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PRODUÇÃO DE TCC NO CURSO DE PEDAGOGIA/UFPE: AS ESCOLHAS DOS GRADUANDOS PELOS TEMAS EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E EDUCAÇÃO POPULAR

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PRODUÇÃO DE TCC NO CURSO DE PEDAGOGIA/UFPE: AS

ESCOLHAS DOS GRADUANDOS PELOS TEMAS EDUCAÇÃO DE JOVENS

E ADULTOS E EDUCAÇÃO POPULAR

Maria Amanda Micaely Pinheiro da Silva Universidade Federal de Pernambuco

amandamicaely@hotmail.com Jacilene Campos da Silva Universidade Federal de Pernambuco

Jaci_gatinhaa@hotmail.com Maiara Araújo de Santana

Faculdade dos Guararapes Maya.blue@hotmail.com Susane Batista de Souza Universidade Federal de Pernambuco

batsouz@hotmail.com

Orientadora: Elizama Pereira Messias

Universidade Federal de Pernambuco elizamamessias@yahoo.com.br

RESUMO

Este trabalho é fruto de uma pesquisa realizada durante a disciplina Educação de Jovens e Adultos, do Curso de Pedagogia da UFPE. Teve como objetivo conhecer a produção de TCCs, voltada para as temáticas da EJA e da Educação Popular, além de conhecer o NUPEP/UFPE. Para esta pesquisa, de cunho exploratório, foi utilizada uma abordagem quantitativa, a partir do levantamento dos TCCs produzidos no CE/UFPE entre os anos de 2008 e 2013. Foi encontrado um percentual significativamente pequeno na produção de TCCs sobre o tema EJA e Educação Popular, levando a algumas hipóteses: não há professor que oriente os graduandos; não é um tema próximo à sua realidade; e, por fim, EJA e a EP não são temas que lhes possibilitem condições de ascensão, reconhecimento e valorização profissional. Conclui-se que este estudo apenas viu uma imagem estática da realidade acadêmica, mostrando-se necessário categorizar ou classificar os TCCs pra se ter um retrato mais fiel da realidade, além de consultar os graduandos acerca do que justificou suas escolhas.

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1. INTRODUÇÃO

Este trabalho é fruto de uma pesquisa realizada durante a disciplina Educação de Jovens e Adultos, do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, sob a orientação da Profa. Elizama Messias, e está situado no tema produção de conhecimento sobre a Educação de Jovens e Adultos - EJA e a Educação Popular - EP na UFPE.

A produção de conhecimento só é considerada como tal se produzida a partir do doutorado. Na graduação, toda e qualquer produção acadêmica é considerada apenas como exercício. O tema proposto para a disciplina em questão é a produção de conhecimento, ou seja, o que vem sendo realizado na UFPE a partir do doutorado, mais especificamente pelo Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos, Educação Popular e Estudos da Infância – NUPEP. Diante da proposta da disciplina, nos pusemos a fazer outras considerações acerca desta produção, trazendo-a para a graduação, buscando saber como anda a produção acadêmica dos graduandos da UFPE sob as temáticas da EJA e da EP.

Deste modo, a presente pesquisa tem por objetivo geral conhecer a produção acadêmica referente aos Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC, voltada para a temática da Educação de Jovens e Adultos – EJA e da Educação Popular – EP no Centro de Educação – CE, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, entre os anos de 2008 a 2013. Como objetivos específicos, buscaremos conhecer o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos, Educação Popular e Estudos da Infância – NUPEP; levantar os TCCs produzidos no CE da UFPE entre os anos de 2008 a 2013; além da revisão bibliográfica.

Entendemos que muitos vêem a educação de jovens e adultos como algo menor, quando a comparam com as demais modalidades de ensino, visto que estas ocorrem no tempo certo, quando os alunos estão em condições mais favoráveis para estudar (possuem mais tempo, por exemplo). A exemplo da alfabetização, quanto à idade certa para o indivíduo estar alfabetizado, o Pacto Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC, 2011) entende que

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“a criança deverá estar alfabetizada ao final do ciclo de alfabetização do ensino fundamental, que, nos termos da Lei nº 11.274/2006 (que ampliou o ensino fundamental obrigatório para 9 anos, com início aos 6 anos de idade), se dá a partir dos 8 anos de idade”. Além disso, o saber escolar é supervalorizado em detrimento daquele adquirido fora da escola, o que leva muitos a entenderem que o fato do indivíduo não ter frequentado a escola faz deste menos capaz ou limitado. Esta valorização que a sociedade dá a cultura escolar pode se refletir na escolha dos temas dos TCCs dos graduandos do curso de Pedagogia da UFPE? Conhecer a produção de Trabalhos de Conclusão de Curso - TCCs voltadas para as temáticas EJA e EP pode nos levar a entender qual a relevância que estas possuem para os graduandos a partir da identificação destes com os temas em questão.

Para esta pesquisa, de cunho exploratório, foi utilizada uma abordagem quantitativa. O levantamento dos dados foi feito a partir do site do CE/UFPE, na área da Graduação, no link Trabalhos de Conclusão de Curso. Os dados coletados foram organizados em uma tabela com os campos “Ano”, “Título”, “Palavras-chave”, “Resumo” e “Professor orientador”, onde todos os TCCs foram lançados a partir do título e, aqueles que atendiam ao objetivo da pesquisa, eram complementados com as demais informações referentes a eles. Desta tabela com dados gerais dos TCCs, foi construída outra tabela apenas com dados referentes ao objetivo da pesquisa, além de um gráfico para melhor visualização comparativa dos dados coletados.

Por fim, teremos como norte para este trabalho os conceitos de Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular, e o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos, Educação Popular e Estudos da Infância – NUPEP, a partir do seu histórico.

2. A RELAÇÃO ENTRE A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A EDUCAÇÃO POPULAR

Em meados de 1945, o contexto econômico social do Brasil, teve grandes transformações na sociedade do capital, havendo profundas mudanças no modelo econômico do país. Diante da demanda de mão de obra qualificada e do expressivo número de analfabetos no país, foi necessário expandir a escolarização. Logo, fez-se necessário um modo diferenciado de escolarização para o

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público adulto não alfabetizado, a partir da necessidade de instrumentalizar esses sujeitos para sua inserção no atual desenvolvimento econômico do país, dando assim surgimento à educação popular. Foi então lançada a Campanha de Educação de Adultos, em 1947, que pretendia, numa primeira etapa, uma ação extensiva que previa a alfabetização em três meses, e mais a condensação do curso primário em dois períodos de 7 meses. Nos primeiros anos, a campanha alcançou resultados expressivos. Porém, na década de 50 os resultados começaram a cair e a campanha foi extinta.

Após este período, surge o Movimento de Cultura Popular do Recife, criado em 1960, cujas atividades eram orientadas para a conscientização das pessoas através da alfabetização e educação de base. Um ano após, é criado o Movimento de Educação de Base (MEB), um programa governamental de alfabetização criado em 1961 pela Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). Também em 1961, foi criado no Rio de Janeiro o Centro Popular de Cultura (CPC), uma organização com o objetivo de divulgar a “arte popular revolicionária”, ela tinha como representante vários artistas e era associada à União Nacional dos Estudantes (UNE). Com o Golpe Militar, em 1964, estes movimentos vieram a ser extintos.

Após essas campanhas que fortaleceram a educação popular, Paulo Freire apresenta proposta de educação que veio modificar o caráter apenas alfabetizador da educação para o caráter de conscientização crítica e libertadora do educando, ou seja a Educação Popular. Pois, como afirma Brandão (2001), “uma prática cultural libertadora deveria envolver um trabalho intelectual de reelaboração dos elementos ideológicos da tradição de um povo” (p. 28).

A Educação Popular foi criada e praticada em oposição à educação dos grupos dominantes, porém não era para a população em geral, como a EJA, que é tratada como libertadora da população subalternizada que não tiveram acesso à escolarização na idade certa. Para Brandão (1995), “A Educação Popular é a dimensão pedagógica do próprio Movimento Popular, e o processo de produção do saber é pedagogicamente mais importante do que o seu produto”. Os movimentos de Educação Popular eram comprometidos com a educação das camadas populares e com a superação da exclusão e discriminação em nossa sociedade. No entanto, no início essa educação vinha como uma forma a tentar elitizar as populações, não levando em consideração seus conhecimentos, com metodologias de ensino impróprias à clientela, onde o ensino se pautava nos conceitos do ensino

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regular. Depois, com pedagogia freireana foi que essa educação passou a considerar os conhecimentos do povo, sendo então considerada uma educação com o povo, e não para o povo, visto que esta valoriza os saberes prévios das pessoas e considera suas realidades culturais para a construção de novos saberes, buscan desenvolver um olhar crítico, e estimulante para que haja a participação comunitária, possibilitando um olhar diferenciado para a realidade social, política e econômica de sua conjuntura.. Desta forma, partindo do conhecimento do povo e através do seu cotidiano, é possível promover uma transformação social, pois que:

“A Educação Popular acompanha, apóia e inspira ações de transformação social. Nela, o processo educativo se dá na ação de mudar padrões de conduta, modos de vida, atitudes e reações sociais. Portanto, se a realidade social é ponto de partida do processo educativo, este volta a ela para transformá-la”. (WERTHEIN, 1985, p. 22).

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) também passou por grandes desafios, primeiramente foi a Constituição Brasileira que firmou a garantia de uma instrução primária e gratuita para todos os cidadãos. Mas foram realizados poucos trabalhos nesse sentido, e os que foram feitos seria para a menor parcela da população, a elite econômica, algumas províncias ainda se esforçaram para atender o ensino de jovens e adultos, e crianças e adolescentes, mas não sendo suficiente para acabar com o analfabetismo. Já no período da Primeira República também teve a constituição de 1891, primeiro marco legal da República Brasileira, em que a responsabilidade pelo ensino básico foi descentralizada das províncias e municípios, mas a elite continuou sendo privilegiada em detrimento da população mais carente, que foram até proibidos de votarem, porém esse período foi marcado por mais reivindicações em prol de uma educação para “todos”.

A Revolução de 1930 reformulou o papel do Estado no Brasil, e teve o Plano Nacional de Educação, que reafirmou o direito de todos e o dever do Estado com a educação, fez a educação de jovens e adultos receber um tratamento particular. A partir daí foi criado o INEP, que instituiu o Fundo Nacional do Ensino Primário, que incluísse o ensino supletivo para adolescentes e adultos. Em 1947, foi instalado o Serviço de Educação de Adultos o (SEA), que depois passou a ser Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos (CEAA), ela criou uma infraestrutura nos Estados e Municípios para atender à educação de jovens e adultos. Teve-se também a Campanha Nacional de Educação Rural, e a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo. O CEAA chegou à década de 60, e percebia que deveria mudar a atuação dos educadores na educação de

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jovens e adultos. Sendo um “desenvolvimento de um trabalho educativo “com” o homem e não “para” o homem, a criação de grupos de estudos e de ação dentro do espírito de autogoverno, que deveria passar a sentir-se participante no trabalho de surgimento do país” (Paiva, 1973, p.210). Além destas, também houve várias campanhas para a erradicação do analfabetismo, como o MOBRAL e Ensino Supletivo.

A EJA é uma modalidade de ensino que visa oferecer escolaridade para pessoas que não concluíram o ensino fundamental e/ou o médio na idade apropriada, como respalda a LDB no “Art. 37: “A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. Ela surge como uma ação de estímulo aos jovens e adultos, proporcionando seu regresso à sala de aula.

Para muitos, Educação Popular e EJA são a mesma coisa, porém ambas possuem suas peculiaridades, a exemplo do público-alvo e da modalidade de ensino, visto que a EJA integra a educação formal, e a Educação Popular o ensino não formal.

Elas estão intrinsecamente relacionadas nos movimentos sociais, onde buscavam levar escolarização para as populações desfavorecidas que não puderam freqüentar a escola no tempo certo, e que foram excluídas socialmente. Identificando-se também por serem temas secundários em relação aos interesses político-educativos dos governos no país.

“Portanto, é neste contexto e processo que, ao se falar de educação e em seu perfil e características predominantes, podemos dizer que sempre aparecem, intimamente conectadas, a alfabetização de adultos, a educação de base e a cultura popular”. (BEZERRA, 1980; FREIRE, 1976).

3. COMO OCORRE A PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO SOBRE EJA E EDUCAÇÃO POPULAR NA UFPE

Diante das grandes transformações sociais e tecnológicas e das reivindicações da sociedade civil, torna-se uma atividade bastante complexa para as universidades produzir conhecimento a cerca das inúmeras situações que se apresentam, principalmente se envolverem os processos educativos escolares e sociais. Neste sentido, Romanelli (1999) entende que:

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“A modernização acabou criando uma complexidade administrativa e uma intricada teia de mecanismos de controle dentro e fora da Universidade, que a tornou mais conservadora na sua estrutura geral do que o antigo modelo. O que dá um toque modernizante à Universidade brasileira atual e camufla sua estrutura rígida e conservadora é o fato de ele utilizar-se de meios mais modernos de comunicação e controle administrativo e pedagógico, ser diversificada sua oferta de cursos, tanto no que tange ao ramo do conhecimento, quanto no que tange às formas de duração. E ainda, de ela haver ingressado, há pouco na fase de incentivo à pesquisa” (P. 233).

Nesse contexto, percebe-se um movimento crescente de exigências da sociedade sobre a Educação Popular e EJA em relação às instituições universitárias, que por sua vez se caracterizam, entre outros, por serem produtoras de conhecimento, e não apenas aquela responsável pelo repasse de conhecimento, favorecendo assim o desenvolvimento de pesquisas referentes a essa modalidade de ensino em questão. Assim sendo, é importante evidenciar os esforços do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Extensão em Educação de Jovens e Adultos, Educação Popular e Estudos da Infância, na Universidade Federal de Pernambuco (Nupep/UFPE), a partir da sua proposta para produção e disseminação de conhecimentos sobre Educação Popular e Educação de Jovens e Adultos.

O Nupep/UFPE tem sua fundação em 1987, e institui-se como lugar de proposição de ações educativas, de enunciação e de teorização de práticas pedagógicas no campo da Educação de Adultos, na Educação de Jovens e Adultos e de Estudos da Infância, dedicando-se à pesquisa e extensão no âmbito da universidade, com processos de formação continuada de profissionais que atuam na EJA, produção de livros, elaboração de propostas curriculares para a alfabetização e para o ensino fundamental, entre outros. Sua produção de conhecimento permite incentivar o debate aprofundado das diversas e diferentes questões pertinentes a essa área de pesquisa, de ensino e de prática pedagógica.

Ao atuar em linhas de pesquisa como Arte na Educação, Currículo e Cultura, Educação de Jovens e Adultos, Infância e Juventude, seu trabalho pode também contribuir para potencializar a criação da cultura do sucesso escolar para os setores populares a partir do seu debate sobre o

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multiculturalismo e as possibilidades da interculturalidade. No que diz respeito às ações educativas para formação de pesquisadores e professores da EJA, o referido núcleo promove grupos de estudos e cursos de atualização, aperfeiçoamento e especialização que permitem avançar no entendimento sobre essa modalidade de ensino.

Atualmente o Nupep, em parceria com a Biblioteca Central da UFPE, disponibiliza seu acervo para sociedade, física e virtualmente, como parte de um projeto de pesquisa em andamento que pretende desenvolver ações pedagógicas relativas a organização documental sobre história da educação popular e educação de jovens e adultos em Pernambuco, visando também, constituir uma rede com outros Centros de Referência em Educação de Jovens e Adultos.

4. LEVANTAMENTO DAS PRODUÇÕES E ANÁLISE

A pesquisa inicial pretendia fazer o levantamento dos TCCs produzidos nos últimos 5 anos no CE/UFPE, compreendendo o período entre os anos de 2009 e 2013. Estes dados seriam coletados no site do CE (www.ufpe.br/ce), onde foram encontradas algumas incongruências que não puderam ser esclarecidas em tempo para este trabalho. Os TCCs estavam disponíveis a partir de links identificados pelo ano e período/semestre, de modo geral, porém alguns ou não remetiam a período/semestre ou o link não estava disponível como, por exemplo, os referenciais 2011.1 e 2011.2, que não constam desta pesquisa. Deste modo, esta pesquisa pode não traduzir a realidade visto que alguns documentos podem não ter sido lançados no site, portanto, não foram contabilizados nos resultados.

No levantamento de dados realizado, foram identificados 179 TCCs produzidos no CE/UFPE no período entre os anos de 2008 e 2013. Destes, 14 estavam voltados para a temática EJA (6,15%) e EP (1,65%), totalizando 7,8%, e 165 para as demais temáticas (92,2%).

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Quanto ao campo Professor Orientador, dos catorze trabalhos levantados na temática EJA e EP, um dos orientadores integra o Nupep e apenas um outro orientou dois trabalhos. Ambos orientadores são professores ajunto da da UFPE. O segundo coordena a Cátedra José Martí/UFPE e um curso de especialização.

No que diz respeito à indexação, “componente necessário em publicações científicas devido à sua importância para os indexadores” e que torna as pesquisas bibliográficas mais práticas, no que se refere às buscas (AQUINO e AQUINO, 2013), esta não remete aos temas EJA e EP em mais de 65% das produções acadêmicas levantadas.

Com relação aos dados encontrados referentes à indexação, quanto à EJA, dos 11 TCCs identificados, 6 possuem a palavras “EJA” ou “Educação de Jovens e Adultos” dentre as palavras-chave; nas 5 demais produções não há nenhuma palavra que sequer remeta ao tema. E, quanto aos títulos dos trabalhos, apenas 7 possuem as palavras “EJA” ou “Educação de Jovens e Adultos”. Já quanto à EP, nenhum dos 3 trabalhos identificados possui como palavras-chave as palavras “EP” ou ”Educação Popular”. Tampouco nos títulos, quando estes remetem à Educação Não-Formal ou não remetem.

Entendendo que palavra-chave é uma “palavra representativa do conteúdo do documento” (ABNT – NBR 6028), que serve como indexador, pode-se concluir que, pela incidência da não

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existência de palavras-chave que identifiquem os TCCs como sendo voltados para a temática EJA e EP, estes não sejam o foco principal destes trabalhos ou que estes não serão facilmente encontrados como tal por não estarem devidamente identificados. Ou seja, se a produção é inexpressiva, pode até nem ser percebida por pesquisadores menos atentos.

Diante de um percentual significativamente pequeno na produção de TCCs voltados para a temática da EJA e de EP, do CE/UFPE, já que esta pesquisa não pôde se deter a outras variáveis, poderia se afirmar que esta está relacionada com o capital cultural dos graduandos, “herdado e acumulado dentro de seu grupo familiar e sua trajetória escolar”, visto que é a partir do conjunto de conhecimento, habilidades e disposições que estes fazem suas escolhas nas diversas áreas (MENEZES, 2010)? Ou seja, a escolha pelo tema EJA e EP é inexpressiva por não ser uma realidade próxima da vida destes graduandos? Ou ainda, outras modalidades temáticas oferecem mais possibilidades (de mercado de trabalho, por exemplo) que sejam mais atraentes aos graduandos?

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do levantamento das produções acadêmicas referente aos Trabalhos de Conclusão de Curso – TCC, voltado para a temática da Educação de Jovens e Adultos – EJA e da Educação Popular – EP no Centro de Educação – CE, da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, entre os anos de 2008 a 2013, buscou-se retratar a situação dos temas Educação de Jovens e Adultos e Educação Popular quanto à eleição destes como tema de TCC dos graduandos.

O resultado desta pesquisa mostrou que foram produzidos 179 TCCs. Destes, 14 estavam voltados para a temática EJA (6,15%) e EP (1,65%), totalizando 7,8%, e 165 para as demais temáticas (92,2%).

Diante dos resultados, perfazendo o percentual das produções tão pequeno voltado para as temáticas da EJA e de EP, surgiram algumas questões. O que estaria por trás deste resultado? Ou seja, qual a razão para tão poucos graduandos elegerem a EJA e a EP como seus temas de pesquisa?

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Foram levantadas algumas hipóteses acerca da justificativa para uma produção inexpressiva voltada para a EJA e a EP: não há professor que os oriente; não é um tema próximo à sua realidade (família e trajetória escolar); e, por fim, EJA e a EP não são temas que possibilitem aos graduandos condições de ascensão, reconhecimento e valorização profissional.

Quanto à última hipótese, esta se daria porque a EJA é uma modalidade de ensino mantida, normalmente, pelos governos, ou seja, ocorrem nas escolas públicas e a rede pública de ensino, com isso não oferecendo a possibilidade para o pedagogo atuar na rede particular de ensino, acarretando numa escolha baseada nas possibilidades do mercado? A EP também estaria em situação semelhante devido ao mercado de trabalho?

Conclui-se que este estudo apenas viu uma imagem estática da realidade acadêmica quanto às escolhas de temas de pesquisa dos graduandos, que pouco contempla a temática EJA e EP. Mostra-se necessário categorizar ou classificar os TCCs pra se ter um retrato mais fiel da realidade, podendo assim, fazer comparações mais fiéis à realidade. E, por fim, outra questão importante a ser considerada é a consulta aos graduandos quanto ao que lhes fez se decidir pela EJA e pela EP como temas de suas pesquisas.

REFERÊNCIAS

AQUINO, Italo Souza; AQUINO, Itiel Souza. Análise sobre a forma da escrita de palavras-chave em artigos científicos na área de ciências agrárias publicados no período de 1999 a 2011. Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, v. 18, n. 37, p. 227-238, mai./ago., 2013.

http://www.gente.eti.br/nupep/index.php/2013-06-14-20-29-43

BEZERRA, A. As atividades em Educação Popular. In: BRANDÃO, C. R. (Org.). A questão política da Educação Popular. São Paulo: Brasiliense, 1980, p. 16-39.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Em campo aberto: escritos sobre educação popular. São Paulo: Cortez, 1995.

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BRANDÃO, C.R. História do menino que lia o mundo. 3. ed. Veranópolis/RS: Iterra – Instituto de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária, 2001.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. FREIRE, P. Educación y cambio. Buenos Aires: Editorial Búsqueda, 1976.

PAIVA, VP;(1973). Educação popular e educação de adultos. São Paulo: Edições Loyola. ROMANELLI, Otaiza de Oliveira. História da Educação no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1999. WERTHEIN, J. (org.) Educação de Adultos na América Latina. Campinas/SP: Papirus, 1985.

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