que interagem em determinado contexto sistêmico‖. Rutter (1987) e Cyrulnik (2001) também acreditam que resiliência não é um traço de personalidade pertencente a alguns indivíduos. Para eles, a resiliência é uma característica em constante desenvolvimento que não pode ser vista como um atributo fixo. O primeiro autor afirma que a resiliência é uma ―variação individual em resposta ao risco e os mesmos eventos estressores podem ser vividos de maneira diferente por diferentes pessoas‖ (1987, p. 317). Luthar, Cicchetti e Becker (2000) acreditam que estudar a resiliência como atributo pessoal pode demonstrar que não há o que fazer diante das adversidades, sendo que o processo dinâmico que caracteriza a resiliência implica na interação com adversidades. É perceptível que, ao longo do tempo, o conceito de resiliência vem evoluindo, saindo da classificação de traço da personalidade para um estado psicológico. Passou-se, também, a considerar o desenvolvimento da resiliência, gerando a reflexão que tal processo pode ser aprendido, buscando desenvolver habilidades para o indivíduo superar as adversidades, o que não era possível ao ser concebida com um traço da personalidade..

(27) 27. Para Luthar e Brown (2007) e Rutter (2013), o principal objetivo da pesquisa em resiliência é alcançar resultados que demonstrem os elementos cruciais de intervenções eficazes para maximizar as oportunidades de vida e desenvolvimento da saúde. Confirmando esse enfoque, Luthar e Brown (2007) e Rutter (2013) concordam com Luthar, Cicchechi e Becker (2000, p. 543) quando definem resiliência como um ―processo dinâmico de adaptação positiva em contexto de significativa adversidade‖. Os mesmos autores acreditam que estudar a resiliência como um traço pode sugerir que não há o que fazer diante das adversidades, limitando a concepção de resiliência. A resiliência estudada como processo agrega em seu conceito três componentes: a noção de adversidade e/ou risco; a adaptação positiva; e a dinâmica entre os mecanismos emocionais, cognitivos e socioculturais que têm influência no desenvolvimento humano (INFANTE, 2005). Dessa forma, a atual definição do conceito de resiliência toma dimensões a partir de procedimentos que explicam a superação de adversidades; talvez por isso Yunes (2003) sugere que esse conceito trata de fenômenos indicativos de padrões de vida saudável. Resiliência é um conceito integrante da Psicologia Positiva, movimento iniciado por Seligman e Csikszentmihalyi (2000), que busca compreender os processos que proporcionam o desenvolvimento psicológico positivo no indivíduo. Resiliência está focada nos aspectos sadios; em seu estudo, busca-se o entendimento do que leva alguns indivíduos a se adaptarem após o enfrentamento de situações adversas. Nesse sentido, Poletto e Koller (2011) afirmam que a resiliência está centrada nas situações que permitem estudos sobre aspectos positivos e o desenvolvimento sadio do sujeito..

(28) 28. Outros pesquisadores que contribuíram para com a definição do conceito de resiliência foram Masten e Garmezy (1985), afirmando que resiliência é a capacidade para a adaptação bem-sucedida apesar de circunstâncias desafiadoras e ameaçadoras. O conceito de resiliência envolve o fortalecimento e a construção de competências nas pessoas, procurando compreender o fato de que é possível superar as adversidades. Bonanno (2004) definiu resiliência como a capacidade de manter o funcionamento físico e psicológico relativamente estável após experimentar um evento isolado e altamente perturbador como a morte de um parente próximo ou uma situação de violência. Grotberg (2001), nessa mesma concepção, considera resiliência como a capacidade humana de obter êxito diante das adversidades e, além disso, ser fortalecido e transformado positivamente por essa situação. Essa autora acredita que a resiliência ―permite que uma pessoa, um grupo ou uma comunidade, previna, minimize e supere os efeitos nocivos das adversidades‖ (GROTBERG, 1995, p. 7). Wald, Taylor, Asmundson et al. (2006), citados por Herrman et al. (2011), também referem-se à resiliência como uma capacidade para manter ou recuperar a saúde mental a partir do enfrentamento de alguma adversidade. Outros pesquisadores como Luthar (2002); Connor e Davidson (2003); Yunes (2011); Martins (2012); Brown e Westaway (2011); e Wright et al. (2013) têm estudado resiliência como uma capacidade de adaptação positiva frente às adversidades. Esses autores pesquisam os aspectos positivos gerados a partir da resiliência para o bom desenvolvimento humano, entendendo-a como um conceito dinâmico e relativo..

(29) 29. Alguns estudiosos como Bandeira et al. (1996); Rutter (1993); Lindströn (2001); Masten (2001); Connor e Davidson (2003) esclarecem que a resiliência pode ocorrer em determinado momento da vida do sujeito e em outro momento pode não ocorrer, evidenciando que não é viável afirmar que o indivíduo é ou não resiliente, mas que apresenta características da resiliência em determinado período de sua vida. Nesse sentido, pesquisadores como Masten (2001); Luthar, Cicchetti e Becker (2000); e Masten e Narayan (2012) discutem esse construto como processo dinâmico, multidimensional ou ecossistêmico. Masten (2001) acrescenta que a resiliência é uma capacidade que vem de um processo dinâmico e evolutivo e pode variar conforme as circunstâncias, o gênero, o contexto e a etapa de vida, na qual a expressão ocorre de múltiplas formas e em diferentes culturas. Por sua vez, Waller (2001, p. 290), mais um representante desse enfoque, define resiliência como ―um resultado, multideterminado e sempre mutável, de forças que interagem em determinado contexto ecossistêmico‖ (p. 290). Para Job (2003), a resiliência pode ser aprendida, tornando-se relevante a avaliação de resiliência para que mecanismos de proteção e fomentação sejam criados a fim de preparar os indivíduos para o enfrentamento de adversidades. No Brasil, as pesquisas sobre resiliência são escassas e limitadas. O significado do termo ainda é desconhecido para a maioria da população (POLLETO; KOLLER, 2011). Yunes deu início à divulgação do termo resiliência no Brasil (YUNES, 2001, 2011; YUNES; SZYMANSKI, 2001, 2005), publicando artigos que expõem a origem desse termo, sendo referência para outros autores brasileiros. Junqueira e Deslandes (2003) também estudaram resiliência, concluindo que o seu conceito apresenta fatores dicotômicos entre adaptação/superação, inato/adquirido,.

(30) 30. permanente/circunstancial, porém tem em comum a singularidade das relações de promoção de saúde. Mais recentemente, Martins (2010) afirma que a resiliência protege o indivíduo de possíveis desestruturações diante de adversidades e esclarece o desenvolvimento normal nestas situações adversas, nas quais outros perdiam a estrutura. A resiliência também é um termo utilizado nas organizações de trabalho, denominando-se como resiliência no trabalho (LUTHANS, 2002; LUTHANS; YOUSSEF; AVOLIO, 2007; LUTHANS; YOUSSEF, 2004; BARLACH; LIMONGIFRANÇA; MALVAREZZI, 2008; CIMBALISTA, 2007; RAUSCHENBACH et al., 2012). Tratar-se-á do referido termo na próxima seção.. 2.1.1 Resiliência no trabalho. O trabalho representa diferentes significados para cada pessoa e é uma atividade essencial para o desenvolvimento psicossocial do indivíduo (PORTO; TAMAYO, 2008; MURCHO; JESUS, 2014). É uma fonte de satisfação das necessidades humanas, pois através dele é possível ter autonomia financeira, aquisição de identidade com uma profissão, aumentar o leque de contatos sociais, gerando, dessa forma, prazer ao indivíduo e tornando-se uma importante instância para a produção e reprodução da subjetividade humana. Sendo assim, o trabalho exerce grandes influências na satisfação, produtividade e na saúde dos trabalhadores (BORGES; YAMAMOTO, 2014; ROBBINS et al., 2010; JOB, 2003, CLOT, 2006). Além de benefícios, o trabalho pode acarretar, também, sofrimento e adoecimento ao trabalhador (DEJOURS, 1992). Pode-se citar como eventos negativos e estressores no ambiente organizacional as responsabilidades e.

(31) 31. pressões ocasionadas por elas (DOLLARD; BAKKER, 2010; HALL; DOLLARD; COWARD, 2010), a falta de tempo para lazer, de apoio dos pares e dos superiores (IDRIS; DOLLARD; YULITA, 2014), pouca liberdade para a exercer a criatividade, falta de autonomia nas atividades (MORGESON et al., 2010), assédio moral, receio de perder o emprego, dentre outros (CAMELO; ANGERAMI, 2008; CAMPOS; DAVID, 2011; FERNANDES et al., 2011). Esses fatos, quando presentes nos ambientes organizacionais, além de não gerarem proteção e promoção à saúde e qualidade de vida, são os que mais representam os fatores de riscos, que ocasionam o sofrimento e adoecimento no trabalhador (COOPER; MARSHALL, 1976; RAYNER; HOEL, 1997; JOHNSON et al., 2009). Segundo Dejours (1994), o trabalho é uma fonte de prazer e de sofrimento. E por isso é importante compreender como as pessoas agem ao se depararem com situações negativas e estressoras e até mesmo o que fazem antes desse processo. Muitas pessoas conseguem evitar o sofrimento e a doença apesar de todos os fatores negativos a que estão sujeitas no ambiente de trabalho, tornando-se flexíveis a essa dinâmica (JOB, 2003). Tal flexibilidade, que é uma característica da resiliência, é uma das competências requeridas pelas dinâmicas trabalhistas atuais, que apresentam as mais diversas situações e fatores de riscos psíquico e fisiológicos (JOB, 2003; BARLACH; LIMONGE-FRANÇA; MALVEZZI, 2008). Resiliência no trabalho é explicada como a capacidade de o trabalhador ser forte sob condições de grandes tensões e mudanças no ambiente do trabalho, sendo capaz de reagir, evitando comportamentos inadequados e de voltar a um estado estável, após o evento estressor (HORNE, 1997; COUTU, 2002; BHAMRA; DANI; BURNARD, 2011)..

(32) 32. Um pesquisador que tem colaborado para o desenvolvimento do construto de resiliência no trabalho é Luthans (2002), que se apropriou do conceito, trazendo-o para o bojo do capital psicológico. A Teoria do Capital Psicológico refere-se a capacidades psicológicas positivas que apresentam influência sobre o desempenho da pessoa, dentre elas a capacidade de autoeficácia, a esperança, o otimismo e a resiliência (LUTHANS; YOUSSEF, 2004). Luthans, Youssef e Avolio (2007) afirmam que resiliência pode ser desenvolvida e melhorada continuamente, o que possibilita o desenvolvimento da aprendizagem, a mudança e o gerenciamento no trabalho, através de programas de treinamento ou autodesenvolvimento. Diante disso, é possível apreender que a resiliência estará presente quando o indivíduo estabelecer condições favoráveis para o enfrentamento das circunstâncias estressoras, embora passe por inúmeras dificuldades expostas no ambiente de trabalho. Com esse pensamento, Waller (2001) indica que o processo da resiliência se dá em função da existência da adversidade, quando o enfrentamento da situação adversa possibilita o crescimento psicológico do indivíduo, promovendo benefícios à sua saúde. Além dessas características, Coutu (2002) diz que a pessoa ou a organização resiliente apresentam os seguintes atributos: firme aceitação da realidade; a crença profunda, em geral apoiada por valores fortemente sustentados, de que a vida é significativa e habilidade de improvisação. Destarte, o termo resiliência no trabalho refere-se à existência ou à construção de recursos adaptativos, que busca preservar a relação saudável entre o indivíduo e seu trabalho em um ambiente permeado por inúmeras formas de rupturas, havendo a possibilidade da adaptação às mudanças antes de torna-se imperativa, em que as situações vivenciadas no passado que lograram êxitos podem.

(33) 33. colaborar no fortalecimento e na competência da pessoa para lidar com adversidades futuras (BARLACH; LIMONGE-FRANÇA; MALVEZZI, 2008; BROWN, 1997; RICHARDSON, 2002; GARMEZY, 1993; RUTTER, 1993; CASTLEDEN; MCKEE; MURRAY; LEONARDI, 2011).. 2.1.2 Instrumentos validados para aferir resiliência. Os instrumentos de avaliação psicológica para avaliar a característica que se propõem a medir devem ser válidos e fidedignos para que se possa garantir a confiabilidade da avaliação. Diferentes métodos que são utilizados para entender a resiliência psicológica se mostram úteis para compreender as estruturas psicológicas que estão conectadas aos seus resultados cognitivos e fisiológicos (PALUDO; KOLLER, 2006). Os instrumentos psicológicos estão dentro desses métodos, sendo fundamentais para se ter resultados quantitativos referente às variáveis. Pesce e cols. (2005) e Muñoz (2007) ressaltam que, ante a evolução de novas tendências de prevenção e promoção de saúde, observou-se um crescente interesse pelo constructo resiliência e, consequentemente, a expansão de medidas dessa variável. As pesquisas das escalas para medir resiliência foram feitas nas seguintes bases de dados: PsycArticles e PsycINFO (APA), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), inserindo os termos: resiliência, resilience, resiliency, resiliencia, resiliência no trabalho, resilience at work, resiliency at work e resiliencia en el trabajo. Em texto de 2013, Martins et al. publicaram uma revisão teórica sobre o conceito de resiliência, onde apresentaram diversas escalas para medir resiliência,.

(34) 34. em ordem cronológica: Escala Disposicional de resiliência, de Baretone et al. (1989); Escala Disposicional de resiliência, de Baretone (1991); Resilience Scale – RS, de Wagnild e Young (1993); Escala Disposicional de resiliência, de Baretone (1995, 2007); ER 89, de Block e Kremer (1996); Ego resiliente, de Klohnen (1996); Escala de atitudes resilientes (RAS), de Biscoe e Harris (1999); Perfil de atitudes e habilidades resilientes, de Hurtes e Allen (2001); Inventário de Fatores Protetores de Baruth_BPFI, de Baruth e Carroll (2002); Connor – Davidson Resilience Scale – CDRISC, de Connor e Davidson (2003); Resilience Scale for Adults, de Friborg, Hjemdal, Rosenvinge, e Martinussem (2003); Adolescent Resilience Scale – ARS de Oshio, Kaneko, Nagamine e Nakaya, (2003); Escala de resiliência para adultos (ERA), de Friborg et al. (2003); Juventude Resiliente: Avaliação dos Pontos fortes do Desenvolvimento, de Donnon, Hammond e Charles (2003) e Donnon e Hammond (2007); Escala Breve de Enfrentamento Resiliente (BRCS), de Sinclair e Wallston (2004); Escala de resiliência orientada para resultados, de Harland et al. (2005); Escala de Resiliência, de Pesce et al. (2005, adaptada de Wagnild e Young, 1993); Escala CD-RISC-10, forma reduzida da Connor – Davidson Resilience Scale – CDRISC, de Campbell-Sills e Stein (2007); Califórnia Saudável – Kids Survey – A Escala de Resiliência do Inquérito ao Estudante, de Sun e Stewart (2007); Escala breve de resiliência, de Smith et al. (2008); Medida de Resiliência da Criança e da Juventude, de Ungar et al. (2008); Resiliência Psicológica, de Windle, Markland e Woods (2008); Escala de Resiliência, de Batista e Oliveira (2008), original de Wagnild e Young (1993); Escala de Avaliação de Resiliência (EAR), que foi construída e validada no Brasil por Martins, Siqueira e Emílio (2011); e a Escala de Resiliência de Connor-Davidson (Cd-Risc-10), validada para brasileiros por Lopes e Martins (2011)..

(35) 35. A Resilience Scale – RS, de Wagnild e Young (1993), possui 25 itens em escala Likert de sete pontos (variando entre discordo totalmente e concordo totalmente), distribuídos entre os fatores competência e aceitação de si mesmo e da vida. A referida escala foi validada no Brasil por Pesce et al. (2005) e por Oliveira e Batista (2008). O estudo de Pesce et al. (2005) manteve os 25 itens da escala inicial, com os fatores: resoluções de ações e valores; independência e determinação; autoconfiança e capacidade de adaptação a situações. Já as autoras Oliveira e Batista (2008) se propuseram a validar a escala para utilização em ambiente organizacional. Partiram da versão da primeira validação, contendo apenas um fator, com 15 itens e confiabilidade satisfatória (alfa de Cronbach = 0,90) e boa variância. A Connor–Davidson Resilience Scale – CD-RISC, de Connor e Davidson (2003), possui 25 itens, distribuídos em cinco fatores, sendo eles: competência pessoal; confiança nos próprios instintos e tolerância à adversidade; aceitação positiva de mudanças; controle e espiritualidade, apresentando boa confiabilidade (alfa de Cronbach = 0,89) e análises de teste-reteste (coeficiente de correlação = 0,87). Estudo de validade confirmatória realizada por Campbell-Sills e Stein (2007) identificou uma estrutura unifatorial de 10 itens, que recebe o nome de CD-RISC-10. Essa forma foi validada para o Brasil por Lopes e Martins (2011), que confirmaram a estrutura de um único fator, demonstrando alfa de Cronbach de 0,82. As escalas que aferem a resiliência especificamente por idade e/ou fase da vida são: a Resilience Scale for Adults, de Friborg et al., (2003), que apresenta 37 itens, reunidos em cinco fatores, entre eles a competência pessoal, competência social, coerência familiar, suporte social e estrutura pessoal, com alfa 0,89; a Adolescent Resilience Scale – ARS de Oshio, Kaneko, Nagamine e Nakaya (2003)..

(36) 36. Em 2010, Martins, Siqueira e Emílio construíram e validaram a Escala de Avaliação de Resiliência (EAR). Esse instrumento tem 23 itens, distribuídos em cinco fatores, sendo eles: aceitação positiva de mudanças, espiritualidade, resignação, competência pessoal, persistência diante de dificuldades, com alfas superiores a 0,85..

(37) 37. 2.2 AUTOEFICÁCIA. O ser humano tem a capacidade de aprendizagem e interação com o meio, o qual mobiliza novos estágios do aprendizado. Assim, mais um constructo de relevante importância é a autoeficácia, que retrata a confiança do indivíduo sobre as suas próprias competências. A autoeficácia é um constructo de autoria de Bandura (1977), que a conceituou como a crença do indivíduo sobre as suas próprias capacidades. Em seu estudo, o referido autor objetivava adquirir uma compreensão mais profunda da natureza e do funcionamento do sistema de crenças de pacientes fóbicos que, ao se livrarem das fobias, alteraram suas crenças em sua eficácia para exercer o controle sobre suas vidas de modo geral (BANDURA, 2008). Ele observou que, quanto mais as crenças de eficácia foram elevadas, maior foi o desempenho de enfrentamento da fobia (BANDURA; LOCKE 2003). Esses autores afirmam que, entre os mecanismos de ação humana, as crenças de autoeficácia são as mais centrais e intensas. Esse constructo é o elemento central da Teoria Social Cognitiva (BANDURA, 1977), utilizada também para explicar condutas e processos psicológicos específicos, dentre eles a autoeficácia. Bandura propôs a referida teoria como uma análise teórica de um mecanismo psicológico referenciado no self. A Teoria Social Cognitiva entende o comportamento humano mediante um modelo de reciprocidade triádica, na qual a conduta, os fatores pessoais internos (eventos cognitivos, afetivos e biológicos) e o ambiente externo agem entre si como determinantes interativos e recíprocos (BANDURA, 1986), conforme Figura 1..

(38) 38. Figura 1 – Reciprocidade triádica na Teoria Social Cognitiva de Bandura. Comportamento humano. Fatores pessoais. Fatores ambientais. Fonte: Pajares e Olaz, 2008. In: Bandura et al., 2008.. Conforme Bandura (1977), nesse modelo o indivíduo interfere ativamente no ambiente, isto é, cria, modifica, destrói e restaura o ambiente, sendo que tais interferências afetam sua conduta e a natureza de sua vida futura. Assim, os indivíduos não são passivos, moldados e orientados por acontecimentos externos e investidas interiores, mas são ativos, de forma que podem direcionar suas ações intencionalmente, com um apropriado grau de controle sobre seus pensamentos, sentimentos e ações (BANDURA, 1986). Nesse sentido, o autor ainda afirma:. As pessoas não são apenas hospedeiras e espectadoras de mecanismos internos regidos pelos eventos ambientais. Elas são agentes de experiências, ao invés de simplesmente serem sujeitas a elas. O sistema sensorial, motor e cerebral são ferramentas que as pessoas usam para realizarem as tarefas e os objetivos que conferem significado, direção e satisfação às suas vidas (BANDURA, 2008, p. 71).. A autoeficácia compõe a Teoria Social Cognitiva dando-lhe sentido e suporte, já que as crenças de autoeficácia são capazes de intensificar os processos que controlam a maneira como as pessoas utilizam seus conhecimentos e suas capacidades (BANDURA, 1997)..

(39) 39. Em 1977, Bandura apresenta o termo autoeficácia como a crença que as pessoas têm sobre a sua capacidade de execução de uma tarefa, abordando seus principais aspectos. Concernente à origem da autoeficácia percebida, evidenciam-se quatro fontes principais de informação ou percepção da autoeficácia pelo próprio sujeito: experiências de domínio, experiências vicárias, persuasões sociais e estados somáticos e emocionais (BANDURA, 1982), que atuam como preditores das expectativas de eficácia (ONÇA, 2011). Assim, identificar de onde vem a percepção da autoeficácia leva a crer que ela é desenvolvida, já que as influências exteriores e/ou interiores podem aumentála ou atenuá-la. Conforme Ribeiro (1995) e Salanova, Grau e Martínez (2006), as expectativas de eficácia poderão, eventualmente, afetar a própria tentativa de enfrentar as situações e a escolha dos locais de ação. Dessa forma, autoeficácia pode ser definida como a confiança que se tem na própria competência para o exercício de uma atividade, podendo ser afetada pelas interações do sujeito com o ambiente. Martínez e Salanova (2006) salientam que indivíduos que possuem as mesmas competências, porém com diferentes crenças, podem ter fracassos ou sucessos em decorrência de suas crenças de eficácia. Bandura e Locke (2003) relatam que o conceito de autoeficácia já foi pesquisado em diferentes campos e áreas, tais como: trabalho (STAJKOVIC; LUTHANS, 1998; RICHTER et al., 2012; TIMS; BAKKER; DERKS, 2014), no funcionamento psicossocial em crianças e adolescentes (HOLDEN et al., 1990; PURSSELL; WHILE, 2012; WRIGHT; WRIGHT; JENKINS-GUARNIERI, 2013), na educação (MULTON; BROWN; LENT, 1991), promoção da saúde e prevenção de.

(40) 40. doenças (HOLDEN, 1991; DAVIS et al., 2014), clínica psicológica, realizações esportivas (MORITZ et al., 2000; HIGGINS et al., 2014) nos níveis individual e grupal – assinalando que: Este vasto corpo de pesquisa engloba uma ampla metodologia e abordagens analíticas. Estas abordagens interindividuais de delineamentos experimentais comparam grupos de níveis diferenciais de eficácia percebida, também comparam projetos interindividuais em que os mesmos indivíduos são progressivamente estimulados para maior autoeficácia percebida e diversos modos de desenvolvimento de autoeficácia [...]. Além disso, variados domínios do funcionamento e impacto da autoeficácia em diferentes sistemas de resposta, abrangendo aspectos cognitivos, afetivos e expressões comportamentais (BANDURA; LOCKE, 2003 p. 87).. Martínez e Salanova (2006) acreditam que as crenças de eficácia são desenvolvidas a partir das ponderações sobre as aptidões possuídas, isto é, pessoas diferentes podem apresentar as mesmas capacidades, mas com diferentes crenças, levando-as a obter sucesso ou fracasso em função dessas diferenças de crenças (AZZI; POLYDORO, 2006). Nesse sentido, Bandura (1994) afirma que autoeficácia aumenta a realização humana e o bem-estar pessoal de diversas formas. Os indivíduos que percebem ter a capacidade na realização de tarefas tendem a se aproximar das tarefas difíceis como desafios que podem ser dominados e não como ameaças a serem evitadas. Em contraponto, as pessoas que não têm certeza de suas capacidades, sentem dificuldade na realização das tarefas difíceis, e as veem como ameaças pessoais (BANDURA, 1994). Dessa forma, a autoeficácia influencia no modo como as pessoas atuam diante de desafios, nas suas escolhas, em seu esforço despendido e em sua persistência na realização de atividades, trazendo consequências em seu desempenho (BANDURA, 1982)..

(41) 41. Por isso, torna-se importante e necessário compreender a autoeficácia em diferentes contextos, incluindo as organizações de trabalho. Na área organizacional, estudos como os de Hill, Smith e Mann (1987); Stumpf, Brief e Hartman (1987); Wood, Bandura, e Bailey (1990); Mitchell et al. (1994); Tims et al. (2011, 2014); Xanthopoulou et al. (2008); Schmidt e Deshon (2010) demonstram que autoeficácia está relacionada a uma série de fatores para o desempenho do trabalho, tais como: a capacidade de adaptação à tecnologia avançada, ao desempenho gerencial, à aquisição de habilidades. Stajkovic e Luthans (1998) contribuíram com a definição de autoeficácia no trabalho, indicando uma significativa correlação entre a autoeficácia geral e desempenho no trabalho. Bandura e Locke (2003) concluíram que é necessário, além de resiliência, o desenvolvimento de crenças de autoeficácia para lidar com as adversidades em ambientes competitivos. Em sua pesquisa, Speier e Frese (1997) descobriram que a autoeficácia no trabalhado tem relação positiva com a iniciativa de autodesenvolvimento e criatividade para melhorar os processos de trabalho. Dessa forma, o presente estudo também pretende tratar da autoeficácia no ambiente de trabalho, buscando verificar seu papel, juntamente com a resiliência, como preditora do burnout.. 2.2.1 Instrumentos validados para a avaliação de autoeficácia. A pesquisa das escalas para mensurar autoeficária foram realizadas a partir das bases dados da PsycArticles e PsycINFO (APA), Scientific Eletronic Library Online (SciELO), através dos termos: autoeficácia, self efficacy, autoeficacia, autoeficácia no trabalho, self efficacy at work e autoeficacia en el trabajo..

(42) 42. Verificou-se a existência da Escala de Autoeficácia Geral Percebida de Jerusalem e Schwarzer (1979), originalmente com 20 itens, desenvolvida em alemão por Matthias Jerusalém e Ralf Schwarzer e reduzida para 10 itens por Schwarzer e Jerusalém (1995) e também por Teixeira e Dias (2005), com índices de consistência interna variando entre 0,75 a 0,91, apresentando 4 pontos, variando de 1 (não é verdade) a 4 (sempre é verdade). Essa escala foi adaptada para 31 idiomas, dentre eles, chinês, inglês, francês, espanhol, italiano, russo, japonês, português e outros. A adaptação ao português foi validada por Nunes, Schwarzer e Jerusalem (1999) constituída por 10 itens e suas respostas variam entre 1 (não é verdade) a 4 (sempre é verdade). Martins e Onça (2010) adaptaram a referida escala para a cultura brasileira, mantendo os 10 itens, mostrando-se unifatorial. Também existem escalas para mensurar autoeficácia específicas, a The Secondary Trauma Self-Efficacy (STSE) de Cieslak Cols. (2013), avaliada em dois estudos dirigidos à população indiretamente expostas a eventos traumáticos, através do trabalho com clientes traumatizados. A escala é unidimensional, possui 7 itens, distribuídos em 7 pontos, usada para avaliar a capacidade percebida para lidar com as demandas desafiadoras resultantes do trabalho com clientes traumatizados e capacidade percebida para lidar com os sintomas de estresse traumático secundário. A literatura brasileira possui instrumentos de avaliação para mensurar autoeficácia de forma específica. Assim, a Escala de Autoeficácia para o Voleibol, adaptada e validada para o Brasil por Carmo (2006) a partir da escala original ―Hockey Team Confidence Survey‖, construída por Feltz e Lirgg (1998), tem como.

(43) 43. objetivo avaliar a autoeficácia de jogadores de voleibol em momentos que precedem o início da partida. Essa Escala possui Alfas entre 0,67 e 0,80. Uma outra é a Escala de Autoeficácia na Formação Superior – AEFS de Guerreiro, 2007; Guerreiro-Casanova e Polydoro, 2010. A escala contém 34 itens, os quais são avaliados em uma escala formato likert de 10 pontos variando de 1 (pouco capaz) a 10 (muito capaz), agrupados nas cinco dimensões: autoeficácia acadêmica, autoeficácia na regulação da formação, autoeficácia na interação social, autoeficácia em ações proativas e autoeficácia na gestão acadêmica. Moraes (2006) criou uma Medida de Autoeficácia e Estratégias para Criar no Trabalho, unifatorial, composta por 7 itens e alfa de 0,94. Meneses e Abbad (2010) construíram e validaram uma escala para ser aplicada em Situações de Treinamento, Desenvolvimento e Educação de Pessoas. Essa escala possui dois fatores e 15 itens, com alfa 0,91..

(44) 44. 2.3 BURNOUT. O termo burnout foi extraído do jargão popular inglês burn-out, que significa o que deixou de funcionar por total falta de energia (BENEVIDES-PEREIRA, 2010). Carlin e Ruiz (2010) declaram que publicações sobre a Síndrome de burnout começaram a ser desenvolvidas nos anos 1970, a partir de Freundenberger (1974). Além de Freundenberger, outros estudiosos como Maslach, Schaufeli e Leiter (2001) apresentam Maslach como uma pesquisadora pioneira do termo burnout, relatando sua pesquisa sobre estresse emocional no trabalho realizada com uma ampla quantidade de trabalhadores, expondo descobertas em que as estratégias de enfrentamento do burnout teve implicações importantes para a identidade profissional e o comportamento no trabalho. Schaufeli e Ezmann (1998) afirmam que burnout é um termo que já tinha sido utilizado anteriormente por Bradley, em 1969, usando o termo staff bur-out, aludindo ao desgaste de trabalhadores assistenciais. Conforme Maslach, Schaufeli e Leiter (2001), inicialmente burnout não era um termo consensual, isto é, não havia definição padrão para esse conceito. Com o passar do tempo, os pesquisadores apresentaram uma concordância subjacente sobre três dimensões fundamentais da experiência de burnout: a exaustão, o cinismo. (despersonalização). e. a. baixa. realização. profissional. (MALASH;. SCHAUFELI; LEITER, 2001). A exaustão emocional é ―a principal característica do burnout e a manifestação mais evidente desta síndrome‖ (MASLACH; SCHAUFELI; LEITER, 2001, p. 403). Essa dimensão é definida como uma sensação de esgotamento físico e mental. Refere-se a sentimentos de exigências excessivas e à diminuição dos recursos emocionais para lidar com a situação estressora (MASLACH et al., 2001)..

(45) 45. O cinismo ou despersonalização é entendido como uma tentativa de distanciamento emocional em relação a alguns aspectos do trabalho. O profissional tende a racionalizar o vínculo afetivo, desencadeando comportamentos apáticos, o que pode acarretar o distanciamento cognitivo, desenvolvendo uma indiferença ou atitude cínica quando estão exaustos e desanimados. Por último, a dimensão baixa realização profissional diz respeito a sentimentos de incapacidade e uma falta de realização e produtividade no trabalho e por um sentimento de fracasso, de baixa motivação e insatisfação com as atividades laborais, tornando-se frequente o anseio de demitir-se do trabalho (MASLACH et al., 2001). De tal modo, há um consenso entre os pesquisadores (BYRNE, 1993; MALLET; JURS; PRICE; SLENKER, 1991; MEIER, 1983, 1984; SILVERSTEIN, 1982, MASLACH et al., 2001; GARCIA et al., 2014; LINDWALL et al., 2014) de que o burnout é uma síndrome específica do meio laboral e que esta é uma consequência da cronificação do estresse ocupacional. Essa síndrome acarreta implicações negativas nos níveis individual, profissional, familiar e social (BENEVIDESPEREIRA, 2002). O burnout também tem sido associado a várias formas de ausência no trabalho, como o absenteísmo e a intenção de abandonar o emprego. Para os que permanecem trabalhando, essa síndrome leva a uma menor produtividade e eficácia no trabalho e também está associada com a insatisfação no trabalho e a organização reduzida (MALASH; SCHAUFELI; LEITER, 2001). Benevides-Pereira (2010, p. 21) define burnout como ―uma metáfora para significar aquilo ou aquele que chegou ao seu limite e, por falta, de energia, não tem mais condições de desempenho físico ou mental‖..

Referências

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