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N/Referência: Pº R.Co.2/2016 STJ-CC Data de homologação:

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N .Z 00 .0 7 • R ev is ão : 0 3 • D at a: 0 2-06 -2 01 6

Relatório

1. Relativamente à sociedade “.... – Sociedade Imobiliária, Lda. “, matriculada sob o nº 507929810,

foi pedida, pela Ap. .. /20151021, a conversão da Insc. 5 Ap..../20150227, respeitante a aumento de capital em

dinheiro, mediante apresentação de pacto social atualizado e oferecimento dos documentos juntos à Ap. … de

2015/09/02.

A conversão foi recusada por despacho de 2015/10/27 (notificado em 2015/11/02), nos seguintes

termos:

«(…) - Suprimento de deficiências do proc.º registral (art. 52º/2, 1ª parte)- não aplicável;

Pelo que o pedido de conversão é,

«(…) RECUSADO (art.48º/1, e), 50º)

1- O registo já foi lavrado como provisório por dúvidas e estas não se mostram removidas.

2- O averbamento de conversão não pode ser feito como provisório por dúvidas (arts 48º/2 e

69º/3,”a contrario sensu”).

3- Entretanto, verifica-se a caducidade da insc. 5, de 2005-09-30 (art.18º/2 e 3).

(…)».

1.1. A qualificação do registo de aumento de capital como provisório por dúvidas havia constado de

despacho de 2015/03/26 (notificado em 2015/03/30), nos seguintes termos:

DIVULGAÇÃO DE PARECER DO CONSELHO CONSULTIVO N.º 23/ CC /2016

N/Referência: Pº R.Co.2/2016 STJ-CC Data de homologação: 22-04-2016

Recorrente: Maria A…, solicitadora.

Recorrido: Conservatória do Registo Comercial …..

Assunto: Recusa de conversão de registo de aumento de capital provisório por dúvidas, com fundamento no facto de as dúvidas não se mostrarem removidas e na caducidade do registo, no pressuposto de que um anterior pedido de conversão não havia provocado a suspensão do prazo de caducidade - Vários motivos de dúvidas, com apresentação de novos documentos sem que o despacho de recusa tenha especificado os fundamentos de facto impeditivos da remoção de dúvidas – Apresentação de texto atualizado do pacto, com manifestos lapsos de escrita e com redação do artigo da gerência não sustentada pelo resultado da conjugação do contrato de sociedade com as alterações do pacto já registadas.

Palavras-chave: Pedido de conversão – Prazo de caducidade - Suspensão – Remoção de dúvidas - Recusa - Pacto atualizado -

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«(…)

PROVISORIAMENTE POR DÚVIDAS (arts.22º,b),c) 32º, 49º,50º)-

Por resultarem infrutíferas no esgotado prazo legal( 5.d.) as diligências efetuadas para suprimento das deficiências do proc.º (art.52º, 2), consistentes na falta de/em:

1- Ata não integralmente apreensível, pelo que não tem o valor probatório do original (papel

escurecido, ilegível no “e-arquivo” e em certidões a extrair) – cfr. arts.73º e ss. do CRCom; 4º,

2, Port.ª 1416-A/2006, 19-dez.

( O arquivo eletrónico(digital) exige, em concreto, que estes sejam emitidos em papel branco(sem cor), escritos em tinta preta(retinta); quanto a livro de atas, se manuscritas, devem-no ser em letra bem legível, igualmente a preto, sob pena de ser inviável(inapreensibilidade) a extração de certidões e fotocópias, para variados fins da publicidade registral – arts.73º; e 6º, 6 do DL. 125/2006).

2- Declaração de “gerente” (art.88º csc) irregular: “os gerentes vinculam a sociedade em atos

escritos apondo a sua assinatura com indicação dessa qualidade”, o que não foi feito, nem se

reconhece uma assinatura numa fl. sem qualquer timbre nem autenticação, sequer por carimbo

da gerência da sociedade – vd. art. 260º, 4 CSC.

3- Texto do contrato com incorreções várias, já apontadas do anterior, em vão [epígrafe, art.2º,

4º, 2, 5º, 1(“alternante”?),…) – art. 59º.

(…)».

1.1.1. O pedido de registo havia sido inicialmente instruído apenas com cópia da ata nº 8, da

Assembleia Geral de 30/12/2014, à qual, na sequência do sub-procedimento de suprimento de deficiências e por

meio de apresentação complementar (Ap. .. de 2015/03/11), vieram a ser acrescentados o pacto social

atualizado e uma declaração da mesma data da dita Assembleia Geral, da qual consta que foi prestada “nos

termos e para o efeito do artigo 88, nº 2 do Código das Sociedades Comerciais” , sem identificação do subscritor

e respetiva qualidade.

1.2. A conversão já havia sido pedida uma primeira vez pela Ap. .. de 2015/09/02, mediante

apresentação a) de nova cópia da ata nº 8, b) da ata nº 9 da Assembleia Geral de 2015/07/09( de

retificação da dita ata nº 8)

1

, c) de declaração do gerente, devidamente identificado e com menção da respetiva

qualidade, e d) de novo texto do pacto social atualizado

2

.

1A ata nº 8 era omissa quanto à unificação de quotas da sócia “S….”, tendo-se feito constar da ata nº 9 que:

«Entrando no ponto único da ordem de trabalhos, o Sr. António A…., explicou que na reunião desta assembleia de 30 de dezembro último, antes da deliberação de aumento de capital, tinha declarado que a sua representada unificava as duas quotas de 1.666,00€ e 1667,00€ numa só quota do valor nominal de 3.333,00€.

Que, por força desta unificação o aumento de capital de 196.667,00€ foi-o para reforço da quota do valor nominal de 3.333,00€, resultante da unificação referida no parágrafo anterior».

A dúvida constara da comunicação para suprimento de deficiências, mas fora omitida no despacho de qualificação.

2Embora na requisição de registo apenas conste mencionada a cópia da ata nº 9, e no talão comprovativo do pedido apenas

conste mencionada uma ata e um pacto social, o despacho de sustentação refere que foram apresentadas duas atas ( 8 e 9, ambas “perfeitamente legíveis”), uma declaração do gerente «em forma legal bastante» e novo texto do pacto social.

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A conversão havia sido recusada por despacho de 2015/09/30 (notificado em 2015/10/09), nos

seguintes termos:

«(…) –Infrutíferas – no esgotado prazo legal – as diligências várias p/suprimento das

deficiências do proc.º registral( art. 52º, 2, 1ª parte); o mesmo é,

RECUSADO (art. 48º, 1, e), 50º)

1- O registo já foi lavrado como provisório por dúvidas e estas não se mostram removidas.

2- O averbamento de conversão não pode ser feito como provisório por dúvidas ( arts.48º, 2, e

69º, 3, “a contrario sensu”).

(…)».

2. Da mencionada recusa da conversão pedida pela Ap. … de 2015/10/21 interpôs a apresentante

o presente recurso hierárquico, pela Ap. .. de 2015/11/27, cujos termos se dão aqui por integralmente

reproduzidos.

Começa por referir que ponderou recorrer do despacho de recusa do anterior pedido de conversão,

mas que se decidiu por voltar a apresentar o pedido de conversão “julgando que o motivo poderia ser algum erro

no pacto, e que com a apresentação do registo em 2/9 o prazo de 6 meses tinha sido interrompido e me

restavam ainda 28 dias”, tendo para o efeito procedido à correção de pequenos lapsos de escrita.

Fundamenta a sua impugnação nos seguintes conclusivos termos:

a) Se no registo requerido em 02/09/2015 as dúvidas não se mostravam removidas, não

deveria ter sido alertada para as deficiências dos mesmos? Julgo eu não será suficiente dizer

que não estão removidas as dúvidas, pois quando requeri a conversão juntei os documentos

que eram indicados no despacho de provisoriedade, e que para mim estão corretos, e até hoje

continuo sem saber o que está errado. (….)

b) De cada vez que perguntei o porquê da demora do registo, nunca fui informada de que os

documentos não estavam corretos e que não supriam as dúvidas;

c) Em nenhum dos despachos de recusa se diz quais os documentos que estão em falta;

d) O pacto apresentado no primeiro pedido de conversão era o mesmo junto ao registo de

2013 apenas com a mudança do artigo do capital e a haver erro, o mesmo vinha de registos

anteriores feitos na mesma Conservatória;

e) Se o Sr. Conservador tivesse recusado o registo apresentado em 2 de setembro, dentro do

prazo de 10 dias previsto no artigo 54 já citado, sempre teria prazo para requerer o novo

registo de conversão, dentro do prazo de 6 meses, o que aliás fiz, mas fora de prazo, segundo

o Sr. Conservador, uma vez que entende que o pedido de registo não interrompe o prazo da

provisoriedade;

É que agora, se eu for requerer um novo registo e apresentar os mesmos documentos, para

além de pagar o registo em dobro, corro o risco de mais uma vez ver o mesmo recusado por já

ter ficado provisório, pois como atrás já frizei continuo sem saber o que não removi».

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3. Apreciado o recurso, o Sr. Conservador decidiu-se por sustentar a recusa, nos termos constantes

do despacho de 2015/12/23, lavrado ao abrigo do disposto no art. 101º-B/1 do Código de Registo Comercial,

cujos termos aqui se dão por integralmente reproduzidos e no qual, para lá de concretizar os fundamentos

das três qualificações desfavoráveis( provisoriedade por dúvidas, 1ª e 2º recusas de conversão), faz referência

aos diversos “incidentes” ocorridos desde a apresentação do pedido de registo de aumento de capital, até à

decisão de recusa de conversão que constitui o objeto da presente impugnação

Retiramos desse despacho a seguinte síntese:

- Que os motivos da provisoriedade por dúvidas são claramente entendíveis, tanto mais que a

apresentante é solicitadora;

- Que com o primeiro pedido de conversão se mostravam removidos os motivos de provisoriedade

por dúvidas relativos à ilegibilidade da ata nº 8 e à irregularidade da declaração do gerente, faltando apenas

remover aquele que respeitava às incorreções do pacto atualizado, já que o desta vez apresentado, para lá de

continuar errado na sua epígrafe ( “.... – Sociedade Imobiliária, Lda.” em vez de “.... – Sociedade Imobiliária,

Lda.”), não tem qualquer assinatura ou rubrica e inclui na redação do artigo 4º/2 a menção “ficando desde já

nomeado o sócio António A…..”

3

;

- Que «a “coisa” ainda teria passado», se apenas estivessem em causa o erro na designação da

sociedade, na epígrafe do pacto, e o erro constante do art.11º/b/1( “a provação” em vez de “aprovação”);

- Que aquela redação do art. 4º/2 do pacto foi confrontada com o último pacto atualizado arquivado

e com os registos em vigor, tendo-se concluído que não havia qualquer deliberação registada, nem arquivada,

donde resultasse a dita nomeação de gerente;

- Que, ao recorrer à pasta física, no sentido de verificar os antecedentes, se apercebeu que o

documento complementar anexo á escritura de constituição estava incompleto, faltando-lhe a página (ou

páginas) contendo os artigos 4º(parte) a 10º;

- Que, perante tal verificação, pediu à apresentante e ao Cartório Notarial que disponibilizassem

uma fotocópia integral da escritura de constituição;

- Que, frustrada a solicitação referida, a 30 de setembro «…entendeu, sem esperar mais, despachar

recusando a conversão, por não se mostrarem removidas as dúvidas, consistentes, principalmente naquela

“nova” cláusula de gerência ( art. 4º/2, do texto apócrifo do “pacto”), introduzida sabe-se lá por quem!»

- Que o Cartório Notarial remeteu cópia da escritura de constituição, acompanhada do respetivo

documento complementar já depois de lavrado o despacho (1 de outubro);

- Que, no dia 16 de outubro, foi pedido o registo de aumento de capital, do qual se desistiu no dia 21

seguinte, por se considerar que deveria ter sido requerida a conversão

4

, pretensão que foi deferida;

3Note-se que o texto inicialmente apresentado a menção respeitava a Tiago A…..

4O pedido de registo de aumento de capital terá sido pedido por indicação do serviço de registo, na consideração de que o anterior registo teria caducado. Vindo posteriormente a discordar desse entendimento, a apresentante veio desistir, alegando que

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- Que, «De harmonia com as normas específicas do CRCom, mesmo que interposto dentro do prazo

de provisoriedade, o pedido de conversão, em caso de recusa não impugnada, se bem se vê, não interrompe ou

suspende, nem (re)inicia, um novo prazo (cfr. arts., 18º, 87º, 2, 111º, 3)»;

Saneamento: O processo é o próprio, as partes legítimas, o recurso tempestivo e inexistem

questões prévias ou prejudiciais que obstem ao conhecimento do mérito.

Pronúncia: A posição desta Conselho vai expressa na seguinte

Deliberação

5

1. Em caso de recusa de conversão de registo provisório por dúvidas, deve considerar-se que o

respetivo prazo de caducidade esteve suspenso entre a data do pedido e a data de notificação do despacho

(art.50º/1)

6

.

«erradamente, se requereu o registo de aumento de capital, quando este já se encontrava efetuado, provisoriamente por dúvidas, cujo prazo termina a 25-10-2015, uma vez que a conversão requerida em 2--09-2015 foi recusada. O que deveria ter sido requerido era, novamente, a conversão do apresentado em 27-02-2015, conversão esta requerida nesta data.»

5

Respeitarão ao Código de Registo Comercial todas as disposições legais que, sem indicação do diploma a que pertencem, daqui em diante se mencionarem.

6

Como vimos, o pedido de conversão foi efetuado no pressuposto de que a inscrição nº 5 (Ap…/20150227) ainda se encontra em vigor, depois de primeiramente ter sido novamente pedido de registo do mesmo facto, no pressuposto de que a inscrição estaria caducada, do qual se desistiu.

O Sr. Conservador entende que a caducidade se deu no dia 30 de setembro de 2015 e a recorrente entende que caducidade só ocorreria depois de decorridos 28 dias da data em que foi notificada da decisão do anterior pedido de conversão (9 de outubro de 2014), dias esses em que esteve suspenso o prazo de 6 meses iniciado na data da notificação da provisoriedade por dúvidas ( 30/03/2015).

Temos, assim, que se impõe em primeiro lugar procurar saber se à data do pedido de registo aqui em causa a inscrição estava ou não em vigor, pois que, se se concluir que não, a caducidade ficaria instituída desde logo em fundamento de recusa, independentemente de encontrarem removidas as dúvidas ou não.

O Código de Registo Comercial não contém disposição que se refira ao início da contagem dos prazo dos registos provisórios, limitando-se a fixá-los ( art.s . 18º/3 e 65º),tal como sucede com o Código de Registo Predial, subsidiariamente aplicável ao registo comercial ( art.115º).

No que respeita à suspensão daqueles prazos, o mesmo Código apenas atribui efeito suspensivo à interposição de recurso hierárquico ou impugnação judicial, até à anotação da improcedência ou desistência da impugnação, bem como, sendo caso disso, a deserção do recurso ou a sua paragem durantemais de 30 dias por inércia do recorrente ( art. 111º/ 2 e 3), o mesmo se passando, também neste ponto, com o Código de Registo Predial.

Quanto ao início de contagem do prazo de caducidade - ponto que não está aqui em discussão, já que recorrente e recorrido concordam que o mesmo se deu na data da notificação do despacho de provisoriedade por dúvidas, em 2015/03/30 - a matéria foi desenvolvidamente apreciada, em sede de registopredial, no Pº R.P.317/2002 DSJ-CT( in BRN nº 4/2004), quer no que respeita aos registos provisórios por dúvidas, quer quanto aos registos provisórios por natureza, distinguindo-se, quanto aos últimos, aqueles cuja

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2. Exceção feita à situação em que o pedido de conversão de registo provisório por dúvidas se

mostre instruído exatamente com os mesmos documentos que haviam estado na base dessa qualificação, o

despacho de recusa não pode limitar-se à afirmação de que as dúvidas não estão removidas, devendo

qualificação está sujeita a notificação e aqueles em que não está ( art.s 71º/2, do Código de Registo Predial) e distinguindo-se ainda, quanto aos últimos, aqueles que sejam efetuados dentro do prazo legal e aqueles que sejam efetuados depois de decorrido tal prazo.

Relativamente ao que então se defendeu, haverá que introduzir a atualização decorrente das alterações introduzidas ao Código de Registo Predial pelo D.L. nº 116/2008, de 4 de julho, na parte em que passaram a existir inscrições provisórias por natureza não sujeitas a prazo de caducidade ( art. 92º/1/ a), j) a n) e nº 11 do Código de Registo Predial). No Pº R.P. 258/2009 SJC-CT, disponível

em www.irn.mj.pt (Doutrina), no qual se reiterou o entendimento defendido no outro mencionado processo, a dita atualização ficou

expressamente assumida quanto ao registo provisório de ação.

Ora, quanto aos registos provisórios por dúvidas e quanto aos registos provisórios por natureza (sujeitos a prazo) que dão lugar à notificação da qualificação, concluiu-se, sob os nºs IV e VI, que a contagem do prazo se inicia na data da notificação.

Se, in casu, não tivesse sido efetuado o primeiro pedido de conversão, a inscrição teria caducado no dia 30 de setembro de 2015.

Também a questão de saber se, em caso de recusa de pedido de conversão, o prazo do registo se deve considerar ou não suspenso pela apresentação do pedido, foi já objeto de apreciação por parte deste Conselho, igualmente no âmbito do registo predial, no Pº 18/88 – R.P.3 , in Pareceres do Conselho Técnico da Direção-Geral dos Registos e do Notariado, Vol. II, pág. 98 e seguintes.

E a resposta dada foi afirmativa, independentemente da data do despacho.

Relativamente ao que então se defendeu, haverá que introduzir a atualização decorrente da circunstância de atualmente os despachos de qualificação estarem sempre sujeitos a notificação, mesmo que lançados dentro do prazo legal de realização dos registos. Essa atualização já ficou expressa no Pº R.P. 265/2009 SJC-CT, disponível no indicado endereço eletrónico, na sequência da alteração introduzida ao art. 71º do Código de Registo Predial pelo D.L. nº 533/99, de 11 de dezembro.

Em face do que ficou dito e da fundamentação constante dos indicados pareceres

,

que aqui se dá por reproduzida, nada

justifica que a mencionada doutrina se não aplique em sede de registo comercial, quer quanto ao início de contagem quer quanto à suspensão.

Assim sendo, como entendemos que deve ser, não pode deixar de considerar-se que a inscrição de aumento de capital se encontrava em vigor no dia em que foi pedida a conversão, pois que o respetivo prazo, cuja contagem se iniciou no dia 30 de março de 2015, ficou suspenso entre a data de apresentação do 1º pedido de conversão (2 de setembro) e a data da notificação da sua recusa (9 de outubro). Isto é, no dia 21 de outubro ainda não se tinham esgotado os 28 dias que faltavam decorrer a partir de 3 de setembro.

As circunstâncias do caso concreto contribuem para aferir da justeza da fundamentação para a indicada suspensão do prazo do registo provisório, já que, em resultado do tempo que, no primeiro pedido de conversão, se disponibilizou para o suprimento de deficiências, a considerar-se que o pedido não suspendera o prazo, a decisão teria tido lugar no último dia e a respetiva notificação teria tido lugar já depois de decorrido o prazo (9 dias depois da decisão). Seria absurdo que, neste caso especificamente em resultado de um incumprimento de prazos pelo serviço se registo, o apresentante não pudesse dispor de prazo para voltar a formular o pedido.

É que, de acordo com o art. 54º/1, o registo é efetuado no prazo de 10 dias, salvo nos caos de urgência e de suprimento de deficiências e, de acordo com o art. 52º/2, o prazo que é concedido ao apresentante para suprir as deficiências é de 5 dias. No caso, entre o pedido e a decisão decorrerem 28 dias.

Se a recusa se tivesse fundado exclusivamente na caducidade do registo, não haveria senão que propor a procedência da presente impugnação.

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especificar quais os fundamentos que, em face dos novos documentos apresentados, impedem que as dúvidas

se tenham por removidas

7

.

7

Alega o recorrente que continua sem saber que dúvidas não removeu, afirmação que em certa medida se compreende, pois que:

a) O despacho inicial foi impreciso quanto ao motivo constante da alínea c), ao apontar «incorreções várias, já apontadas do anterior, em vão [epígrafe, art.2º,4º, 2, 5º, 1(“alternante”?),…]».

Tendo as incorreções constituído fundamento de provisoriedade, todas elas deveriam ter sido especificadas.

A expressão «incorreções várias», bem como as reticências finais, conferem um caráter exemplificativo às incorreções indicadas e que, ainda assim, com exceção do vocábulo «alterante», não se podem considerar suficientemente especificadas, pois apenas se fez referência aos artigos do pacto, não se tendo dito em que se traduziam concretamente as incorreções. Note-se que o texto do pacto não se mostrava assinado, uma das circunstâncias que, de acordo com o despacho de sustentação, veio a impedir o deferimento do 1º pedido de conversão, com base num novo texto atualizado igualmente não assinado.

b) Ambos os despachos de recusa se limitaram a invocar a circunstância de as dúvidas não se mostrarem removidas, fundamentação que se adequaria suficientemente ao caso em que pura e simplesmente tivessem sido apresentados os mesmos documentos, pois não haveria margem para incerteza, no sentido de que todos os motivos de dúvidas se mantinham.

Ora, como vimos, a) o pedido inicial foi instruído com cópia da ata nº 8, com declaração atribuída ao gerente e com texto atualizado do pacto, b) o 1º pedido de conversão foi instruído com nova cópia da mesma ata nº 8, com cópia da ata nº 9, com (nova) declaração do gerente e com novo texto atualizado do pacto e c) o 2º pedido de conversão foi instruído com os documentos do 1º pedido de conversão e com novo texto atualizado do pacto.

Tendo sido vários os motivos da provisoriedade por dúvidas, os despachos deveriam ter especificado qual ou quais dos motivos que se mantinha(m) (todos, só alguns ou apenas um deles?), com referência aos novos documentos apresentados.

Mesmo tendo sido o motivo da recusa de ambas as conversões pedidas apenas a falta de remoção do motivo c) do despacho inicial (incorreções do texto atualizado), como se esclarece no despacho de sustentação, não bastaria ter dito que faltava remover esse motivo pois que, em face dos novos textos apresentados, se impunha especificar que incorreções se mantinham e, existindo, quais as novas (veja-se que no texto inicial constava «aprovação» no art. 11º/b)I e nos textos posteriores constava «a provação», diferença que o despacho de sustentação trata como incorreção) .

É que, só no despacho de sustentação se dá a conhecer que no 1º pedido de conversão se teriam “deixado passar” as incorreções traduzidas na utilização de «....» em vez «....», na epígrafe do texto, e de «a provação» em vez de aprovação, no art. 11º/b)I, e se teria procedido à conversão, não fora a falta de assinatura do novo texto apresentado e a redação do art. 4º/2 do pacto, por incluir a menção «ficando desde já nomeado o sócio António A….”.

De notar, por um lado e como acima já referimos, que o texto do pacto apresentado inicialmente também não estava assinado, circunstância que, como vimos, não foi especificamente mencionada no despacho e por outro lado, que nem no despacho de sustentação é assinalada a circunstância de o texto apresentado no segundo pedido de conversão já se mostrar assinado.

Deixando de lado as duas primeiras decisões (inicial e 1ª recusa) e situando-nos novamente na segunda decisão de recusa, a única que constitui objeto da presente impugnação, não pode deixar de considerar-se que, quanto ao fundamento indicado em primeiro lugar, o despacho é omisso quanto aos concretos factos impeditivos da consideração de que as dúvidas estão removidas.

Ainda assim, dado o teor do despacho inicial, era possível perceber, como aliás, o recorrente acaba por admitir, que estavam apenas em causa as incorreções do pacto atualizado e, identificado esse âmbito da fundamentação da recusa, a própria redação do art. 59º/2( mencionado naquele despacho)- texto completo do contrato alterado, na sua redação atualizada - permitia perceber também que o texto apresentado não continha essa redação, fosse por erro de cópia, fosse por desatualização.

Do que ficou dito concluímos que, apesar da sua deficiente fundamentação, não é adequado considerar-se que o despacho não especificou, em absoluto, os fundamentos de facto, e que seja nulo ao abrigo do disposto nos artigos 613º/3 615º/1/b) do Código de Processo Civil e art. 156º do Código de Registo Predial, ex vi o disposto no art. 115º.

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3. Deve constituir fundamento de qualificação desfavorável, in casu do pedido de conversão de

registo de aumento de capital provisório por dúvidas, o facto de, apesar de se mostrar atualizado quanto à

alteração submetida a registo, o texto do pacto incluir, relativamente a artigo que não foi objeto de alteração -

concretamente o relativo à gerência da sociedade - uma redação desconforme com a que decorre da

conjugação da redação constante do contrato de sociedade com as que lhe foram sendo introduzidas por

alterações do pacto já registadas (art. 59º/2)

8

.

Em face do exposto, propomos a improcedência da impugnação, mantendo a recusa do

registo de conversão, mas exclusivamente fundamentada na falta de remoção do motivo de dúvidas respeitante

à redação do art. 4º/2 do pacto social.

Deliberação aprovada em sessão do Conselho Consultivo de 21 de abril de 2016.

Luís Manuel Nunes Martins, relator.

Esta deliberação foi homologada pelo Senhor Presidente do Conselho Diretivo, em 22.04.2016.

Quanto à fundamentação, de direito, da circunstância de as dúvidas não se mostrarem removidas, importa referir que a previsão da alínea e) do nº 1 do art.48º, invocada pelo recorrido, respeita à situação, que não é a que está aqui em tabela, em que é efetuado novo pedido de registo de facto anteriormente registado provisoriamente por dúvidas e entretanto caducado.

8

Entrando por fim no “confronto” entre o despacho de provisoriedade por dúvidas e os documentos apresentados, parece-nos que a questão se circunscreve ao motivo da alínea c) do despacho, pois que, em face dos documentos juntos, estão removidos os motivos traduzidos na circunstâncias de a ata nº 8 não ser integralmente apreensível e da falta de assinatura da declaração emitida ao abrigo do art. 88º do Código das Sociedades Comerciais, com menção da qualidade de gerente, tal como o recorrido expressamente reconhece no despacho de sustentação.

Refira-se, desde logo, que o texto do pacto atualizado apresentado se encontra assinado, pelo que, ainda que o recorrido tenha pretendido dar por incluída nas “incorreções várias” a falta de assinatura do inicialmente apresentado, a dúvida estaria removida.

No que respeita ao que podemos designar por lapsos de escrita: a) O novo texto continua a incluir a epígrafe «....» em vez de «....»;

b) Supondo que ao ter mencionado o art. 2º do pacto se estivesse a referir à circunstância de constar, no nº 1, «aopoil» em vez de «apoio», o texto inicial mostra-se corrigido;

c) O texto inicial mostra-se corrigido quanto ao art. 5º/1, com substituição de «alternante» por «alienante».

Neste plano da incorreção na redação, parece-nos que só deverão constituir fundamento de qualificação desfavorável os erros de que possa resultar incerteza quanto ao real conteúdo do contrato que se pretendeu reproduzir - o que nos parece ser o caso da utilização de «....» em vez de «....» na epígrafe do texto já que, exclusivamente perante tal texto, não é possível saber se o erro está na epígrafe se está no art. 1º -, ou de erros que traduzam uma clara desconformidade com o mesmo contrato ( como seria, v.g., o caso de constar «....» tanto da epígrafe como do art. 1º). Porém, o despacho de sustentação deve ser entendido no sentido de que o recorrido “deixou cair” o mencionado lapso de escrita do âmbito da fundamentação de recusa.

Já no que respeita à redação do art. 4º/2 do pacto social, manifestamente que o motivo de dúvida não se mostra removido, pois que a menção de nomeação de Tiago A…… como gerente, constante do texto inicialmente apresentado, foi substituída pela menção de nomeação de António A….., a qual também não está conforme com asituação registral, começando no registo de contrato de sociedade e passando pelos registos de alteração do pacto efetuados.

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