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Comparação dos níveis agudos de flexibilidade após exercícios contra resistência em diferentes amplitudes

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ARTIGO Comparação dos níveis agudos de flexibilidade após exercícios contra resistência em diferentes amplitudes

Dihogo Gama de Matos

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Portugal; Universidade Federal de Juiz de Fora - MG

Mauro Lucio Mazini Filho

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Portugal Aline Mineli

EFI da UNIPAC Leopoldina Bernardo Mineli

Universidade Castelo Branco Leonardo Coelho Pertence

Universidade Federal de Juiz de Fora - MG André Luis Zanella

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro – Portugal

RESUMO

Existem inúmeras pesquisas acerca do treinamento contra resistência (TCR) e da flexibilidade, pouco se sabe sobre o efeito de treinamentos realizados com diferentes amplitudes de movimento e sua relação com os níveis de amplitude articular. O objetivo foi comparar os níveis agudos de amplitude articular após a execução de exercícios contra resistência (ECR) em diferentes amplitudes de movimento (ADM). 15 indivíduos de ambos o sexo, praticantes de musculação, divididos em dois grupos: restrição de amplitude a 90º (GRA) e amplitude máxima (GAM). A mensuração dos níveis de flexibilidade foi realizada com um goniômetro de aço, 360º (Lafayette, USA, 2003) pré e pós TCR. Foram executados os movimentos de extensão horizontal da articulação do ombro (EHAO) e flexão da coluna lombar (FCL) segundo o protocolo do LABIFIE. Utilizou-se a estatística descritiva (média e desvio padrão) para caracterização da amostra e o teste “t” para verificar as diferenças entre as médias dos grupos. O Grupo GRA apresentou valores (63,7º ± 22,62 e 22,0º ± 11,93) pré e (56,7 ± 22,96 e 30,4 ± 10,56) pós TCR para os movimentos EHAO e FCL respectivamente. Observou diferença significativa (p < 0,05) pré e pós TCR para o GRA, apenas no movimento de FCL, com aumento na ADM. No grupo GAM, ambos os movimentos apresentaram significância pré e pós testes, com aumento para a FCL e redução para EHAO. Concluiu-se que houve redução significativa na ADM para o movimento de EHAO para o GAM, e um aumento significativo na ADM no movimento de FCL para ambos os grupos.

Palavras chave: Flexibilidade; Exercícios contra resistência; Amplitude de movimento.

ABSTRACT

There are many studies about the training against resistance (TCR) and flexibility, little is known about the effect of training performed with different ranges of motion and its relation to the levels of amplitude articular. The objective was to compare the levels of acute articular amplitude after the execution of exercises against resistance (ECR) in different ranges of motion

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(ROM). 15 subjects of both sex, practitioners of body, divided into two groups: the restriction of amplitude 90 (GRA) and maximum amplitude (GAM). The measurement of levels of flexibility was performed with a goniometer of steel, 360 (Lafayette, USA, 2003) before and after TCR. Were implemented to extend the horizontal movements of the shoulder joint (EHAO) and flexion of the lumbar spine (FCL) according to protocol LABIFIE. Used the descriptive statistics (mean and standard deviation) to characterize the sample and the "t" test to check the differences between the averages of the groups. The Group showed GRA (63.7 ° ± 22.0 ° and 22.62 ± 11.93) and pre (56.7 ± 22.96 and 30.4 ± 10.56) after TCR for the FCL and movements EHAO respectively . Observed significant difference (p <0.05) before and after TCR for the GRA, only the movement of FCL, with increase in ADM. In group GAM, both movements had significant pre-and post-tests, with an increase for the FCL and reduction to EHAO. It was concluded that there was a decrease in ADM for the movement of EHAO for GAM, and a significant increase in ADM in the movement of FCL for both groups.

Key words: Flexibility; Exercises against resistance; Range of motion

Introdução

A flexibilidade é um termo geral que inclui a amplitude de movimento de uma articulação simples e múltipla e a habilidade para desempenhar as tarefas específicas (ROBERTS 1999). A amplitude de movimento de uma dada articulação depende primariamente da estrutura e função do osso, músculo e tecido conectivo e de outros fatores tais como o desconforto e a habilidade para gerar força e potência muscular suficiente (SHRIER 2000). Alguns estudos (ARAÚJO 1998, GIROUARD 1995, BASSEY 1989), evidenciam também a necessidade do treinamento da flexibilidade em diferentes faixas etárias em função das perdas de amplitude em diversas articulações, podendo afetar negativamente a saúde na qualidade de vida.

Exercícios visando aumento da flexibilidade são comumente realizados em sessões de aquecimento que compreendem todas as medidas que visam a preparação para o esporte, visando a obtenção do estado ideal psíquico e físico, para a realização da atividade (ALTER, 1999).

Alguns pesquisadores têm sugerido que a prática de exercícios visando o aumento da flexibilidade pode prejudicar, de forma aguda, a produção de força máxima (CRAMER et al., 2004, 2005; EVETOVICH et al., 2003; FOWLES, SALE & MACDOUGALL, 2000; FUNK et al., 2003; KNUDSON & NOFFAL, 2005; KUBO et al., 2001; YOUNG & ELLIOT, 2001) enquanto outros autores descartam essa possibilidade

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(OGURA et al., 2007; SIMÃO et. al, 2003). A força muscular se refere à força máxima que um músculo ou um grupo muscular pode gerar em um padrão específico de movimento e é comumente expressa como uma repetição máxima ou 1 RM, a carga máxima que pode ser movida por meio de uma amplitude de movimento (FLECK & KRAEMER, 2006).

Níveis adequados de força são importantes tanto no dia-a-dia, para assegurar a autonomia na realização das atividades da vida diária, como no treinamento de atletas, representando um dos fatores determinantes do desempenho em quase todas as modalidades esportivas (ALTER, 1999). Além disso, para assegurar tanto uma melhor performance quanto um condicionamento voltado para a saúde, é essencial que haja um equilíbrio entre os níveis de força e flexibilidade das articulações (ALTER, 1999; FLECK & KRAEMER, 2006; WEINECK, 2003).

Existem algumas lacunas no conhecimento acerca dos efeitos do TCR sobre os níveis de flexibilidade. Apesar da relevância prática e potencial interação dessas variáveis, poucos estudos se propuseram a investigar os efeitos combinados da flexibilidade e do treinamento de força (MAFFULLI et al. 1994; GIROUARD e HURLEY, 1995; NÓBREGA et al. 2005).

Uma dessas prováveis lacunas está relacionada às possíveis modificações negativas que, aparentemente podem ser acarretadas pelo TCR sobre os níveis de flexibilidade (CYRINO et al. 2004) A restrição da amplitude de movimento está diretamente associada ao encurtamento muscular e a limitações na mobilidade (BARAK et al. 2004). Partindo-se desse raciocínio, torna-se plausível supor que a amplitude do movimento realizado no TCR pode interferir diretamente sobre os níveis de flexibilidade.

A partir dessa premissa, o presente estudo tem por objetivo comparar os níveis agudos de amplitude articular após a execução de exercícios contra resistência em diferentes amplitudes de movimento.

MATERAIS E MÉTODOS

A amostra foi composta por 15 indivíduos de ambos os sexos (6 mulheres e 10 homens), 8 com idade média de 24,2 ±5,7 para grupo com restrição articular (GRA) e 8 com idade média de 22,0 ± 4,78 para grupo de amplitude máxima (GAM). O primeiro grupo foi orientado a realizar o treinamento contra resistência com restrição

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de amplitude e o segundo grupo foi orientado a trabalhar com amplitude máxima de movimento.

Os voluntários foram esclarecidos sobre o estudo, sendo que todos assinaram termo de autorização de acordo a resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde, em concordância com os princípios éticos contidos na Declaração de Helsinki (1964, reformulada em 1975, 1983, 1989, 1996 e 2000), da World Medical Association.

Instrumentos

Para aferir as medidas antropométricas utilizou-se uma balança da marca Filizola (1998, Manaus, Brasil). As dobras cutâneas foram mensuradas com um plicômetro WCS (CARDIOMED, ZOLLA TECH, 0,1 mm de precisão, INC - BRA). Foi utilizado o goniômetro de aço, 360º Lafayety (USA, 2003) para aferição em graus dos níveis de amplitude articular de cada um dos movimentos selecionados.

Para o treinamento contra resistência utilizou-se aparelho supino horizontal com barra (1,80 m e 9,3 kg) livre de anilhas de ferro. Para o levantamento terra (peso morto), barra (1,80 m e 9,3kg) livre de anilhas de ferro. A marca utilizada para realização do protocolo foi a Vitaly.

Protocolos

A coleta de dados se procedeu com aferição das variáveis antropométricas, estatura e massa corporal de acordo com os procedimentos recomendados pela ISAK (NORTON e OLDS, 1996), além da composição corporal, através da estimativa do percentual de gordura utilizando-se o protocolo de três dobras de Jackson e Pollock (1978). Foi utilizada a equação de Siri et al. (1961) para converter a densidade corporal em percentual de gordura.

Também foram aferidos os níveis de flexibilidade de acordo com o protocolo de goniometria do LABIFIE (DANTAS et.al. 1997). Foram selecionados e testados os movimentos de extensão horizontal da articulação do ombro (EHAO) e flexão da coluna lombar (FCL).

Procedimentos

Para o treinamento contra resistência foram utilizados os exercícios de supino horizontal com barra livre para a articulação do ombro e o levantamento terra (peso morto) para a articulação da coluna lombar.

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Os procedimentos foram padronizados para os dois grupos, sendo constituído de um exercício por articulação. Para cada exercício foram realizadas quatro séries de 8-10 repetições (70% de 1RM), com intervalo de um minuto entre as séries. Previamente ao TCR, foi realizada a mensuração da flexibilidade nos movimentos de EHAO e FCL, a fim de determinar os níveis basais de amplitude de movimento (ADM) nessas articulações.

Em seguida os dois grupos (GRA e GAM) foram orientados a realizar o TCR, utilizando os exercícios e procedimentos supracitados, de acordo com suas especificações. Ao término da sessão, foram novamente aferidos os níveis de flexibilidade de ambos os grupos, a fim de verificar se houve qualquer diferença aguda na amplitude de movimento.

Análise Estatística

Para caracterização da amostra, utilizou-se a estatística descritiva, composta por medidas de tendência central e medidas de dispersão. Utilizou-se ainda o teste de Levene a fim de verificar a gaussianidade da amostra.

A análise inferencial foi utilizada para se determinar possíveis diferenças entre as médias obtidas. Utilizou-se o Teste “t” pareado para os dados basais e pós-treinamento. Para a comparação das médias entre os dois grupos, utilizou-se o Teste “t” para amostras independentes.

Todas as análises foram realizadas no pacote estatístico SPSS 16.0 for Windows (Chicago USA, 2003). Adotou-se no um nível de confiabilidade (p < 0,05).

RESULTADOS

Tabela 1: Descrição geral da Amostra Variáveis Grupo Restrição de

Amplitude Grupo Amplitude Máxima

Idade (anos) 24,2 ± 5,7 22,0 ± 4,78

Estatura (cm) 174,2 ± 9,33 170,8 ± 9,28

Massa Corporal (kg) 74,3 ± 16,76 63,43 ± 8,28

% Gordura 18,4 ± 5,32 18,2 ± 9,33

Carga Supino Reto (kg) 27,1 ± 24,13 27,0 ± 19,00 Carga Levantamento

Terra (kg)

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Podemos observar na Tabela 1 a comparação entre o grupo com restrição de amplitude e o grupo com amplitude máxima, no que diz respeito a média da idade, estatura, massa corporal, % gordura, carga no supino reto e no levantamento terra.

Tabela 2: Descrição das amplitudes máximas pré e pós-treinamento.

Grupos EHAO pré EHAO pós FCL pré FCL pós

GRA 63,7 ±

22,62 56,7 ± 22,96 22,0 ± 11,93 30,4 ± 10,56

GAM 68,8 ±

17,55 64,5 ± 17,01 16,8 ± 12,52 24,6 ± 13,77 GRA – Grupo com Restrição de Amplitude; GAM Grupo com Amplitude Máxima; EHAO – Extensão horizontal da articulação do ombro; FCL – Flexão da coluna lombar

As médias dos resultados na Tabela 2 indicam uma redução dos níveis de flexibilidade no movimento de EHAO pós-treinamento de ambos os grupos e um aumento na FCL pós-treinamento dos respectivos grupos.

Tabela 3: Diferenças médias intragrupos referentes aos valores pré e pós teste.

Grupos e Variáveis Média DP SE Mínimo Máximo T P GRA – EHAO pré e pós 7,0 14,8 5,62 -6,76 20,76 1,244 0,260 GRA – FCL pré e pós -8,4 4,19 1,58 -12,31 -4,54 -5,313 0,002* GAM – EHAO pré e pós 4,3 4,59 1,62 0,53 8,21 2,692 0,031* GAM – FCL pré e pós -7,7 5,31 1,87 -12,19 -3,30 -4,127 0,004* * valores estatisticamente significativos

Na Tabela 3 não houve significância estatística para o GRA, nas comparações entre pré e pós-treinamento da EHAO. Todavia, houve alterações significantes (pré e pós-treinamento) para o GRA com movimento de FCL e para o GAM com movimentos de EHAO e FCL.

DISCUSSÃO

Nos resultados encontrados no presente estudo pode-se perceber ganho de amplitude significativa (p<0,05) na flexão da coluna lombar para os indivíduos do GRA, quanto para os GAM. Provavelmente estes resultados devem-se ao baixo volume de carga aplicado no levantamento terra durante o treinamento para ambos os grupos, pelo fato dos indivíduos não estarem habituados a este tipo de exercício e por

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receio de provocar algum tipo de desconforto na coluna vertebral, optaram por executar o exercício com pouca carga.

No entanto a baixa carga aplicada no levantamento terra provavelmente gerou apenas um processo de aquecimento na unidade músculo-tendinosa, permitindo dessa forma que fossem alcançados. Os resultados, apesar de não significativos parecem corroborar com Robergs e Roberts (2002), demonstrando que os aquecimentos gerais, tais como alongamentos e exercícios que envolvem a totalidade do corpo podem apresentar alguns benefícios, mas não são tão efetivos no treinamento de força. Segundo Verkhoshanski (2000), com o alongamento anterior e posterior as sessões de treinamento poderão aumentar o delineamento muscular, o alcance do movimento, tamanho e força, podendo diminuir a chance de lesões e remoção de alguns restos metabólicos. Em relação ao aspecto neuromotor, o treinamento específico da força muscular leva a hipertrofia das fibras musculares, assim como da capilaridade e capacidade oxidativa muscular, melhora na flexibilidade (Barros, 2000). Tal fato é corroborado por Farias Júnior (1998), ao relatar que maiores amplitudes e menor tensão são gerados quando uma determinada carga externa é aplicada na unidade músculo-tendinosa frente a um aquecimento.

Segundo Sweet (2001), o aquecimento consiste de exercícios, que de alguma forma, assemelha-se tecnicamente aos exercícios ou movimentos típicos da modalidade, aumentando a capacidade coordenativa, além de favorecer uma redistribuição adequada dos músculos. Já o aquecimento específico aumenta a capacidade coordenativa, provoca uma redistribuição do sangue e o aumento da irrigação dos músculos garantindo suprimento de oxigênio, favorecendo o metabolismo muscular (Sweet, 2001). Não obstante, um estudo clássico de Asmussen e Boje (1945) concluiu que altas temperaturas no organismo podem facilitar a performance no trabalho, devido ao aumento do fluxo sangüíneo e nas temperaturas musculares e central.

Embora existam pesquisadores que defendem a realização de aquecimento anteriormente a prática de exercícios de diferentes naturezas, os prováveis benefícios dessa atividade (elevação da temperatura do músculo, aumento dos impulsos nervosos, redução da rigidez muscular e articular, diminuição da viscosidade do músculo, prevenção de lesões) são ainda bastantes controversos, na perspectiva de melhoria do desempenho físico, podendo contribuir ou não, de acordo com a tarefa motora a ser executada (CHURCH,2001; HEDRICK,1992).

Através de tal ocorrência foi constatada uma maior flexibilidade pós-treino em ambos os grupos no movimento de FCL. Segundo Thrash (1987) um programa de

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treinamento com pesos para desenvolver força muscular não prejudica a flexibilidade e pode até aumentar a amplitude de determinados movimentos.

VALE et al. (2006), corroborou o ganho dos níveis de flexibilidade com as recomendações e pesquisas de treinamentos específicos de flexibilidade (DAVIS, 2005). Esses achados podem ser explicados pelo aumento da amplitude dos movimentos para a execução dos exercícios, pois a redução dos riscos de lesões músculo-articulares, a melhora no desempenho físico, a redução da tensão passiva e da rigidez do músculo esquelético podem alterar as propriedades viscoelásticas, melhorando o desempenho nos exercícios de força que envolvem o ciclo alongamento-encurtamento. Esse fenômeno pode ocorrer em virtude do maior armazenamento de energia potencial nos componentes elásticos da musculatura, devido ao tecido menos rígido e às respostas dos componentes plásticos associadas à tensão muscular (BARAK, 2004). Porém Dantas (2005), alerta que exercícios contra resistência realizados com amplitudes articulares reduzidas, combinados com a ausência de alongamentos, podem promover reduções na flexibilidade articular.

Um estudo realizado por Thrash e Kelly (1987) submeteu 13 homens (18 a 41 anos) a 11 semanas de ECR. Foram verificados aumentos de flexibilidade, em valores absolutos, em todos os movimentos analisados. Podemos observar no presente estudo que não houve diferença significativa ( = 0,26) no que diz respeito ao movimento de EHAO pós-treino para o GRA. Apesar de tal ocorrência podemos observar que houve redução dos níveis de flexibilidade pós treino em ambos os grupos.

Hurley (1995) não constatou que o treinamento com peso desenvolvesse a flexibilidade, porém não afirmou também que ela fosse prejudicada, indicando assim um trabalho simultâneo dessas duas aptidões.

Baseado nesta concepção o treinamento de força pode auxiliar no ganho de flexibilidade, segundo Thrash e Kelly (1987) um programa de treinamento com pesos para desenvolver força muscular não prejudica a flexibilidade e pode até aumentar a amplitude de determinados movimentos. Todd (1985) afirma que pouca evidência científica ou empírica existe a favor da crença de que o treinamento de força resulta em diminuição da flexibilidade.

Quanto a este assunto, Monteiro e Farinatti (1996), ao analisarem os efeitos agudos de um programa de musculação, verificaram efeitos negativos sobre os índices de flexibilidade, sendo os indivíduos do sexo masculino os mais afetados. Corroborando esta evidência, Wiemann e Hahn (1997) relatam que após o TCR, o

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músculo apresenta uma elevada tensão durante o repouso, além de reduzidos níveis de flexibilidade.

Esta redução na ativação estaria associada basicamente a dois mecanismos neurais (FOWLES, SALE & MACDOUGALL, 2000): um seria a inibição provocada pelos órgãos tendinosos de Golgi (OTG) que teriam sido estimulados pela tensão desenvolvida na unidade músculo-tendão durante as atividades de flexibilidade; e o outro seria a contribuição dos receptores de dor que teriam sido ativados uma vez que o limiar de desconforto e dor foi utilizado para delimitar a intensidade dos exercícios de alongamento.

Os efeitos agudos do TCR sobre os níveis de flexibilidade ainda carecem de esclarecimentos, visto as crescentes controvérsias e as poucas evidências científicas acerca do tema. Uma destas controvérsias está relacionada às possíveis modificações negativas que, aparentemente, podem ser acarretadas ao longo do tempo sobre os níveis de flexibilidade, uma vez que as informações disponíveis a esse respeito não são conclusivas.

A maioria das hipóteses apóia-se em estudos envolvendo a análise do efeito agudo do ECR sobre a flexibilidade ou, ainda, nos quais existe uma tentativa de extrapolação das informações encontradas em um determinado momento, sobretudo em atletas com grande experiência em ECR, contudo, um acompanhamento mais detalhado de outras variáveis supostamente intervenientes. Alguns destes estudos apontam para uma redução dos níveis de flexibilidade imediatamente após a prática de exercícios com pesos (MONTEIRO, 1996; WIEMANN,1997), o que vem ao encontro deste estudo, nos dados referentes EHAO.

Beedle, Jessee e Stone (1991) encontraram diferença na flexibilidade relacionadas ao tipo de programa de treinamento realizado (levantamento de pesos versus levantamento de potência, por exemplo) entre atletas que treinam com pesos. Levantadores olímpicos de peso e mesmo indivíduos controle apresentaram flexibilidade maior em cinco medidas de flexibilidade do que os levantadores de potência, indicando que o levantamento de potência pode provocar aumento no tamanho dos músculos que limitam parcialmente a amplitude de movimentos (por exemplo, peitorais tão grandes que impossibilitam encostar os cotovelos na frente) (KRAMER, 1997).

Sendo assim, enquanto o treinamento de flexibilidade pode estender a funcionalidade de movimento é função do desenvolvimento de força e da potência. Dessa forma, o treinamento de força e o treinamento de flexibilidade parecem ser complementares em certas situações.

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CONCLUSÃO

Considerando as informações esplanadas no presente estudo, pode-se concluir que o ECR empregado neste estudo provocou aumento dos níveis de flexibilidade para os movimentos de FCL para ambos os grupos, no entanto um padrão oposto foi observado nos GAM e GRA não havendo neste último uma diferença significativa para movimentos de EHAO.

Uma possível explicação para esse comportamento seria o fato da carga utilizada no exercício stiff provavelmente ter sido muito aquém dos 70% de 1 RM, em virtude da falta de familiarização dos indivíduos da amostra a esse exercício, o que teria gerado apenas o efeito de aquecimento na musculatura envolvida, e consequentemente, aumentos dos níveis de amplitude alcançados no pós teste.

Diante dos resultados encontrados na presente investigação, sugere-se que sejam feitas pesquisas de cunho longitudinais, e estudos envolvendo outras articulações e conseqüentemente outros movimentos e exercícios.

Além disso, sugere-se uma atenção maior ao adequar as cargas dos exercícios, ou utilizar exercícios que a amostra já esteja familiarizada. Vale ressaltar que o treinamento que desenvolve a força, se não for secundado por exercícios de alongamento correspondentes ou amplitudes totais de execução, poderão provocar efeitos negativos sobre a flexibilidade por motivos mecânicos (maior resistência ao estiramento por parte do músculo exercitado devido ao aumento de sua tonicidade e volume).

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Data de recebimento: 2/10/09 Data de aceite: 17/12/09

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