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ESCOLA E SEU PAPEL ORIENTADOR SOBRE O ABORTO

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Academic year: 2021

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ESCOLA E SEU PAPEL ORIENTADOR SOBRE O ABORTO

Prof.a M.a Djiane Strelciunas Docente no Curso de Licenciatura em Pedagogia - Faculdade de São Paulo - FASP – Centro Novo Aldeneide Lopes Alessandra Basil Alexsandra Silva Carmem Maria Donato Kátia Costa Graduandos do Curso de Pedagogia – Faculdade de São Paulo - FASP - Centro Novo Resumo: Este presente artigo tem como finalidade verificar se a escola discute sobre o tema aborto e de que maneira procede em orientações com os jovens do Ensino Fundamental ll. Abordado por meio de pesquisa de campo, com perguntas abertas destinadas a coordenadora e professora do Ensino Fundamental ll, que serviram de base para construção do artigo. E de acordo com os resultados analisados pôde ser observado que o tema aborto não é trabalhado de forma clara no ambiente escolar, ainda prevalece o aspecto biológico em detrimento do social e cultural.

Palavras-chave: Aborto. Escola. Intervenção. Orientação.

INTRODUÇÃO

Este artigo tem como objetivo verificar se a escola discute sobre o tema aborto com os jovens do Ensino Fundamental II e de que maneira procede em orientações.

De acordo com Louro (2000), existe uma tradição dualista onde o natural e o cultural não se integram no momento da aprendizagem e o corpo é visto como uma questão somente da natureza e não da cultura, mas atualmente a sociedade envolvida nas análises de gênero e sexualidade, que são temas transversais e precisam ser trabalhados nas escolas, encontram resistências, por serem assuntos que diz respeito à construção social do indivíduo e da sua identidade nos aspectos, sociais, culturais e históricos, e nesses aspectos os jovens precisam ser orientados, como por exemplo, o tema aborto na adolescência.

Destaca Ferreira (1975) aborto é considerado a interrupção precoce da gravidez, espontâneo ou provocado, com a remoção ou expulsão de um embrião ou feto, resultando na morte do concepto ou sendo causada por ela. Essas ações sempre foram praticadas na sociedade, assim diz Martielo (1996) historicamente em determinadas épocas o aborto era realizado, mesmo sendo reprovado para uma grande parte da população, o objetivo da época era controlar o crescimento populacional.

Ao referir-se a tal assunto existe uma Legislação Brasileira sobre aborto dentro dos artigos 124 a 128 que ressaltam as características de quando o aborto é permitido ou

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considerado crime. Castro & Colaboradores (2004, p. 217) fala sobre o artigo 128 do Código Penal, de 1940, quando a gravidez indesejada resulta de violência sexual (estupro), ou quando há risco de morte para a gestante, o aborto dentro desses casos não é considerado crime, os casos que não partem dessa ordem, é levado como crime.

O aborto na visão de alguns adolescentes, segundo Souza & Colaboradores (2001), é encarado como método contraceptivo e realizado mediante a uma única saída, pela pressão do parceiro, família e escola sendo a única forma para resolver a gravidez indesejada, considerada como um problema para os adolescentes.

Ressalta Souza & Colaboradores, (2001) a gravidez precoce na adolescente provoca nela uma pressão psicológica e social, gerando insegurança, medo, vergonha, censura dos amigos e da família, levando-a, a uma decisão por impulso, assim provocando o aborto. Bruno (2013) afirma que tanto como a gravidez precoce, como o aborto são situações difíceis para os adolescentes, por isso à importância da orientação sexual dentro das escolas.

“O aborto para o adolescente é uma decisão difícil, da mesma forma ter um filho, não são situações fáceis, por isso é importante que façamos um trabalho educativo e preventivo para que as adolescentes de hoje tenham mais e melhores opções”. (BRUNO, 2013, P. 1)

Conforme o que é proposto nos PCNs (1997) sobre gênero e sexualidade, temas transversais que são considerados tabus pela sociedade e, portanto, não são discutidos de forma eficaz dentro das escolas, de maneira a orientar e se preciso intervir na vida dos alunos, partindo de suas próprias dúvidas sobre o tema.

De acordo com Bruno (2013), do mesmo modo essas dúvidas atingem os professores e o fazem hesitar diante desse tema que muitas vezes é complexo até para eles, assim não suprindo o que a lei determina para que haja uma educação de qualidade baseada em informações que conduz para vida em sociedade. Porventura essa resistência existe porque o ambiente de sala de aula é heterogêneo, de valores culturais e sociais que muitas vezes podem contestar certos assuntos, causando um mal-estar às culturas e estilos de vida diversos. Assim diz Bruno:

“A educação sexual facilita ao adolescente o entendimento do seu comportamento, melhora da autoestima, afeto e responsabilidade. A educação sexual deve propiciar ao adolescente mais que controle de natalidade ou negação da sua sexualidade. Esta deve ser colocada em um contexto mais amplo de relacionamento pessoal, social e político entre as pessoas na tentativa de permitir ao adolescente a garantia de uma atividade sexual enriquecedora, sadia e responsável.” (BRUNO, 2013, p. 2).

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Seguindo as ideias de Hooks (1999), considerando que há anos e até hoje a questão do aprendizado da mente é dissociada do corpo, como se esses dois elementos não fossem importantes e complementos um do outro, hoje percebemos o erro ao pensar dessa forma, por causa desses comportamentos o ser humano foi sendo limitado ao aprendizado do corpo e isso de forma geral, de dentro para fora e de fora para dentro e tudo envolvendo o meio, porque o corpo está inserido em uma esfera social, moral, cultural e sofre transformações e por isso precisa ser estudado com grande valor.

Hooks ( 1999, p.115):

.... “por isso nós professores e professoras, entramos numa sala de aula como se apenas a mente estivesse presente, como se fôssemos todas espíritos descorporificados”.

Segundo Gasset (1983), a escola tem o papel de orientar os alunos em todos os assuntos que envolvem as relações humanas em sociedade, sendo assim a questão do aborto entre os jovens, eles precisam saber que esse assunto entre vários faz parte da sua realidade assim como diz Gasset (1983) “é preciso conhecer para saber o que tem a ver comigo ou com aquele que conhece”.

Louro (2010) afirma que a estrutura do sistema de ensino escolar foi construída para obedecer a padrões que não respeitam a subjetividade dos indivíduos e por isso se percebe:

“Que todos os processos educativos sempre estiveram e estão preocupados em vigiar, controlar, modelar, corrigir, construir os corpos de meninos e meninas, jovens, homens e mulheres. Os corpos foram e são objetos da mais meticulosa atenção, não apenas das escolas, mas de várias instâncias sociais” (LOURO et al. 2010, p.7).

Sintetiza Tonatto e Sapiro (2002), o espaço escolar é um ambiente que apresenta culturas variadas e dentro de cada cultura, diferenciam os valores, interesses, ideologias, costumes, crenças, atitudes, tipos de organizações familiar, econômica e social, como também diferentes padrões de comportamentos e por esses motivos há dificuldade de abordar o tema aborto entre os jovens do Ensino Fundamental II.

“Entendem a interdisciplinaridade enquanto contribuição (...) para a busca de resoluções fundadas em raciocínio crítico e conhecimento na problematização dos temas referentes à sexualidade por parte dos adolescentes, de uma forma integrada e não alienada ao contexto em que vivem”. Tonatto e Sapiro (2002, P. 171)

Segundo os PCNs (1997) as instituições de ensino devem atuar com a qualidade prescrita por Lei, garantindo suprir as necessidades educacionais, que por meio de questionamentos e conhecimentos prévios trazem os alunos, dando-lhes uma educação livre dos conceitos que são mascarados pela sociedade.

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Assim fundamentado no PCNs (BRASIL, 1997b, p.24):

“O ensino de qualidade que a sociedade demanda atualmente expressa-se aqui como a possibilidade de o sistema educacional vir a propor uma prática educativa adequada ás necessidades sociais, políticas, econômicas e culturais da realidade brasileira, que considere os interesses e as motivações dos alunos e garanta as aprendizagens essenciais para a formação de cidadão autônomos, críticos e participativos, capazes de atuar com competência, dignidade e responsabilidade na sociedade em que vivem”.

Baseando-se nas ideias de CHAGAS (1996) desses empasses no âmbito educacional, fala sobre aborto de forma profunda, utilizando a temática sexualidade, é um fator primordial e não pode ser visto como um fator isolado, apenas de saúde pública, porque envolvem aspectos do conhecimento do corpo, hábitos e higiene, constituição da identidade, questões sociais e culturais que condiz com o meio em que vivem, onde atuam como colaboradores na sociedade, a escola entra com a função de orientar esses alunos, com propósito de formar cidadãos conscientes e participativos, um verdadeiro agente ético que prevê o que pode acontecer por meio das suas ações, porque é livre, autônomo, pensante e faz suas próprias escolhas.

Salienta Temp & Colaboradores (2013), apud Rena, (2007); Bueno, (2001), p. 82 “É importante trabalhar sexualidade de forma mais ampla na escola utilizando a multi, a inter e a transdisciplinaridade, considerando as dimensões biológicas, psicológicas, social, contribuindo para o fortalecimento da autoestima e da identidade pessoal”.

Dessa forma seguindo os pensamentos de Soares e Meyer (2003), o espaço escolar é um ambiente importante de aprendizagem que pode e deve orientar os alunos de forma a seguir na contramão dos grandes meios de comunicação de massas, que rotulam os comportamentos humanos, a escola vai intervir de maneira eficaz na compreensão do corpo e da sexualidade.

METODOLOGIA

Os métodos utilizados para verificar o objetivo do artigo foram a realização de questionários com cinco perguntas abertas com análise qualitativa, aplicadas à coordenadora pedagógica e professora do Ensino fundamental II, da escola Municipal, situada em São Paulo Capital, no bairro da Freguesia do Ó na zona Norte.

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RESULTADOS

Com base nas análises das respostas, foi verificado que ambas têm o conhecimento dos Parâmetros e Diretrizes Legais que envolvem temas sobre orientação sexual na escola. Mas quando a pergunta foi referente se existi um projeto específico para trabalhar esse tema houve contradições, no qual a coordenadora relata que sim, que existem projetos e que são desenvolvidos na escola, entretanto a professora disse que não há projetos sendo desenvolvidos na escola, más aborda o tema em sala de aula, as duas de forma geral afirma em suas respostas que existe um diálogo sobre orientação sexual apenas quando são questionadas pelos alunos. Ambas não deixam claro se há um projeto específico dentro desse assunto.

De acordo com o confronto entre as respostas da coordenadora e da professora, em relação à pergunta de número três, ambas relatam e afirmam em suas respostas que passaram por experiência de gravidez precoce com alunos e neste caso houve acolhimento e toda a orientação possível a esses adolescentes, a esse caso específico a criança nasceu, porém veio ao falecimento por ser prematura.

A questão número quatro, a professora relata que os alunos a questionam sobre assuntos como namoro, beijo e gravidez, más não especificadamente sobre o aborto, já a coordenadora diz que perguntam e questionam no anonimato porque se sentem envergonhados, por esse motivo se pede para que os professores tratem essa questão com seriedade e sem preconceitos e sempre buscando informações de fonte segura para sanar as dúvidas dos alunos.

Em relação à pergunta de cunho pessoal a coordenadora e a professora afirmaram em suas respostas que a escola e professores acolhem esses alunos dentro do possível, e isso envolve as questões sociais que estão interligadas a família, do modo como se relacionam entre si e como veem esses jovens. O professor deve trabalhar o tema sem exprimir valores pessoais, porém a professora afirmou que cabe a família em particular tratar dessas questões e não os professores em geral.

CONCLUSÃO

De acordo com o tema as respostas estão em consonância em relação ao que foi abordado pelo artigo, pois as entrevistadas concordam que deveria ser discutido e trabalhado o tema em questão nas escolas. Contudo ambas apresentam contradições em suas respostas aos questionários, pois como é um tema transversal e não se tem a obrigatoriedade de se

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trabalhar em sala de aula, muitos professores não se veem nessa obrigação, deixando de se trabalhar o tema em questão. Devido a limitação de sujeitos proponha se a realização de uma pesquisa mais ampla sobre o tema, de forma que se possa ter mais base para se comparar os dados qualitativos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

TEMP, Daiana; CARPILOVSKY, Cristina; AZAMBUJA, Cati; SOARES, Félix, Desenvolvimento do tema aborto em escola pública: uma experiência através de atividades lúdicas, 2013. www.late.UFRj.br/revistas/index.Php?jornal= ensinodecienciaepage=artilerop=

wiewepath%5B%5D=569 Acessado em 10/09/2015.

ABC MED BR, Saúde da mulher, 2013. http://www.abc.med.br/p/saude-da- mulher/359669/aborto-o-que-e-como-e-feito-quais-sao-os-riscos-como-age-a-quot-pilula-do-dia-seguinte-quot.htm>. Acesso em: 15/9/ 2015.

BRUNO, Zenilda, Fatores de risco de gravidez na adolescência, 2013, www.sbpcnet.org.br/livro/65ra/PDF/arq_2673_733.pdf Acessado em 14/09/2015.

SOUZA,Vera; CORRÊA,Maria; SOUZA,Sinara; BESERRA,Maria, O aborto entre adolescentes, 2001, http://www.scielo.br/pdf/rlae/v9n2/11513.pdf.

LOURO, Guacira, Corpo, escola e identidade, 2000,file:///c:/Documentos%20and%20Settings /Adinistrador/Meus%20.documentos/Downlouds 46833-189816-1-PB.pdf acessado em10/09/2015

CASTRO,M.G.;ABRAMOVAY,M.;SILVA,L.B.JuventudeeSexualidadeed.Unesco.Brasília,200 4.p.217.

Referências

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