UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA
CATARINA
CENTRO
SÓCIO-ECONÔMICO
'
DEPARTAMENTO
DE
ECONOMIA
`\
CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
1 ~ r
UMA
ANAL|sE
DEscR|T|vA
DA
coRREçAo
MoNETAR|A
No
BRAs|Lz
lnício eFim
(1964-1994).NELSON
PEREIRA
SIQUEIRA
FLORIANÓPOLIS
-SANTA
CATARINA
1999 '
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA
CATARINA
\ A
CENTRO
SÓCIO-ECONOMICO
DEPARTAMENTO
DE
ECONOMIA
`CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
uMA
ANÁi.|sE
DEscR|T|vA
DA
coRREçAo
MoNETÁR|A
No
BRAs|i_z inicie eFim
(1964-1994).Monografia submetida ao Departamento de Ciências
Econômicas
para obtençãoadecarga horária na disciplina
CNM
5420-
Monografia.Acadêmico:
NELSON
PEREIRA
SIQUEIRA
Orientador:
PROF.
RicardoJosé
Araujo OliveiraÁrea
de
Pesquisa:Economia
BrasileiraPalavras
-
Chaves: 1-
Correção Monetária._ 2
-
Indexação.3
-
Inflação.III
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA
CATARINA.
CENTRO
SÓCIO-ECONOMICO
DEPARTAMENTO
DE
ECONOMIA
CURSO
DE
GRADUAÇÃO
EM
CIÊNCIAS
ECONÔMICAS
A
Banca
Examinadora resolveu atribuir a nota aluno Nelson PereiraSiqueira na disciplina
CNM
5420-
Monografia, pela apresentação deste trabalho.:Banca
examinadora:Prof. Preskpente @¿¡U5¬¡¿/4
O
Prof.
Membro
F
49/? fz//M/da 55/15/4
AGRADECIMENTOS
A
Deus,que
me
acompanha
e iluminameu
caminho.Aos
meus
pais, especialmente a minha mae, peloamor
e orgulhoque
sempre
demonstrouA
minha esposa Sueli, pelo seu apoio durante todos esses anos.Meus
agradecimentos ao orientador, Professor Ricardo José Araujo Oliveira.Aos
professores do cursoque
muito contribuíram para minha formaçãoacadêmica, pelo carinho, incentivo, apoio e principalmente pela disposição
em
ajudar,
meus
sinceros agradecimentos._
À
direção e funcionários do Departamento e Coordenadoria do Cursode
Ciências Econômicas.
E
por fim, agradeço a todosque
de alguma maneira contribuiram paraque
V
su|v|ÁR|o
SUMÁRIO
RESUMO
LISTA
DE ABREVIATURAS
E
SIGLAS
___aCAPÍTULO
I 1. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 Introdução V Considerações iniciaisO
problema Objetivos Metodologia Organização do estudoCAPÍTULO
II 2. 2.1 2.2 2.3 2.4 2.4.1 2.4.2 2.4.3 2.4.4 2.4.5 _ 2.4.6. 2.4.7. 2.4.8. 2.4.9. 2.4.10. 2.4.11.Evolução da inflação sob a perspectiva histórica
A
origem da inflaçãoA
inflação na Idade Antiga, (Grécia eRoma)
A
inflação na Idade Média e IdadeModerna
(453-1789)A
inflação na IdadeContemporânea
(1789 até hoje)Teoria
do
valor do ouro 'Teoria da quantidade de
moeda
Teoria das trocas .
Teoria dos preços internacionais
Teoria da renda Teoria Keynesiana
Teoria das
margens
de lucroTeoria das expectativas
Teoria da liderança salarial Teoria monetarista 4
2.4.12. 2.4.13. 2.5. 2.5.1. 2.5.2. 2.6. 2.6.1. 2.6.2. 2.6.3. 2.6.4. 2.7. 2.7.1. 2.7.2. 2.7.3. 2.7.4. 2.8. Teoria institucionalista Teoria marxista
Principais causas da inflação
Causas
microeconômicas da inflaçãoCausas macroeconô
m
icas da inflaçãoTipos de inflação Inflação de
demanda
Inflação de custos Inflação de lucros Inflação estruturalO
combate
à inflaçãoO
monetarismoO
keynesianismoO
institucionalistaO
marxistaPrincipais conseqüências da inflação
CAPÍTULO
III 3. 3.1. 3.1.2. 3.1.3. 3.2. 3.2.1. 3.2.2 3.2.3. 3.2.3.1 3.2.3.2. 3.2.4. 3.2.5. 3.3.A
inflação brasileira _A
origem da inflação brasileiraAscausas
iniciais da inflação brasileiraAs
causas da inflação brasileira atualA
dívida externa brasileiraA
evoluçao históricaO
início dos empréstimos externosA
divida externa atualAs
causas da divida externa atualAs
explicaçoes para a crise da divida externaA
crise recente da dívida externaConsideraçoes finais
3.3.1. 3.3.2. VII
A
interferência externaAs
conseqüências da hiperinflaçãocAPiTuLo
Iv 4. 4.1. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. 4.5.1. 4.5.2.. 4.5.3. 4.5.4. 4.5.5. 4.5.6.. 4.5.7. 4.6. 4.6.1. 4.6.2. 4.6.2.1 4.6.2.2. 4.6.2.3 4.6.2.4 4.6.2.5A
correção monetária na economia brasileira e sua conseqüenteindexação (1964-1994) L ç ç 3
A
origem da indexação çIndexação versus correção monetária .
-
A
origem e a evolução do Instituto da Correção Monetária no BrasilO
ideólogo da correção monetária no BrasilA
correção monetária e os índices de inflação no BrasilO
Índice de Preços aoConsumidor
daFundação
Getúlio Vargas (IPC-FGV)O
Índice Nacional de Preços ao consumidordo
Instituto Brasileirode
Geografia e Estatística
(INPC
do IBGE)O
Índice de Preços aoConsumidor
daFundação
Institutode
Pesquisas
Econômicas
(IPC daFIPE-USP)
O
Índice de Preços por Atacado (IPEA daFGV)
O
Índice do Custo da Construção (ICC daFGV)
O
Índice Geral de Preços (IGP daFGV)
Os
Índices e as pressões políticasA
correção monetária na economia brasileira 1964-1986 (doPAEG
aoCruzado)
Evolução dos processos de cálculo da correção monetária -
Obrigações reajustáveis do Tesouro Nacional
A
difusão da correção monetária na economiaA
correção monetária nas tarifas dos serviços públicosA
correção monetária nomercado
de capitaisA
correção monetária nomercado
imobiliárioA
correção monetária nos saldos devedores e prestações decontratos imobiliários
4.6.2.6.
A
correção monetária nos aluguéisde
imóveis residenciais4.6.2.7.
A
correção monetária nos débitos trabalhistas4.6.2.8.
A
correção monetária nos débitos fiscais e contribuições devidas aPrevidência Social
4.6.2.9.
A
correção monetária na política salarial4.6.2.10
A
correção monetária na política cambial4.6.2.11
A
correção monetáriano
balanço dasempresas
4.7.
As
tentativas recentes de desindexar a economia e controlarainflação
A
4.7.1.
Os
planos de estabilização4.7.2.
O
Plano Cruzado4.7.2.1.
O
início do Plano Cruzado4.7.2.2.
As
origensdo
Plano Cruzado4.7.2.3. Preparação para a implantação do Plano Cruzado
4.7.2.4.
A
divulgação do Plano Cruzado4.7.2.5. Conseqüências práticas do Plano Cruzado
4.7.2.6.
O
pacote complementar ^ 4.7.3.O
Plano Bresser 4.7.4.`O
PlanoVerão
4.7.5.O
Plano Collor 4.7.6.O
Plano RealCONCLUSAO
REFERENc|As
B|BL|oGRÁF|cAs
IX
RESUMO
Esta monografia
tem
dois objetivos: o primeiro é o de procurar fazeruma
síntese
do
processo inflacionário, especialmente o brasileiro, buscando mostrarque
a inflação foi “nossa companheira”
desde
o descobrimento.E
cumpriu o seuobjetivo, isto é, permitiu
que
ao longo dequase
cinco séculos aacumulação de
capital,
mas
não foi capazde
criar as condições necessárias e suficientesque
possibilitassem o desenvolvimento econômico.
O
segundo
objetivo foi mostrarque
num
processo inflacionário histórico crônico e passando parauma
hiperinflação,associado a
uma
conjuntura política de ditadura militarrecém
iniciada e .com fortedependência externa, a correção monetária “evitou”,
que
o país, sofresse asmesmas
conseqüênciasque
outros paises já haviam sofrido, no inicio da ditadura militar.V
Para a plena consecução do estudo foram utilizadas as análises
de
autores eestudiosos da área econômica,
que
através de seus estudos, conceituaram ecaracterizaram a questão da inflação e da indexação. Para esta
fundamentação
teórica e interpretação dos
dados
foram consultadas diversas publicações da áreaeconômica,
que
abordam
questoes referentes à temática aqui estudada. .A
partir dessa pesquisa, conclui-se que a utilização da correção monetáriacombinada
com
altas taxas de inflação no Brasil e alto nível de endividamento externocomo
forma de promover o crescimento econômico foiuma
combinação
econômica que
possibilitou o crescimento econômico brasileiro,mas sem
romper aLISTA
DE
ABREVIATURAS
E
SIGLAS
BTN
-BÔNUS DO TESOURO
NACIONAL
`BTN
FISCAL
-BÔNUS DO TESOURO
NACIONAL
FISCAL
IGP
-ÍNDICE
GERAL DE
PREÇOS
FGV
-FUNDAÇÃO
GETÚLIO
VARGAS
`FIPE
-
FUNDAÇÃO
INSTITUTO
PESQUISAS ECONÔMICAS.
IBGE - INSTITUTO
BRASILEIRO
DE
GEOGRAFIA
E ESTATÍSTICA.
INPC
-ÍNDICE
NACIONAL
DE
PREÇOS
AO
CONSUMIDOR
IPCA
-INDICE
DE
PREÇOS
AO
CONSUMIDOR
AMPLIADO
IPC -
ÍNDICE
DE
PREÇOS
AO
CONSUMIDOR
IPA -
INDICE
DE
PREÇOS AO
ATACADO.
ICC
-ÍNDICE
DO CUSTO
DA
CONSTRUÇÃO
OTN
-OBRIGAÇÃO
DO
TESOURO
NACIONAL
ORTN
-OBRIGAÇÃO REAJUSTÁVEL
DO
TESOURO
NACIONAL
UFIR-
UNIDADE
FISCAL
DE
REFERÊNCIA.
PAEG
-
PROGRAMA
DE
AÇÃO
ECONÔMICA
DO
GOVERNO.
FMI -
FUNDO
MONETARIO
INTERNACIONAL.
BID
-
BANCO
MUNDIAL
OMC
-
ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL
DE
COMERCIO.
CEPAL
-
COMISSÃO
ECONOMICA
PARA A AMÉRICA
LATINA.ONU
-
ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES
UNIDAS
OEA
-
ORGANIZAÇÃO
DOS
ESTADOS
AMERICANOS.
SFH
-
SISTEMA FINANCEIRO
DA
HABITAÇÃO
UPC
-
UNIDADE
PADRÃO
DE
CAPITAL.
FGTS
-
FUNDO
DE
GARANTIA
POR
TEMPO
DE
SERVIÇO.
PIS
-
PROGRAMA
DE INTEGRAÇÃO
SOCIAL.
‹PASEP
-
PROGRAMA
DE
ASSISTÊNCIA
AO
SERVIDOR
PUBLICO
URP
-UNIDADE
DE REFERENCIA DE
PREÇO.
Ã
TR
-
TAXA
REFERENCIAL
DE
JUROS.
URV
-
UNIDADE REAL
DE
VALOR.
Capitulo I
1.
INTRODUÇÃO
1.1.
CONSIDERAÇÕES
INICIAISA
inflação éum
fenômeno
econômico e social muito antigo;Um
dos períodosmais remotos
de
rápidoaumento
do nível de preços, deque
setem
registro,ocorreu na antiga Grécia-, por volta de 330 a.C., no
reinadode
Alexandre, oGrande, após a conquista da Pérsia. Esta inflação foi provocada pelo súbito
aumento
dovolume
demoeda
elevou os preços e salários por todo o ImpérioHelênico.
Toynbee
apud Moulton (1958, P.9), relata o ocorrido.“O súbito
aumento
do volume damoeda
provocou a miséria entre oscamponeses
e os trabalhadores.Os
preços se elevaramextraordinariamente e a
desordem
financeira levouao pauperismo
uma
sociedadeque
até então gozava de relativa segurança”.Após
este primeiro registro, encontram-se relatos ao longo de toda história dahumanidade de
persistenteaumento
dos preços.Em
Roma
no primeiro século daera cristã Wells apud Moulton (1958, p.10) relata:
“A
moeda
era nova e rebelde na experiênciahumana. Ninguém
podia controla-/a. Flutuava desmesuradamente. Ora era abundante, ora escassa.Os
homens
traçavam os mais astutos e rudimentares planospara açambarca-/a, amea/há-/a e
aumentar
os preços, lançandono
mercado
os metais entesousarados.Pequeno
grupo constituidode
homens
muito sagazes se tornavaimensamente
rico”.Em
1526, Nicolau Copérnico apud Clerc (1988, p.1), relatou da seguintemaneira os maiores problemas da Europa de sua época:
“Tão inumeráveis quantos sejam os ~flage/os
que
geralmentecausam
adecadência dos reinos, dos principados e das repúblicas, os quatro
seguintes são os mais temiveis na
minha
opinião: a discórdia, aEm
1568, Jean Bodin apud Moulton (1958, p.11), escreveu o seguinte:“Penso
que
os altos preços de hoje sao devidos a quatroou
cincocausas.
A
principal, equase
única (até agoranão
assinalada porninguém), é a abundancia de ouro e prata, hoje muito maior neste
Reino do
que há
quatrocentos anos passados.A
segunda
é devida,em
parte aos monopólios.A
terceira é a escassez provocada deum
lado pela exportação e
de
outro, pelo desperdício.A
quarta, o caprichodos reis e dos grandes senhores,
que
aumentam
o preço dos produtosquando
lhes convém.A
quinta resulta da abundância de dinheiro,rebaixado de seu antigo padrão.
É
a abundância de ouro e prataque
provoca a depreciação desses metais e a carestia dos
bens
apreçados...”.
Seguindo a
mesma
linha de raciocínio de Jean Bodin, Milton Friedmanapud
Clerc (1988, p.17), afirma que “A inflação é sempre,em
qualquer situação,um
fenômeno
monetário”. '.
A
concepção de inflação de Bodin e Friedaman baseia-se no seguinteraciocínio: aumentar a quantidade de notas
-
ou demoedas -
em
circulação,sem
aumentar namesma
proporção as mercadorias produzidas,só
pode
provocar a alta dos preços.
O
que
determina a riqueza e obem
estar deum
paísé o
que
ele produz, e não amassa
demoeda
que
circula.Se
esta aumentarsem
que
o produto aumente, fatalmente a inflação se seguirá, porque ademanda
de
bens e serviços aumentará
sem
que a oferta (a produção)mude
No
entanto, este raciocínio só é verdadeiroquando
se supõeque
acriação monetária não
tem
qualquer incidência na produçãoem
simesma.
Mas
se o
aumento
do volume demoeda
permitir produzir mais, pôrem
ação forçasde
trabalho e equipamentos até então não utilizados. Neste caso, a criação
da
moeda
aumenta
aomesmo
tempo, otamanho
do bolo e onúmero de
fatias.Só
haverá inflação se osegundo
efeito (aumento das despesas) prevalecer sobre oprimeiro (aumento da produção).
A
análise de Jean Bodin supõeque
amoeda
seja neutra, isto é,'que oaumento
(ou, eventualmente, a diminuição) da quantidade demoeda
circulante3
A
neutralidade damoeda
significaque
a economia real e aeconomia
monetária são idênticas, exceto no
que
se refere ao instrumento: se houver muitaou
pouca
moeda
nãomuda
nada,apenas agrandeza
na qual são expressos ospreços.
Quanto
maior a quantidade demoeda,
maior será o preço, eis a únicaconseqüência de emissão de moeda. Exatamente
como
se,em
vez de medirem
metros, se decidisse fazê-lo
em
decímetros: as grandezas aparentes-
que
oseconomistas
chamam
de nominais-
são modificadas,mas
o objetomedido tem
sempre
amesma
medida rela.Essa
concepção damoeda
quase
não foi discutida até 1930,quando
Keynes, o grande economista britânico, a colocou
em
questão. Foi ele oresponsável pela maioria das políticas econômicas dos pós-guerras.
O
conceitode
inflação delas decorrente parecia natural: a alta dos preços éum
fenômeno
monetário, ligado ao
aumento
da quantidade demoeda
e proporcional a esta.Posteriormente Friedman-aperfeiçoou a teoria monetarista, acrescentando
o raciocínio sobre valores de caixa (representa
uma
proporção determinada dascompras alguém
se dispõe normalmente a fazer) e a antecipação racional (osagentes econômicos
prevêem
as altas dos preços e as antecipam). Desta formaos monetaristas reencontraram suas conclusões sobre a neutralidade da
moeda.
Pois para eles não se
engana
omercado
impunemente, pode-se até conseguirem
curto prazo fazendo a emissão demoeda
ser ativa (isto é, agindo sobre asvariáveis reais da economia).
Mas
em
longo prazo, os agentes sociaiscompreenderão
bem
esta aceleração regular do ritmo inflacionário e oincorporarão, antecipando-0 às suas reações. Portanto,
em
longo prazo, todaemissão de
moeda
termina por pesarsomente
sobre os preços, jáque
ocrescimento econômico não
depende
da política monetária, só a inflação.U
As
teses monetaristas foram aplicadas nosEUA
e na Inglaterra, nosGovernos de
Reagan
e Thatcher respectivamente.Nos EUA,
a reduçãoda
inflação via redução da quantidade de
moeda
emitida (1981-1983), provocouredução no nível da atividade econômica e
aumento
do desemprego. Valelembrar
também
que
a forte alta das taxasde
juros americanos a partirde 1979
fez
com
que
uma
quantidadeenorme
de capitais afluísse para lá, permitindo arecuperação
da economia
americana e financiando o seu gigantesco déficitpúblico.
.A inflação é,
em
parte,um
fenômeno
monetário.A
história mostraque
aemissão de
moeda
terminasempre
repercutindo nos preços.Mas
ela nãotem
sóesse efeito: a
moeda
estimula a atividade econômica, demodo
que
a emissãode
moeda
provoca, aomesmo
tempo, crescimento e inflação,em
proporçõesvariáveis,
segundo
os períodos e os países considerados.E
é isso que dificulta aanálise:
uma
infinidade de fatores econômicos,mas também
políticos, sociais,sociológicos, históricos, são suscetíveis de influenciar a inflação, explicando que,
em
determinadas circunstâncias, a criação demoeda
terá tido, sobretudo,um
efeito sobre a atividade produtiva e,
em
outras,um
efeito sobre os preços.Assim, toda luta contra a inflação provoca
uma
reduçãode
atividade, variávelsegundo
os países e as épocas.Em
outras palavras, a inflação nãopode
ser analisada
somente
como
um
fenômeno
monetário.É
também
um
fenômeno
real
-
ou seja,um
fenômeno
que encontra sua fonte no próprio seio da produçãoou da divisão de rendas
-
cuja eliminaçãosempre
custaalguma
coisa.Por conseguinte, é preciso optar
num
dado
momento
entreum
pouco
maisde inflação e
um
poucomenos
de crescimento econômico.A
inflaçãonão
éum
mal secundário
de
que se possa livrar medianteuma
operação cirúrgicasem
importância,
como
pretendem os monetaristas.É
um
fenômeno
estreitamenteligado ao crescimento econômico, ao emprego, ao poder de compra: comparável
a
um
tumor, sua extirpação passa pelo corte. deum
pedaço de órgão, cirurgiaque, obrigatoriamente, deixa o doente enfraquecido.
E
nunca setem
a certezade
que
o tumor não reaparecerá. Por isso, algumas pessoas preferem vivercom
adoença
a suportar terapias de alto risco,com
efeitos dolorosos e, talvez, limitados.5
1.2.
O PROBLEMA
Não
há país algum domundo,
nem
mesmo
os socialistas, que esteja livreda
inflação.A
inflação está presenteum
pouco
por toda aeconomia
moderna.Mesmo em
pequena
dose, a inflaçãoage
em
profundidade sobre arepartição das riquezas, e por esse meio sobre o comportamento cotidiano dos
agentes econômicos.
Mas
a inflação não se satisfazcom
pequenas
doses,aumenta
espontaneamente atédesembocar
em
situações absurdas.A
inflação traduz-se poruma
atividade econômica continuada,mas
também
oruma
re arti ão ca richosa das ri uezas, orum
certodeses
P ero pelos compromissostomados
ou recebidos,uma
certa desconfiança mútua,um
espírito de contestação sistemática.
O
progresso econômico, talcom
se concebe hoje é o crescimentoassociado ao pleno emprego.
O
crescimento não se apóia necessariamente naquantidade de bens produzidos e distribuídos; pode consistir
em
produzir bensde
melhor qualidade, ou
em
produzir osmesmos
benscom
uma
duração de trabalhoreduzida.
O
plenoemprego
não se refere necessariamente aos equipamentos,mas
sempre
aos homens: cada indivíduo disposto a trabalhar deve encontrartrabalho.
Acabar
com
a inflaçãosem
contrariar o plenoemprego
éum
objetivo muitodifícil
de
alcançar.Supõe
que,em
cada setor de atividade, a procura estejasempre
exatamente adaptada à oferta,sem
a exceder (porque isso seria ainflação),
nem
lhe ser inferior (isso seria o subemprego). Para obter esseresultado, os poderes públicos deveriam dispor,
com
perfeito domínio técnico,de
uma
informação rápida e objetiva capaz de lhes permitir dosarcom
precisão osremédios; seria necessário
também
que as estruturas econômicasfossem
suficientemente fluidas para reabsorver os desfazimentos acidentais entre aNão
estando nunca reunidas (até hoje não se conhecimento da existênciareal de todas essas pré-condições reunidas
num
único paísem um
determinadomomento), não é possivel realizar o progresso
sem
inflação.Tudo
o que sepode
fazer é aproximar-se deste objetivo, isto é, reduzir a alta dos preços ao
mínimo
compatível
com
o pleno emprego.O
Brasil convivecom
ofenômeno
da lnflaçãodesde o seu descobrimento.Para controlar e debelar este
fenômeno
econômico as autoridadesgovernamentais já fizeram uso todos os instrumentos de política
econômica
(principalmente os monetaristas) de
que
setem
conhecimento.Todas
as experiências de estabilização da economia aplicadas no Brasilfalharam.
A
atual experiênciaem
-vigor não apresenta até hoje sinais concretos deque
poderá vir a ter sucesso.Também
não possui-se conhecimentode
nenhum
plano
econômico
nos moldes preconizados peloFundo
Monetário Internacional,tenha obtido sucesso concreto
em
longo prazoem
qualquer lugardo
planetadesde
1950quando
foi aplicado o primeiro plano no Chile.A
primeira tentativade
peso para combater a inflação foi a realizada após a Revolução de 1964.
A
principal preocupação do
Governo
Castello Branco foi combater a hiperinflaçãoque
progredia rapidamente e igualmente, estabelecerum
convívio tão pacíficoquanto possível
do
sistema econômico pela amplaadoção
do instituto da correçãomonetária.
O
plano decombate
à inflação, intituladoPAEG,
Programa de
Ação
Econômica do
Governo, baseou sua atuação na contenção da altade
preços notripé fiscaI-monetário-salarial. -
“É preciso reduzir o déficit,
devemos
combater a inflação".Com
esteslogan, a partir de 1985,
quando
oFundo
Monetário Internacional (FMI),Banco
Mundial (BID) e a Organização Mundial de Comércio (OMC),
passam
a exercer maior influência na economia latino americana,temos
a deflagração deuma
sériede
programasde
ajuste estrutural (PAES).São
lançados planos na Argentina,Brasil, Peru, Bolívia, México.
Todos
com
amesma
essência visam basicamente7
implementados
uma
série de reformasmacroeconômicas que provocam
odesmantelamento das instituições do Estado, o rompimento das fronteiras
econômicas
e o empobrecimento de milhões de pessoas,conseqüentemente
reduzindo a atividade econômica eaumentando
o desemprego.O
acúmulo de
grandes dividas públicas nestes paises e
em
outros conferiu aos interessesfinanceiros e bancários não só
uma
alavancagem politica,mas
também
o poderde
ditar a política social e econômica do governo.Para controlar a "inflação" passou-se a utilizar as seguintes
“recomendações” do
Fundo
Monetário Internacional: austeridade orçamentária(redução dos gastos governamentais, especialmente
em
áreas sociais), desvalorização namoeda
(especialmente a maxidesvalorização resulta noimediato e abrupto
aumento
dos preços, leva auma
sensívelcompressão
dosrendimentos reais, enquanto, ao
mesmo
tempo, reduz o valor da mão-de-obra, reduz o valorem
dólar das despesas do governo), liberalização do comércio(regulamentado pela Organização Mundial de Comércio) e privatização. Este
conjunto de medidas permite a liberação de receitas do estado para
pagamento
da
divida externa, cumprindo desta formadas “metas dedesempenho”
acordadascom
Fundo. 'Cumprindo
todas essas e outrasrecomendações
do FMI, o pais passa ater direito a receber novos empréstimos internacionais. Desta forma o circulo
vicioso se completa, pois cumprindo o “acordo”, a divida interna e externa
aumentam,
pois o Brasil é obrigado porum
dos pontos do "acordo" a continuarendividando-se externamente' e dar aos recursos
um
rótulo de social.A
correção monetária surgiu entre, nóscomo
uma
necessidadede
se“corrigir” as distorções provocadas pelo processo hiperinflacionário e impedir
que
a hiperinflação provoca-se no Brasil o que já havia acontecido
em
outros paises.A
necessidade política do governo revolucionário que se instalou no país após1964, criou as condições necessárias e suficientes para adoção
desse
mecanismo,
que
só foi institucionalizadoamplamente
em
dois países, Brasil e1.3.
OBJETIVOS.
Esta monografia tem dois objetivos: o primeiro é o de procurar fazer
uma
síntese
do
processo inflacionário, especialmente o brasileiro,buscando
mostrarque
a inflação foi “nossa companheira”desde
o descobrimento.E
cumpriu o seu objetivo, isto é, permitiu que ao longode quase
cinco séculos aacumulação de
capital,
mas
não foi capaz de criar as condições necessárias e suficientesque
possibilitassem o desenvolvimento econômico.
O
segundo
objetivo foi mostrarque
num
processo inflacionário histórico crônico e adentrando a hiperinflação,associada a
uma
conjuntura política de ditadura militar recém iniciada ecom
fortedependência externa, a correção monetária “evitou”,
que
o país, sofresse asmesmas
conseqüências que outros paises já haviam sofrido, no inicio da ditaduramilitar.
'
Os
objetivos específicos visamuma
síntese dos seguintes aspectos:o Analisar a evolução da inflação sob
uma
perspectiva histórica;o Apresentar
uma
síntese da inflação na economia brasileira;o Caracterizar a hiperinflação
como
um
fenômeno econômico de
indesejável; `
0 Estabelecer
uma
relação entre a inflação e a indexação,o Apresentar
uma
síntese da correção monetária naeconomia
brasileira entre 1964 a 1994.
1.4.
METODOLOGIA.
Para a plena consecução do estudo foram usados
dados
bibliográficosde
9
Para contextualizar a inflação
numa
perspectiva de históriaeconômica
mais geral apresenta-se
uma
breve retrospectiva sobre a evolução da inflação eem
seguida sua atuaçao na economia brasileira.Para fundamentação teórica e interpretação dos
dados
foram consultadosdiversos autores e estudiosos da área econômica, que
abordam
em
seus estudosquestões referentes à correção monetária, indexação e inflação.
O
tipode
trabalho realizado nesta -monografia refere-se aoque
Eco
(1985,p.3)
chama
de tese de copilação,onde
se procura levantar e analisar critica eordenadamente, a literatura a qual tivemos acesso, procurando expô-Ia
de
modo
claro e oferecendo
uma
visão abrangente sobre otema
nos seus mais diversosaspectos.
1.5.
oRGAN|zAçÃo
Do
EsTuDo
Esta monografia será apresentada
em
quatro capítulos.No
primeiro capítulo são feitas as considerações iniciais ligadas aotema
da pesquisa. Depois será feita a caracterização do problema.
Também
sãoapresentados os objetivos
que
se pretende alcançar,*a metodologia da pesquisaa ser utilizada, organização do estudo e as limitações da pesquisa;
O
segundo
capítulo apresentauma
síntesedo
processo inflacionãrio sobuma
perspectiva histórica;No
terceiro capitulo abordada a inflação brasileira sobuma
perspectivahistórica,
desde
o descobrimento até os dias atuais destacando o papeldo
endividamento externo e da hiperinflação
como
um
fenômeno econômico
econom
peflodo
trabalho
No
quarto capitulo apresentauma
síntese do processode
indexação daia e
uma
analise da correção na economia naeconomia
brasileira no1964-1994.
11
cAPíTui_o
||2.
EvoLuçÃo
DA
iN|=|_AçÃosoB.A
PERsPEcT|vA
H|sTÓR|cA
A
definição de inflação, praticamente consensual entre todos oseconomistas, é a de
que
estefenômeno
consisteem
uma
elevação persistente e generalizada dos preços, quer seja oriunda de problemas monetários(como
defendem
os monetaristas), quer seja devido a problemas estruturais (para osestruturalistas).
A
inflação éem
qualquer circunstânciaum
imposto que atingedesigualmente os indivíduos e as empresas, provoca a redistribuição da renda,
transferindo recursos do conjunto
dasociedade
paraum
grupo privilegiado.Guimarães
(1963, p. 7) afirmaque
“A inflaçãocomeça
confiscando dos pobresem
proveito dos ricos eacaba
confiscando pobres e ricos,em
proveitoexclusivo dos muito ricos”.
Muitos economistas
entendem
que a inflação só traz malefícios para aeconomia
e por conseqüência para o conjunto da sociedade, por isso deve sercombatida a qualquer custo. Outro grupo entende
que
a inflação é o preçoque
a sociedade deve pagar para manter o progresso econômico contínuo, portanto
qualquer luta contra a inflação supõe
um
custo (a redução do nível inflacionárioaumenta
o desemprego, reduz a atividade econômica, etc.).Um
terceiro grupoé defensor
do
processo inflacionáriocomo
instrumento de política econômica.Para este grupo a inflação é
um
mecanismo
de defesada
economia,sem
ela aeconomia
entrarianum
processo de estagnação e crise contínuo, alémde
serum
excelente instrumento de acumulação permanente de capital, fundamental para financiar o progresso econômico constante.Sob
esta ótica a inflaçãonão
é
um
problema é sim a solução para as crises econômicas (é melhor terinflação e ter
emprego
ou não ter inflação é estar desempregado?, é melhor oumenos
ruim ser “empresário”com
inflação ou serum
empresário falidosem
inflação?). Portanto não se deve combater a inflação, deve-se
apenas
procurarmantê-la sob controle. Por último
temos
um
grupoque
defende a tesede que
não
existe progressosem
inflação.2.1.
A
ORIGEM
DA
INFLAÇÃO
Ninguém
planejou o surgimento da Inflaçao. Ela' surgiu e seinstitucionalizou, historicamente
porzum
processo inteiramente inconsciente,como
surgiram na natureza as espécies vegetais e animais. Para Rangel(1986, p.81),
“...na origem
vamos
encontrar o acaso, o acidente aristotélico.Assim
como
a matéria inorgânica, sintetizando-se e analisando-se espontaneamente, milhões de vezes, sob inúmeras formas,
nas
mais variadas circunstâncias,chegou
a formarem
algunscasos
compostos
dotados de certas propriedades inéditas, osquais,
sem
serem
ainda vivos, tãopouco eram não
vivos...".Nas
palavras de Hutton (1962, p.12 e 105),São
ilustrativas as seguintesafirmações:
Ia inflación surge de forma obvia
y
automática”.“La inflación, al igual que el sentimiento, es una palabra
que
puede
admitir dos significados' uno matizadoy
otro sin matizar.Ambos
significadoshacen
referencia a un estado de cosasque
el dinero llega a ser
más
abundanteque
los bienes en quepuede
gastar, a /os precios que rigen en los mercados.”2.2.
A
|NFLAçÃo
NA
|DAoE
ÀNT|GA
(eRÉc|A
E
RoMA›
A
inflaçao nao éum
fato novo.Um
dos períodos mais remotos de rápidoaumento do
nível de preços, de que setem
registro, ocorreu na antiga Grécia, por voltade
330 a.C., no reinado de Alexandre, o Grande, após a conquistada
Pérsia. Esta inflação foi provocada pelo súbito
aumento
do volume demoeda
em
circulação.Segundo
alguns historiadores, Alexandrepagava
suas legiõescom
ouroacumulado
durante dois séculos, no erário de Arquimedes. Outrosentendem que
este ouro foi resultado da conquista da Pérsia. Controvérsias àparte, o fato é
que
o ouro substituiu a pratacomo moeda
e os preços e salárioselevaram-se por todo o Império Helênico.
Toynbee
apud Moulton (1958, p.9)13
o súbito
aumento
do volumede
moeda
provocou a misériaentre os
camponeses
e os trabalhadores.Os
preços seelevaram extraordinariamente e a
desordem
finanoeira levou aopauperísmo
uma
sociedade que até então gozava de relativasegurança”. .
Em
Roma,
nos duzentos anosque
procederam as Guerras Púnicas, amoeda
de
cobre do Império foi desvalorizada.Nos
duzentos anos seguintes,em
que
foi introduzida a prata, tanto o cobrecomo
a prata foi desvalorizadapela
cunhagem
deuma
proporção crescente de ligas.O
ouro foi introduzidopela primeira vez
como
parte dacunhagem
demoedas
por Augusto, cercade
30 a.C. e,
desde
então até aqueda do
Império ocorreram diversasdesvalorizações e inflação.
A
desvalorização mais séria ocorreu no reinadode
Galiano (235-268 d.C.), esta desvalorização foisegundo
Porteousapud
Griffiths (1981, p.16) foi tão intensa quanto à registrada na
Alemanha
em
1923e
de
maior extensão.Mesmo
depois deste período, a inflação alastrou-se e foium
dos principais fatoresque
determinaram a reforma damoeda
realizada porDioclesiano (301 d'.C.).
No
primeiro século da era cristã Wellsapud
Moulton(1958, p.10) relata o ocorrido:
“A
moeda
era nova e rebelde na experiênciahumana.
Ninguém
podia controla-Ia. Flutuava desmesuradamente. Ora eraabundante, ora escassa.
Os homens
traçavam os mais astutose rudimentares planos para açambarca-la, amea/há-la e
aumentar
os preços, lançandono
mercado
os metais entesousarados.Pequeno
grupo constituído dehomens
muitosagazes se tornava
imensamente
rico”.Outro indicador das diferentes taxas de inflação na Grécia e
em Roma
consiste nos diversos níveis de juros sobre empréstimos.
Na
Grécia a taxade
juros caiu cerca de
16%
no ano de 550 ,a.C. a6%
noano
de250
a.C. e, apartir
de
então, manteve-se virtualmente constante até 50 a.C., ao passoque
no império
Romano,
elevou-sede
um
nível de4%
aoano
em
50 d.C., paramais
de
12%
em
250 d.C.Embora
as taxa de Juros sofram a influência demuitos fatores
que
não a inflação, não se pode deixarde
sentir o fato deque
A
inflaçãoRomana
produziu claros efeitos sobre sua sociedade.Seus
efeitos perduraram,
mas
que
a sociedade.A
inflaçãoromana marcou
profundamente muita das comunidades locais, feudais e agrárias, sobre as
quais se fundaram mais tarde as nações européias bárbaras.
Os
efeitosda
inflaçãoromana
fizeram sucumbir as cidades e o comércioem
larga escala econtinuaram durante os períodos merovíngio, carolingio e dos capetos na
França. Durante o período feudal na Europa ocidental, na Inglaterra dos
normandos
e dos angevinos e na Itália dos lombardos.As
conseqüênciasdessa inflação ocorrida muito antes do surgimento
de
uma moeda
internacional
de
reconhecido prestígio foram sentidos durante todo o primeiroperíodo
do
renascimento até o surgimento das primeiras cidades modernas.Considerando a clareza da exposição, a riqueza de detalhes e
atualidade das conseqüências, transcrevemos a seguir as principais causas e
efeitos (o estado centralizado, a política de favorecimento e
Governo de
conveniência) da inflação romana, nas palavras de Hutton (1958, p.14-15),sobre a situação
do
Estado as vésperas da queda: L“El Estado centralizado
En
primer lugar, el gasto estatalde
Imperio //egó a ser intolerarable e ineficazmente gravoso con elaumento de
losimpuestos. Estos tuvieron
que
elevarse desmesuradamente,porque la
mayor
parte del comercio masivo, transporte, defensaleyes, finanzas
y
administración civil se convirtieron, sinremordimiento alguno de conciencia, en
empresas
estata/esmono/íticas.
Las
excepcionesque
permitieron el comercioprivado fueron pocas,
y
fueron progresivamente reduciéndosey
haciéndose
más
loca/es. El clásico advenedizo, elemancipado
Trimalchio en el Satiricón de Petronio estaba “haciéndolo
muy
bien” con los monopolios imperiales. Los trabajadores urbanos
y
rurales teníanque
“eternizarse” en sus profesiones,que
pronto se hicieron hereditarias - otra proyección del feudalismo
-. Los mercaderes
y
comerciantes en la esfera económica, aligual
que
las legiones en la en la militar, solo podían progresarcomo
funcionarios estata/esy
con frecuencia su status se hizohereditario.
Mucho
antes deque
llegara a ser cierta laafirmación de Plinio de que “los latifundios perdieron a Roma”,
alguna causa había originado ya las grandes propiedades, los
latifundios, así
como
una proliferación sorprendentementerápida
de
rigideces, controlesy
supen/isores. Esta causa fue la15 agricultores principalmente, hasta ahora independientes,
hombres
modestos, paraque
suportaran el gasto crecientede
la veloz expansión dela maquinaria estatal”.
Esta situação conduziu a eliminação da independência dos
pequenos
fazendeiros e comerciantes. Levou ospequenos
agricultores a dependerde
outros, mediante sua notória fuga da escravidão e vassalagem, por
um
método
de
amalgama
com
agricultores vizinhos,com
maior escala de produção econseqüentemente,
mas
poderosos. lmpulsionoutambém
ospequenos
artesões e comerciantes a similares dependências,
bem
como
escravosurbanos e
com
maior freqüência osmembros
de grandes “coletividades” ou“colégios” de profissões,
que
dizer o protótipo dos grêmiosda
Idade Média.A
cobrança de impostos para financiar a
maquina
estatal elevou-se a tal ponto,que quase
eliminou a capacidade das pessoas de possuírem bens.Nas
palavras
de
Nero, imperador romano, tem-seuma
noção clara desta situação“Procuremos
quem
possua alguma coisa”. Porém, foi Calígulaquem
levou estaimposiçao a magnitudes ilimitadas, Hutton (1958, p.15):
“No
hubo
ninguna clase de bienes o de personas sobre losque
no
estableciera algún impuesto... sobre todos los comestiblesvendidos en cualquier parte de la ciudad establecía un
gravamen
f/joy
definitivo; sobre todas las acciones judicia/esy
procesos /egales que tuvieran lugar, se gravaba una cuaita
parte de la
suma
en litígio, imponiendo una sanción a quien sedeclarara culpable de avenencia o de
abandono
de una acción;gravaba también, con una octava parte, los salarios diarios de
un porteador, sobre /os ingresos de las prostitutas,
una
suma
equivalente a la que recibía cada una por un abrazo;
y
seañadía
una
cláusula a este capítulo de la ley por laque
aquellas
que
hubieran sido alguna vez prostitutas o actuadocomo
alcahuetas deberían ser sometidas al impuesto público,y
que
incluso el matrimonio no debía quedar exento”.A
queda
do impérioromano
começou,quando
tudo parecia estar muitobem.
Quando
os pedidos dos trabalhadores eleitores por comida e diversão eos exércitos por maiores salários, elevaram-se acima da arrecadação
de
impostos.
Começou uma
espécie de “subcasta holandesa” de votos. Terminouconvertendo o exercito no único eleitor dos imperadores e assassino da maioria
A
desocupação
docampo
acompanhou
a urbanização dos primeirotempos
do Império.Na
medidaem
que
enfraquecia o comércio internacionalcom
a progressiva inflação, e seus reflexos se fizeram sentir nas cidadesque
agora estavam atrás
de
muralhasdefensivas.Quando
o dinheiro perdeu o valore se multiplicaram os soldados e os burocratas, convertendo-se
em
uma
classeprivilegiada do estado, e as
massas
urbanas, constituídas pordesempregados
na sua maioria, tiveram então
que
ser alimentados pelo Estado benfeitor.A
antiga classe governante das cidades (classe senatorial) se retirou para os
seus Iatifúndios, cada vez maiores, à medida
que
cresciam seus poderesestatais no centro e nas cidades.
Os
imperadores ficaramnuma
posiçãode
dependência cada vez maior
em
relação ao apoiodo
exercito e dos votosdessa plebe ociosa
comprada
ambas
mediante maiores impostosda
jádebilitada classe dos contribuintes. V
Nas
palavrasde
Hutton (1958, p.17),temos
uma
idéia decomo
ocorreua
queda
do impérioromano
e as conseqüências desta queda: V“Cuando
el unitario territorio económico, defensivo,administrativo
y
legal Del Imperiocomenzó
a desintegra-se escivitates feudales autosuficientes, alrededor de las ciudades
recién amuralladas, -se desintegro con ello toda una civilización.
Se
disperso, a partir de/ terrible siglo tercero, en /osambiguos
contornos
de
las naciones europeasmodernas y
en nuestrasactuales diócesis eclesiásticas de Ia Europa occidental
y
Oriente Medio.
La
misma
palabra “diócesis” data de aque/laépoca. Este proceso
de
dispersión duró Iomenos
dos sig/os,y
hay
quien diceque
Ilegaran a tres.Este proceso
no
se detuvo nunca,y
se vio aceleradoy
'acompañado
por la presión progresiva de Ia imposición -sobre los individuos-,más
allá de loque
podían soportar sus 'juiciosde valor”, a través de un estado cada vez
más
centra/izador. A/Final, el Estado
y
la civilización se desperdigaron enfragmentos, pero
no
por /as invasiones bárbaras-
/os bárbarosintentaron incluso
mantener
Ia civilizaciónque
admiraban-, sinoporque
no
había quien defendíera su integridad. Esta integridadse vioinflada de ta/ forma que desapareció, siendo
de
su puntoimposible su defensa”.
Em
segundo
lugar, a política de favorecimento. Atrás da17
existia
uma
causa política antecedente.A
política seocupava
em
últimainstância,
do
exército, do poder sobre os indivíduos organizadosem
sociedadee de seu próprio poder.
A
centralização,administrativado
poder estatal(em
quase
todos os aspectos da vida) prosseguiudesde
ostempos
de Augusto atéo colapso final,
que
ocorreu no século V,Nao
podia manter se centralizadounicamente mediante
um
continuo processo de favorecimento fiscal efinanceiro ao poder
que
havia elevado ao trono os imperadores, e os haviamantido, etdepois abandoná-los bruscamente; quer dizer, o exército. Hutton
(1958, p.18) relata as conseqüências desta política:
“Los gravosos impuestos que recaían sobre una minoria de
contribuyentes,
además
de producir el envilecimento de lamoneda,
ofreció a /as /egionesy
a la burocracia una ventajasobre todas /as
demás
clases, hastaque
hicieron saltar enpedazos
el Imperio. Solamente unapequeña
clase privilegiada-
la senatoria/-
mantuvo
sus anteriores ventajes pari passu,desprendiéndose de su tradicional tarea de gobierno
y
“volviendo a la tierra”.
Fue
así la antecesora de los señoresfeudales.
La mayoría
de
/os contribuyentes vivían en las ciudades. Todosellos constituían una minoria pequeña, pero
economicamente
importantey
productiva. Al .aumentar sus-cargas, loscorps
d'éIitede
los decuriones preferían sencillamente Iaresclavitud,la huida o Ia Ilegada de los bárbaros. Esto asestó un golpe mortal al tráfico, al comercio, al capital
y
a las ciudades. Fuerade
las ciudades, en el campo, los legionarios en suscampamentos
y
losmayores
terratenientes senatoria/es en suslatifundios,
quedaban
exentos de. impuestos.De
esta forma, elprogresivo envilecimiento de Ia
moneda
y
la imposición Vpenalizadora para asegurar el
poder y
el apoyo político, terminaron en la degradacióny
desintegración del estado.Fue
una
gran paradoja. EImismo
poder, en definitiva, desertó delestado, el centro,
y
se fue a laspequeñas
localidades. Asísurgieron los tiempos oscuros de la
Edad
Media, desen/idumbre
y
de clasesA
terceira causa foi o governo de conveniência. Para debelar a inflaçãoos governos
acabam
quase
sempre
atuando nos sintomas superficiaisda
inflação
em
vez de combater o mal pela raiz.O
comportamento contraditório éum
paradoxo inerente ao processo inflacionário. Este comportamento ocorreuno império
romano
eem
muitos outros governos inflacionistas. Hutton (1958, p.que
tales gobiernos deshacían con lamisma
rapidez con sumano
izquierda loque
estaban tratando de hacer con la derecha. Tal fue el conocidoEdictum de
Pretiis, delaño
301de
nuestra era, de Diocleciano,que
proclamabacomo
crimencapital elevar los precios en cualquier lugar del Imperio,
y nos
dejó una sobria normalización de todos los bienes de
consumo
y de
capital, sus calidadesy
precios, en todo elmundo
-civilizado entonces conocido.
No
obstante aquel decreto fueabandonado
al cabo de dos años,como
algo fracasado einaplicable.
No
todos los burócratas, soldadosy
policias bajode
os Augustosy
dos Césares, pudieron cortas elnúmero de
cabezas
que
teníanque
haber caído. Las /eyes económicasy
la naturaleza
humana
derrotaron incluso a Diocleciano.Hacia el
año
365 de
nuestra era elemperador
Valentiniano I seenfrentó incluso con peores problemas económicos, fiscales
y
administrativos
que
losdesu
gran predecesor Dioclesiano. Lacarga de los impuestos sobre los decuriones de las ciudades se
había
hecho
tanpesada que
civitates completas-
es decir,no
solo la ciudad amurallada, sino la amplia área suministradora
de
su alrededor- quedaron rápiday
crecientemente sin curiaeo gobierno local alguno. La razón fue, naturalmente,
que
losdecuriones de las curiae eran responsables legal
y
personalmente
de
recaudar los impuestos.Como
es lógico, amedida que
crecieron lasenormes
cargas fiscales des Estado,altamente centralizado, los decuriones “huyeron”.
Es
decir,ellos realizaron las primeras
commendationes
reales osen/icios voluntarios personales de las épocas feudales.
Huyeron
hacia los ricos terratenientes de las grandes fincasrurales. Llegaron s ser sus colonos o sus esclavos.
Huyeron
incluso hacia bárbaros;
y
se formó una fuerte quinta columna -_como
diríamos ahora-
con la éliteeducada
de la ciudad,correspondiente a la clase de los decuriones, ya
que
intrigaronpara
que
entraran los bárbaros en las ciudades occidentalessucesivamente
y en
sus distritos".2.3.
A
|N|=|.AçÃoNA
|DADE
MÉD|A
E |v|ooERNA
(453A
1'/ae).Em
seguida à decadência do ImpérioRomano,
provocadaem
grandeparte pela inflação, a Europa desintegrou-se
numa
série de dominios bárbarosque
se invadiam uns aos outros e a prática da pilhagem entre esses dominiosera
comum.
O
comércio internacional entrouem
declínio e,do
séculoV
ao
século Xlll,conhecemos
muito pouco do comportamento dos salários, preços19
“Los tiempos oscuros de la
Edad
Media
vinieron .por loocurrido entre las épocas de Augusto
y
Septímio Severo a laanterior sociedad organizada internacionalmente, dependiente
en gran parte del comercio internacional,
basado
a su vez enuna moneda-patrón principal,
y
operado bajo un sistemapredominante de ley comercial internacional V
Neste período, a
moeda
de certa formaquase
desapareceude
circulação e, a não ser no Império Bizantino e
em
certas partes do oriente, acunhagem
de
moeda
foi suspensa.Sendo
reintroduzidaem
1252em
Florença(florins de ouro) reativando o sistema monetário da Europa. `
A
grande alta dos preços, verificada no século XVI,em
quase toda aEuropa,
em
maior oumenor
grau,mesmo
onde
não havia mais “aviltamento”da
moeda,
fez ressurgir o interesse pelo problema, deque
as variações nonível geral de preços talvez estivessem relacionadas
com
as variaçoes naquantidade
de
metais preciosos.Em
1526, Nicolau Copérnico apud Clerc (1988, p.1), relatou da seguintemaneira os maiores problemas de sua época:
“Tão inumeráveis quantos sejam os flagelos
que
geralmentecausam
a decadência dos reinos, dos principados e dasrepúblicas, os quatro seguintes são os mais temiveis na
minha
opinião: a discórdia, a mortalidade, a esteri/idade da terra e a
depreciação da
moeda”
_Jean Bodin foi o primeiro economista a atribuir
em
grande parte arevolução dos preços, ocorrida no século XVI ao
aumento
da quantidadede
ouro e prata, vindos doNovo
Mundo.Em
1568 escreveu:“Penso
que
os altos preços de hoje são devidos a quatroou
cinco causas."
A
principal, e quase única (até agoranão
assinalada por ninguém), é a abundancia
de
ouro e prata, hoje -muito maior neste Reino do
que há
quatrocentos anospassados.
A
segunda
é devida,em
parte aos monopólios.A
terceira é a escassez provocada de
um
lado pela exportação ede outro, pelo desperdício.
A
quarta, o capricho dos reis e dosgrandes senhores,
que
aumentam
o preço dos produtosdinheiro, rebaixado de seu antigo padrão.
É
a abundânciade
ouro e prataque
provoca a depreciação desses metais e acarestia dos
bens
apreçados...A
explicaçao monetária da inflaçao supoeque
ao aumentar a quantidade de notas (moedas)em
circulação,sem
aumentar namesma
proporção às mercadorias produzidas, só
pode
provocar a alta dos preços.O
que
determina a riqueza e obem
estar deum
país é oque
ele produz, e não amassa
demoeda
que circula.Se
esta aumentarsem
que
o produto aumente,fatalmente a inflação se seguirá, porque a
demanda
de bens e serviçosaumentará
sem
que
a oferta (a produção) mude.SÓ
sepode
repartir oque
seproduz: eis
um
velho preceito da sabedoria popular que se recusa a confundirdinheiro
com
riqueza.Mas, no entanto, este raciocínio só é verdadeiro
quando
sesupõe
que
acriação monetária não
tem
qualquer incidência na produçãoem
simesma. Se
o
aumento do
volume demoeda
permitir produzir mais, pôrem
ação forçasde
trabalho e equipamentos até então não utilizados. Neste caso, a criação
da
moeda
aumenta
aomesmo
tempo, otamanho
do bolo e onúmero de
fatias.SÓ
haverá inflação se o
segundo
efeito (aumento das despesas) prevalecer sobreo primeiro (aumento da produçao). '
A
análise de Jean Bodinsupõe que
amoeda
seja neutra, isto é,que
oaumento
(ou, eventualmente, a diminuição) da quantidade demoeda
circulantenão tenha efeito sobre a produção. ~ »
Neutralidade da
moeda
significaque
a economia real e aeconomia
monetária são idênticas, exceto no que se refere ao instrumento: se houvermuita ou pouca
moeda
nãomuda
nada,apenas
a grandeza na qual sãoexpressos os preços.
Quanto
maior as quantidades de moeda, maiores serãoos preços, eis a única conseqüência de emissão de
moeda.
Exatamentecomo
se,
em
vez de medirem
metros, se decidisse fazê-loem
decímetros: asgrandezas aparentes
-
que
os economistaschamam
de
nominais-
são21
2.4.
A
INFLAÇAO
NA
IDADE
CONTEMPORÂNEA
(1789 até hoje).Acompanhando
a evolução dos sistemas monetáriosbaseados
no ouro,a maioria dos economistas dos séculos XVIII e XIX, atribuíram as variações no
nível
de
preços,quase que
exclusivamente aos fatores referentes à produçaodeste metal precioso. Esta concepção monetarista foi elaborada de
modo
aabranger todas as formas de instrumentos monetários e creditícios, constitui
parte dos princípios econômicos, até hoje aceitos.
Porém, entre eles, as divergências são grandes quanto ao processo pelo
qual as alterações na oferta da
moeda
provocam
alterações correspondentesno preço das mercadorias.
Dessas
divergências surgiram as seguintes teorias:2.4.1. Teoria
do
valordo
ouro.Os
defensores desta teoriadão
ênfaseao
valor
do
ourocomo
fator determinante dos níveis de preços, partemdo
principio de que, sob o padrão-ouro, determinado peso de metal é considerado, legalmente
como
padrão ou medida dos valoresem
geral. Parecia evidenteque
os fatoresque
afetam o valor dos bens, adotadocomo
padrão, afetariam,automaticamente, os .preços dos bens nele expressos. Para, o economista
inglês Ricardo, “se o valor do dinheiro diminuisse, os preços das mercadorias
subiriam, pois cada comprador estaria disposto a gastar mais dinheiro
do que
antes
em
suas compras”. `2.4.2. Teoria
da
quantidadede moeda.
Uma
unidade de ouro nãopode
sercomprada
com
uma
unidade de trigo,de
tecido ou de qualquer outramercadoria.
O
número
total de unidades monetárias ou o numerário'em
circulação é
comparado
com
o total das unidades de bens oferecidosem
troca.Esta
concepção
baseia-se na função damoeda como
meiode
troca. lnvésde
pensar
em
moeda como
padrão, ou medida de valor.Em
sua forma maissimples, a
comparação
seriaapenas
entre a quantidadede
moeda
em
circulação e o volume dos bens oferecidos no mercado.
Porem
verificou-seque
a operação de troca compreendia todos os tipos de