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Artigo
original
Adesão
ao
tratamento
nas
perturbac¸ões
psiquiátricas:
o
impacto
das
atitudes
e
das
crenc¸as
em
profissionais
de
servic¸os
de
psiquiatria
e
saúde
mental
em
Portugal.
Parte
I:
aspetos
conceptuais
e
metodológicos
Ana
Cardoso
a,∗,
Mitchell
Byrne
be
Miguel
Xavier
aaDepartamentodeSaúdeMental,CentrodeEstudosdeDoenc¸asCrónicas–CEDOC,NOVAMedicalSchool,UniversidadeNovadeLisboa,
Lisboa,Portugal
bUniversityofWollongong,SchoolofPsychology,Wollongong,Austrália
informação
sobre
o
artigo
Historialdoartigo: Recebidoa6demaiode2015 Aceitea25demaiode2016 On-linea2dejulhode2016 Palavras-chave: Adesãoaotratamento Perturbac¸õespsiquiátricas Profissionaisdesaúdemental Atitudes
Crenc¸aseotimismoterapêutico
r
e
s
u
m
o
Introduc¸ão: Consideradascomoumproblemacrónicodesaúde,asperturbac¸ões psiquiátri-casapresentamumaelevadaprevalênciaemtermosdenão-adesãoaotratamento.
Métodos:Revisãonarrativa,nãosistemática,daliteraturarelevante.
Resultados: Amaioriadostrabalhosdeinvestigac¸ãotemincididosobreosfatores relacio-nadoscomodoentequeinterferemnaadesãoaotratamento.Noentanto,existemestudos queindicamquearesponsabilidadeparaaumentaraadesãoestámaisrelacionadacomo profissionaldesaúdedoquecomodoente.
Conclusões:Atravésdaidentificac¸ãodefatoresrelacionadoscomosclínicos,pretendemos possibilitarodesenvolvimentodecompetênciasquepoderãoterumpapelimportantena adesãoaotratamentodosdoentescomperturbac¸õespsiquiátricas.
©2016OsAutores.PublicadoporElsevierEspa ˜na,S.L.U.emnomedeEscolaNacionalde Sa ´udeP ´ublica.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Treatment
adherence
in
psychiatric
disorders:
The
impact
of
the
attitudes
and
beliefs
of
mental
health
professionals
in
psychiatry
services
in
Portugal.
Part
I:
Conceptual
and
methodological
aspects
Keywords:
Treatmentadherence Psychiatricdisorders
a
b
s
t
r
a
c
t
Introduction:Amongthechronichealthdiseasesarepsychiatricdisordersanditiswell esta-blishedthatwithinthispopulationthereisaparticularlyhighprevalenceofnon-adherence totreatment.
∗ Autorparacorrespondência.
Correioeletrónico:ana.cardoso@fcm.unl.pt(A.Cardoso).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rpsp.2016.05.004
0870-9025/©2016OsAutores.PublicadoporElsevierEspa ˜na,S.L.U.emnomedeEscolaNacionaldeSa ´udeP ´ublica.Este ´eumartigoOpen Accesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Mentalhealthprofessionals Attitudes
Beliefsandtherapeuticoptimism
Methods: Narrativereview,ofrelevantliterature.
Results: Themajorityoftheresearchhasfocusedprimarilyonthefactorsrelatedtothe patientthatinterferewithtreatmentadherence.However,therearestudiesthatseemto indicatethattheresponsibilityforincreasingadherenceismorerelatedwiththehealth professionalthanthepatient.
Conclusions: Throughtheidentificationoffactorsassociatedwithclinicians,weenablethe developmentstrategiestoincreaseskillsinmentalhealthprofessionalsandthatmayhave animportantroleinthetreatmentofpatientswithpsychiatricdisorders.
©2016TheAuthors.PublishedbyElsevierEspa ˜na,S.L.U.onbehalfofEscolaNacional deSa ´udeP ´ublica.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
A
não-adesão
ao
tratamento:
um
problema
de
saúde
pública
Anão-adesãoaotratamentonasdoenc¸ascrónicasconstitui umgraveproblemadesaúdepúblicae,provavelmente,uma das mais importantes causas de insucesso dos programas terapêuticos,representandoumproblemacomumpartilhado porquasetodasasdoenc¸asdeevoluc¸ãocrónica,incluindoas perturbac¸õespsiquiátricas.
Emtermos gerais, como impacto dasdoenc¸as crónicas aaumentar, osservic¸os desaúde estão aser desafiados a responderadequadamenteàsnovasexigênciasdesaúdeda populac¸ãoatravésdenovosmodelosdeprestac¸ãodecuidados –asautoridadesdesaúdedospaísesindustrializadosestão cadavezmaispressionadasparacolocaremaprevenc¸ãoea gestãodedoenc¸ascrónicascomoumadasprincipais priori-dadesestratégicasparaapróximadécada.
Noentanto, emboraa doenc¸a crónica possa ser farma-cologicamente tratável, a não-adesão ao tratamento é um problemamundialdemagnitudeimpressionante1,comuma taxamédiaestimadadenão-adesãodecercade50%2.Além disso,aOrganizac¸ãoMundialdeSaúde(OMS)afirmaque«sem umsistemaqueabordeosfatoresdeterminantesdaadesãoà terapêutica,osavanc¸osdatecnologiabiomédicavãodeixarde realizaroseupotencialdeformaareduziracargadasdoenc¸as crónicas»1.
Asconsequênciasdanão-adesãosãoprofundaseincluem resultados clínicosnegativos, maiorrisco de recaída,stress
físico e emocional devido a sucessivos internamentos2, e aumentodoscustosdiretoseindiretosdesaúde3.
Emboraosinvestigadores reconhec¸amaimportânciada não-adesãocomoumproblemadesaúdepública,as evidên-ciassugeremque nãotem sido dadaa atenc¸ãonecessária paraodesenvolvimentoeavaliac¸ãodeestratégiasdestinadas amelhoraraadesãodosdoentesaotratamento4,5.
Asconsequênciasdanão-adesãoaotratamentoestão rela-cionadascomafaltadeobtenc¸ãodebenefíciosesperados,com adeteriorac¸ãodarelac¸ãoprofissional/doenteecomoaumento docustofinanceiro,devidoaonúmeroelevadohospitalizac¸ões eaotempoprolongadodetratamento6,7.
Porém,paraqueosdoentestenhamboaadesão,é impor-tantequesintamalgumbenefíciocomisso,quetenhamuma supervisãofamiliareumaboarelac¸ãocomomédicoque pres-creveaterapêutica,assimcomocomarestanteequipaclínica. Poroutraspalavras,éimportanteque:(1)otratamentováao
encontrodasnecessidadesdosdoentes;(2)hajaum envolvi-mentoplenoecooperantedapartedafamília;e(3)arelac¸ão profissional-doentesejapositivaeomenosassimétrica pos-sível.
Devido à importância em aprofundar estes aspetos, verifica-se queainvestigac¸ãonestaáreatem motivadoum interessecrescente,dadasasimportantesrepercussõesquea faltadecumprimentodotratamentoassumeemtermosde saúdepública1,8–10.Estandoperantecondic¸õescrónicas,cuja evoluc¸ãopodesermodificadacomotratamento,é fundamen-talfomentarumaadesãoadequadaparaqueotratamentoseja realmenteeficaz.Poressemotivo,considera-sequetão impor-tantesquantoosfatoresrelacionadoscomodoenteecomo tratamento,sãoosfatoresrelacionadoscomosprofissionais desaúde,nomeadamenteaníveldoimpactoqueasatitudese ascrenc¸asdosclínicos11,12podemternaadesãoaotratamento dosdoentes.
Em Portugal,o PlanoNacional de SaúdeMental (PNSM) 2007-2016 elegeu como uma das suas prioridades a reformulac¸ão da prestac¸ão de cuidados a indivíduos com perturbac¸õespsiquiátricasgraves,nosquaisaproblemática daadesãoaotratamentoapresentaumarelevânciafulcral.
Neste artigo faz-se uma revisão da temática sobre os determinantes da adesão ao tratamento nas perturbac¸ões psiquiátricas,incluindofatoresreferentesaosdoenteseaos profissionaisdesaúdemental,edescreve-seoprotocolo meto-dológicodeumprojetoimplementadoemPortugal,queteve comoobjetivocaracterizarosdeterminantesdeadesãoao tra-tamentoemservic¸ospúblicosdepsiquiatriaesaúdemental no nosso país. Num próximoartigo serãodetalhadamente apresentadososresultadosdestetrabalhodeinvestigac¸ão.
A
adesão
ao
tratamento
nas
perturbac¸ões
psiquiátricas
Otemadaadesãoaotratamentonasperturbac¸ões psiquiá-tricas é cada vez mais relevante, pois as estimativas do incumprimentodasprescric¸õesfarmacológicasenão farma-cológicassão,segundoaliteratura,muitosignificativas.Este incumprimentominimizaaprobabilidadederecuperac¸ãodos indivíduos comperturbac¸õespsiquiátricas,aumentaa pro-babilidadederecaídaseonúmerodehospitalizac¸ões,oque acarretaumaumentosignificativodoscustosnosistemade saúde13.
Nestesentido,aadesãoaotratamentonasperturbac¸ões psiquiátricasrevela-seumdesafiocomqueosprofissionais desaúdementalsedeparamdiariamente.Nãoobstante,em virtudedoestigmaassociadoàsdoenc¸asmentais,odesafio colocadoaestesprofissionaisrevela-seaindamaior.
Comefeito,oestigmaassociadoaestasperturbac¸õespode fazercomqueapessoadoentetenhalimitac¸õesnosseus direi-tosdecidadania, sejaalvo de preconceitos,seisole, esteja relutanteemprocurarajudae,consequentemente,possanão aderiraotratamento.
Paraalém doestigma,tambémadenegac¸ão quealguns doentes fazem em relac¸ão à doenc¸a pode desencorajar a manutenc¸ão dotratamento. Os estereótipos, os preconcei-toseadiscriminac¸ãopodem,assim,privaraspessoascom perturbac¸ões psiquiátricas de acederem a um tratamento maisrápidoeeficaz.
Noquedependedoprópriodoente,reconhecereaceitara doenc¸apodefazertodaadiferenc¸a,poisotratamentopassa aserentendidocomonecessárioeessencialparaamelhoria dasuaqualidadedevida,assimcomodasuafamília.
Contudo,apesar dosucessodotratamento seencontrar diretamenterelacionadocomomodocomoodoenteaceita, compreendeeintegraasuadoenc¸a,existemfatores relacio-nadoscomosprofissionaisdesaúdementalquedevemser perspetivados.
Deumamaneirageral,pelaprobabilidadedeinterrupc¸ão da terapêutica se associar ao aparecimento de efeitos adversos, cabeaos profissionais de saúdemental procurar esclarecerdúvidasedesmistificareventuaiscrenc¸as relacio-nadascomadoenc¸aoucomoseutratamento.Nestesentido, éfundamentalque, paraalémdodoente,oprofissionalde saúdementaltenhaumpapelativoecolaboranteaolongo doprocessoderecuperac¸ãodapessoadoente,permitindoo desenvolvimentodeestratégiasfavorecedorasdaadesão.
Emsuma,paraqueamanutenc¸ãodotratamentoocorra énecessárionãosóavaliarosignificadoeasatitudesqueo doenteatribuiàsuadoenc¸aeaotratamento,mastambémter emconsiderac¸ãoasatitudeseascrenc¸asdospróprios profis-sionaisdesaúdementaleoimpactoquepodemternaadesão dodoenteaotratamento.
Fatores
que
interferem
com
a
adesão
ao
tratamento
nas
perturbac¸ões
psiquiátricas
Aadesãoaotratamento,medicamentosoounão,é fundamen-talpara o sucessodoplanode recuperac¸ãoinstituídopelo médicoeequipadesaúdemental.Noentanto,porenvolver elementostãodiversoscomooscomportamentosdesaúde,as característicasdosistemadeprestac¸ãodecuidados,osfatores socioeconómicose,ainda,todasasdimensõesrelacionaisde doenteseprofissionaisdesaúde,esteconceitotemsidoalvo deuminteressecrescenteporpartedacomunidadecientífica. Umaabordagemquetemsidoamplamenteutilizadapara investigaranão-adesãoàterapêuticanasdoenc¸ascrónicas consistenaavaliac¸ãodasatitudesecrenc¸asdosdoentes14,15 edosprofissionaisdesaúde11,16.
Nosúltimosanos, osfatoresqueinterferemcom a ade-são ao tratamento têm sido alvo de diversas linhas de investigac¸ão,existindoatualmenteumaevidênciacrescente
de que as atitudes e as crenc¸as, tanto dos doentes como dos profissionais de saúde mental, se relacionam signifi-cativamente com a adesão à terapêutica nas perturbac¸ões psiquiátricas17.
Neste contexto, váriosestudosavaliaram oimpacto das atitudesedascrenc¸asdosdoentesemrelac¸ãoàmedicac¸ão antipsicótica e a influência de tais fatores na adesão ao tratamento18,19 –osresultadosrevelaramqueasatitudese crenc¸asnegativasdosdoentesemrelac¸ãoàmedicac¸ão esta-vamassociadasaníveisreduzidosdeadesão,assimcomoa umpiorprognóstico20.
Apesardosfatoresrelacionadoscom osprofissionais de saúde não estarem tão estudados, outros trabalhos têm revelado que as atitudes e as crenc¸as dos clínicos pode-rãotertambémumpapelcrucialnaadesãodosdoentesao tratamento11.
Um trabalho levado a cabo por Coombs & Byrne21 evi-denciouqueascrenc¸asdosmédicospsiquiatrasacercados medicamentos psicotrópicoseotipo deestratégias utiliza-dasparapromoverocumprimentodaprescric¸ãoterapêutica podeminfluenciaraadesãodosdoentesaotratamento.
Deacordocomoutrosautores22–24,osfatoresligadosao psiquiatra(atitudes,crenc¸aseinterac¸ãocomodoente)eao tratamento(regimesposológicoscomplexos,efeitosadversos einterac¸õesmedicamentosas)constituem,juntamentecom asdimensõesreferentesaosdoentes(atitudesecrenc¸asem relac¸ãoaotratamento,faltadeconhecimentosobreadoenc¸a), osprincipaispreditoresparaanão-adesãoaotratamento.
Noseguimento destasconstatac¸ões,tem sido argumen-tadaanecessidadedeoprofissionaldesaúdementaltomar em considerac¸ão a influência das suas próprias crenc¸as e atitudesnocomportamentodeadesãoounão-adesãoao trata-mentoporpartedosdoentes25.Dadoqueasatitudesecrenc¸as dosprofissionaisdesaúdementalpodemseralteradascom sucesso26,27,justifica-sequesejamdesenvolvidosprogramas integradosdirigidos aesses profissionais,quepromovama implementac¸ãodeestratégiasdeadesãomaiseficazes.
O primeiro passo para o desenvolvimento de tais pro-gramas assenta na caracterizac¸ão detalhada dos fatores relacionados diretamente com os profissionais de saúde mental,quepoderãoterimpactopotencialnaadesãoao tra-tamentodosdoentescomperturbac¸õespsiquiátricas.
A
importância
do
papel
do
profissional
de
saúde
mental
na
adesão
ao
tratamento
de
doentes
com
perturbac¸ões
psiquiátricas
Apesar de se saber que a adesão ao tratamento pode ser influenciada pelo médico28, nem todos os clínicos tentam melhorarativamenteaadesãodosdoentes,sendoescassoo recursoàutilizac¸ãoporrotinademetodologiasbaseadasna evidência29–32.
Esta lacuna é extremamente importante, uma vez que, seas atitudeseascrenc¸as dosclínicosforem negativas,é provável que a capacidade de trabalhar eficazmente com os doentes para facilitar a adesão esteja comprometida. Por outro lado, se um médico que trabalhe com doentes com história de não-adesão no passado estiver pessimista
emrelac¸ãoaotratamento queelepróprioprescreve,muito provavelmenteobteráumresultadoterapêuticoinsuficiente.
Dosváriosfatoresatribuíveisaosprofissionais de saúde mentalnaliteraturaespecializada,podemdestacar-se3como osmaisrelevantes:relac¸ãoterapêutica,atitudesecrenc¸as,e otimismoterapêutico.
Relac¸ãoterapêutica
Afunc¸ãodosprofissionaisdesaúdementalnapromoc¸ãoda adesãoévistacomosendoinfluente,dadaarelac¸ãointrínseca quepartilhamcomosdoentes.Noentanto,aliteraturasugere queestesprestadoresdecuidadosnemsempreestão suficien-tementesensibilizados,nemsãoencorajadosadesempenhar essetipodepapelporrotina1,16.
Em contrapartida, a evidência científica sugere que os doentes estão a afastar-se progressivamente de um papel «passivo»narelac¸ão,oquepoderápermitirdeformacrescente aabordagemecompreensãodassuasatitudesrelativamente aoprocessoterapêutico,nomeadamentenoqueserefereaos motivosdenão-adesãoaotratamento33.
OrelatóriodaOMS1identificaclaramenteobstáculos liga-dos aos profissionais de saúde mental, tais como lacunas nacomunicac¸ãoerelac¸ãoterapêutica,crenc¸asnegativasem relac¸ãoaotratamento,faltadeferramentasclínicase compor-tamentaise,ainda,faltadeconhecimentosobreestratégiasde adesão.
Numarevisão(meta-análise)de79estudos,Martinetal.34 constataramqueaassociac¸ãodarelac¸ãoterapêutica coma adesãoaotratamentoeraconsistente,independentementede outrasvariáveisquepossamterinfluenciadoessarelac¸ão.
Lecomte et al.35 evidenciaram que as dificuldades na construc¸ão de uma relac¸ão terapêutica se associaram sig-nificativamente a problemas de adesão à medicac¸ão e de envolvimento com os servic¸os. Por sua vez, Tunis et al.36 verificaramquearelac¸ãopositivacomocorpoclínicoeo cum-primentodeobjetivospartilhadoscorrespondiama2fatores preditivosparaaadesãoàmedicac¸ãoantipsicóticainicial,ao longodoprimeiroano.
Baseadonumestudodemapeamentodeconceitos envol-vendo doentes, cuidadores e profissionais, Kikkert et al.37 relataramtambémumainfluênciapositivasobreaadesãoao tratamentocasoosmédicossedebruc¸assememexploraros aspetospositivosdamedicac¸ão,emmelhoraroinsight,eem promoverumarelac¸ãoterapêuticapositivacomosdoentese cuidadores.
Com base numa outra revisão da literatura, Masand & Narasimhan38 concluíram que uma relac¸ão médico-doente deficitáriacorrespondeaumfatorderiscosignificativoparaa não-adesãoaotratamento.
A importância da qualidade da relac¸ão que é estabele-cidaentreaequipaclínicaeosdoentespareceestartambém relacionadacomascaracterísticasdepersonalidadedos pro-fissionais.
Éexpectávelqueumprofissionaldesaúdementalquefac¸a usodedeterminadostrac¸os(e.g.assertivo,confiante,sereno, empático,seguro,etc.)consigaestabelecer maisfacilmente umarelac¸ãoterapêuticadequalidadecomo«seu»doente39,40. Aestepropósito,Hersougetal.41desenvolveramumestudo para investigar a qualidade terapêutica de acordo com as
característicasdosterapeutas,emplanosde tratamentode longadurac¸ão(até120sessões).Osresultadosindicaramque arelac¸ãoterapêuticatinhapiorqualidadenosterapeutasque adotavamumaposturamaisfriaedistanteduranteassessões (dadosavaliadosem201doenteseem61terapeutas).
Aindanoqueconcerneàsperturbac¸õespsiquiátricas,um trabalho recente levado a cabo por Kvrgic et al.42 anali-sou diversas variáveis relacionadas àqualidade da relac¸ão terapêutica em doentes em ambulatório (o estudo incluiu 156doentescomdiagnósticodeesquizofreniaeperturbac¸ão esquizoafetivaemfasedeestabilizac¸ãodadoenc¸a). Verificou--sequeossintomasclínicos,adurac¸ãodotratamentoeaidade doterapeutanãoestavamrelacionadoscomaqualidadeda relac¸ãoterapêutica,enquantooestigma,onúmerode recaí-daseafaltadeinsightrepresentavamfatorespreditoresque minavamarelac¸ãoentremédico-doente.
Outrostrabalhosreforc¸amaideiadequeaqualidadeda relac¸ãoterapêuticaqueosprofissionaisdesaúdemental esta-belecemcomosdoentes,bemcomoasestratégiasdeadesão que utilizam,têm umimpactopositivo noprognóstico das perturbac¸õespsiquiátricas10,43,44.Poressarazão,alguns auto-res têm vindo a estudar a qualidade da relac¸ão segundo perspetivas centradasfundamentalmente nos profissionais desaúdemental10,44.
A associac¸ão entre adesão ao tratamento e relac¸ão terapêuticanasperturbac¸õespsiquiátricasjustificao desen-volvimentodeabordagensvisandoofortalecimentoarelac¸ão profissional-doente, representandoesta relac¸ão umvínculo suscetível de produzir resultados clínicospositivos45,46. De acordocomosdadosdaliteratura,parecesercrucialquea relac¸ãoterapêuticaestabelecidacomestesdoentespermita: (1)desmistificarascrenc¸asrelacionadascomadoenc¸ae tra-tamento;(2)identificarosfatoresrelacionadoscomuminsight
reduzido;(3)esclarecerosbenefíciosdaadesãoaotratamento; (4)ajudarodoentealidarcomospossíveisefeitos secundá-riosdosmedicamentos;e(5)esclarecerdúvidasrelacionadas comadoenc¸aetratamento47.
Aindaemrelac¸ãoàimportânciaqueaqualidadedarelac¸ão terapêutica podedesempenharnasperturbac¸ões psiquiátri-cas,umestudodesenvolvidoporMcCabeetal.48mostrouque umacomunicac¸ãoeficazentremédico-doente,incluindoum entendimentocomum,estáassociadaaumamelhoradesão aotratamento.
Finalmente, deve ser salientado que certas atitudes do prescritor,comootipodelinguagem,otempodispensadona consulta,oacolhimento,orespeitopelascrenc¸aseperguntas dosdoentes,eamotivac¸ãodopróprioclínico,sãotambém fatores amplamente citados na literatura como elementos preponderantesnaadesãoaotratamento49–52.
Aanáliseglobaldosestudosacimamencionadosconfirma, assim, a importância da relac¸ão terapêutica na promoc¸ão da adesão ao tratamento de doentes com perturbac¸ões psiquiátricas45,53,54.
Atitudesecrenc¸as
As atitudes positivas, ou pelo menosnão-estigmatizantes, para com os doentes com perturbac¸ões psiquiátricas são essenciais para o desenvolvimento da relac¸ão médico--doente55.
Talcomotemacontecidocomasatitudeseascrenc¸asdos doentes(Adams&Scott,200056),tambémestes2fatorestêm vindoaserestudadosnosmédicospsiquiatras,devidoaofacto depoderemserimportantesnaprevisãodaadesãoao trata-mentonasperturbac¸õespsiquiátricas57,58.
ParaMardbyetal.59 éimportante avaliarascrenc¸asdos médicospsiquiatrasemrelac¸ãoàmedicac¸ãopsicotrópicae asatitudesemrelac¸ãoaotratamentopsiquiátrico,umavez queestaspoderãoinfluenciarnaescolhadotratamento,na relac¸ãoterapêuticaenaadesãododoente60–62.
Deane&Byrne63eCardosoetal.64 partilhamdamesma opinião,realc¸andoaextremaimportânciadorelacionamento queseestabelece entreo doenteeos médicos psiquiatras emgeral,especialmentenoquedizrespeitoàtransmissãode informac¸õesrelativasaotratamento,paraqueestepossaser seguidocorretamenteeseminterrupc¸ões.
Osmédicos psiquiatras(assim como, provavelmente,os outros profissionais de saúde mental) e os doentes esta-belecem, assim, uma relac¸ão na qual coexistem 2 níveis desaber:crenc¸asprofissionais ecrenc¸asleigas,interagindo numa«díade»emqueacomunicac¸ãovaiinfluenciara ade-são,expetativasedecisõesdodoente40.Estefactosurgecomo umagrandeproblemáticanaadesãoaotratamento,pois,tal comorefere Hassan65, existefrequentementeumdéficena comunicac¸ãoentreosmédicospsiquiatraseosdoentes.Este factodificultaaexposic¸ãodasopiniõesrelativamenteao tra-tamentoporpartedodoente,mantendo-seassimasfalsas crenc¸asqueestetememrelac¸ãoàterapêuticae/ouao trata-mento,oquepodecomprometerarelac¸ãoterapêutica.
Relativamenteàsperturbac¸õespsiquiátricas,ereforc¸ando oestádescritoacima,osresultadosdeumestudoconduzido porDayet al.66, comindivíduoscom diagnósticode esqui-zofreniaedeperturbac¸ãoesquizoafetiva,indiciamque,para alémdoníveldeinsight,otipoderelac¸ãoestabelecidocoma equipa clínica (nomeadamente com o médico prescritor) eaexperiência duranteo internamentopodem influenciar otipodeatitudequeodoenteadotaposteriormente.Estes autoresreferemqueaatitudedomédicoerestanteequipa, duranteo períododeadmissãoeinternamento, representa umfatorpreponderantenaformacomo odoenteaceita as recomendac¸õesquerecebe,relativasànecessidadeem man-terotratamento.Estesdadosreforc¸amaideiadequeoperíodo deinternamentodevecorresponderaummomento privilegi-ado,ondetodaaequipadeverádirigiresforc¸osnosentidode contribuirparaaadesãoaotratamentonoperíodopós-alta.
Perkins et al.67, numa revisãoacerca de como as atitu-des eas crenc¸asdos médicos podeminfluenciar aprática clínica, verificaramque estes 2 fatorescorrespondem, fre-quentemente, a preditores significativos do seu próprio comportamentoenquantoclínicos.Osautoresacrescentam que, dada a vasta literatura sobre a eficácia de aborda-gensespecíficasquevisamaumentaraadesão(e.g.Theoryof ReasonedAction68;TheoryofPlannedBehavior69; Psychoedu-cationforcaregivers70–72;CognitiveBehaviourTherapy73–75)e asdificuldadesexistentesnasuadivulgac¸ãoeimplementac¸ão, existeumanecessidadeprementede melhorar aformac¸ão dos médicos psiquiatras nestas intervenc¸ões. Os autores comentamaindaqueestasabordagenspodemserutilizadas nãoapenasparaaumentarosconhecimentostécnicos,mas também para atuar a nível das suas atitudes e crenc¸as,
possibilitando a identificac¸ão dos principais obstáculos associadosaocomportamentodesejado.
Para além dos médicos psiquiatras representarem um papelfundamentalnaadesãoaotratamentododoente, tam-bémosenfermeiros,bemcomooutrosprofissionaisdesaúde mental(ex:psicólogos,terapeutasocupacionais, psicopedago-gos,assistentessociais,etc.)ocupamumlugarprivilegiadoe nãomenosimportantequeodosmédicos.
Byrneetal.62estudaramosconhecimentos,asatitudeseas crenc¸asdosenfermeiros(n=64)emrelac¸ãoaos medicamen-tosantipsicóticosnotratamentodedoentescomperturbac¸ões psiquiátricas, a fim de identificar necessidadesformativas. Este estudosugeriuqueafaltade conhecimentossobreos medicamentosemgeralestavaassociadaàsatitudesecrenc¸as dosenfermeiros.Oconhecimentomaispobreestaria,assim, associado àsdificuldades destesprofissionaisem desenvol-veremestratégiasdemelhoriadaadesão.Estesdadosestão deacordocomestudosanterioresquemostraramqueafalta deconhecimentos,asatitudeseascrenc¸asnegativaspodem deixarosenfermeirosrelutantesemeducarosdoentese pro-moveraadesãoaosmedicamentosantipsicóticos76.Umavez queváriosestudosvêmdemonstrandoqueapsicoeducac¸ão pode aumentar a adesão ao tratamento nas perturbac¸ões psiquiátricas77,éfundamentalodesenvolvimentode inicia-tivasformativasdirigidastambémaosprofissionaisdesaúde mental não-médicos, que incidam no desenvolvimento de conhecimentosequeprocuremmodificaratitudesecrenc¸as negativas.
Estasiniciativasexigemumesforc¸ograndeporpartedos formadores, com o intuito de proporcionar um aumento dosconhecimentos e,ao mesmotempo,umamudanc¸a de atitudesatravésdeprogramaseducacionais16.Algunsdesses programastêmsidobem-sucedidos26,78,27,79,eosresultados mostram queumamudanc¸aefetivanasatitudesecrenc¸as dosprofissionaisdesaúdementalpodeaumentaraadesão aotratamento.
Recorde-sequeestefenómenosustentagrandepartedo sucessodequalquerintervenc¸ãoterapêutica50.Noentanto, emboraasatitudeseascrenc¸assobreotratamentopossam afetar a adesão1,80–84 nem todos os profissionais de saúde mentalnão-médicosreconhecemaimportânciaemdiscutir estes2fatorescomosdoentes85eentenderdequeformaas suasprópriasatitudesecrenc¸aspodem,tambémelas, influ-enciaraadesãodosdoentesaotratamento.
Otimismoterapêutico
O otimismo pode ser entendido como uma característica cognitiva em relac¸ão ao futuro, estimulado por resultados positivos, e capaz de atuar como agente motivador para alcanc¸arnovasexpetativas86.Ootimismoé,igualmente,uma característica importante da personalidade, ligada àforma comoosujeitoprocessaainformac¸ãorelativaaoseufuturo. Normalmente,deveentender-secomoumacaracterísticaou tendênciamaisoumenosestáveldoindivíduo,em circuns-tânciasnormaisdavida,equetendeaprevalecermesmoem circunstânciasadversas87.
Relativamente aos profissionais de saúde mental, esta característica éconsiderada como umfator importante na obtenc¸ãoderesultadosassociadosaotratamento.Ootimismo
terapêuticoestá associado àsexpetativas dos profissionais desaúdementalemrelac¸ãoaotratamentoeaoprognóstico, facilitandooprocessamentodeinformac¸ãonegativa,e pro-movendoodesenvolvimentodeestratégiasecompetências paraaresoluc¸ãodeproblemas88.
Ainvestigac¸ãosobreestetema,naáreadasaúdemental, temdemonstrado queumavisãootimistaestáassociada a resultadosmaispositivosparaasaúde89–93equeootimismo podemesmosertransferidoparaosdoentes94.Níveis eleva-dosdeotimismoregistadosnosprofissionaisdesaúdemental podemmesmoviraterbenefíciosparaasaúdedosdoentes iguaisaossuperioresàsprópriascrenc¸asdosdoentes, corres-pondendotambémaumfatorpreditivonoprognósticoena adesãoaotratamentonasperturbac¸õespsiquiátricas95.
Embora as intervenc¸ões que visam o aprimoramento do otimismo tivessem indicado benefícios claros para o doente91,96,97eparaosprópriosclínicos26,existepouca lite-ratura disponível que explique o efeito que o otimismo terapêutico exerce na prática clínica, inclusive na área da saúdemental,devidoàausênciade medidaspsicométricas validadas.
Investigac¸ão
em
Portugal
EmPortugal,desconhece-seaexistência deestudosquese tenhamdebruc¸adoemavaliaroimpactoqueosfatoresaqui descritospodemternaadesãoaotratamentodosdoentescom perturbac¸õespsiquiátricas.
Devidoàescassaliteraturatambémpublicadaanível inter-nacional sobreeste tema, desenvolveu-seumprotocolo de investigac¸ão, no âmbito do programa de doutoramento da NOVAMedicalSchool–UniversidadeNovadeLisboa,quefoi implementadonosúltimos2anosemservic¸ospúblicosde psi-quiatriaesaúdementalda RegiãoMetropolitanadeLisboa. Nesteartigodescreve-se oprotocolodeinvestigac¸ão,sendo osresultadosdotrabalhodecampopublicadosnumpróximo artigo.
Protocolo
de
investigac¸ão
Objetivosdoestudo–foramelencadososseguintesobjetivos: a) Relativamente aos indivíduos com perturbac¸ão
psiquiá-trica:
1. avaliaraadesãoaotratamento;
2. identificarosfatoresqueafetamaadesão; 3. identificarfatorespreditoresdenão-adesão;
4. avaliaroimpactodasatitudesedascrenc¸asnaadesão aotratamento;
5. contribuir paraavalidac¸ãode umquestionário sobre apercec¸ãododoenteemrelac¸ãoàdoenc¸aeao trata-mento(PerceptionQuestionnaireforPsychosis98). b) Relativamenteaosprofissionaisdesaúdemental:
6. avaliarootimismoterapêutico;
7. avaliarascrenc¸asemrelac¸ãoaotratamento;
8. identificar as estratégias de adesão mais utilizadas pelosprofissionais;
9. avaliaroimpactodasatitudesedascrenc¸asnaadesão aotratamento;
10. contribuir paraavalidac¸ãodequestionárioscrenc¸as (Medication Alliance Beliefs Questionnaire99), estra-tégiasdeadesão(DifficultyImplementingAdherence Strategies62)eotimismoterapêutico(Elsom Therapeu-ticOptimismScale10).
Desenho doestudo– foidelineado umestudo transver-sal,observacional(nãoexperimental),descritivoeanalítico, composto por 2 amostras de conveniência – uma amos-tra constituídaporindivíduoscomperturbac¸ãopsiquiátrica grave, eumaoutra amostra composta por profissionais de servic¸ospúblicosdepsiquiatriaesaúdemental.
Populac¸ão-alvo – foram consideradas como populac¸ões--alvo: 1) todos os indivíduos com perturbac¸ão psiquiátrica graveassistidosnosservic¸ospúblicosdepsiquiatriaesaúde mental selecionadosparao estudo(HospitalSãoBernardo, Setúbal;HospitalGarciadeOrta,Almada;HospitalSão Fran-cisco Xavier, Lisboa); e 2) todos os profissionais de saúde mentalquetrabalhavamnessesservic¸os.
Critériosdeinclusão–foramadotadososseguintes crité-rios:
a) indivíduoscomperturbac¸ãopsiquiátrica:indivíduoscom idadecompreendidaentre18-65anos,comdiagnósticode esquizofrenia,perturbac¸ãobipolarouperturbac¸ão esqui-zoafetiva,deacordocomoscritériosdaClassificac¸ão Inter-nacionaldas Doenc¸as(CID-10—Secc¸ãodePerturbac¸ões Mentais eComportamentais — Critérios de Diagnóstico paraInvestigac¸ão;OMS,1993);
b) profissionais:profissionaisdesaúdementalenvolvidosna prestac¸ãodiretadecuidadosaosdoentesavaliados,com experiêncianaáreadasperturbac¸õespsiquiátricasgraves.
Dimensões
do
estudo
Foramavaliadasasseguintesdimensões:
a) indivíduos com perturbac¸ão psiquiátrica: características sociodemográficas(idade,género,escolaridade,profissão, estadocivil,pessoascomquemvive,pessoasqueajudam acumprirotratamento);elementosclínicos(diagnóstico, fatoresde risco, númerode internamentos,terapêutica, regime de tratamento, tipo de tratamentos em curso, durac¸ãodadoenc¸a,consumodesubstâncias,númerode tentativas de suicídio, grau de satisfac¸ão em relac¸ão à informac¸ão transmitida pelo médico referenteao trata-mento,graudeadesão,crenc¸asemrelac¸ãoàmedicac¸ão, percec¸ãodadoenc¸aepsicopatologia).
b) profissionais: características sociodemográficas (idade, género, habilitac¸ão mais elevada, profissão, tempo de servic¸o);outroselementos(númerodehorasdeformac¸ão específicaemestratégiasdeadesãoedesenvolvimentode competências comunicacionais,número de doentesem acompanhamento,númerodehorasquepassacom doen-tesquenãoaderemaotratamento,otimismoterapêutico, atitudesecrenc¸asemrelac¸ãoaotratamentoeestratégias deadesão).
Instrumentosdeavaliac¸ão:
a. Indivíduoscomperturbac¸ãopsiquiátrica:
1. questionáriodetiposemiestruturadoparacolheitade dados sociodemográficos e clínicos, exclusivamente desenvolvidoparaoefeito;
2. MoriskyMedicationAdherenceScale100(versão portu-guesadeDelgado&Lima101);
3. BeliefsAboutMedicinesQuestionnaire102(versão por-tuguesadePereira&Silva103);
4. BriefPsychiatricRatingScale4.0.104(versãoportuguesa deGusmão,1996);
5. IllnessPerceptionQuestionnaireforPsychosis98(versão portuguesadeCardoso105).
O tempo de preenchimento dos 5 questionários variou entre45-60 minutos.Arealizac¸ão doretestepara oIPQfoi prevista em todos os doentes que a isso se dispusessem, considerando-se um intervalo temporal entre o teste e o retestenãoinferioraumanemsuperiora3semanas.
Atraduc¸ãoda versão originaldoIPQ(em inglês)para a línguaportuguesafoirealizadapelaautoraediscutidanum grupo-foco.Estegrupofoiconstituído por8profissionaisde saúdemental(3 enfermeiros, 3psicólogos e2psiquiatras). Ogrupo-focopossibilitouacriac¸ãodeumaversãoadaptada àpopulac¸ãoportuguesa.Estaversãopreliminarfoiaplicada numteste-pilotoa10doentesinternadosnoHospitaldeSão Bernardo,emSetúbal,o quepossibilitou fazer osreajustes necessários.
Relativasaosprofissionaisdesaúdemental:
1. MedicationAllianceBeliefsQuestionnaire26–versão por-tuguesadeCardoso106;
2. Difficulty Implementing Adherence Strategies62 –versão portuguesadeCardoso107;
3. ElsomTherapeuticOptimismScale10–versãoportuguesa deCardoso108.
O tempo de preenchimento dos 3 instrumentos variou entre15-30minutos.Oretestefoiprevistoemtodososclínicos queaissosedispusessem,considerando-seumintervalo tem-poralentreotesteeoretestenãoinferioraumanemsuperior a3semanas.
Atraduc¸ãodasversões originaisemlínguainglesapara a língua portuguesa foi realizada pela autora e discutida num grupo-foco, tal como já foi anteriormente descrito. A versão preliminar dos 3 instrumentos foi aplicada num teste-pilotoa10profissionaisdesaúdemental(5psiquiatras e5enfermeiros)que,naalturadoestudo,exerciamfunc¸ões nodepartamentodepsiquiatriadoshospitaisSãoBernardo (Setúbal)eGarciadeOrta(Almada).Subsequentemente,foi realizada a retroversão para inglês com a colaborac¸ão de 2psicólogos eumenfermeiro bilingues eque nãotiveram contactopréviocomosinstrumentos.Esseprocedimentofoi feitoparaos3instrumentosaplicadosaosprofissionais de saúde mental. A versão retrovertida foi submetida a aná-lisepeloprimeiroautordosinstrumentosoriginais(Mitchell Byrne).Após asuaaprovac¸ão,foi fixadaaversãodefinitiva e iniciado o estudo de contribuic¸ão para a validac¸ão dos 3questionários.
Conclusões:
da
teoria
à
prática
Uma das barreiras maissignificativasà efetividadedo tra-tamento está relacionadacom adificuldade dodoenteem seguirasrecomendac¸õesdomédico, oudeoutro profissio-naldesaúdemental.Existeumaevidênciacrescenteacerca dosdeterminantesdenãoadesãoaotratamento (farmacoló-gico,nãofarmacológico),nomeadamentenoquesereferea fatoressocioeconómicosedemográficosdodoente(atitudes, crenc¸aseinsight),dotratamento(efeitossecundários,durac¸ão, ausênciaimediatademelhoriadossintomas),dadoenc¸a(tipo, sintomas egrau de impacto) e dosprofissionais de saúde mental(qualidadedarelac¸ãoterapêutica,atitudes,crenc¸ase otimismo).
A baixa aceitac¸ão social do tratamento psiquiátrico (estigma)tambémrepresentaumfatorimportante,dadoque adiscriminac¸ãotemumimpactonegativosobreocursoda doenc¸a,interferindocomaadesãoaotratamento109–111.
Nosentidodaminimizac¸ãodoimpactodestefenómeno,os dadosdaliteraturamostramqueaaceitabilidadedadoenc¸ae dotratamentoémaiorquandoodoenteeasuafamília rece-bemorientac¸ãoesuporte,equandolhesépermitidoparticipar naplanificac¸ãodotratamento112,113.
Mesmoqueasterapiasmedicamentosastenham revoluci-onadootratamentodasperturbac¸õespsiquiátricas,osúltimos anos testemunharam uma consciencializac¸ão crescente, suportada porevidência científica, de que as intervenc¸ões psicossociaistêmumimpactoconsiderávelsobreos resulta-dosdotratamentonasdoenc¸asdeforopsiquiátrico.Contudo, estasintervenc¸õesnãodevemlimitar-seaodoentee,por con-seguinte,tambémosfamiliarese/oucuidadoresdepessoas com perturbac¸ãomental devem integrar o plano de trata-mento.
Otermo«adesão»é,assim,extensívelàparticipac¸ãoativa por parte dos familiares/cuidadores, pelo que deverão ser consideradoscomoparceirosimportantesnaprestac¸ãode cui-dados,estimuladosaparticiparnestaprestac¸ão,earecebero treinoeeducac¸ãonecessários.
Segundo o PNSM 2007-2016, a análise da situac¸ão em Portugal aponta para uma reduzida participac¸ão de doen-tes e familiares nos diversos aspetos da planificac¸ão e prestac¸ãodecuidados.Nestesentido,oplanorecomendaa descentralizac¸ãodosservic¸osdesaúdemental,demodoa per-mitiraprestac¸ãodecuidadosmaispróximosdaspessoasea facilitarumamaiorparticipac¸ãoglobaldascomunidades,dos doentesedassuasfamílias.
Nomesmosentido,énecessárioquehajaumenvolvimento pleno por parte da equipa clínica, e sejam desenvolvidos esforc¸oseaperfeic¸oadascompetênciasquepossibilitem res-ponderaos fatoresque diminuemaadesãoao tratamento. Assim, os fatoresque influenciampositivamente a adesão aotratamentodevemseridentificadosomaisprecocemente possível,nosentidodepoderemvirasercontroladose moni-torizadas aquandoda definic¸ão de estratégias, de modo a garantirbonsníveisdeadesão1,99,114–117.
Deacordocomaliteratura,nãoexisteuma intervenc¸ão--padrãocapazdeisoladamentemelhoraraadesãodetodos osdoentes118–121,peloqueosucessodasmedidasadotadas depende, emgrandeparte,doprofissionaldesaúdemental
queaspraticaedasuacapacidadeemadaptarasintervenc¸ões àscaracterísticasindividuaisdecadadoente124.Noentanto, apesardamaioriadosprofissionaisdesaúdemental consi-derarqueprocuramelhorarativamenteaadesãodosdoentes aotratamento,amaiorpartenãopossuiqualquerformac¸ão específicasobreesseassunto.
Arevisãodaliteraturareforc¸a,pois,anecessidadedese aprofundaremasquestõesrelacionadascomosprofissionais desaúdemental,naperspetivadoquepodemrepresentarna melhoriadaadesãoaotratamento.
Atualmente,existejáalgumaevidênciacientíficaque valo-rizaapromoc¸ãodascompetênciasinterpessoaise comunica-cionaisdosprofissionaisdesaúdemental,correlacionando-as comosníveisdeadesão,mascentradaquaseexclusivamente empaísesderaizanglo-saxónica.
Poressemotivo,éfundamental,empaísescomoPortugal,o desenvolvimentodeinvestigac¸ãopróprianestaárea,que per-mitaavaliaremtermoslocaisoimpactoqueootimismoeas mudanc¸asdeatitudesecrenc¸asdosprofissionaisde saúde mentalpodemrepresentarnaadesãoaotratamentodos indi-víduoscomperturbac¸ãopsiquiátrica.
Financiamento
Otrabalhoinsere-senoprogramadedoutoramentodaNOVA Medical School e é apoiado pela Fundac¸ão para a Ciên-cia e Tecnologia, através de uma bolsa de doutoramento (Ref.aSFRH/BD/76145/2011).
Conflito
de
interesses
Osautoresdeclaramnãohaverconflitodeinteresses.
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