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ESTADO DO PIAUÍ CÂMARA MUNICIPAL DE TERESINA Assessoria Jurídica Legislativa

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ESTADO DO PIAUÍ

CÂMARA MUNICIPAL DE TERESINA

Assessoria Jurídica Legislativa

PARECER AJL/CMT Nº 058/2014. Teresina(PI), 07 de abril de 2014.

Assunto: Projeto de Lei Ordinária nº 075/2014 Autor: Ver. Teresinha Medeiros

Ementa: “Assegura às pessoas que mantenham união estável homoafetiva o direito à inscrição, como entidade familiar, nos programas de habitação popular desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional-SENDUH”.

I – RELATÓRIO

A ilustre Vereadora Teresinha Medeiros apresentou projeto de lei que assegura às pessoas que mantenham união estável homoafetiva o direito à inscrição, como entidade familiar, nos programas de habitação popular desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional-SENDUH.

Em justificativa escrita, a insigne autora menciona que os recentes julgados da Suprema Corte que discutiram a constitucionalidade da união civil entre pessoas do mesmo sexo, em respeito aos princípios constitucionais da igualdade, da não discriminação, da dignidade da pessoa humana, do pluralismo e do livre planejamento familiar, acabaram por reconhecer a união homoafetiva como entidade familiar.

É, em síntese, o relatório.

II – DA NOVA SISTEMÁTICA NO PROCESSO LEGISLATIVO DA CÂMARA MUNICIPAL DE TERESINA E A POSSIBILIDADE DE MANIFESTAÇÃO DA ASSESSORIA JURÍDICA LEGISLATIVA.

Ab initio, impende salientar que a emissão de parecer por esta Assessoria Jurídica Legislativa não substitui o parecer das Comissões especializadas, porquanto estas são compostas pelos representantes eleitos e constituem-se em manifestação efetivamente legítima do Parlamento. Dessa forma, a opinião jurídica exarada neste parecer não tem força vinculante, podendo seus fundamentos serem utilizados ou não pelos membros desta Casa.

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Assessoria Jurídica Legislativa

De qualquer sorte, torna-se de suma importância algumas considerações sobre a possibilidade e compatibilidade da nova sistemática adotada para o processo legislativo no âmbito desta Casa de Leis de Teresina.

O Regimento Interno da Câmara Municipal de Teresina – RICMT estabelece o seguinte:

Art. 56. As proposições sujeitas à deliberação do Plenário receberão parecer técnico-jurídico da Assessoria Jurídica Legislativa da Câmara Municipal de Teresina, devidamente assinado por Assessor Jurídico detentor de cargo de provimento efetivo.

[...]

§ 2º O parecer emitido pela Assessoria Jurídica Legislativa consistirá

em orientação destinada a esclarecer os Vereadores sobre o aspecto constitucional, legal, jurídico, regimental e de técnica legislativa da respectiva proposição, podendo ser aceito ou rejeitado.

§ 3º Caso a Comissão não acate o parecer técnico-jurídico, emitirá

novo parecer, devidamente fundamentado, o qual prevalecerá.

No mesmo sentido, a Resolução Normativa n° 036/2011, que dispõe sobre as atribuições dos Assessores Jurídicos Legislativos, assim dispõe:

Art. 9° Ficam criados 05 (cinco) cargos de Assessor Jurídico Legislativo,

privativos de bacharéis em Direito, dentro do Quadro Efetivo de Pessoal da Câmara Municipal de Teresina, a serem providos na forma do que dispõe o art. 37, I e II, da Constituição Federal e 75, I e II, da Lei Orgânica do Município de Teresina.

§1° São atribuições dos Assessores Jurídicos Legislativos:

I – emitir pareceres, por escrito, das proposições que tramitam no Departamento Legislativo, quando lhes forem solicitados, bem como,

prestar assessoria e consultoria à Presidência, Mesa Diretora e as Comissões Permanentes e Especiais;

[...] (grifo nosso)

Assim sendo, as normas referidas estabelecem expressamente a possibilidade de emissão de parecer escrito sobre as proposições legislativas, exatamente o caso ora tratado.

A sistemática, ressalte-se, não é exclusividade de Teresina, sendo adotada por diversas outras Câmaras Municipais brasileiras.

Ainda assim, a opinião técnica desta Assessoria Jurídica é estritamente jurídica e opinativa não podendo substituir a manifestação das Comissões Legislativas especializadas, pois a vontade do Parlamento deve ser cristalizada através da vontade

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do povo, aqui efetivada por meio de seus representantes eleitos. E sãos estes mesmos representantes que melhor podem analisar todas as circunstâncias e nuances (questões sociais e políticas) de cada proposição.

Por essa razão, em síntese, a manifestação deste órgão de assessoramento jurídico, autorizada por norma deste Parlamento municipal, serve apenas como norte, em caso de concordância, para o voto dos edis mafrenses, não havendo substituição e obrigatoriedade em sua aceitação e, portanto, não atentando contra a soberania popular representada pela manifestação dos Vereadores.

III - EXAME DE ADMISSIBILIDADE

Inicialmente, observa-se que o projeto está redigido em termos claros, objetivos e concisos, em língua nacional e ortografia oficial, devidamente subscrito por sua autora, além de trazer o assunto sucintamente registrado em ementa, tudo na conformidade do disposto nos arts. 99 e 100, ambos do Regimento Interno.

A distribuição do texto também está dentro dos padrões exigidos pela técnica legislativa, não merecendo qualquer reparo.

Destarte, nenhum óbice de ordem técnico-formal existe daí porque merecer a matéria toda consideração da edilidade no tocante a tais aspectos.

IV – ANÁLISE SOB OS PRISMAS LEGAL E CONSTITUCIONAL

O projeto de lei sob análise versa sobre a efetivação do direito à igualdade no que tange à inscrição como entidade familiar das pessoas que mantenham união estável homoafetiva, nos programas de habitação popular desenvolvidos pelo Município de Teresina.

Com efeito, a Constituição Federal estabelece no art. 3º, IV que é objetivo da República Federativa promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

No que tange à competência municipal, não há nenhum óbice, visto que compete aos Municípios suplementar a legislação federal e estadual no que couber, nos termos do inciso II do art. 30, o qual trata da competência legislativa suplementar do Município.

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A Constituição de 88 inovou, atribuindo ao Município uma competência legislativa que não possuía nas Constituições anteriores. O termo suplementar é impreciso, porque pode significar complementar (complementar uma presença) ou suprir (suprir uma ausência). De acordo com Fernanda Dias Menezes de Almeida, a melhor exegese da Carta Constitucional indica que a competência suplementar dos Municípios alcança tanto a complementar quanto a supressiva, interpretação correta, pois impede restrição à autonomia municipal.

Portanto, a competência conferida aos Estados para complementarem as normas gerais da União não exclui a competência do Município para fazê-lo também. Mas o Município não poderá contrariar nem as normas gerais da União, o que é óbvio, nem as normas estaduais de complementação, embora possa também detalhar estas últimas, modelando-as mais adequadamente às particularidades locais. Da mesma forma, inexistindo as normas gerais da União, aos Municípios, tanto quanto aos Estados, se abre a possibilidade de suprir a lacuna, editando, normas gerais.

O projeto sob análise está em conformidade com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, que, ao julgar a ADI n. 4277 DF, Relator o Ministro Ayres Britto, reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar.

PROIBIÇÃO DE DISCRIMINAÇÃO DAS PESSOAS EM RAZÃO DO SEXO, SEJA NO PLANO DA DICOTOMIA HOMEM/MULHER(GÊNERO), SEJA NO PLANO DA ORIENTAÇÃO SEXUAL DE CADAQUAL DELES. A PRO-IBIÇÃO DO PRECONCEITO COMO CAPÍTULODO CONSTITUCIONA-LISMO FRATERNAL. HOMENAGEM AOPLURACONSTITUCIONA-LISMO COMO VALOR SÓCIO-POLÍTICO-CULTURAL.LIBERDADE PARA DISPOR DA PRÓ-PRIA SEXUALIDADE, INSERIDANA CATEGORIA DOS DIREITOS FUN-DAMENTAIS DO INDIVÍDUO,EXPRESSÃO QUE É DA AUTONOMIA DE VONTADE. DIREITO ÀINTIMIDADE E À VIDA PRIVADA. CLÁUSULA PÉTREA. O sexo das pessoas, salvo disposição constitucional ex-pressa ou implícita em sentido contrário, não se presta como fa-tor de desigualação jurídica. Proibição de preconceito, à luz do in-ciso IV do art. 3º da Constituição Federal, por colidir frontalmente com o objetivo constitucional de “promover o bem de todos”. Si-lêncio normativo da Carta Magna a respeito do concreto uso do sexo dos indivíduos como saque da kelseniana “norma geral ne-gativa”, segundo a qual “o que não estiver juridicamente proibido, ou obrigado, está juridicamente permitido”. Reconhecimento do direito à preferência sexual como direta emanação do princípio da “dignidade da pessoa humana”: direito a auto-estima no mais elevado ponto da consciência do indivíduo. Direito à busca da feli-cidade. Salto normativo da proibição do preconceito para a pro-clamação do direito à liberdade sexual. O concreto uso da

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lidade faz parte da autonomia da vontade das pessoas naturais. Empírico uso da sexualidade nos planos da intimidade e da priva-cidade constitucionalmente tuteladas. Autonomia da vontade. Cláusula pétrea.

Ademais, o projeto de lei em comento tem por objetivo conferir igual tratamento dado pela Lei Federal nº 12.424/2011 à união homoafetiva, quanto ao direito de inscrição no Programa Minha Casa, Minha Vida do Governo Federal.

Por fim, no que concerne à iniciativa da matéria, verifica-se que não se trata de iniciativa exclusiva do Executivo, encontrando amparo legal no art. 105 do Regimento Interno:

Art. 105. A iniciativa dos projetos de lei cabe a qualquer Vereador, às Comissões Permanentes, ao Prefeito e aos cidadãos, na forma da legislação em vigor.

V - CONCLUSÃO

Por essas razões, esta Assessoria Jurídica Legislativa opina FAVORAVELMENTE à tramitação, discussão e votação do projeto de lei ordinária ora examinado.

É o parecer, salvo melhor e soberano juízo das Comissões e Plenário desta Casa Legislativa.

VALQUIRIA GOMES DA SILVA Assessora Jurídica Legislativa

Referências

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