1. (Procurador do Estado da Paraíba) Em um presídio estadual, um detento assassinou um colega de carceragem. No processo administrativo instaurado para se apurarem as causas do homicídio bem como eventual culpa dos agentes penitenciários pelo ato criminoso, verificou-se que o homicídio ocorrera em razão de desavença de ordem pessoal entre colegas de carceragem e que não houve culpa dos agentes penitenciários na morte do detento.
Nessa
situação,
existe
responsabilidade civil do Estado pela
morte do detento? Justifique a sua
resposta.
R: A responsabilidade civil do Estado pelos danos sofridos por pessoas sob sua guarda é do tipo objetiva, com base no risco administrativo, isto é, independe da existência de dolo ou culpa de agente público. Nesse caso, o Estado não produz diretamente o dano, mas sua atividade propicia sua ocorrência, por expor alguém a risco. O comportamento ativo estatal é mediato, porém decisivo, no nexo de causalidade. O Estado produz a situação da qual o dano depende. Além disso, segundo o Supremo Tribunal federal – STF, é missão do Estado zelar pela integridade física do preso.
A responsabilidade estatal pela guarda de pessoas ou coisas perigosas se justifica porque a sociedade não pode passar sem os estabelecimentos utilizados para tais fins (presídios, depósitos de munição, etc.), sendo natural que ninguém em particular sofra o gravame de danos eventualmente causados pelas coisas ou pessoas que se encontram sob sua custódia. Por isso, os danos eventualmente surgidos em decorrência dessa situação de risco acarretam a responsabilidade objetiva do Estado.
Esclareça-se que a responsabilidade em
tais casos deve estar relacionada ao risco
alegado. Se a lesão sofrida não guardar
vínculo com tal pressuposto, não haverá
que se falar em responsabilidade
objetiva. Por exemplo, se houver uma
fuga da prisão e os fugitivos vierem a
efetuar roubos dias depois e em
localidade diversa da fuga, estará
rompido o vínculo causal entre a situação
de custódia dos presos e os danos
sofridos pelas vítimas.
2. (TRF 2ª Região – X Concurso para
Juiz Federal) A designação para o
exercício de função de confiança pode
recair sobre servidor não ocupante de
cargo efetivo? E a nomeação para os
cargos em comissão? Explique.
R: Nos termos do art. 37 da Constituição
Federal, inciso V, as funções de confiança
são
destinadas
exclusivamente
a
servidores ocupantes de cargo efetivo. Já
os cargos em comissão não têm essa
restrição, mas devem se restringir a
funções
de
direção,
chefia
ou
3. (TRF da 2ª Região - Juiz Federal) Em
que consiste a autoexecutoriedade dos
atos administrativos?
R:
Consiste
na
possibilidade
da
Administração executar determinados
atos administrativos sem a necessidade
de se passar pela via judiciária, como, por
exemplo, quando o poder público efetua a
demolição de um imóvel que está prestes
a desabar sob um hospital. Porém, só
existirá quando expressamente prevista
em lei ou quando motivos de urgência
tornarem ineficaz o ato caso a
Administração tenha que recorrer ao
Poder Judiciário.
4. Com relação à delegação de
competência
no
âmbito
da
Administração
Pública
Federal,
indaga-se:
Quais as hipóteses legais em que não
é admitida a delegação?
R: A Lei nº. 9.784/99 tratou da delegação de competência no âmbito da Administração Pública Federal, dispondo quando ela é vedada:
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
I - a edição de atos de caráter normativo; II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
5. Redija um texto dissertativo e
estabeleça as distinções entre serviço
público centralizado, serviço público
descentralizado,
serviço
desconcentrado, execução direta de
serviço e execução indireta de serviço.
(TRF 1ª – IX Concurso para Juiz
Federal)
O serviço público centralizado é aquele prestado pelos órgãos da própria Administração Pública, pelas suas próprias repartições centrais. Quando, porém, tal serviço é prestado não pela unidade central, mas pelas secretarias, seções, repartições ou outros “segmentos” internos da Administração Pública que não pertençam ao seu núcleo central, dizemos que se trata de um serviço desconcentrado.
Não é isso o que acontece no serviço público descentralizado, que é prestado por pessoa jurídica de personalidade distinta daquela detentora da competência originária para prestá-lo. É o caso de serviços prestados por autarquias, fundações públicas, etc. Ressalte-se que a descentralização não precisa Ressalte-ser necessariamente para pessoa jurídica de direito público, podendo ser feita para pessoas de direito privado. Já a execução direta é aquela efetuada pela própria Administração ou pelas pessoas a quem o serviço foi concedido, por exemplo.
Não há terceiros que prestem o serviço no lugar de seu responsável, pois nesse caso temos uma execução indireta. Como exemplo, poderíamos destacar o serviço de limpeza das repartições públicas: quando feito por servidores ou empregados públicos, a execução é direita; quando feito por empresas terceirizadas, a execução é indireta.