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I curso de capacitação em língua brasileira de sinais (libras) para futuros profissionais da área da saúde (2017): um relato de experiência/I Brazilian sign language training course for future health professionals (2017): an experience report

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Academic year: 2020

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I curso de capacitação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para

futuros profissionais da área da saúde (2017): um relato de experiência

I Brazilian Sign Language training course for future health

professionals (2017): an experience report

DOI:10.34117/bjdv5n10-252

Recebimento dos originais: 12/09/2019 Aceitação para publicação: 20/10/2019

Aryadyne Bueno Rocha Szesz

Acadêmica do 6º ano do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa

Endereço institucional: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Av. General Carlos Cavalcanti, 4748 – Uvaranas, Ponta Grossa – PR, Brasil

E-mail: aryadyneszeszn@gmail.com

Fabiana Postiglione Mansani

Doutora em Ciências Bioquímicas pela Universidade Federal do Paraná e pela Universidade de Coimbra, Portugal

Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa

Endereço institucional: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Av. General Carlos Cavalcanti, 4748 – Uvaranas, Ponta Grossa – PR, Brasil

E-mail: fpmansani@gmail.com

João Victor Chiquetto Silva

Acadêmico do 4º ano do curso de Licenciatura em Letras Português/Espanhol da Universidade Estadual de Ponta Grossa

Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa

Endereço institucional: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Praça Santos Andrade, 01 – Centro, Ponta Grossa – PR, Brasil

E-mail: jvchiquetto@outlook.com

Lincoln Denck de Bonfim

Acadêmico do 6º ano do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa

Endereço institucional: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Av. General Carlos Cavalcanti, 4748 – Uvaranas, Ponta Grossa – PR, Brasil

E-mail: lincolndenck@gmail.com

Mariane Marcelino Fernandes

Acadêmica do 5º ano do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa Instituição: Universidade Estadual de Ponta Grossa

Endereço institucional: Universidade Estadual de Ponta Grossa, Av. General Carlos Cavalcanti, 4748 – Uvaranas, Ponta Grossa – PR, Brasil

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RESUMO

Considerando que há, no Brasil, uma defasagem de capacitação dos profissionais da saúde para comunicação em Língua Brasileira de Sinais (Libras), ocasionando um atendimento que não satisfaz um dos princípios do Sistema Único de Saúde, a equidade, os alunos do curso de Medicina da UEPG, integrantes do comitê local UEPG da IFMSA Brazil, buscaram, com a oferta deste curso, integrar os acadêmicos dos cursos da área da saúde da UEPG aos procedimentos para atendimento inclusivo. Toda a carga horária do curso foi direcionada a um atendimento ambulatorial e à compreensão de informações a serem passadas pelo paciente surdo na urgência e emergência. O curso inicialmente contou com cerca de trinta alunos das mais variadas áreas acadêmicas, na maioria, da saúde. Isso demonstra que o projeto atingiu seu objetivo de fomentar a busca de um melhor entendimento dos sinais e sintomas dos pacientes surdos pelos profissionais da saúde, gerando um impacto positivo no futuro profissional dos envolvidos no curso. Assim, observamos que há inúmeras vantagens quando o profissional da saúde tem o conhecimento necessário para o atendimento em Libras: otimiza-se o uso do tempo, além de haver diminuição de riscos relacionados a falhas de comunicação e realização de procedimentos desnecessários.

Palavras-chave: Medicina de família e comunidade. Extensão. Educação médica. Libras. Capacitação. Relação médico-paciente.

ABSTRACT

Considering that, in Brazil, there is a gap in the qualification of health professionals regarding communication in Brazilian Sign Language (Libras), causing a medical attention that does not satisfy one of the principles of the Unified Health System (Sistema Único de Saúde – SUS), equity, students of the Medicine course at State University of Ponta Grossa (UEPG), members of the IFMSA Brazil local committee at UEPG, aimed, by offering this course, to integrate students of health science courses at UEPG into the procedures for inclusive medical attention. All course load was directed to outpatient care and to the comprehension of information given by deaf patients in urgency and emergency. The course initially had about thirty students from the most varied academic areas, mostly related to health sciences. This demonstrates that the project achieved its goal of promoting the search for a better understanding of the signs and symptoms of deaf patients by health professionals, generating a positive impact on the professional future of those involved in the course. Thus, it is possible to say that there are countless advantages when the health professional has the necessary knowledge for a suitable attention using Libras: especially, the use of time is optimized. Moreover, risks related to miscommunication and the execution of unnecessary procedures are reduced.

Keywords: Family and community medicine. Extension. Medical education. Brazilian Sign Language (Libras). Professional qualification. Patient-physician relationship.

INTRODUÇÃO

Há algumas décadas, vem crescendo a demanda por inclusão em diversos setores da sociedade, portanto, o setor da saúde não pode ficar de fora desse processo.

De acordo com o Censo do IBGE de 2010, há no Brasil aproximadamente 10 milhões de surdos, que, assim como a população sem nenhuma limitação, também adoecem e demandam cuidados médicos. Porém, existe, na área da saúde em geral, uma defasagem de capacitação dos profissionais para comunicação em Língua Brasileira de Sinais (Libras),

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ocasionando um atendimento que não satisfaz um dos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), a equidade.

O conhecimento em Libras pelo profissional de saúde objetiva um melhor entendimento dos sinais e sintomas desses pacientes, e tal conhecimento influencia grandemente na conduta do profissional frente às adversidades que podem surgir no momento do atendimento, gerando nele uma tomada de consciência sobre a necessidade de atendimento mais humanizado ao paciente surdo.

Esse atendimento, quando realizado de maneira eficaz, reduz problemas e custos, otimiza o uso do tempo, além de minimizar os riscos relacionados a falhas de comunicação e realização de procedimentos equivocados ou desnecessários, por falta de informações semiológicas úteis possibilitadas pela anamnese.

Portanto, percebe-se a importância da formação de profissionais da saúde com capacitação para a comunicação por meio da Libras, uma vez que “a comunicação não-verbal é importante no atendimento aos pacientes surdos e permite a excelência do cuidar em saúde.” (CHAVEIRO, 2009, p. 147).

Neste cenário, o Departamento de Medicina (DEMED/UEPG) / Comitê Local UEPG/IFMSA Brazil, em parceria com o Departamento de Estudos da Linguagem (DEEL/UEPG), se propôs a desenvolver esse curso de extensão como meio de levar o conhecimento aos futuros (e já formados) profissionais da área, para assim garantir educação em saúde e a humanização.

Com a interação dos acadêmicos de diversos cursos e professores qualificados na área de Língua Brasileira de Sinais, pretendeu-se enriquecer o conhecimento da comunidade acadêmica sobre a necessidade do desenvolvimento de mais ações desse gênero.

JUSTIFICATIVA

Quando se pensa em um atendimento inclusivo na área da saúde, verifica-se nas estruturas curriculares dos cursos da Universidade Estadual de Ponta Grossa uma lacuna, pois não há ações que visem ao processo de inclusão, que é um grande pilar das ações em saúde no mundo todo.

Assim, a realização deste curso justificou-se por proporcionar aos acadêmicos e profissionais da saúde um aprendizado suficiente para um atendimento de melhor qualidade e mais humanizado ao paciente surdo.

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Ao verificar-se na literatura o ponto de vista do paciente surdo em relação à sua comunicação com profissionais da saúde ouvintes, encontram-se diversos depoimentos que reafirmam a importância desta ação, conforme seguem:

Tive medo de não ser compreendida, tive que esperar mais ou menos 5 dias para minha mãe chegar e ir comigo ao médico. [...] Seria bom se os profissionais da saúde soubessem a Língua de Sinais. A doença muitas vezes não pode esperar até que se consiga um intérprete, o quadro pode se agravar. Foi o que aconteceu comigo (CHAVEIRO, 2009, p. 148).

O médico escreve a hora que tem que tomar remédio, isso é fácil. Difícil é entender as explicações da doença, para que serve o remédio. [...] A comunicação é difícil entre os profissionais da saúde, falta compreender melhor o surdo, só dar receita não resolve (CHAVEIRO, 2009, p. 149-150).

Monaretti et al. (2008), por meio de seu trabalho “Aspectos éticos da relação médico- paciente surdo durante a consulta médica”, quantificaram a problemática dessa relação. Tal trabalho foi realizado com dezenove indivíduos de uma associação de surdos da cidade de Ribeirão Preto (SP), por meio da aplicação de um questionário sobre a relação médico- pacientes surdos. Os resultados dessa investigação demonstraram que

a maioria dos indivíduos (79%) relatou dificuldades na compreensão da consulta médica, sendo as principais a leitura orofacial, a comunicação com o médico, a localização de outros setores da unidade de saúde, e para o agendamento de consultas. Cerca de 26,3% consideraram que os médicos não se esforçam para compreender o paciente surdo; 73,6% disseram necessitar de intérprete e 26,3% relataram prejuízo na privacidade devido à presença do intérprete, o que fere determinações do Código de Ética Médica do CFM (1988). Além disso, o intérprete recebia mais atenção por parte do médico. Cerca de 42,1% disseram não ficarem esclarecidos ao final da consulta médica, concordando com os autores citados. As principais sugestões para melhoria da relação médico-paciente surdo foram a inserção de mais intérpretes nas unidades de saúde (em 62,5% das respostas) e a prática de Libras pelo médico (em 56,3% das respostas). (MONARETTI et al., 2008).

Pode-se relacionar o conteúdo dessa citação à afirmação de Chaveiro (2009, p. 147) de que “fica clara a necessidade de as instituições públicas oportunizarem programas que visem à formação dos profissionais para adequada assistência aos pacientes surdos”, o que ratifica a importância da ação proposta por meio deste curso.

OBJETIVOS

Por meio do desenvolvimento desse curso de extensão, objetivou-se integrar os acadêmicos dos cursos da área da saúde da Universidade Estadual de Ponta Grossa e profissionais da saúde aos procedimentos para atendimento inclusivo da pessoa surda, além

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de oferecer a essa comunidade uma capacitação para uma maior amplitude no atendimento a pacientes, de modo a garantir a promoção de educação em saúde.

Assim, os integrantes do curso foram levados a uma maior vivência da prática da inclusão, gerando uma devolução à comunidade do investimento na academia. Além de proporcionar capacitação em Libras para atendimento a pacientes surdos, buscamos com esta ação promover a educação em saúde, especificamente relacionada à inclusão de pacientes surdos, e trabalhar com vocabulário em Libras relacionado à anamnese geral e ao atendimento de pacientes surdos, tanto em Unidades Básicas de Saúde (eletivo) como em Pronto Atendimentos (urgência/emergência).

METODOLOGIA

O Curso de capacitação em Língua Brasileira de Sinais (Libras) para futuros profissionais da área da saúde foi aberto à participação dos acadêmicos dos cursos da área de saúde da Universidade Estadual de Ponta Grossa e a profissionais da saúde interessados na proposta de atendimento inclusivo, especialmente a pacientes surdos, por meio da capacitação para comunicação por meio da Língua Brasileira de Sinais. Para ingresso, os interessados realizaram a inscrição no prazo estipulado em edital. A divulgação do curso foi realizada pelos acadêmicos participantes do Comitê Local UEPG/IFMSA Brazil por meios físicos e digitais (redes sociais), tanto no Campus Central como no Campus Uvaranas da UEPG.

Foram disponibilizadas trinta vagas (seis delas, inicialmente, já preenchidas pelos acadêmicos do curso de Medicina participantes do Comitê Local UEPG/IFMSA Brazil), restando, portanto, vinte e quatro vagas a serem preenchidas por demanda.

A carga horária total do curso foi de 100 horas, dividida em aproximadamente 60h de atividades presenciais, teóricas e práticas e 40h de atividades à distância. O curso ocorreu aos sábados, com 3h de duração, das 9h às 12h, no Auditório do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HURCG) e em salas de aula disponibilizadas pela universidade.

Antes do início efetivo do curso, houve uma palestra de contextualização aberta à comunidade, proferida pela Prof.ª Me. Rúbia Carla da Silva (lotada no Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa), que foi também ministrante do curso, e é mestre em Ensino de Ciência e Tecnologia pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR/Ponta Grossa), além de especialista em Educação Especial (surdez e autismo), pela UEPG e professora e intérprete de Libras (FENEIS/SEED/PR).

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Durante o curso, foi utilizado como material o livro de Vocabulário Ilustrado “Saúde em Libras – Apoio para atendimento ao paciente surdo”, abaixo referenciado, que foi adquirido pelos participantes do curso separadamente.

As avaliações foram práticas e consistiram na análise dos atendimentos simulados realizados presencialmente, e foram registradas em vídeo, conforme amparo legal (Decreto 5626/2005).

Os participantes que cumpriram os requisitos avaliativos (presença mínima de 80% nas aulas e média sete nas avaliações) receberam certificado comprobatório emitido pela Pró- Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (PROEX/UEPG).

RESULTADOS

O acesso a saúde é direto de todos os brasileiros, sendo assim, ter capacitado profissionais da saúde para prestar um atendimento mais inclusivo aos pacientes surdos foi o maior resultado alcançado com este projeto. Dentre os outros resultados, destacamos o acesso e o contato com a cultura surda, o que gera maior empatia por esse grupo de pacientes em específico, além do acesso a materiais que podem possibilitar o aprofundamento dos conhecimentos dos participantes do curso sobre a Libras. Ademais, consideramos como resultado relevante alcançado com esta ação o fato de trazermos a discussão sobre o tema da inclusão e do atendimento mais humanizado aos pacientes para o ambiente acadêmico da área da saúde, o que incentiva a realização de mais ações neste âmbito.

CONSDIERAÇÕES FINAIS

Em síntese, consideramos que o trabalho realizado propiciou trazermos ao debate um tema tão relevante como a inclusão, numa área por vezes tão “fechada” como é a área da saúde. A equipe considera que os resultados alcançados nessa primeira edição do curso foram positivos, como já descrito, e que estes motivam a busca pelo desenvolvimento de outras ações como essa, inclusive com maior abrangência. A principal motivação encontrada para desenvolver esta ação é a lacuna presente na estrutura curricular dos cursos da área da saúde da UEPG e dos cursos de graduação em geral, pois muitas vezes não há ações que visem ao processo de inclusão, que é um grande pilar das ações em saúde no mundo todo.

Destacamos que realizar ações como essa é algo extremamente desafiador, uma vez que precisamos fomentar no público-alvo um desejo pela busca de um conhecimento teórico que possibilite uma melhor qualidade no atendimento a pacientes com alguma necessidade

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específica. Neste caso, o conhecimento teórico refere-se à Libras, e os pacientes visados são os surdos.

Acreditamos ter contribuído ao público-alvo que participou do curso com um aprendizado suficiente para que possam proporcionar um atendimento mais humanizado ao paciente surdo, por meio do uso da Libras, gerando uma relação profissional da saúde/paciente surdo mais bem-sucedida, e consequentemente, facilitando a adesão do paciente aos diversos tipos de terapêutica médica (objetivo primordial da ação dos profissionais de saúde). Essa sequência de ações pode gerar um melhor prognóstico para o paciente e uma maior probabilidade de satisfação deste com o sistema de saúde.

REFERÊNCIAS

CHAVEIRO, N.; PORTO, C. C.; BARBOSA, M. A. Relação do paciente surdo com o médico. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, Goiânia, v. 75, n. 1, p. 147-150, 2009. IGUMA, A.; PEREIRA, C. B. Saúde em libras: vocabulário ilustrado: apoio para

atendimento ao paciente surdo. São Paulo: Áurea Editora, 2010.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo Demográfico Brasileiro 2010. Disponível em: http://www.ibge.com.br/.

MONARETTI, F. H.; CAMPOS, M. L. I. L.; TAKESHITA, T. K.; ISAAC, M. L. Aspectos

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