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Kit básico de alimentação para vítimas e bombeiros em situções de catástrofe natural : monografia

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Academic year: 2021

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Bombeiros em Situações de Catástrofe Natural.

Sofia Sousa Silva

Orientado por: Mestre Bárbara Camarinha

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AGRADECIMENTOS

À Mestre Bárbara Camarinha, por todo o apoio e orientação em todas as fases e decisões da elaboração deste trabalho, pela simpatia e paciência, pela disponibilidade e por todos os ensinamentos;

Ao Dr. Pedro Graça pela ajuda e capacidade criativa e inovadora, por todo o apoio na realização deste trabalho;

Ao Comandante da Corporação de Bombeiros Sapadores de Vila Nova de Gaia, pela sua disponibilidade, colaboração e ajuda, imprescindível para a realização deste trabalho;

A todos os Bombeiros Sapadores, pela colaboração e boa disposição;

(4)

Índice

Agradecimentos ...i

Testemunhos...iv

Lista de Abreviaturas ...v

Resumo e palavras chave ... vi

Abstract and key words ... viii

1. Introdução ... 1

2. Riscos e Vulnerabilidades em Portugal...7

3. Responsabilidades Nacionais pela Assistência Humanitária em situação de emergência ...9

4. Apoio alimentar em situação de emergência – Panorama Internacional .... .14

4.1. Avaliação Nutricional...15

4.2. Necessidades energéticas diárias em situação de emergência...17

4.3. Alimentos da ração geral...22

4.4. Programas de alimentação selectiva ... 26

4.4.1. Programa de alimentação suplementar... ...26

4.4.2. Programa de alimentação terapêutica...27

4.5. Deficiência de micronutrientes ... 28

5. Grupos de Risco...30

6. Kit básico de alimentação para situações de emergência...33

6.1. Kit de alimentação para vítimas...33

(5)

7. Discussão...45

8. Conclusões...50

9. Referências bibliográficas...51

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TESTEMUNHOS

“Em situação de incêndio, o Centro Cultural e Desportivo, fornecia sandes, fruta e sumos aos agentes de protecção civil no local” ex-funcionária da Câmara

Municipal de Vila Nova de Gaia.

“Os bombeiros que andam no fogo, muitas vezes comem o que a população lhes dá ou às vezes compram-se umas cervejas e umas bifanas que é o que eles querem...” director do Centro Distrital de Operações de Emergência da Protecção

Civil – Porto.

“A alimentação adequada é a possível e o mínimo para não ter problemas...”

responsável pela resposta da Cruz vermelha e Crescente Vermelho em situações de catástrofe, Dr. José Valato Ramos.

“Muitas são as vezes que deixamos o almoço a meio e não sabemos quando voltamos a comer” Bombeiro Sapador da Corporação de Bombeiros Sapadores

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Lista de Abreviaturas

ONG – Organizações Não Governamentais HC – Hidratos de Carbono

C.B.S. – Corporação de Bombeiros Sapadores V.N.G. - Vila Nova de Gaia

INEM – Instituto Nacional de Emergência Médica PE – Plano de Emergência

PME – Plano Municipal de Emergência IMC – Índice de Massa Corporal

VET - Valor Energético Total Vit - Vitaminas

OMS - Organização Mundial de Saúde UHT -

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Resumo

As situações de catástrofe natural têm crescido dramaticamente nos últimos anos e parece terem continuidade no futuro. A ajuda alimentar adequada é determinante para a sobrevivência de vítimas de catástrofes naturais. É determinante também para o desempenho exemplar da missão, que profissionais como os Bombeiros, desempenham em resposta a estas situações.

A ajuda alimentar é determinada maioritariamente por disponibilidade de alimentos, traduzindo-se muitas vezes em alimentos pouco adequados para a situação em causa. Desta forma, uma orientação para a escolha adequada de alimentos e uma coordenação eficaz entre as autoridades responsáveis pelo apoio alimentar e os dadores é crucial para uma intervenção eficaz.

O objectivo deste trabalho foi elaborar um kit básico de alimentação para vítimas e Bombeiros em situação de emergência, servindo como linha orientadora às entidades municipais responsáveis a prestarem esse auxílio.

O kit básico de alimentação para as vítimas foi calculado com base nas recomendações das ONG que prestam assistência humanitária (2200Kcal, 10-12% de proteína e 17-20% de gordura). O kit dos Bombeiros foi calculado com base nas recomendações militares (1100-1500Kcal; 50-70g de proteína e 100g de hidratos de carbono). Além da satisfação das recomendações nutricionais, a escolha dos alimentos teve ainda em consideração factores como adequação cultural, disponibilidade e perecibilidade. Este trabalho conclui que os kits

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elaborados, embora equilibrados nutricionalmente, poderão apenas servir como orientação, devendo ser adaptadas a cada situação.

Palavras-Chave

Catástrofe Natural, Emergência, Apoio Alimentar, Protecção Civil, Vítimas, Bombeiros, Kit Básico de Alimentação.

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Abstract

The situations of natural catastrophe have been growing dramatically in the last years and it seems they tend to continue growing in the future.

An adequate food aid is determinant to the survival of these natural catastrophes' victims. The food aid is also determinant to the exemplary performance of the missions which the firemen take as an answer to these natural catastrophe situations.

Food aid is mostly determined by the availability of food which usually turns into inadequate food to the specific situation. Thus, an orientation to the correct selection of food and an effective coordination between the authorities who are responsable for the food aid and the donators is crucial to an effective intervention.

The aim of this paper was to develope a basic food kit to the victims and firemen involved in emergencies in order to elucidate the

responsable municipal entities with a guide line on how to provide help in these situations.

The victims' basic food kit was calculated based on the recommendations of the ONG which provide humanitary aid (2200Kcal,10-12% of protein and 17-20% of Fat). The firemen's basic food kit was calculated based on military recommendations (1100-1500Kcal; 50-70g of protein and 100g of carbon hydrates). Besides the satisfaction of nutricional recommendations, the selection of food items was made having in mind different factors such as cultural adequation, availability and price.

(11)

This paper concludes that the food kits developed, though being nutritionaly adequate, can only be used as a guide and must always be adapted to each situation.

Key words

Natural disaster, Emergency, food aid, civil protection, victims, firemen, basic food kit.

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1. INTRODUÇÃO

O tsunami no Oceano Índico, o furacão Katrina, o terramoto na Índia e Paquistão, são provavelmente, as situações de emergência de origem natural mais recentes nas nossas memórias.

Além dos milhares de mortos, consequências devastadoras atingiram a vida de muitos outros milhares de pessoas. Habitações destruídas, rotura no fornecimento de água potável, acesso inadequado a alimentos, exposição ambiental a tóxicos, interrupção dos serviços de saúde e o stresse físico e emocional conduzem a uma maior fragilidade das vítimas levando muitas vezes ao desenvolvimento de graves situações de doenças, em especial dos grupos mais vulneráveis da população afectada (1, 2).

As situações de catástrofe natural, bem como as de ordem humana, têm crescido dramaticamente nos últimos anos (3-5). Na realidade, desde os anos 70 do século XX, as catástrofes acontecem três vezes mais do que em anos precedentes e têm consequências muito mais graves (4). O número de pessoas afectadas por desastres naturais aumentou de 50 milhões em 1980 para 250 milhões em 2000. Apenas pelas inundações foi afectada uma média de 140 milhões de pessoas em cada ano. Em 2002, mais de 600 milhões de pessoas foram afectadas por alterações climáticas bruscas, sendo que mais de metade por secas na África e Ásia (6).

Portugal também já viveu situações que acabaram por se traduzir em emergências. O sismo que ocorreu em Lisboa em 1755 e mais recentemente, as

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secas, as temperaturas extremas e os fogos florestais do ano de 2003 afectaram milhares de pessoas (7).

Face a esta realidade, o auxílio urgente é necessário. Vidas estão em risco e salvá-las é a prioridade.

A Assistência Humanitária, organizada por Agências Governamentais, Organizações Não Governamentais (ONG) e Entidades Nacionais prestam assistência às vítimas de fenómenos naturais, em diversas vertentes (3, 8). O apoio alimentar é das vertentes mais importantes (2, 3, 6, 9-13) e mais urgentes, constituindo cerca de 90% da resposta humanitária (12).

O acesso a alimentos e a manutenção do estado nutricional adequado são factores decisivos para a sobrevivência adequada das pessoas nas fases iniciais de emergência, desta forma uma rápida e eficaz intervenção é crucial para salvar vidas. Manter a vida e a dignidade das pessoas afectadas por catástrofes, segundo o conjunto do direito internacional, é a base dos serviços que as organizações humanitárias oferecem (6).

Todas as pessoas precisam de consumir quantidades adequadas de alimentos e de qualidade suficiente para assegurar a sua saúde e o seu bem-estar (11). Assim sendo, se os meios normais de abastecimento de alimentos de uma comunidade se ressentiram devido a um desastre, uma intervenção de apoio alimentar é necessário.

Quando as pessoas não podem ter acesso a alimentos suficientes, é muito provável que adoptem estratégias de sobrevivência a curto prazo, tal como desfazerem-se de bens do agregado familiar, o que pode levar ao seu

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empobrecimento, a problemas de saúde e a outras consequências negativas a longo prazo (11). A ajuda alimentar pode, então, ser também um mecanismo importante para ajudar a desenvolver a auto-suficiência da população e a restabelecer a sua capacidade para fazer frente a futuras comoções (11).

Todavia, a alimentação e a nutrição, não pode ser considerada de forma isolada. A saúde, a agricultura, a economia, as crenças religiosas e tradicionais, são alguns dos factores mais importantes que têm influência na situação nutricional. Desta forma, identificar causas subjacentes à desnutrição pode ser um processo complexo, mas indispensável para se poder garantir o estabelecimento de programas eficazes. Neste contexto, a actuação de profissionais de alimentação e nutrição torna-se imprescindível para a compreensão da situação, no sentido de desenhar programas destinados a satisfazer as necessidades das populações afectadas por fenómenos naturais (11, 14).

A função do Nutricionista em situações de emergência é vasta e abrangente, abrindo novos horizontes para esta profissão tão versátil, constituindo mais uma das áreas a que os Nutricionistas podem dar resposta (11, 14).

A sua responsabilidade primordial é satisfazer as necessidades nutricionais através do cálculo das necessidades energéticas e nutricionais da população afectada. É também seu dever, em função de estudos de diagnóstico rápidos e o mais exacto possível, definir estratégias de actuação, realizar a monitorização do estado nutricional da população e, dar resposta à vasta gama de problemas que surgem nestas situações, em conjunto com outros profissionais (8, 11, 14). Além

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alimentos, observando possíveis irregularidades e verificar a idoneidade, qualidade e quantidade dos alimentos, assim como a recepção por parte das vítimas (15).

Se por um lado as vítimas de catástrofes naturais necessitam de ser salvos, outros têm a missão de salvar.

Inúmeros são os profissionais que dedicam a sua vida a salvar outras. Exemplos destes são os Bombeiros, profissionais que servem o seu país com distinção. Todos os dias arriscam a sua própria vida para protegerem pessoas e bens nas suas comunidades. Além disso, é destes que depende a resposta numa primeira instância em situação de catástrofe natural. Desta forma, é importante que estejam disponíveis e de boa saúde para que de acordo com as suas qualificações e experiências, contribuam de uma forma mais eficaz às situações de emergência.

A profissão de Bombeiro consiste em períodos pontuais de baixa actividade e períodos de actividade enérgica intensa. Uma boa condição física é crucial para a transição com sucesso, entre estes dois níveis de actividade física, em apenas poucos minutos. Além disso, muitas vezes, têm de carregar equipamento pesado e trabalhar em condições físicas extremas (16, 17). O stress, o calor, a elevação da temperatura corporal e desidratação é uma combinação implacável, à qual o organismo responde com elevado número de alterações fisiológicas como: elevação da adrenalina, maior fluxo sanguíneo, maior tensão muscular, maior número de movimentos respiratórios, aumento da pressão sanguínea e mais batimentos cardíacos por minuto (17).

(17)

As condições de trabalho extremamente stressantes e exigentes, a ausência da prática da actividade física e uma alimentação pouco cuidada, levam a uma deterioração gradativa da aptidão física destes profissionais (16, 18). Vários estudos indicam que alguns dos Bombeiros não apresentam a sua condição física devidamente adaptada às suas funções, comprometendo desta forma, um desempenho exemplar da sua profissão (16, 17). Se por um lado podem ser heróis, podem também, por outro lado ser vítimas se a sua condição física não permitir ser a primeira personagem.

A alimentação destes profissionais, é determinante para o desempenho exemplar da sua missão. Os macro e micronutrientes apresentam um potencial papel primordial para optimizar a sua capacidade física (19).

Vários estudos demonstram que uma alimentação pouco adequada ou insuficiente, em especial a privação ou inadequação de hidratos de carbono (HC), durante períodos de tempo prolongados, em condições que se traduzem em elevadas exigências físicas, resultam no aparecimento de fadiga prematura e consequente diminuição da sua capacidade física para a realização do trabalho. Além disso, demonstram menos disponibilidade de cooperação e maior irritação no cumprimento das suas missões (19, 20).

Uma alimentação antes e durante exercício físico, rica em HC, aumenta a capacidade endurance e performance durante exercícios prolongados (21).

Durante exercícios exigentes, o corpo humano produz uma quantidade de calor 10 a 20 vezes superior ao produzido numa situação normal. Cerca de 20% é

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acompanhado por um aumento do suprimento sanguíneo para a pele. Assim sendo, é vital manter o volume sanguíneo, ou seja, é vital manter a hidratação (22). O suor libertado durante a transpiração é essencialmente composto por água e uma pequena quantidade de sódio. Assim, a hidratação é determinante para manter a performance durante o exercício (20), inferindo sobre a capacidade de resposta às situações de stresse (22).

Estudos demonstram que os militares ingerem quantidade insuficiente de fluidos para manter a hidratação e alimentos insuficientes para manter o equilíbrio energético, em especial durante as operações (19). Uma boa hidratação e a ingestão suficiente de HC afecta a performance destes profissionais, além de diminuir a susceptibilidade a doenças e promover uma recuperação mais adequada depois das operações (19, 23).

Em Portugal, existem quatro categorias de bombeiros: voluntários, sapadores, militares e privados. A Corporação de Bombeiros Sapadores (C.B.S.) constitui um corpo especial de funcionários especializados de protecção civil, pertencentes ao quadro de pessoal das Câmaras Municipais. A C.B.S. é uma peça fundamental no âmbito da segurança de pessoas e bens, através do seu elevado grau de operacionalidade responsável e profissional em acções de socorro e de prevenção.

Existem 6 corporações de Bombeiros profissionais em Portugal: Lisboa, Porto, Vila Nova de Gaia (V.N.G.), Braga, Coimbra e Setúbal (24). A C.B.S. de V.N.G. foi criada em 19 de Dezembro de 2003 e compreende a Divisão Municipal de Planeamento e Prevenção e os Bombeiros Sapadores, sendo constituída por

(19)

101 Bombeiros Profissionais, com os quais foi desenvolvido um estudo, no âmbito da realização desta tese, cujo o objectivo foi avaliar o estado nutricional destes profissionais.

Dada a importância da alimentação no estado de saúde quer das vítimas quer dos Bombeiros, em situação de emergência, é importante que esta seja planeada e preparada, adequando assim a resposta da ajuda humanitária. Por esse motivo, a elaboração de um kit básico de alimentos a fornecer a Vítimas e a Bombeiros em situação de emergência, surge com o intuito de servir como linha orientadora às entidades responsáveis municipais a prestarem esse auxílio.

2. RISCOS E VULNERABILIDADES EM PORTUGAL

Segundo Carlos Garrido... “Existem duas perspectivas extremas relativas

ao estudo das alterações climáticas previstas: irresponsabilidade/catastrofismo ”

(25). Se por um lado não se pode encarar o futuro como o advento de situações catastróficas, por outro lado, não é prudente ignorar os riscos acrescidos que as sociedades, a longo prazo, irão defrontar.

As alterações climáticas, provavelmente ocasionarão um maior número de fenómenos naturais extremos e de maior magnitude, prevendo-se situações de seca e chuvas prolongadas e intensas e ciclones tropicais também mais numerosos e intensos. Alguns estudos indicam que a Europa é particularmente vulnerável às cheias, sendo mesmo de considerar a longo prazo, a possibilidade de um aumento de frequência das mesmas (25).

(20)

Em Portugal e em particular no Concelho de V.N.G. os principais riscos naturais e com maior probabilidade de ocorrerem são os riscos de natureza hidrológica (cheias e secas), riscos ligados a temperaturas extremas (ondas de calor e vagas de frio), incêndios florestais, fenómenos de origem convectiva (trovoadas, granizo, saraiva e tornados), ciclones e sismos. No entanto, as cheias são o fenómeno que se manifesta com mais frequência em Portugal (7, 25, 26).

Esta sumária caracterização dos riscos naturais a nível nacional e municipal por si só, adivinha múltiplos problemas motivadores de grande preocupação, podendo constituir causas para o aparecimento de situações de emergência.

“Se, por um lado, é difícil prever-se a data, hora e localização exactas da próxima catástrofe, por outro, é possível estarmos preparados para evitar ou minimizar o seu impacto” (4).

A prevenção e a preparação para situações de fenómenos naturais extremos é o melhor meio de conseguir minimizar os efeitos negativos que estes podem causar.

Os riscos naturais, podem reduzir o acesso directo da população a alimentos ao afectar a sua produção ou reservas, ou podem reduzi-lo indirectamente ao impedir, por exemplo, o acesso físico aos locais de venda. Além dos circuitos normais de produção e distribuição poderem ser afectados, a população poderá também ter dificuldade em conservar os alimentos pelo frio e/ou de os confeccionar pelos processos habituais (27). Nestas situações cabe às entidades responsáveis prestarem o auxílio necessário às populações afectadas.

(21)

3. RESPONSABILIDADES NACIONAIS PELA ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA

Em Portugal, a coordenação técnica e operacional dos meios a empenhar e a adequação das medidas de carácter excepcional a adoptar em situação de acidente grave, catástrofe ou calamidade, e no caso de perigo de ocorrência destes fenómenos são desencadeadas Operações de Protecção Civil em harmonia com os Programas e Planos de Emergência (PE) previamente elaborados (24, 28).

“A Protecção Civil é a actividade desenvolvida pelo Estado, Regiões Autónomas e Autarquias locais, pelos cidadãos e por todas as entidades públicas e privadas com a finalidade de prevenir riscos colectivos inerentes a situações de acidente grave ou catástrofe, de atenuar os seus efeitos e proteger e socorrer as pessoas e bens em perigo quando aquelas situações ocorram” (28).

A protecção civil é responsabilidade e dever de todos: entidades públicas, empresas e cidadãos. É uma tarefa eminentemente cívica. No entanto, as exigências de eficácia e eficiência exigem do Estado um papel determinante enquanto entidade coordenadora e mobilizadora em caso de emergência de origem natural.

A estrutura de protecção civil organiza-se ao nível municipal, distrital, regional e nacional, tendo como responsáveis, respectivamente, o Presidente da Câmara, o Governador Civil, o Presidente do Governo Regional e o Primeiro-Ministro (7, 24, 28, 29).

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Os Agentes da Protecção Civil de acordo com as atribuições próprias são: os Corpos de Bombeiros; as Forças de Segurança; as Forças Armadas; as Autoridades Marítima e Aeronáutica; o INEM e demais serviços de saúde e os Sapadores Florestais (7, 24, 28).

Desempenham ainda funções de protecção civil, de acordo com o seu estatuto próprio: Cruz Vermelha Portuguesa, Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários; Serviços de Segurança; Instituto Nacional de Medicina Legal; Instituições de Segurança Social; Instituições com fins de Socorro e de Solidariedade; Organismos responsáveis pelas florestas, conservação da natureza, indústria e energia, transportes, comunicações, recursos hídricos e ambiente; Serviços de Segurança e Socorro privativos das empresas públicas e privadas, de portos e aeroportos (24, 28).

O serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil tem ainda protocolos de cooperação com várias organizações que desenvolvem actividade de protecção civil, no âmbito do voluntariado como: Corpo Nacional de Escutas, Federação Portuguesa de Campismo e Montanhismo e cerca de vinte Associações de Radioamadores (7).

Todos os agentes e instituições referidas são articuladas operacionalmente sob um comando único nos termos do Sistema Integrado de Operações de Protecção e Socorro (SIOPS), sem prejuízo da respectiva dependência hierárquica e funcional (28).

Algumas das actividades de protecção civil incluem a prevenção e monitorização de riscos colectivos, naturais ou tecnológicos; a análise

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permanente de vulnerabilidades; a informação e formação das populações; o planeamento de emergência e a inventariação de meios e recursos (7).

Os PE de protecção civil classificam-se de acordo com dois critérios:

objectivo, relacionado com o risco ao qual se dirigem e âmbito relacionado com o

espaço físico a que o plano se aplica. Consoante o seu objectivo podem ser gerais - aplicáveis a todos os riscos, num determinado espaço geográfico, ou especiais - se apenas um risco é considerado. Consoante o âmbito o plano pode ser Nacional, Regional, Distrital ou Municipal (29).

O objectivo do PE é fornecer um conjunto de directrizes e informações visando a adopção de procedimentos técnicos e administrativos, lógicos e estruturados de forma a propiciar resposta rápida e eficiente em situações de emergência, além de ser um conjunto de normas e regras de procedimento com vista a evitar ou minimizar os efeitos de um acidente grave ou catástrofe (24, 26).

No caso concreto de V.N.G. no Plano Municipal de Emergência (PME) constam várias vertentes de apoio em situação de emergência. O apoio alimentar é promovido pelo Grupo de Abastecimento e Armazéns. Este grupo tem como tarefas: promover a inventariação de meios e recursos, designadamente no âmbito dos sectores da alimentação, agasalhos, material sanitário e outros; promover o estabelecimento de protocolos com entidades fornecedoras de bens e géneros, para situações de emergência; garantir a instalação e montagem de cozinhas e refeitórios; preparar e coordenar um sistema de recolha e por fim distribuição de dádivas (26, 30).

(24)

Este grupo é constituído por diversas entidades: Delegado da Direcção Municipal de Bombeiros e Protecção Civil; Delegado da Direcção Municipal de Administração Geral/Divisão de Máquinas e Viaturas; Delegado da Santa Casa da Misericórdia; Delegado do Núcleo da Cruz Vermelha, Delegados das Juntas de Freguesias; Delegado da Associação Comercial e Industrial de Vila Nova de Gaia; Delegado das Águas de Gaia, EM e Delegado da Gaianima, EM (26).

Já a distribuição do apoio alimentar é da responsabilidade do Grupo de Abrigo e Bem-Estar cuja tarefa é coordenar as actividades de fornecimento de alimentação e outros (26).

A Administração e Logística, sob o encargo dos Serviços Municipais de Protecção Civil, são também responsáveis pela alimentação do pessoal voluntário, das populações evacuadas e dos delegados do Centro Municipal de Operações de Socorro (26).

A nível Distrital, o Grupo de Abrigo e Bem-Estar, constituído pelo Delegado do Centro Regional de Segurança Social do Norte e Delegado da Direcção Regional de Educação do Norte tem como missão, no âmbito da alimentação: determinar com maior exactidão possível o dispêndio diário dos meios e recursos em alimentação a utilizar; estabelecer ementas tipo diárias, de acordo com as várias fases da situação de emergência e disponibilidade de meios (30).

Apesar de em todos os PE elaborados e responsabilidades no que diz respeito ao sector da alimentação já estarem delegadas, nenhum programa alimentar nem meios de distribuição estão descritos nesses PE municipais, distritais, regionais e nacionais, para vítimas e para profissionais e/ou outros, que

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actuam em socorro das primeiras. A decisão do tipo de alimentos a fornecer em situações de emergência, segundo responsáveis, depende das associações contactadas que prestem o referido apoio, não sendo efectuada pelos responsáveis previstos no respectivo plano.

Contactadas todas as entidades envolvidas (todas as que constam no PME e o Regimento de artilharia nº5 de Gaia, Manutenção Militar da Delegação Norte e Delegação de Lisboa) no apoio alimentar em situação de emergência, não foram encontrados responsáveis e nenhuma orientação alimentar e nutricional está elaborada apesar de delegada como missão nos PE para os respectivos grupos de intervenção. Além disso, todas as entidades contactadas remetem para o Serviço Nacional de Protecção Civil. Desta forma, o apoio alimentar depende da disponibilidade de recursos, não havendo qualquer planeamento do tipo de alimentação a fornecer no contexto de situações de emergência.

Os PE não garantem que não ocorra um acidente ou uma catástrofe, no entanto podem evitar que um acidente de pequeno porte se transforme numa grande tragédia uma vez que constituem um instrumento prático, que propícia respostas rápidas e eficazes em situações de emergência. Desta forma, todas as vertentes de auxílio às vítimas em situação de emergência devem ser convenientemente desenvolvidas e aprofundadas, tornando a resposta à situação de emergência mais eficaz e adequada.

(26)

4. APOIO ALIMENTAR EM SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA – PANORAMA INTERNACIONAL

Sem alimentos suficientes, outras intervenções de assistência humanitária poderão ser menos eficazes e os casos de desnutrição poderão aumentar. As intervenções ao nível da saúde por si só não bastarão para prevenir doenças, agravadas pela falta de ingestão adequada de nutrientes, e mesmo se as instalações higiénicas forem apropriadas, a população continuará susceptível a contrair doenças devido à debilitação do sistema imunitário e à diminuição de reservas do organismo (11).

As situações de emergência são caracterizadas por uma elevada taxa de malnutrição aguda e deficiências nutricionais, tendo aumentado a sua prevalência ao longo das últimas décadas (5, 12) O risco nutricional em situações de emergência é evidente e a frequência de malnutrição crónica evidencia-se muito relevante (12), conduzindo a um aumento de doenças e índices de mortalidade (5, 31).

Desta forma, a alimentação e a nutrição são componentes chave na resposta a situações de emergência (5). Estratégias planeadas são necessárias para proteger e promover o estado nutricional da população afectada (12).

As intervenções da assistência humanitária têm um papel importante em salvar vidas através da sua intervenção no estado nutricional e na saúde da população afectada (5, 6).

(27)

No âmbito da assistência humanitária, diversos programas de distribuição de alimentos a populações que vivem situações de emergência são desenvolvidos.

O apoio alimentar consiste na distribuição de uma ração geral de alimentos, parcial ou completa, a todos os grupos afectados sem distinção, com o objectivo fornecer em tempo certo, a quantidade de alimentos adequada e prevenir a deterioração ou assegurar a manutenção e promover a recuperação do estado nutricional (5, 6, 11-13, 15, 31, 32). Apesar das diferenças marcadas de necessidades nutricionais entre crianças, adolescentes e adultos, fornecer rações para diferentes idades em situações de emergência não é exequível. A ração a distribuir deve ser exactamente igual (quantidade e tipo de alimentos) para todas as pessoas afectadas, uma vez que as famílias irão dividir as rações entre si (5, 15, 33).

Programas de alimentação especiais são destinados a sub-grupos da população com necessidades nutricionais acrescidas, desta forma, além da ração geral devem receber um complemento através dos programas de alimentação selectiva (5, 11, 15, 31, 33).

Todos os programas de alimentação implementados devem ser avaliados em relação à sua eficácia, através da monitorização de indicadores (15, 33).

4.1. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

(28)

Medidas antropométricas como o peso (o peso pela altura (ou pela estatura, em crianças que meçam menos de 85cm) das crianças com idade entre 6 meses e 5 anos de idade), o perímetro do braço e sinais clínicos são utilizados para determinar a malnutrição (5, 11, 12, 15, 32, 33).

A medida da circunferência do braço é um método adequado, no caso de crianças e mulheres grávidas, para efectuar uma avaliação rápida do estado nutricional, contudo nas crianças é necessário relacioná-la com valores da altura ou idade, para avaliar o progresso individual. Esta pode também ser usada como critério de admissão para programas de alimentação selectiva (5, 11, 12, 15).

Os valores de mortalidade e morbilidade são também importantes como indicadores de malnutrição (33).

O Índice de Massa Corporal (IMC) é a medida antropométrica usada para avaliar o estado nutricional de adultos e adolescentes, apesar da grande variação individual e da grande dificuldade em realizar a medição a idosos e adultos severamente malnutridos e, nos adolescentes devido à variação da idade da puberdade (5, 11, 12, 32). Esta informação também não fornece dados sobre possíveis deficiências nutricionais, mas fornece de forma rápida e simples informação sobre o estado geral de nutrição do indivíduo, permitindo avaliar progressos individuais em situações de emergência (5, 12, 15).

Nos adolescentes, o IMC deve ser relacionado com a idade ou com a altura, devendo ser ainda considerados os indicadores de maturação, especialmente a menarca e a mudança de voz, permitindo melhorar a

(29)

interpretação dos dados de referência do IMC, devendo ainda estes valores ser utilizados com prudência e acompanhados com uma avaliação clínica (11).

Além destes, o perímetro da circunferência do braço, é também uma medição que deve ser efectuada, dada à grande variação do IMC em adultos.

O edema e os sinais clínicos como a incapacidade de manter de pé e desidratação são usados em conjunto com as medições antropométricas e factores sociais aumentando a sua sensibilidade e especificidade como indicadores de malnutrição e critérios de admissão para programas de alimentação selectiva, bem como para avaliar o progresso nutricional individual (5, 11, 12).

Esta informação é necessária para identificar necessidades, grupos de risco ou áreas geográficas afectadas, no sentido de planear intervenções nutricionais, planear recursos e também monitorizar a eficácia do programa de ajuda alimentar, permitindo avaliar o seu impacto e adequação e ajustar de acordo com as alterações das condições (5, 12, 15, 31, 33).

4.2. NECESSIDADES ENERGÉTICAS DIÁRIAS EM SITUAÇÂO DE EMERGÊNCIA

Determinar necessidades alimentares em situação de emergência é extremamente complexo e difícil (5, 34). É também muito difícil recolher dados nestas circunstâncias que permitam fazer uma estimativa precisa das necessidades, especificamente o número e o local das pessoas afectadas e em

(30)

As estimativas das necessidades energéticas e nutricionais adequadas da população afectada, quais os componentes das rações, as quantidades necessárias, o apoio logístico e a necessidade de levar a cabo algum programa de alimentação especial requer avaliação de alguns dados que deve ser efectuada com base na informação específica do contexto em causa (11, 34). A análise dos problemas nutricionais e uma compreensão das causas e potenciais riscos de malnutrição são necessários (11, 31) numa primeira fase de avaliação. Contudo, os primeiros dados são essenciais para desenhar o apoio alimentar:

 O número de pessoas afectadas (5, 11, 15, 32, 35);  O estado nutricional (5, 6, 11, 15);

 Os hábitos alimentares da população afectada (5, 15, 33).

Além disso, é necessário dispôr, o mais rápido possível, de informação sobre: a magnitude e extensão geográfica; o perfil demográfico da população (5, 6, 11, 31-33) por sexo e por idade (5, 15, 35), em particular a percentagem de crianças com idade inferior a 5 anos e a percentagem de mulheres (11); a média do peso e altura dos adultos (5, 11, 35); nível de actividade física (5, 6, 11, 31, 32, 35); as condições climatéricas (5, 6, 11, 31, 32) e grau de adequação dos abrigos e roupa (11); identificação de grupos de risco (6, 33); critérios psicológicos (31); gostos e preferências (5, 6, 15, 31-33); a disponibilidade de alimentos (14, 15, 32-34); a duração do apoio alimentar (34) e outras fontes de alimentos (5, 31, 33); disponibilidade de utensílios e capacidade para preparar, cozinhar e armazenar os alimentos (32, 33) são determinantes para desenhar o tipo de intervenção.

(31)

Utensílios adequados para os alimentos serem cozinhados em situações que se justifiquem, devem ser fornecidos (5, 31, 35), assim como água e combustível, uma vez que a falta destes traduz-se numa inadequação da ração, podendo traduzir-se em efeitos negativos no estado nutricional (5, 11, 15).

Conhecer as necessidades da população afectada é essencial para desenhar uma resposta adequada ao contexto em causa, contudo, uma estimativa das necessidades tem de ser efectuada rapidamente (34). Assim sendo, em situações de emergência são usados valores iniciais de referência, fazendo-se ajustes numa fase posterior, se as condições iniciais se alterarem (5, 6, 12, 15, 31, 33, 35).

Segundo os valores iniciais de referência das Agências Internacionais, que prestam assistência humanitária, a energia mínima necessária para uma população em situação de emergência, totalmente dependente da ajuda alimentar, é de 2180 kcal, 2200 Kcal aproximadamente, variando geralmente de 1900Kcal a 2300 Kcal (5, 31).

Estas recomendações, incluem as necessidades de todos os grupos etários e de ambos os sexos, não se referindo, portanto, a nenhum grupo etário ou sexual em particular e não devem ser utilizadas para fazer a avaliação das necessidades específicas de um indivíduo. Além disso, estas indicações baseiam-se numa série de pressupostos, que a menos que sejam válidas para a população em questão, podem conduzir a erros. Desta forma, estas recomendações iniciais surgem como orientações, devendo ser ajustadas às alterações do meio e da população:

(32)

Temperatura ambiente

Se a temperatura é inferior a 20ºC, as necessidades energéticas devem ser ajustadas para mais 100Kcal por cada –5ºC abaixo de 20ºC (5, 14, 31, 32).

Estado nutricional, psicológico e de saúde

Se a população está mal nutrida ou possui estados psicológicos ou de saúde comprometidos ou outro tipo de stresse fisiológico deve receber cerca de 100-200Kcal a mais (5, 6, 14, 31-33, 35).

Nível de actividade física

Se o nível de actividade física aumentar, um aumento das necessidades deverá também ser efectuado, na medida em que o cálculo das necessidades é efectuado para manter o estado nutricional e de saúde de uma população com baixo nível de actividade física (5, 6, 14, 31-33, 35).

Perfil demográfico da população

Se as características demográficas da população não corresponderem a uma distribuição normal de um país industrializado, as necessidades deverão alterar-se nesalterar-se alterar-sentido, adequando assim as necessidades à população afectada (5, 14, 31, 32).

Além disso, se os índices de mortalidade aumentarem, o valor energético total (VET) também deverá ser aumentado (6, 35).

A ração deve fornecer cerca de 10-12% do VET de proteína e 17-20% de gordura (5, 11, 14, 31-33).

Tradicionalmente, o seu objectivo nutricional, numa fase inicial, é promover uma quantidade adequada de energia, mais do que proteína, sem atingir todas as

(33)

necessidades nutricionais, principalmente ao nível dos micronutrientes, apesar da marcada prevalência de deficiências nutricionais em situações de emergência (8, 12, 15, 33, 36).

Além do valor nutricional (5, 13, 31, 35) a ração deve satisfazer critérios de qualidade, segurança (5, 13), variedade (5, 6, 31, 35), digestibilidade, em especial para crianças e idosos (5, 11, 14, 35), deve ser fácil de preparar (35), armazenar (5, 15) e manipular (5, 6), transportar e distribuir (5, 12, 15).

A aceitabilidade cultural é também determinante (5, 11, 12, 14, 15, 31-33, 35), uma vez que as necessidades energéticas e nutricionais nunca serão atingidas se as rações não forem culturalmente aceites. Além disso, deve ainda contemplar a escolha de alimentos que necessitam de pouco combustível e água para a sua confecção (5, 11, 14, 15, 32, 35).

A ração deve considerar perdas no transporte, manuseamento, armazenamento, distribuição e cocção aumentando o fornecimento da ração cerca de 5-10% (5, 14, 35). Deve ainda ter-se em linha de conta que a ração deve ser disponibilizada o mais rapidamente possível, em especial para as populações totalmente dependentes da ajuda alimentar (5, 14, 31, 35), fazendo-se uma distribuição equitativa e eficaz pela população (5, 15).

Apesar de todos os ajustes para fornecer uma ração nutricionalmente adequada à população afectada com um determinado perfil demográfico, não significa que seja adequada a cada indivíduo uma vez que existe sempre variação individual (35).

(34)

4.3. ALIMENTOS DA RAÇÃO GERAL

Os alimentos que devem constituir a ração geral devem ser seleccionados de forma a assegurarem as necessidades energéticas, proteicas, lipídicas e de micronutrientes à população afectada (5, 11, 14, 31, 32).

Considerando os valores nutricionais requeridos e factores de perecibilidade, facilidade de armazenamento, transporte, distribuição, manipulação, hábitos alimentares, disponibilidade regular em grande quantidade e dos utensílios necessários para sua confecção (5, 15, 32, 35), os alimentos que geralmente constituem uma ração geral são:

 Cereais constituem a principal fonte de hidratos de carbono (5, 12, 31, 35, 37) e são fonte de vitamina (vit) do complexo, ferro e fibras alimentares (5, 15, 33, 37). Estes são os que proporcionam um maior fornecimento de energia e proteína da ração (15, 33);

 Óleo vegetal, além de fonte concentrada de energia, aumenta a palatibilidade da refeição (5, 12, 15, 31, 35, 38), e constitui uma fonte importante de vit A, D, E e K (5, 15, 33, 38);

 Leguminosas como o feijão, lentilhas e ervilhas, além de fonte de proteína vegetais fornecem também muitos micronutrientes como vit do complexo B (B1 e B2), minerais (cálcio e ferro) e fibras alimentares (5, 15, 31, 33, 35, 37). São importantes como fonte de proteína complementar aos cereais (5, 15), são fáceis de transportar e distribuir e são menos susceptíveis a contaminação que outras fonte proteicas como as de origem animal (5);

(35)

Outros alimentos são necessários para aumentar a palatibilidade e aumentar o fornecimento de vitaminas e minerais:

 Sal iodado Este não fornece valor energético, mas pode constituir uma importante fonte de iodo, nas populações que têm hábito de baixo consumo de pescado e compensa as perdas deste mineral em ambientes com temperaturas elevadas. Cerca de 5g por pessoa por dia é o preconizado (5, 15, 39, 40). Pode ainda ser usado nas soluções de re-hidratação oral (5);

 Açúcar é uma fonte concentrada de energia, sendo muito útil para os programas de alimentação suplementar, contudo apresenta algumas limitações quanto ao seu armazenamento, na medida em que, é muito sensível à humidade. (5, 15, 35);

 Chá ou café e especiarias apesar de não fornecerem nutrientes são fáceis de obter, necessários em pequenas quantidades e aumentam a aceitabilidade e palatibilidade da ração, sendo considerados como alimentos conforto (5, 14, 15, 37);

A adição destes alimentos pode ser decisiva para a aceitação deste regime alimentar, pelo seu valor cultural, promovendo o seu consumo e favorecendo assim, o estado nutricional da população afectada (5, 8, 31, 35).

Outros alimentos são obtidos a partir de donativos, contudo, devido ao seu valor nutricional e à sua disponibilidade inconstante, estes alimentos geralmente são usados para os programas de alimentação selectiva ou devem ser rejeitados sempre que não sejam adequados para situações de emergência (15).

(36)

 Os enlatados e o peixe seco, ocasionalmente disponíveis são também boas fontes proteicas e boas fontes minerais, em especial de iodo (5, 15, 38), mas também cálcio, ferro e vit do complexo B (33, 38);

 Carne, leite, ovos e suas conservas e derivados são fontes proteicas por excelência, fontes de vit B, A e D e são ricos também em cálcio e fósforo. Estes alimentos servem para melhorar a palatibilidade e qualidade da ração, favorecendo também a absorção de ferro (5, 15, 37). Estes na sua grande maioria, quando disponíveis são usados para os programas de alimentação selectiva (5, 15). O leite geralmente não é distribuído na ração geral, a menos que faça parte dos costumes e hábitos da população, constituindo desta forma uma fonte importante de proteínas (15). Contudo, leite em pó não deve ser distribuído, podendo constituir graves problemas de segurança, na medida em que as condições de preparação daquele produto em situações de emergência estão comprometidas (5, 14, 15, 31, 35);

 Bolachas são muitas vezes fornecidas em fases iniciais de emergência, em especial quando não existem facilidades de cozinhar ou quando não existem outros recursos. Este tipo de alimentos devem estar sempre presentes como possível fonte de alimentos nos planos de emergência (35);

 Frutas e produtos hortícolas frescos são fracos fornecedores de energia e proteína, contudo são excelentes fornecedores de vit A, B, e C, e minerais como o ferro e cálcio, além de fornecerem fibra, importante para o trânsito intestinal e para aumentar a saciedade (5, 15, 33, 37). Estes alimentos

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devem ser fornecidos em situações de emergência, quando estão disponíveis, devendo ser adquiridos em mercados locais (5, 15);

 Frutos gordos e amiláceos como nozes e avelãs, além de serem ricos em lípidos, proteínas de baixo valor biológico, vit do complexo B e minerais (ferro, cálcio e magnésio) (37). São de fácil distribuição, devendo ser usados se disponíveis e culturalmente aceites (5).

Nas intervenções das ONG é frequentes a distribuição de misturas de alimentos como: cereais e leguminosas, pré fortificados em vit e minerais (12, 31, 35), uma vez que a ração geral, não contribui geralmente com as quantidades necessárias para o aporte de micronutrientes.

 Água – O fornecimento de água exige uma atenção imediata desde o início da situação de emergência. A água, deve ser prioridade, sendo distribuída o mais rapidamente possível e em quantidade suficiente, assegurando a sua potabilidade (15, 31, 36).

Cerca de 1-1.5L de água potável por dia, por pessoa adulta ou crianças e adolescente deverá ser assegurados, nas primeiras fases de emergência e cerca de 400-1000ml a crianças de 1 mês a 3 anos (5). Esta quantidade de água deve ser ajustada quando a temperatura ambiente e o nível de actividade físico forem mais elevados (36).

Para populações inteiramente dependentes do apoio alimentar, rações completas devem ser adequadamente distribuídas. Contudo, numa fase de pós-emergência ou quando as populações têm acesso a outras fontes de alimentos,

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energéticas (14). As rações parciais, dependem das condições locais, contudo, habitualmente, têm um menor número de itens alimentares, comparativamente à ração completa e também menor quantidade de cereais. Geralmente esta ração parcial consiste em cereais e óleo alimentar. Em alguns casos, quando o aprovisionamento de proteína está comprometida, o fornecimento de leguminosas deve assegurar esta limitação (14).

4.4. PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO SELECTIVA

Os programas de alimentação selectiva são constituídos por programas de alimentação suplementar e terapêutica, sendo ambos aplicados a grupos especificamente vulneráveis com necessidades especiais, com o objectivo de reduzir a malnutrição e mortalidade dos grupos de risco (5, 15, 31-33, 35). Estes programas devem ser desenhados com base na compreensão da complexidade e dinâmica da situação nutricional em causa (11).

A decisão para serem implementados programas de alimentação selectiva baseia-se na prevalência de dnutrição (10-14% ou superior, ou 5-9% ou superior com factores de risco). Os factores de risco: elevada mortalidade (1 em cada 10.000 por dia), elevada prevalência de diarreia por infecção ou doenças respiratórias, sarampo e a ração geral de alimentos fornecer nutrientes abaixo das necessidades (12, 32, 33).

4.4.1. O programa de alimentação suplementar têm como objectivo reduzir a prevalência de desnutrição moderada e promover a recuperação de grupos

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vulneráveis específicos (5, 6, 11, 12, 31-33, 35), com necessidades especiais, em especial dos micronutrientes (5, 15) através do aprovisionamento adicional de alimentos de elevada qualidade nutricional, como acréscimo à ração geral (5, 8, 15, 33).

O suplemento varia de a 500 a 1200 kcal/dia, devendo ser administrado um suplemento de 500-700kcal/pessoa/dia com 15-25 gramas de proteína, se o suplemento for administrado no centro de alimentação e pelo menos duas vezes por dia, e cerca de 1000 a 1200 Kcal por pessoa por dia com 35 a 45 g de proteína, se o suplemento é consumido em casa (5, 12, 33).

Os alimentos que mais frequentemente fazem parte deste programa são misturas de alimentos fortificados (5, 12), leites densamente calóricos e prontos a comer (5, 31), devendo em especial ser fornecido frutas e produtos hortícolas frescos para o fornecimento de vit e minerais (15) e outros como pescado, açúcar e misturas de cereais, produtos hortícolas e azeite (15).

4.4.2. O programa de alimentação terapêutica tem um papel importante na redução da mortalidade repondo o estado nutricional de crianças severamente desnutridas, fornecendo alimentos com elevada densidade energética combinada com intervenções médicas (5, 6, 11, 12, 15, 32, 33). A alimentação neste programa deve basear-se em refeições pequenas e frequentes e com quantidade adequada ao peso corporal com correcção do balanço de electrólitos, (solução de re-hiratação oral rica em potássio e pobre em sódio) e complicações infecciosas

(40)

200Kcal por cada refeição e 2 - 4g de proteína por cada Kg de peso por dia (5, 15, 33).

Os alimentos mais frequentemente utilizados neste programas de alimentação consistem numa mistura de água fervida, leites terapêuticos fortificados com vit e minerais, (F75 e F100) azeite e açúcar (15) ou misturas de alimentos pré-preparados (vários cereais) com azeite, como por exemplo K Mix II da UNICEF (15).

4.5. DEFICIÊNCIA DE MICRONUTRIENTES

O aprovisionamento de vitaminas e minerais através da ração, que geralmente consiste num número muito restrito de alimentos secos, é muito difícil (12, 32, 33, 35) sendo desta forma, frequentes as deficiências nutricionais em situações de emergência.

Todavia, é importante distinguir deficiências nutricionais que são comuns em muitas populações em situações de emergência e aquelas que são especificamente deficiências de micronutrientes como consequência da situação de emergência: vit C, vit do complexo B (tiamina, riboflavina e niacina) pois os grandes fornecedores destes micronutrientes não são geralmente fornecidos em situação de emergência (5, 31).

As deficiências de micronutrientes podem levar ao aumento do risco de mortalidade, morbilidade, aumento da susceptibilidade à infecção, crescimento comprometido, diminuição da capacidade de trabalho, diminuição das capacidades cognitivas e atraso mental (11, 31).

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Diferentes estratégias são usadas pela assistência humanitária, para tentar colmatar a deficiência de micronutrientes da população afectada. Estas devem em primeiro lugar passar por aumentar o consumo de alimentos ricos nos micronutrientes em falta e em quantidade suficiente (5, 11, 14, 33). Outras potenciais estratégias são usadas para prevenir as deficiências de micronutrientes através da inclusão de alimentos como leguminosas, frutos gordos e amiláceos, óleo de palma, frutos e produtos hortícolas frescos (5, 6, 11, 14, 31, 33, 35) na ração de alimentos (12). Os frutos e produtos hortícolas frescos são particularmente difíceis de incluir nas rações, na medida em que são difíceis de serem conseguidos para um grande número de pessoas regularmente (12, 35), por dificuldades logísticas no transporte e distribuição e elevado custo (35). No entanto, produtos hortícolas menos perecíveis, como as cebolas podem ser incluídos (35).

A incorporação de sumos enriquecidos em vit, em especial C, em determinados contextos pode ser exequível e muito útil (35). Importante será também promover uma maior variedade de alimentos na ração, em especial para as populações que dependem integralmente da ajuda alimentar (6, 14).

Outras alternativas devem ser desenvolvidas de acordo com o contexto em causa e a disponibilidade de alimentos necessários (5). Apesar da fortificação de alimentos (5, 6, 13, 31, 33, 35) e suplementação (5, 33) de vit A (31, 35, 41) e C (31, 35) serem praticadas rotineiramente em situações de emergência, depende do contexto específico e de dificuldades operacionais (31, 41), bem como do

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nomeadamente a humidade, a luz e a elevada temperatura que conduzem a perdas de micronutrientes durante o armazenamento e transporte (41).

Na maioria dos casos, a estratégia combinada de alimentos fortificados e suplementados é mais eficaz e a mais praticada em situações de emergência (5).

A informação sobre os principais alimentos que devem ingerir para aumentar a quantidade de micronutrientes e, em determinadas situações a implementação de programas de agricultura parece também ter resultados positivos (35, 41). As medidas a adoptar para solucionar este problema depende do tipo de deficiências e das circunstâncias locais (35).

5. GRUPOS DE RISCO

Em situações de emergência o sexo, a idade, o estado nutricional e o estado de saúde têm um papel importante para a determinação de grupos em risco nutricional (1, 12, 35) sendo as mulheres, em especial grávidas e lactantes, crianças e idosos, particularmente vulneráveis (5, 11, 15, 32, 33).

 CRIANÇAS

A amamentação exclusiva até aos 6 meses de idade reduz a morbilidade e mortalidade, consequência de doenças infecciosas (12, 31), mas também fornece todos os nutrientes necessários (31) essenciais para o seu crescimento e desenvolvimento durante os primeiros meses de vida (5, 11). Em situações de emergência, as práticas de higiene estão comprometidas e o risco de diarreia e infecções é muito elevado. O uso seguro de substitutos de amamentação (35), a água limpa (31, 35), combustível disponível (31), facilidades para preparar em

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condições de higiene (5, 31, 35) e um fornecimento regular são difíceis de garantir e os riscos associados são elevados (5, 12, 31) como a diarreia, a malnutrição e o aumento os índices de mortalidade (31). Desta forma, a amamentação é essencial, devendo ser promovida (11, 15, 41) e encorajada até pelo menos aos 6 meses de idade (5, 31, 33), em especial em situações de catástrofes naturais (1, 5, 12, 15, 31). O leite materno é o melhor alimento e o mais seguro. A amamentação consiste numa fonte de alimento segura e higiénica, fornece anticorpos contra alguns agentes infecciosos e está sempre disponível. Desta forma, deve ser estimulada e prolongar-se o mais possível no tempo (11, 15, 33).

As crianças até aos 6 meses de idade que não têm acesso ao leite materno devem ser alimentadas com substitutos, contudo, em condições rigorosamente controladas e por pessoas treinadas para tal. O uso de biberões nestas situações é desencorajado e promovido o uso de chávenas ou copos e colheres, na medida em que são mais fáceis de higienizar (5, 11, 15, 31).

A partir dos 4-6 meses de idade as crianças devem começar a receber alimentos complementares ao leite materno. Estes devem ser especialmente ricos em energia e fornecer os macronutrientes em quantidades adequadas e devem ainda ser facilmente digeridos (5, 15). Este suplemento deverá fornecer de 30-40% do VET de gordura e 12% de proteína para crianças. Em especial para as crianças, os alimentos devem ser concentrados em energia e fornecer maior quantidade de nutrientes em menor volume (11, 15).

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C (5, 31). Durante uma situação de emergência, a disponibilidade de alimentos e a sua preparação na forma semi-sólida, pode ser difícil, além das condições higiénicas não serem as mais seguras para a sua preparação (5, 15). Assim, a alimentação para as crianças deve ser baseada em cereais, leguminosas, óleo e açúcar e, quando possível adicionar produtos hortícolas e frutos (5).

 MULHERES GRÁVIDAS E ALEITANTES

As necessidades nutricionais destas mulheres são maiores que a média da população (5, 31). É muito importante manter a ingestão nutricional evitando não só efeitos directos no seu estado de saúde, no peso à nascença e no crescimento e desenvolvimento das crianças, mas também para a protecção da qualidade nutricional do leite materno (31).

As mulheres grávidas requerem uma adição de 250 Kcal e as lactantes de 500 Kcal/dia, tendo ambas necessidades acrescidas de micronutrientes, particularmente de vit A, iodo, ferro e folato (5, 31).

Estas necessidades acrescidas são geralmente asseguradas pelo programa de alimentação suplementar, sendo uma intervenção muito importante para a protecção da qualidade nutricional do leite materno (31).

 POPULAÇÃO ENVELHECIDA

O efeito das situações de emergência neste grupo da população é claramente reconhecido (12). As doenças, o frio, o stress e o trauma psicológico, a diminuição da mobilidade (31), a maior dificuldade de acesso aos alimentos e

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de os preparar (31) e as alterações sociais, tornam este grupo particularmente vulnerável afectando o seu estado nutricional e aumentando o risco de desnutrição (11, 12).

Aumentar o acesso às rações e aos programas de alimentação suplementar, assegurar que as rações são facilmente digeríveis e fáceis de preparar e que contemplam as necessidades nutricionais acrescidas deste grupo, especificamente dos micronutrientes (11), são medidas necessárias para este grupo de risco. Além disso, é importante assegurar que a ingestão de líquidos é suficiente para prevenir a desidratação e facilitar a digestão (31).

6. KIT BÁSICO DE ALIMENTAÇÃO PARA SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA 6.1. KIT DE ALIMENTAÇÃO PARA VÍTIMAS

O kit básico de alimentação tem como objectivo servir não só como linha orientadora às entidades responsáveis, para escolha de alimentos adequados para situações de emergência mas como ponto de partida para a determinação das necessidades energéticas da população afectada.

Foi elaborado com base nas recomendações calóricas que a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza para situações de emergência em países industrializados com perfil demográfico com distribuição normal, com temperatura de 20ºC e com baixo nível de actividade física, devendo ser logo que possível ajustado às condições do meio e da população afectada (5, 31).

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As necessidades calóricas preconizadas pela OMS são de aproximadamente 2200 Kcal com cerca de 10-12% de proteína e cerca de 17-20% de gordura (5, 31).

Para a escolha dos alimentos que satisfaçam as necessidades de vítimas de fenómenos naturais, nas fases iniciais de emergência foram considerados os seguintes factores: o valor nutricional dos alimentos (energia, proteína, gordura e micronutrientes) (5, 13, 31, 35, 42), variedade (5, 6, 31, 35), rapidez de rotação de stocks em situação normal (27), baixo custo (5, 27), baixa perecibilidade (5, 27, 31, 42), facilidade de preparação/confecção, reduzido consumo de água (5, 15, 27, 35, 42) e combustível para a sua confecção (5, 15, 35), logisticamente fácil de distribuir, armazenar (5, 15, 42) e transportar (5, 12, 15, 27, 31, 42) e considerando ainda hábitos culturais (5, 15, 31, 35, 43), gostos e preferências da população Portuguesa (5, 6, 15, 31, 43).

Pressupostos do kit de alimentos:

 O fenómeno natural que dá origem à emergência ocorre em área

limitada (cidade de V.N.G.);

 Impossibilidade de cozinhar nos três primeiros dias;

 Impossibilidade de aceder a produtos frescos ou congelados;  O fenómeno natural que dá origem à situação de emergência

consiste num dos que têm maior probabilidade de ocorrência em V.N.G., secas, fogos florestais ou inundações (24-26);

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Os kits básicos de alimentação apresentados são sugestões para 3 dias em situação de emergência.

Alguns dos alimentos apresentados são comuns aos 3 dias, pretendendo-se que sejam consumidos nas refeições do pequeno-almoço, merendas da manhã e da tarde e ceia, sendo eles: o leite (este alimento, não recomendado pelas ONG devido à sua dificuldade de preparação em condições higiénicas seguras, é incluído neste kit de alimentação, uma vez que o UHT tem um período de conservação relativamente alargado – 6 meses, além de ser rapidamente conseguido pelas autoridades e ter um elevado valor nutricional e cultural) (5, 31, 37, 43), o pão, as bolachas ou os cereais, compotas, doces ou marmelada, o açúcar, café solúvel e chá de ervas.

Os restantes alimentos, pretende-se que sejam consumidos nas refeições do almoço e jantar.

Nestas refeições e considerando todos os factores enunciados, os alimentos mais adequados são:

 Os enlatados devido à baixa perecibilidade e elevado período de conservação e elevado valor proteico;

 Os cereais devido à sua riqueza nutricional em energia, hidratos de carbono e micronutrientes, em especial vit do complexo B e também baixa perecibilidade e elevado período de conservação;

 O pão, devido ao seu elevado valor cultural, em situações em que pode ser fornecido e não há capacidade de cozinhar devendo ser o preferido ao arroz e

(48)

 O chá e o café, porque são considerados alimentos conforto e fazem parte dos hábitos alimentares mais comuns dos Portugueses, devendo por isso ser incluídos no kit de alimentação (43);

 Os frutos gordos e amiláceos porque são ricos em energia e vit do complexo B e apresentam baixa perecibilidade (37, 39);

A composição nutricional dos kits foi calculada recorrendo à Tabela de Composição dos Alimentos Portuguesa ou à pesquisa de rótulos em superfícies comerciais que permitiram estimar a quantidade e composição nutricional de determinados alimentos da ração. O cálculo foi realizado de acordo com as seguintes fórmulas:

 (N x P)/100= quantidade do nutriente (g ou Kcal);

(N – quantidade do nutriente em 100g de alimento (g ou Kcal) e P – peso do alimento a fornecer (g);

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Alimentos Quantidade Energia (Kcal) Proteína (g) Gordura (g) HC (g)

Leite UHT Gordo 500ml 310,0 15,0 17,5 23,5

Pão Mistura 400g 1052,0 23,6 3,2 225,6 Compota 35g 83,3 0,14 0 21,7 Açúcar 20g 78,2 0,0 0 19,9 Café solúvel 4g 9.2 0.6 0.0 1.6 Chá Ervas 3g 0.0 0,0 0,0 0.0 Total - 1532.7 39.4 20.7 292.3 Salada Mediterrânea* 157g 129,0 10,2 9,0 1,8 Atum** 100g 214,0 24,3 13,0 0,0 Frutos Gordos e Amiláceos 20g 137,8 3,3 13,5 0,7 Feijão com chouriço** 425g 113,0 5,7 4,8 11,7 Total - 2126.5 82.9 61.0 306.5 Água 1,5L 0 0 0 0 Recomendação -- 2200,0 66,0 48,9 374,0

*Salada enlatada compota por: atum, cenoura, pimento, ervilhas, cebola, água, azeite, óleo, vinagre e sal.

** Alimentos enlatados. Atum em conserva de óleo vegetal.

Tabela 1 - Composição nutricional em macronutrientes do kit básico de alimentação para o 1ºdia de emergência.

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Alimentos Quantidade Energia (Kcal) Proteína (g) Gordura (g) HC (g)

Leite UHT Gordo 500ml 310,0 15,0 17,5 23,5

Pão Mistura 200g 526,0 11,8 1,6 112,8 Bolachas 150g 654,0 12,6 18,3 108,0 Doce 35g 79,8 0,1 0,0 21,2 Açúcar 20g 78,2 0,0 0,0 19,9 Café solúvel 4g 9.2 0.6 0,0 1.6 Chá Ervas 3g 0,0 0,0 0,0 0.0 Total - 1657,0 40.1 37.4 286.9 Salada Califórnia* 157g 129,0 10,2 9,0 1,8 Polvo** 72g 149,2 23,7 3,6 5,5 Fruto Gordo e Amiláceo 20g 137,8 3,3 13,5 0,7 Grão-de-bico com chouriço** 425g 113,0 5,7 4,8 11,7 Azeitonas** 30g 51,6 0,4 5,6 0,0 Total - 2237.8 83.5 73,9 306.7 Água 1.5L 0,0 0,0 0,0 0,0 Recomendação - 2200,0 66,0 48,9 374,0

* Salada enlatada composta por: atum, milho, cenoura, azeitonas, azeite, óleo, vinagre e vinho. ** Alimentos enlatados. Polvo em conserva de óleo vegetal.

Tabela 2 - Composição nutricional em macronutrientes do kit básico de alimentação para o 2º dia de emergência.

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Alimentos Quantidade Energia (Kcal) Proteína (g) Gordura (g) HC (g)

Leite UHT Gordo 500ml 310,0 15,0 17,5 23,5

Pão Mistura 200g 526,0 11,8 1,6 112,8 Cereais 150g 540,0 21,0 3,8 103,5 Marmelada 40g 108,4 0,0 0,0 27,9 Açúcar 20g 78,2 0,0 0,0 19,9 Café solúvel 4g 9.2 0.6 0.0 1.6 Chá Ervas 3g 0.0 0,0 0,0 0.0 Total - 1571.8 48.5 22,9 289.2 Salada Milanesa* 157g 122,6 9,0 7,8 4,1 Sardinha** 95g 176,7 24,9 8,6 0,0 Fruto Gordo e Amiláceo 20g 137,8 3,3 13,5 0,7 Lentilhas com** Chouriço 425g 100,0 5,5 4,5 9,5 Total - 2108.9 91.3 57.2 303.5 Água 1.5L 0,0 0,0 0,0 0,0 Recomendação -- 2200,0 66,0 48,9 374,0

*Salada composta por: atum, milho, cenoura, cogumelos, pimento, azeite, óleo e vinagre. **Alimentos enlatados. Sardinha em conserva de óleo vegetal.

Tabela 3 – Composição nutricional em macronutrientes do kit básico de alimentação para 3º dia de emergência.

(52)

Alternativas:

No caso da situação de emergência se prolongar por mais de 3 dias sem a possibilidade de preparar/cozinhar alimentos, as refeições prontas a comer como feijoada, dobrada com grão-de-bico, lulas e salsichas, não consideradas nos kits de alimentação podem ser incluídas para aumentar a sua variedade, uma vez que respondem aos critérios utilizados para a escolha dos alimentos para situações de emergência. Para a substituição das saladas fornecidas nos kits, os enlatados de cogumelos, milho, ervilha e tomate podem constituir alternativas nutricionalmente aceitáveis e possíveis de serem fornecidas.

Determinados alimentos foram escolhidos, de acordo com os gostos e consumos dos Portugueses, como o chá, café e compota ou equivalentes, não pelo seu valor nutricional, mas para tornarem o kit mais aceite culturalmente (8). Os cereais e bolachas pretendem constituir uma alternativa à impossibilidade de fornecer pão, podendo ser substituído total ou parcialmente em todos os kits, de acordo com a situação em causa. Outros alimentos como “barritas de cereais”, podem também constituir alternativa.

Nas situações em que é possível preparar/cozinhar alimentos, substituir 120g de pão por 100g de arroz ou massa, nas refeições do almoço e jantar aumentaria a adequabilidade nutricional do kit e seria culturalmente mais aceite, de acordo com o estudo do Consumo Alimentar no Porto de 2006 (43). Nestas circunstâncias, as sopas pré-confeccionadas, podem também constituir boas fontes de nutrientes.

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Kit de alimentos Quantidade em (g) Alimentos

Tipo 1 Tipo 2 Tipo 3

Energia (Kcal) 2127,0 2238,0 2109,0 Proteínas(%VET) 15.6% 14.9% 17.3% Gordura (%VET) 25.8% 29.7% 24.4% Hidratos de Carbono (%VET) 57.7% 54.8% 57.7% Tiamina (mg)* 1.02 1.61 0.76 Niacina (mg)* 16.78 7.58 17.38 Vitamina B2(mg)* 1.09 1.59 1.16 Vitamina C (mg)* 0.20 0.20 0.20 *ANEXO 2, 3 e 4.

Tabela 4 – Caracterização da percentagem (%) cada nutriente nos kits de alimentação dos 3 dias considerados, respectivamente tipo 1, 2 e 3 e quantidade de alguns micronutrientes em miligramas (mg).

6.2. KIT DE ALIMENTAÇÃO PARA BOMBEIROS

O kit básico de alimentos para os Bombeiros tem como objectivo servir como linha orientadora, às entidades responsáveis, para escolha de alimentos adequados para Bombeiros que actuam em situações de emergência, e estão privados, por longos períodos de tempo, de alimentos fornecedores de energia que lhes permitam enfrentar situações de maiores exigências físicas e emocionais.

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A escolha dos alimentos para satisfazer as necessidades energéticas e nutricionais destes profissionais foi baseada, nos gostos, nas preferências e hábitos culturais (43), na variedade de alimentos, na facilidade de adquirir e preparar em situação de emergência, bem como na facilidade de transporte, distribuição e comodidade para consumir rapidamente, uma vez que apesar do estado de saúde de cada profissional ser primordial, determinadas emergências não permitem despender muito tempo. Além disso, foi considerado o tipo de emergência – consequente dos fenómenos mais prováveis de ocorrerem em Portugal e, mais especificamente no Concelho de V.N.G: fogos florestais, secas e inundações (7, 25, 26).

Segundo as recomendações militares, as rações restritas, usadas em situações de operações, devem fornecer pelo menos 1100 a 1500 Kcal (cerca de 50 a 70 g de proteína, um mínimo de 100g de HC por cada ração, devendo estes variar cerca de 300 a 400g de HC ao longo do dia) (19). Contudo, alguns estudos demonstram que uma grande quantidade de HC ingeridos não tem benefício na performance. A ingestão de cerca de 16g por hora é suficiente para o desempenho óptimo da sua capacidade física (21).

Manter a hidratação através da ingestão regular de água, ao longo de todo o dia e, em especial durante exercícios e operações, são as recomendações da força aérea - cerca de ¼ de um cantil (aproximadamente ¼ de litro) de água por hora (20, 22, 23).

O nível de sódio deve ser mantido através da ingestão de uma alimentação adequada e equilibrada.

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Enquanto a água é usualmente a bebida mais adequada para promover a hidratação durante a actividade física militar, segundo as recomendações da US Army, bebidas desportivas contendo HC e sódio, pode ser adequado para aumentar a ingestão energética e manter a performance dos militares durante operações, quando a disponibilidade de alimentos ou a ingestão destes é inadequada (19, 22, 23).

Os alimentos que mais adequadamente podem satisfazer as necessidades nutricionais destes profissionais, promovendo hidratação e suprimento adequado de HC e minerais como o sódio podem ser através de alimentos na forma sólida como frutas (banana) e pão ou bolachas ou barras de cereais ou na forma líquida como bebidas desportivas (21).

Este kit de alimentação fornece uma lista de alimentos mais adequados a estes profissionais em situações de cerca de 8 horas em emergência, fornecendo dois tipos de kit a serem fornecidos, mediante uma situação de pequeno-almoço, merenda ou ceia, na 1ª opção e de almoço ou jantar na 2ª opção. Contudo, deve ser ajustado a cada situação.

A composição nutricional dos kits foi calculada recorrendo à Tabela de Composição dos Alimentos Portuguesa ou à pesquisa de rótulos em superfícies comerciais que permitiram estimar a quantidade e composição nutricional de determinados alimentos da ração. O cálculo foi realizado de acordo com a seguinte fórmula:

Referências

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