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Qualidade e produtividade de variedades botâncias de pimenta (capsicum chinense) fora da região Amazônica, seu centro de diversificação / Quality and yield of botanical pepper varieties (capsicum chinense) outside the Amazon region, their diversity center

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Qualidade e produtividade de variedades botâncias de pimenta (capsicum

chinense) fora da região Amazônica, seu centro de diversificação

Quality and yield of botanical pepper varieties (capsicum chinense) outside the

Amazon region, their diversity center

DOI:10.34117/bjdv6n5-618

Recebimento dos originais: 13/04/2020 Aceitação para publicação: 29/05/2020

Gabriela Cecília Rodrigues de Jesus Formação acadêmica: Graduanda em Agronomia,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

E-mail: gabi.c.r.de.j@gmail.com

Elias Correa de Freitas Neto

Formação acadêmica: Graduando em Agronomia,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

E-mail: eliascorreaefaori@gmail.com

Marlon Jeferson Marçal Barraque Formação acadêmica: Graduando em Agronomia,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

E-mail: marlonbarraque@gmail.com

Paulo Henrique Gonzaga Mesquita Formação acadêmica: Graduando em Agronomia,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

E-mail: paulo-henrique-10@hotmail.com

Carmen Rosa da Silva Curvêlo Formação acadêmica: Professora,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

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Fernando Soares de Cantuário Formação acadêmica: Doutorando,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

E-mail: fernando.cantuario@ifgoiano.edu.br

Leandro Caixeta Salomão Formação acadêmica: Professor,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

E-mail: leandro.salomao@ifgoiano.edu.br

Alexandre Igor Azevedo Pereira Formação acadêmica: Professor,

Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano, Campus Urutaí, Endreço: Rodovia Geraldo Silva Nascimento, km 2,5, Fazenda Palmital, Urutaí, GO, Brasil. CEP:

75790-000.

E-mail: alexandre.pereira@ifgoiano.edu.br

RESUMO

O mercado mundial de pimentas é diversificado, devido à grande variedade de produtos e subprodutos, usos e formas de consumo. No Brasil, a produção de pimentas tem aumentado nos últimos anos destacando-se a região Centro-Oeste como uma das principais produtoras. Porém, a adaptabilidade agronômica de pimentas Capsicum chinense (Solanaceae), cultivadas sob condições do bioma Cerrado, ainda possui informações restritas, para fins comparativos. O objetivo foi avaliar a produtividade e qualidade de frutos das pimentas do tipo Bode Vermelha e Cumari-do-Pará no Sudeste do estado de Goiás. O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado com 2 tratamentos e 20 repetições. As colheitas foram realizadas semanalmente quando os frutos apresentavam características para a comercialização, sendo coloração amarela intensa para Cumari-do-Pará e vermelha intensa para Bode Vermelha. Parâmetros de qualidade e produção foram quantificados. Frutos da pimenta Cumari-do-Pará obtiveram maiores valores de comprimento e número de frutos planta-1 em comparação com a pimenta Bode Vermelha. Porém, ao longo de nove colheitas, um total de 14000 kg ha-1 foi obtido para a Bode Vermelha em comparação com 6000 kg ha-1 para a Cumari-do-Pará. A pimenta Bode Vermelha demonstrou maior adaptabilidade às condições de cultivo avaliadas em comparação com a pimenta Cumari-do-Pará, refletindo em melhores produtividades.

Palavras-chave: Bode Vermelha, Cumari-do-Pará, Produtividade, Solanaceae, Goiás.

ABSTRACT

The world pepper market is diverse, due to the wide variety of products and by-products, uses and forms of consumption. In Brazil, the production of peppers has increased in recent years, with the Midwest region standing out as one of the main producers. However, the agronomic adaptability of Capsicum

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information, for comparative purposes. The objective was to evaluate fruit quality and yield of “Bode Vermelha” and “Cumari-do-Pará” peppers in the southeastern state of Goiás. The adopted experimental design was completely randomized with 2 treatments and 20 replications. The harvests were carried out weekly when the fruits had characteristics for commercialization, with an intense yellow color for “Cumari-do-Pará” and intense red for “Bode Vermelha”. Common quality and yield parameters were quantified. Fruits of the “Cumari-do-Pará” pepper obtained higher values of length and number of fruits plant-1 compared to the “Bode Vermelha” pepper. However, over nine harvests, a total of 14000 kg ha-1 was obtained for “Bode Vermelha” compared to 6000 kg ha-1 for “Cumari-do-Pará”. The “Bode Vermelha” pepper showed greater adaptability to the cultivation conditions evaluated in comparison with the “Cumari-do-Pará” pepper, reflecting in better yields.

Key-words: Bode Vermelha, Cumari-do-Pará, yield, Solanaceae, Goiás state.

1 INTRODUÇÃO

O mercado para as pimentas é diversificado, mundialmente, devido à grande variedade de produtos e subprodutos, usos e formas de consumo. Basicamente há dois gêneros de pimentas mais conhecidos: Piper e Capsicum. As mais antigas são do gênero Piper, que são sementes de plantas da família das piperáceas, as quais têm como princípio ativo mais importante a piperina. Já o gênero

Capsicum compreende cerca de 30 espécies conhecidas. As pimentas desse último gênero pertencem à

família Solanaceae, da qual fazem parte também a berinjela, tomate, pimentão, batata e etc.

O princípio ativo mais importante nas pimentas é a capsaicina, segundo Bontempo (2007). Estudos mostram que além de realçar o sabor dos alimentos, essa substância também apresenta várias funções benéficas à saúde. O valor nutricional é relativamente alto por constituírem boas fontes de vitaminas, principalmente A e C e apresentarem ainda vários minerais que são fundamentais para o perfeito funcionamento do organismo, além de atuar no tratamento de micoses (Berg & Silva 1988), aliviar cólicas menstruais (Pereira et al. 2007), dentre outras aplicações.

A produção de pimenta, no Brasil, tem aumentado nos últimos anos (Rufino & Penteado 2006) destacando-se as regiões Sudeste e Centro-Oeste como principais produtoras. O cultivo de pimenta no país se destaca por sua grande importância em função das suas características de rentabilidade, principalmente quando se agrega valor ao produto (processamento), assim como por sua importância social. As pimentas requerem grande quantidade de mão-de-obra, especialmente durante a colheita, que ocorre quando estas se encontram com tamanho máximo de frutos e formato típico de cada espécie e coloração determinada pelo mercado (Henz 2018).

A maioria das cultivares de pimentas plantadas no Brasil é considerada variedade botânica ou grupo varietal, com características de frutos bem definidas (Ribeiro 2004). Dentre os grupos mais comuns

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de Capsicum chinense (Zancanaro 2008) encontram-se a pimenta-de-cheiro, pimenta-bode, Cumari-do-Pará, Biquinho, Murupi e Habanero (Moreira et al. 2006).

A pimenta-bode possui aroma característico e os frutos imaturos são comercializados in natura, enquanto os maduros (amarelos ou vermelhos) são utilizados, principalmente, em conservas de frutos inteiros (adicionando vinagres ou azeite) e em molhos. Já a Cumari-do-Pará é consumida, principalmente, na forma de conservas (Moreira et al. 2006). As pimentas hoje são cultivadas de Norte a Sul do Brasil e são muito importantes para economia local, incluindo aquela na qual pequenos e médios agricultores estão inseridos (Zancanaro 2008).

Dada a representatividade agrícola e a necessidade de expandir o conhecimento acerca de parâmetros de produção e qualidade dos materiais existentes de pimentas da espécie Capsicum chinense para áreas de grande produção e consumo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a produtividade e qualidade de frutos das pimentas Bode Vermelha e Cumari-do-Pará, no município de Urutaí, sudeste do estado de Goiás, onde o bioma Cerrado predomina.

2 MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi realizado no mês de janeiro, ano agrícola de 2018, nas instalações de campo do setor Horta Field Lab, do Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí, estado de Goiás, Brasil. As coordenadas geográficas são 17º29’10” S de latitude e 48º12’38” de longitude, com 697m de altitude. O clima da região é classificado como tropical com inverno seco e verão chuvoso, do tipo Cwb pela classificação de Köppen. A temperatura média anual é de 23ºC no período de setembro a outubro, podendo chegar até a máxima de 30ºC e, entre os meses de junho e julho, com mínima inferior a 15ºC. A precipitação média anual é de 1000 a 1500 mm com umidade relativa média do ar de 60% (Melo 1995). O delineamento experimental adotado foi inteiramente casualizado (DIC) com 2 tratamentos e 20 repetições. O espaçamento adotado para as mudas de Cumari-do-Pará foi de 1,0 m entre plantas e 0,8m entre fileiras e para a variedade Bode Vermelha 0,9 x 0,6 m entre plantas e fileiras de plantas, respectivamente, seguindo recomendações técnicas. As mudas foram adquiridas de viveirista certificado e apresentaram-se visualmente adequadas para transplantio (sem sintomas visuais de infecção por patógenos, ataque de insetos, nem deficiências nutricionais).

O preparo da área foi executado através da capina manual para eliminação de plantas daninhas e posterior formação das covas, que apresentaram profundidade de 20 cm. A adubação foi realizada, antecipadamente ao transplantio, com formulação química de 4-14-8 (N-P-K), com cerca de 30g por

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cova, adotando-se os devidos cuidados para evitar o contato direto entre o adubo e o sistema radicular. Para a manutenção do experimento foram realizadas capinas a fim de se evitar interferência das plantas daninhas e adubação de cobertura a cada 35 dias (Embrapa 2014), com o adubo 20-0-20 (N-P-K) na porção de 20g por cova.

As colheitas foram realizadas semanalmente através da seleção aleatória (na primeira colheita) de cinco plantas para amostragem inicial até a última colheita, quando os frutos apresentavam características para a comercialização, sendo a coloração amarela intensa para a variedade Cumari-do-Pará e vermelha intensa para a Bode Vermelha. Um total de nove colheitas foram efetuadas. Para avaliação dos parâmetros de produção foram quantificados o número de frutos sem pedúnculo em béquer de 100 ml, peso de 100 frutos com e sem pedúnculo (g) e a produtividade (kg ha-1). Para a verificação dos parâmetros de qualidade foram analisados em 10 frutos sem pedúnculo o comprimento, diâmetro (mm), espessura da parede do fruto (mm) com auxílio de um paquímetro digital e o número de lóculos por fruto quantificados visualmente. Os dados foram analisados através de ANOVA e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, pelo pacote estatístico SAEG® (Viçosa, MG, Brasil). A figura foi elaborada através do software SigmaPlot®, versão 11 (Systat Software Inc, San Jose, CA, EUA).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nos primeiros dez dias após o transplantio ocorreu maior mortalidade de mudas, sendo que depois de 20 dias as mudas encontravam-se estabelecidas mantendo a mesma taxa de mortalidade até os 30 dias após transplantio (Tabela 1).

Tabela 1. Mortalidade acumulada (%) das mudas de pimenta Cumari-do-Pará e Bode Vermelha aos 10, 20 e 30 DAT (Dias

Após o Transplantio). Urutaí, Goiás, Brasil

Mortalidade (%)

Variedades 10 DAT 20 DAT 30 DAT

Cumari-do-Pará 18 24 24

Bode Vermelha 22 26 26

Vários fatores bióticos, abióticos ou de manejo da cultura podem interferir na viabilidade de pimentas sob condições de campo (Embrapa 2018). A qualidade das mudas, assim como a profundidade da cova são fatores importantes para o sucesso no transplantio, pois espaços vazios, entre as raízes da muda e a base da cova, podem ser preenchido por água de irrigação e, por consequência, propiciar um

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ambiente com pouca aeração para as raízes. Isso foi provável de ter ocorrido pela regularidade da irrigação na fase de transplantio dos materiais e pelo fato de que cerca de 10 estudantes terem se envolvido com a confecção das covas e transplantio das pimentas avaliadas. Portanto, isso pode ter gerado falta de padronização no transplantio e variável percepção em se determinar o correto ajuste da muda no solo.

A colheita se iniciou quando os frutos estavam maduros, levando em consideração, principalmente a coloração, sendo a cor vermelha para a cultivar Bode Vermelha e amarela para Cumari-do-Pará, com duração aproximada de 70 dias. Este período foi inferior ao citado por Silva & Souza (2018), para os mesmos materiais de pimenta, com média de 90 dias. De maneira geral, o parâmetro de colheita ideal das pimentas é a coloração, juntamente com outros aspectos visuais, quando os frutos atingem o tamanho máximo de crescimento e o formato típico de cada espécie, sendo estes aspectos os principais utilizados como critério para colheitas. Outro parâmetro que possui potencial em ser utilizado para a colheita é o calendário, todavia o ciclo da cultura e o período de colheita são afetados diretamente pelas condições climáticas e por tratos culturais (Silva & Souza 2018). Assim, este último parâmetro depende da região de cultivo tornando-o muito sazonal e impreciso para recomendações.

Frutos da pimenta Cumari-do-Pará obtiveram maiores valores de comprimento e número de frutos planta-1 em comparação com a pimenta Bode Vermelha (Tabela 2). As diferenças encontradas nos parâmetros comprimento e número de frutos planta-1 são decorrentes das características genéticas de cada cultivar, visto que, a espécie Capsicum chinense apresenta alta variabilidade genética (Souza et al. 2011). Assim, as pimentas plantadas no Brasil são consideradas grupos varietais com características bem definidas (Moreira et al. 2006). A diferenciação entre as espécies de pimenta pode se dar através de características morfológicas, visualizadas nas flores, principalmente, mas também na morfologia do fruto (Carvalho 2007).

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Tabela 2. Parâmetros de qualidade do fruto (Média (± EP*)) das pimentas Cumari-do-Pará e Bode Vermelha avaliadas. Urutaí, Goiás, Brasil Parâmetros A B C D E F G Cumari-do-Pará 18,12 (± 0,53a) 11,89 (± 0,28b) 1,27 (± 0,02b) 2,89 (± 0,06b) 71,30 (± 1,70a) 103,77 (± 3,20b) 98,52 (± 3,11b) Bode Vermelha 10,40 (± 0,22b) 16,01 (± 0,35a) 1,80 (± 0,02a) 3,08 (± 0,04a) 55,95 (± 5,32b) 133,82 (± 12,60a) 124,67 (± 11,21a) F 177,90 83,25 208,20 6,58 7,54 5,79 5,05 P 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,02 0,03 CV 12,83 10,21 7,44 7,97 27,77 33,22 32,97

*Médias seguidas pela mesma letra, dentro de cada coluna, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. A (comprimento, mm), B (diâmetro, mm), C (espessura da casca, mm), D (número de lóculos), E (número de frutos planta-1),

F (peso de 100 frutos com pedúnculo, g) e G (peso de 100 frutos sem pedúnculo, g).

O número de frutos planta-1 das duas espécies investigadas no presente trabalho deveria apresentar valores aproximados, pois os grupos varietais de pimentas Capsicum chinense possuem uma característica de produção marcadamente comum em comparação com outras espécies do gênero

Capsicum: duas ou mais flores por nó reprodutivo (Carvalho 2007). Todavia, isso não foi observado,

sendo que a Cumari-do-Pará produziu mais frutos. Essa diferença pode estar ligada a características genéticas específicas de cada material. Uma vez que é difícil obter dados confiáveis sobre a produção brasileira de pimentas Capsicum, pois grande parte da produção in natura não passa pelas centrais de abastecimento e, portanto, não estão contidas nas estatísticas oficiais de produção (PSCI 2018).

Todavia, a pimenta Bode Vermelha foi superior no diâmetro de frutos, espessura da casca, número de lóculos e peso de 100 frutos independente se medidos com ou sem pedúnculo (Tabela 2). Segundo Carvalho (2007) essas características são mais apreciadas pelos produtores de molhos líquidos, o que confirma a predileção da pimenta Bode Vermelha em comparação com a Cumari-do-Pará para tal finalidade, onde a segunda é mais utilizada na forma de conservas (Moreira et al. 2006).

Segundo Moreira et al. (2006) a pimenta Bode Vermelha apresenta frutos mais achatados, com aproximadamente 1 cm de diâmetro e comprimento, sendo que, neste caso apresentaram-se com diâmetro 1,6 cm mais elevado (Tabela 2) e com coloração vermelha quando maduros. Já a pimenta Cumari-do-Pará possui frutos com 3 cm de comprimento e 1 cm de largura, com coloração amarela. Domenico (2011) avaliando características agronômicas de nove acessos de Capsicum chinense do banco de germoplasma do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) também relataram valores morfológicos dos frutos bem próximos aos relatados no presente trabalho.

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Existe uma relação entre a espessura da parede do fruto e o peso de 100 frutos (Tabela 2). Assim, define-se a importância deste parâmetro não somente para a qualidade, mas também para a produção, principalmente, quando estes são destinados para consumo in natura. Verifica-se ainda que o comprimento e diâmetro influenciaram no número de lóculos, assim como verificado por Casali et al. (1984), em tomate, Solanum lycopersicum (Solanaceae), onde foi observado que os genes que controlam a forma do fruto também controlam o número de lóculos.

Fatores climáticos como a temperatura baixa e a umidade relativa do ar, durante o florescimento, podem inibir a abertura das flores em pimentas Capsicum chinense, prejudicando a germinação do grão de pólen e o desenvolvimento do tubo polínico (Garruña-Hernández et al. 2014). Tais condições adversas não foram observadas no presente ensaio, pois os materiais foram transplantados para campo no verão (janeiro de 2018). Isso refletiu em valores considerados satisfatórios de produtividade ao longo das nove colheitas analisadas. A pimenta Bode Vermelha atingiu seu pico de produtividade de forma mais precoce em comparação com a Cumari-do-Pará (Figura 1A). Observou-se que a pimenta Bode Vermelha obteve maiores valores de produtividade em comparação com a pimenta Cumari-do-Pará (Figura1B).

Os dados mundiais de produção de Capsicum, quando disponíveis, englobam pimentas e pimentões. Em 2009, a produção mundial de Capsicum in natura e desidratados foi de 31,44 milhões toneladas em 3,71 milhões de hectares, com produtividades médias de 15,2 ton ha-1 e 1,61 ton ha-1, respectivamente (Domenico 2011). Esse valor está bem próximo ao encontrado no presente trabalho para a pimenta Bode Vermelha (cerca de 14 ton ha-1), mas muito acima do encontrado para a Cumari-do-Pará (cerca de 6 ton ha-1). Todavia, a pimenta Bode Vermelha produziu frutos bem mais pesados (Tabela 2) o que pode ter influenciado na diferença observada.

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1,0 2,0 P ro d u ti v id ad e to ta l (k g .h a -1 ) 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 Colheitas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 P ro d u ti v id ad e (k g .h a -1 ) 0 1000 2000 3000 4000 5000 Pimenta Cumari-do-Pará Pimenta Bode Vermelha

Cumari-do-Pará VermelhaBode

A B

Total

Figura 1. Produtividade (Média ± EP) de plantas de pimenta Cumari-do-Pará e Bode Vermelha em função de nove colheitas

(Figura 1A) e com valores totais (Figura 1B). Urutaí, Goiás, Brasil.

Segundo Domenico (2011) atualmente a Ásia detém da maior produção mundial, com 20,97 milhões de toneladas em 2,36 milhões de hectares e produtividade média de 16,99 ton ha-1. Em 2003, a Índia produziu 4,5 milhões de toneladas de pimenta in natura em 945,5 mil hectares, mas com baixa produtividade: apenas 4,7 ton ha-1. Esse valor está bem abaixo do encontrado para a pimenta Cumari-do-Pará, que foi menos produtiva no presente trabalho. Diferenças edafoclimáticas e no sistema de produção indiano e brasileiro podem justificar a discrepância nas observações. Comparados com os dados de produção da Ásia, em 2009, os da América do Sul, ausentes no caso do Brasil, são extremamente baixos e certamente refletem a falta de levantamento estatístico adequado. O continente Sul-Americano produziu 425,29 mil toneladas em 28,58 mil hectares com produtividade de 14,88 ton ha-1 (Ali 2006, FAOSTAT 2018)

Ao longo das nove colheitas, um total de 14 ton ha-1 de pimenta foi gerado pela pimenta Bode Vermelha em comparação com cerca de 6 ton ha-1 pela pimenta Cumari-do-Pará. Segundo Alvares (2011) as pimentas do grupo Bode são muito cultivadas na região Centro-Oeste, mais precisamente no estado de Goiás, enquanto que as pimentas Cumari-do-Pará são mais comuns na região Amazônica, como Pará e Amazonas. Isso pode indicar uma maior adaptação às características edafoclimáticas do bioma Cerrado pela pimenta Bode Vermelha em detrimento da Cumari-do-Pará resultando em maiores valores de produção daquela. Para comprovar tal informação, a Amazônia é reconhecida como importante centro

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secundário de espécies domesticadas de Capsicum sendo C. chinense, provavelmente, a mais importante espécie cultivada a Leste dos Andes (Luz 2007). A área de maior diversidade é a bacia Amazônica sendo os indígenas desta região os responsáveis pela domesticação da espécie (Reifschneider 2000). Pickersgill (1971) também aponta a Amazônia como provável centro de diversidade da espécie de pimenta

Capsicum chinense.

4 CONCLUSÃO

A pimenta Bode Vermelha demonstrou maior adaptabilidade às condições de cultivo do município de Urutaí, estado de Goiás, em comparação com a pimenta Cumari-do-Pará, refletindo em melhores características de qualidade do fruto e produtividade sazonal e total.

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Tabela 1. Mortalidade acumulada (%) das mudas de pimenta Cumari-do-Pará e Bode Vermelha aos 10, 20 e 30 DAT (Dias  Após o Transplantio)
Tabela 2. Parâmetros de qualidade do fruto (Média (± EP*)) das pimentas Cumari-do-Pará e Bode Vermelha avaliadas
Figura 1. Produtividade (Média ± EP) de plantas de pimenta Cumari-do-Pará e Bode Vermelha em função de nove colheitas  (Figura 1A) e com valores totais (Figura 1B)

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